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1 CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS DA PSICOLOGIA (PSICANÁLISE, FENOMENOLOGIA E BEHAVIORISMO) PARTE II Conteudista Me. ANA CRISTINA ALVES LIMA 2 Behaviorismo Fonte: http://edicoespqp.blogs.sapo.pt/489880.html Ao olhar a figura acima, podemos nos perguntar, quantas vezes olhamos para o céu? O que olhar para o céu interessa para nós, enquanto profissionais de psicologia? O comportamento em si de olhar para o céu, não é o que nos interessa, mas sim o que isso pode evocar nas pessoas. Eu posso escrever um poema sobre o céu, fazer uma música, uma obra de arte, por exemplo: Via Láctea (Olavo Bilac) “Ora (direis) ouvir estrelas! Certo Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto, Que, para ouvi-las, muita vez desperto E abro as janelas, pálido de espanto… E conversamos toda a noite, enquanto A Via Láctea, como um pálio aberto, http://edicoespqp.blogs.sapo.pt/489880.html 3 Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, Inda as procuro pelo céu deserto. Direis agora: “Tresloucado amigo! Que conversas com elas? Que sentido Tem o que dizem, quando estão contigo?” E eu vos direi: “Amai para entendê-las! Pois só quem ama pode ter ouvido Capaz de ouvir e de entender estrelas.” Fonte: www.biblio.com.br (Trecho XIII) Fonte: http://www.infoescola.com/ A curiosidade sobre a funcionalidade do comportamento humano motivou diversos estudiosos que apresentaram suas teorias a respeito da Análise do Comportamento. Registros do início das pesquisas sobre comportamento humano são apresentados desde a época do filósofo grego Sócrates que não obteve muito êxito nas suas descobertas, devido ao fato de não conseguir explicar determinados comportamentos. Na Idade Média, as causas do comportamento humano estavam relacionadas à mudança de eventos naturais e até mesmo sobrenaturais. http://www.biblio.com.br/ http://www.infoescola.com/ 4 Aristóteles e Descartes também registraram seu interesse pelo comportamento humano. Eles buscaram compreender todo funcionamento humano (até mesmo fisiológico) como matéria e movimento, trazendo uma visão mecanicista do comportamento. A Psicologia, no início do século XX, buscava seu reconhecimento dentre as outras ciências. Começou, então, uma movimentação teórica, a fim de buscar parâmetros e regras metodológicas, bem como, procedimentos que definissem seu objeto de estudo de forma objetiva para uma maior aceitação no meio científico. John B. Watson foi o pioneiro na utilização do termo Behaviorismo, em 1913, com um artigo publicado, cujo título remetia a ideia de que uma nova forma de “ver” o comportamento estava surgindo, o artigo apresentava o título de “Psicologia: como os behavioristas a vêem”. Behavior em inglês significa “comportamento”, mas além de Behaviorismo os termos Comportamentalismo, Teoria Comportamental, Análise Experimental do Comportamento e Análise do Comportamento também são utilizados para referenciar essa tendência teórica. O surgimento da Psicologia propriamente empírica se deu com Watson, no início do século XX, que sinalizava a importância do homem inserido em um ambiente que de alguma forma movia e ‘influenciava’ o comportamento (DAVIDOFF, 2001). O primeiro Laboratório de Psicologia foi montado por Wundt na Universidade de Leipzing, na Alemanha, em 1879. Este evento marcou o início da Psicologia científica. Na época, alguns psicólogos se envolveram com métodos empíricos, a partir da insatisfação com os métodos então aplicados (métodos introspectivos). O objetivo dos psicólogos no laboratório era buscar conhecer os processos mentais de forma mais objetiva. Explicar termos psicológicos observando critérios construídos com muita objetividade foi uma das propostas do behaviorismo, o que foi importante para a Psicologia alcançar status de ciência e demonstrar seu rompimento com tradições filosóficas. 5 A Caixa de Thorndike (1898). Fonte: Catania A. C. (1999). Aprendizagem: comportamento, linguagem e cognição. Porto Alegre: Artmed. Tempos depois, o fisiólogo Pavlov registrou seu trabalho com cães, sendo que a princípio seu interesse profissional estava centrado na contribuição da salivação (reflexo inato) para o processo digestivo. Desenvolveu, portanto, um aparelho que tinha a capacidade de medir a quantidade de saliva que o cão produzia na presença da carne. Ao longo dos seus experimentos, o pesquisador notou que não era necessário que o cão olhasse e, até mesmo se alimentasse, para que ocorresse o comportamento de salivação. Somente de olhar para o instrutor que o alimentava, o cão salivava. (MOREIRA; MEDEIROS, 2007). 