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1- ASCARIDÍASE – Ascaris lumbricoides Habitat: intestino delgado. Mecanismo e estrutura de infecção: passivo oral por ingestão de ovos com L3. Veículos de transmissão – mãos sujas de terra, sujeira sob as unhas, água e alimentos contaminados, frutas e verduras cruas (horta adubada com fezes humanas), poeira. Ciclo: Considerando um individuo parasitado, o casal de vermes adultos encontra-se no intestino delgado. Após a cópula a fêmea faz a postura dos ovos, se misturando às fezes e contaminando o ambiente. Sob condições ideais, a célula embrionária dará origem a larva L1. L1. Duas mudas se sucedem no interior do ovo, num prazo de 15 dias, tal processo ocorre necessariamente no ambiente. O ovo contendo a larva L3 caracteriza a estrutura infectante para o homem. A eclosão do ovo inicia-se no estomago pela ação do suco gástrico e é finalizada no intestino pela ação da bile. A larva então necessita de oxigênio para realizar muda, sendo assim atravessa a mucosa intestinal atingindo a corrente sanguínea. Durante sua migração, passa pelo trato respiratório, mudando para L4. Da traqueia o verme ascende até a faringe onde, então é deglutida. Ao alcançar o intestino delgado a larva realiza muda para larva L5, desenvolvendo-se em adulto em seguida. Patogenia: Fígado – agressão traumática e irritativa. Pulmões - larvas, para chegarem à luz do alvéolo, rompem a parede do capilar alveolar e a parede do alvéolo (agressão traumática). Migrações erráticas: apêndice cecal, vesícula biliar, cavidade peritoneal, vias aéreas superiores, estômago. Diagnóstico: Exame coproparasitológico: pesquisa de ovos característicos do parasita (exame direto e sedimentação espontânea). Método de Kato-Katz. Radiografias produzem imagens bastante sugestivas. Epidemiologia: Cosmopolita. Maior incidência em climas tropicais bem como em locais com condições higiênico-sanitárias mais precárias. Muitos ovos resistem às técnicas habituais de tratamento de esgotos e são encontrados vivos nos efluentes lançados em rios. Os indivíduos jovens (crianças) são mais susceptíveis à infecção por Ascaris. Homem é a única fonte de infecção. Profilaxia: Educação sanitária, melhoria das condições sanitárias e não utilizar matéria fecal humana como adubo. 2- ANCILOSTOMÍASE – Ancylostoma duodenale e Necator americanus Espécie/Hospedeiro: Necator/Homem; A. duodenale/Homem e Primata; A. ceylanicum/Cães, gatos e homem no sudeste asiático. Habitat: intestino delgado. Mecanismo e estrutura de infecção: Ativo-cutâneo pela larva L3 (ou ingestão de água contaminada – passivo-oral). Ciclo: Considerando um indivíduo parasitado os vermes adultos localizam-se no intestino delgado, onde ocorre a cópula. Ovos serão eliminados nas fezes (L1). No ambiente, duas mudas se sucedem originando larvas L3, todas filarióides, caracterizando a estrutura infectante para o homem. A larva L3 então penetra ativamente pela pele do hospedeiro atingindo a corrente sanguínea. Na circulação o coração é alcançado e em seguida os pulmões, onde a larva L3 rompe os capilares, atingindo a luz alveolar, local onde realiza muda para larva L4. A larva ascende pelo trato respiratório atingindo a faringe, onde é deglutida. Chegando ao intestino delgado, uma nova muda para larva L5 permanecendo na luz intestinal. Patogenia: Palidez, desânimo, dificuldade de raciocínio, cansaço e fraqueza, diarreia. Diagnóstico: Laboratorial – Exame Parasitológico de Fezes: métodos de sedimentação espontânea, sedimentação por centrifugação e de flutuação. Método quantitativo – método de Stoll, estimando o número de ovos por gramas de fezes. Método de Coprocultura (Harada e Mori). Imunológico – ELISA, imunofluorescência indireta. Molecular – PCR. Epidemiologia: Cosmopolita, Ancylostoma sp na África, Ásia e Europa e Necator americanus nas Américas. As larvas infectantes (L3) são resistentes no ambiente, no entanto a luz solar e a umidade constituem fatores decisivos para a viabilidade das larvas. Homem é a única fonte de infecção. Pessoas susceptíveis por hábitos de andarem descalças em terrenos contaminados. As crianças são mais acometidas por brincarem com a terra e areia e por não terem o cuidado com os hábitos de higiene. Profilaxia: Diagnóstico e tratamento dos parasitados (Anti-helmínticos). Educação sanitária e higiene individual. Uso de calçado. Destino adequado para fezes