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Aula 6 - FUNDAMENTOS DA AUDITORIA

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AULA 6 
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA
Profª Lorena Lucena Furtado 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
Para esta aula, será colocado um tema importante para a gestão financeira 
das empresas: Auditoria contábil. Este item tem a sua relevância, uma vez que 
vem a ser uma atividade voltada para a acreditação das informações elaboradas 
para fins de análise dos usuários e sua consequente tomada de decisão. 
Primeiro, será abordada qual filosofia está por trás da atividade realizada 
pelo auditor. Existem tipos de auditoria específicos, sendo que o foco desta aula 
se concentra na auditoria das demonstrações contábeis. Porém, existem alguns 
padrões comuns a todos os tipos de auditoria. 
Posteriormente, serão abordadas as questões relativas à ética profissional 
e os principais emissores de normas para a concretização do trabalho do 
profissional de auditoria. Para entender como é a organização do trabalho de 
auditoria, faz-se necessário que primeiro seja elaborado um planejamento 
detalhado a fim de que a empresa, também, reconheça como serão realizados os 
exames para o julgamento do auditor e seu posterior parecer. 
Com o planejamento realizado, o profissional e a gestão tem em mãos os 
procedimentos a serem executados a fim de que, também, a entidade entenda 
para que serve cada processo e como estes serão documentados. 
CONTEXTUALIZANDO 
A gestão financeira tem como objetivo realizar atividades relacionadas às 
atividades de investimento, a fim de que estes gerem valor para a entidade. Em 
cada empresa, é necessário haver controles permanentes para seus processos, 
e naquelas de capital aberto, principalmente, há uma necessidade de que os seus 
relatórios financeiros sejam auditados a fim de dar confiabilidade ao usuário da 
informação. 
Ou seja, o problema central das entidades está em garantir a informação, 
os seus processos, a sua forma de gestão, a sua tomada de decisão, e assim por 
diante para com os investidores e demais interessados. Nesta ótica é que entra o 
trabalho da auditoria. Porém, existem características que devem ser observadas 
a fim de garantir a atuação de tal profissional nas entidades. 
Nesse contexto, perguntas chaves serão colocadas a fim de entender a 
auditoria das demonstrações contábeis. Logo, para esta aula serão colocadas as 
seguintes perguntas: para que serve a auditoria das demonstrações financeiras? 
 
 
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Qual o papel da auditoria na gestão da entidade? Como são realizados os 
procedimentos de auditoria? Como deve ser a conduta do auditor na execução do 
seu trabalho? 
Essas são algumas perguntas que entraram no desenvolvimento da aula e 
que ajudarão a entender o seu papel perante a gestão das entidades. 
TEMA 1 – FUNDAMENTOS DA AUDITORIA 
É comum nas empresas, principalmente nas de capital aberto, a presença 
dos procedimentos de auditoria a fim de monitorar e identificar possíveis melhorias 
nos procedimentos, além de ser uma forma de atestar a veracidade das 
informações ali reportadas para aqueles que necessitam de informações sobre os 
negócios. 
No contexto histórico, a auditoria veio através do crescimento das 
empresas que, além de recursos internos, precisavam realizar captações de 
valores para seus projetos de investimento junto a investidores externos. Com 
isso, a auditoria veio como um meio de dar suporte ao investidor a fim de atestar 
se os lucros obtidos eram reais, se as informações relacionadas às 
demonstrações financeiras haviam sido elaboradas de maneira transparente e 
concisa, entre outras relacionadas a saúde financeira da entidade. De forma geral, 
Crepaldi e Crepaldi (2016, p. 08) destacam que a auditoria tem uma filosofia 
incorporada em suas ações: 
A filosofia da auditoria consiste em avaliar a política de sistema da 
empresa, em termos da adequação, comunicação, aceitação, aplicação 
e controle, julgar se é necessária na situação, se contribui para atingir os 
objetivos da empresa, se permite assegurar a correta utilização dos 
recursos da empresa, tanto de natureza financeira como econômica e 
humana. 
Dessa forma, a importância maior da auditoria para a gestão financeira está 
atrelada ao conhecimento a respeito das demonstrações contábeis, sendo este o 
foco a ser apresentado. Importante salientar que existem auditores que também 
desempenham as suas atividades junto a questões relacionadas a recursos 
humanos, operacionais, na fusão ou cisão de empresas, entre outras partes que 
também são importantes ao acompanhamento dos procedimentos. 
Nas empresas, pode ser identificada a auditoria tanto interna quanto 
externa. Na primeira, o seu objetivo está em auxiliar a gestão emitindo pareceres 
acerca dos procedimentos relacionados ao controle interno para fins de auxílio à 
tomada de decisão da gestão sobre questões operacionais, financeiras, físicas e 
 
