Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
XI Colóquio sobre Questões Curriculares VII Colóquio Luso-Brasileiro & I Colóquio Luso-Afro-Brasileiro de Questões Curriculares CURRÍCULO NA CONTEMPORANEIDADE: INTERNACIONALIZAÇÃO E CONTEXTOS LOCAIS 1 FORMAÇÃO DE PROFESSORES, LITERACIA MEDIÁTICA E INCLUSÃO SOCIODIGITAL: ESTUDO DE CASO EM CURSO A DISTÂNCIA NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS - BRASIL Alves, E. A. 1 SILVA, B. D. 2 1 Universidade do Minho, Portugal / Universidade Federal do Tocantins, Brasil 2 Universidade do Minho, Portugal Email: elainealves@uft.edu.br; bento@ie.uminho.pt Resumo Este trabalho apresenta pressupostos teóricos sobre temas emergentes da atualidade que fazem parte da pesquisa de doutoramento em Ciências da Educação, linha temática Tecnologias Educativas na Universidade de Minho. A pesquisa intitulada Formação de professores, Literacia Mediática e Inclusão Sociodigital: Estudo de caso em curso a distância na Universidade Federal do Tocantins – Brasil tem como objetivo investigar os impactos dos cursos de formação online de professores sobre as suas habilidades e competências para o uso das mídias no seu cotidiano e na prática pedagógica, e se estas produzem sua inclusão sociodigital. Assim, os temas emergentes tratados nesse trabalho são: Sociedade da Informação, Formação docente, Literacia Mediática e Inclusão Sociodigital. No cenário globalizado em que os alunos usam cada vez mais cedo os artefatos tecnológicos e desenvolvem naturalmente habilidades para seu uso, o professor tem a urgente necessidade de investir na criação de competências suficientemente amplas que lhes permitam ter uma atuação efetiva no manuseio fluente das mídias, e aplicá-las criativamente na sua prática pedagógica. Neste sentido, introduzimos no trabalho o conceito de Literacia Mediática, que trata da capacidade de acessar, analisar, compreender e avaliar de modo crítico as mídias. A pesquisa parte do pressuposto que a formação de professores que desenvolve habilidades para a literacia mediática, os introduz na sociedade da informação e por consequência geram sua inclusão sociodigital. A metodologia será estudo de caso tomando como caso específico os alunos (professores da rede pública) de um curso de licenciatura a distância da Universidade Federal do Tocantins. Os instrumentos metodológicos serão pesquisa documental e bibliográfica, questionários, entrevistas e observação participante com vistas a investigar o grau de Literacia Mediática dos professores cursistas, bem como os possíveis impactos desta na suas vidas cotidiana e profissional, e constatar se os mesmos foram inclusos digitalmente em consequência deste processo formativo mediado por tecnologias. Palavras-chave: Sociedade da Informação, Formação docente, Literacia Mediática, Inclusão Sociodigital. FORMAÇÃO DE PROFESSORES, LITERACIA MEDIÁTICA E INCLUSÃO SOCIODIGITAL: ESTUDO DE CASO EM CURSO A DISTÂNCIA NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS - BRASIL Alves, E. A.; SILVA, B. D. 1063 TEMA 6 CURRÍCULO E TECNOLOGIAS XI Colóquio sobre Questões Curriculares VII Colóquio Luso-Brasileiro & I Colóquio Luso-Afro-Brasileiro de Questões Curriculares CURRÍCULO NA CONTEMPORANEIDADE: INTERNACIONALIZAÇÃO E CONTEXTOS LOCAIS 2 . 1 Introdução Este artigo tem como objetivo apresentar os pressupostos teóricos e metodologia do projeto de doutoramento intitulado Formação de professores, Literacia Mediática e Inclusão Sociodigital: Estudo de caso em curso a distância na Universidade Federal do Tocantins. O projeto de pesquisa visa investigar os impactos dos cursos de formação online de professores sobre as suas habilidades e competências para o uso das mídias no seu cotidiano e na prática pedagógica, e se estas produzem sua inclusão sociodigital. As categorias eleitas para aprofundamento teórico são: sociedade do conhecimento, formação de professores, literacia mediática e inclusão sociodigital. No primeiro tópico deste artigo expomos uma contextualização do cenário da pesquisa e no segundo tópico as categorias serão apresentadas à luz de teóricos contemporâneos. No terceiro tópico será detalhada a metodologia e os procedimentos metodológicos. A metodologia será o estudo de caso, tomando como caso específico os alunos (professores da rede pública) do curso de licenciatura em Física na modalidade a distância da Universidade Federal do Tocantins (UFT). O público alvo desta pesquisa serão os estudantes do referido curso, que ingressaram a partir de 2012 e que no período da coleta de dados (2015) tenham possibilidades de participar da pesquisa sobre o grau da sua literacia mediática e dos impactos desta na sua vida social e profissional. Os instrumentos metodológicos serão: pesquisa documental e bibliográfica, questionários, entrevistas e observação participante com vistas a investigar o grau de literacia mediática dos professores cursistas, os possíveis impactos desta nas suas atividades cotidianas e profissionais, bem como constatar se os mesmos foram inclusos digitalmente em consequência deste processo formativo mediado por tecnologias. 2 O Contexto da pesquisa Segundo alguns autores contemporâneos, o desenvolvimento das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), e muito particularmente as tecnologias digitais, no contexto das recentes transformações culturais, econômicas e sociais para a emergência da “sociedade da informação”, produziu a lógica na qual a informação e a formação continuada assume um papel central (MORAN, 2000; MORAES, 2005). No entanto, essas mudanças estão perpetuando a desigualdade entre economias e populações no acesso aos benefícios originários dos recursos tecnológicos disponibilizados, em especial os relacionados às tecnologias que permitem informar e comunicar. Nas escolas públicas o abismo digital inicia com o acesso limitado às tecnologias da parte do professor e a falta de habilidades técnicas, cognitivas e criativas para seu uso na vida social e nas práticas pedagógicas. Neste contexto, o Brasil tem implementado políticas públicas de formação continuada a professores da rede básica utilizando as tecnologias de informação e comunicação. Dentre outras políticas, destacamos a Universidade Aberta do Brasil, criada em 2006, com o objetivo de expandir a universidade pública e interiorizar o ensino superior. No Estado do Tocantins, a primeira universidade que aderiu ao sistema UAB foi a UFT, que participou da primeira chamada do Edital nº01 para a oferta do curso de licenciatura em Biologia em 2006. Em 2009, iniciaram-se os cursos de licenciatura em Física e Química, ambos voltados para formação de professores da rede pública do Estado. A formação destes professores atende não apenas ao déficit de profissionais na área, mas prevê a emancipação digital dos 1064 TEMA 6 CURRÍCULO E TECNOLOGIAS XI Colóquio sobre Questões Curriculares VII Colóquio Luso-Brasileiro & I Colóquio Luso-Afro-Brasileiro de Questões Curriculares CURRÍCULO NA CONTEMPORANEIDADE: INTERNACIONALIZAÇÃO E CONTEXTOS LOCAIS 3 mesmos, no incentivo do uso de tecnologias nas suas práticas pedagógicas. Este projeto de pesquisa tem como foco o curso de Licenciatura em Física a Distância da UFT. No Tocantins, a média de escolas que possuem internet banda larga é de 52,5%, índice razoável considerando que se trata de um estado com rincões de pobreza e alto índice de analfabetismo: 13,09% (índice superior ao nacional – 9,61%). Porém, ainda que exista o acesso digital nas escolas do estado, pesquisas apontam para uma fragilidade dos professores no uso das tecnologias enquanto ainda são cursistas (formação inicial e continuada), nas atividades sociais, bem como na sua prática pedagógica (Alves & Farias, 2012; Martins & Silva, 2012).Percebe-se com esses dados que políticas públicas voltadas a promover o acesso às tecnologias não tem sido suficientes para formar um professor preparado para a sociedade do conhecimento. Para tanto, projetos formativosque proporcionem a literacia mediática aos professores e alunos são fundamentais para promover a inclusão sociodigital. De acordo com Lopes (2011), literacia mediática e digital diz respeito à capacidade de acessar, analisar, compreender e avaliar de modo crítico as mídias, ainda criar comunicações em diferentes contextos. O autor analisa que embora todas estas aprendizagens incluam uma dimensão técnica, elas não podem ser separadas da dimensão crítica, criativa e responsável. Nesse sentido, esta pesquisa de cunho avaliativo pretende, à luz dos pressupostos supracitados, analisar o grau de impacto de inclusão sociodigital que os cursos a distância da UFT geram nos estudantes na perspectiva das mudanças socioeconômicas, cultural e cognitivas. As questões principais a serem investigadas são: 1) O uso de tecnologias nas situações pedagógicas do curso, promoveu a literacia mediática do estudante(professor da rede pública) inserindo-o sociedade da informação? 2) Quais os impactos socioeconômicos, cognitivos e técnicos da introdução de inovações tecnológicas no processo educacional e nas condições de vida dos estudantes? Promoveu a inclusão sociodigital dos mesmos? Em tópico posterior apresentaremos detalhadamente a metodologia desta investigação. Exporemos neste momento as categorias teóricas elencadas neste estudo: sociedade do conhecimento, formação de professores, literacia mediática e inclusão sociodigital. 