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1DENISE GUERRA – MEDICINA @amigassnamed CASO CLÍNICO Questionamentos: 1) Qual a qualidade da dor? 2) Por que ao apertar o punho o paciente sente alívio? 3) Por que o anti-inflamatório não surtiu efeito? 4) Qual a origem da vontade de se matar do paciente? INTRODUÇÃO Gráfico 1 No gráfico: pode-se concluir que: → Nas consultas de atenção primária mostra que 29% dos pacientes tem dor como queixa primária; → 11% tem dor como queixa secundária (Ou seja, quando começa a coletar a anamnese do paciente, ele refere que a dor é um sintoma associado) Gráfico 2: → Qual local mais vitimado pela dor? Coluna (47% das pessoas). Cabeça (45% cefaleia); Dor nas articulações; Dores nas extremidades; Dor torácica (mais dramática é a de origem cardíaca, porém, pode ser não cardíaca); Dor abdominal (Abdominal agudo: está relacionada a condições potencialmente fatais) Obs: 68% dos pacientes tem dor em pelo menos 2 regiões do corpo; 2DENISE GUERRA – MEDICINA @amigassnamed Gráfico 3: Pode-se concluir que: → A prevalência da dor aumenta com a idade; → Indivíduos com + de 40 anos há uma alta prevalência de dor; → A abordagem é complexa, porque os medicamentos p/ tratar a dor tem efeito no SNC e podem dar sonolência, alterar o equilíbrio; OBS: Questões hormonais em mulheres tem relação direta com a dor crônica, além de fatores emocionais. (como violência/abuso) O QUE É DOR? É uma experiência: → Sensorial (que tem relação com o eixo somatossensorial) → Emocional (conexões do eixo nociceptivo do sistema límbico) → Desagradável associada a danos teciduais reais ou potenciais; TIPOS DE DORES: Tem características distintas a ponto de vista do SNC; Podendo ser: Alarme mediato (1ª dor): → É uma dor rápida; → Composta por neurônios de médio calibre e mielinizados; → Fibras denominadas A Delta; → A função da 1ª dor é avisar imediatamente que está em contato com uma energia destrutiva; → Essa informação tem que chegar rapidamente ao cérebro; Alarme que toca depois (2ª dor): → É uma dor lenta; → Neurônios com fibras C e Amielínicos; → Está associada a Dor crônica e envolve o lado emocional; → Sua função é avisar que ainda há lesão tecidual, e que é necessário cuidados.; O QUE DESTRÓI OS NOSSOS TECIDOS? Energia térmica (calor); Energia Mecânica (golpe de martelo) Energia Química (ácido) 3DENISE GUERRA – MEDICINA @amigassnamed → O sistema nociceptivo é capaz de identificar a presença dessas energias, mediante receptores de dor na nossa pele; → Essa sensação pode ser desencadeada por danos teciduais potenciais, e isso tem a ver com neurônios espelhos, que nos conectam com outras pessoas, como por exemplo a empatia; O que é Dor Neuropática? → É uma lesão do SN; → Exemplo – Amputação de um membro, o paciente continua sentindo dor no membro. (dor do membro fantasma) DIMENSÃO DA DOR: Conceitos importantes: → Nociceptção: Capacidade de detectar as 3 energias e de conduzir essas sensações por meio de potenciais de ações p/ o SNC e para o cérebro; → Dor: É a resposta consciente à nocicepção; Quando chega no córtex, várias regiões do cérebro são ativadas e vamos responder a sensação dolorosa; Podendo ser: Respostas primitivas: gritar; Resposta mais complexa: palavrão; → Sofrimento: Consiste na dor cronificada, gerando alterações emocionais e interferindo a nossa personalidade.; PERCEPÇÃO DA DOR Em geral: → Os receptores de dor têm terminações axônicas na pele, onde possui proteínas transmembranas que são ativadas quando temos contato com as energias; → Logo, quando temos um trauma por essas energias ocorre a geração de potencial de ação. → Esse potencial é transmitido por fibras axônicas que estão nos nervos periféricos, → Essas fibras pertencem a neurônios cuja os corpos celulares estão no corpo da raiz dorsal e faz sinapse com o 2º neurônio que está no corno dorsal da medula; → Assim, essas fibras irão transmitir potencial de ação do 1º ao 2º neurônio, Como acontece esse potencial do 1º-2º neurônio? Axônios do 1º neurônio cruzam p/ o outro lado (Fenômeno denominado de decursação), 4DENISE GUERRA – MEDICINA @amigassnamed Sobe p/ medula por vias ascendentes espinotalamicas, (vão da espinha p/ o tálamo); No tálamo esse axônio faz sinapse com o 3º neurônio da via nociceptiva, o qual vai ser excitado e vai gerar potencial de ação; Esse potencial de ação vai ser conduzido p/ o córtex sensorial primário e aí diremos “AI”, ESTRUTURAS IMPLICADAS DA DOR → Pele e músculos → Nociceptores → Fibras aferentes (leva potencial de ação p/ o SNC – são sensoriais) do contrário das Eferentes (leva uma resposta do SNC p/ a periferia - motora) → Nervos periféricos; → Substância cinzenta da medula; → Mesencéfalo (É onde está o centro de inibição descendente da dor em situações de perigo; E quando “esfria o corpo”, a dor volta); → Tálamo (3º neurônio da via nociceptiva) → Córtex sensorial primário (Destino final); → Sistema límbico (processa as emoções) → Hipotálamo-Hipófise; → SNA (quando a pessoa vomita, por ex, é a ativação do SN autônomo) PROCESSOS DA NOCICEPÇÃO Transdução; Condução; Transmissão; Modulação; Percepção; TRANSDUÇÃO → Acontece onde estão os receptores (na pele, mucosas, periósteo, articulações, vísceras); → Esses receptores estão lá p/ detectar a presença dessas energias tóxicas, e essa detecção ocorre por meio dos canais iônicos; → Os neurônios nociceptivos não são encapsulados, são livres, e se houver contato, (Ex: facada, ácido, panela quente) esses neurônios serão ativados; Observe a imagem: → Esses pontinhos vermelhos da imagem dos axônios não existem histologicamente, é apenas a representação de que: Essas terminações axonicas têm proteínas transmembrana (canais iônicos) que são receptores que podem se ligar a uma série de moléculas; TIPOS DE NOCICEPTORES: Térmicos; Mecânicos; Polimodais; (mecânicos e químicos ao mesmo tempo) 5DENISE GUERRA – MEDICINA @amigassnamed Silentes; (silencioso – fica desligado e quando se tem uma inflamação são ligados) Proteínas transmembranas: Definição: →São canais iônicos, chamados de proteínas transdutores; → Como essas terminações se identificam? Pela presença desses transdutores. Tipos Transdutores Ionóforos: → Se ligam com uma substância, o canal se abre e deixa passar íons através dele; → Os íons normalmente não atravessam a membrana, só por meio desses canais; Transdutores Metabotrópico: → Aquele que ao se ligar nas moléculas ativam cascatas proteicas (tipo proteína G) que produzem segundo mensageiros, consequentemente abrem os canais iônicos; Canais: → Sabemos que no neurônio há uma DDP elétrica, essa DDP se dá pela diferença nas concentrações de íons (sódio e potássio) e também pelo efeito dos íons proteínas (as quais fazem com que o potencial do lado de dentro seja negativo em relação ao lado se fora); → Se o canal se abre e entra sódio e cálcio, ocorre a positivação do neurônio; → Quando a DDP da transmembrana chega em -50 mV ativa-se canais iônicos de sódio que são programados p/ se abrirem quando a voltagem chegar nesse valor (-50).; → Quando esses canais se abrem em massa, tem-se a geração de potencial de ação. ATUAÇÃO DA MORFINA NOS CANAIS → Se o canal de potássio se abre, os íons de potássio saem dos neurônios, deixando mais negativo, e se a Morfina, por exemplo, se liga a canais de potássio, o que acontece? A saída de cargas positivas torna o neurônio mais negativo, precisando de um estímulo muito grande p/ esse neurônio chegar a -50V e os canais de sódio se abrirem e terem o potencial de ação; 6DENISE GUERRA – MEDICINA @amigassnamed → Portanto, a Morfina torna o neurônio mais difícil de ser excitado. MEDICAMENTOS ANTICONVULSIVANTES → Eles bloqueiam os canais de cálcio, consequentemente não entra cálcio dentro dos neurônios (ou seja: não entra cargas positivas); Logo não há positivação, gerando dificuldade em desencadear o potencial de ação; TIPOS DE TRANSDUTORES Obs: Capsaicina: está na pimenta; FIM DA TRANSDUÇÃO→ Quando temos o contato com as energias tóxicas; → Ocorre a abertura dos canais pelo contato; → Vai entrar sódio e cálcio; → O potencial