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LINGUAGEM DAS ARTES PLÁSTICAS Belo Horizonte 2 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 SUMÁRIO 1 - LINGUAGEM DAS ARTES PLÁSTICAS NAS AULAS DE ARTE ........................................................................... Erro! Indicador não definido. 2 - ARTE E MULTIMEIOS: RECURSOS AUDIOVISUAIS DIDÁTICOS APLICÁVEIS AO ENSINO DA ARTE ............................................................................................... 4 3 - O FOLCLORE BRASILEIRO ............................................................................... 10 4 - A FOTOGRAFIA E SUA LINGUAGEM ................................................................ 20 5 - A MIDIOLOGIA .................................................................................................... 29 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS UTILIZADAS E CONSULTADAS ..................... 32 AVALIAÇÃO ................................................................. Erro! Indicador não definido. 3 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 1. LINGUAGEM DAS ARTES PLÁSTICAS NAS AULAS DE ARTE Para Baldi (2010, s/p) foi-se o tempo em que a aula de Arte só tinha ênfase nas artes plásticas e se resumia a desenhos e pinturas. Hoje, o bom currículo da disciplina deve contemplar as quatro linguagens: artes visuais, música, teatro e dança - o que nem sempre é cumprido em virtude da formação dos professores, muitos deles especialistas em apenas uma das áreas. Assim, se o educador estudou Música, por exemplo, essa linguagem acaba enfatizada no currículo. Para os especialistas, o ideal é trabalhar as quatro de forma integrada. O fazer pedagógico na disciplina é baseado na chamada metodologia ou proposta triangular, defendida por Ana Mae Barbosa, da Escola de Comunicação e Arte da Universidade de São Paulo (USP), que contempla três eixos norteadores: reflexão, apreciação e produção. Priscila de Souza, professora da E. E. Gabriela Mistral, em São Paulo, trabalha dentro dessa abordagem. “Por meio desse tripé, o ser humano vivencia a arte em todas as suas dimensões, independentemente da linguagem escolhida.” No Ensino Fundamental, cada conteúdo deve ser ensinado levando em consideração os três eixos. A aprendizagem de temas como o Modernismo, o Barroco e o Expressionismo requer do estudante reconstruir esses conceitos em interações sucessivas, além de pesquisar, escutar narrativas, participar da fruição de obras, executar trechos de peças musicais compostas nesses períodos e ler e redigir textos, entre outras atividades. Ao propor projetos, é preciso prever a apreciação e a pesquisa Mirian Celeste Martins, docente da Universidade Presbiteriana Mackenzie e diretora do Rizoma Cultural, ambos em São Paulo, acrescenta que nessa fase da escolarização o ideal é trabalhar com base em projetos e não de forma estanque. “Cada um deve focalizar um conceito, que pode ser desenvolvido numa determinada linguagem”, afirma. É interessante que o trabalho provoque o que a especialista chama de 4 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 “nutrição estética”, ou seja, que o mesmo conceito possa ser ampliado em conexões com outros conceitos, obras e linguagens. (BALDI, 2010, s/p) Ainda segundo Baldi (2010, s/p) um exemplo citado por Mirian é o da materialidade. Para abordá-lo, o professor levanta o que os alunos sabem sobre materiais, ferramentas e suportes utilizados em arte. Feito isso, é possível pensar em ações expressivas, de apreciação e de pesquisa, que podem ser implementadas para ampliar o contato com uma ou mais linguagens artísticas. Mesmo admitindo que as modalidades possam ser trabalhadas em séries diferentes de um ciclo - se artes visuais e teatro forem eleitos nas primeiras, por exemplo, e dança e música nas demais -, aquelas não contempladas em determinada fase podem ser abordadas durante a apreciação de espetáculos ou por meio da apreciação de produções em vídeos ou pôsteres, por exemplo. Assim como em outras disciplinas, recomenda-se também que a aprendizagem seja significativa. Por isso, Rosa Lavelberg, diretora do Centro Universitário Maria Antonia, em São Paulo, lembra a importância de conhecer a realidade do aluno. “Do que um adolescente gosta? O que interessa a ele?” Desse modo, nas artes visuais, por exemplo, o grafite pode ser a porta de entrada para alguns conceitos da área, pois é algo bem próximo do interesse dos alunos nessa idade - assim como a integração de mídias. Rosa acrescenta que nessa faixa etária a arte contemporânea interessa mais aos alunos e, assim, com base nela, fica mais fácil trabalhar outros períodos históricos. O importante nessa fase da vida é o aluno “fazer pensando” e “pensar fazendo”. Ou seja, não apenas priorizar a prática e deixar que a aula de Arte seja “lazer”, mas refletir sobre ela, das mais variadas formas. (BALDI, 2010, s/p) 2. ARTE E MULTIMEIOS: RECURSOS AUDIOVISUAIS DIDÁTICOS APLICÁVEIS AO ENSINO DA ARTE Para Rezende, Vidigal (s/d, p. 2) “o professor de Arte, em qualquer nível de ensino, deve ser, primeiramente, pessoa inserida no contexto artístico como forma de 5 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 viver. É essencial que a experiência estética seja um componente importante em sua vida cotidiana”. (PIMENTEL, 2008, p. 9) O professor de arte deve buscar, sempre, uma formação continuada e novas experiências estéticas. Santana (2008, p. 9), ao discorrer sobre arte e linguagem, apresenta o universo contemporâneo como muito rico e repleto de diversidades. “Cabe ao professor de Arte apresentar esse universo ao seu aluno de forma a explorar as relações sociais, políticas e ideológicas desse contexto, bem como suas concepções estéticas acerca da arte em si”. Além dos conhecimentos atualizados do ensino/aprendizagem em arte educação, viver e entender o que ocorre em arte, hoje, particularmente no Brasil, o educador em arte deverá procurar acompanhar os avanços das tecnologias e avaliar como estas novas mídias podem auxiliar no ensino de artes visuais. Nas palavras de Pimentel (2003), “imaginar as possibilidades artísticas via tecnologias contemporâneas é, também, estar presente no tempo em que vivemos”. Como a imagem visual está cada vez mais presente em nossas vidas, “é importante desenvolver-se a competência de saber ver e analisar a imagem, para que se possa, ao produzir imagens, fazer com que ela tenha significação tanto para o autor, quanto para quem vai vê-la”. (PIMENTEL, 2003, p. 113) A análise da imagem deve favorecer o desenvolvimento da habilidade de ver, julgar, interpretar. Sem abandonar a utilização de materiais tradicionais no ensino de artes visuais, o educador deve possibilitar que o aluno tenha experiências com atividades e materiais diversos – câmera digital, celular com captura de imagens – “para que, conhecendo-os, possa pensar Arte de forma mais abrangentes”. (PIMENTEL, 2003, p. 116) Em muitas escolas o fazer artístico está mais ligado a modelos impostos, a cópias de imagens. Há uma preocupação na técnica em detrimento do imaginário do educando, do mundo atual, das tendências artísticas. “A cultura e bagagem de conhecimentos trazidos pelo aluno não são respeitadas e, muitas vezes, anuladas.” (PRANDINI, 2000). Na constatação de Freitas (2005), ainda há um deixar fazer (laissez-faire) nas aulas de arte, “a partir de uma sensibilização simplista ou da apropriação de sucatas”. Pouco se importando com a capacidade criadora dos alunos e ignorando suas vivências pessoais e experiências estéticas. Observação próxima à constatação da 6 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com(31) 3270 4500 autora acima, foi feita por Barbosa (1975, p. 86-7), ao afirmar que nas artes visuais ainda domina na sala de aula o ensino de desenho geométrico, o laissez-faire, temas banais, as folhas para colorir, a variação de técnicas e o desenho de observação. As informações, provenientes de imagens, estão se intensificando, sejam através da TV, internet, espaços públicos. Cada vez mais este processo é acelerado e ampliado com o