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Superexplotação do Aquífero Guarani em Ribeirão Preto

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Superexplotação e abatimento piezométrico do Sistema Aquífero Guarani em Ribeirão Preto - SP 
 
RESUMO 
A cidade de Ribeirão Preto-SP é abastecida exclusivamente com água subterrânea captada do Sistema Aquífero Guarani 
(SAG) e, desde a década de 1970, apresenta indicações de abatimento piezométrico, com impacto crescente no custo de produção 
da água. O artigo apresenta a análise e a interpretação dos dados piezométricos obtidos em poços de monitoramento, durante o 
período de 2014 a 2016. Os dados obtidos nesse período são comparados com registros históricos e indicam o avanço da área 
afetada pelo cone de abatimento piezométrico em decorrência do aumento do volume de água subterrânea explotado para 
abastecimento público, agravando o cenário local de superexplotação. Os resultados obtidos indicam a necessidade de dar 
continuidade ao controle e monitoramento do abatimento piezométrico e de adequar as medidas restritivas ao aproveitamento 
do SAG, vigentes na área, desde 2006, para efetivamente promover a redução progressiva do stress hídrico causado pela explotação 
concentrada na área urbana. 
 
Palavras chave: Sistema Aquífero Guarani, superexplotação de água subterrânea, abatimento piezométrico. 
2 
INTRODUÇÃO 1 
O SAG - Sistema Aquífero Guarani é um dos 2 
maiores mananciais de água subterrânea conhecidos, com 3 
abrangência regional estimada de 1,2 milhão de km², 4 
distribuídos entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. O 5 
SAG é utilizado pelos sistemas de abastecimento público de 6 
diversos municípios do Estado de São Paulo, entre os quais 7 
se destaca Ribeirão Preto, localizado na porção nordeste e 8 
distante cerca de 320 km da capital São Paulo, com população 9 
de mais de 660.000 habitantes. A explotação da água 10 
subterrânea é realizada por meio de 400 poços com produção 11 
total estimada de 140.000 m3/ano, dos quais 90% se destina 12 
ao sistema público municipal, operado pelo DAERP 13 
(Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto), que 14 
utiliza 25% do total de poços atualmente ativos. 15 
O Comitê da Bacia Hidrográfica (CBH-Pardo), 16 
tendo em consideração que diversos estudos, anteriores a 17 
2006, já indicavam a existência de superexplotação e 18 
abatimento piezométrico, instituiu normas priorizando o uso 19 
da água para abastecimento público e ações para regularização 20 
das outorgas de uso da água. 21 
Esse artigo apresenta a análise dos dados 22 
piezométricos obtidos em poços de monitoramento, no 23 
período de 2014 a 2016 (GEOWATER, 2017), compara-os 24 
com registros históricos e aponta a necessidade de adequação 25 
dos critérios de controle e monitoramento da explotação do 26 
SAG em Ribeirão Preto-SP. 27 
 28 
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 29 
A superexplotação da água subterrânea é aqui 30 
entendida como sendo decorrente do stress causado no 31 
aquífero pela concentração de poços de alta produção, que 32 
produz o abatimento piezométrico acentuado e progressivo, 33 
com consequência econômica, tal como definem Custodio 34 
(2000, 2002), Llamas et al (2000) e Margat et al (2006). 35 
A evolução do cone de rebaixamento piezométrico 36 
em Ribeirão Preto vêm sendo estudada desde a década de 80, 37 
sendo que os principais estudos foram realizados por: Sinelli 38 
(1984), Sturaro & Landim (1988), Montenegro et al (1988), 39 
FIPAI (1996), Monteiro (2003) e SMA/São Paulo & 40 
StMUGV/Baviera (2004), “Proteção Ambiental e 41 
Desenvolvimento Sustentável do Sistema Aquífero Guarani” 42 
