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1 Superexplotação e abatimento piezométrico do Sistema Aquífero Guarani em Ribeirão Preto - SP RESUMO A cidade de Ribeirão Preto-SP é abastecida exclusivamente com água subterrânea captada do Sistema Aquífero Guarani (SAG) e, desde a década de 1970, apresenta indicações de abatimento piezométrico, com impacto crescente no custo de produção da água. O artigo apresenta a análise e a interpretação dos dados piezométricos obtidos em poços de monitoramento, durante o período de 2014 a 2016. Os dados obtidos nesse período são comparados com registros históricos e indicam o avanço da área afetada pelo cone de abatimento piezométrico em decorrência do aumento do volume de água subterrânea explotado para abastecimento público, agravando o cenário local de superexplotação. Os resultados obtidos indicam a necessidade de dar continuidade ao controle e monitoramento do abatimento piezométrico e de adequar as medidas restritivas ao aproveitamento do SAG, vigentes na área, desde 2006, para efetivamente promover a redução progressiva do stress hídrico causado pela explotação concentrada na área urbana. Palavras chave: Sistema Aquífero Guarani, superexplotação de água subterrânea, abatimento piezométrico. 2 INTRODUÇÃO 1 O SAG - Sistema Aquífero Guarani é um dos 2 maiores mananciais de água subterrânea conhecidos, com 3 abrangência regional estimada de 1,2 milhão de km², 4 distribuídos entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. O 5 SAG é utilizado pelos sistemas de abastecimento público de 6 diversos municípios do Estado de São Paulo, entre os quais 7 se destaca Ribeirão Preto, localizado na porção nordeste e 8 distante cerca de 320 km da capital São Paulo, com população 9 de mais de 660.000 habitantes. A explotação da água 10 subterrânea é realizada por meio de 400 poços com produção 11 total estimada de 140.000 m3/ano, dos quais 90% se destina 12 ao sistema público municipal, operado pelo DAERP 13 (Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto), que 14 utiliza 25% do total de poços atualmente ativos. 15 O Comitê da Bacia Hidrográfica (CBH-Pardo), 16 tendo em consideração que diversos estudos, anteriores a 17 2006, já indicavam a existência de superexplotação e 18 abatimento piezométrico, instituiu normas priorizando o uso 19 da água para abastecimento público e ações para regularização 20 das outorgas de uso da água. 21 Esse artigo apresenta a análise dos dados 22 piezométricos obtidos em poços de monitoramento, no 23 período de 2014 a 2016 (GEOWATER, 2017), compara-os 24 com registros históricos e aponta a necessidade de adequação 25 dos critérios de controle e monitoramento da explotação do 26 SAG em Ribeirão Preto-SP. 27 28 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 29 A superexplotação da água subterrânea é aqui 30 entendida como sendo decorrente do stress causado no 31 aquífero pela concentração de poços de alta produção, que 32 produz o abatimento piezométrico acentuado e progressivo, 33 com consequência econômica, tal como definem Custodio 34 (2000, 2002), Llamas et al (2000) e Margat et al (2006). 35 A evolução do cone de rebaixamento piezométrico 36 em Ribeirão Preto vêm sendo estudada desde a década de 80, 37 sendo que os principais estudos foram realizados por: Sinelli 38 (1984), Sturaro & Landim (1988), Montenegro et al (1988), 39 FIPAI (1996), Monteiro (2003) e SMA/São Paulo & 40 StMUGV/Baviera (2004), “Proteção Ambiental e 41 Desenvolvimento Sustentável do Sistema Aquífero Guarani” 42 (OEA/GEF) e “Desenvolvimento de Modelo Numérico 43 para a Área do Projeto Piloto de Ribeirão Preto” 44 (EESC/USP, Contrato FEHIDRO 047/2005). Os resultados 45 desses estudos embasaram a delimitação da poligonal da Área 46 de Restrição e Controle de uso de água subterrânea, criada em 47 2006, pelo Comitê da Bacia Hidrográfica CBHPardo. 