lançamento de novas tecnologias. Por sua vez, os alunos estão tendo acesso, mais precocemente, com mais facilidade e por mais tempo, a câmeras digitais e celulares dotados de captura de imagens por câmeras e gravação de vídeos. Os jovens não só estão cada vez mais expostos à TV, computador, videogame, câmeras digitais, celulares como estão se tornando atores e produtores de seus próprios filmes. O acesso fácil à produção e à postagem tem tornado a internet um lugar incrível para a experimentação e uma melhor maneira de ver o mundo. Além de desenvolver a capacidade do aluno de pensar e fazer Arte de uma forma contemporânea, a utilização de novas tecnologias representa um importante componente na vida dos alunos e professores, na medida em que favorece a ampliação de seu conhecimento e expressão. (PIMENTEL, 2003, apud REZENDE, VIDIGAL, s/d, p. 2). Como as novas mídias podem contribuir para o ensino de Arte a partir dos códigos visuais da modernidade? Como novas formas de produção de imagem podem ser trabalhadas na escola? De que forma desenvolver o conteúdo de Artes Visuais no Ensino Fundamental e Médio a partir da observação e produção de filmes de animação? De acordo com Vollú (2006, p. 11) os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) sugerem uma abordagem ampliada em relação ao ensino de Arte na escola, começando pela terminologia Artes Visuais, ao invés de Artes Plásticas. Enquanto a última aborda diferentes linguagens das artes plásticas, como pintura, escultura, gravura e desenho, a primeira aborda também outras formas de expressão artística, como a fotografia, o cinema, o cinema de animação, a vídeo arte e a computação gráfica. Artes Visuais aborda obras de museus e galerias de arte, passando pela estética do cotidiano (filmes, outdoors, espaço urbano, entre outros), possibilitando o desenvolvimento intelectual, social, cultural e estético a partir de avanços tecnológicos mais recentes. 7 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 A educação estética está ligada à educação da visão, à observação das imagens, o que permite a leitura do mundo através dos elementos das artes visuais. O envolvimento estético é um dos fatores relevantes na construção do conhecimento do aluno. Por este motivo, ele deve ser estimulado a apreciar esteticamente e refletir sobre a arte produzida por artistas, bem como por ele e pelos colegas. A informação codificada através de imagens faz parte do dia-a-dia das pessoas. Este processo vem se intensificando cada vez mais com o passar do tempo e com mais facilidade, como presenciamos hoje com as máquinas fotográficas digitais, até mesmo embutidas em telefones celulares. As informações codificadas através de imagens estão presentes na escola, na TV e nos espaços públicos. Mas como os alunos podem se tornar melhor decodificadores dessas imagens, e também produtores? É necessária a apropriação da linguagem da imagem para que seu consumo e sua produção não beirem o limite da passividade. A escola, ainda nos dias de hoje, ignorando o forte apelo das imagens continua priorizando a comunicação verbal e escrita e o ensino quase que exclusivamente por meio dela. (VOLLÚ, 2006, p. 12) A cultura da imagem, segundo Vollú (2006, p. 12) precisa ser valorizada, relacionando-a a aquisição de códigos. A imagem pode ser vista a partir de dois pontos de vista: de quem a produz e de quem a aprecia. O estudo da imagem abordado no ensino de artes visuais propicia experiências a partir desses dois pontos. Para ambos é fundamental a construção do olhar do aluno, que se desenvolve a partir da leitura de imagens com base em aspectos estéticos, culturais, formais da arte, entre outros. É incontestável o poder de comunicação de uma imagem, o que faz com que ela seja utilizada muitas vezes com o objetivo de influenciar o comportamento e o consumo das pessoas – são imagens comerciais, com uma linguagem estereotipada, prontas para atingirem a parcela da população desejada. Neste sentido uma educação em arte cumpre o papel de formar um observador mais crítico, que consiga decodificar as imagens às quais está exposto, seja no sentido formal, seja no conceitual. As imagens veiculadas pelos diferentes tipos de mídia com que as pessoas têm contato em seu dia-a-dia trazem em sua essência um discurso conceitual que deve ser trabalhado a partir da estética e dos conteúdos das artes visuais. Um novo tipo de público, que não aceita qualquer produção sem refletir, forçaria uma mudança 8 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 qualitativa na produção para o cinema, TV, internet, outdoor e livros escolares. A escola também deve ter como objetivo que os alunos não se interessem apenas pelo consumo de filmes e imagens comerciais. Para isso, o aluno deve ser estimulado desde as primeiras séries de escolaridade a observar filmes com uma linguagem não estereotipada, desenvolvendo um olhar crítico. Vários educadores apontam a importância da imagem em movimento (filmes e animações) para a educação. O cinema de animação como elemento educativo enfoca os objetivos do ensino da arte a partir de novas possibilidades e abordagens para se trabalhar a imagem. O desenvolvimento da linguagem artística se apropria dos elementos das artes visuais, da linguagem da imagem em movimento e do conhecimento/domínio da tecnologia do cinema de animação. A escola tem avaliado a atual geração de alunos como totalmente desinteressada e que não faz nada além de assistir TV e de jogar videogames. É percebido no cotidiano da escola que os alunos são atraídos pelas imagens em movimento, e esperam da escola também um ritmo intenso. Os alunos estão muito expostos à TV, ao computador, ao videogame, enfim, à tecnologia de mídia como um todo, estabelecendo relações que variam da passividade à interatividade. Como o educador pode tirar proveito desta situação? Será que o caminho de simplesmente negar ou criticar a TV ou o computador faz sentido e traz resultados? Nos dias de hoje a tecnologia se faz cada vez mais presente e, necessária, possibilitando o intercâmbio de informação, o acesso e socialização do conhecimento. A escola precisa ficar atenta a esta situação e utilizar estes meios como uma forma de estabelecer uma relação mais efetiva com os alunos. É lógico que não se pode ser simplista, achando que a comunicação possa ser estabelecida somente pela sua utilização, é necessário adequar os conteúdos escolares a uma nova linguagem, e um caminho é o da mídia educativa de qualidade. (VOLLÚ, 2006, p. 12) Ainda de acordo com Vollú (2006, p. 12) não se pode ignorar a enorme presença dos meios eletrônicos e da informática na cultura da humanidade. A escola deve ficar atenta a como pode se preparar para utilizar as novas mídias como ferramenta de ensino e discussão, visto que nossos alunos estão cada vez mais precocemente e mais demoradamente em contato com elas. É importante que o aluno entre em contato com questões que envolvem como a mídia elabora a realidade, o 9 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 que ela prioriza, e qual o seu olhar e sua abordagem. Se a escola não se modernizar corre o risco de ser omissa na formação desses alunos, permitindo que eles sejam consumidores desses meios, sem reflexão, e sem saber o que fazer com tanta informação que recebem.Estar do outro lado também é importante: como podemos preparar nossos alunos para a produção audiovisual, valorizando o olhar e a análise a partir das questões que a envolvem? Como o professor também pode produzir material didático voltado para a linguagem com que o aluno de hoje tem mais identificação? É fundamental o desenvolvimento de novas metodologias de ensino a partir da aplicação de conhecimentos ligados à tecnologia, não deixando de lado a reflexão a partir da sua utilização e sobre a produção que dela se origina. A abordagem do cinema como elemento educativo vai ao encontro da proximidade do aluno com este tipo de mídia, que está cada vez mais preocupado não só em contar histórias, mas também em contá-las em uma linguagem cada vez mais contemporânea, com ritmo