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1 Universidade Federal do Pará Instituto de Tecnologia – ITEC Disciplina: Hidráulica Geral II Profa. Dra. Germana Menescal Unidade I – Sistemas Elevatórios 1. Introdução Os sistemas que operam devido à gravidade são econômicos, mas com reduzida flexibilidade, limitados pelo desnível geométrico e capacidade de vazão. Em alguns sistemas é necessário fornecer energia ao fluido para se obter maiores pressões, velocidades, vazões ou atingir cotas geométricas elevadas, nestes sistemas utilizam-se bombas. Um sistema de recalque ou elevatório é o conjunto de tubulações, acessórios, bombas e motores, necessários para transportar uma determinada vazão de água (ou qualquer outro líquido) de um reservatório inferior para outro reservatório superior. Entre as inúmeras aplicações dos sistemas elevatórios, pode-se citar: Captação de água em rios; Extração de água em poços; Adução com bombeamento; Lavagem de filtros em estações de tratamento; sistema de esgoto; distribuição de água potável; recuperação de cotas; reversão de capacidade de geração de hidrelétrica; injeção; etc. 2. Partes Componentes e Altura Manométrica Um sistema elevatório é composto por sucção, recalque e bomba (conjunto moto- bomba). A altura geométrica, HG, é o valor do desnível geométrico vertical (diferença entre a cota do nível do fluido superior e inferior), podendo ser dividida nas parcelas: altura de sucção, HS e altura de recalque, HR. A altura de sucção, HS, é a distância vertical entre o nível do fluido no reservatório inferior e o eixo da bomba. A altura de recalque, HR, é a distância vertical entre o eixo da bomba e o nível do fluido no reservatório superior. 𝐻𝐺 = 𝐻𝑆 + 𝐻𝑅 2 Figura 1 – Partes componentes de um sistema elevatório Evidentemente, a bomba tem que fornecer energia para vencer o desnível geométrico, HG, e a soma das perdas de energia distribuídas e localizadas. A altura manométrica, Hman, corresponde à distância vertical mínima para que o fluido chegue ao ponto elevado, ou seja, altura geométrica, HG, acrescida das perdas de energia. 𝐻𝑚𝑎𝑛 = 𝐻𝐺 + Δ𝑆𝑅 Exercício 1: No sistema elevatório da figura abaixo, a perda de carga na sucção é de 1,2 mca e a perda de carga no recalque é de 12,3 mca. Calcule as alturas manométricas de sucção, recalque e total. 3. Classificação das Bombas As bombas hidráulicas são classificadas em volumétricas e hidrodinâmicas: Bombas volumétricas: essas bombas são também chamadas de bombas de deslocamento positivo, onde o líquido confinado em um compartimento sofre um aumento de pressão e é deslocado de uma posição estática para outra posição estática mais elevada. Nesses tipos de bombas não há troca de energia interna na massa líquida. 3 TurboBombas ou Bombas Hidrodinâmicas: o rotor fornece energia ao fluido em forma de energia cinética, em conseqüência da rotação de uma peça interna. Entre os tipos de bombas, os que merecem atenção especial são as centrífugas, já que as instalações de água e esgoto geralmente são equipadas com bombas deste tipo. As bombas centrífugas são equipamentos, compostos basicamente de rotor e motor, que transferem energia para o deslocamento do fluido. Figura 2 – Bomba centrífuga Se imaginarmos um vaso cilíndrico aberto, parcialmente cheio de água e submetido a uma força externa que promova o seu giro em torno do eixo de simetria, teremos uma situação mostrada na Figura a seguir. Figura 2 – Vaso girante Atingido o equilíbrio, a água sobe pelas pareces do vaso. Quando a velocidade angular for suficientemente grande, a água subirá nas paredes do vaso a ponto de descobrir sua região central. Figura 3 – Depressão e sobrepressão em um vaso girante Língua Voluta Carcaça Impelidor Admissão Corbetura Olho Saída Língua Voluta Carcaça Impelidor Admissão Corbetura Olho Saída 4 Assim, considera-se um vaso cilíndrico fechado e totalmente cheio de água, e interligado por tubulações a dois reservatórios: um inferior e ao qual se liga pelo centro, e outro superior e ao qual se liga pela periferia. Ao acionar o rotor, a depressão central aspira o fluido que, sob ação da força centrífuga, ganha na periferia a sobreposição que o recalca para o reservatório superior (Figura 4). Dessa forma, terá sido criada uma bomba centrífuga. Figura 4 – Princípio de funcionamento de uma bomba centrífuga Elas podem ser classificadas de acordo com: Movimento do fluido: sucção simples (rotor simples) ou dupla (rotor de dupla admissão); Números de rotores: 1 estágio (1 rotor), estágios múltiplos (2 ou mais rotores); Posição do eixo: vertical, inclinado ou horizontal; Pressão: baixa (Hman ≤ 15m), média (15m < Hman < 50m) e alta (Hman ≥ 50m) Instalação: afogada ou aspirada. Figura 5 – Bomba aspirada e afogada. 