(OEA/GEF) e “Desenvolvimento de Modelo Numérico 43 
para a Área do Projeto Piloto de Ribeirão Preto” 44 
(EESC/USP, Contrato FEHIDRO 047/2005). Os resultados 45 
desses estudos embasaram a delimitação da poligonal da Área 46 
de Restrição e Controle de uso de água subterrânea, criada em 47 
2006, pelo Comitê da Bacia Hidrográfica CBHPardo. 48 
Por meio do Contrato FEHIDRO 348/2010, que 49 
teve como tomador a Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola 50 
- FUNDAG (Contrato), foram realizados o monitoramento 51 
de qualidade da água e do nível piezométrico em poços do 52 
Sistema Aquífero Guarani, na área urbana, no período de 53 
2013 a 2016. O relatório final do projeto indicou a evolução 54 
e a expansão do cone de abatimento piezométrico, como 55 
consequência do cenário de supexplotação do SAG 56 
(GEOWATER, 2017). 57 
METODOLOGIA 58 
Os dados de nível piezométrico foram coletados, 59 
durante o período de 2014 a 2016, em poços desativados do 60 
SAG, anteriormente utilizados para abastecimento público, 61 
por meio registros contínuos gerados por instrumentos 62 
instalados em quatro poços e por meio de medições manuais 63 
periódicas realizadas em seis poços. Os valores de cota 64 
piezométrica foram determinados com base na altitude do 65 
terreno dos locais dos poços obtida pelo SIG Google Earth, 66 
com datum SIRGAS 2000. 67 
Adicionalmente, os dados piezométricos históricos 68 
disponíveis em bancos de dados do DAEE e CPRM e 69 
trabalhos técnico-científicos realizados anteriormente, foram 70 
compilados e compatibilizados para a base de dados 71 
georreferenciados. Algumas informações adicionais e 72 
esclarecimentos foram obtidos por meio de entrevistas com 73 
técnicos do DAEE e DAERP. O conjunto de dados 74 
disponibilizados e coletados foi objeto de digitação, 75 
verificação crítica, seleção, sistematização e análise para 76 
resolução de ocorrências de informações confusas, 77 
distorcidas e incompletas. 78 
A avaliação da evolução do abatimento 79 
piezométrico foi realizada com base nos dados piezométricos 80 
(recentes e antigos) analisados com auxílio de métodos 81 
geoestatísticos que possibilitaram a elaboração de gráficos e 82 
mapas. 83 
LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA 84 
ÁREA DE ESTUDO 85 
A área de estudo equivale a uma quadrícula de 20 x 86 
20 km, limitada pelas coordenadas UTM 7.665 e 7.645 km N; 87 
200 e 220 km O, que abrange a área urbana da cidade de 88 
Ribeirão Preto, representada na Figura 1, sobre o mapa 89 
geológico simplificado do município, baseado em Sinelli 90 
(1973). Em função do contexto geológico da região, são 91 
identificados os aquíferos descritos a seguir: 92 
Aquífero freático – representado por sedimentos 93 
cenozoicos, aluvio-coluvionares, com espessura máxima de 94 
poucas dezenas de metros, área de ocorrência e capacidade 95 
restritas. O contato inferior dos sedimentos com as rochas 96 
basálticas propicia a ocorrência de diversas nascentes. 97 
Aquífero Serra Geral – representado por rochas 98 
efusivas do tipo basaltos, em empilhamento de derrames, 99 
com tendência de aumento da espessura total de NE para SW, 100 
atingindo o máximol de 140 a 195 m, podendo apresentar 101 
eventuais camadas de arenito interderrame, similar ao da 102 
formação subjacente (Botucatu). O aquífero é 103 
eminentemente fissural, livre e semi-confinado, com forte 104 
anisotropia, decorrente da grande variação dos parâmetros 105 
hidráulicos da rocha basáltica. Esse aquífero tem sido bastante 106 
explorado na área, em geral de forma conjunta com o aquífero 107 
subjacente (Guarani), em poços parcialmente revestidos, de 108 