intenso, e imagens impactantes em função da cor, da luz, do enquadramento e reforçadas pela trilha sonora. A animação (em vídeo, cinema, jogos, web) tem crescido muito no Brasil e também no exterior, tanto em relação a sua produção quanto à aceitação como mídia de informação e entretenimento, deixando de ser explorada apenas em seu lado comercial, e longe de ter só as crianças como público-alvo. O cinema de animação surge na escola como um meio mágico de se produzir imagens em movimento. Brinquedos ópticos, considerados experimentos do pré-cinema, como o flip-book, taumatrópio e zootrópio são feitos com os alunos com o objetivo de perceber a construção do movimento em animação. (...) É preciso desenvolver os conteúdos de Artes Visuais através da apreciação e da produção de imagens em movimento (cinema de animação), propiciando novas formas de abordagens estéticas a partir de questões que envolvem a tecnologia e linguagens contemporâneas da Arte. Desta forma, são trabalhados conteúdos como espaço, cor, luz, equilíbrio, composição, movimento, som, ritmo, iluminação, planos de enquadramento, angulação de câmera, observação de imagens, apreciação estética, entre outros. O trabalho também envolve pesquisa de materiais e técnicas artísticas utilizadas em cinema de animação e investigação de possibilidades de aplicá-los nas animações produzidas na escola, 10 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 assim como a descoberta de novas formas de produção. A produção de uma animação envolve várias etapas, desde a criação do roteiro e a confecção de cenários e personagens até a sua edição. A partir das imagens fotografadas são estudadas formas de montagem e efeitos para que elas tenham mais impacto e desenvolvam melhor o roteiro. Para este trabalho de tratamento das imagens e de edição não linear (edição de imagem feita em computador), diferentes softwares são utilizados para que as fotos ganhem movimento e se transformem em filme. O uso da tecnologia de manipulação de imagens se mostra como importante recurso para a introdução da computação no ensino de artes visuais, linguagem cada vez mais presente nos dias de hoje e nos tempos que estão por vir. A partir deste trabalho os alunos se apropriam das ferramentas tecnológicas contemporâneas disponíveis e por meio da pesquisa de linguagem as transformam em linguagem artística. A maior parte das escolas que incluem a informática na formação dos seus alunos prioriza a edição de textos e o uso de bancos de dados, em detrimento de programas que enfocam a imagem, o som e o movimento, por exemplo. Assim como a apreciação de imagens estáticas, a apreciação e a produção de imagens em movimento demandam o conhecimento da linguagem, o que envolve a aplicação dos recursos dos softwares de acordo com o resultado que se pretende. Assim, a partir da tecnologia a imagem adquire novas possibilidades de trabalho, envolvendo a imaterialidade, o virtual, e criando novas “realidades”, a partir da imagem digital. Levando-se em consideração a característica dessas novas mídias de permitir uma melhor e mais rápida socialização do conhecimento e da informação, a questão da exibição é muito importante quando se trabalha com produção de filmes. É como se fechasse um ciclo – o da produção –, e abrisse um outro – o do diálogo. (...) Por ser uma linguagem que tem como característica principal o movimento, a animação desperta grande interesse nos alunos, seja na apreciação ou na produção. Isto faz dela mais um meio para expressão pessoal e crítica, além de promover o desenvolvimento do conhecimento em diversas áreas, estabelecendo um diálogo imediato dos alunos a partir de uma linguagem contemporânea. (VOLLÚ, 2006, p. 13) 3. O FOLCLORE BRASILEIRO 11 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 - Origem: Segundo Moraes (2007, s/p) a etimologia da palavra folclore nos leva à dois termos em inglês: Folk e lore, cujos significados são respectivamente: povo e conhecimento. Traduzindo ao “pé da letra” seria algo como conhecimento de um povo ou conhecimento popular. O termo folclore teve origem em meados do século XIX. Cunhado pelo arqueólogo inglês William John Thoms, que viveu entre 1803 e 1885, o termo foi usado pela primeira vez pelo cientista no dia 22 de agosto de 1846 em um artigo publicado na revista The Athenaeum. (...) William John Thoms estendeu a aplicabilidade do termo, fazendo referências aos costumes, lendas, superstições dos tempos antigos. De acordo ainda com Moraes (2007, s/p) a grafia original da palavra era folk- lore. Assim o vocábulo foi usado no Brasil até a década de 1930, quando a língua portuguesa sofreu uma reforma. A partir de então, com a extinção do k a palavra ganhou identidade brasileira e passou a ser escrita como conhecemos - folclore. Entendemos folclore como o repertório de histórias populares (mitos e lendas) de uma determinada sociedade, que são repassadas oralmente de uma geração a outra ao longo da história de um povo. O dicionário Aurélio apresenta três definições para folclore: 1. Conjunto das tradições, conhecimentos ou crenças populares expressas em provérbios, contos ou canções. 2. Conjunto das canções populares de uma época ou região. 3. Estudo e conhecimento das tradições de um povo, expressas nas suas lendas, crenças, canções e costumes; demologia, demo psicologia. (AURÉLIO, 2005). A definição, o conceito mais sólido de folclore nos é dado pela Carta do Folclore Brasileiro, aprovada em 1951. Segundo o documento: Folclore é o conjunto das criações culturais de uma comunidade, baseado nas suas tradições expressas individual ou coletivamente, representativo de sua identidade social. Constituem-se fatores de identificação da manifestação folclórica: aceitação coletiva, tradicionalidade, dinamicidade, funcionalidade. Ressaltamos que entendemos folclore e cultura popular como equivalentes, em sintonia com o que preconiza a 12 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 UNESCO. (BRASIL, CARTA DO FOLCLORE BRASILEIRO, 1951) Com a diversidade da cultura popular como determinar se algo é considerado folclórico? Para isso algumas características devem ser observadas: A espontaneidade; O desconhecimento da autoria ou anonimato; A oralidade, transmissão através da palavra falada; A aceitação coletiva – deve haver identificação em massa com o fato; A tradicionalidade, ou seja, a transmissão de geração em geração; A popularidade ou vulgaridade, ou seja, deve acontecer na esfera popular. No Brasil, todos os anos, no dia 22 de agosto é comemorado o dia do folclore. Essa data foi instituída pelo em 1965, através do decreto federal nº 56.747/65, assinado pelo então presidente Humberto Castelo Branco. Reza o documento em seu artigo primeiro que: “será celebrado a 22 de agosto, em todo o território nacional o Dia do Folclore”. (BRASIL, Decreto nº 56.747, 1965) O referido documento foi inspiradona Carta do Folclore Brasileiro de 1951, elaborada e aprovada durante o I Congresso Brasileiro de Folclore no referido ano. (MORAES, 2007, s/p) - Folclore como ciência: conforme Rabatone (2002, s/p) Folclore, para a grande maioria brasileira, inclusive, intelectuais de outras áreas de estudo, é hoje sinônimo de curiosidade, passatempo, coisa pitoresca, banalidade, sem-vergonhice. E essa distorção se justifica de certa forma, por se falar demais sobre vários aspectos da cultura popular e muito pouco sobre folclore como ciência. Observe a nossa imprensa sensacionalista, a televisão, o rádio e o cinema. Todo mundo faz folclore. Todo mundo é folclorista. Luis da Câmara Cascudo passou cinquenta anos estudando e escrevendo livros para ser chamado de folclorista. Entretanto, qualquer jovem, que saiba acompanhar modinhas ao violão e, recitar poemas matutos já se considera folclorista. 