3 O Desafio da formação de professores para a literacia mediática e inclusão sociodigital na sociedade do conhecimento O século XIX inaugurou uma série de invenções tecnológicas que transformaram a vida das pessoas como o cinema, a fotografia, o rádio, o telefone entre outras. Essas transformações instauram uma nova organização de mundo, ressignificando novos modos de produção, novos hábitos e mudanças na rotina dos indivíduos. Para Lévy (2009), neste cenário em movimento os processos tradicionais de aprendizagem tornam-se rapidamente obsoletos, em função da constante necessidade de renovação dos saberes, da nova configuração do mundo do trabalho e da velocidade da informação. Portanto, para o professor atuar com destreza nesse cenário, conseguindo selecionar o que realmente irá favorecer a aquisição de um capital cultural dos seus alunos levando-os a autonomia crítica, exige-se uma formação adequada à inovação exigida pela sociedade digital. Assim, nossa pesquisa aponta para a promoção da literacia mediática nos cursos de formação inicial e continuada de professores no intuito de ajudá-los a desenvolver competências e habilidades com o uso crítico das mídias. 1065 TEMA 6 CURRÍCULO E TECNOLOGIAS XI Colóquio sobre Questões Curriculares VII Colóquio Luso-Brasileiro & I Colóquio Luso-Afro-Brasileiro de Questões Curriculares CURRÍCULO NA CONTEMPORANEIDADE: INTERNACIONALIZAÇÃO E CONTEXTOS LOCAIS 4 Neste sentido, formar o cidadão para a literacia mediática significa torná-lo apto para acessar, avaliar criticamente, compreender plenamente e ainda criar mídias. Por outro lado, Lopes (2011) assinala que a falta destas competências afeta o processo de construção e afirmação dos indivíduos, produzindo a exclusão social e desigualdade. O perfil que contextualizamos para o presente estudo, que trata da inclusão sociodigital, é o modelo de Costa & Lemos (2005, p.8) que define inclusão digital como a “falta de capacidade técnica, social, cultural, intelectual e econômica de acesso às novas tecnologias e aos desafios da sociedade da informação”. Segundo o autores, a questão da inclusão digital não pode ser apenas técnica ou econômica, mas também cognitiva e social. Para eles, o capital técnico é importante, mas não o único. A perspectiva meramente técnica deve ser abandonada a favor de uma visão mais complexa do processo de inclusão. O processo de “inclusão” deve ser visto, então, sob os indicadores: Econômico: ter condições financeiras de acesso às novas tecnologias; Cognitivo: estar dotado de uma visão crítica e de capacidade independente de uso e apropriação dos novos meios digitais, transformar informação em conhecimento; Técnico: possuir conhecimentos operacionais de programas e de acesso à Internet. Por isso, as categorias econômica e cognitiva são tão ou mais importantes que a categoria técnica nos processos de inclusão digital. Aplicando esses pressupostos aos professores da rede pública, a inclusão sociodigital dos mesmos vai além da inserção de computadores nas escolas ou mesmo do acesso às maquinas. O papel da educação deve voltar-se também para a democratização do acesso ao conhecimento, produção e interpretação das tecnologias, suas linguagens e consequências. Para isso, torna-se necessário preparar o professor para utilizar pedagogicamente as tecnologias na formação de cidadãos que deverão produzir e interpretar as novas linguagens do mundo atual e futuro (SAMPAIO e LEITE, 1999, p.15). Neste sentido, esse estudo visa compreender se o uso das tecnologias na formação de professores tem possibilitado a inclusão sociodigital. Também analisar se as práticas de usos mediáticos da tecnologia desenvolveram nos professores em formação as competências da literacia mediática nas suas atividades sociais. 3 Metodologia A pesquisa será realizada como estudo de caso, tomando como caso específico os alunos do curso de graduação a distância em Licenciatura em Física da Universidade Federal do Tocantins. A amostra serão alunos da turma ingressante em 2012. O estudo de caso foi escolhido por se tratar de uma pesquisa qualitativa em que pretende analisar os impactos da formação a distância mediada por tecnologias no contexto social dos indivíduos. A pesquisa envolverá uma fase descritiva, com organização, revisão e reflexão dos dados a serem coletados, buscando detalhar o histórico do curso de licenciatura na UFT, o perfil econômico e sociocultural dos alunos e os resultados encontrados após a tabulação e análise dos dados. Segue abaixo uma descrição pormenorizada de cada uma das técnicas de pesquisa e em que medida elas poderão responder aos objetivos da pesquisa. 3.1 Levantamento Bibliográfico e Documental 1066 TEMA 6 CURRÍCULO E TECNOLOGIAS XI Colóquio sobre Questões Curriculares VII Colóquio Luso-Brasileiro & I Colóquio Luso-Afro-Brasileiro de Questões Curriculares CURRÍCULO NA CONTEMPORANEIDADE: INTERNACIONALIZAÇÃO E CONTEXTOS LOCAIS 5 Inicialmente, para coleta de dados, será feito um levantamento bibliográfico para a devida compreensão e análise aprofundada do tema a ser estudado visando, com isso, iniciar uma descrição do contexto da formação de professores mediada por tecnologia âmbito das políticas públicas do governo federal, bem como buscar aspectos teóricos das categorias que serão analisadas. Para isso, será efetuada uma revisão de literatura, em livros, revistas científicas, artigos, teses, que versem sobre categorias a serem abordadas na discussão teórica da pesquisa e que já iniciamos no presente projeto. 3.2 Questionários Lejano (2006) trata o fenômeno de uma determinada política como algo que só pode ser entendido por alguém que tenha experimentado ou vivido no contexto dos fatos. Neste sentindo, a aplicação de questionários com perguntas semiestruturados com a população alvo da pesquisa terá o objetivo de conhecer sua realidade social, suas condições socioeconômicas, culturais e inclusive do acesso aos meios tecnológicos. Para a aplicação dos questionários semiestruturados, será utilizada amostragem por saturação ou homogeneidade entre alunos que ingressaram no curso de licenciatura em Física a distância no ano de 2012. Nos questionários serão abordadas questões sobre o perfil socioeconômico, formação acadêmica e cultural e ainda questões específicas sobre o uso de tecnologias. Portanto, consideramos que o uso do questionário possibilitará traçar um perfil da amostra, fornecendo um diagnóstico inicial da realidade e contribuindocom dados e subsídios para a pesquisa. 3.3 Observação participante Tendo em vista que um caso complexo como o objeto em questão, não se pode analisar com exatidão e na totalidade sem a verificação empírica. Assim, a pesquisa de campo deste estudo contemplará as etapas de observação participante. Geertz (1978, p 20) argumenta que diante de multiplicidade de estruturas conceptuais complexas, estranhas e inexplícitas, o pesquisador deve primeiro apreender e depois apresentar. De acordo com o autor, nesta etapa, em todos os níveis de atividades tem que se tentar ler no sentido e construir uma interpretação a partir do que é suspeito, estranho e incoerente. Neste sentido, propõe-se a observação da atuação dos alunos no tocante ao uso das tecnologias nos encontros presenciais do curso realizados nos polos. 3.4 Entrevistas Segundo Rigotto (1999), as técnicas de relatos orais como um todo, colocam o sujeito num lugar de destaque, valorizando as experiências que viveu e o que tem a dizer sobre elas. Por isso, utilizaremos outra técnica de pesquisa para complementar as já mencionadas, no caso, a entrevista. Assim as entrevistas possibilitam ao pesquisador fazer uma espécie de mergulho em profundidade, coletando indícios dos modos como cada um dos sujeitos percebe e significa sua realidade e levantando informações consistentes que lhe permitam descrever e compreender a lógica que preside as relações que se estabelecem no interior do grupo, o que, em geral, é mais difícil obter com outros instrumentos de coleta de dados. A proposta metodológica prevê entrevistas com os alunos em dois momentos: enquanto são alunos do curso e outra, após o seu egresso no curso, para verificar se as práticas de literacia mediática 1067 TEMA 6 CURRÍCULO E TECNOLOGIAS XI Colóquio sobre Questões Curriculares VII Colóquio Luso-Brasileiro & I Colóquio Luso-Afro-Brasileiro de Questões Curriculares CURRÍCULO NA CONTEMPORANEIDADE: INTERNACIONALIZAÇÃO E CONTEXTOS LOCAIS 6 são exercidas na escola em que esses alunos (professores da rede publica) exercem suas atividades pedagógicas e nas suas atividades cotidianas. Deste modo, as entrevistas poderão contribuir para compreender de forma mais aprofundada os impactos da tecnologia no seu cotidiano. 3.5 Análise dos dados Por fim, após as operações de campo, procederemos à verificação e o registro das informações obtidas. Realizaremos uma análise e interpretação dos resultados de acordo com os objetivos pretendidos com a pesquisa. Deveremos, principalmente, analisar as modificações ocorridas (ou não) nas condições de vida dos alunos do curso de Física a distância ao ingressarem no mundo digital. A análise será realizada considerando a tabulação dos questionários (perfil da amostra), dos dados coletados na observação participante (realidade perceptível da amostra) e das categorias levantadas nas entrevistas (questões mais relevantes na visão da amostra). 4 Conclusão A pesquisa encontra-se em fase de pesquisa bibliográfica nos estudos das categorias teóricas de base. A previsão da pesquisa de campo é para o ano de 2015 e a conclusão dos trabalhos no ano de 2017. Considerando a escassez de estudos no Brasil sobre a literacia mediática de professores, este estudo pretende contribuir teoricamente para o debate das competências e habilidades necessárias para o uso crítico das mídias nas práticas sociais e pedagógicas visando a inclusão sociodigital daqueles marginalizados na sociedade do conhecimento. 5 Referências ALVES, E. J. FARIAS, D. C.