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A dm in is tr aç ão B ás ic a Ana Paula Ribeiro de Hollanda Leite Pesquisa e Prática Pedagógica Pe sq u is a e Pr át ic a Pe da gó gi ca Ana Paula Ribeiro de Hollanda LeiteAna Paula Ribeiro de Hollanda LeiteAna Paula Ribeiro de Hollanda LeiteAna Paula Ribeiro de Hollanda Leite Pesquisa e PráticaPesquisa e PráticaPesquisa e PráticaPesquisa e PráticaPesquisa e PráticaPesquisa e PráticaPesquisa e PráticaPesquisa e Prática PedagógicaPedagógicaPedagógicaPedagógicaPedagógicaPedagógicaPedagógicaPedagógica S358i Leite, Ana Paula Ribeiro de Hollanda. Pesquisa e Prática Pedagógica./ Ana Paula Ribeiro de Hollanda Leite. – João Pessoa: Faculdade Três Marias, 2020. 180f. ISBN: 1. Pesquisa e Prática Pedagógica. I. Título. Faculdade Três Marias CDD: 658 Diretor Geral: Daniel Porto Campello NEAD - Núcleo de Educação a Distância Pró-Diretoria de Educação à Distância: Emília Fernandes Pimenta Coordenação de Curso: Veridiana Xavier Dantas Capa e Editoração: Iago Rodrigues Fernandes Moreira Revisão Textual e Normas: Emília Fernandes Pimenta; Ana Cristina de Oliveira Borba Paulino Ficha catalográfica realizada pela bibliotecária Este livro é publicado pelo Programa de Publicações Digitais da FACULDADE TRÊS MARIAS FICHA CATALOGRÁFICA - FACULDADE TRÊS MARIAS SOBRE A FACULDADE A Faculdade Três Marias é uma instituição de ensino superior pluricurricular, credenciada pela Portaria do Ministério da Educação nº 663 de 1º julho de 2015, que tem como objetivo ministrar cursos presenciais e a distância nas diversas áreas de conhecimentos; atender a demanda do setor produtivo, industrial, comercial e de prestação de serviços; desenvolver pesquisa nas áreas de saúde, educação, ciência e tecnologia, bem como atuar na extensão universitária. Para atendimento aos estudantes, contará com as organizações empresariais como parcerias que terão papel de auxílio na integração da faculdade com a comunidade, além dos programas institucionais de apoio aos discentes. MISSÃO Formar profissionais diferenciados, que atuem de forma autônoma, capazes de atender a demanda do mercado, com ética e espírito empreendedor. VISÃO Ser reconhecida como instituição de ensino superior por meio da oferta qualificada de cursos de graduação e de pós-graduação de alto nível. VALORES Gestão consciente, ética, respeito mútuo, qualidade de ensino, e compromisso social. 7 AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃOPesquisa e Prática Pedagógica Ana Paula Ribeiro de Hollanda Leite Olá acadêmico do ensino a distância! Sou a Professora Ana Paula Ribeiro de Hollanda Leite, graduada em Administração, Pedagogia e Filosofi a. Especialista em Gestão em Educação (UFPB) e em Gestão de Pessoas (UPE), atuo na linha de Empreendedorismo, Gestão de Pessoas, Pesquisa de Mercado e nas diversas áreas da Educação. Atualmente sou professora e assessora pedagógica do Ensino Superior. De início, destaco o enriquecimento intelectual e pessoal proporcionado pela caminhada ao longo de um curso de graduação. Diante das tantas difi culdades por trás do sonho de alcançar o diploma, a Educação a Distância torna real a possibilidade de milhares de pessoas cursarem uma graduação. Os cursos EAD envolvem a disciplina e o compromisso de cada um dos alunos, esses cursos se revestem de dedicação e persistência. Eles trazem a facilidade de escolha dos melhores horários de estudo, bem como resolução de exercícios, e as salas de aula se encontram em suas casas, em trabalho, ou até mesmo em um ambiente adequado para estudos, como os Polos de apoio. 8 AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO Todavia, como na educação presencial, o esforço pessoal e a rotina são de grande valia. A fl exibilidade proporcionada pelo EaD exige aplicação e comprometimento da parte do aluno. Como professora, sinto-me na obrigação de trazer algumas instruções a fi m de otimizar seu horário de estudos. Listo-os a seguir: utilize todas as ferramentas disponíveis: livros, artigos, textos, vídeo aulas, links, e todas as outras ferramentas ao seu alcance; debruce-se com atenção sobre todos os materiais didáticos antes das aulas, anote suas dúvidas e busque respostas nos livros e sites indicados. As dúvidas necessitam ser esclarecidaspara que seu estudo se torne efi ciente. Para isso, disponha de seu tutor, caso seja necessário elucidá-las. A metodologia adotada pela faculdade Três Marias na modalidade a distância conta com aulas ministradas no Ambiente Virtual de Aprendizagem, favorecendo atividades colaborativas, aproximando professores e alunos distantes fi sicamente, contribuindo para que você consiga aprender da melhor forma possível. O livro está disposto em três partes: Unidades I, II e III. Na primeira Unidade, estaremos nos aprofundando nas temáticas das práticas pedagógicas e suas ambiguidades com novos sentidos; nas práticas educativas e sua relação com as práticas pedagógicas; nas diferentes concepções da pedagogia e das práticas pedagógicas; na racionalidade pedagógica técnico-científi ca e na pedagógica crítico- emancipatória e, por fi m, na prática pedagógica da atualidade. Na Unidade II, torna-se relevante reconhecer a relação teórica e a prática da aplicação dos métodos de ensino; passearemos pela educação 9 AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO AP RE SE NT AÇ ÃO tradicional e sua abordagem de ensino tradicional; na formação do professore no ensino-aprendizagem na Educação Escolar. Veremos, também, como o professor deve agir diante dos desafi os da educação contemporânea e o uso de tecnologias na educação. Trouxemos algumas experiências de pesquisas sobre educação formal em uma escola pública e concluímos com o cenário do estudo. E por fi m na unidade III, exploramos sobre a pesquisa qualitativa no contexto da educação no Brasil; veremos o que é formal e o não-formal na educação social, popular, comunitária e de adultos; e as contribuições de Paulo Freire à educação popular, social e comunitária. Esperamos que esse livro possa transmitir, com clareza, os principais conceitos, funções, atividades, visões das práticas pedagógicas e a importância das pesquisas para o embasamento dos princípios educacionais. SU M ÁR IO SU M ÁR IOUNIDADE 1 13 INTRODUÇÃO ....................................................................................14 Práticas pedagógicas: ambiguidades e novos sentidos .....................16 Práticas educativas e práticas pedagógicas.......................................19 Diferentes concepções de pedagogia; diferentes concepções de práticas pedagógicas .............................................................................................. 21 Racionalidade pedagógica técnico-científi ca............................................ 23 Racionalidade pedagógica crítico-emancipatória ...............................25 FILOSOFIA DA PRÁXIS ......................................................................... 26 Pedagogia e práticas pedagógicas .....................................................29 Princípios da prática pedagógica, na perspectiva crítica ...................34 UNIDADE 2 51 A RELAÇÃO TEÓRICA E A PRÁTICA DA APLICAÇÃO DOS MÉTODOS DE ENSINO .........................................................................................52 Educação tradicional ...........................................................................53 FORMAÇÃO DO PROFESSOR .................................................................. 67 O Ensino e aprendizagem na Educação Escolar ................................79 Uso de tecnologias na educação .............................................................. 92 TECNOLOGIA E A SOCIEDADE ..........................................................102 MUNDO TECNOLÓGICO ....................................................................106 SU M ÁR IO SU M ÁR IO UNIDADE 3 115 CONSOLIDAÇÃO DAS PESQUISAS EM EDUCAÇÃO NO BRASIL .......... 117 ENFOQUE METODOLÓGICO DE PESQUISAS QUALITATIVAS .........123 O FORMAL E O NÃO-FORMAL NA EDUCAÇÃO SOCIAL, POPULAR, COMUNITÁRIA E DE ADULTOS ..........................................................137 PARADIGMAS ............................................................................................ 141 EDUCAÇÃO FORMAL X EDUCAÇÃO INFORMAL .................................... 144 EDUACAÇÃO COMUNITÁRIA .............................................................153 MODELO CAPITALISTA DE PRODUÇÃO .................................................. 161 ................................................................................................................... 