humanas, não as utilizando como adubo. Ferroterapia. Controle Antilarvário através do plantio de espécies vegetais adequadas como: Cymbopogon citratus (capim-limão ou capim-cidreira), C. martinii, Vetiveria zizanoides, Ruta graveolens, Menta spicata e Chrysanthemun sp. Larva migrans: Causado pelo Ancylostoma braziliense, são nematódeos que penetram na pele humana, porém não conseguem completar sua evolução. Em cães e gatos, habitam o intestino delgado, infectando ou de forma passivo-oral ou ativo-cutâneo. No homem, penetra pela pele, não conseguem concluir sua evolução e permanecem entre a epiderme e a derme. Patogenia: Podem ocorrer infecções secundárias. As áreas do corpo mais atingidas são os pés, as mãos, pernas, antebraços. Diagnóstico: A confirmação é feita através da observação e análise dos aspectos dermatológicos das lesões. Epidemiologia: Ambiente mais frequente em praias e terrenos arenosos. Incidência maior em crianças. Teor salino impede a sobrevivência dos ovos e das larvas. Profilaxia: Exames de fezes periódicos de cães e gatos e tratamento dos mesmos, evitar o acesso desses animais a locais públicos como praias, praças, parques infantis, castração da população de cães e gatos vadios. 3- STRONGILOIDÍASE – Strongyloides stercoralis Habitat: intestino delgado (mucosa). Mecanismo e estrutura de infecção: Heteroinfecção. Autoinfecção externa – decorrente da transformação de larvas rabditóides em filarióides infectantes na região anal e perianal, contaminada com fezes. Autoinfecção interna – quando condições locais do intestino podem propiciar a evolução do parasito na luz, com invasão direta da mucosa por larvas que não saíram para o meio exterior. Ciclo: Na mucosa do intestino delgado de um indivíduo parasitado encontra-se a fêmea partenogenética. Os ovos são postos na mucosa intestinal, que dará origem a larva L1 rabditóide. Ainda na mucosa ocorre a eclosão do ovo e um processo de muda para larva L2 rabditóide. A larva L2 rabditóide, então, alcança a luz intestinal e mistura-se ao conteúdo fecal, sendo eliminada contaminando o ambiente. Sob condições ideais a larva L2 rabditóide realiza muda para larva L3. Caso esta seja L3 filarióide, vai apresentar capacidade infectante e, ao entrar em contato com outro indivíduo, é capaz de estabelecer a infecção. Sendo assim a larva L3 filarióide penetra ativamente na pele de um indivíduo suscetível e atinge a corrente sanguínea, alcançando primeiramente o coração e em seguida os pulmões. Ao chegar ao pulmão, a larva realiza muda para larva L4 filarióide e em seguida atravessa a parede alveolar. No lúmen alveolar o verme realiza a ultima muda para larva L5 filarióide, fase esta na qual ascende pelo trato respiratório, auxiliado pelos cílios e muco, ate a faringe onde é deglutido. O parasita atravessa todo o trato gastrointestinal e ao alcançar o intestino delgado se desenvolve em fêmea adulta, migrando para a mucosa intestinal. Contudo se larva L2 rabditóide realizar muda para larva L3 rabditóide, todos os outros estágios larvais (L4 e L5) serão rabditóides originando machos e fêmeas de vida livre. Durante a cópula não ocorre troca de gametas, a fêmeas necessita apenas do estimulo do macho. Dessa forma a fêmea faz a ovopostura no ambiente. Rapidamente o ovo eclode e a larva L1 rabditóide realiza muda para larva L2 rabditóide; esta sob condições ideais realiza muda para larva L3 rabditóide ou filarióide, determinando assim qual será a próxima fase do ciclo; fase de vida livre ou fase parasitária. Patogenia: Lesões cutâneas – Pode ocasionar reação eritematosa, com edema local, pápulas hemorrágicase prurido intenso. Lesões pulmonares – Hemorragias petequiais e profusas. Mudas. Síndrome de Loeffler. Retenção das larvas nos pulmões. Lesões intestinais – Enterite catarral, edematosa e com ulceração. Diagnóstico: Exame parasitológico de fezes (larvas). Métodos de concentração de larvas como o Baermann e suas variações, cultura em placa de ágar, e método de Harada-Mori. Sorológico – reações cruzadas (ELISA, Western-blot, imunofluorescências). Epidemiologia: Distribuição – América Central, Brasil, África, sul da Europa e Ásia. Populações de risco – indivíduos com hábito de andar descalço e frequentar terrenos contaminados com fezes de pessoas infectadas. Infectam todas as faixas etárias, sendo mais prevalentes em pré- escolares e escolares. O possível parasitismo por outros animais como os cães e símios, apesar de não ter sido estudado profundamente, pode determinar fonte de infecção para o homem. As larvas infectantes não são encapsuladas e são susceptíveis a condições climáticas extremas. Profilaxia: Diagnóstico e tratamento dos parasitados, educação sanitária e higiene individual. 