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IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS PARA IDOSOS: aspectos psicológicos Verônica Moreira Souto Ferreira Prof.a Orientadora: Andrea Paixão Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Educação Física (EFL0730) – Trabalho de Graduação 02/11/2020 RESUMO O presente estudo buscou analisar a produção científica que envolve a prática de exercícios físicos e a melhora de aspectos psicológicos em pessoas idosas. Tendo em vista o crescimento contínuo da população idosa, se faz necessário analisar as diversas mudanças inerentes ao envelhecimento. Dentre elas, as mudanças psicológicas apontam uma predisposição a distúrbios mentais associados ao aumento da idade, tais como depressão, ansiedade, demência, transtorno do pânico, transtorno bipolar e distimia. Foi definido como caminho metodológico uma pesquisa com base no método bibliográfico. As fontes de dados utilizadas foram compostas primordialmente de artigos científicos disponíveis on-line no portal Periódicos da Capes. Foram selecionado 6 artigos originais que apresentaram resultados importantes, mostrando a relevância da prática de exercícios físicos para a melhora de aspectos psicológicos durante o envelhecimento. Palavras-chave: envelhecimento; exercício físico; aspectos psicológicos. 1 INTRODUÇÃO O envelhecimento é um processo biológico natural responsável por diversas mudanças fisiológicas no corpo humano. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), é considerado idoso o indivíduo com idade acima de 60 anos (2015). Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), a expectativa de vida da população mundial vem crescendo continuamente e a estimativa é de que até 2050 uma em cada seis pessoas no mundo terá mais de 65 anos (2019). No Brasil, segundo dados do Censo Demográfico de 2010, cerca de 13% da população tem 60 anos ou mais e as projeções indicam um contínuo crescimento dessa parcela (IBGE, 2011), seguindo as proporções mundiais. O envelhecimento da população é um fator importante para mudanças no funcionamento da sociedade, tendo vista as necessidades inerentes ao novo cenário. Dentre as diversas transformações na sociedade, a melhora da infraestrutura dos passeios públicos e 2 uma constante manutenção desses espaços é fundamental para uma locomoção segura desses indivíduos (SILVA et al., 2015), tendo em vista as alterações morfofuncionais inerentes ao processo de envelhecimento. Porém, a simples constatação da idade não pode ser considerada como parâmetro único para rotular esses indivíduos, tendo em vista a diversidade observada nesse grupo (OMS, 2015). Diversos fatores podem afetar a capacidade funcional dessas pessoas, como herança genética, influências socioambientais e aspectos comportamentais, promovendo um processo de envelhecimento mais ou menos saudável (GOTTLIE et al., 2007). Além das transformações físicas, as mudanças nos aspectos psicológicos das pessoas idosas precisam ser levadas em consideração. Estudos apontam a presença de psicopatologias relacionadas ao envelhecimento humano, dentre elas quadros de ansiedade, depressão e demência (ARANHA, 2007; RESENDE et al., 2011; BIASUS, 2016; GULLICH; DURO; CESAR, 2016). Tanto as alterações corporais quanto as psicológicas afetam diretamente a qualidade de vida dos idosos, estando diretamente relacionados ambos os fatores. Diante disso, a busca por uma maior expectativa de vida está atrelada a um processo de envelhecimento saudável, o qual inclui, dentre outros diversos fatores, a prática de atividades e exercícios físicos para a manutenção de um estilo de vida adequado a população idosa. Assim sendo, há uma estreita relação entre as práticas físicas e a melhoria dos índices de qualidade de vida dos indivíduos. Partindo dessa premissa foi elaborado o seguinte problema de pesquisa: Tendo como enfoque os aspectos psicológicos, qual