4. Potência e Rendimento O conjunto elevatório deverá vencer a diferença de nível entre os dois pontos, mais as perdas de carga em todo o percurso (localizadas + distribuídas). A potência, Pot, que corresponde ao trabalho realizado para elevar o fluido com a altura manométrica, Hman, é: 5 𝑃𝑜𝑡 = 𝛾. 𝑄. 𝐻𝑚𝑎𝑛 75. 𝜂 Onde é o peso específico do líquido a ser elevado, em kgf/m3, Q é a vazão, em m3/s, Hman é a altura manométrica, em m, é o rendimento global do conjunto elevatório e a potência é dada em cv. O rendimento global é dado por: 𝜂 = 𝜂𝑚𝑜𝑡𝑜𝑟 . 𝜂𝑏𝑜𝑚𝑏𝑎 O rendimento, 𝜂, aumenta com o tamanho da bomba (grandes vazões) e com a pressão. O motor que aciona a bomba deverá trabalhar sempre com uma folga ou margem de segurança a qual evitará que o mesmo venha, por uma razão qualquer, operar com sobrecarga. Portanto, recomenda-se que a potência necessária ao funcionamento da bomba (Pot) seja acrescida de uma folga (para motores elétricos). Tabela 1 – Margens de segurança recomendadas para motores elétricos Finalmente para a determinação da potência instalada (N), deve-se observar que os motores elétricos nacionais são fabricados com as seguintes potências comerciais, em HP: 1/4 – 1/3 – 1/2 – 3/4 – 1 – 1 ½ – 2 – 3 – 5 – 6 – 7 ½ – 10 – 12 – 15 – 20 – 25– 30 – 35 – 40 – 45 – 50 – 60 – 80 – 100 – 125 – 150 – 200 e 250. Exercício 2 : Uma bomba trabalha com uma altura manométrica de 22 metros e uma vazão igual a 22 L/s. Se o rendimento do motor é de 92% e o rendimento da bomba é de 82%, calcule o rendimento global e a potência. 5. Seleção das bombas A especificação de uma bomba para atender a uma determinada condição de projeto é um dos principais problemas práticos de engenharia, pela grande variedade de tipos e domínios de aplicação. Em grandes unidades, recorre-se à rotação específica como um dos 6 parâmetros para a escolha da bomba, enquanto que nos casos mais freqüentes, utilizam-se os catálogos dos fabricantes. Para escolha de uma bomba pelos catálogos do fabricante, deve-se conhecer a vazão a ser recalcada e altura manométrica e, consultando o gráfico de seleção de cada fabricante onde se encontram as bombas de uma série com mesmo tipo, escolhe-se, preliminarmente, a bomba. Escolhida a bomba no gráfico de seleções, procura-se no catálogo as respectivas curvas características que fornecem: diâmetro do rotor, rendimento, potência, NPSH, rendimento e outros dados úteis que podem ser comparados com os valores calculados esperados para verificação da eficiência do sistema elevatório. Figura 6 – Gráfico de seleção da bomba. 6. Curvas Características das Bombas A maioria dos problemas com os sistemas elevatórios podem ser resolvidos com o auxílio das curvas características. As curvas características são a representação gráfica, ou em forma de tabela, das funções que relacionam os parâmetros envolvidos no funcionamento do sistema. Pode-se dizer que as curvas características constituem-se no retrato de funcionamento dasbombas nas mais diversas situações. 7 Figura 7 – Curvas características da bomba. As curvas características são obtidas experimentalmente, ou seja, fornecidas pelo fabricante da bomba, numa bancada de ensaio, na qual, para cada vazão recalcada, são medidas a vazão e a altura de elevação, com o auxílio de manômetros, e o torque no eixo da máquina. O ensaio é repetido para outros diâmetros de rotor e os resultados, 𝐻 = 𝑓(𝑄), 𝑃𝑜𝑡 = 𝑓(𝑄) e 𝜂 = 𝑓(𝑄), lançados em gráficos. 8 Nos catálogos dos fabricantes de bombas, geralmente são apresentados três gráficos correspondentes a uma família de bombas. O gráfico da curva característica propriamente dita, representando as curvas de Hman versus Q e indicando também as linhas dos pontos de igual rendimento, o gráfico da variável NPSHreq versus Q, e, finalmente, a curva Pot versus Q. O conjunto dessas três curvas, para uma determinada velocidade de rotação, é útil na análise de desempenho, bem como no processo de escolha da bomba. 