48 Por meio do Contrato FEHIDRO 348/2010, que 49 teve como tomador a Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola 50 - FUNDAG (Contrato), foram realizados o monitoramento 51 de qualidade da água e do nível piezométrico em poços do 52 Sistema Aquífero Guarani, na área urbana, no período de 53 2013 a 2016. O relatório final do projeto indicou a evolução 54 e a expansão do cone de abatimento piezométrico, como 55 consequência do cenário de supexplotação do SAG 56 (GEOWATER, 2017). 57 METODOLOGIA 58 Os dados de nível piezométrico foram coletados, 59 durante o período de 2014 a 2016, em poços desativados do 60 SAG, anteriormente utilizados para abastecimento público, 61 por meio registros contínuos gerados por instrumentos 62 instalados em quatro poços e por meio de medições manuais 63 periódicas realizadas em seis poços. Os valores de cota 64 piezométrica foram determinados com base na altitude do 65 terreno dos locais dos poços obtida pelo SIG Google Earth, 66 com datum SIRGAS 2000. 67 Adicionalmente, os dados piezométricos históricos 68 disponíveis em bancos de dados do DAEE e CPRM e 69 trabalhos técnico-científicos realizados anteriormente, foram 70 compilados e compatibilizados para a base de dados 71 georreferenciados. Algumas informações adicionais e 72 esclarecimentos foram obtidos por meio de entrevistas com 73 técnicos do DAEE e DAERP. O conjunto de dados 74 disponibilizados e coletados foi objeto de digitação, 75 verificação crítica, seleção, sistematização e análise para 76 resolução de ocorrências de informações confusas, 77 distorcidas e incompletas. 78 A avaliação da evolução do abatimento 79 piezométrico foi realizada com base nos dados piezométricos 80 (recentes e antigos) analisados com auxílio de métodos 81 geoestatísticos que possibilitaram a elaboração de gráficos e 82 mapas. 83 LOCALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA 84 ÁREA DE ESTUDO 85 A área de estudo equivale a uma quadrícula de 20 x 86 20 km, limitada pelas coordenadas UTM 7.665 e 7.645 km N; 87 200 e 220 km O, que abrange a área urbana da cidade de 88 Ribeirão Preto, representada na Figura 1, sobre o mapa 89 geológico simplificado do município, baseado em Sinelli 90 (1973). Em função do contexto geológico da região, são 91 identificados os aquíferos descritos a seguir: 92 Aquífero freático – representado por sedimentos 93 cenozoicos, aluvio-coluvionares, com espessura máxima de 94 poucas dezenas de metros, área de ocorrência e capacidade 95 restritas. O contato inferior dos sedimentos com as rochas 96 basálticas propicia a ocorrência de diversas nascentes. 97 Aquífero Serra Geral – representado por rochas 98 efusivas do tipo basaltos, em empilhamento de derrames, 99 com tendência de aumento da espessura total de NE para SW, 100 atingindo o máximol de 140 a 195 m, podendo apresentar 101 eventuais camadas de arenito interderrame, similar ao da 102 formação subjacente (Botucatu). O aquífero é 103 eminentemente fissural, livre e semi-confinado, com forte 104 anisotropia, decorrente da grande variação dos parâmetros 105 hidráulicos da rocha basáltica. Esse aquífero tem sido bastante 106 explorado na área, em geral de forma conjunta com o aquífero 107 subjacente (Guarani), em poços parcialmente revestidos, de 108 baixa produção, com grande vulnerabilidade às 109 3 contaminações bacteriológicas, causadas por fossas sépticas e 1 vazamentos da rede coletora de esgotos. Diversos poços 2 antigos do DAERP, atravessavam as rochas basálticas, 3 atingiam o Aquífero Guarani e captavam os dois aquíferos 4 simultaneamente. 