a importância da prática de exercícios físicos para a população idosa? O objetivo geral da pesquisa é analisar a influência da prática de exercícios físicos em pessoas idosas com enfoque nos aspectos psicológicos. Os objetivos específicos são: 1) Mapear a produção bibliográfica que relaciona exercício físico, aspectos psicológicos e envelhecimento; 2) Discutir a importância dos exercícios físicos para o processo de envelhecimento; e 3) Observar a relação entre a prática de exercícios físicos e a melhora de aspectos psicológicos das pessoas idosas. Dentre as diversas informações apresentadas no trabalho, abordou-se as principais alterações inerentes ao processo de envelhecimento humano, bem como as mudanças nos aspectos psicológicos de pessoas idosas. Também foi possível relacionar a prática de exercícios físicos e a melhora de aspectos psicológicos, conforme as fontes consultadas. Em seguida, é apresentada a metodologia do trabalho, seguida dos resultados e discussões provenientes da pesquisa. Por fim, a conclusão faz um apanhado geral das principais informações tratadas ao longo do trabalho. 3 2 PRINCIPAIS ALTERAÇÕES INERENTES AO ENVELHECIMENTO HUMANO Dentre todas as mudanças inerentes ao processo de envelhecimento humano, podemos apresentar alguns aspectos fisiológicos que são características marcantes dessa fase da vida. Nesta seção trataremos de alterações nos sistemas respiratório, cardiovascular, músculo-esquelético e nervoso, a fim de estruturar um panorama dos processos biológicos ocorridos na velhice, facilitando o entendimento desses. • Alterações no Sistema Respiratório - O avanço da idade promove importantes mudanças tanto na função quanto na arquitetura pulmonar. Podemos citar as seguintes alterações: enfraquecimento da musculatura respiratória, perda da elasticidade pulmonar, aumento do tecido fibroso, diminuição da superfície de troca gasosa, diminuição da capacidade máxima respiratória, curvaturas acentuadas da coluna vertebral e redução da caixa torácica (PEREIRA, 2013; MAZO; LOPES; BENEDETTI, 2004; GALLAHUE; OZMUN, 2001). Segundo Pereira, além das modificações fisiológicas naturais, “concorrem para o declínio da capacidade respiratória os maus hábitos de vida, a poluição do local de moradia e trabalho e as doenças concomitantes” (2013, p. 1351). • Alterações no Sistema Cardiovascular - O envelhecimento promove um comprometimento severo de algumas estruturas do sistema cardiovascular. As principais alterações nesse sistema são: degeneração das fibras musculares no miocárdio, depósito de gorduras em veias e artérias, aumento da rigidez da parede arterial, aumento da pressão arterial sistólica e da pressão arterial média, aumento do número de fibras colágenas na parede arterial e diminuição da frequência cardíaca máxima durante o exercício (PEREIRA, 2013; MAZO; LOPES; BENEDETTI, 2004). De acordo com Afiune, “com o avanço da idade, o coração e os vasos sanguíneos apresentam alterações morfológicas e teciduais, mesmo na ausência de qualquer doença (2013, p. 558). • Alterações no Sistema Músculo-Esquelético - A força muscular máxima é encontrada nos indivíduos com idade entre 25 e 30 anos, a partir disso há um declínio constante de força muscular atrelado a importantes modificações na composição corporal. Destacamos as seguintes alterações no sistema músculo-esquelético: perda de força muscular, maior fadiga muscular; diminuição da capacidade de hipertrofia, diminuição no tamanho e número de fibras musculares, diminuição na atividade da ATPase miofibrilar, diminuição dos estoques de adenosina trifosfato (ATP) e de creatina fosfato (CP), diminuição na capacidade de regeneração, diminuição da massa óssea, aumento da porosidade óssea, reabsorção interna dos minerais ósseos, redução da lubrificação em articulações, tendões e ligamentos, 4 desidratação e ressecamento dos discos invertebrados (PEREIRA, 2013; GALLAHUE; OZMUN, 