baixa produção, com grande vulnerabilidade às 109 
3 
contaminações bacteriológicas, causadas por fossas sépticas e 1 
vazamentos da rede coletora de esgotos. Diversos poços 2 
antigos do DAERP, atravessavam as rochas basálticas, 3 
atingiam o Aquífero Guarani e captavam os dois aquíferos 4 
simultaneamente. 5 
Sistema Aquífero Guarani (SAG) – aquífero 6 
constituído pelas formações Botucatu e Pirambóia. A 7 
Formação Botucatu é composta por arenitos finos a muito 8 
finos, muito bem selecionados, constituídos de grãos 9 
arredondados de quartzo fosco, com espessura bastante 10 
variável, em geral, entre 50 e 120 m. A Formação Pirambóia 11 
é composta por arenitos finos a grosseiros e até mesmo 12 
conglomeráticos, constituídos de grãos sub-arredondados, 13 
hialinos e esbranquiçados, com matriz argilosa, com espessura 14 
máxima conhecida superior a 250 m. A camada aquífera 15 
repousasobre a Formação Corumbataí, que apresenta 16 
comportamento regional de aquiclude. O SAG é recoberto, 17 
na maior parte da área estudada, pela Formação Serra Geral, 18 
ausente apenas em parte da porção leste e norte da área 19 
urbana, onde a camada aquífera fica exposta, em superfície. 20 
Na maior parte do município de Ribeirão Preto-SP, 21 
em área equivalente a 564 km2, o aquífero apresenta-se 22 
confinado no topo pelas rochas basálticas, com espessura 23 
total média de 220 m, condutividade hidráulica de 2,6 m/d, 24 
com tendência de aumento em direção a oeste e coeficiente 25 
de armazenamento de 1 x 10-4 (Cavicchia, 2007). Nas áreas de 26 
afloramento das formações Botucatu e Pirambóia, localizadas 27 
na porção leste, abrangendo 87 km2, o aquífero é livre, com 28 
espessura total média de 180 m. 29 
Os estudos realizados por (MASSOLI,2007) e 30 
(SILVA & al, 2008) buscaram compensar a precariedade dos 31 
registros geológicos de grande parte dos poços existentes, por 32 
meio de correlações dos perfis litológicos e geofísicos 33 
disponíveis e os resultados que obtiveram sugerem que não 34 
existe continuidade hidráulica lateral da camada aquífera entre 35 
as áreas confinada e livre, em decorrência de estruturas 36 
tectônica, variações de composição litológica e de espessura 37 
da camada aquífera. 38 
 39 
 40 
. 41 
 42 
Figura 1: Mapa geológico simplificado da região de Ribeirão Preto-SP (adaptado de Sinelli, 1973) 43 
4 
Zonas de restrição 1 
As zonas de restrição e controle vigentes desde 2 
2006, visam preservar a disponibilidade de água para 3 
abastecimento público, controlando a quantidade e a 4 
distância entre poços. A Zona 1 é a de maior restrição e 5 
equivale ao centro do cone de rebaixamento, com perímetro 6 
equivalente na época de sua criação à cota piezométrica de 7 
470 m. A Zona 2 é o restante da área de maior adensamento 8 
urbano; e a Zona 3 é a área de expansão urbana. As 9 
delimitações das zonas de restrição são apresentadas na 10 
Figura 2. Segundo os atuais critérios de restrição para a 11 
construção de poços, na Zona 1 são permitidas apenas 12 
substituições de poços do sistema de abastecimento 13 
público; na Zona 2, são permitidas substituições e novos 14 
poços para o sistema público de abastecimento de água; e 15 
na Zona 3 são permitidas substituições de poços do sistema 16 
público e novos poços, independente do uso.17 
 18 
Figura 2: Delimitação das Zonas de Restrição 19 
Poços de produção e de monitoramento 20 
piezométrico 21 
Os dados de poços foram compilados, corrigidos, 22 
complementados e plotados no Sistema Google Earth, 23 
utilizando o programa QGIS 2.14, para possibilitar a 24 
complementação e a uniformização dos dados de altitude 25 