5 Sistema Aquífero Guarani (SAG) – aquífero 6 constituído pelas formações Botucatu e Pirambóia. A 7 Formação Botucatu é composta por arenitos finos a muito 8 finos, muito bem selecionados, constituídos de grãos 9 arredondados de quartzo fosco, com espessura bastante 10 variável, em geral, entre 50 e 120 m. A Formação Pirambóia 11 é composta por arenitos finos a grosseiros e até mesmo 12 conglomeráticos, constituídos de grãos sub-arredondados, 13 hialinos e esbranquiçados, com matriz argilosa, com espessura 14 máxima conhecida superior a 250 m. A camada aquífera 15 repousasobre a Formação Corumbataí, que apresenta 16 comportamento regional de aquiclude. O SAG é recoberto, 17 na maior parte da área estudada, pela Formação Serra Geral, 18 ausente apenas em parte da porção leste e norte da área 19 urbana, onde a camada aquífera fica exposta, em superfície. 20 Na maior parte do município de Ribeirão Preto-SP, 21 em área equivalente a 564 km2, o aquífero apresenta-se 22 confinado no topo pelas rochas basálticas, com espessura 23 total média de 220 m, condutividade hidráulica de 2,6 m/d, 24 com tendência de aumento em direção a oeste e coeficiente 25 de armazenamento de 1 x 10-4 (Cavicchia, 2007). Nas áreas de 26 afloramento das formações Botucatu e Pirambóia, localizadas 27 na porção leste, abrangendo 87 km2, o aquífero é livre, com 28 espessura total média de 180 m. 29 Os estudos realizados por (MASSOLI,2007) e 30 (SILVA & al, 2008) buscaram compensar a precariedade dos 31 registros geológicos de grande parte dos poços existentes, por 32 meio de correlações dos perfis litológicos e geofísicos 33 disponíveis e os resultados que obtiveram sugerem que não 34 existe continuidade hidráulica lateral da camada aquífera entre 35 as áreas confinada e livre, em decorrência de estruturas 36 tectônica, variações de composição litológica e de espessura 37 da camada aquífera. 38 39 40 . 41 42 Figura 1: Mapa geológico simplificado da região de Ribeirão Preto-SP (adaptado de Sinelli, 1973) 43 4 Zonas de restrição 1 As zonas de restrição e controle vigentes desde 2 2006, visam preservar a disponibilidade de água para 3 abastecimento público, controlando a quantidade e a 4 distância entre poços. A Zona 1 é a de maior restrição e 5 equivale ao centro do cone de rebaixamento, com perímetro 6 equivalente na época de sua criação à cota piezométrica de 7 470 m. A Zona 2 é o restante da área de maior adensamento 8 urbano; e a Zona 3 é a área de expansão urbana. As 9 delimitações das zonas de restrição são apresentadas na 10 Figura 2. Segundo os atuais critérios de restrição para a 11 construção de poços, na Zona 1 são permitidas apenas 12 substituições de poços do sistema de abastecimento 13 público; na Zona 2, são permitidas substituições e novos 14 poços para o sistema público de abastecimento de água; e 15 na Zona 3 são permitidas substituições de poços do sistema 16 público e novos poços, independente do uso.17 18 Figura 2: Delimitação das Zonas de Restrição 19 Poços de produção e de monitoramento 20 piezométrico 21 Os dados de poços foram compilados, corrigidos, 22 complementados e plotados no Sistema Google Earth, 23 utilizando o programa QGIS 2.14, para possibilitar a 24 complementação e a uniformização dos dados de altitude 25 do terreno. O banco de dados georreferenciado, com datum 26 SIRGAS 2000, tem um total de 482 poços, classificados em: 27 Poços em funcionamento (100 poços de produção 28 utilizados para abastecimento público operados pelo 29 DAERP e 274 de terceiros); e Poços desativados (108 30 DAERP). 