2001; MATSUDO; MATSUDO, 1992). Segundo Pereira (2013), as funçõesmusculares estão associada a diversas funções do corpo, como respiração, digestão, locomoção e postura corporal. Ainda de acordo com Pereira, “a atividade física, independente da idade, aumenta a força e a velocidade muscular além de prevenir a perda óssea, as quedas e melhorar a função articular” (2013, p. 1343). • Alterações no Sistema Nervoso - Importantes mudanças no sistema nervoso estão relacionadas ao envelhecimento humano, promovendo o declínio de diversas funções além da perda permanente de neurônios. As seguintes alterações podem ser identificadas: diminuição do cérebro, diminuição do número e tamanho dos neurônios, diminuição da velocidade de condução venosa e do fluxo sanguíneo cerebral, diminuição e/ou alteração das sinapses nervosas, diminuição das substâncias químicas associadas à atividade neurotransmissora e diminuição dos receptores cutâneos, reduzindo a percepção da temperatura e da sensibilidade tátil (PEREIRA, 2013; MAZO; LOPES; BENEDETTI, 2004). Além das alterações apresentadas acima, modificações em outros sistemas também estão relacionadas ao processo de envelhecimento. Ademais, Teixeira e Pereira ressaltam que O organismo humano sofre uma continua redução na capacidade de realizar suas funções, sendo estas perdas naturais e invitáveis. No entanto, condições ambientais como o estilo de vida, parecem estar diretamente ligadas à forma e velocidade que este processo irá acontecer. (TEIXEIRA; PEREIRA, 2008, n.p). Para além das alterações fisiológicas, temos a presença de mudanças psicologias e sociais de muita importância durante o envelhecimento. Na seção a seguir, abordaremos os aspectos psicológicos relacionados a essa fase da vida, a fim de aprofundar a temática central do trabalho. 3 ENVELHECIMENTO E ASPECTOS PSICOLÓGICOS Dentre as muitas mudanças que ocorrem durante o envelhecimento, as mudanças nos aspectos psicológicos dos indivíduos são um dos fatores que necessitam de atenção. Segundo Maia, Durante e Ramos (2004, p. 651), “vários fatores associados ao aumento da idade podem predispor ao desenvolvimento de transtornos mentais, especialmente sintomas distímicos1”. 1 Depressão branda, porém de duração longa. A distimia é definida como uma tristeza que ocorre durante pelo menos dois anos, juntamente com pelo menos dois outros sintomas da depressão. Alguns exemplos de sintomas incluem perda de interesse em atividades normais, falta de esperança, baixa auto-estima, falta de apetite, baixa energia, alterações no sono e falta de concentração. 5 Essas disfunções psicológicas estão estritamente associadas aos novos desafios inerentes ao processo de envelhecimento, tendo em vista as diversas transformações nas dinâmicas fisiológicas, comportamentais e sociais. De acordo com Teixeira (2006), o idoso passa a ter um novo relacionamento com o meio que o cerca e experimenta dificuldades adaptativas, emocionais e fisiológicas, além de importantes transformações na sua performance ocupacional e social, bem como dificuldades para aceitação do novo. Ainda segundo o autor, “o equilíbrio psíquico do idoso depende basicamente da sua capacidade de adaptação à sua existência presente e passada e das condições da realidade que o cercam” (TEIXEIRA, 2006, p. 2). Embora a maioria das pessoas idosas possam ser consideradas mentalmente saudáveis, elas são tão vulneráveis aos distúrbios psiquiátricos quanto os mais jovens (BRASIL, 2006). Dessa forma, é possível identificar uma relação entre o estilo de vida, o desenvolvimento emocional, os aspectos socioambientais e a saúde mental de pessoas idosas. Os principais distúrbios psíquicos diagnosticados em pessoas idosas são: depressão, ansiedade, demência, transtorno do pânico, transtorno bipolar e distimia. Dentre os transtornos apontados, a depressão entre pessoas idosas apresenta maior prevalência, alcançado até 14,6% dos