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Custa fazer uma boa ação sem esperar nada em troca? De felice esse filme não tem nada, Lazzaro é abusado, usado, enganado, desrespeitado, humilhado e por fim espancado até a morte apenas por querer fazer o bem. Sua inocência serve de plot pra várias situações, todas onde é usado. A diretora e roteirista do longa, Alice cria uma atmosfera melancólica, fantástica (no sentido de fantasia {mas a atmosfera do filme é fantástica de boa tbm}), cômica e dramática ao mesmo tempo em que explora e faz uma análise sobre o comportamento do ser humano, buscando sempre a realização de suas vontades, não se importando com moral e sem um pingo de empatia (infelizmente isso se aplica desde o trabalhador braçal até o patrão, digo, patroa rica e influente). Alice trabalha Lazzaro com um tom puro (em relação a inocência) e, diria eu, até mesmo messiânico, onde alguns acontecimentos (não apenas o não envelhecimento do protagonista, mas como a bondade infinita e o desejo de "fazer o bem, sem olhar a quem" {e como eu gosto de adicionar, "e sem esperar ganhar nada, hein"} fazem, na minha opinião, alusão a história de Jesus Cristo), tal tom serve, principalmente, para gerar raiva, indignação e tristeza no espectador, potencializando a(s) mensagem(ns) do filme. Gostei como a diretora brincou com o ano onde o filme se passa. As relações de trabalho dizem uma data, as ações e falas dos personagens outra, e objetos como determinados modelos de carro, celular e até um walk man mostram outra data (até q uma queda ala Vasco faz um salto temporal para os dias atuais). Para mim, em várias ocasiões, Lazzaro tem um burn out, devido ao seu excesso de esforço físico, mental e emocional. Isso, somado com as péssimas condições de higiene e alimentação (diversas vezes ele deixou de comer para oferecer ou dar para a outra pessoa a comida q ele comeria) o fizeram adoecer, resultando em sua hibernação. Existe um paralelo entre a história do lobo e a história de Lazzaro, o lobo foi expulso da alcateia apenas por ser velho, ou seja, diferente, com Lazzaro acontece algo parecido, TODOS tiram sarro dele devido a suas ações, o fazendo parecer trouxa, idiota ou otário apenas por querer agradar aos outros, ou seja, ele também era diferente e isso quase o fez ser expulso de sua alcateia (naquela parte que a """"""""""""""família"""""""""""""" dele cogita o expulsar de casa/caixa d'água). O marquês, a pessoa que aparenta querer ajudar os trabalhadores escravizados, o único que vê algo de errado nas ações da mãe, o único que aparenta gostar mesmo e considerar Lazzaro, em literalmente TODAS suas ações explora e usa, advinha, Lazzaro, desde um desejo irrefreável por atenção e companhia até mesmo quando tinha de fazer um simples furo no dedo, ele clama por Lazzaro. É triste pensar que provavelmente vários Lazzaros ao longo da história tiveram o mesmo triste fim do nosso protagonista, talvez um fim até mesmo pior. Enfim, amei o filme. Excelente. Estava vendo a lista dos vencedores do prêmio de roteiro de Cannes quando me deparei com essa obra prima, a priori fiquei meio meeee de ver esse filme, me parecia mais um daqueles dramas europeus que se passam por inteligente e conquistam facilmente o coração dos críticos. Estava enganado, que bom :) Vou repetir só mais uma vez, custa fazer uma boa ação sem esperar nada em troca? -Por Ruan Souza
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