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S-1 1, Introdução 1-1 Questões para recapitulação 1-4 Referências bibliográficas 1-4 2. A água para abastecimento público 2-1 2.1. Generalidades 2-1 2.2. A água: solvente universal 2-2 2.3. Distribuição da água sobre a Terra 2.5 Questões para recapitulação 2.6 Referências bibliográficas 2.7 3. Qualidade da água 3-1 4. Formas clássicas de tratamento 4-1 4.1. Introdução 4-1 4.2. Desinfecção simples e correção do pH 4-2 4.3. Filtração 4-2 4.4. Decantação 4-3 4.5. Coagulação e floculação 4-3 4.6. A estação clássica de tratamento de água 4-3 Questões para recapitulação 4-5 Referências bibliográficas 4-6 5. Fundamentos de química 5-1 5.1. Introdução 5-1 5.2. Impurezas encontradas na água bruta 5-1 5.3. Desestabilização das partículas coloidais 5-4 5.4. Principais coagulantes, floculantes e auxiliares 5-5 5.5. Química do sulfato de alumínio, alcalinidade e dureza na água em tratamento5-6 5.5.1. Introdução 5-6 5.5.2. Desestabilização por adsorção e neutralização 5-9 5.5.3. Desestabilização por varredura 5-10 5.5.4. Combinação da adsorção e varredura 5-11 5.5.5. Diagrama de Amirtharajah e Mills 5-12 5.5.6. Problema resolvido 5-16 S-2 5.5.7. Problema resolvido 5-17 5.5.8. Alcalinidade e dureza 5-17 5.6. Equilíbrio carbônico da água: agressividade e incrustabilidade 5-19 Questões para recapitulação 5-23 Referências bibliográficas 5-24 6. Física, mecânica dos fluidos e hidráulica 6-1 6.1. Introdução 6-1 6.2. Massa 6-1 6.3. Velocidade 6-1 6.3.1. Problema resolvido 6-2 6.4. Aceleração 6-2 6.4.1. Problema resolvido 6-2 6.5. Força 6-3 6.5.1. Problema resolvido 6-3 6.6. Peso 6-4 6.6.1. Problema resolvido 6-4 6.7. Trabalho 6-5 6.7.1. Problema resolvido 6-5 6.8. Energia 6-6 6.8.1. Energia potencial de posição 6-6 6.8.2. Energia potencial de pressão 6-6 6.8.3. Energia Cinética 6-6 6.8.4. Problema resolvido 6-6 6.9 Potência 6-7 6.9.1 Problema Resolvido 6-8 6.10 Massa Específica e Densidade Relativa 6-8 6.10.1. Problema resolvido 6-9 6.11. Peso Específico 6-9 6.11.1. Problema resolvido 6-9 6.12. Pressão 6-10 6.12.1. Definição 6-10 6.12.2. Problema resolvido 6-10 6.12.3. Relação entre pressão e altura de água 6-11 6.12.4. Problema resolvido 6-12 6.13. Tensão Tangencial 6-13 6.13.1. Problema resolvido 6-13 6.13.2. Observações sobre a tensão tangencial 6-13 6.14. Vazão 6-13 6.14.1 Problema resolvido 6-14 6.15 Velocidade Média 6-14 6.15.1. Problema resolvido 6-15 6.15.2. Observações sobre a Velocidade Média 6-15 6.16. Tempo de detenção 6-15 6.16.1. Problema resolvido 6-15 S-3 6.16.2 Observações sobre o tempo de detenção 6-16 6.17. Carga 6-16 6.17.1. Problema resolvido 6-16 6.18 Viscosidade e Gradiente de Velocidade 6-18 6.18.1. Problema resolvido 6-19 6.18.2. Observações sobre a viscosidade e o gradiente de velocidade 6-19 6.19. Equação de Bernoulli e perda de carga 6-20 6.19.1. Problema resolvido 6-21 6.19.2. Observações sobre a equação de Bernoulli para fluidos reais 6-22 6.19.3. Observações sobre o termo perda de carga 6-22 6.19.4. Representação gráfica da equação de Bernoulli 6-23 6.20. Perda de cargm condutos 6-23 6.20.1. Perda de carga contínua: fórmula universal das perdas de carga 6-23 6.20.1.1. Definição 6-23 6.20.1.2. Regime laminar e regime turbulento: número de Reynolds 6-25 6.20.1.2.1. Problema resolvido 6-26 6.20.1.2.2. Problema resolvido 6-27 6.20.1.2.3. Camada limite 6-27 6.20.1.3. Cálculo da perda de carga contínua em condutos de seção circular totalmente cheios (a seção plena) 6-29 6.20.1.3.1. Problema resolvido 6-30 6.20.1.3.2. Caso particular: escoamento com distribuição em marcha 6-32 6.20.1.3.2.1. Problema resolvido 6-34 6.20.1.4. Cálculo da perda de carga contínua em condutos de seção não circular totalmente cheios (a seção plena) 6-35 6.20.1.4.1. Escoamento em regime laminar 6-35 6.20.1.4.1.1. Problema resolvido 6-36 6.20.1.4.2. Escoamento em regime turbulento 6-36 6.20.1.4.2.1. Problema resolvido 6-37 6.20.1.5. Por que o regime é laminar ou turbulento? 6-37 6.20.2. Perdas de carga localizadas em condutos circulares a seção plena 6-39 6.20.2.1. Problema resolvido 6-39 6.21.2. Cálculo da perda de carga no regime uniforme 6-43 6.21.2.1. Problema resolvido 6-44 6.21.3. Número de Froude 6-45 6.21.3.1. Problema resolvido 6-46 6.21.4. Energia específica 6-46 6.21. Perda de carga em canais 6-41 S-4 6.21.1. Regimes uniforme, gradualmente variado e bruscamente variado 6-41 6.21.2. Cálculo da perda de carga no regime uniforme 6-42 6.21.2.1. Problema resolvido 6-43 6.21.3. Número de Froude 6-44 6.21.3.1. Problema resolvido 6-45 6.21.4. Energia específica 6-45 6.21.5. Equação da quantidade de movimento 6-48 6.21.6. Ressalto hidráulico 6-49 6.21.6.1. Caracterização do ressalto 6-49 6.21.6.2. Problema resolvido 6-51 6.21.6.3. Força específica no ressalto hidráulico: dissipação de energia no ressalto 6-50 6.21.6.4. Alturas conjugadas e extensão do ressalto 6-52 6.22. Perda de carga em meios porosos 6-54 6.22.1. Lei de Darcy 6-54 6.22.1.1. Problema resolvido 6-55 6.22.1.2. Considerações sobre a lei de Darcy e sua aplicação 6-56 6.22.2. Equação de Forchheimer 6-56 6.23. Bombas: altura manométrica 6-58 6.23.1. Problema resolvido 6-58 6.24. Potência das correntes líquidas 6-58 6.24.1. Problema resolvido 6-59 6.25. Potência de bombas 6-60 6.25.1. Problema resolvido 6-60 6.26. Relação entre gradiente de velocidade e potência 6-61 6.26.1. Problema resolvido 6-63 6.27. Força de arraste 6-64 6.27.1. Problema resolvido 6-64 6.28. Orifícios, bocais e vertedouros 6-65 6.28.1. Orifícios e bocais 6-65 6.28.1.1. Problema resolvido 6-67 6.28.2. Vertedouros de descarga livre 6-68 6.28.2.1. Problema resolvido 6-69 6.29. Cinética dos choques entre partículas em suspensão 6-70 Questões para recapitulação 6-73 Referências bibliográficas 6-77 7. Mistura rápida 7-1 7.1 O conceito de mistura rápida 7-1 7.2 Disposições da NBR-12216 7-1 7.2.1 Observações sobre os valores preconizados pela NBR 12216 para o gradiente de velocidade e o tempo de detenção 7-2 S-5 7.3 Misturadores hidráulicos 7-3 7.3.1 Introdução 7-3 7.3.2 Medidor Parshall 7-3 7.3.2.1 Generalidades 7-3 7.3.2.2. Gradientes de velocidade em medidores Parshall 7-7 7.3.2.3. Tempos de detenção em medidores Parshall 7-8 7.3.2.4. Diretrizes para a seleção do medidor Parshall adequado à mistura rápida 7-8 7.3.2.5. Problema resolvido 7-8 7.3.3 Queda d'água de vertedouros 7-12 7.3.3.1 Generalidades 7-12 7.3.3.2. Problema resolvido 7-13 7.3.4 Difusores ou malhas difusoras 7-14 7.3.4.1 Generalidades 7-14 7.3.4.2 Gradiente de velocidade em malhas difusoras 7-14 7.3.4.3 Recomendações da NBR 12216 7-16 7.3.4.4 Problema resolvido 7-16 7.3.4.5 O modelo matemático de Hespanhol 7-18 7.3.4.5.1. Problema resolvido 7-21 7.4. Misturadores mecanizados 7-26 7.4.1. Introdução 7-26 7.4.2. Disposições da NBR 12216 7-26 7.4.3. Turbinas e hélices 7-27 7.4.3.1. Gradientes de velocidade na turbina estudada por Parlatore 7-28 7.4.3.1.1. Problema resolvido 7-30 7.4.3.1.2. Outros modelos de misturadores rápidos 7-32 7.4.4. Rotores de bombas 7-33 7.4.4.1. Problema resolvido 7-33 Questões para recapitulação 7-35 Referências bibliográficas 7-37 8. Floculação 8-1 8.1. Introdução 8-1 8.2. Floculação ortocinética e floculação pericinética 8-1 8.3. Floculação ortocinética, gradiente de velocidade, tempo de detenção e número de Camp 8-2 8.4. Tipos de floculadores 8-3 8.5. Disposições da NBR 12216 8-3 8.6. Eficiência da floculação e compartimentação de floculadores 8-4 8.7. Gradiente de velocidade em tubulações e passagens 8-6 8.7.1. Introdução 8-6 8.7.2. O modelo matemático 8-7 S-6 8.8. Hidráulica dos floculadores mecanizados 8-9 8.8.1. Disposições de norma 8-9 8.8.2. Tipos usuais 8-10 8.8.2.1. Agitadores do tipo de paletas 8-10 8.8.2.1.1. Tipos Básicos 8-10 a) Floculador de paleta de eixo Vertical 8-10 b) Floculador de paletas c) de eixo horizontal 8-12 c) Floculador de paleta única, de eixo vertical 8-13 8.8.2.1.2. Modelo matemático 8.8.2.1.3. Problema resolvido 8-19 8.8.2.2. Agitadores do Tipo de Fluxo Axial (Turbinas e Hélices) 8-20 8.8.2.2.1. Descrição 8-20 8.8.2.2.2. Modelo matemático 8-21 8.8.2.2.3. Problema resolvido 8-22 8.8.2.2.4. Floculador tipo hélice modelo Filsan 8-23 8.9. Hidráulica dos floculadores hidráulicos 8-24 8.9.1. Introdução 8-24 8.9.2. Tipos usuais 8-25 8.9.2.1. Floculador de chicanas 8-25 a) Chicanas verticais 8-25 b) Chicanas horizontais 8-27 8.9.2.2. Floculador tipo Cox 8-27 8.9.2.3. Floculador tipo Alabama 8-28 8.9.3. Recomendações da Norma 8-30 8.9.4. Problema Resolvido 8-31 8.10. Floculadores não tradicionais 8-34 8.10.1. Introdução 8-34 8.10.2. Floculador mecanizado do tipo de paletas, de câmaras superpostas 8-34 8.10.3. Floculador hidráulico do tipo de bandejas perfuradas 8-35 8.10.4. Floculação em meio granular 8-36 8.4.10.1. Problema resolvido 8-40 8.10.5. Uso de telas em estações de tratamento 8-43 8.10.5.1. Aplicações práticas 8-43 8.10.5.2. Vantagem teórica no uso de telas 8-44 8.10.5.3. Determinação do gradiente de velocidade 8-45 8.10.5.4. Problema resolvido: floculador de Riddick 8-47 8.10.5.5. Problema resolvido 8-48 Questões para Recapitulação 8-50 Referências Bibliográficas 8-51 S-7 9. Decantação 9-1 9.1. Noções introdutórias 9-1 9.1.1. Descrição 9-1 9.1.2. Sedimentação de partículas discretas 9-1 