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2- Apostila de Finanças Internacionais-Janeiro de 2019 (1)

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Finanças Internacionais 
 
1 
 
1. PROGRAMA DA DISCIPLINA ............................................................................... 3 
1.1 EMENTA ...................................................................................................................... 3 
1.2 CARGA HORÁRIA TOTAL ............................................................................................ 3 
1.3 OBJETIVOS .................................................................................................................. 3 
1.4 METODOLOGIA ........................................................................................................... 4 
1.5 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO ........................................................................................ 4 
1.6 CURRICULUM RESUMIDO DO PROFESSOR .................................................................. 4 
2. AMBIENTE MONETÁRIO NACIONAL ............................................................... 5 
2.1 INSTRUMENTOS DE POLÍTICA ECONÔMICA DO GOVERNO ........................................ 5 
2.1.1 POLÍTICA MONETÁRIA ............................................................................................... 6 
2.1.2 POLÍTICA FISCAL ....................................................................................................... 7 
2.1.3 POLÍTICA CAMBIAL ................................................................................................... 8 
2.1.4 POLÍTICAS DE RENDAS .............................................................................................. 9 
2.2 OS MERCADOS FINANCEIROS NACIONAIS ................................................................ 10 
2.2.1 MERCADO MONETÁRIO ........................................................................................... 11 
2.2.2 MERCADO DE CAPITAIS ........................................................................................... 14 
3. AMBIENTE MONETÁRIO INTERNACIONAL ................................................ 15 
3.1 HISTÓRIA DO SISTEMA MONETÁRIO INTERNACIONAL ............................................ 15 
3.1.1 O PADRÃO-OURO (1876–1913) ............................................................................... 15 
3.1.2 O PERÍODO ENTRE GUERRAS E A II GUERRA MUNDIAL (1914-1944) ...................... 16 
3.1.3 BRETTON WOODS E O FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL (1944) ...................... 17 
3.1.4 TAXAS DE CÂMBIO FIXAS (1945-1973) ................................................................... 17 
3.1.5 DE 1973 ATÉ O PRESENTE ....................................................................................... 18 
3.2 REGIMES DE MOEDAS CONTEMPORÂNEAS .............................................................. 18 
3.3 O NASCIMENTO DE UMA MOEDA GLOBAL: O EURO ................................................. 19 
4. A RECENTE CRISE FINANCEIRA MUNDIAL ................................................. 21 
4.1 A ORIGEM DA CRISE FINANCEIRA ........................................................................ 21 
4.2 A GRAVIDADE DA CRISE ....................................................................................... 21 
4.3 O TAMANHO DA CRISE .......................................................................................... 22 
4.4 O CUSTO DA CRISE ................................................................................................ 23 
4.5 COMPARAÇÃO DESTA CRISE COM A DE 1929 ....................................................... 23 
4.6 DURAÇÃO DA CRISE .............................................................................................. 24 
4.7 EFEITOS DA GLOBALIZAÇÃO ................................................................................ 24 
4.8 EFEITOS DA CRISE NO BRASIL .............................................................................. 24 
4.9 OS ESTRAGOS DA CRISE ........................................................................................ 25 
4.10 A ECONOMIA BRASILEIRA E A CRISE .................................................................. 25 
4.11 OS PASSOS DA CRISE ............................................................................................ 25 
5. EMISSÃO DE BÔNUS NO EXTERIOR ............................................................... 27 
 
Finanças Internacionais 
 
2 
 
5.1 EMISSÃO DE BÔNUS NO EXTERIOR ........................................................................... 27 
5.2 MERCADOS INTERNACIONAIS DE RENDA FIXA - GLOSSÁRIO ................................... 29 
5.3 RATING (CLASSIFICAÇÃO DE RISCO) ...................................................................... 31 
5.4 SOLUÇÃO DOS EXERCÍCIOS ...................................................................................... 32 
6. RECIBOS DE DEPÓSITO - ADRS ........................................................................ 34 
6.1 TIPOS DE ADRS ........................................................................................................ 35 
6.2 PROGRAMA ADR NÍVEL I ....................................................................................... 35 
6.3 PROGRAMA ADR NÍVEL II ...................................................................................... 36 
6.4 PROGRAMA ADR NÍVEL III..................................................................................... 36 
6.5 PROGRAMA ADR SOB A REGRA 144-A ................................................................... 37 
6.5.1 CONDIÇÕES DA REGRA 144-A ................................................................................ 37 
6.5.2 DESVANTAGENS DAS OFERTAS SOB REGRA 144-A ................................................. 37 
6.5.3 PASSOS PARA EMISSÃO DE ADR ............................................................................. 39 
7. SECURITIZAÇÃO DE RECEBÍVEIS .................................................................. 41 
8. O BALANÇO DE PAGAMENTOS ........................................................................ 46 
8.1 ESTRUTURA E INTERPRETAÇÃO ............................................................................... 47 
8.2 O BALANÇO DE PAGAMENTOS DO BRASIL NO ANO DE 2005 ................................... 52 
8.3 CONCEITO DE TAXAS DE CÂMBIO NOMINAL E REAL................................................ 55 
8.4 REGIMES CAMBIAIS .................................................................................................. 56 
8.4.1 TAXAS DE CÂMBIO FIXAS ........................................................................................ 56 
8.4.2 TAXAS DE CÂMBIO FLEXÍVEIS ................................................................................. 57 
8.4.3 FLUTUAÇÃO SUJA (“DIRTY FLOATING”) .................................................................. 57 
8.4.4 MINIDESVALORIZAÇÕES CAMBIAIS ......................................................................... 58 
8.4.5 REGIMES DE BANDAS CAMBIAIS .............................................................................. 58 
8.4.6 PREFIXAÇÃO CAMBIAL ............................................................................................ 58 
8.5 AJUSTE DO BALANÇO DE PAGAMENTOS ................................................................... 59 
8.6 TAXAS DE JUROS INTERNAS E EXTERNAS ................................................................. 61 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................... 62 
GLOSSÁRIO DE TERMOS – A CRISE FINANCEIRA MUNDIAL ........................................... 63 
 
 
 
Finanças Internacionais 
 
3 
 
1. Programa da disciplina 
1.1 Ementa 
Os ambientes monetários nacional e internacional. A atual crise financeira mundial. 
Emissão de bônus no exterior. Recibos de Depósito (American Depositary Receipt). 
Operações de securitização de recebíveis e a estrutura e dinâmica do balanço de 
pagamentos dos países. 
1.2 Carga horária total 
24 horas/aula1.3 Objetivos 
- Apresentar aos alunos do MBA em Engenharia Econômica e Financeira do 
LATEC/UFF os ambientes monetários nacional e internacional, delimitando os limites 
de funcionamento e influências recíprocas dos mesmos. 
 
- Discutir aspectos relacionados com a atual crise financeira americana e mundial, tais 
como sua origem, gravidade, tamanho, custo etc. Além disto, os possíveis efeitos da 
crise no Brasil. 
 
- Apresentar também as operações de emissão de bonds no exterior, recibos de 
depósitos americanos e operações de securitização de recebíveis. 
 
- Na seqüência, apresentar a estrutura do Balanço de Pagamentos do país e suas 
principais rubricas. Além disto, conceituar taxas de câmbio nominais e reais, bem como 
os diferentes regimes cambiais. Para concluir, as principais medidas de ajuste de um 
Balanço de Pagamentos. 
 
 
 
Finanças Internacionais 
 
4 
 
1.4 Metodologia 
Exposição dialogada, discussão de estudo de casos e resolução de exercícios com 
utilização da calculadora eletrônica (HP 12-C) e planilha eletrônica. 
 
1.5 Critérios de avaliação 
Prova ou Seminários em grupos (70%) e trabalho em grupo (30%). 
1.6 Curriculum resumido do professor 
Paulo Pfeil é Doutor em Engenharia de Produção pela COPPE-UFRJ, Engenheiro Civil 
e Economista pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Possui o Curso de 
Comercialização e Suprimento de Petróleo e Derivados (COSUP) da Petrobrás. 
Atualmente está cursando o Doutorado em Engenharia de Produção na COPPE/UFRJ. 
Sua experiência profissional inclui o cargo de trader na comercialização externa de 
derivados de petróleo na Petrobrás, produtos e serviços na Interlinks (Flórida, USA); 
Concursado, é Professor Associado III do Departamento de Engenharia de Produção da 
UFF, Setor de Finanças e Gestão de Investimentos. Exerce a função também de 
Coordenador do Convênio Internacional de Cooperação Técnico-Científica 
UFF/Universidade Ulm, Alemanha. É também o Coordenador Acadêmico dos 
Programas de Extensão Internacional do LATEC/UFF nas Áreas de Sistema de Saúde; 
Proteção Ambiental e Segurança Ocupacional; Recursos Renováveis e de Business e 
Marketing, 
 
Finanças Internacionais 
 
5 
 
2. Ambiente monetário nacional 
 
Este capítulo sobre o ambiente monetário nacional tem como objetivo inicial 
recapitular alguns conceitos já abordados em módulos anteriores desse Programa de 
MBA, bem como ressaltar alguns aspectos de sua estrutura e dinâmica, que são de 
relevância para o presente estudo sobre Finanças Internacionais. Sua primeira parte 
versa sobre os instrumentos de política econômica do Governo, compreendendo suas 
ações e principal impactos sobre o sistema sócio-econômico do país. 
Além disto, conta também com uma apresentação da estrutura do Sistema 
Financeiro Nacional, com seus órgãos de regulação e fiscalização, bem como um 
panorama de sua evolução recente. 
Vista esta parte introdutória, é abordada, então, a questão dos Mercados 
Financeiros, Monetário e de Capitais, com suas estruturas, funções e serviços. 
 
