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TEMA: CARTILHA ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE III - PSICOLOGIA HOSPITALAR CUIDANDO DE QUEM CUIDA! Psicologia -10º período Centro Universitário de Patos de Minas - UNIPAM Este material é destinado para os profissionais da área da saúde, atuantes dentro do contexto hospitalar. Tal iniciativa se faz extremamente importante diante do contexto de grande estresse emocional vivenciado por tais profissionais em sua prática, em decorrência da pandemia da COVID-19. Tem como principal objetivo, realizar uma psicoeducação sobre temas como: ansiedade, depressão, sobrecarga no trabalho, saúde mental, valorização profissional e autocuidado. Por fim, é o trabalho conjunto de estagiários atuantes na área da psicologia hospitalar, sobre a supervisão e orientação da Professora Me. Joana Darc dos Santos. Introdução O que é saúde mental? Segundo OMS (Organização Mundial de Saúde) saúde mental pode ser definida como "um estado de bem-estar no qual um indivíduo percebe suas próprias habilidades, pode lidar com os estresses cotidianos, pode trabalhar produtivamente e é capaz de contribuir para sua comunidade” De acordo com Gaiano et al. (2018) existem dois paradigmas para discussão da saúde mental: Paradigma biomédico Produção social de saúde Foco na doença; Nas manifestações da loucura como objeto principal de estudo da psiquiatria. saúde mais complexa que as manifestações da doença; inclui aspectos sociais, econômicos, culturais e ambientais loucura é muito mais que um diagnóstico psiquiátrico, pois, os pacientes podem ter qualidade de vida, participar da comunidade, trabalhar e desenvolver seus potenciais. É compreendida como um sentimento comum a qualquer ser humano, porém, conforme, a intensidade dos sintomas e prejuízos causados na vida do indivíduo, ela poderá ser considerada patológica, podendo manifestar preocupação excessiva com eventos cotidianos de vida, tais como: trabalho, saúde, finanças, ou questões menores (APA, 2014) O que é ansiedade? Além disso, na ansiedade podem haver sintomas como, tremores, contrações, abalos e dores musculares e irritabilidade excessiva associada a tenção muscular. Muitos indivíduos com transtorno de ansiedade generalizada também experimentam sintomas somáticos como, sudorese, náusea, diarreia, além de resposta de sobressalto exagerado, batimentos cardíacos acelerados, falta de ar, tonturas, bem como cefaleia (APA, 2014). Vulne rabili dades ao tra nstorn o de a nsieda de em pr ofissio nais d e saúd e. Eventos estressores; Sofrimento contínuo; Medo; Conflito; Tensões; Estresse; Disputas de poder; Convivência com a morte; Longas jornadas de trabalho; PROFISSIONAIS DE SAÚ DE E COVID 19 Pensando no contexto da pandemia é fundamental prestar uma atenção diferenciada ao trabalhador de saúde em relação a aspectos da saúde mental. Tem sido recorrente relatos de aumento de sintomas de ansiedade, depressão, perda da qualidade do sono, aumento do consumo de drogas, sintomas psicossomáticos e medo de se infectarem ou transmitirem a doença para algum membro da família (BRASIL, 2020). Fatores que contribuem para o sofrimento psicológico de enfermeiros, médicos, terapeutas respiratórios, auxiliares e outros profissionais de saúde que prestam atendimento direto à pacientes com COVID-19 são em síntese: Esforço emocional e exaustão física ao cuidar de um número crescente de pacientes com doenças agudas de todas as idades que têm o potencial de se deteriorar rapidamente; Cuidar de colegas de trabalho que podem ficar gravemente doentes e, às vezes, morrer de COVID-19; Escassez de equipamentos de proteção individual que intensificam o medo de exposição ao coronavírus no trabalho, causando doenças graves; Preocupações em infectar membros da família, especialmente os mais velhos, os imunocomprometidos ou com doenças crônicas; Escassez de ventiladores e outros equipamentos médicos cruciais para o atendimento dos pacientes graves; Ansiedade em assumir papéis clínicos novos ou desconhecidos e cargas de trabalho expandidas no atendimento a pacientes com COVID-19; Acesso limitado a serviços de saúde mental para gerenciar depressão, ansiedade e sofrimento psicológico. Depressão Dentre as características