9.1.2.1. Teoria 9-1 9.1.2.2. Dimensionamento de desarenadores (caixas de areia) 9-4 9.1.2.2.1. Exemplo resolvido 9-8 9.1.3. Sedimentação de partículas floculentas 9-9 9.1.3.1. Considerações iniciais 9-9 9.1.3.2. Ensaio em coluna de sedimentação 9-9 9.1.3.2.1. Exemplo resolvido 9-10 9.2 Decantadores 9-12 9.2.1. Caracterização: disposições da NBR 12216 9-12 9.2.2 Tipos de decantadores 9-12 9.3 Decantadores clássicos 9-13 9.3.1 Tipos 9-13 9.3.2. Decantadores clássicos de seção retangular 9-13 9.3.2.1 Descrição 9-13 9.3.2.2. Avaliação da eficiência 9-14 9.3.2.2.1. Decantador ideal 9-14 9.3.2.2.2. Decantador real 9-16 9.3.2.3. Velocidade máxima permissível 9-20 9.3.2.3.1 Problema resolvido 9-22 9.3.3 Decantadores clássicos de seção circular 9-23 9.4 Decantadores de fluxo laminar 9-23 9.4.1 Descrição e classificação 9-23 9.4.2 Decantadores laminares de fluxo ascendente 9-23 9.4.2.1 Introdução 9-23 9.4.2.2 Descrição 9-24 9.4.2.3 Módulos para a decantação laminar 9-25 9.4.2.4 O modelo matemático de Yao 9-28 9.4.2.5 Velocidade máxima permissível para a água no interior dos elementos tubulares 9-32 9.4.2.6 Distância entre os elementos tubulares e as estruturas de entrada (sob os elementos) e saída (sobre os elementos) 9-33 9.4.2.6.1 Caracterização do problema 9-33 9.4.2.6.2 O modelo matemático 9-34 9.4.3 Decantadores laminares de fluxo horizontal 9-35 9.4.3 Decantadores laminares de fluxo horizontal 9-37 9.5.1.1 Descrição 9-38 9.5.1.2 Exemplo resolvido 9-39 9.5.2 Canal de acesso aos decantadores 9-39 9.5.2.1 Descrição 9-39 S-8 9.5.2.2 Modelo matemático devido a Hudson e colaboradores 9-40 9.5.3.4 Problema resolvido 9-52 9.5.4 Coleta de água decantada 9-52 9.5.4.1 Descrição 9-52 9.5.4.2 Modelo matemático 9-54 9.5.4.3 Bordas vertedouras ajustáveis 9.5.4.4. Disposições da NBR 12216 9-59 9.5.4.5. Problema resolvido 9-61 9.5.5. Descarga de decantadores 9-62 9.5.5.1. Tipos 9-62 9.5.5.2. Tempo de esvaziamento dos decantadores 9-64 9.5.5.2.1. Problema resolvido 9-66 9.5.5.3. Remoção hidráulica de lodos de fundo de decantadores, através de manifolds 9-66 9.5.5.3.1. Introdução 9-67 9.5.5.3.2. Resolução do problema 9-68 9.5.6. Distribuição de água floculada sob os módulos de decantadores laminares de fluxo vertical 9-75 9.5.6.1. Descrição 9-75 9.5.6.2. Dimensionamento 9-76 9.6. Problema resolvido 9-76 9.7. Problema resolvido 9-81 Questões para recapitulação 9-86 Referências bibliográficas 9-88 10. Filtração 10.1 10.1. Introdução 10-1 10.2. Generalidades 10-1 10.2.1. Filtros lentos 10.2 10.2.2. Filtros rápidos de fluxo descendente 10.3 10.2.3. Filtros rápidos de fluxo ascendente 10.3 10.2.4. Filtros rápidos de fluxo descendente, de camada espessa10.6 10.3. Leitos filtrantes, camada suporte e fundos falsos 10.7 10.3.1. Leito filtrante 10.7 10.3.1.1. Areia 10.7 10.3.1.2. Antracito 10.8 10.3.2. Fundos falsos 10.10 10.3.2.1. Fundos patenteados 10.10 a) Bocais 10.10 b) Blocos perfurados 10.11 10.3.2.2. Fundos que podem ser construídos no canteiro de obras 10.13 a) Tubulação perfurada 10.13 b) Vigas pré—fabricadas 10.14 S-9 10.3.3. Camada suporte 10.14 10.4. Velocidades de interesse na filtração 10.18 10.4.1. Taxas de filtração: disposições da NBR 12216 10.18 10.4.1.1. Problema resolvido 10.19 10.4.1.2. Problema resolvido 10.19 10.5. Perda de carga no leito filtrante 10.20 10.5.1. Perda de carga em leitos estratificados 10.21 10.5.1.1. Problema resolvido 10.22 10.5.2. Perda de carga em leitos não estratificados 10.24 10.5.2.1. Problema resolvido 10.25 10.6. Perda de carga nas canalizações adjacentes ao filtro 10.26 10.6.1. Blocos Leopold 10.27 10.6.1.1. Problema resolvido 10.27 10.6.2. Tubos perfurados 10.30 10.6.2.1. Problema resolvido 10.31 10.6.3. Vigas californianas 10.33 10.6.3.1. Problema resolvido 10.34 10.7. Perda de carga total no filtro 10.34 10.7.1. Hidráulica da operação de filtros de fluxo descendente 10.35 a) Filtros com perda de carga total constante e velocidade de aproximação variável 10.35 b) Filtros com perda de carga total e velocidade de aproximação constantes 10.36 c) Filtros com perda de carga total variável e velocidade de aproximação constante 10.40 d) Filtros com perda de carga total e velocidade de aproximação variáveis 10.41 10.7.2. Hidráulica da operação de filtros de fluxo ascendente 10.44 a) Filtros com taxa constante e carga variável 10.44 b) Filtros de taxa e carga variáveis 10.45 10.8. Lavagem do leito filtrante 10.45 10.8.1. Filtros lentos 10.46 10.8.2. Filtros rápidos 10.48 10.8.2.1. Problema resolvido 10.49 10.8.2.2. Lavagem via reservatório, por gravidade 10.49 10.8.2.3. Lavagem via reservatório, por bombeamento 10.50 10.8.2.4. Sistema autolavável 10.50 10.9. Sistemas auxiliares de lavagem 10.53 10.9.1. Filtros de fluxo descendente 10.53 10.9.1.1. Bocais fixos 10.55 10.9.1.2. Bocais fixados em braços rotativos 10.55 10.9.1.3. Lavagem auxiliar com ar 10.56 10.9.1.4. Lavagem auxiliar de pequenos filtros 10.57 10.9.2. Filtros de fluxo ascendente 10.58 10.10. Determinação da expansão do leito filtrante durante a lavagem em fluxo ascendente 10.59 S-10 10.10.1. Problema resolvido 10.61 10.11. Determinação da perda de carga no leito filtrante durante a lavagem em contracorrente (retrolavagem) 10.63 10.11.1. Problema resolvido 10.64 10.11.2. Expressões simplificadas 10.64 10.11.3. Problema rersolvido 10.65 10.11.4. Problema resolvido 10.65 10.12. Calhas coletoras de água de lavagem 10.67 10.13. Velocidades recomendadas para as canalizações e comportas adjacentes aos filtros 10.71 10.14. Simulação do funcionamento de um sistema de taxa declinante variável 10.71 10.14.1. Problema resolvido 10.75 Questões para recapitulação 10.79 Referências bibliográficas 10.83 11 Tratamentos complementares 11.1 11.1 Generalidades 11.1 11.2. Desinfecção 11.2 11.2.1. Introdução 11.2 11.2.2. Cloração 11.3 I. Cloração de Águas Relativamente Puras 11.4 II. Cloração de Águas Contendo Impurezas 11.4 11.3. Fluoretação 11.11 11.4. Correção do pH 11.13 Questões para recapitulação 11.13 Referências bibliográficas 11.14 Anexo 1 Tubos: rugosidade equivalente k (mm) A1.1 Anexo 2 Valores de n das fórmulas de Ganguillet-Weiss A2.1 Anexo 3 Medidores Parshall A3.1 Anexo 4 Propriedades físicas da água A4.1 Anexo 5 Meios granulares: esfericidade e fator de forma A5.1 Anexo 6 Ábaco de Moody A6.1 Anexo 7 Perdas de carga localizadas: coeficientes k A7.1 Anexo 8 Espessura dos leitos filtrantes A8.1 Anexo 9 Camada suporte para leitos filtrantes A9.1 Anexo 10 Fundos de filtros: dimensionamento de sistemas de tubulação perfurada A10.1 Anexo 11 Vertedouros triangulares A11.1 Anexo 12 Vertedouros retangulares A12.1 Anexo13 Resolução CONAMA de 18 de junho de 1986 publicado no DOU de 30/7/86 A13.1 S-11 Anexo14 Deliberação normativa COPAM nº 010/86 A14.1 Anexo15 Portaria nº 1469, de 29 de dezembro de 2000 A15.1 Anexo16 Método dos mínimos quadrados A16.1 Lista de Figuras 2.1 O ciclo das águas (adaptado de Fair, Geyer e Okun 7) 2-3 4.1 Tratamento convencional para fins de potabilização – fluxograma 4-1 4.2 Estações clássicas de tratamento de água 4-4 5.1 Classificação das partículas na água, segundo seus tamanhos 5-2 5.2 Célula de eletroforese 5.3 A teoria da dupla capa 5-8 5.4 Desestabilização por adsorção e neutralização 5-9 5.5 Desestabilização por varredura 5-11 5.6 Variação da concentração de saturação do produto de dissociação Al (OH)4 - com o pH da solução 5-13 5.7 Variação da concentração de saturação do produto de dissociação Al +3 com o pH da solução 5-15 5.8 Diagrama para projeto e operação utilizando sulfato de alumínio 5-16 5.9 Problema resolvido 5.5.7 5-18 5.10 Diagrama para a determinação do índice de Langelier 5-22 6.1 Relação entre pressão e altura d'água 6-11 6.2 Viscosidade e gradiente de velocidade 6-18 6.3 Representação gráfica da equação de Bernoulli para um conduto forçado 6-23 6.4 Representação gráfica da equação de Bernoulli para um conduto livre 6-24 6.5 Filme laminar, camada limite e camada turbulenta (conforme concebida por Ludwig Prantdl em 1904) 6-28 6.6 Filme laminar e turbulento em canalizações 6-28 6.7 Problema resolvido 6.20.1.3.1 6-30 6.8 Vazão fictícia 6-33 6.9 Perfil das velocidades 6-38 6.10 Escoamento laminar 6-38 6.11 Escoamento turbulento 6-39 6.12 Problema Resolvido 6.20.2.1 6-40 6.13 Escoamento em conduto livre 6-42 6.14 Energia específica 6-45 6.15 Representação gráfica da variação da energia específica com y 6-46 6.16 Escoamentos sub e supercríticos com a mesma energia específica 6-47 6.17 Escoamento no regime crítico 6-48 6.18 Dedução da equação da quantidade de movimento: volume de controle 6-48 S-12 6.19 Ressalto hidráulico e forças intervenientes 6-51 6.20 Representação gráfica da variação da força específica com y 6-52 6.21 Ressalto hidráulico, forças específicas e energias específicas 6-52 6.22 Potência das correntes líquidas 6-59 6.23 Orifícios e bocais 6-65 6.24 Problema resolvido 6.28.1.1 6-67 6.25 Vertedouros de descarga livre 6-68 6.26 Terminologia dos vertedouros 6-69 6.27 Problema resolvido 6.28.2.1 6-69 6.28 Equação de Smoluchowsky 6-71 7.1 Medidor Parshall 7-4 7.2 O Parshall sem e com ressalto a jusante 7-4 7.3 Afogamento do Parshall 7-6 7.4.1 Gradientes de velocidade em medidores Parshall de 3” a 60”, segundo o Eng. Jorge Arboleda Valencia 7-7 7.5 Dispositivos