 
 
 
2.1 Instrumentos de política econômica do Governo 
 
 
O Governo, dentro dos seus objetivos de política global, que consiste em 
promover o desenvolvimento econômico do país, garantir o pleno emprego dos seus 
fatores da produção, equilibrar os saldos das operações financeiras com o exterior, 
garantir uma estabilidade de preço e controle da inflação, promover a distribuição da 
riqueza e das rendas e com isto, promover o bem estar econômico e social da nação, 
conta com quatro tipos de política econômica – Políticas Monetária, Fiscal, Cambial e 
de Rendas. 
Os objetivos e instrumentos dessas políticas econômicas de governo serão vistas 
de forma sucinta, a seguir: 
 
 
 
 
 
Finanças Internacionais 
 
6 
 
2.1.1 Política monetária 
 
A Política Monetária diz respeito ao controle da oferta de moeda e das taxas de 
juros, que garantam a liquidez ideal do sistema econômico. O executor dessa política é o 
Banco Central, que no Brasil, está subordinado ao Ministério da Fazenda. Os 
instrumentos de política monetária tradicionais são os seguintes: 
 
❖ Depósito Compulsório 
 
É o recolhimento feito pela rede bancária de determinado percentual sobre os 
depósitos à vista e determinadas aplicações. O recolhimento é feito parcialmente em 
moeda e o saldo em títulos federais da divida pública. É calculado sobre médias móveis 
e em função de saldos mensais dos depósitos. Atualmente a alíquota do depósito 
compulsório sobre os saldos de depósitos à vista é de 53%, poupança, 30% e depósitos a 
prazo (títulos públicos, CDBs etc), 23%. 
O compulsório atua de forma indiscriminada sobre a rede bancária, podendo, 
entretanto, a autoridade monetária fazer exceções, como é o caso de implantação 
pioneira de serviços bancários, operações de crédito rural, adiantamento a produtores e 
formação de estoques reguladores. Eventuais alterações na taxa de encaixe afetam 
indiscriminadamente todo o sistema bancário. Por este motivo, este instrumento de 
política monetária é considerado de longo prazo. 
 
 
 
❖ Operações de Redesconto 
 
É um instrumento de política monetária, que consiste na concessão de assistência 
financeira de liquidez aos bancos comerciais. Na execução destas operações, o Banco 
Central funciona como o banco dos bancos, emprestando dinheiro a uma taxa pré-
fixada, com a finalidade de atender as necessidades momentâneas de caixa dos bancos 
comerciais. Através desses instrumentos, a oferta de moeda pode ser reduzida ou 
expandida, de acordo como os critérios estabelecidos pelo Banco Central. 
É um instrumento flexível e conjuntural, que não age necessariamente sobre todo o 
sistema bancário, sendo que seus efeitos se fazem sentir a médio prazo, na medida que 
os bancos, que estão no redesconto, buscam reformular suas posições, visando o 
equilíbrio de sua liquidez. Para suprir, primeiramente, suas necessidades eventuais de 
fluxo de caixa, os bancos podem realizar entre si, operações com Certificados de 
Depósito Interbancário. Com isso, a utilização do redesconto junto ao Banco Central se 
restringe aos casos mais agudos, ou a valores que o sistema bancário não pode se 
financiar. Portanto, essas operações de redesconto, são, em tese, as últimas linhas de 
atendimento aos furos de caixa das instituições bancárias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Finanças Internacionais 
 
7 
 
❖ Operações de Mercado Aberto (“Open Market”) 
 
As Operações de Mercado Aberto constituem o mais ágil instrumento de política 
monetária disponível pelo Banco Central. Através delas são permanentemente reguladas 
a oferta monetária e o custo primário do dinheiro na economia, referenciado na troca de 
reservas bancárias por um dia, através das operações de overnight. Os principais 
movimentos desse mercado, em resumo, são os seguintes: 
 
• Resgate de Título: compra líquida de títulos públicos pelo Banco Central, com 
aumento do volume de reservas bancárias e conseqüentemente aumento de liquidez 
do mercado e queda da taxa de juros. 
 
• Colocação de Títulos: venda liquida de títulos públicos pelo Banco Central, com 
diminuição do volume de reservas bancárias e, como conseqüência, redução de 
liquidez do mercado e aumento da taxa de juros. 
 
 
No conjunto de operações, o Banco Central não precisa ser sempre a parte que 
compra ou vende dinheiro em excesso ou em falta. Os próprios bancos, operando entre 
si, têm a mesma facilidade de repor saques ou aplicar depósitos. 
 
 
 
❖ Controle e a Seleção do Crédito 
 
O controle e a seleção do crédito podem ser feitos de diversas formas: imposição do 
volume de destino do crédito, controle das taxas de juros, fixação de limites e condições 
dos créditos. Eles podem se estender não somente aos bancos comerciais, mas também à 
outras instituições financeiras, atingindo outros passivos financeiros que não moeda. 
 
 
2.1.2 Política fiscal 
 
Está relacionadacom a posição orçamentária do Governo. Compreende a 
definição e a aplicação da carga tributária exercida sobre os agentes econômicos, bem 
como a definição dos gastos do Governo, que tem como base os tributos captados. A 
elaboração do projeto orçamentário do governo está a cargo do Ministério do 
Planejamento. 
A posição orçamentária do governo é definida pela relação entre os gastos (G) e 
suas receitas (T), podendo, portanto, ocorrer as seguintes situações: 
 
• Se o saldo orçamentário for positivo (T > G), o governo terá um superávit. 
• Se o saldo orçamentário for negativo (T< G), o governo terá um déficit. 
 
 
 
 
 
 
Finanças Internacionais 
 
8 
 
O entrelaçamento entre as políticas monetária e fiscal podem ser vista, através do 
modelo IS-LM de Hicks–Hansen, a seguir. Podemos observar que: 
 
• Efeito do Aumento das Despesas do Governo: aumenta a taxa de juros e o nível de 
produto (renda). 
 
• Efeito do Aumento da Oferta Monetária: Imediatamente após o aumento, passa a 
haver mais moeda na economia que a demandada pelas pessoas. Isso tende a fazer 
cair a taxa de juros (i), de modo que a demanda monetária aumenta. A taxa de juros 
mais baixa estimula, então, o investimento, que aumenta o produto (renda) da 
economia pelo efeito multiplicador. 
 
 
 
2.1.3 Política cambial 
 
 
A política cambial está baseada na administração das taxas de câmbio e no 
controle das operações cambiais. Apesar de ligada indiretamente à política monetária, a 
política cambial se destaca por atuar mais diretamente sobre todas as variáveis 
relacionadas às transações econômicas do país com o exterior. 
Dado o seu forte entrelaçamento com a política monetária, a política cambial 
deve ser muito bem administrada. Um desempenho, por exemplo, muito forte das 
exportações pode ter grande impacto monetário, à medida que o ingresso de divisas 
significa conversão de moedas estrangeiras para reais, e com isso, expansão da emissão 
da moeda, que em ultima instancia pode causar efeito inflacionário. Os diferentes tipos 
de políticas cambiais, adotadas por países, serão vistas no capítulo referente ao Balanço 
de Pagamentos (Cap. 8). 
Modelo IS-LM de Hicks-Hansen
 Taxa de Taxa de
 Juros Juros
 i1
 i0 
 i1 i0
 Y0 Y1 PNB(Y) Y0 Y1 PNB(Y)
LM0
LM1
LM0
IS1
IS0
IS0
Aumento da Oferta
Monetária
Aumento da Despesa do
Governo
 
Finanças Internacionais 
 
9 
 
2.1.4 Políticas de rendas 
 
As políticas de renda compreendem as medidas do governo que afetam 
diretamente os fluxos de renda e remuneração dos fatores diretos de produção e serviços 
do sistema econômico, tais como salários, lucros, dividendos, depreciação, preços dos 
produtos intermediários e finais. 
 
Sistema Financeiro Nacional 
 
Órgãos de Regulação e 
Fiscalização 
 Instituições 
Financeiras 
Bancos Múltiplos com (B) 
Carteira Comercial 
 Captadoras de Bancos Comerciais (B) 
 Depósitos Caixas Econômicas (B) 
 à Vista Cooperativas de crédito (B) 
 Banco Central Banco de Investimento (B/CVM) 
Conselho Financeiras Sociedades de Crédito Imobiliário (B) 
Monetário Companhias Hipotecárias (B) 
Nacional Associações de Poupança e (B) 
Empréstimo 
 Comissão de Bolsa de Mercadorias e de (B/CVM) 
Futuros 
 Valores Bolsa de Valores (CVM) 
 Mobiliários Agências de Fomento ou de (B) 
Desenvolvimento 
 Outros 
Intermediários 
Sociedades Corretoras de (B/CVM) 
Títulos e Valores Mobiliários 
 Superintendência Sociedades Corretoras de Cambio (B) 
 de Seguros Representações de Instituições (B) 
Financeiras Estrangeiras 
 Privados Agentes Autônomos de (CVM/B) 
Investimentos 
 Entidades Fechadas de Previdência 
Privada (SPC) 
 Secretaria de Sistemas de Sociedades Seguradoras (SU) 
 Previdência Previdência e Sociedades de Capitalização (SU) 
 Complementar Seguros Sociedades Administradoras de (SU) 
Seguro-Saúde 
 Entidades Fundos Mútuos (B/CVM) 
 Administradoras Clubes de Investimentos (CVM) 
 de Recursos de Carteiras de Investidores Estrangeiros 
 (B/CVM) 
 Terceiros Administradoras de Consórcios (B) 
 Sistemas de 
Liquidação 
Sistema Especial de Liquidação e de (B) 
Custodia- SELIC 
 e Custódia Central de Custódia e de Liquidação (B) 
Financeira de Títulos- CETIP 
 Caixas de Liquidação e Custódia (CVM) 
Fonte: Banco Central do Brasil 
 
 
Finanças Internacionais 
 
10 
 
Empresas 
Indivíduos 
GOVERNOS 
 
2.2 Os mercados financeiros nacionais 
 
 
Uma vez apresentado a estruturação do Sistema Financeiro Nacional, passamos 
agora a analisar mais de perto os mercados financeiros, com seus atores, funções e 
serviços. 
Como subsistema do Sistema Financeiro Nacional, os mercados financeiros são 
foros organizados que permitem que os tomadores e fornecedores de empréstimos e 
investimentos, a curto e longo prazo, negociem diretamente. Basicamente, aqueles que 
oferecem e demandam fundos são indivíduos, empresas e governos. Uma outra figura 
que desempenha um papel fundamental neste processo é o dos intermediários 
financeiros ou instituições financeiras, que canalizam as poupanças de várias partes 
interessadas em forma de empréstimos ou investimentos. Os intermediários financeiros 
básicos na economia são os bancos comerciais, as caixas econômicas, as associações de 
poupança e empréstimos, associações de crédito, companhia de seguro de vida e fundos 
de pensão. 
Os intermediários financeiros e os mercados financeiros não são independentes 
um do outro. Conforme pode ser visto no esquema abaixo, é bastante comum encontrar 
intermediários financeiros participando ativamente tanto no mercado monetário como 
no de capital, atuando como fornecedores e tomadores de fundos. 
 
