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FISIOLOGIA Melanie | 2025.2 ↪Experiência sensorial, desagradável, provocada por lesão ou a tal atribuída. ↪ Possui aspectos cognitivo e afetivo COMPONENTES DA DOR SENSOPERCEPÇÃO – COGNITIVO ↪Sensorial – dimensão sensorial ↪Afetivo – sofrimento REAÇÃO ↪Comportamental – emocional ●Alerta, medo, raiva, tristeza, depressão ↪Reflexa ●Neurovegetativa ●Motora ↪A dor é uma experiência consciente ↪O aspecto afetivo motivacional da dor pode partir através do córtex pré-frontal ↪O emocional acentua a percepção da dor, se o paciente apresenta medo, ansiedade, a percepção da dor pode ser maior. ↪A nocicepção e a dor são aspectos diferentes. A dor é o que chega ao córtex somatossensorial e o paciente percebe como dor. ↪A nocicepção é a estimulação dos nociceptores, os receptores da dor. ↪ A dor aguda é derivada de uma agressão que ocorreu, e a partir dela pode-se ter um estímulo protetor. ↪Geralmente desaparece com a resolução do processo patológico ↪Tem função de alerta. A dor aguda é fisiológica e serve para prevenir uma lesão maior ↪A dor fisiológica é importante para nos proteger de algum perigo ↪Se houver uma lesão suficiente a estimular, de maneira exacerbada, o processo inflamatório, será gerada a dor inflamatória. ↪A dor inflamatória necessita ser tratada. ↪Se não tratada, em torno de 3 a 6 meses, essa dor se torna crônica ↪A dor crônica é de difícil tratamento, por isso é importante prevenir a sua chegada ↪É associada a um dano tecidual prolongado, processos patológicos ou injuria no SNC ou SNP ↪Deteriora a saúde e a funcionalidade ↪Resulta de mudanças na expressão de receptores da dor, que aumentam em número TIPOS DE DOR DOR FISIOLÓGICA Tem caráter protetor. Há estímulo nociceptivo FISIOLOGIA Melanie | 2025.2 DOR INFLAMATÓRIA Quando ocorre lesão suficiente ao ponto de produzir vários mediadores da inflamação DOR NEUROPÁTICA Quando ocorre lesão nervosa. DORES DISFUNCIONAIS Fibromialgia – mistura entre as dores, com quadros neuropáticos e inflamatórios. DOR NOCICEPTIVA ↪Causada por lesão tecidual ↪Experiência sensorial, traduzindo-se numa resposta de neurônios sensoriais periféricos específicos (nociceptores) a estímulos nocivos. ↪Geralmente a região dolorosa situa-se no local da lesão ↪Frequentemente descrita como latejante ↪Pode se tornar crônica, mas geralmente é transitória, desaparecendo após cura dos tecidos lesados ↪Responde aos analgésicos convencionais (AINES) MECANISMOS ↪A partir de uma lesão, ocorre a ativação dos nociceptores, que transformam sinais mecânicos, térmicos ou químicos em potenciais elétricos, que serão trafegados por nervos até a medula espinhal, e então sobem até o cérebro. ↪Temos a resposta que sobe (informação ascendente) e sinaliza a dor, e a resposta que desce do SNC diretamente até a medula espinhal. A resposta que desce (modulação descendente), pode aumentar ou diminuir a dor. ↪O anestésico abole a percepção da dor, mas não abole a nocicepção. NOCICEPÇÃO E DOR ↪Os nociceptores são os neurônios do SNP responsáveis pela detecção e transmissão dos estímulos dolorosos ↪As fibras sensitivas cutâneas se dividem em grupos de acordo com o diâmetro, mielinização e velocidade de condução ↪As fibras A delta e C conduzem a dor ↪A dor aguda – rápida, é transmitida pela fibra A delta, mais rápida e com bainha de mielina. ↪Após minutos, a fibra C – mais lenta, sem mielina - começa a transmitir a dor ETAPAS DA NOCICEPÇÃO ↪Transdução: impulsos dolorosos recebidos pelos nociceptores. Estímulo inicial ↪Transmissão: pelas fibras A delta e C, que chegam ao