para criação do ressalto hidráulico 7-9 7.6 Medidor de vazão Parshall W = 1” ensaiado no DEH/EE.UFMG 7-9 7.7 Curva gradiente de velocidade x vazão 7-10 7.8 Problema resolvido 7.3.2.5 7-10 7.9 Vertedouros e aplicação de floculante 7-12 7.10 Vertedouros operando como misturadores rápidos 7-13 10.11 Resolução do Problema 7.3.3.2 7-14 7.12 Malhas difusoras 7-15 7.13 Distância para dissipação de energia dos jatos originários de malhas difusoras 7-16 7.14 Problema 7.3.4.4 7-17 7.15 Aplicação de um produto químico através de malha difusora 7-20 7.16 Resultados experimentais de Stenquist para malhas difusoras 7-23 7.17 Exemplo de malha difusora 7-23 7.18 Alternativa para a construção da malha difusora 7-25 7.19 ETA do Alto Cotia: redução nas dosagens de sulfato de alumínio obtidas após a introdução do difusor para efetuar a mistura rápida 7-27 7.20 Turbinas e hélices 7-27 7.21 Número de Reynolds e número de potência 7-29 7.22 Configuração de agitadores utilizados em ensaios de jarros 7-30 7.23 Números de potência e números de Reynolds obtidos para cada um dos agitadores ensaiados e representados na Fig. 7.22 7-30 7.24 Problema resolvido 7.4.3.1.1 7-31 7.25 Outros modelos de misturadores mecanizados, segundo Metcalf & Eddy (op. citada) 7-33 7.26 Rotores de bombas 7-35 8.1 Eficiência da compartimentação de floculadores 8-6 8.2 Gradientes de velocidade em tubulações e passagens, segundo Parlatore (Q < 10 l/s) 8-8 S-13 8.3 Gradientes de velocidade em tubulações e passagens, segundo Parlatore (10<Q<1000l/s) 8-8 8.4 Floculador mecanizado, do tipo de paletas, de eixo vertical 8-11 8.5 Floculador mecanizado, do tipo de paletas, de eixo vertical – perspectiva 8-11 8.6 Floculador mecanizado, do tipo de paletas, de eixo horizontal 8-12 8.7 Floculador mecanizado, do tipo de paletas, de eixo horizontal – perspectiva 8-13 8.8 Floculador mecanizado, do tipo de paleta única, de eixo horizontal 8-14 8.9 Agitadores mecanizados do tipo de paletas 8-15 8.10 Força de arraste devida a uma paleta em movimento 8-15 8.11 Força de arraste: expressão diferencial 8-16 8.12 Floculador mecanizado de paletas, com n paletas e B braços iguais 8-17 8.13 Floculador de paleta única, de eixo vertical: integração 8-18 8.14 Problema resolvido 5.4.1.2 8-19 8.15 Floculador mecanizado, do tipo de turbina 8-21 8.16 Turbina estudada por Parlatore 8-22 8.17 Floculador tipo hélice modelo Filsan 8-24 8.18 Floculador de Chicanas 8-25 8.19 Floculador hidráulico, de chicanas verticais 8-26 8.20 Floculador hidráulico de chicanas horizontais 8-27 8.21 Floculador Tipo Cox, Q = 36 l/s 8-28 8.22 Floculador hidráulico tipo Cox: perspectiva e diagrama explicativo 8-29 8.23 Floculador tipo Alabama com modificações, Q = 62,9 l/s 8-29 8.24 Floculador tipo Alabama: perspectiva e diagrama explicativo 8-30 8.25 Interligação entre câmaras de floculadores 8-32 8.26 Floculador mecanizado do tipo de paletas, de câmaras superpostas 8-34 8.27 Floculador hidráulico, do tipo de bandejas perfuradas: concepção original 8-35 8.28 Floculador hidráulico, do tipo de bandejas perfuradas: concepção atual 8-36 8.29 Floculador de meio granular 8-36 8.30 Tempo relativo t/θ versus remoção de turbidez 8-39 8.31 Floculador de Riddick 8-43 8.32 Floculador hidráulico, do tipo de telas 8-44 8.33 Tela re-orientando o fluxo: aplicação proposta por Richter 8-44 8.34 Telas instaladas nos canais do floculador da ETA de Tarumã 8-45 8.35 Perda de carga em telas 8-46 9.1 Sedimentação de uma partícula discreta: esforços intervenientes 9-2 9.2 Variação do coeficiente de arraste com o número de Reynolds 9-4 9.3 Velocidades de sedimentação 9-5 9.4 Determinação de vs 9-6 S-14 9.5 Desarenador clássico 9-6 9.6 Exemplo resolvido 9.1.2.2.1 9-9 9.7 Coluna de Sedimentação 9-10 9.8 Ensaio de sedimentação: exemplo resolvido 9-11 9.9 Decantadores clássicos: tipos 9-13 9.10 Decantador clássico de seção retangular: esquema típico 9-14 9.11 Decantador ideal, de fluxo horizontal: avaliação da eficiência 9-16 9.12 Modelo idealizado para o decantador real 9-17 9.13 Curvas de comportamento para decantadores de diferentes eficiências 9-19 9.14 Tensão trativa exercida pela água sobre a superfície de deslizamento 9-20 9.15 Reduzindo o comprimento do decantador 9-24 9.16 Decantador tubular típico, de fluxo ascendente 9-24 9.17 Decantadores tubulares: tipos 9-26 9.18 Módulos tubulares 9-27 9.19 O modelo de Yao 9-28 9.20 Variação da relação vsc/vH2O com l1 9-31 9.21 Variação de vsc/vH2O x θ 9-32 9.22 Variação da relação vsc/vH2O com l1 (θ = 60o) 9-32 9.23 Estruturas de entrada e saída em decantadores de fluxo laminar: determinação da relação l/H 9-34 9.24 Valores máximos de l / H 9-36 9.25 Decantador de fluxo laminar, de escoamento horizontal (conforme concebido por C. A. Richter) 9-36 9.26 Decantadores clássicos: comportas de acesso 9-38 9.27 Decantadores e canal de acesso de água floculada 9-41 9.32 Tubos perfurados coletores de água decantada 9-53 9.33 (a) Zona de saída dos decantadores clássicos: linhas isotáquicas 9-53 9.33 (b) Zona de saída dos decantadores clássicos: linhas isotáquicas 9-53 9.34 Calha coletora de água decantada 9-54 9.35 Volume de controle para a aplicação da equação da quantidade de movimento 9-55 9.36 Cálculo da área situada na parte côncava da parábola 9-55 9.37 Cálculo do volume do volume de controle 9-56 9.38 Bordas vertedouras ajustáveis 9-60 9.39 Descarga de fundo de decantadores de seção retangular 9-63 9.40 Descarga de fundo de decantadores de seção circular 9-64 9.41 Decantadores tubulares: descarga de fundo 9-67 9.42 Remoção hidráulica de lodos através de manifolds: distância máxima entre dois orifícios consecutivos 9-69 9.43 Fixação do valor de x em função de Di 9-70 9.44 Profundidade do registro de descarga 9-71 9.45 Decantadores tubulares: sistema distribuidor 9-75 9.46 Problema resolvido 9.6 9-77 9.47 Gradiente de velocidade nas comportas de acesso 9-78 S-15 9.48 Gradiente de velocidade na cortina 9-79 9.49 Problema 9.7 9-82 9.50 Determinação de G no tubo distribuidor 9-83 9.51 Determinação de G nos orifícios 9-83 10.1 Filtro de fluxo descendente: esquema explicativo 10.3 10.2 Filtro de fluxo ascendente: esquema explicativo 10.4 10.3 Filtro de fluxo ascendente: calha coletora comum para água filtrada e água de lavagem 10.4 10.4 Filtro de fluxo ascendente com sistema auxiliar de lavagem da camada suporte 10.6 10.5 Bocais patenteados para fundos falsos 10.11 10.6 Blocos patenteados para fundos falsos 10.12 10.7 Filtro de fluxo ascendente com fundo falso utilizando blocos cerâmicos 10.12 10.8 Fundo falso utilizando tubos perfurados em filtros de fluxo descendente 10.13 10.9 Fundo falso utilizando tubos perfurados em filtros de fluxo descendente 10.14 10.10 Vigas pré-fabricadas (californianas) para fundos falsos 10.15 10.11 Camada suporte utilizada pela COPASA para fundos falsos que utilizam vigas californianas 10.15 10.12 Filtro ascendente utilizando vigas californianas como fundo falso 10.16 10.13 Camadas suporte (a) assimétrica e (b) simétrica: exemplos 10.17 10.14 Blocos cerâmicos: perda de carga x taxa de lavagem 10.27 10.15 Blocos plásticos: somente água para de lavagem – perda de carga x taxa de lavagem (temperatura média da água = 73ºF) 10.28 10.16 Blocos plásticos: lavagem com ar e água simultaneamente – perda de carga x taxa de lavagem da água 10.29 10.17 Blocos plásticos: lavagem com ar e água simultaneamente – perda de carga x taxa de lavagem do ar 10.30 10.18 Perda de carga em vigas californianas 10.33 10.19 Filtro de fluxo descendente com perda de carga total constante e velocidade de aproximação variável: arranjo do filtro 10.35 10.20 Filtro de fluxo descendente com perda de carga total constante e velocidade de aproximação variável: evolução da taxa de filtração com o tempo 10.36 10.21 Filtro de fluxo descendente com perda de carga total e 10.22 velocidade de aproximação constantes: arranjo de filtro 10.23 (concepção clássica) 10.37 10.22 Filtro de fluxo descendente com perda de carga total e velocidade de aproximação constantes: evolução da perda de carga ao longo do tempo 10.37 10.23 Filtro de fluxo descendente com perda de carga total e velocidade de aproximação constantes: arranjo do filtro (concepção alternativa) 10.39 S-16 10.24 Filtro de fluxo descendente com perda de carga total variável e velocidade de aproximação constante: arranjo do filtro 10.39 10.25 Filtro de fluxo descendente com perda de carga total variável e velocidade de aproximação constante: evolução da taxa de filtração e da perda de carga ao longo do tempo 10.40 10.26 Filtro de fluxo descendente com perda de carga total e velocidade de aproximação variáveis: arranjo de filtro 10.42 10.27 Filtros de fluxo descendente com perda de carga total e velocidade de aproximação variáveis: evolução da taxa de filtração e da perda de carga ao longo do tempo 10.43 10.28 Filtros ascendentes de taxa constante e carga variável: arranjo dos filtros 10.44 10.29 Filtros ascendentes de taxa constante e carga variável: evolução da taxa de filtração e da perda de carga com o tempo 10.45 10.30 Filtros ascendentes de taxa e carga variáveis: arranjo dos filtros 10.46 10.31 Filtros ascendentes de taxa e carga variáveis: evolução da taxa de filtração e da perda de carga com o tempo 10.46 10.32 Filtro