do terreno. O banco de dados georreferenciado, com datum 26 
SIRGAS 2000, tem um total de 482 poços, classificados em: 27 
Poços em funcionamento (100 poços de produção 28 
utilizados para abastecimento público operados pelo 29 
DAERP e 274 de terceiros); e Poços desativados (108 30 
DAERP). 31 
Os poços operados atualmente pelo DAERP 32 
possuem profundidade entre 200 e 450 m, vazão de 33 
produção entre 50 e 250 m3/h e capacidade específica entre 34 
1 e 19 m3/h/m. A Figura 3 apresenta a localização dos 35 
poços do sistema público de abastecimento de água e dos 36 
poços desativados utilizados para monitoramento 37 
piezométrico, sendo que os poços: BR, 61 e 182 estão 38 
localizados em área de recarga (aquífero livre) e os demais 39 
(2, 2-BP, 93, 96, 112, 117 e 130) em área confinada. 40 
 41 
Limite da área estudada 
5 
 1 
Figura 3: Localização dos poços utilizados para abastecimento público e poços de monitoramento piezométrico 2 
Os períodos de aquisição de dados piezométricos 3 
nos poços instrumentados são apresentados na Tabela 1 e 4 
suas características são apresentadas na Tabela 2. O 5 
monitoramento piezométrico manual foi realizado 6 
quinzenalmente, durante o período de 31/07/2014 a 7 
15/12/2016 e as características dos poços monitorados são 8 
apresentadas na Tabela 3. 9 
 10 
6 
 1 
Tabela 1: Períodos de aquisição de dados nos poços de monitoramento piezométrico automático – Ribeirão Preto-SP 2 
Poço Data inicial Data final 
2 04/08/2015 31/12/2016 
61 17/08/2015 25/02/2016 
96 07/05/2015 31/12/2016 
117 24/05/2015 31/12/2016 
 3 
Tabela 2: Características dos poços de monitoramento piezométrico automático (datum SIRGAS 2000) – Ribeirão Preto-SP 4 
 5 
 6 
Tabela 3: Características dos poços de monitoramento piezométrico manual (datum SIRGAS 2000) – Ribeirão Preto-SP 7 
 8 
 9 
nº Daerp Folha Nº DAEE Nome
UTM-EW
(m)
UTM-NS
(m)
Altitude 
(m)
Profundidade 
(m)
Perfil Estratigráfico
(m)
2 HC - Horta 203.470 7.657.250 611 248,0
0,0 - 117,0: Fm. Serra Geral
117,0 - 248,0: Fm. Botucatu/Pirambóia
61 100 32 Vila Abranches 213.820 7.654.780 571 85,4 0,0 - 85,4: Fm. Botucatu
96 100 49 Olavo Bilac 209.227 7.655.157 535 270,0
0,0 - 150,0: Fm. Serra Geral
150,0 - 270,0: Fm. Botucatu/Pirambóia
117 100 65 Parque das Andorinhas 204.730 7.660.480 595 207,0
0,0 - 106,0: Fm. Serra Geral
106,0 - 207,0: Fm. Botucatu/Pirambóia
nº Daerp Folha Nº DAEE Nome
UTM-EW
(m)
UTM-NS
(m)
Altitude 
(m)
Profundidade 
(m)
Perfil Estratigráfico
(m)
2 BP 120 48 Bonfim Paulista 208.490 7.646.750 649 240,0
93 100 47 Soma 209.770 7.654.850 571 290,8
0,0 - 163,0: Fm. Serra Geral
163,0 - 290,8: Fm. Botucatu/Pirambóia
112 100 62 Copersucar 208.600 7.663.450 523 220,0
0,0 - 11,0: Fm. Serra Geral
11,0 - 220,0: Fm. Botucatu/Pirambóia
130 100 74 Delboux 206.800 7.653.900 532 183,0
0,0 - 58,0: Fm. Serra Geral
58,0 - 183,0: Fm. Botucatu/Pirambóia
182 Ribeirão Verde II 214.300 7.660.340 532 86,5
BR Petrobrás 215.640 7.662.270 529
Datum Sirgas 2000 
7 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 1 
Apesar da reconhecida importância do 2 
aproveitamento da água subterrânea na cidade de Ribeirão 3 
Preto, inúmeros estudos técnicos e pesquisas científicas 4 
realizados e das inúmeras evidências de superexplotação, 5 
conhecidas desde a década de 1970, ainda existe um sistema 6 
precário de monitoramento e de controle da explotação do 7 
Aquífero Guarani. Atualmente, existem diversas fontes de 8 
informação de dados construtivos e operacionais dos poços 9 
existentes, porém com dados incompletos e/ou pouco 10 
confiáveis. No presente estudo a compilação de dados de 11 
poços disponíveis nos bancos de dados oficiais ultrapassou a 12 