mais comuns presentes no transtorno depressivo encontra-se a presença de humor triste, vazio ou irritável, acompanhado de alterações somáticas e cognitivas que afetam significativamente a capacidade de funcionamento do indivíduo. O que difere entre eles são aspectos relacionados a duração, momento ou etiologia presumida (APA, 2014). O que é a depressão? Desequilíbrios químicos cerebrais, características de personalidade, vulnerabilidade genética e eventos situacionais. Entre trabalhadores da enfermagem, os fatores desencadeantes são: os setores de atuação profissional, o turno, o relacionamento interpessoal, a sobrecarga de serviço, os problemas na escala, a autonomia na execução de tarefas, a assistência a clientes, o desgaste, o suporte social, a insegurança, o conflito de interesses, e as estratégias de enfrentamento desenvolvidas; e a fatores externos ao trabalho, como: sexo, idade, carga de trabalho doméstico, suporte e renda familiar, estado de saúde geral do trabalhador, e as características individuais (SCHIMIDT; DANTAS e MARZIALE, 2011) Fatores desencadeantes: Dentre as possíveis intervenções podem ser destacadas em muitos casos, oferecer melhores condições de trabalho (condições salubres), valorização das relações interpessoais, subsídios durante a fase do academicismo de elementos que forme um profissional mais capacitado para agir nas adversidades e não apenas acumular conhecimentos técnicos (GOMES et al., 2015). Possíveis intervenções sobrecarga no trabalho De acordo com Grazziano (2008, p.18), “As exigências da vida moderna e do mercado de trabalho nas últimas décadas vem consumindo a energia física e mental dos trabalhadores, minando seu compromisso, sua dedicação e tornando-os descrentes quanto às suas conquistas e ao sucesso no trabalho”. Existe um número expressivo de doenças relacionadas a sobrecarga de trabalho, umas das mais conhecidas pela sociedade são: LER/DORT, lesão por esforço repetitivo e distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho, como também outros sinais de sintomas de estresse, depressão, ansiedade e doenças do trato intestinal. Visando um atendimento de qualidade aos pacientes e a melhora da qualidade de vida dos trabalhadores da saúde, observa-se que tais funcionários que atuam na área hospitalar, necessitam buscar uma assistência de acordo com suas necessidades e dificuldades. Por outro lado, fortalecer os vínculos entre estes funcionários, organizar reuniões com seus supervisores, na tentativa de encontrar uma forma de trabalho que os deixem menos sobrecarregados, só assim poderá exercer um serviço de qualidade, e ao final do expediente sentir que o foi prazeroso o trabalho realizado naquele dia. Possíveis intervenções SINDROME DE BURNOUT A Síndrome de Burnout é um processo iniciado com excessivos e prolongados níveis de estresse (tensão) no trabalho. Composta por exaustão, desilusão e isolamento, afetando a saúde física, psicológica e emocional em trabalhadores Principais causas da Síndrome de Burnout: envolvem a relação do trabalho com o estresse, ansiedade e nervosismo intenso, no qual chegam ao esgotamento emocional, mental e físico. Além de problemas com o chefe, com familiares, no relacionamento, etc Distúrbios do sono; Dores musculares e de cabeça; Irritabilidade; Alterações de humor; Falhas de memória; Dificuldade de concentração; Falta de apetite; Agressividade; Isolamento; Pessimismo e baixa autoestima; Sentimento de apatia e desesperança. Além disso, outras associações envolvem suicídio; Abuso/Dependência ao álcool e outras substâncias ilícitas; Depressão. Principais sintomas O que é? Principais causas Medidas preventivas Prática de exercícios físicos; Alimentaçãoadequada; Momentos de lazer; Reorganização; Cultivação de relacionamentos saudáveis; Psicoterapia; Meditação, dentre outros benéficos a saúde mental, física e emocional. Valorização no trabalho Os profissionais de saúde lidam diariamente com as fragilidades e dificuldades de outras pessoas expostas as expectativas de vida, saúde, doença e a morte. Em consequência disso acontece uma organização e desorganização mental, física e afetiva para enfrentar essas situações. “(...) a valor ização profi ssional enco ntra-se fortemente a trelada à