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Esquizofrenia: Sintomas, Diagnóstico e Epidemiologia

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ESQUIZOFRENIA 
A esquizofrenia faz parte das síndromes psicóticas, que se caracterizam por mudanças de comportamento, 
distorções da apreensão da realidade e inapropriadas do afeto. Incluem ideias delirantes, alucinações, discurso 
incompreensível e prejuízo sócio-ocupacional. 
É um transtorno mental grave, heterogêneo, com curso crônico em 80% dos casos. Apresenta prejuízo funcional 
em 60% dos casos, caracterizado por sintomas diversos, como delírios, alucinações, desorganização do 
pensamento, perda da motivação, prejuízo do julgamento, déficit de atenção e concentração. 
Encontra-se entre as 30 maiores causas de incapacidade; a maioria dos pacientes com esquizofrenia encontram-se 
desempregados. A mortalidade e taxas de suicídio são maiores nesses pacientes; 4 a 15% cometem suicídio. 
EPIDEMIOLOGIA 
Acomete 1% da população, não havendo prevalência entre os sexos. Sabe-se, entretanto, que nos homens a 
doença aparece mais cedo (10-25 anos) e tem um curso pior. Nas mulheres, a doença tem início entre os 25-35 
anos. 
Atinge principalmente jovens. Não parece haver diferença entre classes sociais, áreas urbanas, rurais, países em 
desenvolvimento. 
ETIOLOGIA 
Até o momento as causas da esquizofrenia permanecem inconclusivas, mas se sabe que é um transtorno com 
herdabilidade de 80% associado a fatores ambientais, que desencadeiam a doença. A herança parece ser do tipo 
poligênica. 
O modelo etiológico usado com maior frequência é o modelo de estresse-diátase, segundo o qual o indivíduo que 
desenvolve esquizofrenia teria uma vulnerabilidade biológica (diátase), que ativada pelo estresse, permitiria o 
aparecimento dos sintomas. 
Fatores que podem desencadear a esquizofrenia: estresse, excessiva produção de dopamina, hipersensibilidade de 
receptores dopaminérgicos da região mesolímbica, desequilíbrios de neurotransmissores (serotonina, glutamato) e 
desarranjo de circuitos tálamo-estriado-frontais. 
Achados com maior frequência em exames de imagem cerebrais (RM e PET) são: alargamento de ventrículos e de 
sulcos corticais, hipofrontalidade, redução de volume da substância cinzenta (mais no lobo temporal esquerdo), 
menos celularidade no tálamo. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
Quadro clínico bastante heterogêneo; não há sinais patognomônicos. Paciente não tem senso crítico de que seu 
estado é patológico. 
Inicio até as primeiras fases da vida adulta, quase sempre antes dos 60 anos, e antes dos 25 anos de idade em 50% 
dos casos. 
O tempo mínimo é de pelo menos 6 meses para o diagnóstico, de acordo com o DSM-V. Esse critério é importante, 
porque afasta do diagnóstico quadros agudos que podem imitar a esquizofrenia clinicamente, como psicose por 
anfetaminas e delirium. 
Aspecto geral: aparência desleixada, ausência de cuidados próprios; comportamento agitado, violento; Nos 
quadros de catatonia, posturas bizarras, mutismo; maneirismos, tiques, ecopraxia (paciente imita a postura do 
examinador). 
Mylena Bruschi – ATM 22.2 
Afetividade: embotamento (incapacidade de sintonizar afetivamente com outras pessoas) e inapropriação do 
afeto. 
Sensopercepção: qualquer sentido pode estar alternado; vozes ameaçadoras, obscenas ou acusatórias; alucinações 
cinestésico são percepções alteradas dos órgãos (perceber que roubaram seus órgãos). 
Pensamento: delírio, incoerência, tangencialidade. 
Linguagem: neologismos, ecolalia, mutismo, mussitação (fala para si) é encontrada com frequência. 
ESQUIZOFRENIA PRODRÔMICA 
Caracteriza-se pela presença de queixas subjetivas e mudanças sutis no comportamento durante meses ou anos 
antes da doença. As mudanças de comportamento são muito gradativas e geralmente ocorrem na adolescência. 
Alguns sinais apresentados pela maioria dos pacientes: atenção diminuída, falta de concentração, falta de 
motivação, humor deprimido, distúrbios do sono, ansiedade, isolamento social, desconfiança, deterioração no 
funcionamento, irritabilidade. 
Exemplos de situações cotidianas que podem acontecer incluem abandono da escola e perda de interesse por 
atividades cotidianas. 