 
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outras. Já a auditoria externa tem por objetivo a emissão de opinião sobre 
demonstrações financeiras tendo como base as legislações pertinentes emitidas 
pelo Conselho Federal de Contabilidade, Normas Brasileiras de Contabilidade, 
padrões internacionais, entre outras fontes. 
Para os investidores, ter uma auditoria presente na entidade confere 
melhores práticas de elaboração das informações financeiras e operacionais, 
além de contribuir com a certificação de que os relatórios apresentados dispõem 
de qualidade. Para a empresa, a auditoria é bem vista, uma vez que possibilita a 
apuração permanente dos procedimentos internos, conferindo melhorias quando 
necessário, apontando falhas que devem ser corrigidas, podendo proteger 
também os ativos da entidade (Assaf Neto, 2014). 
Essas vantagens são sentidas também pelas entidades tributárias uma vez 
que dão maior certeza de que as informações estão livres de erros ou fraudes 
advindas da atuação humana. 
1.1 Tipos de auditoria 
Existem alguns tipos de auditoria que irão depender dos objetivos traçados 
pela gestão. Mas, alguns são comuns a qualquer tipo de empresa. De acordo com 
Crepaldi e Crepaldi (2016), os mais comuns são: 
 Auditoria das demonstrações financeiras: tem por intuito informar aos 
interessados se as demonstrações foram elaboradas de acordo com os 
critérios legais e de procedimentos, atestando aos usuários a sua opinião 
na forma de parecer sobre a veracidade das demonstrações. 
 Auditoria de gestão: visa averiguar se a gestão está trabalhando de acordo 
com as metas traçadas pela empresa, observando os riscos assumidos 
pelo negócio e auxiliando na tomada de decisão. 
 Auditoria tributária: com o planejamento tributário em mãos, visa inferir 
sobre a eficácia da sua execução. 
 Auditoria de sistemas: visa apresentar a qualidade do sistema de dados 
utilizados pela entidade, além da segurança para os usuários e das 
informações ali elaboradas. 
 Auditoria ambiental: visa verificar junto às normas ambientais se a empresa 
vem causando danos ou benfeitorias uma vez que a sua operação pede 
certo tipo de controle. 
 
 
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 Auditoria de compliance: neste tipo de auditoria, o intuito está em identificar 
se a empresa segue as normas legais referentes ao seu negócio. 
Com esses tipos de auditoria, o intuito está em cada vez mais obter o 
melhor resultado junto às questões operacionais, financeiras, econômicas, 
setoriais, entre outras, reportando aos usuários informações seguras sobre as 
práticas presentes nas atividades do negócio. 
TEMA 2 – NORMAS RELATIVAS À AUDITORIA 
As atividades relativas à auditoria devem ter por base normas específicas 
que contribuem desde a conduta ética do auditor, até os procedimentos, testes e 
relatórios que serão gerados na consecução de sua atividade. 
O trabalho executado por este profissional, apesar dasua necessidade 
para a qualidade da gestão, nem sempre é bem absorvido por aqueles que 
integram um ambiente corporativo e que deverão apresentar informações quando 
o profissional de auditoria assim solicitar. O auditor deve ter uma postura ética a 
fim de que seus interesses particulares não interfiram na condução das suas 
atividades, fazendo com que existam ao final do trabalho relatórios enviesados 
não correspondendo com o que de fato foi encontrado. 
2.1 Ética profissional 
Para a conduta ética, a Norma Brasileira de Contabilidade colocou que o 
auditor independente deve seguir a NBC TA 200 na qual dispõe sobre a condução 
das suas atividades e seus objetivos específicos. Especificamente, a norma trata 
do ceticismo e julgamento profissional conforme estabelecido abaixo: 
O auditor deve planejar e executar a auditoria com ceticismo profissional, 
reconhecendo que podem existir circunstâncias que causam distorção 
relevante nas demonstrações contábeis. 
O auditor deve exercer julgamento profissional ao planejar e executar a 
auditoria de demonstrações contábeis. 
Logo, o que se espera de tal profissional é uma conduta ética voltada aos 
fatos a fim de reconhecer as evidências que ali podem ser encontradas. Além do 
mais, o julgamento é um ato necessário para que no seu relatório final seja 
apresentada a sua opinião. 
Além desses fatores, na NBC TA 200, para a auditoria das demonstrações 
contábeis alguns outros atributos devem ser apresentados no que diz respeito a 
questão ética do auditor independente e que estão presentes na NBC PA 01: 
 