13 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Cremos que compete aos professores, aos especialistas, aos estudiosos responsáveis desencadear uma campanha de esclarecimento sobre a importância do folclore como ciência. E é nesse sentido a nossa modesta exposição de hoje. Não se discute mais que a posição do Folclore, como ciência, é na grande árvore da Antropologia - a ciência do Homem e da Cultura. Mais precisamente naquele ramo da Antropologia que estuda as criações humanas, isto é, a Cultura. Por isso, a sua posição exata é ao lado de outros aspectos da Antropologia Cultural, como a Arqueologia, a Antropologia Social, a Linguística etc. É assim que Clayde Kluckhohn situa o Folclore, embora o restringindo à coleta e análise dos dramas, músicas e lendas populares. Seu campo, todavia, é bem mais vasto, atingindo toda a massa de conhecimento que recebemos oralmente dos nossos antepassados. Dizia um escritor, com toda propriedade, que uma parte de nós mesmos vive na idade moderna, enquanto a outra parte vive nos tempos medievais ou mesmo grego. Com isso, ele queria significar que todos nós carregamos um acervo imenso de conhecimentos, costumes, usos, ideias legados pelos antigos, desde os elos mais remotos da vida humana. E é a esse acervo que chamamos de Folclore, embora outros autores prefiram a denominação de Cultura Popular. Todavia, se o Folclore é um ramo da Antropologia, o seu estudo tem de estar ligado rigorosamente à etnia brasileira e à formação de nossa cultura. Sem o seguro conhecimento da formação do homem e da cultura portuguesa, por exemplo, não se pode entender a cultura brasileira. Como igualmente não se entende o folclore brasileiro sem o estudo dos povos sudaneses e bantos. E nem a contribuição indígena à nossa cultura sem os fundamentos da indiologia americana e brasileira. O folclore do norte e do nordeste brasileiro, por exemplo, só se explica através da contribuição destes três elementos: o português, o negro e o índio. Como no sul do País, sem o conhecimento desses mesmos grupos e, mais, dos colonizadores italianos, alemães, japoneses, sírio-libaneses e outros, nada se pode entender do folclore brasileiro naquela área. Vejam então como é complexo o problema: A cultura popular está diretamente vinculada ao estudo profundo da cultura de todos esses elementos formadores de 14 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 nossa nacionalidade. Dai a conclusão a que desejamos chegar e para a qual chamamos a atenção dos estudiosos (...): Ninguém pode ser considerado folclorista sem ter tido antes uma rigorosa formação como antropólogo cultural. O folclore é uma especialização dentro do vasto campo da Antropologia. (RABATONE, 2002, s/p) - O Folclore e as Artes plásticas: para Ribeiro (2002, s/p) no plano do desenho, das artes manuais e prendas domésticas, a importância do folclore não necessita ser posta em relevo, tal a sua evidência. Mas, na escola rural, o interesse ultrapassa o ensino em si, para ser acentuadamente social, ou, se quiserem para dar destino à grande parte do ensino. Porque, um dos problemas mais graves com que nos defrontamos e cujas implicações envolvem os planos de desenvolvimento do Brasil, é o êxodo dos campos e a hipertrofia das cidades. Uma das soluções cabe à escola, a de fazer a ligação do homem a terra. Não lhe compete toda a tarefa, mas pode iniciá-la auspiciosamente, e, nesse sentido, o ensino das artes deve ser funcional. A escola precisa aproximar-se das indústrias rurais da região. Se estivermos em zona de cerâmica utilitária ou lúdica, numa área de madeira ou de couro, verificado o caráter do meio, o professor orientará seus debuxos, suas artes manuais para aqueles centros de interesse, valorizando o que possuímos tradicionalmente. Se a escola está numa região de rendas ou de tecelagem, deve ser ensinado o que se refere ao assunto, nas normas locais, podem ser dados elementos que desenvolvam a fantasia e a criatividade, mas não pontos de renda completamente diversos. Talvez mais bonitos, porém o temor de que subestimem a arte tradicional folclórica. Daí a necessidade de informação precisa das características ecológicas da região para que, no seu enquadramento, o ensino seja orientado nesse particular, onde o folclore passa a ter um valor social irrecusável. Para a formação dos artesanatos, as artes caseiras e folclóricas são importantes e significativas, porque constitui em todos os países, invejável fonte de renda. Em vez de deixarmos que seja monopolizada a atividade de lembranças folclóricas, industrializando-as em série, será melhor criarmos os artesãos, que sempre as farão amorosamente. Por que não especializarmos nossa gente nessa atividade altamente lucrativa, como acontece na Europa, em que os pitorescos dessas 15 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 coisas estão sempre ligados à autenticidade? Muito se poderia dizer sobre a exigência de proteção a essas artes, mas o assunto foge a estas considerações. O Folclore é indispensável ao desenho e às artes manuais e caseiras e vemos com tristeza, nas cadeiras de Artes Plásticas de nossas escolas, professoras perderem tempo fazendo objetos vulgares e incaracterísticos, quando podiam aproveitar elementos folclóricos, que tanto interessariam aos alunos. Carmélia de Andrade, num estudo sobre O Folclore e o Ensino de Trabalhos Manuais, mostra como nessa disciplina “a utilização do Folclore pode contribuir fortemente para melhorar o artesanato e o julgamento das artes populares”, utilizando técnicas artesanais folclóricas em madeira, metal, matérias plásticas, etc. (RIBEIRO, 2002, s/p) Ainda de acordo com Ribeiro (2002, s/p) muitos artistas do povo encaminham a sua sensibilidade para o setor de figuras (homens e animais), criando-as em barro ou madeira, sempre em decorrência dos aportes culturais da região. Santeiros ou figureiros, ou ainda imaginários unem a arte à sua feição religiosa ou aos de sua criatividade. Há também os que esculpem Carrancas (figuras de proa dos barcos do São Francisco), dando-lhes um cunho sobrenatural, e ex-votos, para cumprimento de promessas. Para melhor conhecimento das artes e artesanatos da comunidade, e mesmo para o seu levantamento, a escola deverá promover visitas que possibilite contato com o artesão e o artista, observação de sua técnica, do meio em que vive e o reflexo de sua atividade nos setores socioeconômico e cultural. Deve, ainda, se interessar junto às autoridades municipais para a organização de uma exposição- feira (periódica ou permanente), que não serão simples mostra da tradição artística da gente do povo, mas plena confirmação e revelação do seu mérito no desenvolvimento do homem brasileiro. Através das expressões de arte será alcançada a integração racial e social, fornecendo a homogeneidade nacional e acalentandoo sentimento de brasilidade. Lendas e mitos, usos e costumes se constituirão em temas para a livre manifestação do mundo interior do aluno, revelando os seus pendores para o impressionismo, realismo, classicismo ou o ingênuo primitivo. A arte, para atingir a universalidade, deve ter suas raízes na terra em que nasceu. O conhecimento e o amor por essas raízes, se não nascem no lar, precisam nascer na escola. 