 
 
Intermediários 
Financeiros 
Bancos Comerciais 
Caixas Econômicas 
Associações de Poupanças de 
Empréstimos 
Associações de Crédito 
Companhias de Seguro de Vida 
Fundos de Pensão 
Outros Intermediários 
 
Mercados Financeiros 
Mercado Monetário 
Mercados de Capitais 
 
 
Fonte: Princípios de Administração Financeira (Gitman; 1987) 
 
Os dois mercados financeiros básico são o monetário e o de capitais, cujas 
características principais veremos na página seguinte. 
 
 
 
 
 
INDIVÍDUOS 
 
EMPRESAS 
 
GOVERNOS 
 
Finanças Internacionais 
 
11 
 
2.2.1 Mercado monetário 
O mercado monetário é criado por uma relação intangível entre fornecedores e 
tomadores de fundos em curto prazo. Os instrumentos básicos de mercado monetário 
incluem títulos emitidos por companhias (Export Notes e Commercial Papers), títulos 
públicos federais, estaduais ou municipais (Letras do Tesouro, letras de antecipação de 
imposto, Obrigações do Tesouro, emissões de agências federais), e por instituições 
financeiras e bancárias (letras de câmbio, caderneta de poupança, letras imobiliárias, 
hipotecárias e depósitos a prazo fixo). A seguir, será visto de forma sucinta as 
características de emissão desses papéis. 
 
 
 
❖ Títulos Emitidos pelas CompanhiasExporte Notes: representam contratos de cessão de créditos de exportação. Com 
elas o exportador levanta recursos para financiar vendas ao exterior, junto a investidores 
locais. Na prática, a empresa levanta crédito em reais, mas paga ao investidor o 
principal corrigido pela variação cambial. O título é negociável. Este tipo de 
investimento funciona como hedge cambial para o aplicador, ao passo que alonga o 
prazo de financiamento para o exportador, que de outra forma teria a alternativa das 
operações de ACC, normalmente mais caras e de prazo mais curto. 
 
Commercial Paper: este título, na prática, é uma Nota promissória de giro rápido 
para financiamento de curto prazo (mínimo de 30 dias e máximo de 180 dias). Tendo 
em vista que o Commercial Paper não possui garantias, sua emissão fica restrita às 
empresas de bom crédito e capazes de emitir altos valores que viabilizam o custo de um 
lançamento (registro na CVM, publicação em jornais de grande circulação, etc). Seu 
principal atrativo é o custo mais baixo, por não exigir a intermediação bancária nas 
operações que podem ser conduzidas por distribuidoras e corretoras de valores. 
 
 
❖ Títulos Públicos 
 
 
Os Poderes Executivos dos três níveis da administração púbica emitem títulos de 
crédito. No nível federal, em face do poder de gestão sobre o volume de liquidez na 
economia, existem títulos emitidos para fins de política monetária. Tanto no Governo 
Federal, como dos Estados e Municípios, as emissões de títulos servem ainda para a 
uma destas situações: 
 
❖ Antecipação de Receita Fiscal 
❖ Financiamento do Déficit Orçamentário 
❖ Financiamento de Investimentos Públicos 
 
Deve-se ressaltar que o governo federal tem poderes para regular os volumes de 
emissão, os fluxos e condições de negociação dos títulos estaduais e municipais. 
 
 
 
Finanças Internacionais 
 
12 
 
❖ Títulos Federais 
 
Tradicionalmente, a emissão dos títulos federais, quanto, a emissão, finalidade, prazos, 
forma e rendimento podem ser vistos na tabela abaixo: 
 
Características Bônus do 
BACEN - BBC 
Letras do Tesouro 
Nacional - LTN 
Letras 
Financeiras do 
Tesouro - LFT 
Notas do Tesouro 
Nacional - NTN 
 
Finalidade Política 
Monetária 
Cobertura do déficit 
orçamentário, operações 
de crédito por 
antecipação de receitas 
Idem LTN Idem LTN 
Emissão Banco Central Tesouro Nacional Tesouro Nacional Tesouro Nacional 
Prazo Mínimo 28 dias 35 dias Determinado pela 
STN 
Tipo C: 12 meses 
Tipo D: 3 meses 
Prazo máximo Não fixado Não fixado Determinado pela 
STN 
Tipo C: Não fixado 
Tipo D: Não fixado 
Forma Nominativa e 
escritural 
Escritural Nominativa 
transferível e 
escritural 
Nominativa 
transferível 
Rendimento Pré-fixado: 
negociado com 
desconto; resgate 
pelo valor 
nominal 
Idem BBC Pós-fixado: taxa 
média dos 
financiamentos 
apurado no SELIC, 
calculado sobre o 
valor nominal e 
pago no resgate 
Pós-fixado: juros de 
6% ao ano mais 
correção: 
(Tipo C: IGPM-M 
Tipo D: variação 
cambial) 
Fonte: Mercado de Capitais- CNBV (1998) 
 
Atualmente não tem sido mais feitas emissões de BBC e os papéis do Tesouro tanto 
podem ser utilizados para efeitos de política fiscal ou monetária. 
 
 
❖ Títulos Estaduais e Municipais 
 
 
Os títulos estaduais e municipais seguem as estruturas de emissão voltadas para a 
antecipação de receitas fiscais, financiamento e adiantamento de déficits públicos. Sua 
nomeação compreende Obrigações, Apólices e Letras, função das características de 
cada emissão. 
 
 
❖ Títulos de Instituições Financeiras e Bancárias 
 
 
Letras de Câmbio (LC): É o instrumento de captação específico das sociedades de 
crédito, financiamento e investimento(financeiras), sempre emitido com base em uma 
transação comercial, ou seja, quando elas emprestam algum valor para alguém, essa 
pessoa saca, por procuração uma LC contra a financeira, que a aceita e lança no 
mercado. Assim, a emissão de LC, autorizada por empresas não financeiras e usuários 
de bens e serviços, com aceite e co-obrigação das Sociedades de Crédito, Financiamento 
e Investimento, tem como finalidade obter recursos para o financiamento do crédito ao 
consumidor final. Esses títulos são regulados pela Lei no 4.728, de 14/07/65, artigo 27. 
 
Finanças Internacionais 
 
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Características Letras de Câmbio 
 
Garantia Pelo aceitante, por contrato de abertura de crédito com garantias 
próprias, ele afirma a existência de fundos na data de resgate. 
Tipos de Rendimento Renda pré-fixada ou pós-fixada. 
Rendimentos Pagos no final ou mensalmente, em LC com renda mensal. 
Resgate Só pode ser exigido a partir da data de vencimento. Pode ser 
negociada antecipadamente no mercado secundário. 
Emissão Vinculada aos contratos de financiamento que lhes dão origem 
Limitada a um teto máximo em função do Patrimônio Líquido 
da empresa aceitante. 
 Fonte: Fonte: Mercado de Capitais- CNBV (1998) 
 
 
Letras Imobiliárias: 
 
Título emitido por sociedades de crédito imobiliário, destinado à captação de 
recursos para o financiamento de construtores e adquirentes de imóveis. 
 
 
Certificados de Depósito Bancário: 
 
 
É um título emitido por bancos comerciais ou múltiplos que representa um 
depósito a prazo efetuado pelo cliente. A remuneração desses títulos pode ser pré-fixada 
ou pós-fixada. Ao comprar um CDB pré-fixado, o cliente já sabe quanto vai receber no 
vencimento do título, pois a taxa de remuneração é definida no ato da compra. Quanto 
ao CDB pós-fixado, a remuneração do título é composta por um índice de correção de 
mercado, que pode ser a TR (taxa referencial) ou o IGPM (Índice Geral de Preços de 
Mercado), entre outros, mais uma taxa de juros combinada no ato da compra. 
Existe a incidência de Imposto de Renda na fonte de 20%, calculado sobre o 
rendimento bruto no período e cobrado no vencimento do título. Os CDBs estão sujeitos 
a IOF quando ocorre um resgate antes de 30 dias de aplicação. A partir do 30º dia de 
aplicação, há isenção deste imposto. Em toda reaplicação há a cobrança de CPMF. O 
Recibo de Depósito Bancário (RDB) é semelhante ao CDB, porém é nominativo e 
intransferível. 
 
Certificados de Depósito Interbancário: Assim como o CDB, esta é uma 
modalidade de aplicação que pode render tanto uma taxa de juros fixa quanto variável. 
No entanto este certificado é negociado exclusivamente entre bancos. Essas transações 
são fechadas por meio eletrônico e registradas nos computadores das instituições 
envolvidas e nos terminais do CETIP. A maioria das operações são negociadas por um 
dia. A taxa média diária do CDI de um dia é utilizada como referencial para o custo do 
dinheiro (juros). Por este motivo, esta taxa também é utilizada como referencial para 
avaliar a rentabilidade das aplicações em fundos de investimento. 
 