31 Os poços operados atualmente pelo DAERP 32 possuem profundidade entre 200 e 450 m, vazão de 33 produção entre 50 e 250 m3/h e capacidade específica entre 34 1 e 19 m3/h/m. A Figura 3 apresenta a localização dos 35 poços do sistema público de abastecimento de água e dos 36 poços desativados utilizados para monitoramento 37 piezométrico, sendo que os poços: BR, 61 e 182 estão 38 localizados em área de recarga (aquífero livre) e os demais 39 (2, 2-BP, 93, 96, 112, 117 e 130) em área confinada. 40 41 Limite da área estudada 5 1 Figura 3: Localização dos poços utilizados para abastecimento público e poços de monitoramento piezométrico 2 Os períodos de aquisição de dados piezométricos 3 nos poços instrumentados são apresentados na Tabela 1 e 4 suas características são apresentadas na Tabela 2. O 5 monitoramento piezométrico manual foi realizado 6 quinzenalmente, durante o período de 31/07/2014 a 7 15/12/2016 e as características dos poços monitorados são 8 apresentadas na Tabela 3. 9 10 6 1 Tabela 1: Períodos de aquisição de dados nos poços de monitoramento piezométrico automático – Ribeirão Preto-SP 2 Poço Data inicial Data final 2 04/08/2015 31/12/2016 61 17/08/2015 25/02/2016 96 07/05/2015 31/12/2016 117 24/05/2015 31/12/2016 3 Tabela 2: Características dos poços de monitoramento piezométrico automático (datum SIRGAS 2000) – Ribeirão Preto-SP 4 5 6 Tabela 3: Características dos poços de monitoramento piezométrico manual (datum SIRGAS 2000) – Ribeirão Preto-SP 7 8 9 nº Daerp Folha Nº DAEE Nome UTM-EW (m) UTM-NS (m) Altitude (m) Profundidade (m) Perfil Estratigráfico (m) 2 HC - Horta 203.470 7.657.250 611 248,0 0,0 - 117,0: Fm. Serra Geral 117,0 - 248,0: Fm. Botucatu/Pirambóia 61 100 32 Vila Abranches 213.820 7.654.780 571 85,4 0,0 - 85,4: Fm. Botucatu 96 100 49 Olavo Bilac 209.227 7.655.157 535 270,0 0,0 - 150,0: Fm. Serra Geral 150,0 - 270,0: Fm. Botucatu/Pirambóia 117 100 65 Parque das Andorinhas 204.730 7.660.480 595 207,0 0,0 - 106,0: Fm. Serra Geral 106,0 - 207,0: Fm. Botucatu/Pirambóia nº Daerp Folha Nº DAEE Nome UTM-EW (m) UTM-NS (m) Altitude (m) Profundidade (m) Perfil Estratigráfico (m) 2 BP 120 48 Bonfim Paulista 208.490 7.646.750 649 240,0 93 100 47 Soma 209.770 7.654.850 571 290,8 0,0 - 163,0: Fm. Serra Geral 163,0 - 290,8: Fm. Botucatu/Pirambóia 112 100 62 Copersucar 208.600 7.663.450 523 220,0 0,0 - 11,0: Fm. Serra Geral 11,0 - 220,0: Fm. Botucatu/Pirambóia 130 100 74 Delboux 206.800 7.653.900 532 183,0 0,0 - 58,0: Fm. Serra Geral 58,0 - 183,0: Fm. Botucatu/Pirambóia 182 Ribeirão Verde II 214.300 7.660.340 532 86,5 BR Petrobrás 215.640 7.662.270 529 Datum Sirgas 2000 7 RESULTADOS E DISCUSSÃO 1 Apesar da reconhecida importância do 2 aproveitamento da água subterrânea na cidade de Ribeirão 3 Preto, inúmeros estudos técnicos e pesquisas científicas 4 realizados e das inúmeras evidências de superexplotação, 5 conhecidas desde a década de 1970, ainda existe um sistema 6 precário de monitoramento e de controle da explotação do 7 Aquífero Guarani. Atualmente, existem diversas fontes de 8 informação de dados construtivos e operacionais dos poços 9 existentes, porém com dados incompletos e/ou pouco 10 confiáveis. No presente estudo a compilação de dados de 11 poços disponíveis nos bancos de dados oficiais ultrapassou a 12 marca de 800 poços. No entanto, cerca de 50% desses 13 registros se limitam a poucas informações além do número de 14 identificação cadastral do poço e em diversos casos, não 15 constam nem mesmo as coordenadas do local. Os dados de 16 altitude do terreno não são precisos e os dados piezométricos 17 são raros e estão dispersos, mas o controle dos volumes 18 extraídos constitui indubitavelmente a maior deficiência dos 19 bancos de dados. 