Esses sintomas devem ser pesquisados em crianças e adolescentes, com especial importância para familiares de 
primeiro grau de pacientes portadores de esquizofrenia, por apresentares risco aumentado de desenvolver a 
doença. 
DIAGNÓSTICO 
Eminentemente clínico. Até o momento não existem exames complementares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
→Sintomas positivos: manifestações produtivas do processo esquizofrênico. 
Alucinações auditivas (mais comuns), olfativas, táteis ou visuais; ideias delirantes persecutórias, de grandeza, de 
ciúme, somáticas, místicas, fantásticas; perturbações da forma e do curso do pensamento, como bloqueio, 
desagregação, tangencialidade e falta de lógica; comportamento desorganizado, bizarro, como agitação 
psicomotora, negligência com cuidados pessoais. 
→Sintomas negativos: perda de funções psíquicas e empobrecimento global da vida psíquica. 
Pobreza do conteúdo do pensamento e da fala, afeto hipomodulado, embotamento ou rigidez afetiva, sensação de 
não conseguir sentir prazer, isolacionismo, ausência ou diminuição de iniciativa e vontade, falta de persistência em 
atividades locais ou escolares, déficits na atenção. 
Diagnóstico diferencial 
● Transtornos relacionados à esquizofrenia 
● Transtornos nosograficamente distintos da esquizofrenia 
● Quadros orgânicos com manifestações esquizofreniforme: sífilis, AIDS, tuberculose, tumores, epilepsia, LES, 
deficiências vitamínicas, abuso de substâncias 
EVOLUÇÃO E FATORES PROGNÓSTICOS 
O curso da doença varia, podendo levar até 6 meses para a fase de estabilização ser atingida. A disfunção cognitiva 
surge nos primeiros 4 a 5 anos da doença. 
Um clima emocional da família (emoção expressa) caracterizado por comentários críticos e depreciativos, 
hostilidade e preocupação exagerada com o paciente, costuma ser acompanhado de maior número de recaídas e 
internações. 
Com o tratamento, metade dos pacientes (40 a 60%) permanece prejudicada de modo significativo, 20 a 30% 
continuam experimentando apenas sintomas moderados e os restantes 20 a 30% são capazes de levar uma vida 
relativamente normal. 
Tipos clássicos (critérios do CID-10) 
Paranóide: tem melhor prognóstico e é caracterizado por ideias delirantes de perseguição e grandeza e por 
alucinações de conteúdo similiar. 
Catatônico: tem bom prognóstico e é caracterizado por agitação ou estupor catatônico, negativismo e posturas 
catatônicas bizarras. 
Hebefrênica: apresenta pior prognóstico; há extremo prejuízo social e o curso é crônico e grave. Maneirismos, 
trejeitos e caretas são aspectos associados (podem lembrar o aspecto de deficiência mental). 
TRATAMENTO 
A abordagem é dividida em tratamento na fase aguda e tratamento de manutenção. O tratamento consiste 
principalmente no uso de antipsicóticos (também chamados neurolépticos) e acompanhamento ambulatorial. 
Tratamento na fase aguda 
Deve ser feito em ambiente protegido e acolhedor, muitas vezes exigindo a internação hospitalar. O fator decisivo 
para o tratamento engloba o uso de antipsicóticos e o seguimento ambulatorial pós-alta. 
A internação hospitalar é exigida quando manifestadas condutas autoagressivas ou heteroagressivas. 
Em pacientes agitados e violentos, a via intramuscular é preferida (não é recomendado o uso de antipsicóticos via 
intravenosa). 
Tratamento medicamentoso 
O uso de antipsicóticos por pelo menos 6 meses após quadro agudo diminui o risco de recidiva em 50%. A 
farmacoterapia tem provado ser o ponto-chave do tratamento da esquizofrenia. Entretanto, os antipsicóticos não 
são curativos; apenas diminuem os sintomas e diminuem o índice de recaídas. 
Desde que usados em doses equipotentes, todos os antipsicóticos possuem eficácia semelhante tanto no 
tratamento das manifestações aguda quanto na prevenção de recaída dos sintomas. 
a)Antipsicóticos típicos: antagonismo dos recptoresD2 de dopamina. São eficazes no tratamento de sintomas 
positivos. Apresentam como efeitos colaterais aumento da prolactina e sintomas parkinsonianos. São segunda 
escolha devido a esses intensos efeitos colaterais, mas são mais baratos e disponíveis. 
Exemplos: haloperidol, clorpromazina, levomepromazina. 
b)Antipsicóticos atípicos: antagonismo dos recptores D2 de dopamina e antagonismo de 5TH2-A de serotonina. 
