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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MATO GROSSO Impetrante: .... Paciente: .... Autoridade Coatora: Juiz de Direito da _ª Vara Criminal da Comarca de Itiquira Nome..., advogado..., inscrito na OAB/MT sob o nº XX.XXX, com escritório profissional a Rua XXX, nº XXX, bairro XXXX, no Município de Itiquira-MT, vem perante esse Egrégio Tribunal, com fundamentos no artigo 5º, inciso LXVIII da Constituição Federal e artigo 647 e 648, inciso I, do Código de Processo Penal, e artigo 5º da Lei 9.296/1996, requerer a concessão da ordem de HABEAS CORPUS (COM PEDIDO DE LIMINAR) em favor de Nome..., nacionalidade..., estado civil..., profissão..., portador do CPF/MF nº XXX.XXX.XXX-XX, com Documento de Identidade de nº XXXXXXX-X, residente e domiciliado na Rua XXX, nº XXX, bairro XXX, CEP: XXXXX-XXX, Município de Itiquira- Mato Grosso, em razão de estar sofrendo constrangimento ilegal por parte do Juiz de Direito da _ª Vara Criminal da Comarca de Itiquira, diante dos fatos e direitos a seguir expostos. 1. DOS FATOS Numa pequena cidade do Mato Grosso chamada Itiquira, Mirosmar paciente era proprietário de uma Carvoaria, onde recebia madeira e efetuava a queima para produzir o carvão, que vendia nas mercearias daquela urbe. Por meio de denúncia, o delegado da polícia representou ao Juiz da Comarca a Interceptação Telefônica do aparelho celular de Mirosmar, a fim de investigar o suposto crime de adquirir madeira sem exigir licença do vendedor (art. 46, da Lei nº 9.605/98), sendo está autorizada pelo prazo legal. No decorrer da interceptação telefônica, a inteligência da polícia, no vigésimo dia interceptou uma conversa do paciente com um funcionário XXX, o qual lhe relatou que estava indisposto e não conseguiria comparecer ao serviço, e que seu filho supostamente Jackson o ajudaria. Após essas informações a polícia se dirigiu até a carvoaria onde supostamente encontrou o seu filho manuseando os fornos onde foi dado voz de prisão e levado à delegacia onde lavrou-se o suposto flagrante pelo cometimento de crimes de maus tratos, previsto no artigo 136, do Código Penal. O paciente encontra-se custodiado, a disposição do Juízo da Justiça Criminal de Itiquira-MT, o mesmo fora detido em suposto estado de flagrante delito, sob a alegação de ter cometido supostamente o crime de maus tratos, previsto no artigo 136 do Código Penal, conforme infere na nota de culpa, expedida pela autoridade policial responsável pela lavratura do flagrante. A prisão em flagrante do paciente fora convertida em preventiva pelo Juiz da causa sem, contudo, ter submetido o paciente a audiência de custódia, sob o fundamento de que os predicados pessoais favoráveis não são suficientes para sustentar a liberdade provisória, bem como há indícios de supostamente ter cometido crime ambiental, que acarreta danos a sociedade. 2. LIMINARMENTE 2.1 DO CONSTRANGIMENTO ILEGAL Com base nos artigos 647 e 648, I, a defesa entende que a manutenção da prisão preventiva no caso em análise constitui constrangimento ilegal, ensejando o relaxamento da prisão preventiva ou a subsidiária aplicação de medidas cautelares, devido à falta de fundamentação do juiz, para a propositura a prisão preventiva, sem ao menos tentar observar outras medidas cautelares. Primeiramente, salienta-se que o paciente é primário, com ocupação licita, o mesmo possui residência fixa, possui família, não oferece risco a sociedade, sendo totalmente desnecessária e descabida a sua prisão preventiva. 2.2 DA ILEGALIDADE DA INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA A interceptação telefônica só deve ser autorizada quando restar demonstrado que não há outro meio de se produzir a prova. “Exclusivamente quando for indispensável, conditio sine qua non para a apuração da infração, é que ela se justifica.” A decretação da medida cautelar de interceptação não atendeu aos pressupostos e fundamentos de cautelaridade, visto que, não obstante os crimes investigados serem punidos com reclusão e haver investigação formalmente instaurada, descurou-se da demonstração da necessidade da medida extrema e da dificuldade para a sua apuração por outros meios, carecendo, portanto, do fumus comissi delicti e do periculum in mora. A Lei 9296/1996 dispõe em seu artigo: Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses: I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal; II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção. Tendo como base a fundamentação da medida de interceptação o crime do art. 46, da Lei nº 9.605/98: Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada pela autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar o produto até final beneficiamento: Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa. No caso em apreço, constata-se a existência de flagrante ilegalidade, pois, para o desencadeamento de medida cautelar extrema, foi-se sob a égide do crime de detenção, conforme disposto acima, o crime previsto no artigo 46 da Lei 9605/98, como a quebra do sigilo telefônico, deve-se esmiuçar a sua imprescindibilidade, de modo a pormenorizar a assertiva de não dispor de procedimentos investigatórios outros, menos invasivos, para a obtenção de provas aptas a robustecer eventual imputação delitiva. A Lei 9.296/1996, que regulamenta a interceptação telefônica, define que as escutas devem ser determinadas por meio de decisão judicial fundamentada, não podendo exceder o prazo de 15 dias, renovável por igual período, quando comprovada a indispensabilidade desse meio de prova, previsto no artigo 5º da mesma lei. Observa-se que não foram observados o prazo de 15 dias, onde o mesmo não foi prorrogado, utilizaram como meio de prova a interceptação feita no vigésimo dia, devendo a mesma não ser utilizada como meio de prova. 3. DO MÉRITO Preliminarmente é de bom alvitre informar que o Paciente é réu primário, não possui antecedentes criminais, possui endereço fixo, é de boa índole, salientando que o mesmo não teve custódia, sendo homologado deliberadamente a prisão preventiva. Observa-se que o paciente não oferece risco a sociedade, sendo o argumento utilizado para a decretação da sua prisão descabido, levando em consideração que o réu em momento algum ofereceu risco a outrem. Posto isto, verifica-se que o decreto de prisão preventiva expedido pela autoridade coatora se mostra totalmente desprovido de qualquer fundamentação válida. Nota-se que o paciente está sendo impedido de sua liberdade de locomoção, de ir e vir, devido ao ato ilegal praticado pela autoridade coatora. Violando o direito de clausula pétrea, previsto na Constituição Federal, em seu artigo 5º inciso LIV: “(…) ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;(…)”. 4. DO PEDIDO Diante de tudo quanto foi exposto, requer-se: 1- O relaxamento da prisão preventiva, ou a subsidiária aplicação de medidas cautelares, 2- A expedição para a autoridade coatora prestar esclarecimento sobre o constrangimento ilegal; Nestes termos, Pede deferimento, Municipio-MT, dia XXX de (mês) XXX de 2020 ADVOGADO OAB/MT
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