(2011) O curso de extensão Mídias na Educação na UFT: Um estudo da evasão. Anais do 5º Congresso Brasileiro de Extensão Universitária, “As Fronteiras da Extensão”, 08-11 nov. 2011. Universidade Federal de Porto Alegre, RS. Disponível em <http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/Ebooks/Web/978-85-397-0173- 5/Sumario/4.1.6.pdf>. Acesso em 22 jul. 2014. COSTA, L. F.; LEMOS A. (2005). Um modelo de inclusão digital: o caso da cidade de Salvador. Revista Eptic On Line, Set/dez 2005, v. VII n. 3. GEERTZ, C. (1978). A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Zahar. LEJANO, R.. (2006). Fraweworks for Policy Analises. Maging Text and Context. New York: Routledge LÉVY, P.(2009) Cibercultura. São Paulo: Editora 34. LOPES, R. C. P.(2011) Literacia Mediática e Cidadania. Perfis de estudantes universitários da Grande Lisboa: Enquadramento téorico-conceptual, questões metodológicas e operacionais. Anais do Congresso Nacional “Literacia, 1068 TEMA 6 CURRÍCULO E TECNOLOGIAS XI Colóquio sobre Questões Curriculares VII Colóquio Luso-Brasileiro & I Colóquio Luso-Afro-Brasileiro de Questões Curriculares CURRÍCULO NA CONTEMPORANEIDADE: INTERNACIONALIZAÇÃO E CONTEXTOS LOCAIS 7 Media e Cidadania”, 22-26 Março 2011, Braga, Universidade do Minho: Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade. Disponível em <http://www.lasics.uminho.pt/ojs/index.php/lmc/article/view/483>. Acesso em 21 jan. 2014. MARTINS, J. L. SILVA. B. D. (2012) Desafios das Tecnologias Digitais para a Educação Continuada de professores. In: SOUZA, R. A.& GONÇALVES, L. M. Coordenação Pedagógica: Experiências e desafios na formação continuada a distância. Goiânia, Editora da PUC, 2012. MORAN, J.M. (2000) Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologias. In: Revista Informática na Educação. Teoria e Prática. UFRGS, v.3, n.1, set. 2000. p.137-144. MORAES, M. C.(2005) Educação a distância e a ressignificação dos paradigmas educacionais: fundamentos teóricos e epistemológicos. In: Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade. Salvador, v. 14, n. 23, jan/jun, 2005 RIGOTTO, R. M.. Relatos Orais: na encruzilhada entre indivíduo e sociedade em um estudo das representações sociais sobre saúde. In: GONDIM, Linda Maria Pontes (Org.). Pesquisa em Ciências Sociais. O projeto da Dissertação de Mestrado. Fortaleza: EUFC,1999, p.89 - 107. SAMPAIO, M. N. e LEITE, L. S.. (1999) Alfabetização Tecnológica do Professor. Petrópolis. RJ: Vozes. Agradecimento: Este trabalho é apoiado pela FCT (Portugal) e CNPQ (Brasil) que financiaram o Projeto ao abrigo do Convénio FCT / CNPQ (Projeto 6818; Programa 19, Medida 004) 1069 TEMA 6 CURRÍCULO E TECNOLOGIAS 2423 ESUD 2014 – XI Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Distância Florianópolis/SC, 05 – 08 de agosto de 2014 - UNIREDE 1 LITERACIA MEDIÁTICA E INCLUSÃO SOCIODIGITAL: DESAFIOS DA PRÁTICA DOCENTE NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO Elaine Jesus Alves1, Bento Duarte Silva2, Margareth Macedo3 1Universidade Federal do Tocantins/Diretoria de Tecnologias Educacionais, elainealves@uft.edu.br 2Universidade do Minho/Instituto de Educação, bento@ie.minho.pt 3Universidade Federal do Tocantins/ Diretoria de Tecnologias Educacionais,margaretmacedo@uft.edu.br Resumo - Este artigo parte das reflexões acerca dos conceitos de literacia mediática e de inclusão social no bojo das políticas de formação de professores da rede pública. Apresenta-se o conceito de literacia mediática e sua relação direta com os processos de inclusão social e digital dos professores com impactos visíveis no seu cotidiano. Parte do pressuposto de que políticas de inclusão digital estão atreladas a políticas sociais que viabilizam a cidadania e a autonomia dos sujeitos. Na sociedade do conhecimento, em que o mundo globalizado pertence aos que sabem fazer uso da informação, os professores da rede pública frente aos alunos ―nativos digitais‖ precisam ter competências e habilidades quanto ao uso das tecnologias na sua ação docente e ainda nos processos de inclusão dos alunos marginalizados digitalmente. Estudos realizados revelam que as competências com o uso das mídias estão fortemente associadas ao contexto social, econômico, político e cultural do sujeito. Neste sentido, este estudo aprofunda essa discussão destacando o conceito de literacia mediática e sua relação com os processos de construção da autonomia e da cidadania dos professores. Assim, oartigo aponta para a literacia mediática como um possível caminho para a promoção de politícias de inclusão sociodigital. Palavras-chave: literacia mediática, inclusão sociodigital, formação de professores, sociedade da informação. Abstract - This article is part of the reflections on the concepts of media literacy and social inclusion policies in the midst of training public school teachers. It presents the concept of media literacy and its direct relationship with the processes of social and digital inclusion of teachers with visible impacts on their daily lives. Assumes that digital inclusion policies are linked to policies that enable social citizenship and personal autonomy. In the knowledge that the globalized world belongs to those who can make use of the information society, the public school teachers across the ―digital native " students need to have skills and abilities regarding the use of technology in their teaching and still in the process of inclusion students digitally marginalized . Studies show that skills with the use of media are strongly associated 2424 ESUD 2014 – XI Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Distância Florianópolis/SC, 05 – 08 de agosto de 2014 - UNIREDE 2 with economic, political and cultural context of the subject. Thus, this study deepens this discussion highlighting the concept of media literacy and its relationship to the processes of building autonomy and citizenship teachers .Thus, the article points to media literacy as a possible way to promote the inclusion sociodigital politícias. Keywords: media literacy, sociodigital inclusion, teacher education, information society. 1. Introdução Este artigo apresenta reflexões teóricas sobre os desafios da prática docente numa sociedade cada vez mais globalizada e informada – na chamada Sociedade da Informação. Parte do pressuposto que o uso das Tecnologias de Comunicação e Informação (TIC) na formação dos professores da rede pública produz a inclusão sociodigital dos mesmos se forem inseridas dentro de um contexto cultural, social e que apresente relevância para o cotidiano deste professor. Neste sentido, abordamos o conceito de Literacia que constitui a ―capacidade de utilizar informação escrita e impressa para responder às necessidades da vida em sociedade, para alcançar objectivos pessoais e para desenvolver os conhecimentos e os potenciais próprios‖ (LOPES, 2011 Apud KIRSCH, JUNGEBLUT, JENKINS EKOLSTAD, 1993: 2). Remetendo esse conceito ao uso das mídias digitais (computador, internet, celular, etc.) chega-se ao termo literacia mediática que trata da ―capacidade de compreender e criar comunicações numa variedade de contextos‖ (JOÃO & MENEZES, 2008 p. 56). Segundo os autores, a literacia mediática permite ao sujeito ler as mídias com capacidade de compreender, decodificar, avaliar, analisar e construir significados acerca das mensagens expostas nas TIC. De posse dessas competências os professores estariam preparados para lidar com alunos que já nasceram no contexto das tecnologias e as levam para a sala de aula. Na Europa, a literacia mediática constitui uma preocupação dos órgãos de educação pública, tal como no Brasil fala-se muito em letramento digital. O Conselho Nacional da Educação de Portugal instituiu um documento intitulado ―Recomendações sobre a Educação para Literacia Mediática‖ (Recomendação nº 6/2011) em que aborda três tipos de aprendizagens necessárias para noção integrada de literacia mediática ou digital: o acesso à informação e à comunicação — o saber procurar, guardar, arrumar, partilhar, citar, tratar e avaliar criticamente a informação pertinente, atentando também à credibilidade das fontes; a compreensão crítica dos media e da mensagem mediática — quem produz, o quê, porquê, para quê, por que meios; e o uso criativo e responsável dos media para expressar e comunicar ideias e para deles fazer um uso eficaz de participação cívica. O ponto em questão é que todas essas aprendizagens incluem obviamente 2425 ESUD 2014 – XI Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Distância Florianópolis/SC, 05 – 08 de agosto de 2014 - UNIREDE 3 uma dimensão técnica, mas esta não pode ser separada da dimensão crítica, criativa e responsável. Neste sentido, programas de inclusão digital que disponibilizam computador nas escolas e em telecentros e são desprovidos de um acompanhamento pedagógico junto aos seus usuários não cumprem sua função social de incluir digitalmente os usuários segundo comprovado em diferentes estudos (BUZATO, 2006; ROMAN, 2006; ATAÍDE, 2012). No tocante a cursos de formação de professores na modalidade a distância, em que o professor está em contato direto com artefatos tecnológicos, pressupõe-se que sua literacia mediática deva ser plena para que estes sujeitos possam ser críticos, agentes inovadores, e sujeitos aprendentes ao longo da vida. Considerando esses pressupostos, este artigo aprofunda os conceitos de literacia mediática tecendo relações desta com a inclusão sociodigital. No primeiro tópico abordamos o cenário contemporâneo da sociedade da informação e as competências requeridas pelos professores para acompanhar as tendências tecnológicas no seu cotidiano e na sala de aula diante de alunos que dominam o uso das mídias. No segundo tópico aprofundamos o conceito de literacia mediática e sua inserção no âmbito das tecnologias educativas. O artigo finaliza com apontamentos teóricos sobre o uso da literacia mediática como meio de inclusão sociodigital dos professores e alunos marginalizados digitalmente. 