idosos que vivem em comunidade e em idosos hospitalizados ou institucionalizados essa prevalência chega a 22% (FRANK; RODRIGUES, 2013; RESENDE et al., 2011). De acordo com Frank e Rodrigues, “o processo de desenvolvimento da depressão no idoso pode durar anos, sendo, portanto, mais crônico que agudo” (2013, 483). Para Resende et al., A depressão pode interferir em todos os aspectos cotidianos da vida da pessoa, estando presentes em graus variados de intensidade. No processo de envelhecimento o ser humano pode desenvolver o sentimento de finitude da vida, avaliando-se negativamente, desencadeando um estado depressivo, com a sensação de inutilidade, insuficiência, ansiedade e irritabilidade, o que pode culminar em falta de motivação, distanciamento da família, progressiva limitação física, sensação de impotência, falta de autonomia e aumento da dependência emocional e financeira. (RESENDE et al., 2011, p. 38). No que diz respeito ao tratamento da depressão, busca-se a eliminação dos sintomas, a prevenção de recorrências ou recaídas, a prevenção da piora de outras patologias presentes, o apoio para que os pacientes possam lidar com suas dificuldades, além da prevenção de mortalidade por suicídio (FRANK; RESENDE, 2013). Além da utilização de medicamentos e de acompanhamento psicológico adequado, a prática de exercícios físicos pode contribuir para a melhora dos quadros de distúrbios psíquicos, contribuindo significativamente para a melhora da qualidade de vida dessas pessoas, como trataremos a seguir. 6 4 EXERCÍCIO FÍSICO E MELHORIA DE ASPECTOS PSICOLÓGICOS Segundo Weinberg e Gould (2001), a prática de exercícios está relacionada a diminuição dos níveis de ansiedade e depressão, melhoria dos sentimentos de autoconfiança, autoestima e prazer, elevação de estados de humor, além de promover uma melhora significativa da qualidade de vida. Ou seja, a realização de práticas físicas promove resultados importantes não só para aspectos físicos, mas também para aspectos psicológicos, tornando-se relevante para diversos objetivos relacionados aos exercícios físicos. No que diz respeito ao bem-estar, é possível identificar os seguintes componentes: autoaceitação, relações positivas com outras pessoas, autonomia, domínio do ambiente no qual se está inserido, sensação desenvolvimento e autorrealização e propósito de vida. Dessa forma, a melhora do bem-estar é proveniente da interação de mecanismos fisiológicos e psicológicos, tendo como possíveis mecanismos psicológicos associados ao exercício físico o aumento da sensação de controle, o sentimento de competência e de autoeficácia, as interações sociais positivas, a melhoria no autoconceito e na autoestima e as oportunidades para diversão e prazer (WEINBERG; GOULD, 2001). Em se tratando da qualidade de vida, a Organização Mundial de Saúde (OMS) define essa expressão como “a percepção individual da própria posição na vida, no contexto da cultura e do sistema de valores em que se vive e em relação às próprias metas, expectativas, padrões e preocupações” (OMS, 1995 apud WEINBERG; GOULD, 2001, p. 387). Nesse sentido, a percepção de qualidade de vida é considerada subjetiva e multifatorial, sendo os exercícios e as atividades físicas também responsáveis por efeitos positivos na qualidade de vida. Ademais, estudos apontam que a atividade física é um dos principais fatores para a aquisição e manutenção de uma boa qualidade de vida (MARCHI NETTO; BANKOFF, 2007; BANKOFF, 2006; SALVE; BANKOFF, 2004). Em relação a ansiedade e depressão, estudos apontam melhoras significativas a partir de práticas físicas, em ambos os distúrbios, em todas as faixas etárias, condições de saúde, raças, situação socioeconômica e sexo (WEINBERG; GOULD, 2001). Dentre os diversos benefícios psicológicos associados aos exercícios físicos temos o aumento do desempenho acadêmico, da positividade, da confiança, da estabilidade emocional, melhora do funcionamento intelectual, da memória, da percepção e imagem corporal, do autocontrole,da satisfação sexual, do bem-estar e da eficiência no trabalho (WEINBERG; GOULD, 2001). Por fim, não há dúvidas sobre a importância do exercício físico para a melhora de diversos aspectos psicológicos, corroborando com a necessidade de práticas físicas para idosos. 