corno posterior da medula espinhal, onde ocorre a modulação ↪Modulação: o impulso é modulado e processado antes que chegue ao SNC A medula pode amplificar o sinal da dor, que a agrava, ou pode diminuir a transmissão da dor ↪Percepção: o impulso é integrado e percebido como dor FISIOLOGIA Melanie | 2025.2 Se mais estímulos ocorreram a partir da medula, a dor vai ser mais percebida ORIGEM DA DOR ↪A dor é deflagrada por estímulos intensos e potencialmente lesivos ↪Ocorre através da ativação e sensibilização de nociceptores ↪Essa ativação se dá pela lesão ocorrida previamente, causando destruição celular, que leva a alterações imunológicas, inflamatórias e vasculares (vasodilatação local – pré-requisito da inflamação). ↪Tais alterações fazem com que várias substâncias sejam produzidas a partir da lesão, como a bradicinina, prostaglandinas, interleucinas e óxido nítrico. INÍCIO DA DOR FISIOLÓGICA ↪Ocorre por uma lesão. Por exemplo, uma lesão mecânica abre canais iônicos (sódio) que geram o primeiro potencial. ↪A abertura desses canais não é o suficiente para gerar potenciais ao ponto de permitir uma grande percepção da dor ↪Se o estímulo mecânico (pancada) for forte o suficiente para abrir os canais e gerar destruição celular, ocorrerá a produção de substâncias da inflamação. ↪A partir dessas substâncias, os potenciais nas fibras nervosas A delta e C se amplificam. ATIVAÇÃO DO NOCICEPTOR ↪As citocinas são substâncias destruidoras, lesionam células com intuito de tentar acabar com o agente agressor. Mas não são seletivas, e lesionam também as células adjacentes, por isso, a inflamação não tratada piora. ↪As citocinas antiinflamatórias (IL-4, IL-10, IL-11) suprimem as pró-inflamatórias, porém demora muito tempo, quando estão formadas, a parte de destruição já aconteceu. ↪A partir das lesões, temos a produção de mediadores precoces (bradicinina) ↪A bradicinina tem um canal próprio, e ao atuar nele permite um influxo de íons, principalmente o sódio, que gera potencial de ação. ↪Já tinham canais iônicos abertos (térmicos, mecânicos), agora também canais químico-dependentes abertos, onde a bradicinina se liga e permite influxo de outros íons, como o sódio. ↪Os mediadores tardios são formados depois da bradicinina, como a prostaglandina, PGE2. No momento em que a prostaglandina estiver presente, ocorre um aumento abrupto de potenciais pelo nociceptor EFEITOS DA BRADICININA NO LIMIAR DA DOR ↪Quando temos aplicação apenas da bradicinina, são produzidos poucos potenciais. O efeito da bradicinina é de curto prazo, dura pouco tempo no local. ↪Com aplicação apenas da prostaglandina, também não tem muito efeito, mas após produzida, a prostaglandina permanece por mais FISIOLOGIA Melanie | 2025.2 tempo no canal iônico, onde a bradicinina se liga ↪Ao aplicar bradicinina após a aplicação da prostaglandina, a amplitude e a frequência de potencias é completamente diferente. ↪Há um aumento exponencial de potencial de nociceptor, porque a prostaglandina aproxima o limiar de estabilidade do nociceptor ao limiar de repouso. ↪O nociceptor não tem ação adaptativa, porém tem o limiar de excitabilidade longe do limiar de repouso, o que dificulta a formação do potencial da dor. ↪A prostaglandina aproxima esses limiares, e fica mais fácil para a bradicinina desencadear o potencial de ação. ↪Os medicamentos antiinflamatórios, AINES, combatem a produção das prostaglandinas (PGE2) PROSTAGLANDINAS E INFLAMAÇÃO ↪A prostaglandina surge através das células que foram destruídas, que liberam ácido araquidônico – AA ↪O AA sofre reação com a enzima ciclooxigenase - COX-1 e produz prostaglandinas precoces fisiológicas (“boas”), que não estão presentes na inflamação. ↪Quando há inflamação, ocorre indução da COX, que terá sua produção induzida pela lesão – COX-2, que produz prostaglandinas inflamatórias (presente nos rins, com papel fisiológico – exceção) ↪A dor é um estímulo FM – frequência modulada. Quanto maior a frequência, maior a percepção da dor. A frequência é aumentada pelas prostaglandinas ↪Os antiinflamatórios tem como alvo a COX-2, mas alguns também atuam na COX-1 fisiológica. COX E MEDIAÇÃO INFLAMATÓRIA↪A COX fisiológica é constitutiva de tecidos como o estômago, plaquetas, rim e SNC. ↪As prostaglandinas surgem da destruição das células na lesão, que liberam fosfolipídios de membrana que reagem com a fosfolipase A2 (enzima local) e produzem o ácido araquidônico, que pode reagir com 3 enzimas: ●COX-1 ●LOX - lipooxigenase ●COX-2 ↪Na inflamação, a COX-2 aumenta a expressão pela lesão, resultando num ambiente cheio de ácido araquidônico, pois houve lesão prévia. ↪Por isso, no local da lesão a produção de prostaglandinas inflamatórias é grande. ↪Durante o dia, os restos celulares do corpo são usados pela COX-1 para produzir prostaglandinas fisiológicas. A COX-1 produz muco e bicarbonato FISIOLOGIA Melanie | 2025.2 HIPERALGESIA ↪Aumento na resposta de estímulos dolorosos. ↪Estímulos nocivos intensos em uma lesão tecidual frequentemente conduz a um aumento na resposta a estímulos dolorosos subsequentes, resultando numa sensibilidade excessiva ou sensibilidade à dor HIPERALGESIA PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA ↪A área lesada possui a presença de duas zonas distintas de hipersensibilidade ↪A hiperalgesia observada na área inflamada é a primária. ↪Ao redor da zona de lesão ocorre a hiperalgesia secundária. ↪Se a inflamação continuar, o aumento de potenciais chegando na medula espinhal faz com que ocorra um aumento da amplitude na frequência de potencias na medula, que faz com que fibras que saem de áreas que não teve lesão, acabem “acordando” nociceptores salientes ↪Isso faz com que áreas que não levam o sinal da dor passem a levar, pois a medula espinhal fica hiper excitada na hiperalgesia secundária. ↪A hiperalgesia primária se inicia pela sensibilização periférica dos nociceptores pelos mediadores inflamatórios ↪Ocorre recrutamento de nociceptores silenciosos que são de alto limiar, que sob condições normais não disparam ↪Na hiperalgesia secundária, potenciais sinápticos aumentam constantemente em amplitude com cada estímulo que chega no corno posterior da medula espinhal. ↪Ocorre “wind-up” (aumento) da frequência de disparo dos neurônios nociceptivos medulares e recrutamento de novas sinapses. ↪A hiperalgesia secundária é consequência do alargamento do campo receptor dos nociceptores, da sensibilização dos neurônios de largo espectro da lâmina V TRANSMISSÃO DA DOR ↪As fibras A delta e C levam a informação da dor até o corno posterior da medula, cruza na região da comissura anterior e sobe pelo outro lado: sistema antero-lateral ↪O nociceptor é ativado, envia informação para as fibras A delta e C – primeiro neurônio. ↪Cerca de 90% das fibras fazem sinapse na medula espinhal, poucas fibras A delta sobem direto, sem fazer sinapse. ↪As fibras sobem pela parte anterior por três feixes: ●Neoespinotalâmico – fibras A delta - rápida ●Paleoespinotalâmico – fibra C - lenta ●Espinorreticular – fibra C – lenta FISIOLOGIA Melanie | 2025.2 ↪As fibras A delta que fazem sinapse com o trato neoespinotalâmico sobem a medula, cruzam na comissura anterior da