 
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 Integridade; 
 Objetividade; 
 Competência profissional e Zelo; 
 Confidencialidade; 
 Comportamento profissional. 
Quanto à integridade, os profissionais devem ser corretos junto aos seus 
relacionamentos com aqueles envolvidos no trabalho, sendo que devem estar 
atentos às informações coletadas em suas atividades de maneira que estas não 
estejam relacionadas a questões falsas ou de má condução que venham a 
prejudicar a sua atuação profissional e o seu julgamento. 
A objetividade vem ser a observação quanto a questões que podem alterar 
ou prejudicar a sua objetividade em realizar seu trabalho de auditor. Ou seja, deve 
apresentar sempre que for constatado comportamento tendencioso, influências 
indevidas de pessoas ou informações, ou até mesmo conflito de interesse. 
A competência profissional e o zelo pela sua atividade requerem que o 
profissional esteja atento à sua atividade de forma a sempre realizar atualizações 
técnicas, profissionais e sobre o setor ali auditado. Além de agir de forma a seguir 
os procedimentos técnicos e profissionais da atividade. 
Os trabalhos de auditoria devem ser confidenciais à medida que a 
informação ali julgada seja de natureza sigilosa. Logo, para a divulgação das 
informações o profissional deve ter o aval da entidade auditada. 
Quanto à competência profissional, a atividade de auditor deve ser 
empregada de acordo com as normas e regulamentos pertinentes a profissão, e 
não ser realizada através de ações não oportunas e certificadas da profissão, 
podendo, dessa forma, haver o descrédito dos relatórios ali gerados. 
2.2 Normas gerais aplicadas à auditoria 
A base geral para a atuação da auditoria está concentrada nas regras 
estabelecidas por órgãos específicos que regulam a atividade e que contribuem 
com o entendimento da profissão junto àqueles que necessitam dos serviços a 
serem executados. 
Existem normas de auditoria e procedimentos de auditoria. As normas são 
bases para a consecução dos procedimentos de auditoria. Já os procedimentos 
são as ações propriamente ditas. Com as normas de auditoria, além da qualidade 
do serviço será oportuno o julgamento do profissional de contabilidade para saber 
 
 
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se este executou o seu trabalho com integridade, sendo assim refletido nos seus 
pareceres e relatórios. 
No Brasil, a atividade do auditor independente está diretamente relacionada 
com alguns órgãos específicos. É o caso da Comissão de Valores Mobiliários 
(CVM), Instituto Brasileiro de Contadores (Ibracon), Conselho Federal de 
Contabilidade (CFC) e Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). 
Figura 01 – Especificação das entidades 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cada entidade desta trabalha a fim de garantir o interesse dos investidores 
e daqueles que precisam das informações contábeis para a realização da tomada 
de decisão. A CVM coloca não só a prioridade em se ter as demonstrações 
financeiras daqueles que negociam ações junto ao mercado acionário auditadas, 
como certificam quais os auditores podem realizar tal processo. O Instituto 
Brasileiro de Contadores, diante da importância do trabalho de auditora para a 
contabilidade, certifica a profissão destes. Já o CFC identifica através de 
auditorias se as empresas exercem as normas preconizadas para a contabilidade 
e para o exercício profissional do contador e do auditor. Por último, o Comitê de 
Pronunciamentos Contábeis integra o corpo da auditoria à medida que realiza 
emissão de pronunciamentos que são discutidos por profissionais da 
contabilidade, do mercado de capitais, entre outros, influenciando observações 
dos auditores em relação à qualidade das informações contábeis, a forma de 
identificação de contas específicas de receitas, despesas, ativos e passivos. 
Comissão de Valores Mobiliários – tem como objetivo garantir a segurança das relações 
entre investidores e empresas que realizam negociações no mercado acionário. Esta 
entidade uma vez interessada na certificação dos relatórios emitidos pelas empresas da 
bolsa, tem como uma das atividades realizar o credenciamento de auditores independentes. 
Instituto Brasileiro de Contadores – se preocupa em dar credibilidade a atuação do 
auditor independente e do profissional de contabilidade 
Conselho Federal de Contabilidade – órgão que estabelece normas para o profissional 
contábil e para aquele que executa trabalhos de auditoria. Também estabelece normas para 
a atividade de tais profissões. 
Comitê de Pronunciamentos Contábeis – através da união de várias entidades 
interessadas na área contábil, realiza a emissão de pronunciamentos técnicos relacionados 
a contabilidade e idealizados de acordo com os padrões internacionais. 
 