 
 
 
 
Finanças Internacionais 
 
14 
 
SELIC- O Sistema de Liquidação e Custodia foi criado em 1980, sob a 
responsabilidade do Banco Central e da ANDIMA. Apenas títulos públicos federais 
quer sejam emitidos pelo Tesouro ou pelo BC e os títulos públicos estaduais e 
municipais, emitidos até janeiro de 1992, são registrados no SELIC. Os títulos estaduais 
e municipais, posteriores a esta data, bem como os papéis privados são custodiados, 
registrados e liquidados no CETIP (Central de Liquidação de Títulos). 
 
 
2.2.2 Mercado de capitais 
Os mercados de capitais são criados por inúmeras instituições e acordos que 
permitem que os fornecedores e tomadores de fundos em longo prazo façam suas 
transações. O fator-chave que diferencia o mercado monetário do de capitais é que este 
último fornece fundos permanentes em longo prazo às empresas, enquanto que o 
primeiro fornece financiamento para empréstimos em curto prazo. Embora ambos os 
mercados sejam importantes à longevidade da empresa e do governo, o mercado de 
capitais oferece o mecanismo atravésdo qual grandes somas de dinheiro podem ser 
levantadas para aumentar a capacidade produtiva da economia. As bolsas de valores 
constituem a espinha dorsal dos mercados de capitais, oferecendo um mercado para 
transações com ações e debêntures. Uma fonte interessante de captação de recursos de 
empresas nacionais no exterior é sob a forma de ADR, recibos de depósitos, que será 
visto no capítulo 6. 
 
 
Finanças Internacionais 
 
15 
 
3. Ambiente monetário internacional 
 
 
A crescente volatilidade das taxas de câmbio é um dos maiores 
desenvolvimentos econômicos dos últimos anos. Sob o atual sistema de taxas de cambio 
parcialmente fixas e flutuantes, os ganhos de empresas multinacionais, de bancos e de 
investidores individuais são sujeitos a flutuações reais e nominais, como um resultado 
das mudanças nas taxas de cambio relativas. As políticas de prevenção e reação ás 
flutuações das taxas de cambio estão evoluindo a medida que cresce a compreensão 
sobre o funcionamento do sistema monetário internacional, que tornam claras a 
contabilidade e as regras de impostos para ganhos e perdas no cambio exterior e que o 
efeito econômico das taxas de cambio sobre fluxos futuros de caixa e valores de 
mercado se tornam reconhecidos. 
Embora taxas de câmbio voláteis possam aumentar o risco, elas também criam 
oportunidades de lucro para as empregas e os investidores, se houver uma compreensão 
adequada da administração do risco de câmbio. Para administrar o risco de cambio, 
entretanto, é preciso compreender como funciona o sistema monetário internacional. 
O sistema monetário internacional pode ser definido como a estrutura dentro da 
qual as taxas de cambio são determinadas, os negócios internacionais e os fluxos de 
capital são acomodados e onde se fazem os ajustes nos balanços de pagamentos. 
Também inclui todos os instrumentos, as instituições, e os acordos que unem as moedas 
do mundo. 
3.1 História do sistema monetário internacional 
 
Ao longo do tempo as moedas foram definidas em termos do ouro e ouros itens de 
valor, e o sistema monetário internacional ficou sujeito a uma variedade de acordos 
internacionais. Uma breve história fornece uma perspectiva útil para se comparar com o 
sistema de hoje e avaliar suas fraquezas e as propostas de mudanças no sistema atual 
 
3.1.1 O padrão-ouro (1876–1913) 
 
As moedas nem sempre tiveram seus valores indexados por outras moedas, ou por 
cestas de mercadorias, e nem podiam flutuar livremente. Desde os tempos dos faraós 
(aproximadamente 3000 a.C) o ouro era utilizado como um meio de troca e uma reserva 
de valor. Os gregos e os romanos usavam moedas de ouro e passaram essa tradição para 
o século XIX, através da era mercantil. O grande aumento do comércio durante o 
período de livre comércio, no final do século XIX, levou a uma necessidade de se ter 
 
Finanças Internacionais 
 
16 
 
um sistema formal para estabelecer o balanço do comércio. Um após o outro, os países 
estabelecerem um valor ao par para a sua moeda em termos de ouro e então tentavam 
aderir às regras do que mais tarde veio a ser conhecido como o padrão ouro clássico. O 
padrão-ouro como sistema monetário internacional ganhou aceitação na Europa 
Ocidental na década de 1870. Os Estados Unidos somente adotaram este padrão no ano 
de 1879. 
As regras do jogo sob o padrão-ouro eram claras e simples. Cada país estabelecia a 
taxa pela qual a sua moeda poderia ser convertida ao peso do ouro. Os Estados Unidos, 
por exemplo, declararam que o dólar seria convertido por ouro a uma taxa de US$ 20.7 
por onça de ouro, taxa esta que se manteve até o inicio da I Guerra Mundial. 
Sob esse sistema, era muito importante para um país manter reservas adequadas de 
ouro para sustentar o valor de sua moeda. O sistema também tinha o efeito de, 
implicitamente, limitar a taxa pela qual cada país poderia expandir sua oferta de moeda. 
O crescimento da moeda estava, portanto, limitado à taxa pela qual o ouro adicional 
poderia ser adquirido pelas as autoridades. 
O padrão-ouro funcionou adequadamente até que o início da I Guerra Mundial 
interrompeu o fluxo do comércio e o livre movimento do ouro. Isso fez com que as 
nações mais importantes suspendessem a operação do padrão-ouro. 
 
3.1.2 O período entre guerras e a II Guerra Mundial (1914-1944) 
 
Durante a I Guerra Mundial e o início da década de 20, as moedas poderiam flutuar 
por uma extensão razoavelmente grande em termos de ouro e entre elas mesmas. 
Teoricamente, oferta e demanda para importações e exportações de um país causavam 
mudanças moderadas nas taxas de câmbio sobre um valor central de equilíbrio. Essa foi 
a mesma função que o ouro desempenho no padrão-ouro, visto anteriormente. 
Infelizmente, tais taxas de câmbio flexíveis não funcionaram de uma maneira 
equilibrada. Ao contrário, especuladores internacionais venderam moedas fracas a 
descoberto (short sale), fazendo com que seus valores caíssem mais do que garantido 
pelos fatores econômicos reais. O contrário aconteceu com as moedas fortes. Flutuações 
e valores de moedas não podiam ser compensados pelo mercado relativamente estreito 
de cambio a termo, a não ser a preços exorbitantes. O resultado líquido foi que o volume 
do comércio mundial declinou a um nível muito baixo com o advento da Grande 
Depressão. 
Os Estados Unidos adotaram um padrão-ouro modificado, em 1934, quando o dólar 
americano foi desvalorizado para US$35/onça de ouro em relação ao preço de US$ 
20,67/onça em efeito antes da I Guerra. O ouro era comercializado somente com bancos 
centrais estrangeiros, e não com pessoas físicas. De 1934 até o fim da II Guerra 
Mundial, as taxas de câmbio foram teoricamente determinadas pelo valor de cada 
moeda em ouro. Durante a II Guerra Mundial e logo depois, entretanto, muitas das 
principais moedas negociadas perderam sua conversibilidade para outras moedas. O 
dólar foi a última grande moeda negociada que continuou a ser conversível. 
 
 
 
 
 
 
Finanças Internacionais 
 
17 
 
3.1.3 Bretton Woods e o Fundo Monetário Internacional (1944) 
 
Em 1944, quando a II Guerra estava para terminar, as potências aliadas se reuniram 
em Bretton Woods, New Hampshire, a fim de criar um sistema monetário internacional 
pós-guerra. O Acordo de Bretton Woods estabeleceu um sistema monetário 
internacional baseado no dólar americano e criou duas novas instituições, o Fundo 
Monetário Internacional o Banco Mundial. 
Pelo Acordo de Bretton Woods os países fixariam o valor de suas moedas em 
termos de ouro, mas não foi exigido que eles trocassem suas moedas por ouro. Somente 
o dólar permaneceria conversível em relação ao ouro (US$ 35 por onça). Portanto, cada 
país decidiu o que queria que sua taxa de cambio fosse em relação ao dólar e, então, 
calculou o valor ao par em ouro de sua moeda para criar a taxa de cambio desejável em 
relação ao dólar. Os países participantes deste Acordo concordaram em manter o valor 
de suas moedas dentro de 1% (mais tarde aumentando para 2,25%) da paridade através 
da compra ou venda de divisas estrangeira ou ouro, conforme necessário. A 
desvalorização não deveria ser usada como uma política de comércio competitiva, mas 
se uma moeda se tornasse muito fraca para ser defendida, a desvalorização de até 10% 
era permitida sem uma aprovação formal do FMI. Desvalorizações maiores exigiam a 
aprovação do FMI. 
O direito especial de saque (DES) é um ativo de reserva internacional criado pelo 
FMI para suplementar reservas de divisas existentes. Ele serve como uma unidade de 
conta para o FMI e outras organizações regionais e internacionais, além de ser também 
a base qual a qual alguns países indexam a taxa de cambio para suas moedas. 
Definido inicialmente em uma quantidade fixa de ouro, o DES foi redefinido várias 
vezes. Ele é atualmente o valor ponderado das moedas dos cinco membros do FMI que 
têm as maiores exportaçõesde mercadorias e serviços. Países individuais mantêm DESs 
em forma de depósitos no FMI. Esses depósitos são partes das reservas monetárias de 
cada país, junto com depósitos oficiais de ouro, divisas e suas posições de reservas no 
FMI. Os membros podem liquidar transações entre eles mesmos através de 
transferências dos DES. 
 