lento de fluxo descendente: lavagem do leito filtrante 10.47 10.33 Filtro lento de fluxo ascendente: lavagem do leito filtrante 10.48 10.34 Filros de fluxo descendente: lavagem via reservatório, por gravidade 10.50 10.35 Filtros de fluxo descendente: lavagem via reservatório, por bombeamento 10.51 10.36 (a) Sistema autolavável de filtros: operação normal do sistema 10.51 10.36 (b) Sistema autolavável de filtros: lavagem de um filtro 10.52 10.36 (c) Sistema autolavável de filtros dotados de lavagem auxiliar com ar 10.53 10.37 Cortando a superfície filtrante 10.54 10.38 Formação de bolas de lama 10.54 10.39 Bocais fixos 10.55 10.40 Bocais fixados em braços rotativos 10.56 10.41 Lavagem auxiliar com ar 10.57 10.42 Equipamento para lavagem auxiliar com ar para pequenos filtros de camada filtrante dupla construído na própria ETA 10.58 10.43 Tubos perfurados na camada suporte para lavagem auxiliar de filtro de fluxo ascendente 10.59 10.44 Calhas coletoras de água de lavagem: seções transversais 10.68 10.45 Calhas coletoras de água de lavagem: bordas vertedouras 10.68 10.46 Calhas coletoras de água de lavagem: posicionamento sobre o leito filtrante 10.68 10.47 Calhas coletoras de água de lavagem: disposição sobre o leito filtrante 10.69 10.48 Resolução do problema 10.14.1 10.78 11.1 Tanque de contato e reservatório de compensação 11.2 11.2 Variação da concentração de HClO e ClO-, NHCl2 e NH2Cl na água, conforme o pH 11.5 S-17 11.3 Residual mínimo de cloro (livre e combinado) na água a 25ºC, conforme o pH, para destruição de bactérias (tempo de contato = 30 minutos 11.4 Métodos para aplicação de solução de gás cloro na água em tratamento 11.8 11.5. Containers de cloro molecular 11.9 11.6 Esquema de uma instalação cloradora com clorador a vácuo 11.10 11.7 Curvas características de uma família de ejetores 11.10 11.8 Elementos necessários à seleção do ejetor 11.11 1-1 Sabe-se que a existência da água é essencial para o desenvolvimento de praticamente todas as atividades realizadas pelo homem sobre a terra, sejam elas urbanas, industriais ou agropecuárias. A água é essencial para a existência da própria vida sobre nosso planeta. É um dos principais componentes do protoplasma (no caso do homem, 70% do seu corpo e 90% do seu sangue) e responsável pelo equilíbrio térmico da Terra. Devido a uma série de propriedades físicas, químicas e físico-químicas que lhe são peculiares, algumas das quais fogem inteiramente às regras gerais seguidas pelos demais compostos conhecidos (e.g.: o fato de ser, à temperatura e pressão ambientes, um líquido), a água pode ser considerada o bem mais caro oferecido pela mãe Natureza, capaz de mostrar, em cada uma de suas múltiplas propriedades, uma pontinha do Dedo Divino. Deve-se a Píndaro, o grande poeta lírico da Grécia antiga, a apreciação: de todas as coisas, a melhor é a água 2. Como todos os demais tópicos da engenharia, o abastecimento de água tem sua história. O primeiro sistema público de água de que se tem notícia, o aqueduto de Jerwan, foi construído na Assíria (691 a.C.) 3. Para Fair, Geyer e Okun 6, são especialmente notáveis notáveis os aquedutos da antiga Roma e seus domínios. Segundo esses autores, Sextus Julius Frontinus, encarregado de águas de Roma, 97 a.C., reportou a existência de nove aquedutos abastecendo Roma, com extensões variáveis de 16 quilômetros até mais de 80 quilômetros, e com seções transversais desde 0,65 até 4,65 metros quadrados. Clemens Herschell (1842 – 1930), engenheiro hidráulico, inventor e tradutor de manuscritos clássicos (Frontinus and the water supply of the city of Rome, Longmans, Green Co., 1913) estimou a capacidade somada dos aquedutos em 221,9 milhões de litros por dia. Esse volume diário corresponde a uma vazão média de 2,57 metros cúbicos por segundo, suficiente hoje em dia para abastecer uma cidade de 600.000 habitantes, admitidos uma cota per capita de 300 litros por dia e um coeficiente do dia de maior consumo igual a 1,2. Entretanto, somente no início do século XIX é que se passou a dispensar maior atenção à proteção da qualidade da água, desde sua captação até sua entrega ao consumidor. Tal preocupação decorreu das descobertas científicas efetuadas a partir de então, que mostraram haver relação entre a água e a transmissão de muitas 1-2 doenças causadas por agentes físicos, químicos e biológicos. Foram notáveis as contribuições devidas a, pelo menos, dois grandes cientistas médicos: o Dr. John Snow, que demonstrou em 1819 (antes, portanto, das descobertas de Louis Pasteur), o papel da poluição fecal da água potável no que se relaciona com a epidemia da cólera, e o Dr. William Budd, que a partir de 1857 estudou a febre tifóide, sua natureza, suas formas de propagação e prevenção 5. Atualmente, um sistema de abastecimento de água compõe-se de unidades projetadas, construídas e operadas de forma a assegurarem desempenho hidráulico satisfatório e qualidade da água adequada à finalidade a que se destina. Além das preocupações com a qualidade da água, acrescentam-se as de ordem econômica: o aparentemente infindável acréscimo da demanda hídrica, motivado pelo crescimento dos centros urbanos e industriais, faz necessário buscar a água de abastecimento a distâncias cada vez maiores. Somente assim é possível encontrar mananciais suficientemente caudalosos, formados por extensas bacias hidrográficas e que ainda estejam a salvo da poluição. Neste ponto, é importante lembrar que a poluição hídrica exige que o tratamento da água, visando à sua potabilização, utiliza recursos cada vez mais sofisticados. É certo que existem possibilidades amplas, praticamente ilimitadas, do ponto de vista técnico, para a potabilização de águas poluídas. Entretanto, o custo desse tratamento e a possibilidade de ocorrência de falhas operacionais nas estações de tratamento, quase sempre conduzem à escolha de um manancial mais distante e menos poluído. Naturalmente, o corpo d’água captado é selecionado de forma que suas características indesejáveis, que se pretende remover através do tratamento, não excedam as limitações naturais de uma estação de tratamento do tipo convencional 5. O conceito de recurso inesgotável que prevalecia até há algum tempo atrás para a água já foi desmistificado. Algumas estimativas feitas a médio prazo chegam a ser preocupantes, tais como a que foi apresentada por Stone 9, segundo a qual por volta de 2020 a demanda de água excederá a disponibilidade de recursos hídricos nos Estados Unidos. Em recente publicação, Rodda 7 descreve: a vazão somada de todos os rios do mundo está entre 35.000 e 50.000 quilômetros cúbicos de água por ano. Esta é a maior parte do aporte de água com a qual a humanidade conviverá, o recurso água doce que também inclui a água subterrânea e algumas fontes de suprimento localizadamente importantes, tais como a água do orvalho e o proveniente da dessalinização. É claro que o comportamento da vazão com que os rios escoam varia, ano a ano, de uma para outra parte do mundo, e nem toda essa água encontra-se disponível para uso. Como utilizar as águas do rio Amazonas ou do Mackenzie, isto é, para abastecer São Paulo ou a cidade do 1-3 México? Como utilizar, de modo benéfico, o crescente volume de água poluída, superficial ou subterrânea? O mesmo autor afirma que antes do ano 2050 a demanda global mundial de água poderá ser duas ou três vezes a atual. Nessa época estaremos utilizando entre 25 e 35% da vazão mundial total dos rios, e grande parte dessa demanda ocorrerá nas áreas onde atualmente os recursos hídricos já são escassos. É, portanto, de grande profundidade a afirmação do professor José Martiniano de Azevedo Netto 2: O país que, por falta de visão, incapacidade de planejamento ou negligência, permitir a dissipação de seus recursos, pagará mais cedo ou mais tarde por seu desleixo. Realmente, não é sem a aplicação de enormes somas em programas específicos que os países europeus vêm promovendo a recuperação de seus recursos hídricos (em certos casos, com muito sucesso: periódicos ingleses exibiam, orgulhosamente, há pouco tempo atrás, fotos de pescadores em Londres com seus anzóis mergulhados nas águas do outrora poluidíssimo rio Tamisa). Os núcleos urbanos e industriais demandam volumes cada vez maiores de água para consumo. Por outro lado, na maioria dos casos a vazão do esgoto produzido por esses núcleos pouco difere da vazão de água consumida. É sabido que a demanda per capita de água nas cidades tende a aumentar com seu desenvolvimento progressivo. Em Minas Gerais, por exemplo, consomem-se cerca de 150 litros por habitante por dia em cidades de pequeno porte (população até 5.000 habitantes), enquanto que, em certas regiões de Belo Horizonte, esse valor chega a atingir a casa dos 400 litros diários. Acrescenta-se a isto a demanda industrial. Segundo Silvestre 8, são gastos 18 litros de água para refinar um litro de petróleo, e 270 litros para produzir um quilograma de aço, o que pode expressar a importância desse líquido na economia mundial. As afirmações anteriores explicam a crescente preocupação em preservar e despoluir os corpos d’água. Não se trata de questão meramente emocional ou econômica, mas de sobrevivência. A preocupação com os aspectos econômicos dos sistemas de abastecimento de água tem levado alguns autores a escreverem sobre a indústria da água tratada, comparando sua captação com a extração da matéria prima; o tratamento da água com o fabrico do produto final; a adução da água tratada com o transporte do produto final ao consumidor, e finalmente o sistema distribuidor com a entrega do produto final ao consumidos, quando ele é entregue embalado em prefeitas condições no interior dos tubos da rede de distribuição 4. Talvez a maior diferença entre uma indústria qualquer e a indústria da água tratada resida no fato de que, neste caso, quanto mais inviável seja o mercado consumidor do produto final, mais necessária se faça a implantação da indústria, de forma a oferecer, a médio e a longo prazos ao núcleo beneficiado, melhores 1-4 condições de saúde e desenvolvimento, capazes de, algum dia, transforma-lo em mercado viável. Questões para recapitulação (Respostas no final deste Item) Assinale a(s) alternativa(s) fala(s) ou verdadeira(s): 1. 