2. Professores imigrantes versus alunos nativos: desafios da prática docente O termo ―sociedade da informação‖ usualmente tem sido utilizado para descrever a sociedade contemporânea. Trata-se de uma expressão de caráter ideológico que descreve as novas configurações sociais, culturais, econômicas e políticas que tiveram impulso com o avanço tecnológico iniciado na década de 1970 com o advento da informática (CASTELL, 2007). De acordo com Demo (2000) a ideia de Sociedade da informação está relacionada com o princípio de ―redes‖ de Castells. Na visão do autor, a informação gerada em excesso e transmitida instantaneamente em meios digitais, produz um caráter ostensivo de manipulação que poucos conseguem perceber. Assim, a Sociedade da informação nem sempre está tão bem informada como se pensa. As vítimas incautas desta enxurrada de informações são os jovens que têm acesso constante às mídias. O desafio que se estabelece aos educadores da atualidade é ajudar seus alunos a convergir informações em conhecimento. Quando Prensky (2001) usou o termo ―nativo digital‖ para designar a atual geração de alunos, o autor fundamentou que os alunos da atualidade são diferentes das gerações anteriores não apenas na vestimenta, modo de falar, se comportar ou estilo. Os nativos digitais já nasceram cercados de tecnologia, usando 2426 ESUD 2014 – XI Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Distância Florianópolis/SC, 05 – 08 de agosto de 2014 - UNIREDE 4 computadores, vídeo games, tocadores de música digitais, câmeras de vídeo, telefones celulares, tablets, notebooks, jogos e outras parafernálias da era digital. Essa tendência converge rapidamente na chamada ―Era digital‖ em que as pessoas estão cada vez mais produzindo conteúdos para internet, interagindo via web, realizando compras e vendas com o uso da rede. Segundo o autor, os professores com mais de vinte anos são ―imigrantes‖ no ciberespaço. Quer dizer, nasceram em outro ambiente e aprenderam a construir conhecimento de forma diferente desta geração denominada de ―nativos‖. Outros autores denominam essa geração de ―residentes‖ enquanto os da geração anteriores são denominados de ―visitantes‖ (DEMO, 2011 apud WHITE, 2007), causando sensação de pavor em alguns professores. No entanto, Demo (2011) afirma que na prática, nem todas estas denominações encontram baseempírica consensual porque não se trata de uma geração homogênea em especial pelas situações sociais que geram a exclusão social. O que muda no ritmo de aprendizagem na sociedade da informação é o fato de os estudantes com acesso as tecnologias poderem se preparar antes das aulas e munir-se de informações alternativas, consultar outras fontes além dos livros didáticos, colocando assim o professor sob pressão retirando dele a sua autoridade que até então era soberana. Porém, ao invés, o professor pode tirar partido desta situação pela inovação pedagógica de ―virar a aula‖, ao transformar o trabalho de casa na introdução de novos conteúdos, antes da aula. O tempo de sala de aula seria então dedicado integralmente a experiências de aprendizagens ativas (BEGMANN & SAMS, 2012). No entanto, o acesso e o uso das mídias por parte dos alunos não significa que os mesmos tenham domínio e habilidade crítica para lidarem com a enxurrada de informação que acessam diariamente. Neste contexto, o desafio que se apresenta é formar professores preparados para pensar criticamente com capacidade de influenciar de maneira positiva aos seus alunos a transformar informação em conhecimento e ao mesmo tempo mediar a inclusão digital daqueles que não são ―nativos‖. Nas palavras de Demo ―Esperamos de educadores que: primeiro saibam posicionar as novas tecnologias a serviço do direito de aprender bem dos seus estudantes; segundo, saibam escoimar o joio do trigo, sem perder de vista que o desafio precisa ser mudado e não escamoteado; terceiro, saibam proteger as crianças de riscos e males online sem perder de vista que é sempre preferível educar a censurar; quarto saibam fazer auto-crítica, no sentido de procurar sempre estar à altura da nova geração‖. (DEMO, 2011, p. 22) Neste sentido, Demo (2009) acrescenta que o professor precisa ser um ―eterno aprendiz‖, ou um estudante permanente. Nessa mesma direção Moran (2004) afirma que educar hoje é mais complexo que nas gerações passadas, porque a sociedade hoje é mais complexa, assim, exige-se do educador mais competências 2427 ESUD 2014 – XI Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Distância Florianópolis/SC, 05 – 08 de agosto de 2014 - UNIREDE 4 computadores, vídeo games, tocadores de música digitais, câmeras de vídeo, telefones celulares, tablets, notebooks, jogos e outras parafernálias da era digital. Essa tendência converge rapidamente na chamada ―Era digital‖ em que as pessoas estão cada vez mais produzindo conteúdos para internet, interagindo via web, realizando compras e vendas com o uso da rede. Segundo o autor, os professores com mais de vinte anos são ―imigrantes‖ no ciberespaço. Quer dizer, nasceram em outro ambiente e aprenderam a construir conhecimento de forma diferente desta geração denominada de ―nativos‖. Outros autores denominam essa geração de ―residentes‖ enquanto os da geração anteriores são denominados de ―visitantes‖ (DEMO, 2011 apud WHITE, 2007), causando sensação de pavor em alguns professores. No entanto, Demo (2011) afirma que na prática, nem todas estas denominações encontram base empírica consensual porque não se trata de uma geração homogênea em especial pelas situações sociais que geram a exclusão social. O que muda no ritmo de aprendizagem na sociedade da informação é o fato de os estudantes com acesso as tecnologias poderem se preparar antes das aulas e munir-se de informações alternativas, consultar outras fontes além dos livros didáticos, colocando assim o professor sob pressão retirando dele a sua autoridade que até então era soberana. Porém, ao invés, o professor pode tirar partido desta situação pela inovação pedagógica de ―virar a aula‖, ao transformar o trabalho de casa na introdução de novos conteúdos, antes da aula. O tempo de sala de aula seria então dedicado integralmente a experiências de aprendizagens ativas (BEGMANN & SAMS, 2012). No entanto, o acesso e o uso das mídias por parte dos alunos não significa que os mesmos tenham domínio e habilidade crítica para lidarem com a enxurrada de informação que acessam diariamente. Neste contexto, o desafio que se apresenta é formar professores preparados para pensar criticamente com capacidade de influenciar de maneira positiva aos seus alunos a transformar informação em conhecimento e ao mesmo tempo mediar a inclusão digital daqueles que não são ―nativos‖. Nas palavras de Demo ―Esperamos de educadores que: primeiro saibam posicionar as novas tecnologias a serviço do direito de aprender bem dos seus estudantes; segundo, saibam escoimar o joio do trigo, sem perder de vista que o desafio precisa ser mudado e não escamoteado; terceiro, saibam proteger as crianças de riscos e males online sem perder de vista que é sempre preferível educar a censurar; quarto saibam fazer auto-crítica, no sentido de procurar sempre estar à altura da nova geração‖. (DEMO, 2011, p. 22) Neste sentido, Demo (2009) acrescenta que o professor precisa ser um ―eterno aprendiz‖, ou um estudante permanente. Nessa mesma direção Moran (2004) afirma que educar hoje é mais complexo que nas gerações passadas, porque a sociedade hoje é mais complexa, assim, exige-se do educador mais competências ESUD 2014 – XI Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Distância Florianópolis/SC, 05 – 08 de agosto de 2014 - UNIREDE 5 e habilidades para exercerem sua função. Antes, reflete o autor, a sala de aula era um espaço privilegiado para a aprendizagem, com as tecnologias, o conceito de sala de aula se ampliou para outros espaços: ambientes virtuais de aprendizagem, laboratórios virtuais ou mesmo ambientes experimentais e profissionais voltados para a experiência prática. Conceitos como ―Letramento digital‖, ―Alfabetização digital‖, ―Literacia Mediática‖ são explorados pelos teóricos na área de educação mediada por tecnologias, acenando para um cenário em que se requererá do professor cada vez mais habilidade crítica e autocrítica ao lidarem com as mídias em contato com seus alunos. Este artigo usa o termo literacia mediática por este ser mais abrangente e o conceito mais atualizado no mundo. 3. Competências para a literacia mediática Para diversos autores contemporâneos (DAMÁSIO, 2003; LOPES, 2010; JOãO & MENEZES, 2008), o conceito de literacia mediática está relacionado com a autonomia do indivíduo, relações de poder entre classes e cidadania. Segundo Lopes (2012), na última década a União Europeia tem refletido amplamente sobre literacia mediática no âmbito das políticas europeias para os media1 com o objetivo de fortalecer a competitividade e promover a inclusão na economia mundial – hoje fundamentada na informação e no conhecimento. Ainda de acordo com Lopes, em 2006 foi formado um grupo de peritos europeus em literacia mediática com o objetivo de definir objetivos e tendências, destacar boas práticas e propor ações nesta área. Mediante consulta pública realizada com especialistas dos estados-membros (empresas e instituições da mídia, produtores de conteúdos, órgãos reguladores e associação de cidadãos) formulou-se uma definição europeia para literacia mediática: ―a capacidade de aceder aos medias, de compreender e avaliar de modo crítico os diferentes aspectos dos medias e dos seus conteúdos e de criar comunicações em diferentes contextos‖ (LOPES, 2012 p.5).Também Silva & Pereira (2011) no que respeita à União Europeia, referem-se à Conferência de Viena sobre Inclusão Digital (EC, 2008), que se focalizou no desenvolvimento de fatores de motivação e interesse pelo uso das TIC, de aumentar a confiança e segurança na sua utilização e de estimular a inclusão de grupos específicos alvo de exclusão (as mulheres, os idosos ou os menos escolarizados). Considerando que as mídias ou meios de comunicação não são parciais, e que as noticias são produtos de uma seleção sistemática de informações que são socialmente construídas de acordo com o contexto político e social que se inserem(SOUSA, 2011), a literacia mediática seria a capacidade ou competência de desenvolver tanto a compreensão crítica e interpretação como ser capaz de fazer 1 Media no português lusitano é o mesmo que mídia, meios de comunicação no Brasil. 