7. Curva Característica do Sistema e Ponto de Operação A curva resultante da consideração de todas as perdas de energia é denominada curva característica da instalação (ou curva do sistema), geralmente apresentando a perda de energia em função da vazão. Essa curva é lançada no gráfico da altura total (altura manométrica) em função da vazão. O levantamento topográfico do perfil do terreno permite determinar: o desnível geométrico da instalação (HG), o comprimento das tubulações de sucção e de recalque e o número de peças especiais dessas tubulações. Com os comprimentos das tubulações e o número de peças especiais, a perda de carga é facilmente calculada pelo conhecimento dos diâmetros de sucção e de recalque: 𝐻𝑚𝑎𝑛 = 𝐻𝐺 + 𝑓𝑆 + 𝑓𝑅 + 𝑎𝑆 + 𝑎𝑅 As perdas de carga localizadas podem ser incluídas nas perdas de carga contínuas pelo método dos comprimentos virtuais (ou equivalentes): 𝐿𝑇𝑂𝑇 = 𝐿 + 𝐿𝑒𝑞 Utilizando a fórmula Universal, tem-se: 𝐻𝑚𝑎𝑛 = 𝐻𝐺 + 𝑓 𝐷𝑆 . 𝑉𝑆 2 2𝑔 . 𝐿𝑇𝑂𝑇𝑆 + 𝑓 𝐷𝑅 . 𝑉𝑅 2 2𝑔 . 𝐿𝑇𝑂𝑇𝑅 𝐻𝑚𝑎𝑛 = 𝐻𝐺 + 𝑓 𝐷𝑆 . 𝑄 𝐴𝑠 2 2𝑔 . 𝐿𝑇𝑂𝑇𝑆 + 𝑓 𝐷𝑅 . 𝑄 𝐴𝑅 2 2𝑔 . 𝐿𝑇𝑂𝑇𝑅 𝑚𝑎𝑛 = 𝐻𝐺 + 𝛼. 𝑄 2 Utilizando Hazen-Williams: 𝐻𝑚𝑎𝑛 = 𝐻𝐺 + 10,65. 𝑄1,85 𝐶1,85 . 𝐿𝑇𝑂𝑇𝑆 𝐷𝑆 4,87 + 10,65. 𝑄1,85 𝐶1,85 . 𝐿𝑇𝑂𝑇𝑅 𝐷𝑅 4,87 𝐻𝑚𝑎𝑛 = 𝐻𝐺 + 𝛼′. 𝑄 1,85 9 Essas equações, quando representadas graficamente, têm o formato seguinte: Figura 8 – Curva característica da tubulação. Como visto, para a bomba, a altura manométrica não é constante com a vazão recalcada, mas é função dela, diminuindo com o aumento da vazão. A intersecção da curva característica da bomba com a curva característica da tubulação define o ponto de trabalho ou ponto de operação da bomba, ou seja: para a vazão de projeto da bomba, a altura manométrica da bomba é igual àquela exigida pelo sistema. Figura 9 – Ponto de operação do sistema. 8. Cavitação Quando um líquido em escoamento, em uma determinada temperatura, passa por uma região de baixa pressão, chegando a atingir o nível correspondente à sua pressão de vapor, naquela temperatura, formam-se bolhas de vapor que explodirão com alto potencial de danificação. 𝐻𝐺 Δ𝑆𝑅= 𝛼. 𝑄 𝑛 Hman Q 10 Quando o colapso de uma bolha ocorre em contato com uma superfície sólida, uma diminuta área desta superfície é momentaneamente exposta a uma tensão de tração extremamente elevada. Este efeito, sendo repetido continuamente por inúmeras bolhas, é como se a superfície metálica fosse bombardeada por pequeníssimas bolas, provocando um processo erosivo de martelagem. A cavitação, uma vez estabelecida em uma instalação de recalque, acarreta queda de rendimento da bomba, ruídos, vibrações e erosões, o que pode até levar ao colapso do equipamento. No caso das bombas, o ponto mais crítico, em termos de pressão baixa, ocorre na entrada do rotor. A queda de pressão, desde a superfície livre do poço de sucção até a entrada do flange de sucção, depende da vazão, do diâmetro, do comprimento total da tubulação, da rugosidade do material e, principalmente, da altura geométrica de sucção. Para que uma bomba trabalhe sem cavitar, é necessário então que a pressão absoluta do líquido na entrada da bomba seja superior à pressão de vapor, à temperatura de escoamento do líquido. Aplicando a equação de Bernoulli entre o nível da água no reservatório inferior e a entrada da bomba e considerando a pressão na entrada da bomba como a pressão de vapor, tem-se: 𝑝𝑎𝑡𝑚 𝛾 = 𝑝𝑣 𝛾 + 𝐻𝑆 + 𝑉𝑒 2 2𝑔 + ∆𝑆 Para que a pressão na entrada da bomba seja superior à pressão de vapor: 𝐻𝑠 < 𝑝𝑎𝑡𝑚 − 𝑝𝑣 𝛾 − 𝑉𝑒 2 2𝑔 − ∆𝑆 Mas essa expressão leva em conta apenas a perda de carga existente até a entrada da bomba. Considerando-se que as bolsas de vapor serão levadas para a saída do rotor, deve-se adicionar à referida expressão da perda de carga as perdas existentes entre a entrada da bomba e a saída do rotor (onde acontece o colapso das bolhas), ∆𝐻∗. Essa perda não é calculada pelas expressões normais de perda de carga. Assim, a expressão anterior deve ser reescrita da seguinte maneira: 𝐻𝑠 < 𝑝𝑎𝑡𝑚 − 𝑝𝑣 𝛾 − 𝑉𝑒 2 2𝑔 − ∆𝑆 − ∆𝐻 ∗ ∆𝐻∗ tem muita importância na altura máxima de sucção e juntamente com 𝑉𝑒 2/2𝑔 constituem as grandezas relacionada com a bomba utilizada. Na expressão anterior, as pressões de vapor e atmosférica são tabeladas (ver tabela 2, a seguir). 11 Tabela 2 – Valores de pressão atmosférica de acordo com a altitude Altitude(m) Patm (mca) 0 10,33 300 9,96 600 9,59 900 9,22 1200 8,88 1500 8,54 1800 8,20 2100 7,89 2400 7,58 2700 7,31 3000 7,03 A pressão atmosférica também pode ser calculada pela expressão a seguir: 𝑝𝑎𝑡𝑚 = 10,33 − 0,0012. 