161 Prática Pedagógica na vida cotidiana UNIDADE 1 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Após o estudo desta unidade você deverá estar capacitado para: • Identificar práticas pedagógicas e educativas • Assimilar as concepções de práticas pedagógicas • Reconhecer as pedagogias técnico-científicas e crítico- emancipatórias • Avaliar a atualidade da prática pedagógica; PLANO DE ESTUDO • Estudos das práticas pedagógicas e educativas • Contexto das concepções de práticas pedagógicas • Histórico da pedagogia técnico-científica e crítico-emancipatória • Panorama da Atualidade na prática pedagógica Ana Paula Ribeiro de Hollanda Leite 14 UNIDADE I - Prática Pedagógica na Vida Cotidiana INTRODUÇÃO Bem-vindos, caros alunos! Iniciaremos a unidade apresentando o que iremos explorar, no objetivo de enriquecer nossos conhecimentos. Mas, você deve estar se perguntando: por que devo aprender esse conteúdo? PESQUISA E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS Entre outros conhecimentos que surgirão, ao longo desse estudo, a ideia principal é oferecer a você um conjunto de conhecimentos dos fundamentos que permitem conhecer a disciplina Pesquisa e Prática Pedagógica I, através dela, teremos a oportunidade de fazer muitas re- flexões acerca da educação atual e do novo perfil docente. Segundo as leis vigentes, para a formação de professores, que regem a Educação Básica, os currículos das Instituições de Ensino Superior (IES) devem prever 400 horas de prática de ensino. Os componentes curriculares 15 UNIDADE I - Prática Pedagógica na Vida Cotidiana em conjunto com as atividades presenciais integram as 400 horas tão impor- tantes para a sua formação docente aliada às atuais demandas pela formação do profissional de educação críticae reflexiva. As necessidades da sociedade, em formação, devem ser marcadas pela rapidez na produção e na circulação de novos conhecimentos e informações. Ela exige uma escola e um educador que possam lidar com a complexidade do mundo, aprendendo a conviver com a multidisciplinariedade e os novos saberes e fazeres. Essa disciplina tem um caráter integrador no processo educativo. O objetivo geral é promover a articulação entre as demais disciplinas do período, além de proporcionar espaço e tempo para consolidar suas reflexões sobre o papel da educação, caracterizando como o fio condutor para uma aprendizagem mais significativa. Para a melhor compreensão do assunto, caro aluno, é imprescindível que, além da leitura desse conteúdo, você participe das atividades e tarefas propostas no cronograma e consulte dicas e complementos sugeridos no decorrer da dis- ciplina. É importante ressaltar que seu compromisso com a aprendizagem é fundamental para que ela aconteça. Portanto, participe, lendo os textos, antes de cada aula, para interagir melhor nos momentos de comunicação virtual e presencial, nas discussões com os tutores, professores e colegas de curso. Seja bem-vindo(a) à disciplina de Pesquisa e Práticas Pedagógicas Vamos lá?! 16 UNIDADE I - Prática Pedagógica na Vida Cotidiana Quando se pensa na disciplina Pesquisa e Prática Pedagógica, pensa-se na articulação da teoria e da prática pedagógica, com o interesse de compreen- der como essa articulação acontece, de que forma a teoria se faz presente na prática e como a prática reflete na teoria contribuindo para a formação de pro- fissionais da educação. Devemos entender que, após a disciplina, vocês serão capazes de observar e refletir a prática docente, a fim de que possam, efeti- vamente, intervir consciente e sistematicamente na realidade educacional em que se inserem contribuindo, dessa forma, com a qualidade de ensino e com a formação de pessoas aptas a construir uma sociedade mais justa. PRÁTICAS PEDAGÓGICAS: AMBIGUIDADES E NOVOS SENTIDOS Disponível em: https://news.stanford. edu/2015/12/17/math-mindset-boa- ler-121725/ Acesso em: 30/03/2020 Afinal de contas, o que é uma prática pedagógica? Talvez essa pergunta seja a mais frequente entre alunos e professores. Disponível em: https://www.naeyc.org/ resources/pubs/yc/may2018/teaching- -learning-race-and-racism Acesso em: 30/03/2020 17 UNIDADE I - Prática Pedagógica na Vida Cotidiana Devemos perceber e considerar o sentido pedagógico apenas como o roteiro di- dático de apresentação de aula, sua regência e seus comportamentos utilizados durante a aula. Dessa situação, decorrem alguns questionamentos: • Prática docente é sempre uma prática pedagógica? • Existe prática pedagógica fora das escolas, além das salas de aula? • O que é, afinal de contas, o pedagógico? • O que caracteriza uma prática pedagógica? Essas equidades são mais bem compreendidas, a partir da diferenciação proposta de entendimento entre o conceito de poiesis e o de práxis. Devemos considerar que a poiesis é uma forma de saber fazer não reflexivo, ao contrário das práxis, que é, eminentemente, uma ação reflexiva. Nessa perspectiva, devemos pensar que, a prática docente não se fará mais fácil de entender, como forma de poiesis, ou seja, como ação dirigida por fins prefixados e governados por regras predeterminadas. A prática educativa, de modo geral, só adquirirá inteligibilidade quando for regida por critérios éticos permanentes que servem para diferenciar uma boa prática de uma prática inadequada. É preciso entender, caro cursista, que há práticas docentes construídas pedagogi- camente e há práticas docentes construídas sem a perspectiva pedagógica, que acontece de forma mecânica sem considerar a construção e formação humana. Esse aspecto é destacado por (PINTO, 2005) ao abordar a técnica como produto 18 UNIDADE I - Prática Pedagógica na Vida Cotidiana do humano, diferente da técnica como produtora do humano. Isso remete a uma possível mistificação da técnica no campo pedagógico, supervalorizando-a como produtora das práticas. Considera-se que, nas práticas pedagogicamente cons- truídas, há a mediação do humano e não a submissão do humano a um artefato técnico previamente construído. Assim, uma aula ou um encontro educativo engloba uma prática pedagógica quan- do se organiza em torno da intenção e da construção de práticas que conferem sentido às intencionalidades. DEVEMOS ENTENDER QUE... Será prática pedagógica quando incorporar a reflexão contínua e coletiva, de for- ma a assegurar que a intencionalidade proposta é disponibilizada a todos; será pedagógica à medida que buscar a construção de práticas que garantam que os encaminhamentos propostos pelas intencionalidades possam ser realizados. Assim, uma prática pedagógica, em seu sentido de práxis, configura-se sempre como uma ação consciente e participativa, que surge da multidimensionalidade que cerca o ato educativo. Como conceito, entende-se que a prática pedagógica se aproxima da afirmação que a prática educativa é algo mais do que o trabalho do professor; é algo que não pertence por inteiro aos professores, uma vez que há traços culturais compartilhados com as subjetividades pedagógicas. Porém, evidenciamos que o conceito de prática pedagógica poderá variar de acordo com a compreensão de pedagogia e, até mesmo, do sentido que se atribui à prática. Iremos, agora, analisar algumas ambiguidades que parecem ter produzido equí- vocos no discurso pedagógico, que levaram aos entendimentos dúbios acerca do sentido de práticas pedagógicas. 19 UNIDADE I - Prática Pedagógica na Vida Cotidiana PRÁTICAS EDUCATIVAS E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS É de fácil costume considerar que práticas pedagógicas e práticas educativas se- jam termos sinônimos, mas veremos que isso é um erro. No entanto, quando se fala de práticas educativas, faz-se referência a práticas que ocorrem para a concretiza- ção de processos educacionais, ao passo que as práticas pedagógicas se referem a práticas sociais com a finalidade de concretizar processos pedagógicos. DICA DE LEITURA: O livro ajuda ao professor a melhorar ainda mais o seu de- sempenho, em sala de aula, de forma simples: sendo mais específico, utilizando técnicas projetivas, empregando os métodos de raciocínio, despertando e mantendo a atenção dos alunos, lidando com a indisciplina. Entenderemos, com essa leitura, que trata de conceitos simultaneamente ligados, mesmo que com especificidades diferentes. Na imagem a seguir, podemos analisar a relação da prática pedagógica com as demais dimensões envolvidas nos aspectos educacionais. 20 UNIDADE I - Prática Pedagógica na Vida Cotidiana Fonte: Profa. Ana Paula Hollanda Considerando as informações já exploradas, entendemos que a educação, numa perspectiva epistemológica, é o objeto de estudo da Pedagogia, enquanto, numa perspectiva ontológica, é um conjunto de práticas sociais que atua e influencia a vida dos sujeitos, de modo amplo, difuso e imprevisível. Por sua vez, a Pedagogia pode ser considerada uma prática social que procura: ORGANIZAR-COMPREENDER-TRANSFORMAR práticas sociais educativas que darão sentido e direção às práticas educacionais. A escola e suas práticas pedagógicas têm tido dificuldades em mediar e potencia- lizar as tecnologias da informação e comunicação. 1. Como pode a Pedagogia mediar tais influências? 21 UNIDADE I - Prática Pedagógica na Vida Cotidiana 2. Como transformá-las em processos pedagógicos numa perspectiva emancipadora? 3. Como educar/formar mediando tantas influências educacionais? 