6 Versão ilustrativa do aparelho para Condicionamento Clássico. Fonte: http://www.prof2000.pt/users/isis/psique/unidade1/objecto/pavlov.html Dessa forma, Pavlov desenvolveu sua teoria sobre Condicionamento Clássico, respondente ou Pavloviano, que se baseava na hipótese de que comportamentos inatos, reflexivos, podem ser aprendidos através do condicionamento (da associação) do estímulo central (carne), passando então para outros estímulos e, assim, haverá, graças a este condicionamento, resultados semelhantes de comportamento. Pavlov começou a emparelhar estímulos neutros (som, campainha, apito, etc.) à comida, que seria o estímulo incondicionado (porque não há necessidade de aprendizagem), obtendo afinal, o resultado da salivação, mesmo sem a presença da carne, somente pela presença do estímulo neutro que passa a ser, então, um estímulo condicionado, porque causa um efeito na resposta. Dessa forma, o condicionamento pavloviano refere-se ao processo pelo qual os organismos aprendem novos reflexos em circunstâncias diferentes das esperadas, em função da relação de estímulos e respostas (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2002). Se o homem tem a capacidade de aprender novos reflexos, pode também aprender a sentir emoções ou respostas emocionais que não estejam presentes no seu repertório comportamental quando nasce. Esta hipótese foi desenvolvida por Watson, um tempo depois das experiências de Pavlov. http://www.prof2000.pt/users/isis/psique/unidade1/objecto/pavlov.html 7 Watson, considerado como pai do Behaviorismo, discípulo de Pavlov, se interessou pelas experiências sobre o condicionamento clássico, e verificou que elas poderiam ser utilizadas para o estudo das emoções. (MOREIRA; MEDEIROS, 2007). Watson, no ano de 1920, na sua prática experimental controlada, utilizou crianças, principalmente bebês, que apresentam pouco repertório de comportamentos, para indicar que as emoções podem ser aprendidas. Os primeiros trabalhos estavam relacionados ao medo, utilizando um bebê de, aproximadamente, dez meses, que desenvolveu o medo de objetos e até de animas. Watson reconhece que é difícil controlar as emoções, já que estas se tratam também de respostas inatas, respondentes, reflexivas, porém capazes de serem aprendidas. Ao final de seu trabalho, o autor apresenta a compreensão de ‘tábua rasa’, apontando que o bebê nasceria sem nenhum conteúdo de comportamento aprendido, a não ser as respostas inatas, que posteriormente virão a ser associadas a outros estímulos (BAUM, 1999). Algum tempo depois, surge Skinner com sua teoria de aprendizagem baseada na lei do reforço, o condicionamento operante, vindo a contribuir com a teoria Behaviorista, dos teóricos do comportamento. A teoria desenvolvida por Skinner explica que o comportamento produz consequências, ou seja, modificações no ambiente, que seria, portanto, afetado por elas. Dessa forma, as consequências seriam reforçadoras, ou seja, mantenedoras dos comportamentos. Skinner sinalizava que a maior parte dos comportamentos que se apresentam no repertório de um indivíduo são aprendidos e mantidospor suas consequências (SKINNER, 1998). As variáveis de aprendizagem do comportamento foram estudadas por Skinner por meio de experiências feitas com animais, especificamente ratos brancos de laboratório. Seu principal instrumento tratava-se de uma caixa experimental criada por ele, na qual eram introduzidos os ratos e, assim, iniciava-se o processo de observação e de condicionamento para a aprendizagem de comportamentos específicos que o rato apresentava. A ‘Caixa de Skinner’ foi responsável por apresentar conteúdos empíricos a respeito da aprendizagem aplicada à funcionalidade humana. 8 A caixa de Skinner Fonte:http://scienceblogs.com.br/psicologico/2008/10/skinner-e-a-descoberta-do- condicionamentooperante.php Em suas experiências, o rato, a partir da privação da água e comida (motivadores de comportamento), era condicionado a solicitar alimento através de diversos comportamentos e, gradativamente, eram inseridas diversas variáveis que vinham a manter, reforçar comportamentos através das consequências, ou até mesmo a extingui-los . Dessa forma, Skinner propôs a ampliação da proposta de Pavlov, pois considerou as ações operantes, aprendidas. Assim, o indivíduo teria a capacidade de ‘operar’ no meio, no ambiente, em função dos estímulos consequentes, e não somente pelos estímulos antecedentes, ou seja, pelo reforço (MOREIRA; MEDEIROS, 2007). A teoria de Skinner foi fundamental para a Psicologia Moderna, pois permitiu conhecer os processos de aprendizagem humana, sendo aplicada a diversos contextos: escolares, organizacionais, em clínica e na pesquisa. A análise do comportamento desenvolveu-se como uma linguagem da Psicologia e abriu caminhos e horizontes para novos campos de pesquisa e tecnologias pelo estudo intensivo do comportamento, controle do ambiente experimental, 9 observação, programação de comportamentos e por meios eficazes de controle de comportamento aplicados nas relações interpessoais. Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/ Seus métodos experimentais são conhecidos logo cedo, nos primeiros anos do estudante de psicologia nos laboratórios experimentais das universidades e centros educacionais, afinal, o estudo da Psicologia baseia-se na compreensão e fundamentação do comportamento humano. Alguns conceitos importantes do Behaviorismo: CONDICIONAMENTO CLÁSSICO Uma resposta específica é produzida por um estímulo de acordo com a estrutura hereditária do organismo e não por conta da experiência prévia que o organismo tenha deste estímulo. Esses estímulos que eliciam respostas sem necessidade de aprendizagem ou condicionamento são chamados estímulos incondicionados. Um estímulo incondicionado é aquele que causa uma mesma resposta em todos os organismos de uma mesma espécie, independente da existência ou não de aprendizagem anterior. http://revistaescola.abril.com.br/ 10 O estímulo condicionado acontece quando alguns estímulos que são neutros são emitidos simultaneamente, ou pouco tempo, antes de um estímulo incondicionado. CONDICIONAMENTO OPERANTE O condicionamento operante é voluntário e envolve a ação de músculos que estão sob controle do indivíduo, não necessariamente evocada por estímulos externos. As pessoas “agem” ativamente no meio, produzindo diversas consequências = operantes. O processo de aprendizagem no comportamento operante é condicionamento operante Thorndike (1913) trabalhou com gatos em caixas de problemas. Para escapar da caixa e alcançar a comida – puxar o ferrolho ou realizar alguma tarefa: agir sobre seus ambientes – em geral, os gatos conseguiam, inicialmente, por acidente. A partir da repetição, eles aprendiam a dar a resposta correta quase que imediatamente, desenvolvendo a prática, a base para o condicionamento operante. Muitos comportamentos humanos são operantes e não reativos, não explicam como os eles são aprendidos, apenas como os existentes podem ser combinados a novos estímulos. O comportamento operante pode ser alterado por mudanças nos antecedentes, nas consequências ou em ambos (A-C). Comportamento (R) ou Ação = uma palavra para o que uma pessoa faz em determinada situação. Antecedente - comportamento - conseqüência. A B C Antecedentes = precedem uma ação. Consequências = eventos que são provocados por uma ação. Aprendemos a nos comportar de certas maneiras à medida que atuamos sobre o ambiente. ANTECEDENTES (procedem) CONSEQUÊNCIAS (seguem) 11 TIPOS DE CONSEQUÊNCIAS As consequências determinam em grande parte se a pessoa repetirá o comportamento. O tipo e o momento da consequência podem fortalecer ou enfraquecer comportamentos. CONSEQUÊNCIAS QUE FORTALECEM O COMPORTAMENTO REFOÇO: termo particular da psicologia. Reforçador é qualquer consequência que fortalece o comportamento a que ela se segue. Comportamento aumenta e mantêm = consequências daquele comportamento são reforçadoras para o individuo. Comportamento ------ Reforçador ------ comportamento fortalecido ou repetido O ALIMENTO SERÁ UM REFORÇADOR PARA UM ANIMAL FAMINTO. Toda consequência tem seu efeito, e ser reforçadora ou não depende de cada indivíduo e da sua percepção, do evento e do seu significado. Por exemplo, os alunos repetidamente são mandados para a sala do diretor por mau comportamento, o que pode estar indicando alguma coisa em relação a essa consequência, sendo esta reforçadora para eles mesmos, e parecer desagradável para outros. A consequência pode ser positiva ou negativa; agradável ou desagradável, e os reforçadores são aquelas experiências consequentes que fortalecem o comportamento. TIPOS DE REFORÇO Reforço positivo: quando o comportamento produz um novo estímulo (adição +). COMPORTAMENTOS REFORÇADOS Frequência e duração do comportamento 12 Ex: bicada na chave vermelha produzindo alimento para um pombo; vestir um novo traje produzindo muitos elogios; cair da cadeira produzindo alegria e risadas dos colegas. Reforço negativo: quando a consequência que fortalece um comportamento é o desaparecimento (subtração -) de um estímulo. Se uma ação leva a interromper, evitar ou fugir de uma situação aversiva, a ação será repetida em uma situação semelhante. Ex: o operário da fábrica recebeu uma notificação que deverá completar sua cota mensal de criação até o final de semana, caso contrário será demitido; “Se tirarem nota máxima nesta prova, vocês serão liberados da última prova do 4º bimestre”; “Ficar doente para não executar a prova”. REFORÇO POSITIVO = + = algo foi aumentado. REFORÇO NEGATIVO = - algo foi tirado. R+ e R- = envolve aumento e fortalecimento de comportamentos, envolve reforço. 13 Referências BAUM, W. (1999). Compreender o Behaviorismo: ciência, comportamento e cultura (M. T. A. Matos, & G. Y. Tomanari, Trad). Porto Alegre: Artmed. (Original publicado em 1994) BOCK, A. M. B. Psicologias: uma introdução ao estudo de Psicologia. 14. Ed. São Paulo: Saraiva, 2008. DAVIDOFF, L. L. Introdução à psicologia (3a ed.). São Paulo: Makron Books, 2001. MOREIRA, M. B., & MEDEIROS, C. A. Princípios básicos de Análise do Comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2007. SKINNER, B. F. Ciência e Comportamento Humano. 10. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
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