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Direito do Processo do Trabalho 
Prof. Hector Cury 
 
Grupo: 
Catherine Leone Alves de Goes - 106683 
Jerônimo Marques de Almeida - 106720 
 
Acórdão: 0021295-48.2019.5.04.0404 (ROT) 
Redator: ​SIMONE MARIA NUNES 
Órgão julgador: ​6ª Turma 
Data: ​23/07/2020 
RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELO RECLAMANTE. EXCEÇÃO DE 
INCOMPETÊNCIA. LOCAL DA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. A competência 
territorial para ajuizamento da ação trabalhista é definida pelo local da prestação do serviço, 
nos moldes do previsto no art. 651 da CLT. 
Comentários: 
 
A Justiça do Trabalho tem sua competência definida pelo art. 114, IX da Constituição 
Federal. Trata-se de uma reclamação proposta no foro de residência da reclamante com base 
nos princípios ​do acesso à justiça e da proteção ao hipossuficiente, artigo 5º, XXXV da 
CF/88. A reclamada apresentou a exceção de incompetência, tendo em vista que a reclamante 
foi contratada em outra cidade, local em que também prestava serviço. 
Da leitura do caput do artigo 651,da CLT, temos que é competente a vara em que o 
empregado prestar os serviços, ainda que tenha sido contratado em outra localidade ou no 
estrangeiro. 
Apesar do art. 651 da CLT trazer exceções em seus parágrafos, a regra do dispositivo 
é clara, considerando ainda quando tratar-se da habitualidade do trabalho em local único em 
que o empregado presta serviços. Ademais, o empregado não foi transferido para localidade 
diversa de onde iniciou sua atividade laboral e onde foi contratado. 
O artigo traz exceções em seus parágrafos. No parágrafo 2º refere-se ao agente ou 
viajante comercial, que poderá apresentar reclamação na Vara da localidade em que a 
empresa tenha agência ou filial ou na que está o empregado subordinado. Não havendo essa 
hipótese, será competente a Vara da localização em que o empregado tenha domicílio ou a 
localidade mais próxima. Além disso, o parágrafo 3º estabelece que a reclamação poderá ser 
apresentada no foro da celebração do contrato ou no da prestação de serviços quando a 
realização do trabalho acontecer fora do lugar em que for contratado. 
Os parágrafos do art. 651 da CLT são específicos quanto a cada situação. Percebe-se 
que em no caso concreto, a alegação da reclamante não encontra amparo legal na CLT, 
recorrendo aos princípios constitucionais como fundamentação, o que parece coerente se não 
fosse a literalidade do texto, no referido artigo, em não deixar margem de dúvidas quanto à 
situação contratual e laboral da reclamante. 
Ressalta-se que o dispositivo em análise contempla as ocorrências diversas de modo a 
beneficiar o empregado. O relatório do acordão afirma que as exceções do dispositivo 
buscam assegurar a garantia do inciso XXXV do artigo 5º da Constituição Federal, 
oportunizando hipóteses distintas de ocorrência do local de contrato e do local de trabalho. 
Entretanto, se alguém presta serviço com habitualidade em certa região, verifica-se que não 
decorre dificuldade de acesso ao local. 
No caso concreto em análise, o presente artigo foi, no entanto, flexibilizado para dar 
provimento à tramitação dos autos na vara de competência de residência da reclamante, pois 
conforme o relatado, a demanda foi proposta no foro diverso da prestação de serviço, pois a 
ex-funcionária mudou-se para lá em busca de melhores oportunidades, demonstrando, assim, 
a vulnerabilidade em que se encontra . 
Desse modo, o tribunal decidiu pela aplicação do princípio constitucional, em 
detrimento da proteção ao direito material frente a instrumentalidade processual, a qual 
poderá acarretar em prejuízo da subsistência daquela que pleiteia seu direito. 
 
Acordão disponível em: 
https://www.trt4.jus.br/pesquisas/rest/cache/acordao/pje/ALNWB8Mf8xapuO57eoa5K
w?&qp=art.+651&tp=COMPET%C3%8ANCIA

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