medula, passam pelo tálamo nos núcleos ventroposterolateral e ventroposteromedial, e chegam no córtex somatossensorial ↪O trato paleoespinotalâmico também chega até o tálamo, mas passa por núcleos mais mediais. Boa parte das fibras vão em direção à substância cinzenta periaquedutal e à outras áreas subcorticais, não chegam até o córtex. Por isso a dor lenta é menos sinalizada, pois poucas fibras chegam no córtex ↪O trato espinorreticular vai em direção à formação reticular e modula o sono. ↪Quando as fibras A delta e C, que são o primeiro neurônio, chegam na medula, se comunicam com o segundo neurônio. ↪O segundo neurônio possui receptores para receber o principal neurotransmissor que vai ser liberado a partir das fibras A delta e C, que é o glutamato. ↪A fibra C também pode liberar a substância P, além do glutamato. ↪O segundo neurônio compõe os tratos neoespino, paleoespino e espinorreticular. ↪Nas lâminas de rexed ocorrem as sinapses entre o primeiro neurônio e o segundo neurônio, que projetam a dor. ↪No segundo neurônio existe o receptor NMDA e o sistema AMPA cainato ↪AMPA e cainato são mais seletivos ao sódio. O NMDA é mais seletivo ao cálcio. ↪Quando o glutamato se liga nesses receptores, abrem todos os canais iônicos. ↪O sódio que entra pelo sistema AMPA cainato gera o primeiro potencial ↪O glutamato também abre o canal NMDA, o cálcio entra no canal, porém não entra na célula. ↪O canal NMDA possui uma comporta de magnésio, que impede a entrada do cálcio. ↪O potencial gerado pelo sistema AMPA cainato chega na membrana do NMDA e desloca o magnésio, permitindo a entrada do cálcio, o que aumenta expressivamente a frequência de potenciais no segundo neurônio. ↪A substância P causa retenção do magnésio deslocado, fazendo com que demore mais tempo para voltar ao NMDA. Com isso, a percepção da dor é muito maior, pois o canal NMDA permite intenso fluxo de cálcio, e muito mais potenciais serão formados ↪O wind-up é a somação de potenciais, que juntos, ao chegarem no SNC provocam aumento na percepção da dor. Por isso, o setor NMDA é o grande vilão da dor, pois através do influxo de cálcio ocorre a amplificação do potencial elétrico no segundo neurônio FISIOLOGIA Melanie | 2025.2 RESUMO – TRANSMISSÃO DA DOR →Quando o glutamato chega no corno posterior da medula, abre AMPA e NMDA. →O influxo de cálcio aumenta a frequência de potenciais. →Os potenciais exacerbados amplificam a percepção da dor →O cálcio que entra no segundo neurônio aumenta a expressão da NOS – óxido nítrico sintase, que aumenta a produção de óxido nítrico total. →O óxido nítrico altera a transcrição gênica do segundo neurônio, fazendo com que aumente a produção de canais ionotrópicos, principalmente o NMDA. →Quando o NO está presente, o segundo neurônio que tinha 2 NMDA passa a ter 50 NMDA. Isso é o início do fenômeno da neuroplasticidade ↪Trato neoespinotalâmico – dor localizada ↪Trato espinorreticular – dor difusa (poucas fibras chegam no córtex) VIA NEOESPINOTALÂMICA ↪Constituída pelo trato espinotalâmico lateral →Neurônio I: gânglio espinhal →Neurônio II: lâminas I de Rexed →Neurônio III: tálamo - núcleo ventral posterior lateral ↪Responsável pela sensação de dor aguda e bem localizada na superfície do corpo VIA PALEOESPINOTALÂMICA ↪Constituída pelo trato espinorreticular →Neurônio I: gânglio espinhal →Neurônio II: lâmina V de Rexed – sinapse em vários níveis da formação reticular →Neurônio III: formação reticular →Neurônio IV: tálamo – núcleos intralaminares: projetam-se para territórios amplos do córtex cerebral ↪Responsável por um tipo de dor pouco