2428 ESUD 2014 – XI Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Distância Florianópolis/SC, 05 – 08 de agosto de 2014 - UNIREDE 6 um julgamento de valor e até mesmo produzir suas próprias mídias. Bulckingham (2003) complementa que o termo ―Educação para os media‖ seria mais amplo do que ―literacia mediática‖, em suas palavras: ―Educação para os media, portanto, visa desenvolver tanto a compreensão crítica como a participação activa. Permite que os jovens interpretem e façam julgamentos informados como consumidores de media, mas também permite que eles se tornem produtores de media em seu próprio direito. Educação para os media anda á volta do desenvolvimento das capacidades críticas e criativas dos jovens‖. (Bulckingham, 2003 p. 4) Assim, o autor conclui que a educação para os medias conduz a níveis de literacia mediática. No entanto, Sousa (2011) afirma que essa perspectiva não é um consenso, justificando que no âmbito da Comissão Europeia foram produzidos vários documentos que tratam separadamente da educação para os medias e da literacia mediática. Em 1984, a UNESCO produziu um documento intitulado L’éducation aux medias (cit. in PINTO et al, 2011, p. 22) que reconhece a educação para os media e informações como fundamentais para a liberdade de expressão e informação; também para capacitar os cidadãos a entender as funções dos meios de comunicação, e ainda habilitá-los a avaliar criticamente os conteúdos e tomar decisões informadas como utilizadores e produtores de informação. Também a UNESCO2 publicou a Declaração do Fez sobre Literacia da Informação e dos Media que considera ―a atual era digital e de convergência das tecnologias da comunicação carecem de literacia mediática e informativa, de modo a conseguir o desenvolvimento humano e sustentável e sociedades participativas‖. O referido documento foi elaborado durante o 1 º Forum Internacional sobre Literacia da Informação e dos Media na cidade Marroquina de Fez promovido pela UNESCO em 2011. A literacia da informação e dos medias foi reafirmada como direito humano fundamental que deve ser assegurado a todo cidadão. No que diz respeito à educação o documento recomenda como metas ―dotar professores e alunos com competências em literacia informativa e para os media de modo a edificar sociedades alfabetizadas neste âmbito, criando as condições para as sociedades do conhecimento‖. Assim, entende-se que a literacia mediatica está relacionada com a educação para tecnologias, sendo esta primeira imprescindível no processo de inclusão na era digital. Embora exista uma tendência de que pessoas com mais anos de escolaridade apresentem melhores desempenhos no uso das tecnologias, o nível de literacia para os novos media não está relacionado apenas ao grau de escolaridade. 2 UNESCO (2011). Recuperado em 15 abril de 2014, de: <http://www.unesco.org/new/fileadmin/MULTIMEDIA/HQ/CI/CI/pdf/news/Fez%20Declaration.pdf>. 2429 ESUD 2014 – XI Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Distância Florianópolis/SC, 05 – 08 de agosto de 2014 - UNIREDE 6 um julgamento de valor e até mesmo produzir suas próprias mídias. Bulckingham (2003) complementa que o termo ―Educação para os media‖ seria mais amplo do que ―literacia mediática‖, em suas palavras: ―Educação para os media, portanto, visa desenvolver tanto a compreensão crítica como a participação activa. Permite que os jovens interpretem e façam julgamentos informados como consumidores de media, mas também permite que eles se tornem produtores de media em seu próprio direito. Educação para os media anda á volta do desenvolvimento das capacidades críticas e criativas dos jovens‖. (Bulckingham, 2003 p. 4) Assim, o autor conclui que a educação para os medias conduz a níveis de literacia mediática. No entanto, Sousa (2011) afirma que essa perspectiva não é um consenso, justificando que no âmbito da Comissão Europeia foram produzidos vários documentos que tratam separadamente da educação para os medias e da literacia mediática. Em 1984, a UNESCO produziu um documento intitulado L’éducation aux medias (cit. in PINTO et al, 2011, p. 22) que reconhece a educação para os media e informações como fundamentais para a liberdade de expressão e informação; também para capacitar os cidadãos a entender as funções dos meios de comunicação, e ainda habilitá-los a avaliar criticamente os conteúdos e tomar decisões informadas como utilizadores e produtores de informação. Também a UNESCO2 publicou a Declaração do Fez sobre Literacia da Informação e dos Media que considera ―a atual era digital e de convergência das tecnologias da comunicação carecem de literacia mediática e informativa, de modo a conseguir o desenvolvimento humano e sustentável e sociedades participativas‖. O referido documento foi elaborado durante o 1 º Forum Internacional sobre Literacia da Informação e dos Media na cidade Marroquina de Fez promovido pela UNESCO em 2011. A literacia da informação e dos medias foi reafirmada como direito humano fundamental que deve ser assegurado a todo cidadão. No que diz respeito à educação o documento recomenda como metas ―dotar professores e alunos com competências em literacia informativa e para os media de modo a edificar sociedades alfabetizadas neste âmbito, criando as condições para as sociedades do conhecimento‖. Assim, entende-se que a literacia mediatica está relacionada com a educação para tecnologias, sendo esta primeira imprescindível no processo de inclusão na era digital. Embora exista uma tendência de que pessoas com mais anos de escolaridade apresentem melhores desempenhos no uso das tecnologias, o nível de literacia para os novos media não está relacionado apenas ao grau de escolaridade. 2 UNESCO (2011). Recuperado em 15 abril de 2014, de: <http://www.unesco.org/new/fileadmin/MULTIMEDIA/HQ/CI/CI/pdf/news/Fez%20Declaration.pdf>. ESUD 2014 – XI Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Distância Florianópolis/SC, 05 – 08 de agosto de 2014 - UNIREDE 7 Livingstone (2000, p. 2) explica esse fenômeno: ―Isto porque a literacia mediática não é redutível a uma característica ou habilidade do usuário, mas é melhor compreendida como uma co-produção do engajamento interativo entre a tecnologia e o usuário‖. Entende-se, portanto o porquê da habilidade que os jovens têm com o uso das tecnologias: o acesso precoce, o uso constante, e a facilidade de aprender corroboram para que estes possuam melhores habilidades no uso das tecnologias. Todavia, ressalta-se que a literacia vai além da capacidade de manuseio da mídia, ela perpassa pelo seu uso crítico e responsável. Fazendo uma analogia da literacia com o letramento, Bakhtin (1992) analisa que um sujeito ―letrado‖ é alguém que conhece e pratica diferentes formas de falar, ler e escrever que são construídas socialmente e culturalmente. Nas diferentes esferas da vida (escolar, artística, política, profissional) este sujeito é capaz de acionar ―modelos‖ correspondentes a situações específicas para interpretar, prever, criar, questionar, avaliar e escolher atitudes. Levando para o campo do uso das tecnologias, é importante que os professores integrem o computador e suas parafernálias às suas práticas profissionais, transformando-as para melhor inseri-las no contexto de nossa sociedade marcada pelo digital. Na visão de Buzato (2006) o que se espera do professor, e também do aluno, é que os mesmos ultrapassem o limite do conhecimento das técnicas, símbolos ou habilidades associadas ao uso das TIC e sejam estimulados a praticar as TIC socialmente,dominem diferentes gêneros digitais que estão sendo construídos socialmente na teia de relações sociais. Conforme Freitas (2010, p. 348), o aluno ―nativo digital‖ traz para a escola o que descobriu em suas navegações de internauta e está disposto a discutir com seus colegas e principalmente com o seu professor. Dessa forma, [...] Ele não vê mais o professor como um transmissor ou a principal fonte de conhecimento, mas espera que ele se apresente como um orientador das discussões travadas em sala de aula ou mesmo nos ambientes on-line integrados às atividades escolares. A possibilidade de pesquisar, ler e conhecer sobre os mais variados assuntos navegando na internet confere ao aluno um novo perfil de estudante, que exige também novo perfil de professor. Cabe ao professor estar atento a essa nova fonte de informações para transformá-las, junto com os alunos, em conhecimento. Assim, algumas das características da literacia mediática seria a capacidade de associar informações, ter uma perspectiva crítica diante delas, transformando-as em conhecimento. Neste sentido, o professor na era digital há de entender que não compete a ele ser o ―difusor do conhecimento‖, pois os meios tecnológicos já o fazem com certa eficácia. Antes precisa aprender a manipular a tecnologia e orientar os alunos a manipularem para que ambos não sejam manipulados por ela (ROMAN, 2006). 