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Tayná Marques de Carvalho 3º ano - noturno Reclamação A reclamação está prevista no texto da Constituição/88, como no artigo 111-A, “§ 3º Compete ao Tribunal Superior do Trabalho processar e julgar, originariamente, a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões”, e no Código de Processo Civil em seu artigo 988, §1º, determinando suas hipóteses de cabimento. Tal instituto visa preservar a autoridade dos tribunais superiores, Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça, assim como tratar de violação de competência comissiva e omissiva quando realizada por estes. O artigo supracitado do CPC entende que cabe ao prejudicado reclamar frente aos tribunais, podendo ser estadual ou federal. 1. Sua finalidade no contexto do sistema de precedentes A reclamação, como já falado, busca preservar a competência e autoridade dos tribunais superiores, assim como de suas decisões. Tal finalidade se aplica principalmente no tocante ao atendimento dos precedentes decorrentes de processos repetitivos. De acordo com o artigo 988, IV, do CPC, cabe reclamação para “garantir a observância de acórdão proferido em julgamento de incidente de resolução de demandas repetitivas ou de incidente de assunção de competência”. Ou seja, na manutenção dos precedentes e na preservação de sua autoridade, cabe a utilização da reclamação. 2. Hipóteses de cabimento Tal matéria se encontra no mesmo artigo anteriormente citado, artigo n.988 do CPC, onde diz ser cabível a reclamação em quatro situações: Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público para: I - preservar a competência do tribunal; II - garantir a autoridade das decisões do tribunal; III – garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de decisão do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; IV – garantir a observância de acórdão proferido em julgamento de incidente de resolução de demandas repetitivas ou de incidente de assunção de competência; Na primeira hipótese, a violação da competência do tribunal pode ocorrer de duas formas. Quando o tribunal exerce ato jurisdicional para além de sua competência, caracteriza-se ato comissivo, uma vez que não possui competência para realizar tal feito. Já na situação onde o órgão jurisdicional não pratica ato que está dentro de sua competência, não exerce atividade que lhe cabia fazer, o ato é omissivo. Outra situação em que cabe reclamação é para garantir a autoridade das decisões dos tribunais, hipótese já citada neste trabalho. Esta ocorre quando órgão inferior descumpre decisão de tribunal superior em processo subjetivo. Difere da execução uma vez que ao descumprir decisão judicial basta entrar com petição para que se cumpra a decisão, julgado. O inciso seguinte traz este instituto como garantia da decisão do tribunal superior, sendo do Supremo Tribunal Federal de observância obrigatória às autoridades administrativas e judiciárias, em controle concentrado. Dessa forma, o uso da reclamação é permitida quando algum órgão das autoridades citadas praticar ato em desacordo com a decisão em questão. Vale lembrar que a situação não se aplica ao Poder Legislativo ou ao próprio STF, pois estes não se vinculam às decisões emitidas, se fazendo necessária propositura de ação direta de inconstitucionalidade quando observado comando normativo igual a decisão considerada inconstitucional. Artigo n.103º - A, § 3º “Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso” Por último, cabe reclamação para garantir o cumprimento - observância do enunciado - de súmula vinculante, acórdão proferido em incidente de resolução de demanda repetitiva (IRDR) e de incidente de assunção de competência (IAC). 3. A impossibilidade de utilização da reclamação como sucedâneo recursal De acordo com a súmula 734 do STF, “não cabe reclamação quando já houver transitado em julgado o ato judicial que se alega tenha desrespeitado decisão do Supremo Tribunal Federal”, ou seja, mesmo que haja desrespeito de decisão de tribunal superior, só cabe reclamação sobre o vício antes de terminado o trânsito em julgado. Isso ocorre com o objetivo de evitar a substituição da ação rescisória por este instituto. Além disso, o artigo n.988º do CPC, prevê tal proibição em seu §5º: “É inadmissível a reclamação: I – proposta após o trânsito em julgado da decisão reclamada”. A jurisprudência do STF também segue nesse sentido, como no julgado a seguir1, onde o Ministro Celso de Mello deixa claro em seu voto o posicionamento do tribunal, “A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, embora reconhecendo cabível a reclamação contra decisões judiciais, têm ressaltado revelar-se necessário, para esse específico efeito, que o ato decisório impugnado ainda não haja transitado em julgado (...)”, complementando a seguir seu argumento com a súmula e artigo supracitados. RECLAMAÇÃO – ALEGADO DESRESPEITO À AUTORIDADE DE DECISÃO PROFERIDA, PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, EM SEDE DE FISCALIZAÇÃO ABSTRATA – ATO JUDICIAL, OBJETO DA RECLAMAÇÃO, JÁ TRANSITADO EM JULGADO – AJUIZAMENTO DA RECLAMAÇÃO EM MOMENTO POSTERIOR AO TRÂNSITO EM JULGADO DA DECISÃO EMANADA DO E. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL – INCIDÊNCIA, NA ESPÉCIE, DE OBSTÁCULO FUNDADO NA SÚMULA 734/STF E NO ART. 988, § 5º, INCISO I, DO CPC/15 – INADMISSIBILIDADE DA RECLAMAÇÃO COMO SUCEDÂNEO DA AÇÃO RESCISÓRIA, DE RECURSOS OU DE AÇÕES JUDICIAIS EM GERAL – EXTINÇÃO DO PROCESSO DE RECLAMAÇÃO – PRECEDENTES – RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. [Rcl 24.091 AgR, rel. min. Celso de Mello, 2ª T, j. 30-9-2016, DJE 229 de 20-10-2016.] 1 http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=11878973 http://www.stf.jus.br/portal/inteiroTeor/obterInteiroTeor.asp?idDocumento=11878973 http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=11878973
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