𝐴 Onde A é a altitude do local. Tabela 3 – Valores de pressão de vapor da água de acordo com a temperatura 8.1. NPSH (Net Positive Suction Head) A energia ou carga total na entrada da bomba é conhecida como NPSH, existindo dois valores: requerido, fornecido pelo fabricante (pois é experimental), que deve ser excedido para 12 que não ocorra a cavitação e o disponível, que representa a energia ou carga no sistema elevatório. Separando no primeiro membro as grandezas que dependem das condições locais de instalação e no segundo membro as grandezas relacionadas com a bomba, tem-se: 𝑝𝑎𝑡𝑚 − 𝑝𝑣 𝛾 − 𝐻𝑠 − ∆𝑆 > ∆𝐻 ∗ − 𝑉𝑒 2 2𝑔 O primeiro membro da equação acima é chamado de NPSHdisponível, sendo uma preocupação do técnico que vai instalar a bomba e o segundo membro é o NPSHrequerido, que depende das características da bomba. O NPSHrequerido é a "carga energética líquida requerida pela bomba" para promover a sucção. Esse NPSH é objeto de estudo do fabricante, sendo fornecido graficamente através de catálogos. Observa-se, portanto, que a energia disponível na instalação para sucção deve ser maior que a energia requerida pela bomba, logo NPSHdisponível ≥ NPSHrequerido. Caso contrário, haverá cavitação em decorrência de uma sucção deficiente. 8.2. Medidas Destinadas a Dificultar a Cavitação, por parte do usuário a) Trabalhar com líquidos frios (menor temperatura, menor pv); b) Tornar a linha de sucção a mais curta e reta possível (diminui a perda de carga); e c) Selecionar o diâmetro da tubulação de sucção de modo que a velocidade não ultrapasse a 2 m/s (diminui a perda de carga). Exercício 3: De acordo com os dados fornecidos, calcule o que se pede. Dados: Q = 35 m3/h, Hman = 40 mca, NPSHrequerido = 6 mca, Pressão atmosférica no local patm = 90,8 kPa, Fluido = água (300C) pv = 0,0429 kgf/cm 2, Hs = 4 m e hs = 1 m. a) NPSHdisponível b) Haverá cavitação? c) Determinar a altura máxima de sucção para que nãoocorra cavitação. 9. Dimensionamento de Sistemas Elevatórios No projeto de um sistema elevatório, há dois aspectos importantes a serem considerados: o diâmetro da tubulação de recalque e, em conseqüência da tubulação de sucção, a potência necessária do conjunto motor-bomba. Se o diâmetro adotado for relativamente grande, resultarão perdas de carga pequenas, portanto, a altura manométrica e a potência do conjunto elevatório necessária 13 serão relativamente pequenas, com custos menores, enquanto o custo da linha adutora será alto. Se, ao contrário, o diâmetro adotado for relativamente pequeno, a linha adutora terá custo baixo, enquanto as perdas de carga serão altas e o conjunto elevatório ficará mais caro por exigir uma potência maior. Como a vazão e a altura geométrica são fixas, os custos totais da linha adutora e do conjunto elevatório, incluindo o custo anual de energia, dependem, de modos opostos, do diâmetro escolhido. Assim, existirá um diâmetro conveniente para o qual o custo total do projeto, incluindo os custos indiretos, será mínimo. A metodologia mais adequada para dimensionamento do sistema elevatório deve, portanto, introduzir o critério econômico. 9.1. Diâmetro de Recalque Existem algumas fórmulas, baseadas em análises de custos, utilizadas no dimensionamento do diâmetro de recalque. As fórmulas mais conhecidas serão apresentadas a seguir. Fórmula de Bresse (recomendada para funcionamento contínuo, ou seja, 24 horas): 𝐷𝑅 = 𝐾. 𝑄 Sendo DR em m e Q em m 3/s e K um coeficiente econômico, que faz o balanço entre os gastos com a tubulação (investimento) e os gastos com a operação da instalação (custo operacional). O valor de K também está relacionado com a velocidade: 𝑉 = 4. 𝑄 𝜋. 𝐷𝑅 2 = 4 𝜋. 𝐷𝑅 2 . 𝐷𝑅 2 𝐾2 = 4 𝜋. 𝐾2 Tabela 4 – Valores de K em função da velocidade No Brasil, têm sido adotados valores para K entre 0,9 e 1,4. No entanto, o valor desse coeficiente é função dos preços de eletricidade, materiais e das máquinas empregadas na instalação, variando com a região e ao longo do tempo. De um modo geral K varia de 0,7 a 1,5, por isso, sempre que se partir de um valor médio de K, a solução obtida será aproximada. A fórmula de Bresse é uma das mais utilizadas na atualidade, mas possui um grau de incerteza elevado, já que o coeficiente K é função de diversos fatores, que são levados em consideração pela experiência do projetista. 14 Fórmula da ABNT NBR 5626 (recomendada para funcionamento intermitente ou não contínuo): 𝐷𝑅 = 1,3. 𝑇 24 1/4 . 𝑄 Onde T é o número de horas de bombeamento por dia, DR em m e Q em m 3/s. Exercício 4: Dimensionar a linha de recalque com as seguintes características: Q = 30 L/s; Período de funcionamento = 24 horas; HG = 40 m. Exercício 5: Em um prédio de 10 pavimentos, com 4 apartamentos por andar, será montada uma estação de bombeamento de água que deverá funcionar 8 horas por dia. Admite-se uma quota de 200 litros por habitante por dia e uma média de 5 habitantes por apartamento. Supondo que as tubulações sejam de aço galvanizado, pede-se determinar os diâmetros das tubulações de recalque e sucção. Fórmula de Gomes (Variação Linear dos Custos): Este método parte do princípio de que o custo de implantação da tubulação varia linearmente com seu diâmetro, ou seja: 𝐶 𝐷 = 𝜆. 