2430 ESUD 2014 – XI Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Distância Florianópolis/SC, 05 – 08 de agosto de 2014 - UNIREDE 8 Segundo estudo3 realizado em 2013 pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) – entidade oficial que coordena os serviços da web no país, apenas 2% dos professores brasileiros da rede pública urbana usam a tecnologia como suporte em sala de aula. Foram entrevistados pessoalmente 1.236 professores de mais de 570 escolas públicas de todas as regiões do Brasil, escolhidas aleatoriamente. O estudo constatou ainda que os que usam as tecnologias se limitam a ensinar os alunos a como utilizar o computador sem desenvolverem práticas pedagógicas. Porém, cabe ressaltar que não é por falta de acesso as tecnologias que esse fenômeno acontece, o estudo revelou que 92% dos docentes da rede pública já têm conexão à internet em casa e que 99% são considerados usuários em rede, ou seja, usaram a internet pelo menos uma vez nos últimos três meses. E das escolas visitadas, 89% possuem acesso à internet. Percebe-se com esses dados que políticas públicas voltadas a promover o acesso às tecnologias não tem sido suficientes para formar um professor preparado para a sociedade do conhecimento. Para tanto, projetos que proporcionem a literacia mediática aos professores e alunos são cruciais para promover a inclusão sociodigital. 4. A Inclusão sociodigital e a literacia mediática na formação do professor A expressão ―inclusão sociodigital‖, também de caráter ideológico, pressupõe que a inclusão digital deve ser vista sob o ponto de vista ético e contribuir para uma sociedade igualitária com perspectivas de inclusão social. Silva et al (2005, p.32) analisa que: [...] se a inclusão digital é uma necessidade inerente desse século, então isso significa que o ―cidadão‖ do século XXI, entre outras coisas, deve considerar esse novo fator de cidadania, que é a inclusão digital. E que constitui uma questão ética oferecer essa oportunidade a todos, ou seja, o indivíduo tem o direito à inclusão digital, e o incluído tem o dever de reconhecer que esse direito deve ser estendido a todos. Dessa forma, inclusão digital é um processo que deve levar o indivíduo à aprendizagem no uso das TICs e ao acesso à informação disponível nas redes, especialmente aquela que fará diferença para a sua vida e para a comunidade na qual está inserido. Portanto, programas de inclusão digital devem ser acompanhados de ações de aprendizagem com o uso das tecnologias e de atividades que sejam práticas e de interesse do aprendiz. Warschauer (2002), sugere um conceito alternativo da tecnologia para a inclusão social. Ele se baseia na analogia da alfabetização (citando Paulo Freire), para criticar os programas de inclusão digital que em algumas circunstâncias causam divisão ou exclusão digital e social. Para o autor, apenas 3 Disponível em <http://www.todospelaeducacao.org.br/comunicacao-e-midia/educacao-na- midia/27028/so-2-dos-professores-usam-tecnologia/>. Acesso em 23 jan. 2014. 2431 ESUD 2014 – XI Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Distância Florianópolis/SC, 05 – 08 de agosto de 2014 - UNIREDE 8 Segundo estudo3 realizado em 2013 pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) – entidade oficial que coordena os serviços da web no país, apenas 2% dos professores brasileiros da rede pública urbana usam a tecnologia como suporte em sala de aula. Foram entrevistados pessoalmente 1.236 professores de mais de 570 escolas públicas de todas as regiões do Brasil, escolhidas aleatoriamente. O estudo constatou ainda que os que usam as tecnologias se limitam a ensinar os alunos a como utilizar o computador sem desenvolverem práticas pedagógicas. Porém, cabe ressaltar que não é por falta de acesso as tecnologias que esse fenômeno acontece, o estudo revelou que 92% dos docentes da rede pública já têm conexão à internet em casa e que 99% são considerados usuários em rede, ou seja, usaram a internet pelo menos uma vez nos últimos três meses. E das escolas visitadas, 89% possuem acesso à internet. Percebe-se com esses dados que políticas públicas voltadas a promover o acesso às tecnologias não tem sido suficientes para formar um professor preparado para a sociedade do conhecimento. Para tanto, projetos que proporcionem a literacia mediática aos professores e alunos são cruciais para promover a inclusão sociodigital. 4. A Inclusão sociodigital e a literacia mediática na formação do professor A expressão ―inclusão sociodigital‖, também de caráter ideológico, pressupõe que a inclusão digital deve ser vista sob o ponto de vista ético e contribuir para uma sociedade igualitária com perspectivas de inclusão social. Silva et al (2005, p.32) analisa que: [...] se a inclusão digital é uma necessidade inerente desse século, então isso significa que o ―cidadão‖ do século XXI, entre outras coisas, deve considerar esse novo fator de cidadania, que é a inclusão digital. E que constitui uma questão ética oferecer essa oportunidade a todos, ou seja, o indivíduo tem o direito à inclusão digital, e o incluído tem o dever de reconhecer que esse direito deve ser estendido a todos. Dessa forma, inclusão digital é um processo que deve levar o indivíduo à aprendizagem no uso das TICs e ao acesso à informação disponível nas redes, especialmente aquela que fará diferença para a sua vida e para a comunidade na qual está inserido. Portanto, programas de inclusão digital devem ser acompanhados de ações de aprendizagem com o uso das tecnologias e de atividades que sejam práticas e de interesse do aprendiz. Warschauer (2002), sugere um conceito alternativo da tecnologia para a inclusão social. Ele se baseia na analogia da alfabetização (citando Paulo Freire), para criticar os programas de inclusão digital que em algumas circunstâncias causam divisão ou exclusão digital e social. Para o autor, apenas 3 Disponível em <http://www.todospelaeducacao.org.br/comunicacao-e-midia/educacao-na- midia/27028/so-2-dos-professores-usam-tecnologia/>. Acesso em 23 jan. 2014. ESUD 2014 – XI Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Distância Florianópolis/SC, 05 – 08 de agosto de 2014 - UNIREDE 9 possibilitar o acesso as TIC por ofertar dispositivos ou máquinas com acesso a internet, não é suficiente para promover a inclusão sociodigital, assim como doar livros para uma pessoa analfabeta não irá alfabetizá-la. Warschauer destaca que a inclusão digital deve incluir uma sériede recursos: Recursos físicos: acesso a computadores e conexão com a internet; Recursos digitais: material digital de interesse do usuário online; Recursos Humanos: Acompanhamento de monitores qualificados para alfabetização sobre o uso do computador e comunicação online. Recursos sociais: refere-se à comunidade, instituições e estruturas sociais que o individuo se relaciona. Considerando esse modelo, os programas de inclusão digital, em especial os destinados aos professores da rede pública, e mesmo os cursos de formação de professores na modalidade a distância necessitam de uma boa estrutura física com bons computadores; proporcionar um material didático online de qualidade e interessante; possuir uma equipe de tutoria qualificada e ativa para acompanhamento dos alunos; promover atividades integrativas que insiram os professores no mundo digital (laboratórios, simuladores, salas virtuais, fóruns). Portanto, nos processos de inclusão digital e da literacia mediática o capital técnico (acesso a máquinas) é importante, mas não é o único necessário. A questão do aspecto cognitivo (visão crítica e capacidade independente de uso e apropriação dos meios digitais) prescinde quaisquer iniciativas de formação. Nas palavras de Daley (2004 apud COSTA e LEMOS, 2005): ―a exclusão digital mais importante não é o acesso a uma caixa. É a habilidade de se tornar poderoso com a linguagem que esta caixa trabalha. Senão somente poucos podem escrever com esta língua e todo o resto está reduzido a ser apenas leitores‖. Nesse sentido, as competências da literacia mediática são fundamentais para a formação de sujeitos críticos, leitores e autores de mídias, conscientes do potencial bom ou ruim que estas produzem. Cisler (2000) argumenta que existem graus de inclusão sociodigital. Para o autor não existe uma divisão binária entre os ―ricos de informação‖ e os ―sem total informação‖, mas há uma gradação com base em diferentes graus de acesso à tecnologia da informação. Se compararmos um professor em São Paulo com uma excelente velocidade de conexão à internet em seu laboratório; um professor no interior do Tocantins que usa a lan house para enviar suas atividades do seu curso de formação a distância e um professor no Amazonas que mora numa aldeia indígena sem acesso a internet, teremos exemplos dos diferentes graus de inclusão sociodigital. Nesta perspectiva, a literacia mediática também é apresentada em diferentes níveis. Pesquisadores têm criado indicadores para medir o grau de literacia dos usuários das tecnologias, em especial professores e alunos (LOPES, 2011; JOãO & MENEZES, 2008). De tal modo, a literacia mediática pode envolver dois diferentes níveis de complexidade: nível básico: utilizar e compreender diferentes mídias e o nível de maior complexidade: ser capaz de analisar a 2432 ESUD 2014 – XI Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Distância Florianópolis/SC, 05 – 08 de agosto de 2014 - UNIREDE 10 informação contida nas mídias no sentido de fazer escolhas sobre o que vêem e os serviços que usam e proteger a si e suas famílias sobre material perigoso e ofensivo (JOãO & MENEZES, 2008 apud OFCOM, 2004). O consenso que existe entre os teóricos da área é que a promoção da literacia mediática é um meio para promover o empoderamento e a autonomia na relação que as pessoas tem com as mídias, tornando-as incluídas socialmente. Alguns autores, como Neri et al (2005) e Costa e Lemos (2005) acreditam que o acesso as TIC se configuram como uma forma de inclusão social e esta pode ser facilitadora para outras inclusões como econômica e cultural. Segundo os autores, o sujeito com acesso as tecnologias possui um canal privilegiado para a criação e a socialização de oportunidades de geração de renda e cidadania na era do conhecimento em que este se torna um capital imprescindível. O professor que está incluído digitalmente (não apenas com o acesso, mas de todas ferramentas técnicas e cognitivas) tem mais possibilidades de adquirir as competências da literacia mediática e usar a tecnologia na sua prática docente e tem capacidade para orientar seus alunos a produzirem conhecimento com uso das mídias. 