4. Como incorporar nas práticas escolares essa multiplicidade de influências e tra- balhar pedagogicamente a partir delas? Diferentes concepções de pedagogia; diferentes concepções de práticas pedagógicas Em pesquisa teórica realizada sobre a epistemologia da Pedagogia (FRANCO,2012), observou-se que, desde o século 19, quando Herbart preconiza o princípio de umacientificidade rígida à Pedagogia, ele também impõe um fechamento epistemo- lógico a essa ciência, de tal forma que, para ser ciência, é preciso deixar de ser Pedagogia, em seu sentido lato, pois seu objeto - a educação - foi se restringindo à instrução, ao visível, ao aparente, ao observável do ensino, e, assim, foi apreendida pela racionalidade científica da época. Essa associação da Pedagogia às tarefas apenas instrucionais tem marcado um caminho de impossibilidades à prática pedagógica. A partir de diferentes configu- rações, essa Pedagogia, de base técnico-científica, alastrou-se pelo mundo com variadas interpretações. Com tantas afirmações e contextos, conceituamos as práticas pedagógicas como práticas que foram criadas para organizar/potencializar/interpretar as intencionali- dades de um projeto educativo, e ainda argumenta-se a favor de outra epistemo- logia da Pedagogia: uma epistemologia crítico-emancipatória, que considera ser a Pedagogia uma prática social conduzida por um pensamento reflexivo sobre o que ocorre nas práticas educativas, bem como por um pensamento crítico do que pode ser a prática educativa. 22 UNIDADE I - Prática Pedagógica na Vida Cotidiana Mas qual será a grande diferença? A grande diferença é a perspectiva de ser... crí- tica e não normativa; de ser práxis e não treinamento; de ser dialética e não linear. Com essa análise, as práticas pedagógicas aparecem como base à prática do- cente, numa relação contínuo entre os sujeitos e suas circunstâncias, e não como armaduras à prática, que fariam com que esta perdesse sua capacidade de cons- trução de sujeitos. Mas com tudo isso, constata-se que essa epistemologia crítica da Pedagogia tem sido considerada, cada vez mais, distinta das práticas educativas contemporâne- as. Pensando dessa maneira, é possível falar em esgotamento da racionalidade pedagógica. Vejamos, a seguir, as racionalidades pedagógicas em dois âmbitos. Racionalidade pedagógica técnico-científica A base teórica do racionalismo empirista, encontra-se na grande expressão no positivismo e em suas várias vertentes - evolucionismo, pragmatismo, tecnicismo, behaviorismo. Com base na confluência de diversas teorias cognitivas do conheci- mento, há um desvio quer para a tecnologia educacional, quer para uma psicologia genética, que embasará a questão do construtivismo na aprendizagem, que se chama de transpositivismo. Um estudo dos pressupostos dessa racionalidade mostra que o conhecimento obtido por meio do método experimental-matemático, ocorrendo, portanto, uma ênfase no objeto e no princípio da objetividade. 23 UNIDADE I - Prática Pedagógica na Vida Cotidiana Essa concepção parte de uma visão mecanicista de mundo e de uma concepção naturalista de homem, busca a neutralidade do pesquisador e tem como foco a explicação dos fenômenos. É necessário lembrar que o pressuposto positivista surge para diminuir a influência religiosa com a educação, difundir os valores burgueses, organizar a estabilida- de social do Estado. Carrega, também, a intenção de organizar os processos de instrução com eficiência e eficácia. Sua perspectiva é de normatizar e prescrever a prática para fins sociais relevantes que serão estabelecidos exteriormente aos sujeitos que aprendem e ensinam. Segundo (GENTILI, 1998, p.25) A partir do pragmatismo, são realçadas as questões da democracia e do preparo para a vida social, que talvez hoje estejam sendo representadas pelo empenho na formação de competências e habilidades, subsidiando um pressuposto pré-requisito à participação social e às políticas de avaliação e de regulação das práticas pedagó- gicas, agora inseridas na lógica neoliberal, com discursos de inclusão social, que, no entanto, vêm fragilizando os processos formativos de construção de humanidade. Em resumo, a saída que o neoliberalismo encontra para a crise educacional é o resultado da combinação de uma dupla lógica centralizadora e descentralizadora: centralizadora como controle pedagógico = em nível curricular, de avaliação do sistema e de formação docente e descentralização = em mecanismos de financia- mento e gestão do sistema. Esta combinação lógica tem sido cruel ao desenvolvimento de processos críti- cos de ensinar/aprender e tem resultado em rupturas profundas na racionalidade pedagógica. 24 UNIDADE I - Prática Pedagógica na Vida Cotidiana DICA DE LEITURA: Os textos retratam as preocupações de um grupo de educadores em partilhar conhecimento e experiên- cias sobre a tecnologia no ensino e suas reais impli- cações para uma aprendizagem significativa. Capítulos: 1. A Espiral da Aprendizagem e as Tecnologias da Informação e Comunicação: Repensando Conceitos; 2. Tecnologia, educação contemporânea e desafios ao professor; 3. A Tecnologia e o Ensino Universitário: avaliando perspectivas educacionais; 4.Alfabetización tecnológica en extrema dura: professora do,generación de conte- nidos y conectividad; 5. Avaliando o uso educacional de recursos tecnológicos em leitura e escrita; 6. Concept-Set: Uma Tecnologia Educacional para o Ensino de Conceitos. 25 UNIDADE I - Prática Pedagógica na Vida Cotidiana RACIONALIDADE PEDAGÓGICA CRÍTICO-EMANCIPATÓRIA A partir de Marx, houve diversos desdobramentos, promovidos por outros autores que procuraram oferecer diversas perspectivas à dialética marxista. O princípio básico dos pressupostos da racionalidade pedagógica crítico-emanci- patória é a historicidade enquanto condição para compreensão do conhecimento. Essa realidade constitui um processo histórico que atinge múltiplas determinações e é fruto das forças contraditórias que ocorrem no interior da própria realidade. Portanto, sujeito e objeto estão em formação contínua e dialética, evoluindo por contradição interna por meio da intervenção dos homens mediante à prática. FILOSOFIA DA PRÁXIS No âmbito da filosofia marxista, o conceito de práxis passa por processos de desconstrução e reconstrução, tendo como referência as teses do filósofo Feuerbach, com as quais Marx estabelece uma interlocução. Marx concebe a práxis como atividade humana prático-críti- ca, que nasce da relação entre o homem e a natureza. Marx propõe uma filosofia da práxis, acreditando que a reflexão e o trabalho não devem ser encarados para compreensão de sentido, mas para execução de ações concretas com vistas à transformação do social. Disponível em: https://alias.estadao.com.br/noticias/geral,duas-biografias-reconduzem- -karl-marx-a-dimensao-humana,7000213633 Acesso em: 303/03/2020 26 UNIDADE I - Prática Pedagógica na Vida Cotidiana Quando nos referimos aos objetivos de ação pedagógica, a questão direcionada à Pedagogia será a de formação de indivíduos “na e para a práxis”, conscientes de seu papel na conformação e na transformação da realidade sócio-histórica, defen- dendo sempre uma ação coletiva, ideologicamente construída, por meio da qual, cada sujeito se torna consciente do que é possível e necessário, a cada um, na formação e no controle da constituição de um modo coletivo de vida. É UMA TAREFA POLÍTICA, SOCIAL E EMANCIPATÓRIA. A formação humana é valorizada no sentido de as condições de superação da opressão, submissão e alienação, do ponto de vista histórico, cultural ou político. Considere-se que a proposta de projetos político-pedagógicos, como organizadora da esfera pedagógica da escola, parte dessa perspectiva teórica. Infelizmente, esses projetos, inseridos nessa perspectiva crítica, estão, cada vez mais, distanciados do coletivo de seus sujeitos e têm se apresentado de forma burocrática e alheia a estes. Ao diferenciar projetos pedagógicos de cunho regulatórios ou emancipatórios, (VEIGA, 2003, p. 272), afirma que: O projeto político-pedagógico, na esteira da inovação regulatória ou técnica, está voltado para a burocratização da instituição educativa, transformando-a em mera cumpridora de normas técnicas e de mecanismos de regulação convergentes e dominadores.Agora, entendemos que falar de prática pedagógica é falar de uma concepção de Pedagogia e do papel relacional dessa ciência com o exercício da prática docente. Assim, é possível conceituar as práticas pedagógicas quando for definida, a priori, a concepção de Pedagogia, de prática docente e, fundamentalmente, a relação epistemológica entre Pedagogia e prática docente. 