3.1.4 Taxas de câmbio fixas (1945-1973) 
 
Os acordos cambiais negociados em Bretton Woods e monitorados pelo FMI 
funcionaram razoavelmente bem durante o período de reconstrução pós-guerra e de 
rápido crescimento no comércio mundial. Entretanto, as políticas fiscais e monetárias 
nacionais muito divergentes, as taxas de inflação diferenciadas e os vários choques 
externos inesperados resultaram na destruição do sistema. O dólar americano era a 
principal moeda de reserva mantida pelos bancos centrais e era a chave para teia de 
valores de taxa de cambio. Infelizmente, os Estados Unidos tinham déficits crescentes e 
persistentes no seu balanço de pagamentos. Foi necessário um fluxo pesado de saída de 
capitais em dólares para financiar esses déficits e para satisfazer a crescente demanda de 
dólares por investidores e empresas. Finalmente, o grande volume de dólares mantido 
no exterior resultou numa falta de confiança na habilidade dos Estados Unidos de 
manter seus compromissos de converter dólares em ouro. 
Em 15 de agosto de 1971, o Presidente Richard Nixon foi forçado a suspender 
aquisições oficiais ou compras de ouro pelo Tesouro americano depois de os Estados 
 
Finanças Internacionais 
 
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Unidos sofrerem fluxos de saída de aproximadamente um terço das suas reservas 
oficiais de ouro nos primeiros meses do ano. As taxas de cambio da maioria dos países 
líderes em comércio puderam flutuar em relação ao dólar e, portanto, indiretamente em 
relação ao ouro. No final de 1971, a maioria das moedas apreciou-se face ao dólar. Essa 
mudança foi, na realidade, uma desvalorização do dólar. 
Em 12 de fevereiro de 1973, o dólar americano foi atacado mais uma vez, forçando 
assim uma segunda desvalorização, desta vez em 10%, para US$ 42.22 por onça. No 
final de fevereiro de 1973, um sistema de taxas fixas não mais parecia exeqüível, dado 
os fluxos especulativos das moedas. Os maiores mercados de cambio exterior foram de 
fato fechados por várias semanas em março de 1973. Quando eles reabriram a maioria 
das moedas pode flutuar em níveis determinados pelas forças de mercado. As paridades 
não foram trocadas. O dólar tinha flutuado para baixo 10% em média em junho de 1973. 
 
3.1.5 De 1973 até o presente 
 
Desde março de 1973, as taxas de câmbio se tornaram muito mais voláteis e menos 
previsíveis do que eram durante o período de taxa de cambio fixa, quando raramente 
ocorriam mudanças. Em geral, o dólar tem sido volátil e tem enfraquecido no longo 
prazo. Por outro lado, o iene japonês e o então marco alemão ganharam força. As 
moedas de mercados emergentes têm sido excepcionalmente voláteis e, de modo geral, 
têm se enfraquecido. 
Os acontecimentos mais importantes desde essa data foram a crise do petróleo no 
final de 1973, a perda de confiança no dólar americano em 1977 e 1978, a segunda crise 
do petróleo em 1979, a formação do sistema monetário europeu (SME) em 1979, e o 
fortalecimento do dólar americano durante o período de 1981 a 1985, seguido por um 
rápido declínio no seu valor, de fevereiro de 1985 até o início de 1988. 
A década de 90 foi tumultuada para as moedas. O SME sofreu uma crise 
significativa e uma reestruturação em 1992 e 1993. Isto foi seguida por uma série de 
crises de moedas de mercados emergentes, incluindo a do México, em 1994, da 
Tailândia, em 1997 (seguida por inúmeras outras moedas asiáticas), da Rússia, em 1998 
e do Brasil em 1999. 
 
3.2 Regimes de moedas contemporâneas 
 
O sistema monetário internacional é composto de moedas nacionais, de uma moeda 
artificial (DES) e de uma composta (Euro), que substituiu onze moedas nacionais em 1º 
de janeiro de 1999. Todas essas moedas estão ligadas umas às outras através de uma teia 
de regimes de moedas. 
O espectro dos regimes cambiais varia do rigidamente fixo á flutuação 
independente, O grande exemplo de um sistema rigidamente fixo é a área do Euro, na 
qual o Euro é uma única moeda para os seus países membros. No outro extremo, estão 
diversos países com moedas de flutuação independente ou fixas. 
 
Finanças Internacionais 
 
19 
 
3.3 O nascimento de uma moeda global: o Euro 
 
Em dezembro de 1991 os membros da União Européia se reuniram em Maastricht, 
na Holanda, e concluíram um tratado que mudou o futuro monetário da Europa. 
Conforme ode ser visto no quadro abaixo, este Tratado de Maastricht especificou 
um calendário e um plano para substituir todas as moedas individuais por uma moeda 
única, denominada Euro. 
 
 
Calendário de implantação do Euro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Por intermédio de critérios de convergência o Tratado de Maastricht exigiu a 
integração e coordenação das políticas fiscais e monetárias dos países membros. 
Portanto, antes de se tornar um membro da União Monetária Européia (UME), cada 
membro deveria atingir os seguintes critérios de convergência: 
 
1- A inflação nominal deveria ser no máximo 1,5% acima da média dos três 
membros da União Européia (UE) com as taxas de inflação mais baixas durante 
os anos anteriores. 
 
2- As taxas de juros de longo prazo deveriam ser no máximo 2% sobre a média dos 
três membros da EU, com as mais baixas taxas de juros. 
 
3- O déficit fiscal não deveria ser mais que 3% do PIB. 
 
4- A dívida do governo não deveria ser mais que 60% do PIB. 
 
 
 
FASE A: Preparação da União Monetária Européia - Início: maio de 1998; Duração: 8 meses 
Ratificação dos 11 países-participantes no início de maio de 1998. 
Criação do Banco Central Europeu e do Sistema Europeu dos Bancos Centrais: Decisão sobre as 
estratégias e instrumentos de política monetária. 
Início da produção das cédulas e moedas. 
FASE B: Preparação da União Monetária Européia e da Conversão da Nova Moeda - Início: 
1º de janeiro de 1999; Duração: 3 anos 
Fixação irreversível das paridades de câmbio das moedas nacionais para o Euro. 
O Banco Central Europeu assume a responsabilidade da política monetária. 
Introdução do Euro como moeda escritural. 
Emissões das moedas dos Estados em Euro, a partir de 1
o
 de janeiro de 1999; imediata conversão 
das moedas e divisas, bem como das bolsas e dos sistemas de compensação bancários. 
Final do ano de 2001 é o último prazo para a conversão, em Euro, das demonstrações financeiras, 
tanto do setor público como privado. 
FASE C: Troca das Cédulas e Moedas Início: 1º de janeiro de 2002; Duração: até 6 meses 
À partir de janeiro de 2002 as cédulas e moedas em Euro serão introduzidas como meios legais 
de pagamentos. No mais tardar em 1
o
 de julho de 2002, as notas e moedas nacionais perdem 
suas propriedades, podendo, no entanto, ainda serem trocadas. A duração da fase de trocas das 
notas e moedas pode variar de país a país. 
Fonte: Deutsche Bank Research, “Europas Geld für morgen” – Sonderbericht; junho de 1998 
 
Finanças Internacionais 
 
20 
 
Esses critérios de convergência encontram-se consolidados na tabela abaixo. 
 
Critérios de convergência do Tratado de Maastricht 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Finanças Internacionais 
 
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4. A crise financeira 2007-2008 
A recente crise financeira mundial é tão complexa que deixou perplexos mesmo os 
acadêmicos, especialistas e profissionais de primeira linha, acostumados ao jargão quase 
impenetrável dos mercados. Iniciada nos Estados Unidos, essa crise contagiou outros 
países, chegou ao Brasil e terá efeitos em todo o mundo. 
A seguir um resumo sobre as principais questões relacionadas com esta crise 
(origem, gravidade, tamanho, custo etc.), para que se possa entender suaextensão e 
efeitos sobre as decisões de investimentos institucionais e privados. 
4.1 A origem da crise financeira 
 
Desde o século XVII, todas as crises financeiras são precedidas por bolhas. Desta 
vez, a bolha de crédito começou a se formar em 2001, depois da crise das empresas de 
internet. Sob Alan Greenspan, num período de 24 meses o Federal Reserve Bank (Fed), 
Banco Central Americano, derrubou a taxa de juros de 6% ao ano para 1% ao ano, para 
estimular a economia. Esse dinheiro fácil inundou o mercado, fez dobrar o valor das 
moradias e estimulou as empresas a emprestar sem critérios e sem garantias, com base 
em inovações do mercado financeiro. 
Em paralelo, Wall Street aprendeu nos últimos anos a empacotar hipotecas e outros 
débitos dos consumidores em títulos vendidos no mercado financeiro como papéis de 
primeira linha. Essa ficção financeira movimentou US$ 1,5 trilhão e ajudou os bancos 
de investimento a movimentar muito mais dinheiro do que poderiam em circunstâncias 
normais. Quando o preço das casas começou a cair e os endividados deixaram de pagar 
as prestações dos imóveis, tudo ruiu. As instituições financeiras com carteiras podres 
começaram a quebrar em abril de 2007 e não pararam mais. De lá para cá, o mercado 
tenta, sem sucesso, avaliar o tamanho do rombo coletivo e decidir quem é digno de 
confiança. Essa interrogação paralisou o mercado mundial de crédito. 
4.2 A gravidade da crise 
Esta crise atingiu em cheio o sistema financeiro mundial, cada vez mais central no 
capitalismo. Sem o fluxo normal de crédito, a máquina da economia global ficou 
asfixiada. Esta é a situação atual: o sistema parou, mesmo com os governos dos Estados 
Unidos, da Europa e do Japão injetando US$ 1,4 trilhão na tubulação. O custo dos 
empréstimos entre os bancos cresceu 16 vezes nos últimos 18 meses, porque as 
instituições financeiras não confiam umas nas outras e preferem ter dinheiro em caixa. 
Se os bancos não emprestam dinheiro entre si, também não emprestam para as 
indústrias, para os serviços e para os consumidores. Pode-se dizer que, enquanto os 
mercados financeiros não funcionarem normalmente, a crise financeira vai continuar. 
 