5. A literacia mediática no Brasil No Brasil, tem-se implementado políticas públicas de formação continuada a professores da rede básica utilizando as tecnologias de informação e comunicação. Projetos como PROINFO, TV Escola, Salto para o Futuro, UCA (Um Computador por Aluno), Mídias na Educação, PARFOR, UAB, entre outros, constituem iniciativas do governo de inserir as tecnologias no cotidiano dos professores e alunos da rede pública. Estudos recentes revelam que os professores em formação nestes programas encontram dificuldades com o uso das tecnologias, e existe um considerável índice de evasão ocasionada pela falta de fluência tecnológica (ATAÍDE, 2012; ALVES e FARIA, 2011; MENESES, 2011). Os problemas vão desde a falta de infraestrutura das escolas para efetivarem o programa a dificuldades dos professores em incorporar essa nova dinâmica escolar com uso das mídias. Entretanto, no Brasil, não existem registros de iniciativas voltadas para a capacitação dos professores para as competências da literacia mediática, fator que pode contribuir para o insucesso de alguns programas de inclusão digital direcionados para este público. Este artigo buscou apresentar a literacia mediática como um possível instrumento de legitimação do capital cultural e social dos professores na intenção que estes conquistem sua autonomia e se tornem competentes ao lidarem com os nativos digitais presentes nas escolas e ao mesmo tempo sanar o abismo que existe entre estes com os não nativos por questão econômica e social. Ressaltamos que a inclusão sociodigital vai além de programas de oferta de computadores nas escolas 2433 ESUD 2014 – XI Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Distância Florianópolis/SC, 05 – 08 de agosto de 2014 - UNIREDE 11 ou telecentros, e deve ser associada a acompanhamento pedagógico e técnico para a capacitação do uso das mídias inseridas num projeto que envolva a comunidade participante. Importante destacar que programas que promovam a literacia mediática na escola – a professores e alunos - ajudam a reduzir a divisão digital e a desigualdade social vigente na sociedade atual. Nesse sentido, de acordo com Silva & Pereira (2011), a escola pode desempenhar um importante papel no combate à divisão (exclusão) digital promovendo o desenvolvimento pleno da literacia mediática. Referências ATAIDE, Denyse Mota da Silva. Letramento digital e formação de professores: limites e potencialidades na perspectiva do Plano Nacional de Formação de Professores (Parfor). Dissertação (Programa de Mestrado em Letras) Universidade Federal do Tocantins, Araguaína-To, 2012. ALVES, Elaine. FARIA, Denilda Caetano de. O curso de extensão mídias na educação na UFT: um estudo da evasão. In: 5º Congresso Brasileiro de Extensão Universitária, 2011, Porto Alegre. Anais, Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul. BAKHTIN. M. Estética da Criação verbal (1992). São Paulo: Martins Fontes. BERGMANN, J. & A. SAMS (2012). What IS the Flipped Class? Disponível em: <http://flipped-learning.com/?p=1073>. Acesso em: 21 abril 2014. BUCKINGHAM, D. (2003). Media Education: Literacy, Learning and Contemporary Culture. Cambridge: Polity Press. BUZATO, M. E. K (2006). Letramentos digitais e formação de professores. São Paulo: Portal Educarede. Disponível em: <http://www.educarede.org.br/educa/img_conteudo/marcelobuzato.pdf>. Acesso em 20 jan. 2014. CASTELLS, M. (2007). A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra. COSTA, Leonardo Figueiredo; LEMOS, André (2005). Um modelo de inclusão digital: o caso da cidade de Salvador. Revista Eptic On Line, Set/dez 2005, v. VII n. 3. Disponível em: < http://www.eptic.com.br/arquivos/Revistas/VII,n.3,2005/AndreLemos-LeonardoCosta.pdf> Acesso em: 20 jan. 2014. 2434 ESUD 2014 – XI Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Distância Florianópolis/SC, 05 – 08 de agosto de 2014 - UNIREDE 12 CISLER, Steve, 2000. "Subtract the digital divide," San Jose Mercury (15 January). Disponível em <http://www.athenaalliance.org/rpapers/cisler.html>. Acesso em: 20 abril 2014. DAMASIO, Manuel José. Contributos para a constituição de uma literacia mediática. biblioteca Online de Ciências da Educação. Disponível em <http://bocc.ubi.pt/pag/damasio-manuel-literacia-mediatica.html>. Acesso em: 20 abril 2014. DEMO, Pedro. Ambivalências da sociedade da Informação. Revista Ciência da Informação, Brasília, v.29,n.2, p.37-42, maio/ago. 2000. Disponível em <http://revista.ibict.br/ciinf/index.php/ciinf/article/viewArticle/250>. Acesso em: 20 abr. 2014. ________. Educação hoje – “novas” tecnologias, pressões e oportunidades. São Paulo, Atlas, 2009. ________. O olhar do educador e Novas Tecnologias. Revista Educação Profissional –SENAC. Rio de Janeiro, v. 37, nº 2, mai./ago. 2011. Disponivel em <http://www.senac.br/BTS/372/artigo2.pdf>. Acesso em: 20 abril 2014. EC - EUROPEAN COMISSION (2008). digital Literacy- European Comission Working Paper and Recommendations from digital Literacy high-Level Expert Group (parte da iniciativa einclusion be Part of It!). disponível em <http://ec.europa.eu/Information_society/events/e_inclusion/2008/doc>. Acesso em: 21 abril 2014. FREITAS, T. M. (2010) Letramento digital e formação de professores. Educação em Revista. Belo Horizonte, v.26, n.03, dez. 2010. JOãO, Silvia G. MENEZES, Isabel. Construção e validação de indicadores de literacia mediática. Comunicação e Sociedade, vol. 13, 2008, pp.55-68. LOPES, Paula Cristina. Literacia(s) e Literacia mediática. CIES e-Working Papers nº110/2011. Lisboa, Portugal. ________. Literacia Mediática: novas competências para infoadictos. Anais do VII Congresso Português de Sociologia. Universidade de Porto, Faculdade de Letras. 19 a 22 de junho de 2012. MENESES, Soraia C. Pacheco. UCA – Um computador por aluno: Era da inclusão digital. In: Anais do XXII SBIE - XVII WIE, Aracaju, 2011. Disponível em 2435 ESUD 2014 – XI Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Distância Florianópolis/SC, 05 – 08 de agosto de 2014 - UNIREDE 12 CISLER, Steve, 2000. "Subtract the digital divide," San Jose Mercury (15 January). Disponível em <http://www.athenaalliance.org/rpapers/cisler.html>. Acesso em: 20 abril 2014. DAMASIO, Manuel José. Contributos para a constituição de uma literacia mediática. biblioteca Online de Ciências da Educação. Disponível em <http://bocc.ubi.pt/pag/damasio-manuel-literacia-mediatica.html>. Acesso em: 20 abril 2014. DEMO, Pedro. Ambivalências da sociedade da Informação. Revista Ciência da Informação, Brasília, v.29,n.2, p.37-42, maio/ago. 2000. Disponível em <http://revista.ibict.br/ciinf/index.php/ciinf/article/viewArticle/250>. Acesso em: 20 abr. 2014. ________. Educação hoje – “novas” tecnologias, pressões e oportunidades. São Paulo, Atlas, 2009. ________. O olhar do educador e Novas Tecnologias. Revista Educação Profissional –SENAC. Rio de Janeiro, v. 37, nº 2, mai./ago. 2011. Disponivel em <http://www.senac.br/BTS/372/artigo2.pdf>. Acesso em: 20 abril 2014. EC - EUROPEAN COMISSION (2008). digital Literacy- European Comission Working Paper and Recommendations from digital Literacy high-Level Expert Group (parte da iniciativa einclusion be Part of It!). disponível em <http://ec.europa.eu/Information_society/events/e_inclusion/2008/doc>. Acesso em: 21 abril 2014. FREITAS, T. M. (2010) Letramento digital e formação de professores. Educação em Revista. Belo Horizonte, v.26, n.03, dez. 2010. JOãO, Silvia G. MENEZES, Isabel. Construção e validação de indicadores de literacia mediática. Comunicação e Sociedade, vol. 13, 2008, pp.55-68. LOPES, Paula Cristina. Literacia(s) e Literacia mediática. CIES e-Working Papers nº110/2011. Lisboa, Portugal. ________. Literacia Mediática: novas competências para infoadictos. Anais do VII Congresso Português de Sociologia. Universidade de Porto, Faculdade de Letras. 19 a 22 de junho de 2012. MENESES, Soraia C. Pacheco. UCA – Um computador por aluno: Era da inclusão digital. In: Anais do XXII SBIE - XVII WIE, Aracaju, 2011. Disponível em ESUD 2014 – XI Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Distância Florianópolis/SC, 05 – 08 de agosto de 2014 - UNIREDE 13 <http://ceie-sbc.tempsite.ws/pub/index.php/sbie/article/view/1656/1421>. Acesso em 21 abr. 2014. MORAN, José Manuel. Os novos espaços de atuação do educador com as tecnologias. In ROMANOWSKY, Joana Paulin et al (Orgs). Conhecimento local e conhecimento universal: Diversidade, mídias e tecnologias na educação. Vol. 2, Curitiba, Champagnat, 2004, p. 245-353. PRENSKY, M. (2001). digital naives, digital Immigrants. On the horizon(nCB University Press) Vol. 9 no. 5, outubro. Disponível em: <htp://www.emeraldinsight.com/journals.htm?aricleid=1532742>. Acesso em: 21 fev. 2014. PINTO, M. (coord.), PEREIRA, S., PEREIRA, L. & DIAS, T. D. (2011) Educação para os Media em Portugal: experiências, actores e contextos, Lisboa: Entidade Reguladora para a Comunicação Social/CECS, Universidade do Minho. ROMAN, E. A. Os desafios para o professor na era digital. Cadernos da Escola de Educação e humanidades, nº 3, 2006. Editora UNIBRASIL. SILVA, Helena, et al. Inclusão digital e educação para a competência informacional: uma questão de ética e cidadania. Ciência da Informação. [online], vol.34, n.1, p. 28-36 , jan/abr, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ci/v34n1/a04v34n1.pdf> .Acesso em: 15 jan. 2014. SILVA, B. & PEREIRA, Mª. (2011). O papel da escola no combate à divisão digital. Actas do xI Congresso Luso Afro brasileiro, diversidades e (des)Igualdades, Salvador, Universidade