7 5 METODOLOGIA Para alcançar os objetivos delineados, foi definido como caminho metodológico uma pesquisa com base no método bibliográfico, que prevê a consulta e análise de dados obtidos a partir de livros, periódicos, artigos de jornais, sites, bem como outros tipos de publicações (PIZZANI et al., 2012). Relacionando fontes diversas, articuladas a partir dos objetivos de pesquisa definidos. As fontes de dados utilizadas foram compostas primordialmente de artigos científicos disponíveis on-line no portal Periódicos da Capes (http://www.periodicos.capes.gov.br), aplicando as seguintes palavras-chave: Envelhecimento, psicologia e exercício físico. Foram consideradas para a presente pesquisa as produções consultadas com publicação em língua portuguesa a partir do ano de 2015. Conforme Minayo e Sanches (1993), “conhecimento científico é sempre uma busca de articulação entre uma teoria e a realidade empírica; o método é o fio condutor para se formular esta articulação” (p. 240). Assim sendo, as informações reunidas a partir da pesquisa serão analisadas e relacionadas tendo como parâmetro aspectos qualitativos, com o intuito de aprofundar a observação do objeto estabelecido (MINAYO; SANCHES, 1993). 6 RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram selecionado 6 artigos originais, todos com temáticas relacionadas aos aspectos psicológicos de idosos mediante prática de exercício físico. Para melhor visualização de objetivos, resultados e identificação de autoria, foi elaborado o quadro a seguir (Quadro 1). QUADRO 1 – PRINCIPAIS INFORMAÇÕES DOS ESTUDOS SELECIONADOS Autoria e ano de publicação Objetivo da pesquisa Resultados BRUNONI et al., 2015 Avaliar os efeitos do treinamento de força, com prescrição baseada na percepção de esforço, nos sintomas depressivos e na qualidade de vida relacionada à saúde de idosas. O treinamento de força, baseado na percepção de esforço, foi um método efetivo para uma redução nos sintomas de depressivos das participantes bem como para melhora da qualidade de vida relacionada à saúde. CAMÕES et al., 2016 Descrever a perceção da qualidade de vida em indivíduos acima dos 70 anos, tendo em conta a participação em programas de exercício físico Programas de intervenção com base na prática de exercício físico, mesmo com pouca frequência e duração, 8 em contexto comunitário e idosos institucionalizados. relacionaram-se com melhor qualidade de vida em idosos comunitários. FRANÇA et al., 2016 Verificar a percepção da autoimagem e sua relação com a composição corporal e escala de depressão geriátrica de idosas participantes do Programa Longevidade Saudável. Apresentaram baixo nível de exercício físico praticado por semana, a insatisfação com a imagem corporal devido ao excesso de peso das idosas e a escala de silhuetas indicou a busca pela magreza. GUIMARÃES; LIMA; CARDOSO, 2017 Avaliar o efeito da prática do Tai Chi Chuan na autoestima e autoimagem de idosos da área urbana. Significativo aumento dos escores de autoestima e autoimagem do grupo praticante de Tai Chi Chuan. ANDRADE et al., 2018 Avaliar a percepção da qualidade de vida dos idosos praticantes de exercícios físicos em academias ao ar livre em um parque. A prática de exercício físico, seja em academias ou caminhada, gera manutenção da saúde e qualidade de vida para idosos. HERNANDEZ; VOSER, 2019 Investigar a relação entre o exercício físico regular e a depressão em indivíduos idosos. Evidenciou-se uma diferença expressiva entre os participantes que praticam atividade física e aqueles que