20 A Tabela 3 apresenta os dados de cota 21 piezométrica do centro do cone de abatimento, estimada a 22 partir de mapas potenciométricos, e as estimativas de vazão 23 extraída, sendo que os dados relativos ao período de 1960 a 24 2002 foram anteriormente compilados por GUIDO, 2004 25 (apud Cavicchia, 2007). Os dados de cota piezométrica de 26 2004 a 2015 foram estimados no presente estudo com base 27 em informações fornecidas pelo DAERP. No conjunto, os 28 dados disponíveis, cobrindo intervalo de 56 anos, indicam 29 que nesse período o abatimento piezométrico, ultrapassa 100 30 m, no centro do cone. 31 Tabela 4: Dados piezométricos e vazão extraída do Aquífero 32 Guarani – Ribeirão Preto-SP 33 34 A Figura 5 apresenta a tendência de evolução 35 exponencial da vazão extraída. 36 37 Figura 5: Evolução da cota piezométrica e da vazão extraída 38 O monitoramento piezométrico realizado no 39 período de 2014 a 2016 abrangeu os 10 poços cujas 40 características e localização são apresentadas nas Tabelas 2 e 41 3, excluindo-se o poço 117, que sofreu depredação dos 42 instrumentos. Os poços 61, 96 e 112 quehaviam sido 43 selecionados para monitoramento piezométrico foram 44 posteriormente descartados por razões operacionais. Os 45 poços BR e 182 apresentaram, durante o período de 46 monitoramento, variação cíclica da cota piezométrica, com 47 amplitude de 1 a 2 m, que provavelmente é decorrência de 48 eventos sazonais de recarga natural por infiltração de água 49 pluvial (Figura 6) 50 51 52 Figura 6: Evolução da cota piezométrica nos poços BR e 182 53 Os demais poços (2-HC, 2-BP, 93 e 130) 54 apresentaram, durante o período de monitoramento de 55 aproximadamente 2 anos, rebaixamento contínuo do nível 56 piezométrico, com uma taxa variando entre 0,7 e 1,0 m/ano, 57 com oscilações centimétricas dentro do limite de precisão dos 58 métodos de medição, conforme gráficos apresentados na 59 Figura 7 e Figura 8. 60 Os resultados do monitoramento piezométrico nos 61 poços da área confinada evidenciam a continuidade da 62 ano cota do centro do cone de abatimento piezométrico (m) vazão (m3/d) 1960 520 43.580 1970 520 63.400 1980 500 92.050 1990 470 123.760 2000 440 150.600 2002 440 162.600 2005 430 194.250 2010 439 210.721 2011 249.264 2012 251.419 2013 422 262.914 2015 421 259.145 2016 412 269.762 Poço 182 Poço BR 8 evolução do abatimento piezométrico, mesmo após a criação 1 das zonas de restrição: 2 Zona 1: poços 96, 117 e 130; 3 Zona 2: poços 2-HC e 93; e 4 Zona 3: poço 2-BP. 5 6 7 8 Figura 7: Evolução da cota piezométrica nos poços 2-HC e 9 2-BP. 10 11 12 13 Figura 8: Evolução da cota piezométrica nos poços 93 e 130. 14 O mapa piezométrico apresentado na Figura 9 foi 15 elaborado com base nos dados de monitoramento 16 piezométrico, complementados com dados mais recentes 17 relativos a poços do Daerp, e mostra que o cone de 18 abatimento piezométrico continua se expandindo, apesar de 19 terem sido criadas as zonas de restrição, fato que é claramente 20 evidenciado por meio da posição atual da cota piezométrica 21 470 m, que, em 2006, equivalia ao limite da Zona 1. 