Finanças Internacionais 
 
22 
 
4.3 O tamanho da crise 
 
Em agosto de 2007, quando o Fed foi obrigado a injetar US$ 64 bilhões no mercado 
financeiro americano para desfazer o gargalo de confiança que paralisava os 
empréstimos entre os bancos, percebeu-se que a crise hipotecária tomara uma proporção 
dramática. Deste então vem se tentando dimensioná-la. O Fundo Monetário 
Internacional falou de imediato em custos de US$ 1,5 trilhão. O que então parecia um 
exagero hoje parece uma avaliação otimista. Só o governo americano já empenhou US$ 
1,58 trilhão para tentar conter o desastre. E pode não ser suficiente. 
Calcula-se que a crise tenha pulverizado US$ 17 trilhões das Bolsas de Valores no 
mundo todo até o final de setembro de 2008. Esta quantia equivale a aproximadamente 
13 vezes a economia brasileira e é mais do que a dos Estados Unidos e a do Japão 
juntos. 
Essa é uma medida do problema. Outra, menos abstrata, é que já faliram 13 bancos 
neste ano de 2008 nos Estados Unidos. Desapareceu um setor inteiro do mercado 
financeiro – os centenários bancos de investimento –, tragado por dívidas e incertezas. 
Se tivesse parado por aí, a crise já seria histórica. Mas ela foi além: secou o mercado de 
crédito mundial, derrubou o consumo nos Estados Unidos e congelou planos de 
investimento em todos os países. A economia global travou. 
Empresas como Ford, Toyota e Honda enfrentam quedas de venda da ordem de 30% 
nos Estados Unidos. A General Electric não consegue rolar sua dívida de US$ 90 
bilhões. Foi obrigada a pedir uma injeção de capital de US$ 3 bilhões ao investidor 
Warren Buffett. A Microsoft estava no Congresso americano na semana passada 
fazendo lobby pró-pacote, porque via que seus clientes no mercado financeiro estavam 
sumindo. Além de multi-setorial, a crise é internacional. 
A Europa está socorrendo seus bancos na Inglaterra, na Irlanda e na Bélgica e se 
prepara para enfrentar uma forte desaceleração da economia. A China cortou a taxa de 
juros pela primeira vez em cinco anos para manter seu espetacular crescimento. O preço 
das commodities desabou, com a expectativa de recessão. O financiamento internacional 
às exportações desapareceu, ameaçando o comércio internacional e o equilíbrio 
financeiro de países emergentes como o Brasil. Esta crise atingiu em cheio o coração do 
sistema financeiro, cada vez mais central no capitalismo. Sem o fluxo normal de crédito, 
a máquina da economia global fica asfixiada. Esta é a situação atual: o sistema parou, 
mesmo com os governos dos Estados Unidos, da Europa e do Japão injetando US$ 1,4 
trilhão na tubulação. O custo dos empréstimos entre os bancos cresceu 16 vezes nos 
últimos 18 meses, porque as instituições financeiras não confiam uma nas outras e 
preferem ter dinheiro em caixa. Se os bancos não emprestam dinheiro entre si, também 
não emprestam para as indústrias, para os serviços e para os consumidores. Pode-se 
dizer que, enquanto os mercados financeiros não funcionarem normalmente, a crise 
financeira não vai terminar. 
 
 
 
Finanças Internacionais 
 
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4.4 O custo da crise 
A conta final para a economia planetária poderá chegar a astronômicos US$ 4,5 
trilhões, ou quase 8% do PIB global. Os primeiros a perder são os sistemas bancários 
americano e o europeu. Eles podem ver desaparecer US$ 3 trilhões, se forem 
contabilizados a redução das linhas de crédito das montadoras, o colapso dos cartões de 
crédito, a redução de crédito entre os bancos e outros prejuízos não precificados. 
Também perderão os bancos centrais com títulos dolarizados, basicamente China, Hong 
Kong e Japão. Como a aprovação do pacote econômico de emergência significará um 
aumento do déficit fiscal americano, estudos prevêem uma possível desvalorização do 
dólar. Esses bancos centrais deverão amargar, assim, um prejuízo de US$ 500 bilhões 
nos títulos referenciados em dólares. Some-se a isso o pacote aprovado pelos Estados 
Unidos, num total de US$ 850 bilhões – conta que será paga pelos contribuintes –, e 
chega-se à absurda soma de US$ 4,35 trilhões, o custo estimado da turbulência. 
Importante ressaltar que não é levado em conta os prejuízos decorrentes das perdas de 
empregos, vendas, encomendas, exportações, enfim, da freada que a economia mundial 
poderá sofrer em virtude desse caos. 
4.5 Comparação desta crise com a de 1929 
Medida pelas suas conseqüências até o momento, a crise hipotecária não faz sombra 
aos eventos da década de 30. A Grande Depressão quebrou 1.800 bancos nos Estados 
Unidos, derrubou em 20% o PIB das sete maiores economias do mundo, provocaram 
desemprego de até 33% nos EUA e na Alemanha e fez o comércio mundial encolher em 
dois terços. A crise de 29 foi uma tragédia social e econômica sem paralelo. 
Hoje, o cenário é outro. Os governos dos EUA e da União Européia estão agindo 
com rapidez e energia para debelar a crise financeira. Há disposição em evitar que ela se 
transforme em crise social. Calcula-se que, desde julho de 2007, o governo dos EUA já 
tenha lançado US$ 2 trilhões na economia, na tentativa de evitar que ela mergulhe em 
depressão. Em 29, a primeira medida do governo americano para aumentar a liquidez 
veio três anos depois da explosão da Bolsa. 
Mesmo assim, há semelhanças. A crise atual começou nos EUA e está se 
espalhando. Surgiu como crise financeira localizada e ganhou a economia real. Parecia 
controlável com interferências pontuais do governo, mas já engoliu montanhas de 
dinheiro sem dar sinal de arrefecer. É possível que o mundo esteja presenciando o início 
de algo maior. O ajuste no mercado financeiro pode fugir ao controle, ferindo o sistema 
bancário e as empresas que dele dependem. Se essa engrenagem de destruição devalor 
entrar em movimento, estará montado o cenário que poderia se rivalizar com os efeitos 
da crise de 29. 
 
 
 
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4.6 Duração da crise 
O estrangulamento de crédito no mercado internacional e a falta de confiança entre 
bancos podem ser atenuados em poucas semanas. Entretanto, voltar ao crescimento 
econômico em níveis elevados pode levar mais de um ano. Setores considerados 
motores da economia, como a construção civil e o automobilístico, dependem de crédito 
e atravessam forte desaceleração. Como os Estados Unidos são a maior economia do 
mundo, a diminuição do consumo de sua população provocará queda nas importações 
provenientes de países como China, Índia e Brasil. 
4.7 Efeitos da globalização 
A globalização criou canais de comunicação entre todos os países e setores 
econômicos. Fez do isolamento e da blindagem uma quimera. Os países serão mais 
afetados quanto maior for a sua conexão ao sistema financeiro americano, abertura da 
sua economia e também o grau de endividamento do seu sistema financeiro. A Europa 
tem ligações umbilicais com Wall Street. Em países como o Reino Unido se opera em 
graus elevados de endividamento. Aí a crise vai ser severa. A Ásia é dependente do 
mercado de consumo americano. O sistema financeiro de alguns países – como o Japão 
– funciona em íntima sintonia com Nova York, mas com grau de endividamento menor. 
A crise será menos intensa. No mundo emergente, misturam-se realidades distintas. A 
China está perigosamente vinculada ao mercado financeiro americano: um quinto das 
reservas do país está em títulos dos gigantes falidos das hipotecas, Fannie Mae e 
Freddie Mac. Nenhum país tem tanto a perder com um eventual colapso do mercado 
financeiro. Na América Latina, países como o Brasil vão sofrer com a falta de crédito e 
o encolhimento do mercado de commodities. 
Para ter uma idéia da extensão da atual crise financeira, já “evaporaram” do 
mercado acionário global cerca de US$ 12 trilhões do fim de 2007 até o fim de agosto 
de 2008, último dado oficial disponível, segundo a Federação Mundial de Bolsas de 
Valores. Nesse período, o valor de mercado de todas as ações negociadas no mundo 
caiu de US$ 61 trilhões para US$ 49 trilhões. Em setembro, é provável que outros US$ 
4 trilhões ou US$ 5 trilhões tenham virado pó nos pregões em todo o planeta. É o 
equivalente a mais de duas vezes o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, de R$ 1,9 
trilhão em 2007. 
 
4.8 Efeitos da crise no Brasil 
O comércio internacional perdeu parte de seu vigor e nenhum país ficará livre de 
sofrer algum impacto nos próximos anos. No começo, os problemas estiveram 
confinados ao campo financeiro, castigando principalmente quem investe em ações. Nas 
últimas semanas, a crise começou a contagiar o setor produtivo, atingindo duas das 
principais alavancas do crescimento brasileiro: as exportações e o crédito externo. Com 
a crise, tanto as exportações quanto o crédito encolherão. Para amenizar a situação, nos 
últimos dias o governo adotou algumas medidas. Liberou R$ 5 bilhões para financiar os 
agricultores. O Banco Central injetou mais de R$ 36 bilhões na economia para ajudar 
bancos pequenos e médios que antes buscavam crédito barato no exterior. 
 