Federal da Bahia. Disponível em <http://hdl.handle.net/1822/14365>. Acesso em: 21 abril 2014. SOUSA, vitor Manuel F. Oliveira de. A Educação para os medias na formação inicial de professores. IN: Relatório de Estágio no projecto "A Educação para os Media em Portugal - Experiências, Actores e Contextos", da EntidadeReguladora para a Comunicação Social e concretizado pelo Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade(Universidade do Minho) 2011. WARSCHAUER, M. Reconceptualizing the digital divide. First Monday, v. 7, n. 7, jul. 2002. Disponível em:<http://firstmonday.org/issues/issue7_7/warschauer/index.html>. Acesso em: 12 abril 2014. Este trabalho é financiado por Fundos Nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia no âmbito do Projeto PEST-OE/CED/UI1661/2014. Challenges 2015: Meio Século de TIC na Educação, Half a Century of ICT in Education 1068 LITERACIA DIGITAL DE PROFESSORES: UM ESTUDO DE CASO EM CURSO DE LICENCIATURA A DISTÂNCIA NO TOCANTINS, BRASIL. Elaine Jesus Alves Universidade Federal do Tocantins, Brasil Bento Duarte da Silva Universidade do Minho, Portugal Resumo: Este trabalho apresenta dados parciais coletados na pesquisa de doutoramento em Educação da Universidade do Minho intitulada: “Formação de professores, Literacia Mediática e Inclusão Sociodigital: Estudo de caso em curso a distância da Universidade Federal do Tocantins” (UFT). Trata-se de um estudo de caso realizado com professores que são estudantes de licenciatura a distância numa universidade pública no interior do Brasil. O estudo teve como objetivo investigar se o fato destes professores estudarem na modalidade a distância contribui para o desenvolvimento da literacia digital na sua vida social, práticas cotidianas e/ou na sua prática docente. Este trabalho apresenta dados coletados na aplicação de questionários online enviados aos participantes. O total de alunos frequentes do curso de licenciatura em estudo é de 32 alunos, destes, 25 (78%) participaram.Os resultados revelam um baixo nível de literacia digital dos participantes nas questões relacionadas com o cotidiano e nas aplicações pedagógicas das tecnologias. O estudo aponta para a necessidade de investimento na formação dos professores voltada para a literacia digital em contextos educativos. Palavras-chave: Literacia digital; formação de professores; nativos digitais; imigrantes digitais Abstract: This paper presents partial data collected in the PhD in Education at the University of Minho research entitled: "Teacher training, literacy and inclusion sociodigital Mediatic: Ongoing Case study the distance from the Federal University of Tocantins" (UFT). It is a case study with teachers who are undergraduate students the distance in a public university in the interior of Brazil. The study aimed to investigate whether the fact that these teachers study in the distance contributes to the development of digital literacy in their social life, daily practices and / or in their teaching practice. This paper presents data collected in applying online questionnaires sent to the participants. Total students frequent the degree of ongoing study is 32 students, of whom 25 (78%) participated. The results show a low level of digital literacy of the participants on issues related to the daily life and the educational applications of technology. The study points to the need for investment in the training of teachers turned to digital literacy in educational settings. Keywords: digital literacy; teacher training; digital natives; digital immigrants Challenges 2015: Meio Século de TIC na Educação, Half a Century of ICT in Education 1069 Introdução A discussão sobre as competências dos professores para o uso das tecnologias na prática pedagógica não é recente. Em meados dos anos de 1980 com o desenvolvimento e expansão da informática surgiu o termo "Novas Tecnologias de Informação". A aplicação destas tecnologias no contexto educativo, segundo Blanco e Silva (1993), reforçou as pesquisas sobre esta relação homem-máquina e a análise de ambientes tecnológicos voltados para a educação. No entanto, atualmente esta discussão se torna cada vez mais relevante e pertinente considerando o contexto da crescente penetração da internet no cotidiano das pessoas. A difusão da internet acessada em aparelhos portáteis possibilita a mobilidade, conectividade e acesso a informações em qualquer lugar e a qualquer hora. Os saberes associados ao uso do computador são obtidos pelos jovens normalmente entre os seus pares em espaços informais. As relações sociais e comunicacionais desta geração, chamada de "nativos digitais", passam cada vez mais pela web. Segundo Prensky (2001), são denominados "nativos" porque dominam a linguagem digital dos computadores, vídeos games e internet. Por outro lado, as pessoas que nasceram no período anterior a 1980 são classificadas pelo autor como ”imigrantes digitais”. Estes precisam aprender a linguagem digital como imigrantes que chegam numa terra em que se fala outro idioma, é necessário tempo e ajuda de outros para se adaptarem. Talvez seja preciso fazer um curso de idiomas, ter um dicionário, e/ou conviver com os nativos para melhorar sua fluência. No caso dos usuários das tecnologias, “migrar” para este mundo, pode requerer fazer cursos na área, utilizar manuais para usarem aparelhos tecnológicos e/ou necessitar de ajuda de amigos ou parentes para executar tarefas nos mesmos. Considerando este cenário, os professores que estão a lidar na escola com estes jovens cada vez mais conectados, enfrentam inúmeras barreiras quer relacionadas com o manuseio instrumental da tecnologia, seu uso social e pedagógico. Estudos apontam para a necessidade da literacia digital dos professores em contextos educativos (Melão, 2011; Lopes, 2013; Laje e Dias, 2012). Benavente, Rosa, Costa e Ávila (1996, p. 13) definem literacia como "as capacidades de processamento de informação escrita na vida quotidiana”. Deste modo, literacia está relacionado com o uso das competências de ler e escrever, decodificar códigos em diferentes contextos (pessoais, profissionais, sociais, etc.). Challenges 2015: Meio Século de TIC na Educação, Half a Century of ICT in Education 1070 A difusão e expansão dos meios de comunicação e informação gerou a demanda por conhecimentos específicos para acessá-los, compreendê-los e uso eficaz dos mesmos. Nas palavras de Melão (2011, p. 90) "o conceito de “literacia digital” surgiu da necessidade de enquadrar as habilidades e competências necessárias aos cidadãos confrontados em permanência com a evolução das tecnologias digitais". Assim, a temática literacia digital é pertinente e urgente dentro das escolas a começar pelos professores. O conceito de literacia apresenta-se como complexo e polifacetado. Utilizamos neste trabalho a concepção do documento “Recomendações sobre a Educação para Literacia Mediática” (Educação, 2011) que aborda três tipos de aprendizagens necessárias para noção integrada de literacia digital: - O acesso à informação e à comunicação — o saber procurar, guardar, arrumar, partilhar, citar, tratar e avaliar criticamente a informação pertinente, atentando também à credibilidade das fontes; - A compreensão crítica dos media e da mensagem mediática — quem produz, o quê, porquê, para quê, por que meios; - O uso criativo e responsável dos media para expressar e comunicar ideias para deles fazer um uso eficaz de participação cívica. Portanto, a literacia digital ou mediática que trata este estudo diz respeito à capacidade do indivíduo de acessar, analisar, compreender e avaliar de modo crítico as mídias e ainda criar comunicações em diferentes contextos (Lopes, 2011). No caso dos professores está envolvido, além do uso cotidiano das tecnologias, a sua apropriação crítica, usando-a de modo adequado na realização de projetos multidisciplinares e colaborativos. Nas palavras de Almeida e Valente (2011, p. 93): O professor que se reconhece como protagonista de sua prática e usa as TDIC de modo crítico e criativo, voltando-se para a aprendizagem significativa do aluno coloca-se em sintonia com linguagens e símbolos que fazem parte do mundo do aluno, respeita seu processo de aprendizagem e procura conhecer seu universo de conhecimentos por meio das representações que os alunos fazem em um suporte tecnológico. Este cenário requer das instituições de ensino (da escola à universidade) que revisem os processos de aprendizagem com vista à formação de sujeitos com visão crítica das mídias, com capacidade de produzirem e difundirem conhecimento na web e portadores de competências para o trabalho colaborativo. No campo da formação de professores, o papel das universidades que ofertam cursos de licenciatura é Challenges 2015: Meio Século de TIC na Educação, Half a Century of ICT in Education 1071 fundamental para preparar os docentes para as mudanças que as tecnologias vem causando nas formas de aprender, ensinar, trabalhar e viver. Os cursos de formação a distância são oportunidades para que os professores em serviço realizem primeira formação, se aperfeiçoem ou especializem na área que lecionam. Mas podem ser também um laboratório para estes docentes experimentarem inovarem sua prática pedagógica com o uso das tecnologias. Surge a questão: O fato de um professor realizar sua formação em curso de licenciatura online causa algum impacto na sua literacia digital no que diz respeito ao seu cotidiano ou prática pedagógica? Este artigo tem como objetivo apresentar dados parciais coletados na pesquisa de doutoramento em Educação da Universidade do Minho intitulada “Formação de professores, Literacia Mediática e Inclusão Sociodigital: Estudo de caso em curso a distância da Universidade Federal do Tocantins”. Trata-se de um estudo de caso realizado com professores que são cursistas de licenciatura
Compartilhar