localizada, profunda do tipo crônico. ↪Sensação de dor crônica e difusa ↪A hiperativação do trato espinotalâmico amplifica a dor, fazendo com que a pessoa não durma ou fique ansiosa pela dor. MODULAÇÃO DA DOR ↪O estímulo normal nociceptivo amplificado no segundo neurônio, aumenta muito a sensibilização cortical e de áreas subcorticais – essa modulação que é importante. ↪Se for uma dor branda, a própria medula pode cortar a transmissão da dor ↪Se for uma dor com caráter grave, enquanto não for tratada, a frequência de potenciais no segundo neurônio só vai aumentar. Se não tratada, pode ocorrer a neuroplasticidade e a dor poderá não ter cura. FISIOLOGIA Melanie | 2025.2 VIA DESCENDENTE DA DOR ↪Representa a transmissão de impulsos do cérebro para a medula espinhal ↪No mesencéfalo, a região da área cinzenta periaquedutal (PAG- libera encefalina) se comunica com o núcleo magno de rafe (NRM) ↪O NRM libera serotonina, que estimula interneurônios inibitórios encefalinérgicos, que estarão na sinapse entre as fibras A delta e C – primeiro e segundo neurônio, quecompõe os feixes espinotalâmicos ↪No meio dessa sinapse, estão os interneurônios. ENCEFALINA ↪A encefalina atenua a dor ou abole a transmissão da dor em nível espinhal. ↪Em nível pré-sináptico fecha canais de cálcio, fundamentais para a exocitose do glutamato. ↪A encefalina atenua ou diminui a liberação dos neurotransmissores da dor: glutamato e substância P ↪Em nível pós-sináptico abre canais de potássio favorecendo a hiperpolarização do segundo neurônio. ↪A encefalina diminui a neurotransmissão do primeiro neurônio e diminui a transmissão do segundo neurônio. ↪Em nível espinhal, a encefalina pode bloquear a transmissão da dor, desde que o estímulo vindo da periferia não seja alto o suficiente para sobrepor a ação encefalinérgica – estímulo superior vindo principalmente das fibras C. Se houver um estímulo grande o suficiente, a encefalina não consegue fechar a transmissão. ↪Se a lesão for grande e o estímulo periférico for aumentando, em algum momento a ação encefalinérgica não conseguirá mais bloquear a dor. TRANSMISSÃO DOS ESTÍMULOS ↪Os feixes espinotalâmicos sobem pela medula até o tálamo ↪O feixe neoespinotalâmico passa por dois núcleos talâmicos: o tálamo ventroposterolateral e o tálamo ventroposteromedial, sendo que boa parte vai para o córtex somatossensorial ↪O feixe paleoespinotalâmico e espinorreticular passam por núcleos mais mediais, como o núcleo parafascicular. Ao migrar para esses núcleos, as fibras paleoespinotalâmicas vão para a região periaquedutal e periventricular. Essas regiões são áreas que ao serem acionadas, estimulam as vias inibitórias descendentes. ↪Se houver um excesso de informações sendo transmitidas pelas vias paleoespinotalâmicas, ao chegarem no núcleo bloqueiam a região periaquedutal e periventricular. Ao chegarem no sistema límbico alteram os padrões das emoções, podendo exacerbar sentimentos de tristeza e depressão, comum em pacientes crônicos. ↪A depressão também bloqueia as vias periaquedutais, responsáveis por feixes FISIOLOGIA Melanie | 2025.2 que descem e inibem a subida dos impulsos nervosos pela medula espinhal. ↪A partir de uma região abaixo da PAG, existem dois feixes que descem: o feixe inibitório e o feixe excitatório. Passam pelo funículo dorso-lateral modulador ↪Ansiedade extrema e nervosismo fazem com que o feixe excitatório prevaleça em cima do feixe inibitório, acentuando a neurotransmissão da medula espinhal. Ao mesmo tempo, inibe o feixe inibitório ↪Na via excitatória (ON), a transmissão entre o primeiro e o segundo