Finanças Internacionais 
 
25 
 
4.9 Os estragos da crise 
Transcorridos cerca de dois anos do estouro desta crise, ainda não se pode calcular 
com exatidão seus efeitos. Como previsto, a recessão brasileira foi bem amena do que as 
verificadas nos principais países desenvolvidos. 
 
 
4.10 A economia brasileira e a crise 
A economia brasileira hoje é mais sólida do que até poucos anos atrás. A maior 
parte da expansão do PIB brasileiro vem do mercado interno. Apenas cerca de 15% vêm 
das exportações, área mais afetada pela crise. A confiança do investidor estrangeiro no 
Brasil, que sempre causou instabilidade, não é mais um problema grave. O país tem 
US$ 206 bilhões em reservas, volume suficiente para pagar suas dívidas. Além de ter 
como pagar, o Brasil deve menos. Anos atrás, crises como essas provocavam uma 
disparada no preço do dólar e da dívida. Hoje, a dívida em dólar não só está zerada, 
como o Brasil mudou de lado – é credor em dólares (ÉPOCA 04/10/08). 
 
4.11 Os passos da crise 
 
Em fevereiro de 2008 o economista Nouriel Roubini escreveu artigo em seu site 
(http://www.rgemonitor.com/blog/roubini/) que elencava 12 passos que achava que a 
economia daria em direção a uma crise financeira global. Todos se cumpriram. Esses 
passos encontram-se a seguir: 
 
1- Pior recessão imobiliária da história dos EUA derruba preços entre 20% e 30% de 
seu pico, elimina entre US$ 4 trilhões e US$ 6 trilhões da riqueza imobiliária e deixa 10 
milhões de lares valendo menos do que suas hipotecas. 
 
2- Crise do subprime causa perdas diretas e entre US$ 250 bilhões e US$ 300 bilhões e 
60% de todas as hipotecas feitas entre 2005 e 2007 apresentam componentes tóxicos. 
Bancos congelam crédito 
 
3- Congelamento do credito chega à economia real, diminuindo a oferta de cartões de 
crédito, financiamento de carro, empréstimos a estudantes. Os subprime (pessoas com 
crédito desproporcionalmente maior à riqueza que têm) desses setores começam a 
aparecer. 
 
4- Seguradoras com avaliação inflada pelas agências de risco (como a AIG) começam 
a quebrar. 
 
5- Derretimento do mercado de empréstimos para imóveis comerciais, cai demanda por 
escritórios, lojas e shoppings. 
 
http://www.rgemonitor.com/blog/roubini/
 
Finanças Internacionais 
 
26 
 
6- Quebram grandes bancos regionais e nacionais mais expostos às hipotecas de alto 
risco. 
 
7- Prejuízos de bancos aumentam com a perda do valor dos ativos. 
 
8- Crise financeira contagia o mundo corporativo e há uma onda de falências. 
 
9- O sistema financeiro paralelo (bancos de investimentos, por exemplo), se desfaz. 
 
10- Os valores das ações desabam, levando consigo as bolsas do mundo inteiro. 
 
11- Há falta de liquidez generalizada nos mercados financeiros, incluindo empréstimos 
interbancários. 
 
12- Começa o “círculo vicioso” de perdas, redução de capital, congelamento de crédito, 
concordatas e vendas de ativos abaixo do valor de mercado. 
 
 
Finanças Internacionais 
 
27 
 
5. Emissão de bônus no exterior 
 
 
O presente capítulo aborda as formas de captação de recursos no exterior, 
através da emissão de Bônus. Nos dois capítulos subseqüentes serão abordados, 
respectivamente, a emissão de Recibos de Depósito (Depositary Receipts) e a 
Securitização de Recebíveis. 
 
 
5.1 Emissão de bônus no exterior 
 
 
Os Bônus são títulos lançados no exterior para captação de recursos em valores 
elevados, por empresas nacionais com penetração internacional. Em função dos 
volumes, tais lançamentos são feitos através de bancos sindicalizados. Podem ser 
lançados títulos com taxas de juros fixas ou flutuantes. 
 
O Banco Central determina o prazo mínimo de captação no mercado 
internacional por meio da emissão de títulos (bônus), operações de empréstimos entre 
empresas (intercompanies) e das operações 63, pelas quais um banco no País contrata 
empréstimos no exterior e repassa internamente às empresas, tendo fixado em oito anos 
o prazo mínimo para que tais títulos possam beneficiar-se da isenção fiscal do Imposto 
de Renda de 25% sobre ganhos de capital. Normalmente os títulos são vendidos com 
desconto em relação ao valor de face. O cálculo, em sistema de fluxo de caixa, de 
acordo com o prazo do título e levando em conta o desconto e o juros prometidos, 
resulta no retorno obtido pelo investidor, conforme o exemplo a seguir, cuja solução 
encontra-se no final deste capítulo: 
 
 
- Preço de Emissão: US$ 94,0480 
- Juros: 10% ao ano 
- Retorno: 13,4944% a.a 
- Prazo: 2 anos 
 
 
 
 
 
 
Finanças Internacionais 
 
28 
 
A avaliação deste retorno normalmente é feita com a comparaçãode quantos 
pontos, percentuais ou pontos-base (centésimos de ponto), estão acima do título de 
menor risco no mercado, normalmente os títulos do Tesouro norte-americano (Treasure 
Bill) 
O termo bônus é usado tradicionalmente, no exterior, para títulos com mais de 
dez anos de prazo. Para os títulos com menos de dez anos, utiliza-se o termo Notes. 
Eurobônus e Euronotes caracterizam a emissão dos referidos títulos, denominados em 
dólar, mas fora dos Estados Unidos, conforme exemplo abaixo, cuja solução se encontra 
também no final deste capítulo. 
 
A Cia. Vale do Rio Doce fez em setembro de 1991 o lançamento de 200 milhões de 
dólares em eurobônus sindicalizados pelo Citicorp, com prazo de três anos, com uma 
opção de recompra pelo investidor ao final de dois anos. Compondo o cupom semestral 
de juros de 10% ao ano com o deságio no lançamento do papel, lançado a 96,404 do 
valor de face, o rendimento para o investidor ficou em 11,45%. ao ano. 
 
 
Alguns Eurobônus são lançados com opções específicas, tais como: 
 
• Opção Put - permite a devolução do título pelo investidor ao emissor, antes do prazo 
final (decisão do investidor) e protege o investidor contra a subida das taxas de 
juros. 
 
• Opção Call - permite o resgate do título por parte do emissor, antes do prazo final 
(decisão do emissor) e protege o emissor contra queda das taxas de juros. 
 
 
Os passos para acessar o mercado de Eurobônus são resumidamente os seguintes: 
 
 Em primeiro lugar é necessário escolher uma instituição financeira de confiança. 
É o banco coordenador que vai levar as condições do mercado internacional para a 
empresa. A confiança de que o banco tem condições de obter os melhores preços e a 
vontade de repassar o máximo para o emprestador é fundamental. 
 
 O segundo passo corresponde a fase do chamado trabalho preparatório. Nessa 
fase, advogados no exterior, bancos e os principais executivos se reúnem para 
discutir a estratégia e as perspectivas do lançamento dos papéis. Apesar de haver 
um parâmetro de taxa, esta só é definida quando os bônus chegam ao mercado. 
 
 A terceira fase é onde o coordenador faz a última leitura do mercado antes da 
colocação dos papéis. Antes disso o líder forma um sindicato de co-líderes para 
distribuir o bônus. No mais, é torcer para que o titulo tenha uma boa receptividade no 
mercado!! 
 
 
 
 
 
 
 
Finanças Internacionais 
 
29 
 
5.2 Mercados internacionais de renda fixa - glossário 
 
• EUROBÔNUS - o termo designou inicialmente captações em dólar fora do Estados 
Unidos, voltadas especialmente para investidores europeus. Mais genericamente, 
considera-se o euromercado como o segmento do mercado internacional de captação 
voltado para os não-residentes no país emissor da moeda na qual o título é 
denominado. Por exemplo, um título em dólares, não direcionado a americanos, e 
vendido na Europa. 
 
• EURONOTAS - as euronotas não são, tecnicamente falando, bônus. A definição 
mais rigorosa de bônus é de títulos com prazo acima de dez anos. Os títulos com 
prazo de um a dez anos, com os quais o Brasil firmou sua posição no euromercado, 
são, na verdade “notes” ou “euro notes” - em português, euronotas. O mercado 
brasileiro, porém, adotou quase exclusivamente a expressão eurobônus para 
designar aqueles papéis, dando à palavra um sentido genérico de títulos negociáveis 
de dívida de empresas (ou países). 
 
• COUPONS - taxa de juros nominal de um título de renda fixa. 
 
• FIXED RATE NOTES - a maioria dos papéis emitidos por empresas e bancos 
brasileiros no euromercado são “fixed rate notes”. A definição do termo é 
simplesmente um título com taxas fixas. Por uma convenção do mercado, costuma-
se cotar esses papéis como um “spread” acima da rentabilidade do título do Tesouro 
norte-americano de prazo equivalente, no momento da emissão da “note”. 
 
• RETORNO (“YIELD”) - agrega os efeitos dos “coupons” e de ágio/deságio no 
preço do título de renda fixa. O “yield” (“yield to maturity”) representa a taxa 
interna de retorno do título. 
 
• SPREAD - o termo considerado genericamente como a diferença entre o custo de 
captação e de empréstimo, tem um significado específico no mercado internacional 
de títulos de renda fixa. Aí, o “spread” refere-se à diferença em pontos básicos entre 
a rentabilidade de um papel e o título do Tesouro norte-americano de prazo 
equivalente. No caso de um título em marcos no mercado alemão, o “spread” é 
calculado em relação ao título do tesouro alemão; no mercado japonês, do título do 
tesouro japonês, e assim por diante. 
 