16 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 E a música? Será talvez onde estamos melhor, mas muito ainda há por fazer. O ritmo é um elemento nacionalizante por excelência e visto possuirmos grandes núcleos de estrangeiros, devemos dar ênfase ao canto, mas ao canto folclórico, de um lado para ensinar as nossas melodias e ritmos, de outro, para erradicar, paulatinamente, os ritmos nativos desses alunos, que transportarão aos seus lares a nossa rítmica, um dos fatores para a sua integração na terra nova, que será sua pátria. Insisto que se cante e se dance nas escolas coisas nitidamente locais, particularmente nos centros de estrangeiros. É preciso proporcionar-lhes, com constância, os ritmos e as melodias dos nossos recortados, dos nossos moçambiques, de nossas cirandas e batuques, de nossos cururus e sambas, de nossas modas de viola, numa atividade tanto ligada aos poderes federais como estaduais e municipais. (RIBEIRO, 2002, s/p) Continuando em sua explanação Ribeiro (2002, s/p) aponta que uma investigação sociológica feita por Florestan Fernandes, em bairros de São Paulo, demonstrou que as crianças se agrupavam unidas pelo folclore, e, ainda que em sua maioria fossem brasileiras, também em maioria os pais eram estrangeiros. Mais do que o dirigismo político, mais do que as providências coercitivas, estaremos tomando- os, pelos seus filhos, bons, excelentes brasileiros, com a nossa melodia, com o nosso ritmo, com as nossas danças, com as festas do Divino, de Santa Cruz, de São Benedito, de São João, etc. No Paraná, sei de poloneses que se pintaram de preto para tomar parte em Congadas; em São Paulo, nisseis integram representações dos Pastoris de Alagoas; filhos de italianos se incorporam às fileiras de Moçambique no Vale do Paraíba (SP). Essa é a boa política e a escola está chamada a desempenhar um grande papel nesse nacionalismo belo e fecundo, que nada tem de agressivo nem de violento. É a incorporação musical do estrangeiro que vem viver nesta terra generosa e que deve não apenas se preparar para servi- la, mas também para amá-la. O folclore é uma força de interação, suave e sugestiva, pitoresca e divertida, a ser utilizada na escola. Acredito, autorizada pelo meu duplo amor ao ensino e ao folclore, que as autoridades de educação deveriam reunir especialistas nas duas atividades para formulação de instruções metodológicas. 17 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 A música pode ser utilizada nas rodas infantis, nos brinquedos cantados, nas danças de conjunto (algumas das quais são de tanto efeito para as festas escolares, como o Pau-de-Fita, a Ciranda, não só de roda, mas dançada) e nos corais. Alexina de Magalhães Pinto nos mostra que, gostando as crianças de imitar a natureza, a cantiga da Corda da Viola oferece ensejo para uma série de perguntas sugestivas e indutivas, relativas às vozes de animais, insistindo no alcance educativo dos brinquedos imitativos. A ilustre folclorista mineira não só se preocupou em utilizar o folclore no fortalecimento da unidade nacional, mas também com o comportamento de folcloristas e educadores ante o assunto. Há muito escrevia Villa-Lobos: “Hoje não é mais possível fazer abstração do material fornecido pelo folclore musical para as questões educacionais da infância. Pois é perfeitamente intuitivo que a consciência musical da criança não deve ser formada tão somente pelo estudo dos mestres clássicos estrangeiros, mas simultaneamente, pela compreensão racional e quase intuitiva das melodias e dos ritmos fornecidos pelo próprio folclore nacional, o que facilmente se compreende, pela analogia que existe entre a mentalidade ingênua, espontânea e primária do povo e a mentalidade infantil, igualmente ingênua e primitiva. (...) O folclore é hoje considerado como uma disciplina fundamental para a educação da infância e para a cultura de um povo. Porque nenhuma outra arte exerce sobre as camadas populares uma influência tão poderosa quanto à música, como também, nenhuma outra arte extrai do povo maior soma de elementos de que necessita como matéria-prima. Acresce a circunstância de que algumas das nossas canções folclóricas apresentam o aspecto de uma beleza tão pura e características de brasilidade tão acentuadas que nos fazem admirar, sem restrição, o talento simples que as criou.” (...) (RIBEIRO, 2002, s/p) - A percepção da professora: para Gomes (s/d, s/p) podemos ensinar Folclore, através de práticas educativas, em praticamente todas as disciplinas da Escola. Se buscarmos a História, são dezenas os fatos que foram ao longo do tempo transformados em Folclore. Podemos citar a Dança dos Caiapós. Segundo Visconde de Taunay, quando do nascimento da Princesa da Beira de Portugal, o Vice-Rei do Brasil, levou para a Santa Terrinha um grupo de Índios Caiapós para os Grandes Festejos. Posteriormente foram sendo criados outros grupos no Rio, Minas e São 18 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Paulo, transformando-se no folguedo existente até hoje, com características totalmente diferentes nos diversos locais do Brasil, tendo sido aproveitados pelos Jesuítas para a catequese. Na Ciência, por exemplo, o Folclore traduz a importância da flora,das plantas medicinais em suas mezinhas e outros unguentos, e conta as lendas dos bichos, que são inúmeras! Na Geografia, paralelamente ao estudo oficial, podemos ensinar as lendas existentes sobre rios como o Amazonas, o São Francisco, o Tietê e o Guairá. Na Matemática, os jogos acumulativos e os brinquedos de contagem, são práticas que desenvolvem a memória, e de muito agrado de nossas crianças. Em Português, o Folclore está presente na poesia improvisada, nos causos e lendas, nos cantos improvisados, como também na Música Folclórica, cujas letras podem ser analisadas a partir das regras gramaticais, por exemplo. As Artes em geral são de fundamental importância na Educação, por servirem de instrumento despertador em sua essência, influenciando a formação do caráter e da personalidade da criança. Nas Artes Plásticas, as figuras de Boi, Burrinhas e outros elementos do Bumba meu Boi, Reisados, Cavalo Marinho e outros. As máscaras das Folias de Reis, Cavalhadas de Pirenópolis, os Zambiapungas da Bahia, os Cordões de Bichos e os Bonecos e bichinhos de saia. Todos, elementos importantes, que proporcionam a prática do fazer cultural. Ainda nas Artes, as danças e folguedos, além de socializar, desenvolvem a cidadania, a formação de grupos e a disciplina. Podemos ensinar na escola as danças miúdas, os brinquedos cantados, os fandangos, as quadrilhas juninas - que são de muito agrado de nossas crianças, como também as danças gaúchas para os nossos adolescentes. Na área da Música acredito que o Folclore na Educação seja fundamental. Desde Villa Lobos o nosso Folclore vem sendo cantado pelas nossas crianças, e, durante a vigência do Canto Orfeônico, em todas as escolas do Brasil, havia pelo menos um Coral, que em sua prática entoava, além dos Hinos Pátrios, as belas melodias de nosso Folclore. 19 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Com o advento da Educação Artística e a fusão das Artes, em alguns lugares do Brasil, o Folclore alcançou um patamar significativo com os grupos parafolclóricos, criados algumas vezes em escolas, igrejas ou organizações não governamentais. Na minha prática pessoal como professora em cursos de Educação Artística, sempre utilizei nas aulas de Folclore Brasileiro um grande número de danças, folguedos, rituais, culinária, artesanato, teatro de bonecos e confecção de Bonecos, com várias técnicas, todas aprendidas com Mestres de Folclore em seus campos de ação. Onde quer que eu trabalhe, seja em cursos regulares, festivais ou oficinas para professores das Redes Municipais, procuro estimular que sejam criados grupos para folclóricos, sempre atendendo ao calendário: Carnaval, Festas Juninas e, para o final do ano, os Pastoris e Autos Natalinos. Nosso Folclore é tão rico quanto a imensa diversidade física e cultural de nosso Brasil. Por isso repito: Podemos ensinar Folclore em praticamente todas as disciplinas da Escola. (GOMES, s/d, s/p) 20 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 4. A FOTOGRAFIA E SUA LINGUAGEM - Breve História da Fotografia: De acordo com Salles (2008, s/p) é muito difícil precisar as datas e etapas dos processos que levaram à criação da Fotografia, pois muitos deles são experiências conhecidas pelo homem desde a Antiguidade, e acrescenta- se a isso um conjunto de cientistas em diversas épocas e lugares que aos poucos foram descobrindo as partes deste intrincado quebra-cabeças, que somente no final do séc. XIX foi inteiramente montado. Entretanto, é possível apontar alguns destes fatos e descobertas como sendo relevantes para a invenção da fotografia. Os fundamentos daquilo que veio a se chamar fotografia vieram de dois princípios básicos, já conhecidos do homem há muito tempo, mas que tiveram que esperar muito tempo para se manifestar satisfatoriamente em conjunto, que são: a câmara escura e a existência de materiais fotossensíveis. A câmara escura nada mais é que uma caixa preta totalmente vedada da luz com um pequeno orifício ou uma objetiva em um dos seus lados. Apontada para