27 UNIDADE I - Prática Pedagógica na Vida Cotidiana Para seguirmos com a pauta sugerida, veremos que a Pedagogia e suas práticas são fundamentos para o exercício da prática docente. E considerando a importân- cia de estudos contemporâneos que reafirmam a nova epistemologia da prática, quando diferentes pesquisadores destacam a importância do sujeito-docente que vive a realidade, transformando-a e transformando-se no processo, acredita-se que a prática pedagógica docente está profundamente relacionada às características multidimensionais da realidade local e específica, às subjetividades e à construção histórica dos sujeitos individuais e coletivos. Como particularidade do professor, no contexto geral da prática pedagógica, des- tacamos: sua experiência, sua corporeidade, sua formação, condições de trabalho e escolhas profissionais”. O que são, afinal, práticas pedagógicas? Disponível em: http://www.multirio.rj.gov.br/index.php/leia/reportagens-artigos/reporta- gens/15261-bncc-entrevista-com-chico-soares-e-mudan%C3%A7as-na-pr%C3%A1ti- ca-pedag%C3%B3gica Acesso em: 02/03/2020 Disponível em: https://aupexitajai.com.br/noticias/professor-desafios-de-uma-pratica-pe- dagogica-multidisciplinar-e-transdimensional-1049 Acesso em: 02/03/2020 28 UNIDADE I - Prática Pedagógica na Vida Cotidiana As práticas pedagógicas se organizam para atender a determinadas necessida- des educacionais, desejadas por uma dada comunidade social. E, para que seja determinante no processo, elas enfrentam sua representatividade e seu valor que advêm de pactos sociais, de negociações e deliberações com um coletivo. Dessa forma, as práticas pedagógicas se organizam e se desenvolvem por adesão, por negociação, ou, ainda, por imposição. Ao considerar que a realidade social e sua natureza de essência dialética, é decidi- da no dia a dia como consequência das contradições: tudo se transforma; tudo é imprevisível; e a linearidade não cabe nos processos educativos. Tais contradições nunca serão totalmente reflexos de imposições, elas reagem, respondem, falam e ultrapassam. A prática docente caracteriza-se como prática pedagógica no momento que se insere na intencionalidade prevista para sua ação. Então, quando um professor que sabe qual é o sentido de sua aula para a formação do aluno, que sabe como sua aula integra e expande a formação desse aluno, que tem a consciência do signifi- cado de sua ação, tem uma atuação pedagógica diferenciada: ele dialoga com a necessidade do aluno, insiste em sua aprendizagem, acompanha seu interesse, faz questão de produzir o aprendizado, acredita que este será importante para o aluno. É possível afirmar que o professor que está imbuído de sua responsabilidade so- cial, que se vincula ao objeto do seu trabalho, que se compromete, que se implica coletivamente ao projeto pedagógico da escola, que acredita que seu trabalho sig- nifica algo na vida dos alunos tem uma prática docente, pedagogicamente, funda- mentada. Ele insiste, busca, dialoga, mesmo que não tenha muitas condições ins- titucionais. Pois bem, esta é uma prática docente que elabora o sentido de prática pedagógica. É uma prática que se exerce com finalidade, planejamento, acompa- nhamento, vigilância crítica, responsabilidade social. 29 UNIDADE I - Prática Pedagógica na Vida Cotidiana PEDAGOGIA E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS Quando se fala em Práticas pedagógicas, quais as palavras que te vêm de imediato? A pedagogia e suas práticas são da ordem entra a teoria e a prática e ocorrem em meio a processos que estruturam a vida e a existência. A pedagogia caminha por entre... CULTURAS, SUBJETIVIDADES, SUJEITOS E PRÁTICAS. A pedagogia interpõe... INTENCIONALIDADES, PROJETOS ALARGADOS; A DIDÁTICA. A lógica da didática é a lógica da produção da aprendizagem que acontece com os alunos, a partir de processos de ensino previamente planejados. A prática da didática é, portanto, uma prática pedagógica, que inclui a didática e a transcende. O que se pensa quando se fala em Prática pedagógica? Pensamos em algo além da prática didática, que envolva: as circunstâncias da for- mação, os espaços-tempos escolares, as opções da organização do trabalho do- cente, as parcerias e expectativas do docente. Em suma, na prática docente estão sinalizadas não só as técnicas didáticas utilizadas, mas, também, as perspectivas 30 UNIDADE I - Prática Pedagógica na Vida Cotidiana e expectativas profissionais, além dos processos de formação e dos impactos so- ciais e culturais do espaço aprendiz, entre outros aspectos nos quais se conferem uma enorme complexidade a este momento da docência. O plano de curso ou plano de ensino, por mais eficiente que seja, não poderá controlar, mas sim guiar a imensidão de aprendizagens possíveis que cercam um aluno. • Como saber o que o aluno aprendeu? • Como planejar o próximo passo de sua aprendizagem? • Precisamos de planejamento prévio de ensino ou de acompanhamento críti- co e dialógico dos processos formativos dos alunos? Claramente, precisamos de ambos! O processo de ensino só se concretiza nas aprendizagens que geram produção. E, estamos falando nas aprendizagens em seu sentido amplo, bem estudadas pe- los pedagogos cognitivistas, decorrem de sínteses interpretativas, realizadas nas relações dialéticas do sujeito com seu meio. Elas não são imediatistas ou previsí- veis; acontecem de acordo com a interpretação do sujeito em relação aos sentidos criados, das circunstâncias atuais e antigas, enfim: não há correlação direta entre ensino e aprendizagem. 31 UNIDADE I - Prática Pedagógica na Vida Cotidiana DICA DE VÍDEO! Não deixe de assistir: Aprender a aprender LINK: https://www.youtube.com/watch?v=Pz4vQM_EmzI&t=13s Acesso em: 04/03/2020 O ato de aprender consiste em acreditar que temos de buscar o sopro da vida e não a reprodução imediata do que observamos na produção do outro. A vida representada na figura do ovo é a magia do resul- tado da aprendizagem, ou seja, o conhecimento posto em prática. Conhecimento não é reprodução e produção! 32 UNIDADE I - Prática Pedagógica na Vida Cotidiana Os processos de concretização das tentativas de ensinar a prender ocorrem por meio das práticas pedagógicas. Estas são vivas, existen- ciais, interativas e impactantes por natureza. As práticas pedagógicas são atividades que se organizam para fazer acontecer as expectati- vas educacionais. São práticas com intencionalidade, uma vez que o próprio sentido de práxis se desenha por meio do estabelecimento de uma intenção, que direciona e dá sentido à ação, necessitando de uma intervenção planejada e científica sobre o objeto, com vistas à transformação da realidade social. Já dizia (CARR, 1996, p.101) tradução nossa “Tais práticas, por mais planejadas que sejam, são imprevisíveis, pois nelas “nem a teoria, nem a prática tem anterioridade, cada uma modifica e revisa continuamente a outra. Assim é possível perce- ber o perigo que ronda os processos de ensino quando este se tor- na excessivamente técnico, planejado e avaliado apenas em seus produtos finais. A educação se faz em processo, em diálogos, nas múltiplas contradições, que são inexoráveis, entre sujeitos e natu- reza, que mutuamente se transformam. Medir apenas resultados e produtos de aprendizagens, como forma de avaliar o ensino, pode se configurar como uma grande falácia”. 33 UNIDADE I - Prática Pedagógica na Vida Cotidiana As práticas pedagógicas precisam se organizar como instâncias críti- cas das práticas educativas, com o objetivo de transformação coletiva dos sentidos e significadosdas aprendizagens. O professor, no exercício de sua prática docente, pode ou não se exer- citar pedagogicamente. Pensando sobre isso! Sua prática docente, para se transformar em prática pedagógica, requer, pelo menos, dois movimentos: o da reflexão crítica de sua prática e o da consciência das intencionalidades que presidem suas práticas. PRINCÍPIOS DA PRÁTICA PEDAGÓGICA, NA PERSPECTIVA CRÍTICA É interessante especificar os princípios que organizam uma prática pedagógica na perspectiva crítica, sejam elas, as práticas pedagógi- cas que se estruturam com a intenção previamente estabelecidas, e devem ser perseguidas, ao longo do processo didático, de formas e meios variados. 34 UNIDADE I - Prática Pedagógica na Vida Cotidiana A compreensão da práxis é tarefa pedagógica. Pois acredita-se que ela é a esfera do ser humano e que não é uma atividade prática con- traposta à teoria. Ela determina a existência como elaboração da realidade. Uma intervenção pedagógica, como instrumento de inde- pendência, considera a práxis uma forma de ação reflexiva que pode transformar a teoria que a determina, bem como transformar a prática que a concretiza. Mais profundamente, podemos enfatizar que a práxis tanto é a objeti- vação do homem e domínio da natureza como realização da liberdade humana. Por isso, caro aluno, o professor não pode desistir do aluno; há que insistir, ouvir, refazer, fazer de outro jeito; acompanhar a lógica do alu- no; descobrir e compreender as relações que esse aluno estabelece com o saber; mudar o enfoque didático, as abordagens de interação, os caminhos do diálogo, ou ainda, as práticas pedagógicas que cami- nham por entre resistências e desistências; caminham numa perspec- tiva dialética, pulsional, totalizante. 35 UNIDADE I - Prática Pedagógica na Vida Cotidiana Quando o professor chega a um momento de produzir um ensino, em sala de aula, muitas circunstâncias estão presentes: desejos, forma- ção, conhecimento do conteúdo, conhecimento das técnicas didáti- cas, ambiente institucional, práticas de gestão, clima e perspectiva da equipe pedagógica, organização espaço-temporal das atividades, infraestrutura, equipamentos, quantidade de alunos, organização e in- teresse dos alunos, conhecimentos prévios, vivências, experiências anteriores, enfim, há muitas variáveis. Muitas dessas circunstâncias podem induzir a boa interação e bom interesse e diálogo entre as va- riáveis do processo - aluno, professor e conhecimento, como o triân- gulo pedagógico. Nessa perspectiva, como atua o professor? Como aproveita os condicionantes favoráveis e anular os que não aju- darão na hora da aula? Tudo exige do professor reflexão e ação. Tudo exige um comporta- mento compromissado e atuante. Tudo nele precisa de um posiciona- mento. As práticas impõem posicionamento, atitude, força e decisão. 