𝐷𝑖𝑛𝑡 Onde C(D) é o custo de implantação por metro de comprimento (R$/m), Dint é o diâmetro interno da tubulação (m) e é o custo de implantação, por metro de comprimento e por metro de diâmetro (R$/m/m). Na determinação do coeficiente devem ser computados o preço unitário do tubo, incluindo o transporte e os gastos com escavação e montagem da tubulação, sendo o custo de implantação C(D) por metro de comprimento dado por: 𝐶 𝐷 = 𝑃 𝐷 + 𝑀 𝐷 onde P(D) é o preço unitário da tubulação e M(D) é o custo da montagem da tubulação, ambos em R$/m. A Tabela 5 fornece um exemplo dos custos P(D) de tubos de PVC em função do diâmetro, incluindo o transporte. 15 Tabela 5 – Custo dos tubos de PVC com classe de pressão 1MPa Os custos com montagem da tubulação envolvem o balanço do movimento de terra para o assentamento da tubulação. A figura 10 apresenta as dimensões envolvidas em uma vala trapezoidal escavada para assentar a tubulação de recalque. Figura 10 – Vala de escavação para assentamento de tubulação Os custos envolvidos no movimento de terra englobam custos com volume escavado, volume aterrado, bota-fora e reposição do pavimento. Considerando a vala mostrada pela Figura 10, tem-se: Volume de Escavação 𝑉𝑜𝑙𝑒𝑠𝑐 = 𝐵 + 𝑏 2 . = 𝐷 + 2. 𝐿 + 𝐷 + 2. 𝐿 + 2. 𝑚 𝐷 + 𝑃𝑓 2 . 𝐷 + 𝑃𝑓 Simplificando: 𝑉𝑜𝑙𝑒𝑠𝑐 = [𝐷 + 2. 𝐿 + 𝑚 𝐷 + 𝑃𝑓 ]. 𝐷 + 𝑃𝑓 Volume de Aterro 𝑉𝑜𝑙𝑎𝑡𝑒𝑟𝑟𝑜 = 𝑉𝑜𝑙𝑒𝑠𝑐 − 𝑉𝑜𝑙𝑡𝑢𝑏 = 𝑉𝑜𝑙𝑒𝑠𝑐 − 𝜋. 𝐷2 4 Volume de Bota-fora O bota-fora, ou rejeito, pode ser majorado em 30%: 𝑉𝑜𝑙𝑏−𝑓 = 1,3. 𝜋. 𝐷2 4 Reposição do Pavimento Diâmetro Diâmetro Custos Nominal Interno (R$/m) 50 53,4 3,54 75 75,6 6,74 100 108,4 12,8 150 156,4 23,41 200 204,2 39,24 250 252,0 58,52 300 299,8 83,12 B Pf h L L D b m 1 16 A reposição do pavimento é dada por área de pavimento a ser reassentado: 𝐴𝑟𝑒𝑝 = 2. 𝑚 𝐷 + 𝑃𝑓 + 2𝐿 + 𝐷 Assim, o custo de montagem da tubulação M(D), é dado por: 𝑀 𝐷 = 𝑉𝑜𝑙𝑒𝑠𝑐 . 𝑃𝑒𝑠𝑐 + 𝑉𝑜𝑙𝑎𝑡𝑒𝑟𝑟𝑜 . 𝑃𝑎𝑡𝑒𝑟𝑟𝑜 + 𝑉𝑜𝑙𝑏−𝑓 . 𝑃𝑏−𝑓 + 𝐴𝑟𝑒𝑝 . 𝑃𝑟𝑒𝑝 Definidos os diversos componentes do custo de implantação por metro de comprimento, é possível o cálculo do coeficiente : 𝜆 = 𝐶(𝐷)/𝐷𝑖𝑛𝑡 Onde Dint é o diâmetro interno da tubulação, em m. O custo total de implantação é: 𝐶. 𝐼. = 𝐶 𝐷 . 𝐿 = 𝜆. 𝐷. 𝐿 Mas o custo total do sistema de recalque é composto de duas partes distintas: uma referente aos custo de implantação do sistema, e a outra se refere aos custos operacionais, que, em grande parte, corresponde à energia gasta pela instalação de bombeamento para recalcar a vazão de projeto. Para calcular o consumo de energia, a potência Pot requerida pela bomba em KW, é necessária: 𝑃𝑜𝑡 = 9,81. 𝑄. 𝐻𝑚𝑎𝑛 𝜂 O custo anual de energia de bombeamento é obtido mediante o produto da potência requerida pelo número anual de horas de bombeamento e pelo custo unitário da energia, ou seja: 𝐶𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 = 𝑃𝑜𝑡. 𝑁𝑏 . 𝑝 = 9,81. 𝑄. 𝐻𝑚𝑎𝑛 . 𝑁𝑏 . 𝑝 𝜂 onde Pot é a potência do conjunto moto-bomba (KW), Nb é o número de horas de bombeamento anual (h), p é o custo unitário da energia (R$/KWh), Q é a vazão (m3/s) e Hman é a altura manométrica (m). Como visto, a altura manométrica é composta da altura geométrica, somada às perdas de carga (distribuída e localizada) no percurso: 𝐻𝑚𝑎𝑛 = 𝐻𝐺 + Δ O somatório das perdas de carga na instalação pode ser expresso, segundo a Fórmula Universal, por: Δ = 𝛽. 𝑄2 𝐷5 . 𝐿 17 A perda de carga total pela Fórmula Universal e somatório das perdas localizadas é: Δ = 𝑓 𝐷 . 𝑉2 2. 𝑔 . 𝐿 + 𝐾 . 𝑉2 2. 𝑔 Substituindo V por Q/A: Δ = 𝑓 𝐷 . 𝑄2 2. 𝑔. 𝐴2 . 𝐿 + 𝐾 . 𝑄2 2. 𝑔. 𝐴2 Δ = 𝑓 𝐷 . 𝑄2 2. 𝑔. 𝜋2 . 𝐷4/16 . 𝐿 + 𝐾 . 𝑄2 2. 𝑔. 𝜋2 . 𝐷4/16 Δ = 8. 𝑓 𝐷 . 𝑄2 𝑔. 𝜋2. 𝐷4 . 𝐿 + 8. 𝐾 . 𝑄2 𝑔. 𝜋2 . 𝐷4 Colocando o termo (Q2/D5).L em evidência: Δ = 𝑄2 𝐷5 . 𝐿 . 8. 𝑓 𝜋2 . 𝑔 + 8. 𝐾 . 𝐷 𝐿. 𝜋2 . 𝑔 Escrevendo a expressão na forma desejada: Δ = 8 𝜋2. 𝑔 . 𝑓 + 𝐾 . 𝐷 𝐿 . 𝑄2 𝐷5 . 𝐿 Tem-se: 𝛽 = 8 𝜋2 . 𝑔 . 𝑓 + 𝐾 . 𝐷 𝐿 onde f é o coeficiente de atrito do tubo, K é o somatório dos coeficientes K das perdas localizadas, D é o diâmetro da tubulação (m) e L é o comprimento da tubulação (m). Mas os custos de implantação e operação da instalação incidem em tempos distintos,já que o custo de implantação é fixo e atua no início, enquanto que o custo energético atua ao longo do alcance do projeto. Para somar os dois custos, é necessário amortizar o custo anual de implantação e adicionar o custo anual de energia, ou calcular o valor presente do custo energético e somá-lo ao custo de implantação. Lançando mão da segunda opção, o custo atualizado de energia é dado pelo custo energético anual multiplicado pelo coeficiente de atualização da energia, Fa, dado a seguir: 𝐹𝑎 = 1 + 𝑒 𝑛 − 1 + 𝑖 𝑛 1 + 𝑒 − 1 + 𝑖 . 