não praticam atividade física no que tange aos índices de depressão analisados. Fonte: Quadro elaborado pela autora (2020). Corroborando com as fontes estudadas, os artigos encontrados apontam diversas melhorias em aspectos psicológicos associados a prática de exercício físico. Segundo a pesquisa desenvolvida por Brunoni et al. (2015), o treinamento de força foi efetivo para a redução de sintomas depressivos de idosas, além de promover uma importante melhora nos seguintes componentes da qualidade de vida relacionada à saúde: vitalidade, capacidade funcional, estado geral da saúde e saúde mental. Para esses autores, “o efeito antidepressivo do exercício poderia estar associado ao aumento da liberação de neurotrofinas” (BRUNONI et al., 2015, p.193). A qualidade de vida é um importante indicador da condição atual de saúde nos idosos e mantém estreita relação com as práticas físicas, como apontam os resultados de Camões et al. (2016). De acordo com o estudo desses autores, o grupo de idosos em contexto comunitário que realizaram prática estruturada de exercício físico obtiveram indicadores superiores de qualidade de vida quando 9 comparado ao grupo de idosos comunitários e institucionalizados que não realizaram atividade física regular. Ainda de acordo com Camões et al., os resultados parecem demonstrar grande consistência entre os domínios representativos de qualidade de vida, acreditamos que estratégias de prevenção e tratamento com base no exercício físico, devem ser privilegiadas em todos os contextos sócio comportamentais, como forma de manter a autonomia e consequentemente a qualidade de vida, entre a população envelhecida. (CAMÕES et al., 2016, p. 103). Outro aspecto psicológico relevante diz respeito a imagem corporal, que pode influenciar a saúde, os relacionamentos e a qualidade de vida dos indivíduos. Em se tratando da imagem corporal de mulheres idosas, França et al. (2016) aponta consequências como isolamento social, sentimentos de inferioridade, baixa autoestima, ansiedade e depressão, tendo em vista as imposições socioculturais e midiáticas. Segundo o artigo, “embora as idosas não estejam satisfeitas com a sua percepção corpórea, elas não apresentaram riscos para depressão” (FRANÇA et al., 2016, p. 103). Esse resultado está relacionado com a rotina fisicamente ativa dos indivíduos pesquisados, uma vez que “a prática de exercício físico influencia positivamente a autoimagem e a satisfação corporal, melhorando o autoconceito da sénior” (FRANÇA et al., 2016, p. 104). Em consonância com os resultados já apresentados, Guimarães, Lima e Cardoso (2017) apontam a eficácia da prática de Tai Chi Chuan na autoestima e autoimagem de pessoas idosas, tendo os seguintes aspectos relevantes associados a essa prática: “não ser competitivo, não necessitar de equipamentos, ter flexibilidade com relação ao tempo e lugar para ser praticado, torna-o uma prática ideal para idosos, pois pode ser uma intervenção eficaz na prevenção e controle de patologias” (GUIMARÃES; LIMA; CARDOSO, 2017, p. 957). Está claro que “o exercício físico regular melhora a qualidade e expectativa de vida do idoso, devendo ser estimulada ao longo de sua vida” (ANDRADE et al., 2018, p. 55). Segundo a pesquisa de Andrade et al. (2018), ao comparar a percepção da qualidade de vida de idosos que praticam exercício físico regular em academias ao ar livre com idosos que fazem caminhada em parques a céu aberto como exercício físico, ambos os grupos apresentaram alta pontuação na percepção de qualidade de vida verificada. Por fim, a relação entre a prática de exercícios físicos e a redução nos níveis de depressão em idosos foi abordada em pesquisa recente por Hernandez e Voser (2019). De acordo com os resultados desse estudo, “a média de indicativos de sintomas cognitivos da depressão no grupo de idosos ativos foi significativamente menor do que no grupo de idosos sedentários” (HERNANDEZ; VOSER, 2019, p. 727). Em suma, todas as pesquisasencontradas apresentam importantes resultados para a melhora de aspectos psicológicos relacionados a prática de exercícios físicos. 