36 UNIDADE I - Prática Pedagógica na Vida Cotidiana Fundamentalmente, é exigido do professor que trabalhe com as contradições. O professor está preparado para isso? A ausência da reflexão, o tecnicismo exagerado, as desconsiderações aos processos de contradição e de diálogo podem resultar em es- paços de engessamento das capacidades de DEBATER – SUGERIR - MEDIAR concepções didáticas. A falta do espaço pedagógico pode ter como consequência o cres- cimento do espaço de dificuldade ao diálogo. Sabe-se que o diálogo só ocorre na práxis, a qual precisa promover a passagem e a supera- ção da consciência ingênua sobrepondo a consciência crítica. É válido apreender as reflexões que realçam a diferença entre prática e práxis, enfatizando o que vem sendo dito, neste texto, e atentando para a questão da autonomia e da perspectiva emancipatória, inerente ao sentido de práxis. 37 UNIDADE I - Prática Pedagógica na Vida Cotidiana PRÁXIS X PRÁTICA Distinguir práxis e prática permite uma demarcação das característi- cas do empreendimento pedagógico. Há, ou não, lugar na escola para uma práxis? Ou será que, na maioria das vezes, são, sobretudo, sim- ples práticas que nela se desenvolvem, ou seja, um fazer que ocupa o tempo e o espaço, visa a um efeito, produz um objeto (aprendizagem, saberes) e um sujeito-objeto (um escolar que recebe esse saber e so- fre essas aprendizagens), mas que em nenhum momento é portador de autonomia. Portanto, só a ação docente, que realiza a prática social, pode produzir saberes, saberes disciplinares, saberes referentes a conteúdos e sua abrangência social, ou mesmo saberes didáticos, referentes às dife- rentes formas de gestão de conteúdo, e dinâmicas da aprendizagem, de valores e projetos de ensino. Para intensificar o sentido de saberes pedagógicos como aqueles que permitem ao professor a leitura e a compreensão das práticas e que permitem ao sujeito colocar-se em 38 UNIDADE I - Prática Pedagógica na Vida Cotidiana condição de dialogar com as circunstâncias dessa prática, dando-lhe possibilidade de perceber e auscultar as contradições e, assim, poder melhor articular teoria e prática. Para falar em saberes pedagógicos como saberes que possibilitam aos sujeitos construir conhecimentos sobre a condução, a criação e a transformação dessas mesmas práticas é preciso entender a relação da práxis com a prática. O saber pedagógico só pode se constituir a partir do próprio sujei- to, que deverá ser formado como alguém capaz de construção e de mobilização de saberes. A grande dificuldade em relação à formação de professores é que, se quisermos ter bons professores, teremos de formá-los como sujeitos capazes de produzir conhecimentos, ações e saberes sobre a prática. Não basta fazer uma aula; é preciso saber por que tal aula se desenvolveu daquele jeito e naquelas condições: ou seja, é preciso compreensão e leitura da práxis. As práticas pedagógicas estruturam-se em mecanismos paralelos e di- vergentes de rupturas e conservação. Os sujeitos sempre apresentam 39 UNIDADE I - Prática Pedagógica na Vida Cotidiana resistências para lidar com imposições que não abrem espaço ao di- álogo e à participação. O conhecimento, pelo contrário, exige uma presença curiosa do sujeito face ao mundo. Requer sua ação trans- formadora sobre a realidade, demanda uma busca constante, implica invenção e em reinvenção, reclama a reflexão crítica de cada um sobre o ato mesmo de conhecer, pelo qual se reconhece conhecendo e, ao reconhecer-se assim, percebe o “como” de seu conhecer e os condi- cionamentos a que está submetido seu ato. Toda ação educativa traz, em seu fazer, uma carga de intencionalidade que integra e organiza sua práxis, convergindo, de maneira dinâmica e histórica, tanto as características do contexto sociocultural quanto as necessidades e possibilidades do momento, além das concepções teóricas e da consciência das ações cotidianas, num amalgamar pro- visório não permitindo que uma parte seja analisada sem referência ao todo, tampouco sem este ser visto como síntese provisória das circunstâncias parciais do momento. É por isso que se reafirma, as práticas pedagógicas requerem que o professor adentre na dinâmica e no significado da práxis, de forma 40 UNIDADE I - Prática Pedagógica na Vida Cotidiana que possa compreender as teorias implícitas que permeiam as ações do coletivo de alunos. A prática precisa ser tecida e construída a cada momento e a cada circunstância. A PRÁTICA PEDAGÓGICA DA ATUALIDADE O processo educacional sempre foi o principal alvo das discussões e apontamentos que motivaram sua evolução, principalmente no que tange à condução de metodologias de ensino por nossos educadores e a valorização do contexto escolar formador para nossos alunos. A educação nova, que surge de forma mais clara, desenvolvidas, nes- ses últimos dois séculos, apresenta grandes conquistas, sobretudo, no campo das ciências da educação e das metodologias de ensino. O conceito de “aprender fazendo” são aquisições definitivasna história da pedagogia. Tanto a concepção tradicional de educação quanto a nova, amplamente consolidadas, terão um lugar garantido na educa- ção do futuro. 41 UNIDADE I - Prática Pedagógica na Vida Cotidiana Com as inúmeras modificações sofridas por nossa sociedade no decorrer do tempo e, dentre elas, a transformação tecnológica e o aprofundamento de um modo de pensar menos autoritário, os agen- tes educacionais e a escola, de uma maneira geral, vêm demons- trando um processo de mudança que tem interferido nas ações de seus alunos e na concretização do contexto escolar, tornando ponto de dificuldade e insegurança entre professores e agentes escolares de forma geral, configurando em forma de inferência do processo ensino-aprendizagem. A escola contemporânea sofre com o desenvolvimento acelerado que ocorre a sua volta, em que as informações são atualizadas de forma instantânea, levando ao desgaste e o comprometimento das ações voltadas para o aprimoramento do ensino, fazendo com que a sala de aula se torne um ambiente de pouca relevância para a consolidação do conhecimento, tornando o contato humano o requisito primordial para a busca de aprendizado. Tratar o conhecimento como a compreensão da procedência da in- formação, da sua dinâmica própria, e das consequências exige um 42 UNIDADE I - Prática Pedagógica na Vida Cotidiana certo grau de racionalidade dos envolvidos no processo educacional. A assimilação do conhecimento é feita através da construção de con- ceitos, que possibilitam a leitura crítica da informação, processo ne- cessário para absorção da liberdade e autonomia mental. Entendemos que o saber cientifico e a busca pelo conhecimento não têm sido mais o interesse da sociedade, pois a atualização das infor- mações tem ocorrido de forma acessível a todos os segmentos satis- fazendo de uma forma geral aos interesses daqueles que as buscam. A escola, com esse histórico, deve repensar suas ações e o seu papel no aprofundamento do saber, e para isso, uma reflexão sobre seus conceitos didático-metodológicos precisa ser feita no momento atual e principalmente ficar com a postura de organização e intenção de par- ticipação na evolução dos princípios fundamentais de uma sociedade. Sendo assim, a prática pedagógica dos agentes educacionais, na atualidade, e a condução do processo ensino-aprendizagem, na so- ciedade contemporânea, precisam ter como princípio a necessidade de uma reformulação pedagógica que priorize uma prática formadora para o desenvolvimento, em que a escola deixe de ser vista como 43 UNIDADE I - Prática Pedagógica na Vida Cotidiana uma obrigação a ser cumprida pelo aluno, e se torne intensa a efeti- vação de seu conhecimento intelectual que o estimulará a participar do processo de desenvolvimento social, não como mero receptor de informações, mas como idealizador de práticas que o levem a esse processo. Antes de mais nada, o professor precisa de ter uma postura norteado- ra do processo ensino-aprendizagem, levando em consideração que sua prática pedagógica, em sala de aula, tem papel fundamental no desenvolvimento intelectual de seu aluno, podendo ele ser o foco de crescimento ou de recolhimento do mesmo quando da sua aplicação metodológica na condução da aprendizagem. Sobre essa prática, GADOTTI (2000:9) afirma que “nesse contexto, o educador é um mediador do conhecimento, diante do aluno que é o sujeito da sua própria formação. Ele precisa construir conhecimento a partir do que faz e, para isso, também precisa ser curioso, buscar sentido para o que faz e apontar novos sentidos para o que fazer dos seus alunos”. 