1 1 + 𝑖 𝑛 Em que i é a taxa de juros anual (%), e é o aumento de energia anual (%) e n é o período de amortização (anos), que normalmente se considera igual à vida útil da instalação. Assim o custo total do sistema de recalque (implantação e operação) pode ser expresso por: 18 𝐶𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 9,81. 𝑄. 𝐻𝐺 + 𝛽. 𝑄5 𝐷2 . 𝐿 . 𝑁𝑏 . 𝑝 𝜂 . 𝐹𝑎 + 𝜆. 𝐷. 𝐿 O primeiro termo da equação corresponde aos custos atualizados com energia e o segundo termo corresponde ao custo de implantação. O custo do sistema será mínimo quando a tangente à curva do custo total (Figura 11) for igual à zero. O diâmetro mínimo (ótimo teórico) será, portanto: 𝐷ó𝑡𝑖𝑚𝑜 = 1,913. 𝛽. 𝑝. 𝑁𝑏 . 𝐹𝑎 𝜆. 𝜂 0,166 . 𝑄 Figura 11 – Custos envolvidos em uma instalação elevatória O parâmetro de custo e a variável de perda β variam com o diâmetro da tubulação, o que poderia, a princípio, dificultar o cálculo do diâmetro ótimo através da expressão anterior. No entanto, esse aspecto não se constitui em um problema para a obtenção do diâmetro ótimo, já que, para qualquer valor de e β, obtidos a partir de um determinado diâmetro, entre os comercialmente disponíveis, o valor de Dótimo calculado se situará em torno de um diâmetro nominal, que será o ótimo definitivo para o projeto. O arredondamento deve ser para o diâmetro comercial mais próximo, podendo ser inferior ou superior. Exercício 6: Determinar o diâmetro ótimo de uma tubulação de recalque com um desnível topográfico de 30 metros e uma extensão de 2.000 metros de tubulação. O valor da pressão residual no ponto de deságüe é desprezível e a vazão requerida é de 40 L/s. O somatório dos coeficientes devido às perdas localizadas da tubulação é igual a 15. O rendimento esperado do conjunto motor-bomba é de 75% e a viscosidade cinemática da água a 20oC, é de 1,004.10-6 m2/s. O preço do kWh é de R$ 0,063, calculado para um período de exploração de 30 anos, com utilização média anual de 5.840 h. A taxa de juros é de 12 % ao ano, e o aumento anual esperado da energia é de 6 %. Deverão ser utilizados tubos de PVC (rugosidade de 0,02 mm), cujos preços estão apresentados na Tabela 5 (já estão incluídos os custos de transporte). A geratriz superior da tubulação estará a 2,0 m de profundidade, a inclinação do talude da vala é igual a 0,2, e a largura da base da vala é de D mais 0,6 metros, 19 onde D é o diâmetro, em metros, da tubulação. Os custos unitários dos movimentos de terra são dados na Tabela 6. Tabela 6 – Custo do movimento de terra. 9.2. Diâmetro da Sucção O diâmetro da sucção é o diâmetro comercial imediatamente superior ao diâmetro de recalque calculado pelas fórmulas anteriores, que levam em consideração o custo da instalação elevatória. 9.3. Observações Importantes Algumas observações importantes devem ser feitas a respeito do dimensionamento de um sistema elevatório: a) O correto é fazer um balanço econômico entre o custo da tubulação e o custo da manutenção do sistema. A manutenção do sistema envolve gastos com energia elétrica (ou combustível), lubrificantes, mão-de-obra, etc.. Recomenda-se a análise de cinco diâmetros comerciais, sendo o intermediário calculado pela fórmula de Bresse, para K = 1. b) Quando o diâmetro calculado pela fórmula de Bresse ou da ABNT não coincidir com o diâmetro comercial, é procedimento usual admitir o diâmetro comercial imediatamente superior ao calculado para a sucção e o imediatamente inferior para o recalque. c) Além das fórmulas vistas anteriormente para cálculo dos diâmetros, pode-se adotar o critério das chamadas velocidades econômicas, cujos limites são: na sucção: 0,5 m/s < VS < 1,5 m/s (não deve ultrapassar 2,0 m/s) no recalque: 0,5 m/s < VR < 2,5 m/s (não deve ultrapassar 3,0 m/s) Como valores médios pode-se adotar vS = 1,0 m/s e vR = 2,0 m/s. Adotadas as velocidades, o cálculo dos diâmetros é facilmente determinado pela equação da continuidade, já que se conhece a vazão (Q = A . v), ou seja: 𝐷𝑆 = 4. 𝑄 𝜋. 𝑉𝑠 20 𝐷𝑅 = 4. 𝑄 𝜋. 𝑉𝑅 9.4. Peças Especiais em uma Instalação Elevatória Típica 9.4.1. Na linha de sucção a) Válvula de pé com crivo Instalada na extremidade inferior da tubulação de sucção. É uma válvula unidirecional, isto é, só permite a passagem do líquido no sentido ascendente. Com o desligamento do motor de acionamento da bomba, esta válvula mantém a carcaça ou corpo da bomba e a tubulação de sucção cheia do líquido recalcado, impedindo o seu retorno ao reservatório de sucção ou captação. Nestas circunstâncias, diz-se que a válvula de pé com crivo mantém a bomba escorvada (a função da carcaça e tubulação desta válvula é a de impedir a entrada de partículas sólidas ou corpos estranhos como: folhas, galhos, etc). A válvula deve estar mergulhada a uma altura mínima de: = 2,5. 