22 23 Figura 9: Mapa piezométrico 2016-2017 24 Poço 2-HC Poço 130 Poço 2-BP Poço 93 9 CONCLUSÕES 1 Com base na sistematização, análise e interpretação 2 dos dados de Monitoramento Piezométrico do SAG, no 3 Município de Ribeirão Preto, conclui-se que: 4 1. Apesar da superexplotação local já ter sido 5 diagnosticada há mais 40 anos, os registros de dados 6 de piezometria e de vazão captada ainda continuam 7 precários e incompletos; 8 2. Os dados de monitoramento, gerados no período 9 de 2014 a 2016, demonstram que as ações de 10 restrição e controle, vigentes desde 2006, não estão 11 sendo suficientes para reverter e nem mesmo 12 reduzir a taxa de avanço do cenário local de 13 superexplotação, provavelmente devido ao 14 aumento da vazão extraída nos poços de 15 abastecimento público, em contraposição ao 16 impedimento da construção de novos poços na 17 Zona 1; 18 3. O comportamento dispare entre os dados 19 piezométricos obtidos em poços de monitoramento 20 localizados na zona confinada, com rebaixamento 21 contínuo e na zona livre, com oscilações ciclicas, 22 sugerem a inexistência de continuidade hidráulica da 23 camada aquífera, conforme indicaram os estudos 24 geológicos anteriores; 25 4. O monitoramento piezométrico deve ser 26 continuado, ampliado e readequado, incluindo os 27 volumes mensais de água extraída do aquífero; 28 5. Os dados produzidos pelo sistema de 29 monitoramento devem alimentar um banco de 30 dados digital, com a geração de relatórios gerenciais 31 mensais e anuais. 32 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 33 CAVICCHIA, M. E. Desenvolvimento de Modelo 34 Numérico para Gerenciamento de Recursos Hídricos 35 Subterrâneos na Área Piloto de Ribeirão Preto. 2007. 36 170f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil 37 (Hidráulica e Saneamento)) – Escola de Engenharia de 38 São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos. 2007. 39 CIIAGRO. Monitoramento hidrológico – Piezometria. 40 Disponível em 41 <http://www.ciiagro.org.br/piezometria>. Acesso em: 42 16 out. 2017. 43 CUSTODIO, E. 2000. The complex concept of 44 overexploited aquifer. Papeles del Proyecto Aguas 45 Subterráneas, Fundación Marcelino Botín. Uso Intensivo 46 de las Aguas Subterráneas. Aspectos éticos, tecnológicos 47 y económicos. Serie A, nº 2. 48 CUSTODIO, E. 2002. Aquifer overexploitation: what does 49 it mean? Hydrogeology Journal, 10:254-277. 50 DAEE – Departamento de Águas e Energia Elétrica, 1974. 51 Estudo de Águas Subterrâneas: Região Administrativa nº 52 6, Ribeirão Preto. São Paulo: v. 4. 53 DAEE e IG (Departamento de Água e Energia Elétrica e 54 Instituto Geológico). Projeto de Proteção e 55 Desenvolvimento Sustentável do Sistema Aquífero 56 Guarani: Memória Seminário Aquífero 17 a 19 de 57 setembro de 2003. Ribeirão Preto, SP. p. 232. 58 FIPAI, 1996. Relatório técnico do Projeto de Gestão da 59 Quantidade de Águas Subterrâneas. Ribeirão Preto, SP, 60 43 p. 61 FIPAI (Fundação para o Incremento da Pesquisa e 62 Aperfeiçoamento Industrial). Desenvolvimento de 63 Modelo Numérico para Gerenciamento de Recursos 64 Hídricos Subterrâneos na Área do Projeto Piloto de 65 Ribeirão Preto, 2010. 66 GEOWATER – Assessoria, Projetos e Comércio Ltda. – 67 EPP. Relatório Final sobre Piezometria e Qualidade da 68 Água. Projeto Pardo 175 "Desenvolvimento Sustentável 69 do Aquífero Guarani Área Piloto de Ribeirão Preto". 70 Contrato Secofehidro 348/2010, Fundação de Apoio à 71 Pesquisa Agrícola – FUNDAG - 819, Carta Contrato nº 72 37. 131 p e 1 anexo, Araraquara. 2017. 73 LLAMAS, M. R.; HERNÁNDEZ-MORA, N.; CORTINA, 74 L. M. 2000. El uso sostenible de las aguas subterrâneas. 75 Papeles del Proyecto Aguas Subterráneas, Fundación 76 Marcelino Botín. Uso Intensivo de las Aguas 77 Subterráneas. Aspectos éticos, tecnológicos y 78 económicos. Serie A, nº 1. 