44 UNIDADE I - Prática Pedagógica na Vida Cotidiana Ele ainda afirma que, Os educadores, numa visão emancipadora, não só transformam a informação em conhecimento e em consciência crítica, mas tam- bém formam pessoas. Diante dos falsos pregadores da palavra, dos marketeiros, eles são os verdadeiros “amantes da sabedoria”, os filósofos de que nos falava Sócrates. Eles fazem fluir o saber (não o dado, a informação e o puro conhecimento), porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e buscam, juntos, um mundo mais justo, mas produtivo e mais saudável para todos. Por isso eles são imprescindíveis. (GADOTTI, M. Perspectivas atuais da educação, 2000) Com os novos tempos, exige-se do professor um padrão educacional que esteja voltado para o desenvolvimento de um conjunto de com- petências e de habilidades essenciais, a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e refletir sobre a realidade, partici- pando e agindo no contexto de uma sociedade comprometida com o futuro. Assim, faz-se necessária à busca de uma nova reflexão no processo educativo, no qual, o agente escolar passe a vivenciar essas transformações de forma a beneficiar suas ações, podendo buscar 45 UNIDADE I - Prática Pedagógica na Vida Cotidiana novas formas didáticas e metodológicas de promoção do processo ensino-aprendizagem com seu aluno, sem com isso ser colocado como mero expectador dos avanços estruturais de nossa sociedade, mas um instrumento de enfoque motivador desse processo. Para concluirmos esse primeiro capítulo, é importante enten- der que as práticas pedagógicas incluem desde o planejamento e a sistematização da dinâmica dos processos de aprendizagem até a caminhada no meio de processos que ocorrem para além da apren- dizagem, de forma a garantir o ensino de conteúdos e atividades que são considerados fundamentais para aquele estágio de formação do aluno, e, por meio desse processo, possa se criar nos alunos meca- nismos de mobilização de seus saberes anteriores, construídos em outros espaços educativos. O professor, em sua prática pedagogica- mente estruturada, deverá saber recolher, como ingredientes do en- sino, essas aprendizagens de outras fontes, de outros mundos, de outras lógicas, para incorporá-las na qualidade de seu processo de ensino e na ampliação daquilo que se reputa necessário para o mo- mento pedagógico do aluno. 46 UNIDADE I - Prática Pedagógica na Vida Cotidiana Várias questões se mostram fundamentais na organização das práticas pedagógicas, quando se trata da articulação com as expectativas do grupo e existência de um coletivo. As práticas pedagógicas só podem ser compreendidas na perspectiva da totalidade, ou seja, essas práti- cas e as práticas docentes estruturam-se em relações dialéticas pau- tadas nas mediações entre totalidade e particularidade. Desse modo, como prática social, a prática pedagógica produz uma dinâmica social entre o dentro e o fora da escola. Isso significa que o professor sozi- nho não transforma a sala de aula, as práticas pedagógicas funcionam como espaço de diálogo quando se configuram como ressonância e reverberação das mediações entre sociedade e sala de aula. A sala de aula é um espaço onde acorrem as múltiplas determinações decorrentes da cadeia de práticas pedagógicas que a circundam. Quando se considera a necessidade de olhar essas práticas na pers- pectiva da totalidade, compreende-se melhor essas relações, tal como realça. As práticas pedagógicas deverão se reorganizar e se recriar, a cada dia, para dar conta do projeto inicial que vai transmudando-se à 47 UNIDADE I - Prática Pedagógica na Vida Cotidiana medida que a vida, o cotidiano, a existência o invadem. Assim, é fun- damental compreender as práticas educativas, compreendê-las nesse movimento oscilante, contraditório e renovador. 48 UNIDADE I - Prática Pedagógica na Vida Cotidiana ATIVIDADES COMPLEMENTARES PARA O FÓRUM 1. Entendendo que a prática educativa é um fato social, cuja ori- gem está ligada à própria humanidade. A compreensão do fenômeno educativo e sua intervenção fez surgir um saber específico que moder- namente associa-se ao termo pedagogia. E o que é a Pedagogia? É a ciência do ensino que habilita a docência. Comopode a Pedagogia trazer influências para a sociedade? 2. A lógica da didática é a lógica da produção da aprendizagem que acontece com os alunos e a partir de processos de ensino previa- mente planejados. A prática da didática é, portanto, uma prática pe- dagógica, que inclui a didática e a transcende. De acordo com essas asserções, o que se pensa quando se fala em prática pedagógica? 3. Diante de tantas mudanças nas práticas pedagógicas, como podemos incorporar nas práticas escolares essa multiplicidade de in- fluências e trabalhar pedagogicamente a partir delas? 4. As aprendizagens, em seu sentido mais amplo, bem estudadas pelos pedagogos cognitivistas, decorrem de sínteses interpretativas, 49 UNIDADE I - Prática Pedagógica na Vida Cotidiana realizadas nas relações dialéticas do sujeito com seu meio. Como as práticas conversam com o planejamento de ensino ou de acompanha- mento crítico e dialógico dos processos formativos dos alunos? 5. A formação humana é valorizada no sentido de as condições de superação da opressão, submissão e alienação, do ponto de vista histórico, cultural ou político. Considerando a proposta de projetos político-pedagógicos como diretrizes do ambiente educacional, como os professores podem utilizar o PPP na sua prática pedagógica? å å Pesquisa da Prática Pedagógica: Teorias e Métodos UNIDADE 2 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Identificar os métodos de ensino • Reconhecer a educação tradicional • Compreender a formação do professor • Assimilar o processo de ensino e aprendizagem na educação escolar • Conhecer a educação contemporânea • Identificar as tecnologias na educação;. PLANO DE ESTUDO • Metodologias de ensino • Histórico da Educação tradicional • Formação do professor • Processo de ensino e aprendizagem na educação escolar • Educação contemporânea • Tecnologias na educação; Ana Paula Ribeiro de Hollanda Leite 52 UNIDADE II - Pesquisa da Prática Pedagógica A RELAÇÃO TEÓRICA E A PRÁTICA DA APLICAÇÃO DOS MÉTODOS DE ENSINO Para iniciarmos esse capítulo, faremos um levantamento em relação aos dados do âmbito educacional, para analisar e exemplificar a relação entre a teoria e prática no processo pedagógico. Como foco principal, a educação vem sendo alvo de muitos debates e discussões. O Sistema de Ensino enfrenta questionamentos pelo baixo nível de qualidade que é diagnosticado. Afinal... O que está acontecendo com o processo de ensino? E, com o processo de aprendizagem? Será que os problemas educativos podem ser explicados pelos métodos de ensino? E caro aluno, precisamos primeiro compreender as metodologias e a forma de pas- sar os conteúdos, em sala de aula, antes mesmo de questionar-se sobre o Sistema de Ensino. Faz-se necessário observarmos que escolas tradicionais são rigorosas em seus ensinamentos com currículo rígido e é papel do educador fazer a interliga- ção entre os textos e a realidade da sociedade, trabalhando contexto, a história, os costumes da comunidade, para, assim, fazer sentido o que se ensina para aluno, e não simplesmente ser mais um conteúdo para prova. Todo sistema educacional ultrapassa as paredes das salas de aula, e engloba famí- lia, currículos, escolas, Ministérios, ou seja, exige o reconhecimento das relações existentes entre educação, sociedade e teorias pedagógicas. Com isso, a temática, deste capítulo, retrata as especificidades relacionadas à teoria e à prática de apli- cação de métodos no âmbito do Ensino Fundamental. 53 UNIDADE II - Pesquisa da Prática Pedagógica Com esse embasamento, tentaremos promover um pensamento crítico sobre o en- sino desencadeado nas escolas, principalmente, no que se diz respeito, ao público do Ensino Fundamental I e II, analisando os caminhos que perpassaram o ensino no Brasil. Daremos início à reflexão sobre as possibilidades de se obter um processo de ensi- no-aprendizagem de maneira significativa e diversificada, sendo o professor a peça fundamental nessa ação, que tem por finalidade a elaboração de uma proposta de projetos que auxiliem e intervenha de modo positivo e de formador crítico para melhorar as condições e ambiente de aprendizagem. EDUCAÇÃO TRADICIONAL Iniciaremos com a exposição da história da educação formal, mostrando suas ca- racterísticas e predominância, com base em teóricos e dados relevantes. Surgindo com seus primeiros ideais no século XVII, o Ensino Tradicional, como uma inovação na escola medieval, de base religiosa foi considerado ultrapassado nos anos 60 e 70, mas o ensino foi se transformado depois do golpe militar 1964. Vindo de uma sociedade de sua maioria da classe escravista da Idade Antiga e destinada apenas a uma pequena minoria, a Educação Tradicional iniciou sua diminuição de qualidade já no movimento renascentista, porém ela sobrevive até hoje. E, se pudermos definir a educação tradicional, diremos que é um estilo de educa- ção caracterizada pela transmissão dos conhecimentos englobados pela humani- dade ao longo dos tempos. Essa tarefa cabe, em especial, ao professor nas salas de aula. 54 UNIDADE II - Pesquisa da Prática Pedagógica Segundo Freire (MIZUKAMI, 1986, apud p. 10), pode-se entender que a