marca de 800 poços. No entanto, cerca de 50% desses 13 
registros se limitam a poucas informações além do número de 14 
identificação cadastral do poço e em diversos casos, não 15 
constam nem mesmo as coordenadas do local. Os dados de 16 
altitude do terreno não são precisos e os dados piezométricos 17 
são raros e estão dispersos, mas o controle dos volumes 18 
extraídos constitui indubitavelmente a maior deficiência dos 19 
bancos de dados. 20 
A Tabela 3 apresenta os dados de cota 21 
piezométrica do centro do cone de abatimento, estimada a 22 
partir de mapas potenciométricos, e as estimativas de vazão 23 
extraída, sendo que os dados relativos ao período de 1960 a 24 
2002 foram anteriormente compilados por GUIDO, 2004 25 
(apud Cavicchia, 2007). Os dados de cota piezométrica de 26 
2004 a 2015 foram estimados no presente estudo com base 27 
em informações fornecidas pelo DAERP. No conjunto, os 28 
dados disponíveis, cobrindo intervalo de 56 anos, indicam 29 
que nesse período o abatimento piezométrico, ultrapassa 100 30 
m, no centro do cone. 31 
Tabela 4: Dados piezométricos e vazão extraída do Aquífero 32 
Guarani – Ribeirão Preto-SP 33 
 34 
A Figura 5 apresenta a tendência de evolução 35 
exponencial da vazão extraída. 36 
 37 
Figura 5: Evolução da cota piezométrica e da vazão extraída 38 
O monitoramento piezométrico realizado no 39 
período de 2014 a 2016 abrangeu os 10 poços cujas 40 
características e localização são apresentadas nas Tabelas 2 e 41 
3, excluindo-se o poço 117, que sofreu depredação dos 42 
instrumentos. Os poços 61, 96 e 112 quehaviam sido 43 
selecionados para monitoramento piezométrico foram 44 
posteriormente descartados por razões operacionais. Os 45 
poços BR e 182 apresentaram, durante o período de 46 
monitoramento, variação cíclica da cota piezométrica, com 47 
amplitude de 1 a 2 m, que provavelmente é decorrência de 48 
eventos sazonais de recarga natural por infiltração de água 49 
pluvial (Figura 6) 50 
51 
52 
Figura 6: Evolução da cota piezométrica nos poços BR e 182 53 
Os demais poços (2-HC, 2-BP, 93 e 130) 54 
apresentaram, durante o período de monitoramento de 55 
aproximadamente 2 anos, rebaixamento contínuo do nível 56 
piezométrico, com uma taxa variando entre 0,7 e 1,0 m/ano, 57 
com oscilações centimétricas dentro do limite de precisão dos 58 
métodos de medição, conforme gráficos apresentados na 59 
Figura 7 e Figura 8. 60 
Os resultados do monitoramento piezométrico nos 61 
poços da área confinada evidenciam a continuidade da 62 
ano
cota do centro do cone 
de abatimento 
piezométrico (m)
vazão (m3/d)
1960 520 43.580 
1970 520 63.400 
1980 500 92.050 
1990 470 123.760 
2000 440 150.600 
2002 440 162.600 
2005 430 194.250 
2010 439 210.721 
2011 249.264 
2012 251.419 
2013 422 262.914 
2015 421 259.145 
2016 412 269.762 
Poço 182 
Poço BR 
8 
evolução do abatimento piezométrico, mesmo após a criação 1 
das zonas de restrição: 2 
 Zona 1: poços 96, 117 e 130; 3 
 Zona 2: poços 2-HC e 93; e 4 
 Zona 3: poço 2-BP. 5 
 6 
 7 
 8 
Figura 7: Evolução da cota piezométrica nos poços 2-HC e 9 
2-BP. 10 
11 
 12 
 13 
Figura 8: Evolução da cota piezométrica nos poços 93 e 130. 14 
O mapa piezométrico apresentado na Figura 9 foi 15 
elaborado com base nos dados de monitoramento 16 
piezométrico, complementados com dados mais recentes 17 
relativos a poços do Daerp, e mostra que o cone de 18 
abatimento piezométrico continua se expandindo, apesar de 19 
terem sido criadas as zonas de restrição, fato que é claramente 20 
evidenciado por meio da posição atual da cota piezométrica 21 
470 m, que, em 2006, equivalia ao limite da Zona 1. 22 
 23 
Figura 9: Mapa piezométrico 2016-2017 24 