algum objeto, a luz refletida deste projeta-se para dentro da caixa e a imagem dele se forma na parede oposta à do orifício. Se, na parede oposta, ao invés de uma superfície opaca, for colocada uma translúcida, como um vidro despolido, a imagem formada será visível do lado de fora da câmara, ainda que invertida. (...) A câmara escura foi largamente usada durante toda a Renascença e grande parte dos séculos XVII e XVIII para o estudo da perspectiva na pintura, só que já munida de avanços tecnológicos típicos da ciência renascentista, como lentes e espelhos para reverter a imagem. A câmara escura só não podia estabilizar a imagem obtida. (SALEES, 2008, s/p) Ainda de acordo com Salles (2008, s/p) outra ponta da intrincada corrente que desembocou na fotografia diz respeito aos materiais fotossensíveis. Fotossensibilidade é um fenômeno que quer dizer, literalmente, „sensibilidade à luz‟. A bem da verdade, toda a matéria existente é fotossensível, ou seja, toda ela se modifica com a luz, como um tecido que desbota no sol, ou mesmo a tinta de uma parede que vai aos poucos perdendo a cor, mas algumas demoram milhares de anos para se alterarem, enquanto outras apenas alguns segundos já lhes são suficientes. Ora, para a reprodução de uma imagem, de nada adiantaria um material 21 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 de pouca fotossensibilidade, de maneira que todos os cientistas ou curiosos que procuraram de alguma maneira a imagem fotográfica começaram pesquisando sobre o material que já há muito era conhecido e considerado o mais propício para tal: os sais de prata. A própria alquimia renascentista já registra as propriedades fotossensíveis da prata, sendo referenciada em 1566, por Georg Fabricius, o que indica que o conhecimento destas propriedades devia ainda ser anterior ao séc.XVI. Os haletos, ou sais de prata, modificam-se rapidamente com a ação da luz, enegrecendo-se na mesma proporção em que recebem luz. (...) Eis então que adentra ao cenário da história Nicéphore Nièpce, nascido em Chálon-sur-saóne, França, em 1765. Apesar de ter seguido carreira militar, ele e seu irmão Claude se interessavam por pesquisas como cientistas amadores, e, apesar de diletantes, eram empenhados e inventaram por volta de 1815, um motor a explosão. Mas a busca pelo registro visual era um fascínio pessoal de Nicéphore, que estudou diversas técnicas reprográficas, e tendo com isso feito importantes melhorias no processo de litografia. Mas procurava, assim como outros, uma possibilidade de utilizar a imagem da câmara escura, uma vez que os demais processos só permitiam reprodução de originais opacos ou transparentes, e não imagens projetadas da natureza real. (SALLES, 2008, s/p) Apesar das controvérsias, esta imagem de Nièpce é considerada a primeira fotografia. 22 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Ainda de acordo com Salles (2008, s/p) foi através da divulgação de suas Heliografias que Nièpce acabou conhecendo outro personagem histórico: Louis Jacques Mandé Daguerre. Ambos utilizavam os serviços de um personagem em comum, fabricante de lentes, e que lhes pôs em contato. Daguerre também trabalhava com uma câmara escura, mas que utilizava para pintura, e não se sabe bem como se interessou pelas pesquisas na área do que viria a ser a fotografia, uma vez que não há registros de experiências feitas por ele neste campo antes de conhecer Nièpce. De todo modo, Daguerre ficou entusiasmado com a possibilidade de desenvolver uma técnica de reprodução visual eficiente e propôs uma sociedade com Nièpce. Este hesitou durante muito tempo, mas Daguerre conseguiu convencê- lo e firmaram sociedade em 1829. A sociedade entre Daguerre e Nièpce tinha por objetivo o aprimoramento das técnicas até então desenvolvidas, mas ambos trabalhavam em sentidos opostos, uma vez que Nièpce tinha em mente uma imagem capaz de ser copiada, reproduzida, e Daguerre, como era pintor, procurava simplesmente uma imagem satisfatória. Nada conseguiram em conjunto, e quatro anos após a sociedade, Nièpce faleceu, em 1833. Daguerre continuou as experiências de Nièpce e as aperfeiçoou, mas não sem grandes dificuldades. Primeiro, utilizou como base chapas metálicas de prata ou cobre, que já haviam sido testadas por Nièpce com bons resultados. Entretanto, todas as experiências de Nièpce tinham por objetivo a obtenção de uma matriz para ser reproduzida, e Daguerre, que não tinha intenção de descobrir um sistema litográfico mais avançado, teve que deixar de lado todo o avanço nesta área já feito por Nièpce com o betume da Judéia, e experimentou trabalhar com sais de prata, como outros faziam na busca da imagem fotográfica. O problema dos compostos de sais de prata é que, apesar da rapidez com que apreendiam uma imagem, esta era muito rudimentar, e o problema da fixação ainda não estava resolvido. Eis que, a certa altura, Daguerre conseguiu resolver este impasse, e ele próprio conta que foi através de um acaso: estando exausto e decepcionado por não conseguir obter resultados satisfatórios, jogou uma de suas chapas num armário e esqueceu-se dela. Alguns dias mais tarde, à procura de alguns químicos, abriu o armário e deparou-se com ela; só que havia uma imagem impressa 23 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 nela, que antes não estava lá. Procurou a razão disso e desconfiou que havia sido por causa do mercúrio de um termômetro que havia se quebrado. Fez alguns testes e o resultado foi o daguerreótipo. Esta é a imagem que Daguerre considerava seu primeiro daguerreótipo bem-sucedido. O daguerreótipo tinha algumas implicações características:primeiro, sua imagem era tanto negativa como positiva. Na verdade, a imagem formada diretamente era negativa, pois a prata fica mais preta quanto mais luz recebe, só que a superfície de impressão era metálica, e dependendo do ângulo de visão e da incidência da luz, ela se tornava positiva. Além disso, era uma imagem espelhada, ou seja, como a imagem na câmera se formava ao contrário e não havia cópia, ela mantinha-se invertida. E era uma imagem única, sem possibilidade de cópia, por estar gravada numa superfície opaca. Alguns viam tais características como limitadoras, outros como naturais, mas o fato é que o daguerreótipo tinha uma qualidade impressionante de imagem, extremamente nítida e com detalhes que por vezes nem a olho nu se conseguia distinguir. O sucesso é patente. Quase que imediatamente, a notícia se espalha pelo mundo. A repercussão é imensa junto ao público, e de uma hora para 24 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 outra, diversos outros pesquisadores aparecem no cenário público, reivindicando o invento para si. Não que fossem mal-intencionados com histórias falsas e datas adulteradas, mas havia um grande interesse comercial envolvido, e o fato é que realmente muita gente, ao mesmo tempo, e em várias partes do mundo, buscava a „imagem fotográfica‟, sem que eles se conhecessem. Câmera utilizada por Daguerre Concluindo Salles (2208, s/p) argumenta que na entrada do ano de 1900, a fotografia já tinha todos os quesitos necessários para o registro de imagens com altíssima qualidade de exposição e reprodução, tanto que o cinema, cuja base é fotográfica, só seria possível tecnologicamente nestas condições, sendo concretizado por Edison e os irmãos Lumière. Mas na fotografia estática, os principais avanços foram de ordem mecânica, na construção de lentes cada vez mais precisas e nítidas, e câmeras portáteis de diversos formatos e tamanhos. A Eastman lançou, por exemplo, em 1900, a câmera Brownie, que custava apenas um dólar, e que transformou radicalmente a fotografia em uma arte popular, legando outras empresas a supremacia por uma qualidade técnica profissional. Neste quesito, dois fabricantes de lentes se destacaram no mercado pela excelência da construção óptica, a Carl Zeiss e a Schneider, ambas alemãs, e que contribuíram largamente para o aumento da capacidade luminosa e qualidade da imagem formada. (SALLES, 2008, s/p) 25 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 - Estudo