vai subindo de -75 até -50V, e abrem os canais de sódio sensível a voltagem; → Ao abrir esses canais começa o influxo de sódio em massa, havendo a geração do potencial de ação, e termina a transdução e começando a condução (pelo axônio) DOENÇA INSENSIBILIDADE CONGÊNITA A DOR: Defeito no gene que codifica o canal, → O que acontece? O canal não funciona, por mais que entrem cálcio e sódio na terminação, não vai ter geração de potencial de ação, pois não tem abertura dos canais; → Consequência: Não há sensação de dor; → Ao tomarmos um banho quente: Com o tempo a água fica menos quente; Isso acontece porque os receptores de frio ou receptores de calor se adaptam com o tempo.; Como funciona? Os receptores param de responder a um determinado tempo de exposição aquela temperatura; Obs: Esse processo de adaptação não acontece com os nociceptores de dor e calor, visto que: a medida que a temperatura de água aumenta, eles vão ativando cada vez mais. ONDE HÁ NOCICEPTORES? Somáticos; → Não tem relação apenas com o local que estão, mas pela VIA onde o axônio do 1º neurônio nociceptivo vai pra poder chegar na medula. IMPORTANTE 7DENISE GUERRA – MEDICINA @amigassnamed → Portanto, eles são terminações axonicas, os quais vão p/o corno dorsal da medula através dos nervos periféricos.; Viscerais: → Estão localizados nas vísceras ocas (não há nas vísceras sólidas, como fígado, baço); → Porém recobrindo o fígado há uma cápsula, onde há nociceptores, os quais são capazes de identificar quando a víscera estira; → E quando a víscera estira, sentiremos dor; → Esse local de nociceptores estão relacionados a inflamação, distensão e contração vigorosa; CLINICAMENTE COMO IDENTIFICAR ESSA DOR? Quando o paciente aponta pra dor: É uma dor somática; Dor abdominal difusa, na linha média: Dor do tipo visceral; COMO UMA DOR CRONIFICA? INFLAMAÇÃO: Acontece com a liberação de mediadores intermediários e mediadores finais, estimulando os neurônios sensíveis p/ dor. → Ex: Exposição ao sol sem protetor solar, a luz causa lesão, a região fica quente, vermelha e ao tocar dói, porque os mediadores inflamatórios tornaram os neurônios nociceptivos mais sensíveis; CONDUÇÃO Processos: → Potencial é gerado nos transdutores, e é conduzido no axônio do 1º neurônio até o corno da medula.; → Esse 1º neurônio é de um tipo morfológico específico (pseudounipolar – não tem dendritos, só axônio); → O 1º neurônio faz sinapse com o 2º neurônio TRANSMISSÃO: → A via nociceptiva é como um reversamento, ANALOGIA: O atleta (o neurônio) passa o bastão (potencial de ação) para o outro atleta (neurônio seguinte); Essa transmissão ocorre em vários pontos da via: Podendo ser: Via rápida: Neurônio de médio calibre / Mielinizados; 1º ponto: Periferia → ao corno dorsal da medula, 2º ponto: Medula → tálamo; 3º ponto: Tálamo → córtex sensorial primário (propriedade fundamental: localiza muito bem o local da dor); Via Lenta: Neurônio de pequeno calibre / Amielínicos; 1º ponto: Periferia → corno dorsal da medula, 2º ponto: Medula → formação reticular; 3º ponto: Formação reticular →Tálamo 8DENISE GUERRA – MEDICINA @amigassnamed 4º ponto: Várias áreas do córtex, especialmente o S. Límbico (como não termina no córtex, a sensação da dor não é localizada e sim difusa); Outras diferenças: As fibras do 2º neurônio sobem para o cérebro por uma via espinotalâmica; → A via rápida da dor sobe mais lateralmente na medula (via espinotalâmica lateral). → A via lenta sobe p/ o centro da medula; (via espinatalâmica mais medial) EVOLUÇÃO A via rápida da dor apareceu mais recentemente na evolução do SN, por isso é também chamada de NEOESPINO TALÂMICA. A via lenta da dor se desenvolveu a mais tempo, também chamada de PALEOESFINO TALÂMICA. QUAL A PRIMEIRA REAÇÃO A DOR? → Antes de dizermos “AI”, temos o reflexo de tirar a mão da panela quente, por exemplo, pois esse reflexo é MEDULAR. O que acontece? → Normalmente quando o 1º neurônio passa o potencial de ação p/ o 2º neurônio, este vai levar informação para o tálamo e assim para o córtex. → PORÉM, o 