Medicações mais bem toleradas; mais eficazes no tratamento de sintomas negativos; mais caros. Efeitos colaterais 
como ganho de peso, dislipidemia e alterações na glicemia. 
Exemplos: clozapina, quetiapina, risperidona. 
Princípios do tratamento 
 Iniciar o tratamento com baixa dose, com aumento gradual semanalmente. Os fármacos podem demorar 3-
8 semanas para fazerem efeitos. 
 Reavaliar depois desse período, e trocar por outro fármaco em caso de intolerância ou fala terapêutica. 
 A medicação deve ser mantida por mínimo 6-12 meses após remissão dos sintomas. 
 Quando o paciente apresenta estabilização dos sintomas, é indicado manter a menor dose possível da 
medicação. 
 Se depois de 6 semanas do início da utilização do segundo fármaco, não houver redução dos sintomas, o 
paciente é considerado refratário e deve iniciar clozapina. 
Recomenda-se que pelo menos um dos fármacos a seguir seja incluído na escolha do primeiro ou segundo 
tratamento: risperidona, olanzapina, ziprasidona, quetiapina. 
Clozapina: apresenta superioridade terapêutica nos sintomas positivos e negativos em pacientes refratários e 
retardamento de efeitos adversos extrapiramidais. Mas seu uso se baseia em um protocolo rígido de controle 
hematológico, devido ao risco de agranulocitose. É o fármaco de escolha em pacientes que apresentam risco de 
suicídio. 
Se houver agranulocitose com o uso da clozapina, essa deve ser suspensa e está indicado o uso de olanzapina, 
ziprasiona ou quetiapina. 
A associação de neurolépticos com ansiolíticos ou antidepressivos oferece mais riscos do que benefícios. 
Antidepressivos podem ser usados quando confirmado um quadro depressivo importante. Atenção na associação 
de fluoxetina e clozapina, devido à inibição hepática da primeira. 
O uso de antiparkinsoniamos para tratamento de sintomas extrapiramidais é discutível. 
Efeitos adversos dos antipsicóticos 
Sistema nervoso autônomo: hipotensão ortostática, ECG alterado – prolongamento QT e achatamento da onda T, 
inibição da ejaculação, xerostomia, borramento da visão para perto, pirose e náuseas, retenção urinária. 
Extrapiramidais: discinesias agudas e tardias, síndrome parkinsoniana – máscara facial e marcha arrastada, acatisia 
– inquietude motora, sensação de ansiedade ou agitação. 
Outros efeitos sobre o SNC: sonolência, sedação, insônia, sonhos bizarros, sonambulismo, diminuição do limiar 
convulsivante, delirum, síndrome neuroléptica maligna, síndrome catatônica. 
Endocrinológicos: hiperprolactinemia, bloqueio da menstruação e da ovulação, diminuição dos níveis de 
testosterona, diminuição do GH, ganho de peso – em 50% dos pacientes, DM, hipercolesterolemia. 
Outros: discrasias sanguíneas, urticária, dermatite de contato, incontinência urinária, disfagia. 
Síndrome metabólica é bastante encontrada em pacientes com esquizofrenia. 
O ganho de peso e as alterações metabólicas apresentadas pelo uso de antipsicóticos requerem cuidadosa 
avaliação e acompanhamento desses pacientes. 
É recomendado avaliação antes de iniciar medicação antipsicótica; tal avaliação inclui medidas de peso, estatura, 
IMC, medida da circunferência abdominal, aferição da PA, dosagem de glicemia, colesterol total e frações e TGL. 
Tratamento não medicamentoso 
Intervenções comportamentais e psicoeducacionais podem melhorar a adesão ao tratamento medicamentoso. A 
intervenção familiar reduz taxas de recidivas. O treinamento de habilidades sociais para a reabilitação do paciente 
e sua manutenção na comunidade também é importante. 
QUESTÃO – O tratamento farmacológico da esquizofrenia possibilitou o controle dos sintomas da doença e a 
desospitalização dos pacientes. Com relação ao tratamento das esquizofrenias, assinale a alternativa CORRETA: 
a) Atualmente os antipsicóticos de primeira geração são o tratamento de escolha para a esquizofrenia devido à 
baixa incidência de sintomas extrapiramidais. 
b) Os antipsicóticos de segunda geração são aqueles que produzem efeito antipsicótico pelo menos equivalente 
ao de primeira geração, mas sem causar efeitos extrapiramidais importantes. 
c) A clozapina não pode ser considerada antipsicótico atípico de referência por causar problemas 
hematológicos, principalmente agranulocitose. 
d) Os antipsicóticos de longa duração são contraindicados para os pacientes que têm dificuldade para aderir ao 
tratamento medicamentoso na fase de manutenção.

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