 
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A auditoria trabalha de forma a permitir a certificação de tais informações 
dando suporte para que as normas aplicadas à auditoria e à contabilidade sejam 
de fato executadas pelas empresas 
TEMA 3 – PLANEJAMENTO DE AUDITORIA 
Para a consecução das atividades de auditoria, além de seguir as normas 
e diretrizes relacionadas aos procedimentos de auditoria, a entidade deve 
prosseguir elaborando um planejamento detalhado e colocando este como papel 
de trabalho. O planejamento tem também por intuito evitar custos indevidos e 
estabelecer quais são as metas a serem realizadas no trabalho a ser executado. 
O planejamento deve ter por objetivo, de acordo com Almeida (2012, p. 
141), atingir os seguintes objetivos: 
 adquirir conhecimento sobre a natureza das operações, dos negócios 
e forma de organização da empresa; 
 planejar maior volume de horas nas auditorias preliminares; 
 obter maior cooperação do pessoal da empresa; 
 determinar a natureza, amplitude e datas dos testes de auditoria; 
 identificar previamente problemas relacionados com contabilidade, 
auditoria e impostos. 
Todos esses objetivos visam a uma forma de aproveitar da melhor forma 
possível o tempo a ser dispendido na auditoria. Deve-se lembrar que as 
informações, em geral, dependerão de outras pessoas que fazem parte do corpo 
de colaboradores da entidade. 
De forma complementar,as atividades relacionadas ao planejamento 
consistem em três itens específicos: avaliação dos controles internos, revisão 
analítica e análise dos riscos de auditoria. 
3.1 Avaliação dos controles internos 
O sistema de controle interno da entidade determina os procedimentos ali 
adotados para a salvaguarda dos ativos, confiança junto às informações 
elaboradas, a política adotada para a gestão da entidade, compliance junto às 
normas aplicáveis à entidade, entre outras características relevantes. 
Dentro desse sistema é que serão identificados os relatórios contábeis e a 
forma de elaboração dos mesmos, no qual o auditor realiza uma análise detalhada 
para saber se este tipo de sistema atende de forma eficiente e eficaz a entidade. 
Identifica a hierarquia das funções e a quem deve cada responsabilidade dentro 
da entidade. 
 
 
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Toda a atividade do auditor será suportada primeiramente por tal sistema. 
Caso não seja seguro, isso colocará em risco a atividade de auditoria e poderá o 
profissional se negar a realizar a auditoria. 
3.2 Revisão analítica 
Após análise do sistema de controle interno, o auditor poderá realizar a 
revisão analítica das contas de ativo, passivo, receita e despesa. Para isso, deverá 
aprofundar as suas análises nas subcontas integrantes destas, a fim de conciliar 
e identificar em quais podem haver falhas, sendo que, com isso, o auditor poderá 
melhor direcionar a sua atividade para determinado setor evitando tempos 
excessivos em outros que não precisam de exames tão profundos. 
De forma geral, a revisão analítica, junto com a análise do sistema de 
controle interno, possibilita acompanhar desde a elaboração das informações até 
a sua consecução. Depois desta ação, o auditor pode melhor organizar quais 
procedimentos serão adotados e junto a quais partes da empresa. 
3.3 Análise dos riscos de auditoria 
Apesar dos exames detalhados antecederem o relatório final do auditor, o 
risco maior está na elaboração de uma opinião inadequada sobre as 
demonstrações analisadas. Existem três tipos de riscos: 
 Riscos inerentes – é o risco em não ter um controle específico na entidade 
que evite ou impeça determinado ato de acontecer; 
 Riscos de controle – está atrelado à possibilidade de um erro material sobre 
determinada atividade não ser detectado pelo sistema de controle interno; 
 Risco de detecção – é o caso de um procedimento não detectar um erro 
material que interfira no julgamento do auditor. 
Os riscos são inerentes a qualquer atividade. Porém, devem ser estudados 
para que seja estabelecida a ação a ser realizada no caso destes riscos 
ocorrerem. 
TEMA 4 – PROCEDIMENTOS DE AUDITORIA 
Após a realização do planejamento, no qual serão indicados quais 
procedimentos serão realizados para o julgamento e parecer final do auditor, 
 