70% do corpo humano e 90% do seu sangue são constituídos por água. 2. A água pouco influi no equilíbrio térmico da Terra. 3. Somente no final do século XIX é que se passou a dispensar maior atenção à proteção da qualidade da água, em virtude das descobertas científicas efetuadas a partir de então, que mostraram haver relação entre a água e a transmissão de muitas doenças causadas por agentes físicos, químicos e biológicos. 4. Em 1819, o Dr. John Snow demonstrou o papel da poluição fecal da água potável no que se relaciona com a epidemia da cólera. 5. A partir de 1857, o Dr. William Budd estudou a febre tifóide, sua natureza, suas formas de propagação e prevenção. 6. Em virtude das possibilidades amplas e ilimitadas para a potabilização de águas poluídas, estamos livres da ameaça da falta d’água potável devida à poluição dos mananciais. 7. Os núcleos urbanos e industriais demandam volumes cada vez maiores de água para consumo e, na maioria dos casos, a vazão do esgoto produzido por esses núcleos pouco difere da vazão de água consumida. Respostas: 1(v), 2 (f), 3(v), 4(v), 5(v), 6(f); 7(v) Referências bibliográficas 1. AZEVEDO NETTO, J. M. de. Importância da água: o ciclo hidrológico; água subterrânea. In: Construção, operação e manutenção de poços. São Paulo: CETESB, 1973. 10p. (Curso). 2. ________________ Importância do problema da poluição das águas. In: Construção, operação e manutenção de poços. São Paulo: CETESB, 1973. 22p. (Curso). 3. ________________, ALVAREZ, G. A. Manual de hidráulica. 7. ed. Ver compl. São Paulo: Edgard Blücher, 1991, 2v. 4. BATALHA, Bem-Hur Luttembark, PARLATORE, Antônio Carlos. Controle da qualidade da água para consumo humano; bases conceituais e operacionais. São Paulo: CETESB, 1977. 185p. 5. BRANCO, Samuel Murgel, ROCHA, Aristides Almeida. Poluição, proteção e usos múltiplos de represas. São Paulo: Edgard Blücher, 1977, 185p. 6. FAIR, Gordos Maskew, GEYER, John Charles, OKUN, Daniel Alexander. Abastecimiento de aguas y remoción de aguas residuales. México: Editorial Limusa, 1974. 1-5 7. RODDA, John C. Facing up to the looming world water crisis. Water briefing, London, n.28, p.1-15, Jan.1995. 8. SILVESTRE, Paschoal. Hidráulica geral. Rio de Janeiro: LTC, 1979, 316p. 9. STONE, Ralph. Water reclamation: techology and public acceptance. Journal of the Environmental Engineering Division, New York, V.102, n.EE6, p.582-94, Jun.1976. 2-1 2.1. Generalidades É bem maior que se pode julgar à primeira vista a profundidade das já citadas palavras do poeta grego Píndaro: De todas as coisas, a melhor é a água. Uma análise mais cuidadosa de suas características físicas, químicas e físico- químicas será capaz de revelar fatos ao mesmo tempo estranhos, interessantes e indispensáveis para a manutenção de qualquer das formas conhecidas de vida no planeta Terra. Com relação à sua estrutura química básica, aprende-se já na Química ministrada nos cursos secundários que a água é constituída de um átomo de oxigênio unido a dois átomos de hidrogênio através de ligações covalentes. As propriedades químicas desse tipo de estrutura fariam com que se esperasse que a água, nas condições ambientes, se apresentasse no estado gasoso, não fosse o surgimento das denominadas pontes de hidrogênio. Tal fenômeno surge em virtude da molécula da água (H-O-H) não ser exatamente linear. O ângulo de ligação entre seus constituintes é de 105º, ao invés de 180º, sendo suficiente para produzir um desequilíbrio elétrico na molécula. O átomo de oxigênio torna-se parcialmente negativo, e os átomos de hidrogênio tornam-se parcialmente positivos, propiciando que as moléculas de água mantenham-se ligadas umas às outras por forças eletrostáticas. O mesmo fenômeno não ocorre em compostos de estrutura química semelhante, tais como o H2Se, H2Te, H2S e outros, que são gases nas condições ambientes. Entretanto, não se consegue explicar de forma tão imediata outras propriedades da água. Assim, por exemplo, ao se observar sua curva densidade x temperatura, verifica-se que não ocorre, como na maioria das demais substâncias conhecidas, uma relação inversa entre as duas variáveis. Vê-se claramente (e constata-se experimentalmente em atividades simples do cotidiano, como durante o degelo de um refrigerador doméstico), que a água no estado sólido apresenta densidade menor que no estado líquido. Sabe-se que sua maior densidade ocorre em torno de 4ºC. Diversas teorias, sumarizadas por Branco 3, buscam explicar essa anomalia, responsável pelo não congelamento de todas as massas de água da terra durante o inverno, inclusive dos oceanos, possibilitando a continuidade da vida no planeta ao longo de toas as estações do ano. O conhecimento desta característica particular da água é altamente relevante no estudo da limnologia e, portanto, da qualidade da água dos lagos. 2-2 É de grande importância, do ponto de vista hidráulico e sanitário, o conhecimento de outras propriedades básicas da água, tais como: peso específico, módulo de elasticidade, viscosidade, tensão de vapor, tensão superficial e calor específico 12. Em obras clássicas de Ecologia Aplicada, Branco 3 e Rocha 10 descrevem, de forma didática e atraente, a importância de cada uma dessas propriedades. 2.2. A água: solvente universal Quase todas as substâncias, em maior ou menor concentração, podem ser dissolvidas pela água. Essas substâncias conferem-lhe características peculiares, que a tornarão própria ou imprópria para consumo humano ou industrial. É evidente, portanto, que não haja água pura na Natureza, do ponto de vista químico. Aliás, para fins de abastecimento de água, é até desejável que isto ocorra. A água quimicamente pura é insípida e imprópria para consumo, uma vez que seria agressiva para muitos materiais constituintes das unidades dos sistemas de abastecimento e, teoricamente, capaz de alterar o equilíbrio osmótico do organismo humano. A água potável é, portanto, uma solução, praticamente incolor, agradável à vista e ao paladar. Traz dissolvida consigo, entre outras substâncias, silicatos, bicarbonatos, íons metálicos e halogênios, cujos teores variam de local para local (poder-se-ia dizer que é praticamente impossível encontrar dois mananciais com águas cujas análises de laboratório apresentassem resultados idênticos), algumas das quais são adicionadas nas estações de tratamento de água (entre as quais destacam-se o cloro desinfetante, alcalinizantes destinados a reduzir a agressividade da água e íons fluoreto adicionados para a redução da incidência da cárie dentária em crianças de idade escolar). Através das análises de laboratório realizadas em amostras de água in natura pode-se reconstituir partes importantes de sua história, em vista de substâncias nela contidas e que terão sido dissolvidas em seu percurso. Para melhor caracterizar a afirmação anterior, procurar-se-á descrever, em seguida, de modo singelo, o ciclo das águas naturais 8. Para efeitos práticos, pode-se admitir que a água precipitada pelas chuvas seja pura. Ao cair, ela absorve os gases e vapores normalmente presentes na atmosfera, notadamente: oxigênio, nitrogênio e gás carbônico. Ao atingir a terra, parte da água filtrada infiltra-se, indo constituir as reservas subterrâneas, e outra parte escoa sobre a superfície, indo mais tarde atingir os lagos e os cursos d’água. Cessada a chuva, cessa também o escoamento superficial resultante. Contudo, os lagos e cursos d’água perenes não se extinguem, pois são abastecidos pelos mananciais subterrâneos. Ao escoar sobre o solo, de forma temporária, durante as chuvas, ou de forma contínua, nos cursos d’água perenes, a água leva consigo parte dos constituintes desse solo, sob forma de suspensões ou soluções. Evidentemente, 2-3 esses constituintes, bem como suas concentrações, dependerão das características geológicas, topográficas e da natureza do uso do solo. Fig. 2.1 – O ciclo das águas (adaptado de Fair, Geyer e Okun 7) Em regiões calcárias, a água dissolverá carbonatos, enquanto que em solos cristalinos a concentração desses compostos será menor. Solos sobre os quais desenvolvem-se atividades agrícolas intensas, compreendendo operações de aragem, fertilização artificial, aplicação de biocidas, plantio e colheita, conferirão à água concentrações de matérias em suspensão e produtos químicos sintéticos, capazes de condenar sua utilização para abastecimento público doméstico. Por outro lado, águas provenientes de lagos naturais, ou de lagos artificiais construídos com os cuidados recomendados pela boa técnica 5, quase sempre apresentam baixas concentrações de matérias em suspensão. Em alguns casos, entretanto, são aí encontradas algas e outros organismos capazes de conferir- lhes odores e sabores, sobretudo em épocas determinadas do ano em que encontram condições favoráveis para se reproduzirem de forma excepcional. No caso de águas superficiais de baixa velocidade, sobretudo em brejos e pântanos, a decomposição da matéria orgânica contribui para o aumento da cor, do sabor e do odor da água. Publicações especializadas têm apresentado artigos a respeito da presença de compostos orgânicos naturais que, ao se combinarem com o cloro adicionado nas estações de tratamento, formam compostos denominados trihalometanos, apontados como substâncias possivelmente carcinogênicas. Para evitar essa formação, devem ser tomadas medidas especiais durante o tratamento da água 9,11. As águas superficiais também arrastam consigo diversos microrganismos de vida livre, bem como outros típicos do trato intestinal de animais de sangue quente. Sua presença é detectável pelas análises bacteriológicas de rotina. 