abordagem tradicional se aproxima do sistema de ensino que se baseia na “educação bancá- ria”, ou seja, é um sistema no qual os conhecimentos, informações, dados e fatos são “depositados” no aluno. Para Freire (1970), a educação bancária mantém e estimula a contradição: “O educador é o que educa os educando, os que são educados; o educador é o que sabe, os educando, os que não sabem; o educador é o que pensa, os educando, os pensados; o educador é o que diz a palavra, os educando, os que a escutam do- cilmente; o educador é o que disciplina, os educando, os disciplinados; o educador é o que opta e prescreve sua opção, os educando, os que seguem a prescrição; o educador é o que atua, os educando, os que têm a ilusão de que atuam, na atuação do educador; o educador escolhe o conteúdo programático, os educando, jamais ouvidos nesta escolha, se acomodam a ele; o educador identifica a autoridade do saber com sua autoridade funcional, que opõe antagonicamente à liberdade dos educando, estes devem adaptar se às determinações daquele; o educador, final- mente, é o sujeito do processo, os educando, meros objetos” (FREIRE, 1970, p. 59). Essa missão do professor segundo, Mizukami (1986, p17Apud), é considerada “ca- quética e unificadora da escola”, envolve “programas minuciosos, rígidos e coerci- tivos. Exames seletivos, investigativos de caráter sacramental”. Com o tradicionalismo e o convencional sermão de padres católicos e pastores protestantes, enraizados no método Socrático e na tradição eclesiástica, esse tipo de aula tem sido alvo de muitas e diversas críticas que anunciam sua caracterís- tica reprodutiva, opressiva e indutora da educação submissa, na forma exemplar da “educação bancária”, do Ensino Tradicional, tão questionado pelas pedagogias emancipatórias pautadas no construtivismo. Sendo assim, o Ensino Tradicional tem como objetivo de praticar e desenvolver a inteligência, através da transmissão do conhecimento existentes nos livros, do professor para o aluno, para a sua memória. 55 UNIDADE II - Pesquisa da Prática Pedagógica A estratégica metodológica clássica é exercida por um educador quando transmite a lição aos alunos, estes em um relacionamento frio copiam e transcrevem o que lhe é informado. Nessa educação, o professor comunica e o aluno ouve a repetição nos exercícios, recapitulando a aplicação. A aprendizagem é receptiva e mecânica, ocorre com repressão. E o que é mais questionada é que a capacidade de assimi- lação da criança é considerada a mesma do adulto. Esse método torna se desestimulante para o aluno, o que gera maior desinteresse pela matéria. “É que não existe ensinar sem aprender e com isto eu quero dizer mais do Que diria se dissesse que o ato de ensinar exige a existência de quem ensina. E de quemaprende. Quero dizer que ensinar e aprender se vão dando de tal Maneira que quem ensina aprende, de um lado, porque reconhece um. Conhecimento antes aprendido e, de outro, porque, observado a maneira. Como a curiosidade do aluno aprendiz trabalha para apreender o ensinando-se, sem o que não o aprende, o ensinam-te se ajuda a descobrir incertezas, Acertos, equívocos”. (FREIRE,2001, p 17) Será que já deu para perceber que educar está além de depositar conteúdos nos alunos? Os principais defensores do Ensino Tradicional defendem que deve predominar a palavra do professor, a transmissão verbal dos conhecimentos que encontramos nos livros. O mestre deve ser rigoroso na tarefa de direcionar, punir, treinar, vigiar, organizar conteúdos, avaliar e julgar as produções e comportamentos que garan- tam a aprendizagem. 56 UNIDADE II - Pesquisa da Prática Pedagógica Nessa perspectiva, Freire (1979) refere-se que. “O educador, que aliena a ignorância, se mantém sempre em posições fixas, invari- áveis. Será sempre o que sabe, enquanto os educandos serão sempre os que não sabem. A rigidez destas posições nega a educação e o conhecimento como proces- so de busca”. (FREIRE,1979. p 03) Com essa reflexão, podemos considerar que a educação formal propicia ao aluno, uma opressão e alienação que permite a apreensão do conhecimento, valorização do trabalho individual e cidadãos passivos e obedientes. Essa tendência que, ainda hoje, predomina nas escolas tem sua influência nos Sistemas de Ensino de meados do século passado, no momento em que, a conso- lidado do poder burguês, aciona-se à escola redentora da humanidade, universal, gratuita e obrigatória como um instrumento de consolidação da ordem democrática. Virou uma opinião única, por parte dos professores em formação, a crítica ao Ensino Tradicional, ainda virou um senso comum quando os professores explicita- mente rejeitam a prática do Ensino Tradicional, porém, ainda hoje, se planeja aulas praticamente idênticas às aulas dos anos 60. Ainda nesse capítulo, faremos um levantamento acerca da didática formal no am- biente educacional, possibilitando uma reflexão sobre abordagem vigente no mun- do contemporâneo. Educação é Direito de Todos e Dever do Estado. Essa determinação da lei teve início, do Século XX, quando surgiram os Sistemas Nacionais de Ensino. Mas será que isso foi levado ao pé da letra? 57 UNIDADE II - Pesquisa da Prática Pedagógica Ao analisarmos a legislação e a compararmos com o que ocorreu, podemos enxer- gar alguns avanços significativos, bem como alguns retrocessos. Educação Tradicional foi considerada a educação escolar vigente por mais de qua- tro séculos, mantendo sua influência até os dias de hoje. Sua característica principal é destacada por se preocupar mais com a variedade e quantidade de noções, conceitos e informações do que com a formação do pen- samento reflexivo do aluno. Tem ênfase na memorização, o aluno é limitado a ouvir conteúdo pronto (Mizukami 1986) relata que o homem é considerado uma tabula rasa no início da vida, no qual progressivamente são impressas imagens e informa- ções trazidas do meio ambiente. Desta maneira, a educação “se torna um ato de depositar, em que os educandos são os depositários e o educador o depositante” (FREIRE,1970 p. 58). É uma re- lação vertical, em que o aluno é o receptor, e o professor, o detentor de todo o conhecimento historicamente construído. Na pedagogia tradicional: o professor fala e o aluno escuta; o professor dita e o aluno copia; o professor decide o que fazer e o aluno executa, o professor ensina e o aluno aprende. Podemos perceber que o caráter “magistrocêntrico” indica o professor que tem toda a autoridade, pois é ele quem detém o conhecimento, e cabe a ele transmiti-lo aos alunos, e este método está baseado no conhecimento do mestre/professor. No modelo de Ensino tradicional, os alunos são meros ouvintes e sua maior função é a memorização, como depositantes de informações. 58 UNIDADE II - Pesquisa da Prática Pedagógica MEMORIZAÇÃO Disponível em: https://metodosupera. com.br/dicas-para-aumentar-seu-po- tencial-de-memorizacao/ Acesso em: 13/03/2020 A memorização é adquirida mediante às repetições acerca de datas e de nomes de grandes heróis e seus feitos, na qual, ficará marcado por uma aprendizagem de fatos históricos pontuais e centralizados em personagens e símbolos nacionalistas. Está presente nas aulas de poesias, matemática, História entre outras áreas. É preciso salientar que a crítica ao método mnemônico se baseia na prática do “saber de cor”, que é considerada inviável no processo da aprendizagem efetiva e compreensiva, mas sabe-se que há a contrariedade à construção intelectual ao memorizar, havendo, então, a memorização mecânica e a memorização conscien- te, explicada por Bittencourt (2011. Pag. 71) (...) essa distinção deve ser feita para evitar que se julgue totalmente desnecessário desenvolver nos alunos a capacidade de memorizar acontecimentos, (...), e referen- ciá-los no tempo e no espaço, para que, com base neles, se estabeleçam outras relações de aprendizado. (BITTENCOURT, 200. P.71). Para essa reflexão, há necessidade de se observar e identificar qual tipo de me- morização está sendo remetida, para assim, diferenciar o que é desnecessário e Disponível em: https://www.novaconcur- sos.com.br/portal/dicas/5-tecnicas-infa- liveis-de-memorizacao-2015-11/ Acesso em: 13/03/2020 59 UNIDADE II - Pesquisa da Prática Pedagógica passível de ser descartada, bem como o tipo de memorização aceitável ao proces- so de aprendizagem consciente. Muitas pessoas criam técnicas de memorização para ajudar as pessoas que apre- sentam dificuldade de assimilar alguns conteúdos. Vejamos algumas delas: 1. Do geral para o específico: contexto, análise e síntese Ao estudar um tema com a finalidade de fixá-lo na memória, o caminho percorrido deve ser do geral para o específico. As generalidades dão o contexto que permite um entendimento mais claro da evolução do conceito em questão. Depois de memorizado, analise. Fazer anotações durante uma aula, por exemplo, é analisar aquele conceito. Por fim, a síntese é a atitude final para evitar o esquecimento. Sintetizar é fazer a revisão, reler as anotações e organizar melhor o conteúdo. A união das três etapas é o que reforça o poder de memorização do conceito. Contexto sem análise não passa de informações vagas. Contexto e análise sem síntese não passam de conhecimentos condenados ao rápido esquecimento. Síntese sem análises e sem contexto é um dado inútil no cérebro, que você não saberá para que serve. 