da Fotografia: para Sendik, et al (s/d, s/p) como forma de orientar o estudo da fotografia, descrevemos a seguir alguns elementos da linguagem fotográfica e suas finalidades. Ponto de vista e composição: a capacidade para selecionar e dispor os elementos de uma fotografia depende em grande parte do ponto de vista do fotógrafo. Na verdade, o lugar onde ele decide se colocar para bater uma foto constitui uma de suas decisões mais críticas. Muitas vezes uma alteração, mesmo mínima, do ponto de vista, pode alterar de forma drástica o equilíbrio e a estrutura da foto. Por isso torna-se indispensável andar de um lado para o outro, aproximar-se e afastar-se da cena, colocar-se em um ponto superior ou inferior a ela, a fim de observar o efeito produzido na fotografia por todas essas variações. A composição nada mais é do que a arte de dispor os elementos, do assunto a ser fotografado, da forma que melhor atenda nossos objetivos. “A composição deve ser uma de nossas preocupações constantes, até nos encontrarmos prestes a tirar uma fotografia; e então, devemos ceder lugar à sensibilidade.” (BRESSON) Planos: os Planos determinam o distanciamento da câmera em relação ao objeto fotografado, levando-se em conta a organização dos elementos dentro do enquadramento realizado. Os planos dividem-se em três grupos principais (seguindo-se a nomenclatura cinematográfica) Plano Geral, Plano Médio, Primeiro Plano. Uma mesma fotografia pode conter vários planos, sendo classificada por aquele que é responsável por suas características principais. - Plano Geral: o ambiente é o elemento primordial. O sujeito é um elemento dominado pela situação geográfica. - Plano Médio: neste plano, o sujeito ou assunto fotografado estão ocupando boa parte do quadro, deixando espaço para outros elementos que deverão completar a informação. Este plano é bastante descritivo, narrando à ação e o sujeito. - Primeiro Plano: enquadra o sujeito dando destaque ao gesto, à emoção, à fisionomia, podendo também ser um plano de detalhe, onde a textura ganha força e pode ser utilizada na criação de fotografias abstratas. (SENDIK, ET AL, s/e, s/p) 26 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 Também é comum, segundo Sendik, et al, (s/d, s/p) utilizarmos a expressão “Segundo Plano” para nos referirmos a assuntos, pessoas ou objetos, que mesmo não estando em destaque ou determinando o sentido da foto, têm sua importância. Perspectiva: as fotografias são bidimensionais: possuem largura e comprimento, e para se conseguir o efeito de profundidade é preciso que uma terceira dimensão seja introduzida: a perspectiva. Sem dúvida a perspectiva não passa de uma ilusão de ótica. Quando seguramos um livro, mantendo o braço esticado, este objeto dará a impressão de ser tão grande quanto uma casa situada a uma centena de passos. Quanto mais se reduz a distância entre o livro e a casa, mais os objetos se aproximam de suas verdadeiras dimensões. Só quando o livro se encontra em um plano idêntico ao da casa, é que o tamanho aparente de cada um deles equivale com exatidão ao real. Através da perspectiva, linhas retas e paralelas dão a impressão de convergir, objetos que encobrem parcialmente a outros dão a sensação de profundidade, e através do distanciamento dos objetos temos a sensação de parecerem menores. Podemos utilizar a perspectiva para criar impressões subjetivas, e o caso de efeitos de: “Mergulho” fotografar com a câmera num ângulo superior ao assunto, diminuindo-o com relação ao espectador; e “Contra mergulho” a câmera num ângulo inferior ao assunto criando uma sensação de poder, força e grandeza. Cada um destes recursos deverá ser utilizado de acordo com o contexto e o objetivo do fotógrafo. Luz, Forma e Tom: a maioria dos objetos de uso diário pode ser identificada apenas pelo seu contorno. A silhueta de um vaso, colocado contra a janela, será reconhecida de imediato, porque todos nós já vimos muitos vasos antes. Contudo, o espectador pode apenas tentar adivinhar se ele é liso ou desenhado, ficando com a incerteza até que consiga divisar com clareza sua forma espacial. E esta depende da luz. A luz é indispensável à fotografia. A própria palavra “fotografia”, cunhada em 1839 por Sir. John Herschel deriva de dois vocábulos gregos que significam: “escrita com luz”. A luz cria sombras e 27 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 altas-luzes, e é isso que revela a forma espacial, o tom, a textura e o desenho. (SENDIK, ET AL, s/d, s/p) Ainda de acordo com Sendik, et al (s/d, s/p) a fotografia é afetada pela qualidade e direção da luz. Qualidade é o termo que aplicaremos para definir a natureza da fonte emissora de luz. Ela pode ser suave, produzindo sombras tênues, com bordas pouco marcadas (por exemplo, a luz natural em um dia nublado); ou dura, produzindo sombras densas, com bordas bem definidas (luz do meio-dia). A altura e direção da luz têm influência decisiva no resultado final da fotografia. Dependendo da posição da luz da fonte luminosa, o assunto fotografado apresentará iluminado ou sombreado esta ou aquela face. A seleção cuidadosa da direção da luz nos permite destacar objetos importantes e esconder entre as sombrasaqueles que não nos interessa. - Luz lateral: é a luz que incide lateralmente sobre o objeto ou o assunto fotografado, e se caracteriza por destacar a textura e a profundidade, ao mesmo tempo em que determina uma perda de detalhes ao aumentar consideravelmente a longitude das sombras criando muitas vezes imagens confusas. - Luz direta ou frontal: quando uma cena está iluminada frontalmente, a luz vem por trás do fotógrafo, as sombras se escondem sob o assunto fotografado. Este tipo de luz reproduz a maior quantidade de detalhes, anulando a textura e achatando o volume da foto. - Contraluz: é a luz que vem por trás do assunto convertendo-o em silhueta, perdendo por completo a textura e praticamente todos os detalhes. Denomina-se Tom a transição das altas-luzes (áreas claras) para a sombra (áreas escuras). A gama de cinzas existente entre o preto e o branco. Em uma fotografia onde se vê apenas a silhueta de um objeto, recortada contra um fundo branco, não existindo, portanto, tons de cinza. Esta será uma fotografia em alto-contraste. Uma fotografia que tem apenas alguns tons de cinza predominando o preto e o branco será considerado uma fotografia dura (bem contrastada). Já uma imagem onde predominem os tons de cinza poderá ser considerada uma fotografia suave (pouco contrastada). Existe uma “escala de cinzas” 28 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 medida em progressão logarítmica, que vai do branco ao preto. Esta escala é de grande utilidade, podendo-se através dela interferir no resultado final da fotografia. (SENDIK, ET AL, s/d, s/p) Textura: a textura e a forma espacial estão intimamente relacionadas, entendendo-se como textura a forma espacial de uma superfície. É através da textura que muitas vezes podemos reconhecer o material com o qual foi feito um objeto que aparece em nossa fotografia, ou podemos afirmar que em tal paisagem o campo que aparece é gramado ou não de terra. Uma fonte luminosa mais dura, forte e lateral, irá privilegiar mais a textura; enquanto uma luz mais difusa, indireta, suave, poderá fazer desaparecer uma textura ou diminuir sua intensidade. A textura pode ser considerada um fator de importância em uma fotografia, em virtude de criar uma sensação de tato, em termos visuais, conferindo uma qualidade palpável à forma plana. Ela não só nos permite determinar a aparência de um objeto, como nos dá uma idéia da sensação que teríamos em contato com ele. Podemos, através da luz, acentuar ou eliminar texturas, a ponto de tornar irreconhecíveis objetos do cotidiano. Linhas e Formas, os Desenhos: O desenho pode transformar-se em um tema, e introduzir ordem e ritmo em uma foto que, sem ele, talvez parecesse caótica. Nos casos onde o seu efeito é muito grande, ele pode dominar a imagem, a ponto de os outros componentes perderem quase por completo sua importância. Linhas e formas podem ser usadas para criar imagens