𝐷𝑠 + 0,1 onde DS é o diâmetro da sucção, em m, para evitar a entrada de ar e formação de vórtices. b) Curva de 90o Imposta pelo traçado da linha de sucção. c) Redução Excêntrica Liga o final da tubulação à entrada da bomba, de diâmetro geralmente menor. Essa excentricidade visa evitar a formação de bolsas de ar à entrada da bomba. São aconselháveis sempre que a tubulação de sucção tiver um diâmetro superior a 4” (100 mm). 21 Figura 12 – Esquema típico de instalação de uma motobomba centrífuga. 9.4.2. Na linha de recalque a) Ampliação concêntrica Liga a saída da bomba de diâmetro geralmente menor à tubulação de recalque. b) Válvula de retenção É unidirecional e instalada à saída da bomba, antes da válvula de gaveta. Suas funções são: impedir que o peso da coluna de água do recalque seja sustentado pela bomba o que poderia desalinhá-la ou provocar vazamentos na mesma; 22 impedir que, com o defeito da válvula de pé e estando a saída da tubulação de recalque afogada (no fundo do reservatório superior), haja um refluxo do líquido, fazendo a bomba funcionar como turbina, o que viria a provocar danos à mesma; possibilitar, através de um dispositivo chamado “by-pass”, a escorva da bomba. c) Válvula de gaveta Instalada após a válvula de retenção. Suas funções são de regular a vazão e permitir reparos na válvula de retenção. Observação: a bomba centrífuga deve ser sempre ligada e desligada com a válvula de gaveta fechada, devendo-se proceder de modo contrário nas bombas axiais. Exercício 7: Considere os seguintes dados de um sistema de bombeamento: Vazão: 140,4 m3/h (8 horas de bombeamento por dia); Cota do nível de água na captação: 96 m; Cota do nível da água no reservatório: 153 m; Altitude da casa de bombas: 400 m; Cota no eixo da bomba: 100 m; Comprimento da tubulação de sucção: 6 m; Comprimento da tubulação de recalque: 210 m; Material: PVC (C = 145) Peças: Sucção: 1 válvula de pé com crivo, 1 curva de 900, 1 redução gradual Recalque: 1 válvula de retenção, 1 válvula de gaveta, 6 curvas de 900, 1 ampliação gradual 10. Alterações na Rotação da Bomba Para uma bomba com o mesmo rotor, girando a velocidades diferentes, são válidas as seguintes relações: 𝑄1 𝑄2 = 𝑟𝑝𝑚1 𝑟𝑝𝑚2 𝐻𝑚𝑎𝑛 1 𝐻𝑚𝑎𝑛 2 = 𝑟𝑝𝑚1 2 𝑟𝑝𝑚2 2 𝑃𝑜𝑡1 𝑃𝑜𝑡2 = 𝑟𝑝𝑚1 3 𝑟𝑝𝑚2 3 Essas relações, conhecidas como leis da semelhança, são utilizadas para se determinaro efeito da variação da rotação na vazão, altura e potência da bomba. 23 Exercício 8: Uma bomba centrífuga trabalha com as seguintes condições: 1800 rpm, 100 m3/h, 20 cv de potência e altura manométrica de 40 m. Determinar a rotação, a altura manométrica e a potência da mesma bomba trabalhando com uma vazão de 135 m3/h. 11. Associação de bombas Várias são as razões que levam à necessidade de associar bombas: Quando a vazão é grande e não há no mercado comercial, bombas capazes de atender a demanda pretendida; Ampliações; Inexistência de bombas comerciais para grandes alturas manométricas. Basicamente quando as vazões são amplas utilizam-se bombas em paralelo e para grandes alturas manométricas, utiliza-se em série. Figura 15 – Associação de bombas 11.1. Bombas em Paralelo As bombas em paralelo trabalham sob a mesma altura manométrica, mas com vazões somadas. Esta associação é muito utilizada em abastecimento de água de cidades e em indústrias. 𝑄 = 𝑄1 + 𝑄2 + ⋯ + 𝑄𝑛 𝐻𝑚𝑎𝑛 1 = 𝐻𝑚𝑎𝑛 2 = ⋯ = 𝐻𝑚𝑎𝑛𝑛 Dados: Bomba1: Q1, Pot1, 𝜂1 e Bomba2: Q2, Pot2, 𝜂2 𝑃𝑜𝑡1 = 𝛾. 𝑄1 . 𝐻𝑚𝑎𝑛 1 75𝜂1 𝑒 𝑃𝑜𝑡2 = 𝛾. 𝑄2 . 𝐻𝑚𝑎𝑛 2 75 𝜂2 24 𝑃𝑜𝑡1 + 𝑃𝑜𝑡2 = 𝛾. (𝑄1 + 𝑄2). 𝐻𝑚𝑎𝑛 75 𝜂 𝛾. 𝑄1 . 𝐻𝑚𝑎𝑛 1 75 𝜂1 + 𝛾. 𝑄2 . 𝐻𝑚𝑎𝑛 2 75 𝜂2 = 𝛾. (𝑄1 + 𝑄2). 𝐻𝑚𝑎𝑛 75 𝜂 𝑄1 𝜂1 + 𝑄2 𝜂2 = (𝑄1 + 𝑄2) 𝜂 𝜂 = 𝜂1 . 𝜂2 . (𝑄1 + 𝑄2) 𝜂2 . 𝑄1 + 𝜂1 . 𝑄2 A figura a seguir apresenta as características de uma associação de bombas em paralelo: Figura 16 – Características de uma associação de bombas em paralelo Exercício 9: Determinar a vazão, a pressão e a potência resultante da associação em paralelo das bombas A e B. Exercício 10: A curva característica de duas bombas ligadas em paralelo apresenta os seguintes dados: Qp (L/s) 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 Hman (m) 15,5 15,2 14,6 13,4 12 10 7,6 4,4 25 Com um desnível geométrico de 6 m, as duas bombas ligadas recalcam 10 L/s sob a altura manométrica de 10 m. Qual a altura manométrica e qual a vazão de apenas uma bomba ligada? As bombas trabalhando em paralelo têm suas vazões somadas para a mesma altura manométrica. Assim, a curva característica de apenas uma bomba é dada por: 11.2. Bombas em série Quando duas bombas operam em série a vazão é a mesma, mas as alturas manométricas somam-se: 𝐻𝑚𝑎𝑛 = 𝐻𝑚𝑎𝑛 1 + 𝐻𝑚𝑎𝑛 2 + ⋯ + 𝐻𝑚𝑎𝑛𝑛 𝑄 = 𝑄1 = 𝑄2 = ⋯ = 𝑄𝑛 Dados: Bomba1: Q1, Pot1, 𝜂1 e Bomba2: Q2, Pot2, 𝜂2 𝜂 = 𝜂1 . 