2-4 Números elevados desses microrganismos podem indicar a presença de algum ponto de lançamento de esgoto orgânico a montante. Entre esses organismos, assumem importância especial, do ponto de vista sanitário, as bactérias do grupo coli (ao qual pertencem as do gênero Escherichia) que são habitantes normais do intestino humano e de outros animais homeotermos. Incluem-se nesse grupo também outras espécies capazes de viver e reproduzir-se em vida livre, como habitantes do solo. É possível, entretanto, fazer a distinção, no laboratório, entre os dois tipos. Cabe observar que essas bactérias não causam, em geral, danos ao seu hospedeiro, mas admite-se que sua ocorrência na água esteja associada à presença de organismos patogênicos. Dessa forma, costuma-se considerar que as águas que contenham mais de 1 bacilo coli por 100 mililitros são impróprias para consumo, devendo sofrer, pelo menos, desinfecção prévia 4. Existem, além disto, limites pré-estabelecidos por instrumentos legais para a concentração de coliformes em águas naturais, acima dos quais considera-se que o tratamento convencional é insuficiente para a sua potabilização 6 (ver também o Anexo 13 desta publicação). A parcela de água que se infiltra no solo vai constituir as reservas subterrâneas. Em seu caminho, a água absorve e libera gases, interagindo com o ambiente circundante, conforme sua natureza. Em solos férteis, ela desprenderá o oxigênio dissolvido e absorverá o gás carbônico. Ocorrerá, em conseqüência, a abaixamento do pH, e a dissolução de alguns minerais do solo. Evidentemente, a água atingirá os lençóis subterrâneos trazendo consigo as substâncias solúveis presentes nas sucessivas camadas do solo que terá atravessado, variáveis de região para região, podendo conter íons Ca+2 e Mg+2, entre outros, responsáveis pelo aumento da denominada dureza da água, e associados principalmente a bicarbonatos, sulfatos e cloretos. Poderá conter também ferro e manganês, capazes de encardir louças e tecidos, entre outros efeitos 1. Por outro lado, a filtração natural elimina, na maioria dos casos, a matéria orgânica e os microrganismos 8. Com menor freqüência, podem ser encontrados nas águas subterrâneas gases dissolvidos, tais como: gás sulfídrico e metano, resultantes da decomposição de matéria orgânica. De modo geral, a água subterrânea é potável, ou necessita pequenas correções em sua composição para se tornar potável. Na maioria dos casos, o tratamento da água subterrânea inclui apenas instalações de cloração, de forma a assegurar-lhe proteção para o caso de ocorrência de pequenas e eventuais contaminações no sistema distribuidor, e a adição de algum alcalinizante, com vistas a eliminar sua agressividade, caso necessário. Algumas vezes, é necessário remover o ferro, sempre que esse metal estiver presente em concentrações inaceitáveis. 2-5 Com menor freqüência, poderá ser necessário remover o manganês e certos gases dissolvidos, e reduzir a concentração de fluoretos. É preciso estar atento, entretanto, à possibilidade de contaminação do lençol subterrâneo, especialmente do freático. O lençol freático é especialmente sujeito à contaminação, especialmente à bacteriológica, que pode originar-se do contato indireto com fossas ou cursos d’água que recebam lançamentos de esgoto sanitário. Poços profundos mal construídos costumam buscar corretamente a água do aqüífero confinado, sob a camada impermeável do solo, mas ao atingirem a camada impermeável, instalam filtros nesse local, com o objetivo de aproveitar também a água do aqüífero livre (freático). Caso esse lençol esteja contaminado, a instalação do filtro terá comprometido a boa qualidade da água do poço e, possivelmente, estabelecido a contaminação do aqüífero confinado. Vignoli Filho elaborou interessante levantamento em poços no estado de Minas Gerais, tendo encontrado contaminação bacteriológica em diversos deles 13,14 . 2.3. Distribuição da água sobre a Terra Sabe-se que grande parcela da superfície da Terra é coberta pelos oceanos, e que os maiores desníveis existentes em nosso planeta estão submersos. Ainda assim, torna-se de certa forma compreensível que se considerasse inesgotáveis os recursos hídricos, e que tão pouca importância fosse atribuída à sua conservação. Uma análise mais cuidadosa da forma que a água se distribui sobre a Terra certamente contribuirá para que o leitor compreenda melhor a real magnitude dos recursos hídricos utilizáveis para abastecimento. Azevedo Netto descreve, de forma particularmente interessante, como se distribui a água sobre a Terra 2. Reproduz-se essa descrição a seguir. Os oceanos contêm 97,4% de toda a água do planeta. Como água doce sobram apenas 2,6%. De toda a água doce existente (2,6%), a maior parte (2,3%, ou seja, 90% do total) não se aproveita: a água encontra-se nas geleiras polares e glaciais e também no sub-solo, em grandes profundidades (abaixo de 800 m). A água aproveitável corresponde apenas a 0,3% do total, e em toda essa parcela os rios e lagos somam apenas 0,01%. Quase toda a água aproveitável encontra-se nos lençóis subterrâneos. Essa grande parcela de água doce disponível no subsolo, aliada à sua boa qualidade na maioria dos casos, explica o porquê de se procurar, em primeiro lugar, sempre que possível, os mananciais subterrâneos para o abastecimento público. Evidentemente, nem sempre eles serão a solução almejada, em vista, entre outros fatores, das características hidrogeológicas da região (a maioria dos terrenos de Minas Gerais, por exemplo, apresenta sub-solo constituído de aqüíferos pobres) quando confrontadas com a demanda a ser atendida. 2-6 São então aproveitados os recursos hídricos superficiais, principalmente para o abastecimento de centros urbanos de maior porte. Questões para recapitulação (Respostas no final deste Item) Assinale a(s) alternativa(s) fala(s) ou verdadeira(s): 1. O fenômeno denominado pontes de hidrogênio surge em virtude da molécula de água (H-O-H) não ser exatamente linear. 2. A água no estado sólido apresenta densidade maior que no estado líquido. Sabe-se que sua menor densidade ocorre em torno de 4ºC. 3. Quase todas as substâncias, em maior ou menor concentração, podem ser dissolvidas na água. 4. A água potável é uma solução, praticamente incolor, agradável à vista e ao paladar. 5. Ao cair, sob forma de chuva, a água absorve os gases e vapores normalmente presentes na atmosfera, notadamente oxigênio, nitrogênio e gás carbônico. 6. Em regiões calcárias, a água dissolverá carbonatos, enquanto que em solos cristalinos a concentração desses compostos será menor. 7. Águas provenientes de bacias hidrográficas cobertas por vegetação nativa e permanente serão quase sempre de boa qualidade, podendo ser potabilizadas com os recursos oferecidos por uma instalação convencional de tratamento de água. 8. Algas e outros organismos presentes em águas de lagos poderão conferir- lhes odores e sabores. 9. A decomposição da matéria orgânica contribui para o aumento da cor, do odor e do sabor da água. 10. Publicações especializadas têm apresentado artigos a respeito da presença de compostos orgânicos naturais que, ao se combinarem com o cloro adicionado nas estações de tratamento, formam compostos denominados trihalometanos, apontados como substâncias possivelmente carcinogênicas. 11. As bactérias do grupo coli (ao qual pertencem as do gênero Escherichia) não são habitantes normais do intestino humano. Incluem-se nesse grupo também outras espécies capazes de viver e reproduzir-se em vida livre, como habitantes do solo, não sendo possível fazer a distinção, em laboratório, entre os dois tipos. 12. Bactérias coliformes causam, em geral, danos irreparáveis ao seu hospedeiro. 13. Ferro e manganês são capazes de encardir louças e tecidos, entre outros efeitos. 14. De modo geral, a água subterrânea é potável, ou necessita pequenas correções em sua composição para se tornar potável. 