abstratas, subjetivas, ou para desviar a atenção do assunto principal de uma fotografia. Foco Profundidade de Campo: Dentro dos limites técnicos, temos possibilidades de controlar não só a localização do foco, como também a quantidade de elementos que ficarão nítidos. Através destes controles, podemos destacar esta ou aquela área dentro de um assunto fotografado. E o foco que vai ressaltar um objeto em detrimento dos outros constantes da foto. Movimento: Sempre que um objeto se move em frente à câmera fotográfica, sua imagem projetada sobre o filme também se move. Se o movimento do objeto é rápido e a câmera fica aberta, por um tempo relativamente longo, essa imagem 29 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 ou movimento será registrado como um borrão, um tremor, ou uma forma confusa. Se o tempo de exposição for reduzido, o borrão também será reduzido ou até eliminado. Um tempo de exposição à luz curto (velocidade alta), pode “congelar” o movimento de um objeto, mostrando sua posição num dado momento. Por outro lado, um tempo de exposição longo (velocidade baixa), pode ser usado deliberadamente para acentuar o borrão ou tremor sugerindo uma sensação de movimento. (SENDIK, ET AL, s/d, s/p) 5. A MIDIOLOGIA De acordo com Calazans (s/d, s/p) em 1991, Régis Debray lança o livro Cours de Médiologie Générale, no qual reivindica a paternidade de uma nova ciência - a Midiologia, um novo modo de estudar os fenômenos da Comunicação. Lendo Debray, é impossível não recordar a cada capítulo o teórico da Comunicação canadense dos anos 60, Marshall McLuhan, quando este afirmava que '”o meio é a mensagem.” Toda a Midiologia parece um esforço para provar exaustivamente esta tese, que Debray não tem pudor em citar e atribuir a McLuhan corretamente. Debray descreve o mediador, Homemédium, como um intelectual intermediário no processo de comunicação. Para ele, a mediação, os meios simbólicos de transmissão e circulação de informação pelas sociedades são o médium. - Midiosfera: seria o conjunto cumulativo dos meios de comunicação. Pessoalmente, eu parto da definição de mídia como qualquer meio de comunicação, tudo aquilo que serve como transporte ou suporte de sinais, de mensagens. Para tanto, considero mídia o som da voz, a parede pintada da caverna, os aparelhos de rádio e tv, a folha de papel, a tela deste computador, uma camiseta serigrafada, um gesto obsceno no trânsito - em suma, tudo o que seja signo, no sentido semiótico, de uma coisa no lugar de outra, abstração sígnica. Nisto concordo com Debray, mas com ressalvas. Sua Midiologia observa que o volumen (rolo de papiro) é substituído pelo codex (folhas costuradas). O Cristianismo propaga-se graças a esta mudança de suporte, saindo do rolo de madeira enfaixado para o tijolo de folhas costuradas que é o livro. O primeiro codex romano era um jogo de tábuas revestidas com cera, nas quais se escrevia com o estilete de metal. Daí o estilo, o modo de segurar e mover o estilete, 30 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 e a beleza das marcas elegantes, das letras, a caligrafia (em grego, kalos = belo, e grafia = escrita). (CALAZANS, s/d, s/p) O Cristianismo, de acordo com Calazans (s/d, s/p) era jornalisticamente redigido em grego popular, com gírias, e não em grego clássico-erudito. E assim propagou-se, divulgando o novo conteúdo (a Boa Nova do Evangelho/Gospel), sob um novo suporte, novo formato, nova embalagem. Confirmando que “o meio é a mensagem.” O material de suporte condiciona as possibilidades e as liberdades da inscrição da mensagem. O pictograma é esculpido na pedra com gestos pesados. O ideograma chinês escorre do pincel sobre o papel. Uma ponta de madeira apertada na tábua de argila, e surge a escrita cuneiforme mesopotâmica, o sumério (kieng) é aglutinante e monossilábico. Muda o suporte, e o hieróglifo primitivo e ideogramático surgem, florescendo no Egito com tinta de caniço que, flexível e ágil, desliza sobre o papiro; até surgir a pluma de ganso e a escrita cursiva, digital e fonética dos fenícios fluir para o mundo. A escrita sai do zigurate, ou do templo egípcio, e dissemina-se, fazendo com que o conhecimento seja democratizado. O suporte tem um impacto político. Depois vem a reação medieval, queimando a biblioteca de Alexandria. Em Pérgamo, na Itália, mata-se a ovelha grávida, e do couro do feto é feita uma folha de pergaminho. Os livros passam a ter suporte de couro, são considerados sagrados, e só as minorias (elites) é que têm condições de comprar os livros caros e lê-los. O pergaminho é encadernado com madeira e metal, é codex de luxo. Até Marco Polo, os árabes trazem o papel da China, onde já existia a impressão por xilogravura dos textos ideogramáticos. Gutenberg cria os tipos móveis (a digitalização fonética feníciapredispunha-se a isto), e a Bíblia passa a ser reproduzida. A palavra de Deus passa também a ser proclamada através das bíblias de pedra, as famosas catedrais góticas. O Cristianismo digital torna-se arquitetura, espaço vivo; o significante é, ao mesmo tempo, significado. O pergaminho vira templo. Como a História é escrita, é registro sobre suporte, os bárbaros incivilizados são os que detêm a literatura oral, como os esquimós (inuit), os bérberes do deserto, os índios tupis brasileiros, as baleias e os golfinhos. Isto, sem esquecer os queipus, as cordinhas com nós que são as mensagens incas. 31 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 O midiólogo surge, então, como alguém que relaciona a forma (significante) com o conteúdo (significado), traçando relações de causa e efeito, com a ousadia transdisciplinar. O tom de Debray, embora correto, soa a pedante empáfia, podendo afastar o leitor das ideias que expõe verbalmente. A defesa da escrita permeia seu discurso subliminarmente, e isto fica evidenciado quando ele afirma que as imagens de nossa Era da Imagem seriam apenas a ponta de um iceberg, e que, submersos, estão os textos, “almas das imagens”, sob a forma de pautas do fotojornalismo, scripts e roteiros. É interessante, contudo, a sua divisão das mídias em três esferas midiológicas: - Logosfera: a palavra escrita sagrada, Bíblia, era teologia; - Grafosfera: imagem subordinada a um texto surge a figura do autor, a Imprensa; - Videosfera: o visível da mídia eletrônica, audiovisual. A Terceira Idade Midiática é o equivalente à Aldeia Global de McLuhan, à simultaneidade de pensamentos e eventos em rede (network) via satélite, que fazem o planeta ficar das dimensões de uma aldeia, em que todo mundo sabe de tudo o que acontece com os outros habitantes. Esta é a linguagem da televisão. Debray retoma e revisa McLuhan para criar sua “nova ciência” da mídia. Convida outros pesquisadores a ampliarem a Midiologia como '”disciplina”, para que não fique restrita a “doutrina” fechada e acabada, como discurso de propriedade de um “Doutor.” Aceitando, pois, esse convite, é possível aprofundarmos e contribuirmos para que a Midiologia se expanda para além do verbalismo europeu e sua xenofobia francesa. Partindo-se da mídia como meio de transporte ou suporte de signos, percebe-se, contudo, o acerto de Debray ao propor uma Midiologia da Arte. Assim como Saussure, no seu Curso de Linguística Geral, que propõe em dois parágrafos que alguém desenvolva uma “Semiologia” (e é desta sugestão que muitos lhe atribuem a paternidade da Semiótica), Debray com seu Curso de Midiologia Geral eleva-se à categoria de criador pioneiro, por suas dúzias de sugestões superficiais. (CALAZANS, s/d, s/p) 32 Instituto Pedagógico de Minas Gerais http://www.ipemig.com (31) 3270 4500 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS UTILIZADAS E CONSULTADAS ARAUJO, Alceu Maynard. Folclore nacional. São Paulo: Melhoramentos, 1967. BALDI, Neila. Trabalhe com todas as linguagens artísticas. Disponível em <http://revistaescola.abril.com.br/arte/fundamentos/trabalhe-com-todas-linguagens- artisticas-artes-visuais-danca-teatro-musica-542873.shtml> Acesso em: 10.09.2010. CALAZANS, Flávio Mário de Alcântara. 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