79 MASSOLI, M. Caracterização Litofaciológica das 80 Formações Pirambóia e Botucatu, em Subsuperfície, no 81 Município de Ribeirão Preto (SP) e sua Aplicação na 82 Prospecção de Águas Subterrâneas. Tese de Doutorado 83 (Curso de Pós-Graduação em Geociências e Meio 84 Ambiente) – UNESP – Rio Claro, SP, 2007. 85 MONTEIRO, R. C. Estimativa Espaço-Temporal da 86 Superfície Potenciométrica do Sistema Aquífero Guarani 87 na Cidade de Ribeirão Preto (SP), Brasil. 2003. 212 f. 88 Tese (Doutorado em Geociências) – Instituto de 89 Geociências e Ciências Exatas, Universidade Estadual 90 Paulista, Rio Claro. 2003. 91 MONTENEGRO, A. A. A.; RIGHETTO, A. M.; 92 SINELLI, O. Modelação do Manancial Subterrâneo de 93 Ribeirão Preto. 1. Descrição do Domínio. In: 94 CONGRESSO BRASILEIRO DE ÁGUAS 95 SUBTERRÂNEAS, V., 1988, São Paulo. Anais...São 96 Paulo: ABAS, 1988. p. 32-41. 97 OEA (Organização dos Estados Americanos). Aquífero 98 Guarani: Programa Estratégico de Ação = Acuífero 99 Guaraní: Programa Estratégico de Acción. Edição 100 bilíngue. Brasil; Argentina; Paraguai; Uruguai. OEA, 101 2009. p. 424. 102 SÃO PAULO (Estado). CRH. Deliberação 65 de 04 de 103 setembro de 2006. Homologa a Deliberação n.° 004/06 104 do CBH-Pardo, que estabelece áreas de restrição e 105 controle temporários para a captação e uso das águas 106 subterrâneas no município de Ribeirão Preto. Diário 107 Oficial [do] Estado de São Paulo, Poder Executivo, São 108 Paulo, SP, 6 set. 2006. Seção I, p. 29. 109 10 SÃO PAULO (Estado). CBH-PARDO. Deliberação 229 de 1 02 de dezembro de 2016. Retifica e Ratifica a Deliberação 2 201, de 01 de agosto de 2014, que Retiratifica Critérios 3 Técnicos para a Autorização de Perfuração de Poços 4 Tubulares Profundos no Município de Ribeirão Preto. 5 Diário Oficial [do] Estado de São Paulo, Poder 6 Executivo, São Paulo, SP, 17 dez. 2016. Seção I, p. 68. 7 SILVA, F. d., & al, e. (2008). Arcabouço geológico e 8 hidrofáciesdo Sistema Aquífero Guarani, no município 9 de Ribeirão Preto (SP). Revista Brasileira de Geociências, 10 volume 38 (1), pg. 56-67. 11 SINELLI, O. (coord.) 1973. Mapa geológico do nordeste do 12 Estado de São Paulo. 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Revista 30 Geociências, São Paulo, n. 7, p. 201-210, 1988. 31 32 Groundwater depletion of the Guarani Aquifer in 33 Ribeirão Preto – SP, Brazil. 34 ABSTRACT 35 The city of Ribeirão Preto-SP is supplied exclusively 36 with groundwater abstracted from the Guarani Aquifer 37 System (SAG) and, since the 1970s, has shown indications of 38 a reduction in water pressure, with an increasing impact on 39 water production costs. The article presents the analysis and 40 interpretation of the piezometric data obtained in monitoring 41 wells during the period from 2014 to 2016. The data obtained 42 in this period are compared with historical records and 43 indicate the advance of the area affected by the depletion cone 44 due to the increase of the volume of groundwater exploited 45 for public supply, aggravating the local super-exploitation 46 scenario. The results indicate the need to continue the control 47 and monitoring of the piezometric depletion and to adapt the 48 restrictive measures to the use of the SAG, in force in the 49 area, since 2006, in order to effectively promote the 50 progressive reduction of water stress caused by concentrated 51 exploitation in the urban area. 52 Keywords: Guarani Aquifer, groundwater withdraw, 53 piezometric monitoring. 54
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