• PONTOS BASE - pontos centesimais na rentabilidade de um título. Se um título de 
5% de juros ao ano passa para 6% ao ano, sua rentabilidade subiu 100 pontos 
básicos. 
 
• YANKEE BONDS - são os títulos de renda fixa denominados em dólares e 
emitidos nos EUA por entidade (empresas, governos) não-americana. 
 
 
• BÔNUS GLOBAL-- lançado simultaneamente em vários mercados mundiais, como 
os Estados Unidos, Europa e Japão. 
 
 
Finanças Internacionais 
 
30 
 
• BÔNUS SAMURAI - títulos de renda fixa de empresas não-japonesas, com fluxos 
pagos em ienes japoneses, lançados no Japão. Como exemplo temos a emissão, 
ilustrada abaixo, do México em fevereiro de 97. 
 
• MEDIUM-TERM NOTES - são notas ou bônus com prazos que variam de 9 meses 
a 30 anos. O processo de emissão destes títulos é mais flexível do que o de um 
bônus comum (eurobônus), pois pela Regra 415, regra da SEC, pode-se montar um 
programa de emissão de MTN’s, dentro do qual diversas tranches podem ser 
emitidas em momentos diferentes, desde que dentro do prazo de existência do 
Programa, que seja três anos, cinco anos, etc. Esta possibilidade de emissão em base 
contínua torna a MTN mais flexível do que um Eurobônus, onde a emissão ocorre 
em um único momento. 
 
 
• Straight Bonds (Fixed-Rate Notes & Bonds) - são títulos que pagam coupons 
(juros) iguais e fixos e vencimentos fixos, sem cláusulas de recompra ou revenda 
(opções de recompra por parte do emissor ou de revenda por parte dos investidores 
(“bondholders”). Como exemplo de uma Euronota de Taxas Fixas (“Fixed-Rate 
Euronote”), temos a emissão de 5 anos do Banco do Brasil em l993, conforme 
mostrado a seguir. 
 
 
Ex: Euronotes do Banco do Brasil 
 
 5 anos 
 coupon de 9% a.a. 
 coupons semestrais 
 
 
• Embedded-Options Bonds (Bônus com Opções Embutidas) - são títulos 
que apresentam opções de recompra e/ou de revenda antes do vencimento, caso dos 
“Callable”/“ Putable Bonds”. Também dentro desta classificação estão os 
“Convertible” e os “Exchangeable, títulos que dão direito ao seu possuidor de 
convertê-los em ações. 
 
 
Callable e Putable Bonds 
 
São títulos que contém opções de recompra e ou de revenda por parte, 
respectivamente, do emissor e ou do investidor. Como exemplo deste tipo de título 
temos o Eurobond da Petrobrás descrito a seguir: 
 
• Ex: Euronote da Petrobrás 
• 2 anos 
• Coupon de 10% a.a. 
• Coupons semestrais 
• Opção de Recompra (“call”), um ano antes do vencimento 
 
 
 
Finanças Internacionais 
 
31 
 
5.3 RATING (classificação de risco) 
Agências privadas e independentes em mercados maduros como o americano 
classificam o grau de risco de títulos de renda fixa. As empresas são classificadas em 
três categorias de risco- alta credibilidade, baixa credibilidade e risco substancial ou em 
default. Um sumário dos sistemas de classificação e simbologias utilizadas pelas 
agências de risco Moody’s, S&P, Fitch e D&P pode ser observado, a seguir: 
 
SUMMARY OF CORPORATE BOND RATING SYSTEMS AND 
SYMBOLS 
Moody’s S&P Fitch D&P Brief Definition 
Investment Grade: High Creditworthiness 
 
Aaa AAA AAA AAA Gift edge, prime, maximum 
 safety 
Aa1 AA+ AA+ AA+ 
Aa2 AA AA AAVery high grade , high 
 quality 
Aa3 AA- AA- AA- 
A1 A+ A+ A+ 
A2 A A A Upper medium grade 
A3 A- A- A- 
Baa1 BBB+ BBB+ BBB+ 
Baa2 BBB BBB BBB Lower medium grade 
Baa3 BBB- BBB- BBB- 
 
Non- Investment Grade: Distinctly Speculative - Low Creditworthiness 
 
Ba1 BB+ BB+ BB+ 
Ba2 BB BB BB Low grade 
Ba3 BB- BB- BB- 
B1 B+ B+ 
B2* B B B Highly speculative 
B3 B- B- 
 
Non-Investment Grade:Predominantly Speculative- Substantial Risk or in Defaults 
 CCC+ 
Caa CCC CCC CCC Substantial risk, 
 CCC- in poor standing 
Ca CC CC May be in default, extremely 
 speculative 
C C C even more speculative than 
 those above 
 CI CI= Income bonds - no 
 interest is being paid 
 DDD Default 
 DD DD 
 D D 
 
 
Finanças Internacionais 
 
32 
 
5.4 Solução dos exercícios 
 
Preço de Emissão: US$ 94,0480 
Juros: 10% ao ano 
Retorno: 13, 4944% ao ano 
Prazo: 2 anos 
 
 5,00 
 100,00 
 5,00 5,00 5,00 
 2 anos 
 1 ano 
94,048 
 
 
94,048= 5,00 FRP (4; i) + 100 FSP (4; i); i = 6,7472 a.s. 
Taxa de juros nominal ao ano: i = 13,4944% a.a. 
Taxa de juros nominal ao ano (yield to maturity): 13,4944% aa. 
 
 
Preço de Emissão: US$96,404 
Juros: 10% ao ano 
Retorno: 11,45% ao ano 
Prazo: 3 anos 
 
 
 105,00 
 
 5,00 5,00 5,00 5,00 
 
 1 ano 2 anos 3 anos 
96,404 
 
 
96,404= 5,00 FRP (6; i) + 100 FSP (6; i); i = 5,7250% a.s 
 
Taxa de juros nominal ao ano (yield to maturity): 11,45%% aa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Finanças Internacionais 
 
33 
 
Exercício: Um bond é lançado no mercado com valor de face de $1000, pagando juros 
de 10% ao ano. A maturity do título é de 10 anos. Se o mercado descontar esse titulo à 
taxa nominal de 12%, determine o preço de negociação deste papel. 
 1000,00 
 
 
 
 50 ................................................................................. 50 
 
 20 semestres 
 
 1000,00 
 
 
 P = 50 FRP (20; 6%) + 1000 FSP (20; 6%) = 885,30, 
 
 Valor do deságio: 11,47% ao ano 
 
 
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34 
 
6. Recibos de depósito - ADRs 
 
 
 A emissão de Recibos de Depósito (Depositary Receipts- DRs ) é uma forma de 
captação de recursos no exterior por empresas brasileiras. Os DRs representam direitos 
sobre ações da empresa brasileira emitente (dos recibos). Estes Recibos são criados para 
negociação no exterior, principalmente no mercado norte-americano, e são lastreados 
em ações adquiridas no mercado secundário ou de emissão primária depositadas pela 
empresa emissora junto a uma instituição financeira no Brasil, para custódia. Essa 
instituição é conhecida como custodiante. No exterior, os Recibos são emitidos pela 
instituição financeira autorizada, chamada instituição depositária. (Pina, 1999) 
 As ações devem ser de companhias abertas registradas na CVM e negociadas em 
Bolsas de Valores. A instituição custodiante deve ser autorizada pela CVM a prestar 
serviço de custódia na emissão de Depositary Receipts - DRs. 
 Os DRs - Depositary Receipts - são definidos pelo CMN como “certificados 
representativos de ações ou outros valores mobiliários que representem direitos a ações, 
emitidos no exterior por instituição depositária, com lastro em valores mobiliários 
depositados em custódia específica no Brasil”. 
Dependendo do programa, e existem quatro programas de emissão de DRs, como 
veremos adiante, os recursos externos que ingressam no Brasil podem estar relacionados 
aos mercados primário ou secundário. 
 As emissões de DRs devem seguir as normas que regem a negociação de títulos 
no exterior. Estas normas podem exigir padrões contábeis internacionais, dependendo, 
novamente, do tipo de programa escolhido, níveis I, II, III ou IV. As normas podem 
requerer também registro de valores imobiliários. 
 Quanto às exigências no Brasil, para um programa de lançamento de DRs, além 
da instituição custodiante ter que ser autorizada pela CVM para prestar serviço de 
custódia, como visto acima, também é necessário que: 
 
• CVM autorize previamente o lançamento dos DRs; 
• Programa seja registrado junto à CVM e 
• Faça-se o registro junto ao Banco Central do Brasil, para fins de movimentação de 
recursos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Finanças Internacionais 
 
35 
 
As características dos programas de lançamento de ADRs são descritas a seguir: 
 
6.1 Tipos de ADRs 
 
- Nível I 
- Nível II 
- Nível III 
- Regra 144-A. 
 
 
 
6.2 Programa ADR Nível I 
 
Compreende a maior parte das operações efetuadas até agora por empresas 
domiciliadas no País. Os programas envolvem o lançamento de certificados no mercado 
norte-americano para negociação apenas em balcão. Neste caso, não é necessário que a 
empresa atenda a normas contábeis dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, os valores 
objeto de custódia são ações adquiridas no mercado secundário brasileiro, não 
representando novo lançamento da empresa/instituição. A estratégia não somente 
simplifica a operação, como se beneficia com um menor número de exigências da SEC - 
Securities and Exchange Comission. Normalmente, o ADR Nível I visa apenas à uma 
colocação primária futura no mercado norte-americano, tendo por objetivo inicial tornar 
o papel e seu respectivo emissor mais conhecidos no exterior. 
 
 1a Agentes Participantes 
 
• Banco Custodiário Brasileiro 
• É a instituição financeira brasileira que aceita para custódia, ações adquiridas no 
mercado secundário. 
• Banco Depositário Internacional 
• Banco no exterior, que em acordo com o Banco Custodiário Brasileiro, emite 
certificados

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