neurônio fica super ativa, ativando o sistema facilitador da dor ↪O paciente tranquilo, calmo, faz com que seja estimulado o sistema inibidor, que vai diminuir a neurotransmissão. ↪Existem medicamentos análogos à encefalina, que são os opioides: morfina, fentanil. São analgésicos que atuam de maneira mais eficaz que a encefalina. Bloqueiam a via excitatória atenuando a dor. MODULAÇÃO ASCENDENTE ↪Gate control – portão de controle da dor. ↪Dependendo de como ocorrer o estímulo da dor, o portão pode abrir ou fechar Fechamento: ↪Realizado pela modulação descendente que libera serotonina, estimulando o interneurônio que libera encefalina, que diminui a liberação de glutamato e substância P no primeiro neurônio e hiperpolariza o segundo neurônio ↪Se o estímulo da fibra C for alto – vários potenciais, inibe o interneurônio (não tem encefalina) e excita o segundo neurônio (glutamato e substância P), potencializando a sensação da dor ↪A fibra A beta não participa do segundo neurônio da dor. Mas pode estimular o interneurônio, causando a liberação de encefalina, que hiperpolariza o segundo neurônio e minimiza ou bloqueia a liberação – exocitose - de glutamato e substância P ↪Ao esfregar a mão em regiões onde ocorreu uma lesão, as fibras A beta são estimuladas e estimulam o interneurônio, que irá liberar encefalina. ↪Para ocorrer o fechamento do gate control, o estímulo de dor, potenciais vindos pela fibra C, não podem ser altos o suficiente para bloquear a via inibitória ↪O fator limitante do interneurônio é o quanto de estímulo chega pela fibra C ↪No caso de uma facada, o estímulo é tão alto que mesmo que libere encefalina, inevitavelmente o glutamato será liberado, vai abrir o canal AMPA e entrar sódio, vai abrir NMDA, deslocar o magnésio pelo AMPA e entrar cálcio. FISIOLOGIA Melanie | 2025.2 ↪Mesmo que esfregue o local, não irá diminuir a dor Fator limitante do portão medular ascendente é o nível de dor (lesão) que o paciente tem ↪Acupuntura: são colocadas agulhas em pontos onde passam fibras A beta, que ao serem estimuladas várias ao mesmo tempo, fazem com que dores crônicas de caráter baixo a médio sejam atenuadas, fechando o gate control. Não é curativo, quando o estímulo voltar, o gate control abre novamente, o glutamato abre sinapses excitatórias via AMPA cainato e NMDA. ↪No paciente politraumatizado, a grande quantidade de estímulos que chega na medula, pela fibra C, faz com que a fibra A beta não seja capaz de vencer a inibição do interneurônio. ↪O gate control funciona apenas para dores com caráter baixo a médio. ↪É neurogênica - Produzida pelo dano ao tecido nervoso, como a compressão de um nervo. ↪Caracteriza-se pela aparição de hiperalgesia, dor espontânea, parestesia e alodinia mecânica por frio ↪Parestesia: sensação anormal e desagradável sobre a pele que assume diversas formas – queimação, dormência ↪Alodinia: sensação de dor ao receber estímulo que normalmente não provoca dor FISIOPATOLOGIA DA DOR NEUROPÁTICA ↪Envolve inúmeros fenômenos: →Sensibilização de receptores →Neuroma →Ocorrência de focos ectópicos de potenciais de ação nas fibras periféricas e tratos centrais →Reorganização sináptica em neurônios centrais →Liberação de substâncias algiogênicas (substância P e glutamato) →Fenômenos de adaptação física, psíquica e neurovegetativa ↪Na lesão neural, no local da lesão do nervo é liberado uma substância chamada fator de crescimento neural – secção, amputação, compressão na medula, edema. ↪Essa substância tenta reparar a lesão, mas não consegue. Ao ser liberado, o fator de crescimento neural faz com que