15. É preciso estar atento à possibilidade de contaminação do lençol subterrâneo, especialmente do freático. 16. O lençol freático é imune à contaminação, inclusive à bacteriológica. 2-7 17. Os oceanos contêm 97,4% de toda a água do planeta. Como água doce sobram apenas 2,6%. Respostas: 1(v); 2 (f); 3(v); 4(v); 5(v); 6(v); 7(v); 8 (v); 9(v); 10(v); 11(f); 12(f); 13(v); 14 (v); 15(v); 16(f);17(v) Referências bibliográficas 1. AWWA. American Water Works Association. Water quality and treatment, 3.ed. New York, Mc Graw-Hill, 1971, 654p. 2. AZEVEDO NETTO, J. M. de. Importância da água: o ciclo hidrológico; água subterrânea. In: Construção, operação e manutenção de poços. São Paulo: CETESB, 1973. 10p. (Curso). 3. BRANCO, Samuel Murgel. A água como meio ecológico. In: _____________. Hidrobiologia aplicada à engenharia sanitária. 2. ed. São Paulo: CETESB, 1973. cap.4, P.121-57. 4. ________________, Classificação dos seres vivos. In: _____________. Hidrobiologia aplicada à engenharia sanitária. 2. ed. São Paulo: CETESB, 1973. cap.3, P.55-120. 5. ________________, ROCHA, Aristides Almeida. Poluição, proteção e usos múltiplos de represas. São Paulo: Edgard Blücher, 1977, 185p. 6. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução n. 20 de 18 de jun. 1986. Diário Oficial da União, Brasília. 7. FAIR, Gordos Maskew, GEYER, John Charles, OKUN, Daniel Alexander. Elementos de hidrologia. In: ________________. Abastecimiento de aguas y remoción de aguas residuales. México: Editorial Limusa, 1974.v.1, cap. 6, p. 163-84. 8. ________________. Calidad de las aguas - objectivos. In: Purificación de aguas y tratamiento de aguas residuales. México: Editorial Limusa, 1974.v.1, cap. 19, p. 11-46. 9. NORMAN, Thomas S., HARMS, Leland L., LOOYENGA, Robert W. The use of Chloramines to prevent trihalomethane formation. Journal AWWA, v.72, n.3, p.176-80, Mar. 1980. 10. ROCHA, Aristides Almeisa. O meio aquático. In: ________________.Ecología aplicada e proteção ao meio ambiente. São Paulo: CETESB, 1976, 11p. (Curso) 11. TRIHALOMETHANES in water: diagnosis and prognosis. Journal AWWA, v.71, n.9, p.473, Sept. 1979. 12. VIANNA, Marcos Rocha. Mecânica dos fluidos para engenheiros,. 4.ed. Belo Horizonte, Imprimatur, 2001, 581p. 2-8 13. VIGNOLI FILHO, Orlando. Observações sobre a contaminação de águas subterrâneas em Minas Gerais [S.1;s.n]. (trabalho não publicado) 14. ________________. Estudo comparativo de ocorrência de organismos patogênicos em águas subterrâneas e seu relacionamento com os indicadores biológicos usuais. [S.1;s.n]. 1978. (trabalho não publicado) 3-1 3.1. Introdução Os sistemas de suprimento de água devem ser projetados, construídos e operados de forma a fornecerem aos consumidores água em quantidade e qualidade compatíveis com suas necessidades, ao longo de certo tempo comumente denominado alcance do plano. Esse alcance é variável, sendo definido através de estudos técnico- econômico-comparativos Para o abastecimento de outros tipos de consumidores (indústrias, projetos de irrigação, acampamentos provisórios) o alcance do plano deve ser examinado caso por caso, uma vez que depende dos interesses do contratante (que poderá ser uma ou mais empresas da iniciativa privada ou órgão estatal, etc.). A água de abastecimento deverá estar disponível em quantidade e qualidade compatíveis com as necessidades do consumidor. Neste capítulo, abordar-se-á o aspecto qualidade da água, no que se refere ao abastecimento das populações, uma vez que a quantidade demandada para outros fins é muito variável, devendo cada caso ser analisado cuidadosamente. 3.2. Água bruta, água tratada e água potável a) Água bruta Água bruta é a água da forma como é encontrada na Natureza. O termo bruta designa apenas que ela não foi trabalhada pelo homem, não significando que ela não se preste para consumo. É claro que, na maioria dos casos, ela é imprópria para esse fim, por haver estado exposta aos elementos e, portanto, à poluição. Entretanto, mananciais de águas de superfície que se mantenham convenientemente protegidos (e, portanto, a salvo da poluição) podem conter águas adequadas ao consumo sem tratamento prévio. Dois fatores fundamentais contribuem para que a água de superfície torne- se imprópria para consumo: • A água é denominada por alguns de solvente universal. Isto porque ela é capaz de dissolver praticamente tudo com o que entre em contato, sejam sólidos (e.g.: rochas, partículas radioativas), líquidos (e.g.: biocidas, detergentes) e gases (e.g.: emissões gasosas industriais e de veículos). 3-2 • O fato da água encontrar-se à superfície do solo e, portanto, exposta a diversas fontes poluidoras. b) Água tratada Água tratada é a água que tenha sido submetida a algum tipo de tratamento, buscando torna-la adequada para o consumo. Água tratada não é, necessariamente, sinônimo de água potável (embora freqüentemente o termo seja utilizado com essa finalidade). Assim, por exemplo, para muitas finalidades industriais, basta remover da água parte dos sólidos que ela traz em suspensão consigo. Isto não basta para assegurar a potabilidade da água. Da mesma forma, a água potável pode não se apresentar suficientemente tratada para algumas finalidades industriais, que exigem tratamento complementar, com vistas a torna-la praticamente pura. c) Água potável Entende-se por água potável aquela que pode ser bebida sem causar danos à saúde ou objeções de caráter organoléptico. Por extensão, aquela que pode ser empregada no preparo de alimentos 2. Água potável não é água porá, quimicamente falando. Na realidade, a água potável é uma solução de uma infinidade de substâncias, algumas das quais a água trouxe consigo da Natureza, outras que lhe são introduzidas ao longo dos processos de tratamento. Os limites em que essas substâncias podem estar presentes na água potável são estabelecidos pelo padrão de potabilidade. Da definição anterior, resulta que não basta que a água esteja isenta de substâncias ou microrganismos patogênicos para ser considerada potável. É também necessário que ela não traga consigo substâncias capazes de adicionar-lhe cor, turbidez ou gosto desagradáveis, ainda que essas substâncias sejam inofensivas ao organismo humano. Cabe salientar que, em muitos casos, à sujeira da água costumam estar associadas substâncias e microrganismos patogênicos (embora não seja regra geral). Além disso, os componentes dessa sujeira costumam atuar como barreiras protetoras para os agentes desinfetantes comumente utilizados no tratamento da água. É importante ter em mente, por outro lado, que águas limpas nem sempre estão isentas de contaminantes químicos e/ou biológicos. No Brasil, o padrão de potabilidade é estabelecido pela Portaria número 1469/2000, do Ministério da Saúde. Para comodidade do leitor, ela é reproduzida no Anexo 15 deste livro. O leitor verificará que essa Portaria não estabelece apenas os valores máximos permissíveis para os diversos parâmetros ali relacionados, mas também a freqüência mínima com que eles deverão ser verificados nas águas de 3-3 abastecimento público. 3.2.1. A evolução de potabilidade Voltando a imaginação para um passado remoto, pode-se visualizar os ancestrais da atual civilização à procura de uma fonte supridora de água adequada para consumo. Naquele tempo, em que a única forma de poluição era a fecal, certamente as preferências recaíam sobre as nascentes ou torrentes de água límpidas e de sabor agradável. A experiência certamente já lhes havia ensinado que às substâncias capazes de alterar a limpidez e o sabor das águas freqüentemente estavam associados agentes causadores de doenças, algumas vezes fatais. Portanto, foi através dos sentidos que o homem estabeleceu os primeiros padrões de potabilidade, e é através deles que até nossos dias milhares de seres humanos selecionam a água que vão beber. Vale acrescentar que não tem sido com muito espanto que se toma conhecimento de fatos reais de populações que rejeitaram a água oferecida por sistemas abastecedores recém inaugurados no interior do país, de boa qualidade, indo abastecer-se de águas provenientes de outras fontes de abastecimento a cujo sabor já estavam familiarizadas, mas de qualidade suspeita e, algumas vezes, inadequada. Numa de suas andanças pelas bibliotecas do país foi que Branco 3 descobriu a que é, provavelmente, a mais antiga recomendação de critério sanitário de água no Brasil. Encontra-se na obra Da medicina brasileira, devida à Willem Pies, médico da corte de Nassau, que narrou, em 1648, o que se transcreve a seguir. Os velhos naturais, não menos solertes em distinguir pelo gosto as diferenças das águas, que os nosso sem discernir as várias qualidades dos vinhos, acusam de imprudência os que colhem as águas sem de nenhum modo as discriminar. Quanto a eles, buscam as mais tênues e doces, que não deixam nenhum depósito e as conservam em ar livre em lugares elevados (de preferência aos subterrâneos por causa do tepor) por dias e noites, em bilhas de barro, onde não obstante os raios a prumo do sol, se tornam num momento muito frescas. Voltando novamente a observar aqueles ancestrais em sua busca por uma água adequada ao seu consumo, pode-se imaginar com que surpresa constatavam que uma água límpida e de sabor agradável estava, de