10 7 CONCLUSÃO O envelhecimento é um processo biológico natural responsável por diversas mudanças fisiológicas no corpo humano. No Brasil cerca de 13% da população tem 60 anos ou mais e as projeções indicam um contínuo crescimento dessa parcela, seguindo as proporções mundiais. Além das transformações físicas, as mudanças nos aspectos psicológicos das pessoas idosas precisam ser levadas em consideração. Estudos apontam a presença de psicopatologias relacionadas ao envelhecimento humano, dentre elas quadros de ansiedade, depressão e demência. Além da utilização de medicamentos e de acompanhamento psicológico adequado, a prática de exercícios físicos pode contribuir para a melhora dos quadros de distúrbios psíquicos, contribuindo significativamente para a melhora da qualidade de vida dessas pessoas. A prática de exercícios está relacionada a diminuição dos níveis de ansiedade e depressão, melhoria dos sentimentos de autoconfiança, autoestima e prazer, elevação de estados de humor, além de promover uma melhora significativa da qualidade de vida. Os artigos selecionados para a presente pesquisa apontaram melhoras significativas em diversos aspectos psicológicos em idosos, a partir da prática de exercícios físicos. Dessa forma, são necessárias estudos constantes, a fim de delimitar quais programas de treinamento são mais adequadas para essa população. Vale ressaltar que além da utilização de medicamentos e de acompanhamento psicológico adequado, as pesquisas apontam que a prática de exercícios físicos pode contribuir para a melhora dos quadros de distúrbios psíquicos, contribuindo significativamente para a melhora da qualidade de vida das pessoas idosas. Concluiu-se através da revisão dos estudos que a prática de exercícios físicos promove importantes resultados para a melhora de aspectos psicológicos dessas pessoas. Por fim, se fazem necessárias novas pesquisas que possam mapear outros estudos que relacionem a prática de exercícios físicos a melhora de aspectos psicológicos em pessoas idosas, principalmente aqueles produzidos em línguas estrangeiras. Dessa forma, a produção de um compilado de informações permitirá uma organização mais adequada para a prescrição de treinos de acordo com as necessidades de cada grupo, em especial de pessoas idosas. 11 REFERÊNCIAS AFIUNE, A. Envelhecimento cardiovascular. In: FREITAS, L.; PY, L.; CANÇADO, F.; GORZONI, M.; DOLL, J. Tratado de geriatria e gerontologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013 ANDRADE, N.; JUNIOR, C.; KLEBIS, W.; ARAÚJO, I.; TOLEDO, A.; OLIVEIRA, W.; FERREIRA, A. 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Tendo em vista o crescimento contínuo da população idosa, se faz necessário analisar as diversa... 1 INTRODUÇÃO 3 ENVELHECIMENTO E ASPECTOS PSICOLÓGICOS 4 EXERCÍCIO FÍSICO E MELHORIA DE ASPECTOS PSICOLÓGICOS 5 METODOLOGIA Para alcançar os objetivos delineados, foi definido como caminho metodológico uma pesquisa com base no método bibliográfico, que prevê a consulta e análise de dados obtidos a partir de livros, periódicos, artigos de jornais, sites, bem como outros tip... As fontes de dados utilizadas foram compostas primordialmente de artigos científicos disponíveis on-line no portal Periódicos da Capes (http://www.periodicos.capes.gov.br), aplicando as seguintes palavras-chave: Envelhecimento, psicologia e exercício ... Conforme Minayo e Sanches (1993), “conhecimento científico é sempre uma busca de articulação entre uma teoria e a realidade empírica; o método é o fio condutor para se formular esta articulação” (p. 240). Assim sendo, as informações reunidas a partir ... 6 RESULTADOS E DISCUSSÃO REFERÊNCIAS
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