4- TRICURÍASE – Trichuris trichiura Espécie/Hospedeiro: T. trichiura/Homem; T. ovis/ovinos e caprinos; T. vulpis/cães. Habitat: intestino grosso (ceco). Mecanismo e estrutura de infecção: ingestão do ovo com L1 (passivo-oral). Ciclo: No intestino grosso, a fêmea libera os ovos na luz intestinal, sendo eliminados junto às fezes. O ovo contendo a L1 caracteriza a estrutura infectante. Ao ser ingerido, ovo passa pelo trato gastrointestinal onde eclode por ação dos sucos gástrico e pancreático. No duodeno a eclosão é finalizada e a larva L1 se instala na mucosa do intestino delgado onde realiza muda até larva L5, quando migra para o intestino grosso. Durante o trajeto atinge a fase adulta. Patogenia: Agressão traumática, lítica, espoliativa e irritativa. Sintomatologia – pouca quantidade é assintomática. Quantidade moderada causa cefaléia, dor epigástrica, diarreia, náusea e vômito. Muita quantidade ou infecção crônica causa sindrome disentérica crônica, dor abdominal com tenesmo, eosinofilia, anemia, desnutrição grave e até morte. Diagnóstico: Epidemiologia: Frequentemente ocorre infecção dupla com Ascaris. Profilaxia: Diagnóstico e tratamento dos indivíduos parasitados, educação sanitária, saneamento básico, uso de instalações sanitárias por todos os moradores da casa, suprimindo a contaminação do solo, no peridomicílio, construção de fossas sépticas nas áreas rurais ou naquelas onde não haja rede pública de esgoto, lavagem das mãos, com escovação, antes de comer e manusear alimentos sempre que estas estiverem sujas de terra, NÃO utilizar o material fecal humano como adubo, 5- ENTEROBÍASE – Enterobius vermicularis (oxiúro) Habitat: Formas adultas no ceco e apêndice, fêmeas na região perianal. Mecanismo e estrutura de infecção: ingestão ou inalação do ovo com L5. Heteroinfecção ovos presente em poeiras ou alimentos. Autoinfecção exógena – ovos são levados da região perianal a boca. Autoinfecção endógena – parece ser um processo raro no qual as larvas eclodem na região perianal e voltam para o ceco tornando-se adultos. Ciclo: Após a cópula, a fêmea migra até o reto saindo ativamente pelo esfíncter anal, fazendo a ovo postura na região perianal. Após a postura dos ovos as fêmeas morrem. No interior do ovo encontra-se a larva L1, já formada, que necessita da anaerobiose para atingir o estágio de larva L2. Através da troca de roupas intimas, por exemplo, os ovos são dispersos no ambiente, o que favorece a continuação do seu ciclo evolutivo, pois o oxigênio é necessário para o seu desenvolvimento em larva L5. Sendo assim após a dispersão dos ovos, a larva L2 realiza três mudas no interior do ovo atingindo o estagio de larva L5, configurando a estrutura infectante para o homem. Ao ingerir ou inalar o ovo contendo a larva L5 o homem se infecta. O ovo quando inalado posteriormente é deglutido alcançando o trato gastrointestinal. Ao atingir o intestino delgado, por ação das enzimas digestivas, o ovo eclode liberando a larva L5. A larva então migra para o ceco, aonde irá se alimentar e se desenvolver em adulto. Patogenia: Geralmente assintomático. Ceco e apêndices inflamados. Prurido anal pode provar infecção secundária. Em órgãos genitais femininos : vaginite, metrite, salpingite, ovarite. Diagnóstico: Clínico – Prurido anal noturno e continuado leva uma suspeita de Enterobiose. Laboratorial – O exame de fezes, só revela cerca de 5 a 10 % dos casos de parasitismo. Deve ser feito o método de fita adesiva ou método de Graham. Epidemiologia: Distribuição cosmopolita, porém há maior incidência em clima temperado. Transmissão eminentemente doméstica ou de ambientes coletivos fechados. Os ovos resistem cerca de 3 semanas em ambiente doméstico, contaminando alimentos e “poeira”. O hábito de sacudir roupas de cama pode disseminar os ovos. Profilaxia: Tratamento das pessoas infectadas. Lavar as mãos antes das refeições e após a defecação. Banhos matinais diários, preferencialmente de chuveiro. Mudanças frequentes de roupas de baixo, roupa de dormir, lençóis de cama e toalhas, de preferência ferve-las. Corte rente das unhas. Uso de macacão em crianças. 