Poço 2-HC 
Poço 130 
Poço 2-BP 
Poço 93 
9 
CONCLUSÕES 1 
Com base na sistematização, análise e interpretação 2 
dos dados de Monitoramento Piezométrico do SAG, no 3 
Município de Ribeirão Preto, conclui-se que: 4 
1. Apesar da superexplotação local já ter sido 5 
diagnosticada há mais 40 anos, os registros de dados 6 
de piezometria e de vazão captada ainda continuam 7 
precários e incompletos; 8 
2. Os dados de monitoramento, gerados no período 9 
de 2014 a 2016, demonstram que as ações de 10 
restrição e controle, vigentes desde 2006, não estão 11 
sendo suficientes para reverter e nem mesmo 12 
reduzir a taxa de avanço do cenário local de 13 
superexplotação, provavelmente devido ao 14 
aumento da vazão extraída nos poços de 15 
abastecimento público, em contraposição ao 16 
impedimento da construção de novos poços na 17 
Zona 1; 18 
3. O comportamento dispare entre os dados 19 
piezométricos obtidos em poços de monitoramento 20 
localizados na zona confinada, com rebaixamento 21 
contínuo e na zona livre, com oscilações ciclicas, 22 
sugerem a inexistência de continuidade hidráulica da 23 
camada aquífera, conforme indicaram os estudos 24 
geológicos anteriores; 25 
4. O monitoramento piezométrico deve ser 26 
continuado, ampliado e readequado, incluindo os 27 
volumes mensais de água extraída do aquífero; 28 
5. Os dados produzidos pelo sistema de 29 
monitoramento devem alimentar um banco de 30 
dados digital, com a geração de relatórios gerenciais 31 
mensais e anuais. 32 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 33 
CAVICCHIA, M. E. Desenvolvimento de Modelo 34 
Numérico para Gerenciamento de Recursos Hídricos 35 
Subterrâneos na Área Piloto de Ribeirão Preto. 2007. 36 
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(Hidráulica e Saneamento)) – Escola de Engenharia de 38 
São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos. 2007. 39 
CIIAGRO. Monitoramento hidrológico – Piezometria. 40 
Disponível em 41 
<http://www.ciiagro.org.br/piezometria>. Acesso em: 42 
16 out. 2017. 43 
CUSTODIO, E. 2000. The complex concept of 44 
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Subterráneas, Fundación Marcelino Botín. Uso Intensivo 46 
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CUSTODIO, E. 2002. Aquifer overexploitation: what does 49 
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32 
Groundwater depletion of the Guarani Aquifer in 33 
Ribeirão Preto – SP, Brazil. 34 
ABSTRACT 35 
The city of Ribeirão Preto-SP is supplied exclusively 36 
with groundwater abstracted from the Guarani Aquifer 37 
System (SAG) and, since the 1970s, has shown indications of 38 
a reduction in water pressure, with an increasing impact on 39 
water production costs. The article presents the analysis and 40 
interpretation of the piezometric data obtained in monitoring 41 
wells during the period from 2014 to 2016. The data obtained 42 
in this period are compared with historical records and 43 
indicate the advance of the area affected by the depletion cone 44 
due to the increase of the volume of groundwater exploited 45 
for public supply, aggravating the local super-exploitation 46 
scenario. The results indicate the need to continue the control 47 
and monitoring of the piezometric depletion and to adapt the 48 
restrictive measures to the use of the SAG, in force in the 49 
area, since 2006, in order to effectively promote the 50 
progressive reduction of water stress caused by concentrated 51 
exploitation in the urban area. 52 
Keywords: Guarani Aquifer, groundwater withdraw, 53 
piezometric monitoring. 54

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