mo tivação, send o decisiva n a dinâmica da mobilização subjetiva da inteligência e da personali dade no trab alho, o que t ambém é encontrado e m investigaç ões que esta belecem ess a correlação.” (SPRANDE L; VANGH ETTI, 2012, p. 795) Quais estratégias auxiliam na motivação e valorização dos profissionais da área de saúde? Quando há sofrimento e este pode ser modificado através da criatividade, acontece uma mudança benéfica a identidade do trabalhador, e ainda aumenta a resistência ao risco de desestabilização psíquica e somática. A partir disso o trabalho passa a ser um mediador para a saúde. “No entanto, estudos apontam que a valorização e o reconhecimento obtidos através de ações realizadas junto à comunidade e ao paciente, a fim de melhorar as condições de saúde, surgem como fontes de prazer e de satisfação pessoal na profissão. Autocuidado Os profissionais de saúde lidam diariamente com as fragilidades e dificuldades de outras pessoas expostas as expectativas de vida, saúde, doença e a morte. Em consequência disso acontece uma organização e desorganização mental, física e afetiva para enfrentar essas situações. Para Silva et al. (2009) o autocuidado é uma atividade aprendida do próprio indivíduo e tem como objetivo uma ação que o indivíduo dirige para si mesmo ou para regular questões do seu próprio desenvolvimento, atividades em benefício da vida, saúde e bem estar. Ou seja, o autocuidado nada mais é que cuidar de si mesmo, voltar o olhar para si mesmo. De acordo com Neves (1987) essas atividades aprendidas têm relação com crenças, hábitos e práticas que caracterizam a maneira cultural de vida do grupo ao qual o indivíduo pertence. O desempenho de tais atividades envolve uma decisão, uma escolha. Segundo Monteiro (2018) “o conceito é amplo e envolve questões fundamentais como higiene, nutrição, estilo de vida, fatores ambientais e socioeconômicos”. As práticas podem ser as mais diversas, variando de uma pessoa para outra. Pode ser fazer um exercício físico; reservar alguns minutos para escutar seu corpo, tentar se ouvir e entender o que você precisa; fazer uma meditação; ficar na sua própria companhia; tomar um banho demorado; colocar atenção no momento presente. Dentre várias outras atividades, por isso, é importante identificar atitudes que façam sentido para você. Como praticar? Estudos mostram que 80% das doenças do coração, acidente vascular cerebral e diabetes, além de um terço dos cânceres poderiam ser evitados se o autocuidado fosse uma prática adotada pelos países como parte de uma política pública de saúde (MONTEIRO, 2018). Além disso, o autocuidado estimula o desenvolvimento da autoestima, aumenta a autoconfiança, diminui custos com a saúde e melhora a qualidade de vida. Benefícios Acesse essa prática meditativa e experimente! rede de apoio Endereço: R. Olímpio Pereira de Melo, 388-458 - Caiçaras, Patos de Minas - MG, 38702-164 Telefone: (34) 3823 - 0199 Site: https://www.rededeapoiopsicologico.org.br/ REFERÊNCIAS AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM V: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. BRASIL. Ministério da Saúde (MS). Saúde mental e atenção psicossocial na pandemia Covid. Recomendações para gestores 2020. Rio de Câmara dos Deputados. Projeto de Lei n° 9.714/2018. Cria o Dia Nacional do Autocuidado e dá outras providências. Disponível em < https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=DE23A9CC9E24868C0C7984EF920158E7.proposicoesWebExterno1?codteor=1645056&filename=Avulso+- PL+9714/2018>. BRASIL. Ministério da Saúde (MS). Saúde mental e atenção psicossocial na pandemia Covid. Recomendações para gestores 2020. Rio de Janeiro, Brasília: Fiocruz, MS; 2020. [acessado 07 maio 2020]. Disponível em: http://www.fiocruzbrasilia.fiocruz.br/wp-content/uploads/2020/04/Sa%C3%BAde-Mental FREUD, Sigmund. Luto e Melancolia (1917 [1915]). In:______. A história do Movimento Psicanalítico, Artigos sobre a Metapsicologia e outros trabalhos (1914- 1916). Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Vol. XIV, Rio de Janeiro: Imago, 1996. p. 245-263. GRAZZIANO, Eliane da silva. Estratégia para redução do stress e Bounout entre enfermeiros hospitalares. 2008. 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