alguma forma, transmitindo enfermidades aos membros do grupo. É evidente que a culpa só poderia recair sobre os venenos e peçonhas que seriam lançados à água por cobras, aranhas, sapos e outros animais, ou sobre outras substâncias tóxicas devidas a plantas. Registros dessa crença generalizada podem ser encontrados em relatos devidos a autores antigos, como o famoso cirurgião Ambroise Paré 3. Cabe neste ponto abrir um parênteses para observar que o microscópio (do grego: mikros, pequeno + skopos, observador) foi inventado somente em 1683 3-4 por Antony van Leeuwenhock. Tratava-se de um aparelho extremamente simples, e que em nada se assemelhava aos atuais, quanto à forma. A despeito de sua simplicidade, os primeiros microscópios permitiam aumentos de até 270 vezes. Com esses aparelhos, esse autodidata holandês (1632 – 1723) realizou notáveis descobertas, narradas em longa série de cartas à Real Sociedade de Londres. Entretanto, considera-se que o inventor de fato do microscópio tenha sido Galileu, apesar de J. e Z. Jassen, fabricantes de óculos de Middelburg, Holanda, terem construído um microscópio composto, com duas lentes separadas, por volta de 1590 – 1591 15. A invenção do microscópio possibilitou a descoberta dos microrganismos, mas não foi sem longas e acirradas discussões, amparadas por experiências notáveis, que a suposição devida a Henle e as constatações de Koch, Pasteur e outros, de que muitos deles eram causadores de enfermidades, passou a ser aceita no mundo científico 13. Vale ressaltar que Louis Pasteur (1822 – 1895), a quem atribui-se, com muita justiça, o título de pai da bacteriologia, realizou suas mais notáveis descobertas em meados do século passado 13, e que, mesmo em épocas bem mais recentes, quando já se conhecia a existência de microrganismos (que, por coincidência, foram descobertos primeiramente na água) e até mesmo sua importância como causadora de doenças, muitos debates científicos foram travados entre os que acreditavam mais na origem química das doenças de veiculação hídrica e os que reconheciam a importância dos microrganismos patogênicos 2. Se dúvidas desse tipo persistiam, até há bem pouco tempo, entre membros da comunidade científica mundial, é natural esperar que haja, entre a população menos informada, total desconhecimento da existência de microrganismos patogênicos, quanto mais de seus ciclos vitais. Os que já tiveram oportunidade de lidar com obras sociais ou de apoio existencial a comunidades do interior do país conhecem bem essa situação. As fossas existentes são utilizadas (quando utilizadas) com objetivo principal de se esconder, não para evitar a transmissão de doenças, e constitui crença mais ou menos generalizada que a origem dos vermes está no sangue. Microrganismos constituem para eles coisas abstratas, da mesma forma que para toda população mundial, até há alguns séculos atrás, uma vez que fogem à sua percepção sensorial. É, portanto, perfeitamente natural esperar que essas populações dêem preferência à água freqüentemente contaminada de poços freáticos, mas límpida e (para eles) de sabor agradável, que à água tratada distribuída pelo novo e seguro sistema abastecedor, cujo sabor foi alterado pela remoção de parte das substâncias pré-existentes (como, por exemplo, das que são responsáveis pela dureza) ou por serem provenientes de outros mananciais (em tais situações, é comum que a culpa recaia sobre o cloro adicionado à água tratada, embora a dosagem normalmente utilizada seja incapaz de alterar suas características organolépticas). Atualmente, com o advento dos biocidas e fertilizantes que vêm sendo utilizados extensivamente (e, algumas vezes, de forma imprópria) na agricultura, 3-5 e com o surgimento de novos produtos de limpeza de uso doméstico, de novas indústrias (que, em seus despejos, lançam novos compostos nos cursos d’água) e da evolução das técnicas de laboratório, agora capazes de identificar e quantificar essas substâncias, os padrões de potabilidade constituem grandes listas, que apresentam os valores máximos em que elas podem estar presentes. Mais freqüentemente, vieram juntar-se à lista as partículas e poeiras provenientes de precipitações radioativas 4. 3.2.2. Padrões de natureza estética e econômica e de natureza sanitária Do que foi dito anteriormente, deduz-se que os padrões de potabilidade devem ser elaborados de forma a atender a, pelo menos, dois aspectos fundamentais: a) permitir que se ofereça às populações uma água límpida, de sabor agradável e inodora; b) impedir que a água distribuída leve consigo substâncias e/ou microrganismos patogênicos capazes de afetar a saúde humana. Tendo em vista que, da forma como são concebidos e implantados os sistemas distribuidores no Brasil, a água distribuída às populações é também utilizada com outros objetivos além da dessedentação, banho e preparo de alimentos, e que deverá passar pelo interior dos diversos componentes dos sistemas distribuidores públicos e prediais, cabe ainda acrescentar um terceiro item, qual seja: c) Torná-la adequada para a lavagem de roupas e utensílios, e não agressiva aos componentes dos sistemas abastecedores e das instalações hidráulicas prediais e não incrustante, especialmente em instalações de água quente. Costuma-se denominar os padrões destinados a atender aos itens (a) e (c) anteriores padrões de natureza estética e econômica, enquanto que os padrões destinados a atender ao item (b) é comum a denominação padrões de natureza sanitária. Conforme foi visto anteriormente, a água distribuída às populações deve, sempre que possível, atender às duas classes de padrões. Evidentemente, na necessidade de se optar por uma das duas alternativas, qualidade estética e econômica ou qualidade sanitária, deve-se optar pela última. Entretanto, ignorar ou desmerecer a primeira pode, em muitos casos, significar o fracasso do sistema abastecedor implantado. Branco 2 sintetiza com as seguintes palavras a idéia anterior. O ideal, o objetivo a ser atingido, será, evidentemente, o de distribuir à população uma água saudável e de bom aspecto. Mas, entre fornecer água de mau aspecto e não fornecer água alguma, é preferível a primeira alternativa, enquanto que, entre distribuir uma água tóxica ou contaminada (enfim, capaz de causar epidemias) e simplesmente não distribuir, é preferível a segunda alternativa. 3-6 3.2.2.1. Padrões de natureza estética e econômica Conforme foi visto, a inobservância desses padrões normalmente não constitui, em si só, causa de malefícios à saúde, mas pode levar à rejeição da água por parte da população servida, além de prejudicar as instalações de água potável e a qualidade de certos serviços. Entre as características limitadas por esses padrões, podem ser citadas: cor, turbidez, ferro e manganês, alcalinidade, dureza, pH, cloretos, sulfatos, cloro residual e flúor (embora alguns deles, quando em concentrações muito elevadas, possam também ser enquadrados na outra classificação). Embora não seja objeto deste livro o estudo detalhado da qualidade da água, serão apresentados, em seguida, breves comentários a respeito de cada um deles, de acordo com as considerações apresentadas por Sawyer e Mc Carty 14 e pela Organização Mundial da Saúde 12. a) Cor A denominada cor real das águas dos mananciais normalmente utilizados para fins de abastecimento a cor natural; existem, evidentemente, águas que se tingem devido à presença de corantes, de origem industrial, e de outros efluentes, em conseqüência da poluição; existe ainda a denominada cor aparente, devida à turbidez) deve-se à presença de colóides em solução, provenientes da decomposição da matéria orgânica de origem predominantemente vegetal. Águas originárias de pântanos, brejos e de corpos d’água de baixa velocidade apresentam cor acentuada. Até há bem pouco tempo não se atribuíam inconvenientes devidos à cor, do ponto de vista sanitário, tais como toxidez ou intolerância orgânica (que não fossem devidos a razões psicológicas). Entretanto, Branco 3 cita a existência de algumas cepas ou linhagens de algas (e não todas)da espécie Microcistis aeruginosa produtoras de uma toxina violentíssima, e de outras que, ao entrarem em decomposição, originam ambientes anaeróbios propícios ao dsenvolvimento de bactérias tóxicas. A denominada Anabaena flos-aquae produz uma toxina extremamente violenta, conforme descobriu-se mais recentemente, podendo provocar a morte de um camundongo inoculado em apenas 1 a 10 minutos. Mais recentemente tem sido levantadas suspeitas a respeito da natureza carcinogênica (capaz de causar o câncer) de algumas substâncias presentes em águas coloridas, se cloradas nas estações de tratamento 11,16. Em resumo, a cor natural das águas potabilizáveis deve-se a grande variedade de substâncias que podem estar presentes, sob forma de solução, na amostra a ser analisada. De modo geral, tais substâncias conferem à água uma coloração amarelo- amarronzada. A determinação da cor real das amostras de água exige sua prévia centrifugaçãp, de forma que apenas as partículas em solução sejam as responsáveis pela leitura desse parâmetro. A presença de turbidez, devida às partículas em suspensão, interfere na 3-7 leitura da cor. Por
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