1º neurônio também passa para os neurônios motores que estão na parte anterior da medula, e por meio de interneurônios ativam o neurônio motor ligado na musculatura da região que houve contato com a energia destrutiva; → Consequentemente havendo uma contração ordenada e o reflexo. → Portanto, essa é a primeira resposta. Depois vem o “AI”. APROFUNDANDO SOBRE A TRANSMISSÃO → Existe um espaço entre os neurônios (chamada de fenda sináptica); → No botão axônico do neurônio pré-sináptico tem vesículas com neurotransmissores, os quais são liberados na fenda, e se ligam nos receptores na membrana do neurônio pós- sináptico; Como o potencial de ação faz com que essas vesículas migrem p/ a membrana pré- sináptica e liberem esses neurotransmissores na fenda sináptica e, posteriormente, se liguem a receptores? Potencial de ação chega → abre canais de cálcio → entra o cálcio dentro do citoplasma → esse cálcio se liga na proteína calmodulina → em seguida se liga a vesículas → e liberam neurotransmissores na fenda → estes neurotransmissores se ligam aos seus receptores → e assim tem o efeito no neurônio pós-sináptico.; Exemplo: O 1º neurônio libera GLUTAMATO ou SUBST P na fenda sináptica → se ligam a canais de cálcio e sódio → entra cátions → positiva o neurônio até 50v → e ativa canais de sódio → consequentemente excita o 2º neurônio e gera potencial de ação; {O neurotransmissor pode ser degradado, difundido, ou recaptação p/ dentro da vesícula pré-sináptica}; 9DENISE GUERRA – MEDICINA @amigassnamed DOR REFERIDA Dor visceral: Ex: Infarto = Dor tórax, braço, mandíbula, e região interescapular. O que tem a ver essas regiões com o coração? Nada! Mas é a dor do tipo REFERIDA. Como funciona? → A via nociceptiva visceral pega emprestada a via nociceptiva somática. → A informação chega no cérebro, o cérebro não sabe de onde vem, logo ele toma uma decisão, e pra ele a dor sempre vem da superfície EXTERNA, podendo ser da pele; → Por isso que qualquer dor visceral é percebida pelo cérebro como uma dor superficial, como se a lesão estivesse na superfície. → Portanto, numa lesão cardíaca, o cérebro percebe a dor na superfície do tórax, do braço, mandíbula e interescapular, denominada: Dor Referida; MODULAÇÃO Teoria do portal da dor = → Interneurônio (em vermelho) inibe o 2º neurônio nociceptivo; → Na hora que levamos uma pancada, esfregamos a pele na região da pancada, esses neurônios táteis ativam o interneurônio, e desliga o 2º neurônio nociceptivo; → Resultado: não há transmissão do impulso do 1º p/ o 2º neurônio; Como ele inibe? → Liberando Encefalina → Esse neurotransmissor atua abrindo canais de potássio; → Sai potássio do 2º neurônio, deixando negativo; → Consequentemente: O 1º neurônio vai ter dificuldade em excitar o 2º neurônio). Obs: A encefalina é uma morfina endógena; ESSES INTERNEURÔNIOS PODEM SER INIBIDOS POR: Fibras tácteis, Fibras de pressão 10DENISE GUERRA – MEDICINA @amigassnamed Vias de serotonina Neurônios noradrenégicos; ANTIDEPRESSIVOS INIBIDORES DA RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA E NORADRENALINA: → Inibem o neurotransmissor da fenda sináptica, ficando mais tempo na fenda, mantendo por mais tempo o interneurônio inibitório, consequentemente inibindo por mais tempo o 2º neurônio, por isso a utilização de antidepressivos. PERCEPÇÃO: → O impulso é integrado e percebido como dor; RESPOSTAS DO CASO CLÍNICO: O que aconteceu? O capacete sacudiu a cabeça do Mário, gerando lesão das fibras nervosas nociceptivas do 1º neurônio no momento que transitava no plexo braquial; 1) Qual a qualidade da dor? - Choque 2)Por que ao apertar o punho o paciente sente alívio? Por causa da estimulação do interneurônio inibitório; 3)Por que o anti-inflamatório não surtiu efeito? Pois não é uma dorinflamatória e sim neuropática, logo trata-se com antidepressivo e anticonvulsivantes; 4)Qual a origem da vontade de se matar do paciente? Oriunda da dor crônica, a qual faz transmissão com o sistema límbico.
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