6- FILARIOSE LINFÁTICA – Wuchereria bancrofti Vetor: mosquito Culex quinquefasciatus. Habitat: HI– L3 no aparato bucal do inseto. HD– vermes adultos nos vasos e gânglios linfáticos. Mecanismo e estrutura de infecção: HI – passivo-oral (microfilária). HD – ativo-cutâneo (L3). Ciclo: Durante o repasto sanguíneo do mosquito, a larva L3 entra na pele, caindo na circulação. A larva migra para os vasos linfáticos, onde se desenvolvem em microfilárias que se tornarão adultos. A fêmea produz microfilárias que circulam o sangue, que serão ingeridos pelos mosquitos durante novo repasto sanguíneo. No mosquito, a microfilária se desenvolverá em larva L3 dentro de uma ou duas semanas. Patogenia: Ação mecânica, irritativa e metabólica – A presença dos vermes adultos dentro dos vasos linfáticos mais produtos oriundos do seu metabolismo ou de sua desintegração após a morte = fenômenos inflamatórios. Elefantíase – Pode aparecer em casos crônicos com mais de 10 anos do parasitismo. O tecido elefantóide consiste em gordura e linfa, presas em matriz fibrosa, resultante da fibromiosite crônica, hipertrofia e fibrose da derme e da tela subcutânea. Diagnóstico: Clínico – febre súbita + adenopatias dolorosas -> filariose linfática aguda -> elefantíase em área endêmica -> filariose linfática crônica. Laboratorial – Pesquisa de microfilárias (sangue, linfa, urina), por Gota espessa, esfregaço sanguíneo e método de Knott. Obs: A demonstração da presença do parasita (microfilaremia) não prova ser ele o agente causal. Por outro lado, nas hidroceles e nas elefantíases a microfilaremia geralmente está ausente. Vermes adultos - Visualização do parasito adulto na ultra-sonografia de vasos linfáticos e de linfonodos. ELISA e PCR. Epidemiologia: África e sul da Ásia. Reservatórios – Não foram encontrados reservatórios não humanos para a infecção, sendo os infectados com abundante parasitemia os mais importantes mantedores do ciclo do parasita. Condições para transmissão - Fontes de infecção numerosas para assegurar a infecção do mosquito em quantidade razoável; Densidade do mosquito deve ser elevada; A espécie vetora deve permitir a evolução das larvas até a fase infectante para o homem; Temperatura e umidade ambiente afetam a ecologia da filaríase, tanto por condicionar abundância e longevidade do inseto vetor, como por influir na evolução do parasita. Profilaxia: Diagnóstico e Tratamento dos Indivíduos parasitados. Controle do Inseto vetor (Larvicidas químicos e/ou biológicos e proteção individual, uso de repelentes, mosquiteiros, telas em portas e janelas). Educação Sanitária e saneamento básico. 7- ONCOCERCOSE – Onchocerca volvulus Vetor: mosquito Simulium guianense, S. incrustatum, S. exiguum – Brasil. Habitat: tecido subcutâneo (adultos).Tecidos moles, linfonodos, rins, baço e mesentério (microfilárias). Mecanismo e estrutura de infecção: HI – microfilária (passivo-oral). HD – L3 (ativo-cutâneo). Ciclo: Igual ao ciclo da filariose (W. bancrofti), com a diferença do habitat dos adultos. Patogenia: Longo período de incubação – manifestações tardias (de 1 a 3 anos após a infecção). Oncocercomas; Oncodermatite ou Dermatite Oncocercosa; Lesões Oculares; Lesões Linfáticas. Diagnóstico: Laboratorial – Nodulectomia, Biópsia, ELISA, PCR, Exames Oftalmológicos, Teste de Mazzoti. Epidemiologia: África (ampla distribuição), América (México, Guatemala, Venezuela, Colômbia, Equador e Brasil). Brasil: focos restritos ao norte dos estados do Amazonas e Roraima. Qualquer individuo está suscetível à oncocercose. Sua prevalência é acentuada em indivíduos entre 4 e 30 anos. A manutenção desta parasitose se deve a três fatores – indivíduos parasitados, simulídeos e indivíduos suscetíveis. A maturação das microfilárias no organismo dos simulídeos ocorre entre 6 a 12 dias. Lesões Oculares: forma mais grave da oncocercose – a morte das microfilárias leva a um processo inflamatório – lesões graves na região ocular. Locais de rápido escoamento de água são preferenciais para a reprodução do inseto vetor. Profilaxia: Diagnóstico e tratamento dos indivíduos parasitados (Ivermectina). Combate ao vetor; utilização de inseticidas biodegradáveis. Uso de repelentes, roupas especiais e telas de proteção em áreas endêmicas. Exame de indivíduos que tenham permanecido em áreas endêmicas – evitar a disseminação.
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