haja um aumento na expressão de novos canais de sódio e cálcio no nervo lesionado – de 2 passam para 30, por exemplo. ↪Ao aumentar a expressão de novos canais na dor neuropática, a dor será mais facilmente levada à medula. Ao ter mais canais e consequentemente mais potenciais, a frequência desses potenciais será extremamente alta, pois são inúmeros canais lesionados FISIOLOGIA Melanie | 2025.2 ↪Ao aumentar a frequência de potenciais, é liberado mais glutamato e substância P, mais cálcio entra pelo NMDA, aumentando a expressão da NOS. ↪O óxido nítrico facilita a entrada de cálcio no primeiro neurônio, e aumenta em número os canais NMDA e glutamato no segundo neurônio, aumentando AMPA ↪Rapidamente ocorrerá a neuroplasticidade: novas sinapses que se formam na ausência do estímulo inicial. ↪Em certo momento, o ciclo de óxido nítrico no primeiro e segundo neurônio, aumentará cada vez mais. A dor inicial não será mais necessária para a neurotransmissão ↪Quando ocorre a neuroplasticidade, não existe mais a possibilidade de cura, apenas tratamento para amenizar. ↪São usados medicamentos ansiolíticos, antidepressivos e anticonvulsivantes (bloqueiam canais de sódio) NEUROMA ↪O fator de crescimento neural produz o neuroma. Isso acontece quando ocorre secção ou amputação. ↪Este fator faz com que os nervos lesionados façam uma fusão, virando um “bolo” de nervos. Quando uma fibra despolarizar, as outras despolarizam junto. ↪Quando o neuroma está presente, o processo neuroplástico é mais rápido e a percepção da dor será acentuada ALTERAÇÕES NO CORNO POSTERIOR DA MEDULA ESPINHAL- CMPE ↪Desorganização sináptica ↪Brotamento de fibra A beta A fibra A beta assume o papel de transmissão da dor, fazendo com que o tato gere muita dor, mesmo com estímulos simples como o vento ↪Aumento dos campos receptivos ↪Redução da expressão de receptores opioides nos axônios e de receptores gama no gânglio sensitivo ↪Aumento de receptores para substâncias algiogênicas no CMPE ↪Aumento da atividade do glutamato e redução da GABA ↪Elevação de cálcio intracelular SENSIBILIZAÇÃO ADRENÉRGICA ↪A noradrenalina e a adrenalina ativam as fibras A delta e C, produzindo potenciais de ação espontâneos ↪O fator de crescimento neural, por algum motivo, faz com que surjam receptores adrenérgicos nas fibras da dor aferente – primeiro neurônio ↪A noradrenalina e a adrenalina também são capazes de excitar a fibra aferente da dor. RECEPTORES DO SEGUNDO NEURÔNIO ↪O excesso de glutamato aumenta o influxo de cálcio, pois o AMPA permitiu um aumento de fluxo de sódio. ↪O aumento de cálcio no segundo neurônio aumenta a produção de NO que aumenta a expressão desses canais – NMDA, AMPA, cainato – levando a um ciclo sem fim. FISIOLOGIA Melanie | 2025.2 RESUMO – NEUROPLASTICIDADE ↪A substância P e o glutamato provocam aumento do cálcio ↪O cálcio ativa a enzima cálcio- calmodulina cinase II e as vias neuronais da NOS, formando NO ↪O NO é um fator transcricional – permite transcrição anormal de novos canais NMDA e AMPA cainato, que vai facilitar a excitabilidade neuronal e alterações da neuroplasticidade no corno dorsal da medula. CAIXA DE ESPELHOS ↪A caixa de espelhos engana o cérebro, amenizando a dor neuropática de um membro amputado. ↪Colocando os 2 membros na caixa de espelhos, um amputado e o outro não, o espelho reflete o membro que o paciente tem. Com o passar do tempo, surgem novas sinapses no córtex que entendem que o paciente tem os 2 membros, fazendo com que a excitação periférica diminua um pouco a dor neuropática.
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