2 – Siglas A síntese é o gatilho de memória para recuperar o que foi estudado. É a ferramenta mental que você vai utilizar para lembrar. E uma das formas sugeridas pelos especialistas é elaborar siglas com as palavras chave do conteúdo a ser lembrado. Um exemplo de sigla: ViLISP. A sigla é a ferramenta para acessar na memória os direitos previstos no capítulo 5º da Constituição federal: Vida, Liberdade, Igualdade, Segurança e Propriedade. 60 UNIDADE II - Pesquisa da Prática Pedagógica 3 – Frases malucas Outra forma de sintetizar é criar frases ou histórias “malucas” que, pelo caráter inusitado, são mais fáceis de lembrar e atuam como gatilho para recuperação dos conceitos a ela associados. Faça, por exemplo, a técnica de associação de palavras. Fica mais simples memorizar a sequência de informações. Ao associar uma palavra a cada um dos conceitos, o passo seguinte é montar uma frase ou sequência de frases usando as palavras associadas sequencialmente. Frases malucas também funcionam como gatilho de memória. Por exemplo, para os estudantes de Direito Penal memorizarem as finalidades da pena de condenado, é possível montar uma frase maluca: a pena transforma o condenado em um Saci PeReRê. A palavra Pererê traz as letras iniciais das finalidades da pena: prevenir novas condutas delituosas; retribuir (ao mal do crime o mal dapena), reintegrar o condenado à convivência social. 4 – Ensine para lembrar mais Explicar o que você aprendeu a outra pessoa é também uma maneira de memorizar o conteúdo. Imagine-se ou tente dar uma aula. Se conseguir citar todos os detalhes e cobrir todo o assunto, significa que a memória foi consolidada, e o que você aprendeu será lembrado por muito tempo. A tática é eficiente porque ao tentar explicar o que acabou de aprender as conexões de neurônios se expandem e o conteúdo é gravado por mais tempo, na memória de médio prazo. E com algumas revisões, por um longo período. 5 – A força da visualização A força da visualização também é uma aliada da memória. É 61 UNIDADE II - Pesquisa da Prática Pedagógica possível usar o próprio corpo e gestos para envolver a chamada memória sinestésica. Um exemplo é a memorização de uma receita. Cada ingrediente é associado a um gesto direcionado a uma parte do corpo. Para memorizar, use um gesto. E para resgatar na memória a atitude é ir conferindo qual gesto era associado a cada parte do corpo para se recordar do ingrediente em questão. Fonte:https://www.novaconcursos.com.br/portal/wp-content/uploads/2013/10/curso-de- -memorizacao.jpg Acesso em: 10/03/2020 Tal pedagogia não se preocupa com os espaços físicos da sala de aula que são espaços compostos apenas por carteiras enfileiradas, quadro negro, giz e cortinas, ou seja, um ambiente pouco prazeroso para os alunos. Como vemos, os alunos nessa pedagogia: O aluno fica em silêncio, ouvindo as explanações do educador e fazendo anotações em seus cadernos. E o professor: O professor permanece em pé, diante dos estudantes, junto ao quadro. Vejamos o cenário... 62 UNIDADE II - Pesquisa da Prática Pedagógica ESCOLA TRADICIONAL Disponível em: https://www.flickr.com/photos/gordonschool/3488076279 Acesso em: 10/03/2020. Disponível em: www.bing.com/images Acesso em: 09/03/2020. 63 UNIDADE II - Pesquisa da Prática Pedagógica Fazendo a relação entre as duas imagens... O que mudou? Pense e, em poucas palavras, descreva a sua percepção. _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ _____________________________________ Os alunos ficam sentados em carteiras individuais, separados em fila, respondendo a perguntas ou fazendo exercícios em livros e cadernos, seu superior “professor”, fica circulando entre os educandos. De acordo com Gadotti, o educador, para pôr em prática o diálogo, não deve co- locar-se na posição de detentor do saber, deve antes, colocar-se na posição de quem não sabe tudo, reconhecendo que mesmo um analfabeto é portador do co- nhecimento mais importante: o da vida. (GADOTTI, 1999. P.13) Com essas informações, caros cursistas, a inter-relação existente entre o profes- sor e o aluno está embasada principalmente no ambiente estabelecido por estes, através do respeito de ambos, em que a capacidade de ouvir, refletir e discutir, tor- na-se dinâmica em virtude do entendimento e da compreensão, em que as partes envolvidas detenham-se a um objetivo semelhante, que deve ser o de obter conhe- cimento e transformá-lo em sabedoria, utilizando-a no seu cotidiano. As escolas tradicionais mantêm o trabalho privilegiando a quantidade de informa- ção, misturando os conteúdos importantes e significativos para aquele momen- to. Os questionários ainda são usados para reforçar o conteúdo, e as avaliações servem apenas para medir a assimilação destes conteúdos, no contexto de uma avaliação seletiva. 64 UNIDADE II - Pesquisa da Prática Pedagógica O sistema Tradicional é tão limitado que para usar outros recursos, os alunos se habituam em ir em horários e dias pré-determinados para laboratórios de informá- tica ou ciências, ou para uma sala de artes, onde há computadores, material do laboratório de ciências e recursos da sala de artes... Sabemos que há diversos tipos de avaliação, nas salas de aula, mas na pedagogia tradicional o que predomina são: • provas escritas, • trabalhos em grupos, • autoavaliação, em que o professor convida o aluno a avaliar seu desempenho. De acordo com os dados considerados na educação tradicional, a reprovação e o fracasso escolar são atribuídos aos alunos. É necessário que paremos para refletir sobre a forma de avaliação empregada. Se a avaliação está sendo usada apenas para aprovar ou reprovar o aluno, punir ou controlar, sem levar em conta uma cons- trução de conhecimento e uma real melhoria na aprendizagem. 65 UNIDADE II - Pesquisa da Prática Pedagógica Fonte: Profa. Ana Paula Hollanda Será que podemos concluir que os conhecimentos são transmitidos por um profes- sor que não se preocupa com o aluno e sim com a matéria repassada? A família acreditava, há algum tempo, que o fracasso escolar acontecia por culpa dela própria, no papel de pais, e também dos alunos. Porém alguns pais têm per- cebido que a causa do fracasso escolar de seus filhos, muitas vezes, não está so- mente no aluno, mas também no professor/educador, na pedagogia utilizada. E fica um bate bola de responsabilidade, quando os pais esperam ações dos professores e estes mesmos dizem não caber a eles tais tarefas. Já os professores depositam nos pais expectativas que eles não têm condições de cumprir. É preciso que escola e a família busquem ações coordenadas paras enfrentar os problemas e resolvê- -los, a fim de obter abordagem significativa na vida dos alunos. 66 UNIDADE II - Pesquisa da Prática Pedagógica Para atestar o que já foi explorado, é possível perceber que a metodologia tradicio- nal está presente nas escolas contemporâneas, formando cidadãos passivos a sua realidade. A educação formal caracteriza-se por ser altamente estruturada. Mizukami relata que a Educação Tradicional está presente, implícita ou explicita- mente, de forma articulada ou não, “um referencial teórico que compreendesse os conceitos de homem, mundo, sociedade-cultura, conhecimento, educação etc”. (1986, p.4). Concluímos que a relação entre teoria e prática (Práxis) está concentrada na articu- lação dialética entre ambas, o que não significa, necessariamente, uma identidade entre elas. Isso significa que existe uma relação que se dá na contradição, ou seja, expressa um movimento de interdependência em que uma não existe sem a outra. É necessário que o professor entenda que teoria e prática não podem se separar, ou seja, a ligação entre a teoria e prática forma um todo em que o saber tem um caráter libertador. FORMAÇÃO DO PROFESSOR Iniciamos, nessa parte do livro, um ponto desafiador desse tema, precisamos con- tar história do Curso de Formação de Professores, sua trajetória de conquistas e retrocessos, para estabelecer uma visão acerca da concepção do educador e suas raízes. 67 UNIDADE II - Pesquisa da Prática Pedagógica Podemos explicar a demanda do aumento do número de professores quando re- lembramos a história da população brasileira que crescia em ritmo acelerado, e como consequência as pressões populares, com as demandas da expansão in- dustrial e do capital, os investimentos públicos no Ensino Fundamental começam a crescer especialmente com a expansão das redes públicas de ensino. Com isso, foi necessária a expansão das escolas normais em nível Médio, e de vá- rias adaptações, cursos rápidos de suprimento formativo de docentes e extensão para lecionar em áreas afins, admissão de professores leigos dentre outros. Com isso, foi possível atender a demanda. Ao identificar como se deu a formação do professor, ao longo da história, nota-se o quanto ela foi negligenciada pelos legisladores desde, os tempos da colonização, tanto em seus aspectos quantitativos quanto qualitativos. De acordo com Ribeiro (2001). Ribeiro afirma