𝜂2 . (𝑚𝑎𝑛 1 + 𝑚𝑎𝑛 2) 𝜂2 . 𝑚𝑎𝑛 1 + 𝜂1 . 𝑚𝑎𝑛 2 A figura a seguir apresenta as características de uma associação de bombas em série: Figura 17 – Características de uma associação de bombas em série Qb (L/s) 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 Hman (m) 15,5 15,2 14,6 13,4 12 10 7,6 4,4 26 Exercício 11: Determinar a vazão, a pressão e a potência resultante da associação em série das bombas A e B. 12. Instalação, Operação e Manutenção Alguns requisitos e detalhes de ordem prática devem ser observados na montagem e operação de um sistema elevatório. a) A instalação do conjunto motor-bomba deve ser feita em local seco, espaçoso, iluminado, arejado e de fácil acesso. b) As tubulações de sucção e recalque devem ser convenientemente apoiadas, evitando que transmitam esforços para a bomba; c) A bomba deve estar localizada tão próximo quanto possível do líquido a ser recalcado, a fim de evitar grandes alturas manométricas de sucção. A tubulação de sucção deve ser a mais curta possível, evitando-se estrangulamentos e pontos altos. Se for necessário instalar na sucção uma curva, esta deve ser de raio longo para diminuir a perda localizada. O conjunto motor-bomba deve estar instalado em cota fora do alcance de inundações. d) A extremidade de montante da tubulação de sucção deve estar localizada abaixo do nível mínimo de água no reservatório inferior, garantindo uma altura de água sobre a entrada (submergência) que evite a formação de vórtices e conseqüente entrada de ar na bomba. Em geral, uma altura de água maior do que três vezes o diâmetro da canalização é suficiente. e) Na tubulação de recalque, deve haver registro de manobra para as operações de partida e desligamento do sistema. f) Entre o registro de manobra e a bomba, deve-se instalar uma válvula de retenção ou outro dispositivo que proteja a bomba em caso de parada brusca do motor. g) Deve-se garantir que a bomba esteja escorvada, cheia de água, antes de ser posta em funcionamento. h) O conjunto motor-bomba deve estar bem nivelado e alinhado, garantindo um bom chumbamento das bases na fundação, a fim de evitar ruídos e vibrações. i) Conveniente, principalmente em bombas não afogadas, a instalação na sucção de uma válvula de pé com crivo para evitar a entrada de materiais estranhos e manter a tubulação de sucção sempre cheia de água. j) Havendo válvula de pé com crivo, a área útil de passagem no crivo não deve ser inferior a três vezes a área da tubulação de sucção e também a velocidade através 27 do crivo não pode exceder 0,60 m/s. Deve ser prevista a manutenção periódica da válvula de pé com crivo. k) Havendo necessidade de fazer a concordância do diâmetro da tubulação de sucção para o diâmetro do flange de aspiração da bomba, a peça utilizada deve ser uma redução excêntrica, a fim de evitar a formação de bolsas de ar na parte superior do tubo. l) O reservatório inferior deve ser desenhado de modo a evitar agitação do líquido com formação de bolhas ou de vórtices, a fim de que não haja entrada de ar na tubulação de sucção. m) Em instalações com bombas em paralelo e um único reservatório inferior, deve-se empregar tubulações de sucção independentes. n) Recomenda-se manter sempre uma unidade de reserva para qualquer eventualidade de parada da bomba e para manutenção do sistema. o) É conveniente que a partida e a parada do grupo motor-bomba sejam feitas com o registro da tubulação de recalque fechado. p) É importante que se tenha um programa de manutenção eletromecânica, de modo a garantir que o sistema tenha vida longa e livre de avarias. 13. Referências Bibliográficas AZEVEDO NETO, J. M .; FERNANDEZ, M. F.; ITO, A. E. Manual de Hidráulica. Edgard Bluncher: São Paulo, 1998 BAPTISTA, Márcio; LARA, Márcio. Fundamentos da Engenharia Hidráulica. Editora UFMG. 3ª. Edição Revisada e Ampliada. Belo Horizonte, 2010. FOX, R.W. & McDONALD, A. T. Introdução à Mecânica dos Fluidos GOMES, H. P.(2004). Sistemas de Abastecimento de Água. 242p. 2ª Edição. João Pessoa, Editora Universitária - UFPB. PORTO, R.M. (1998) Hidráulica Básica. 519p. São Carlos (SP). Ed.EESC/USP.
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