 
010 
testes, papéis de trabalho, circularizações, entre outras atividades, serão 
executadas. 
Segundo Lins (2017, p. 45), “O trabalho do auditor é pautado na 
evidenciação, clareza e transparência. Tudo o que seja relatado tem que, 
necessariamente, poder ser verificado/rastreado e comprovado”. Logo, as 
evidenciações devem ser documentadas para a sua materialização. 
4.1 Programa e papéis de trabalho 
Os papéis de trabalho nada mais são do que documentos que evidenciam 
de forma clara e objetiva as ações ali executadas pelo auditor. Ali estará um 
histórico no qual a qualquer momento o auditor poderá verificar em uma revisão a 
fim de garantir o seu julgamento. 
De acordo com o Conselho Federal de Contabilidade, esses papéis de 
trabalho devem ser guardados por um prazo de cinco anos. Além de que tais 
papéis de trabalho devem estar dispostos a fim de facilitar o entendimento 
posterior daqueles trabalhos referentes a outros auditores. São papéis 
importantes para subsidiar o relatório final do auditor. 
Já o programa de trabalho é um documento que descreve os 
procedimentos mínimos que serão executados pelo auditor responsável. Assim, 
quando o auditor for realizar sua atividade em determinada área, terá como indicar 
em tal programa se o procedimento delineado foi cumprido. Nesse programa, o 
intuito não está em colocar as evidências, e sim os procedimentos. 
4.2 Procedimentos de auditoria 
Nos procedimentos de auditoria relativos a demonstrações contábeis, 
basicamente serão realizados testes relativos a transações e sobre os saldos 
encontrados nas contas analisadas. 
Nos testes de transações, o auditor deverá efetivar um levantamento de 
toda a documentação necessária à sua atividade, fazendo uma seleção posterior 
junto aqueles que de fato integrarão a amostra dos documentos pertinentes ao 
julgamento de dados. Exemplos desse tipo de procedimento vem a ser a obtenção 
das notas fiscais, documentos de recebimento e pagamento, documentos de 
tributação, entre outros. 
Já nos testes referentes aos saldos de conta, de posse dos documentos de 
transações o auditor irá realizar uma conciliação dos saldos apresentados nas 
 
 
011 
contas através de exames extra contábeis, como é o caso do inventário de bens 
patrimoniais. 
Os testes mais usuais da auditoria vêm a ser a circularização e a seleção 
aleatória. A circularização consiste no envio de correspondência àqueles que 
detêm devidas informações. Podem ser solicitados dados a fornecedores, bancos, 
credoras, entre outras entidades. 
Pode haver uma circularização positiva ou negativa. Na primeira, o auditor 
envia uma correspondência solicitando que o saldo de algum item seja preenchido 
em uma ficha específica. Já na negativa, o auditor envia o saldo por escrito no 
qual o solicitado deve apenas confirmar. Caso ele não confirme, este saldo 
indicado pelo auditor será o considerado para fins de análise. 
Quanto a seleção aleatória, o auditor irá trabalhar com uma amostragem 
na qual em determinada conta serão apenas vistoriadas algumas subcontas. O 
fato é que isto facilita a atividade do auditor. Porém, é importante que haja uma 
metodologia adequada para a escolha da amostra a ser estudada. 
Importante ressaltar que estes procedimentos visam identificar questões 
relativas a erros ou fraudes nos atos realizados pelos colaboradores. Erros não 
são intencionais. Resultam apenas de ações humanas sem a devida intenção. Já 
na fraude existe a intenção de realizar um ato prejudicial, ou seja, existe a má fé 
contextualizada em tal ação. 
TEMA 5 – AUDITORIA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 
Para fins de análise de auditória, existem as seguintes demonstrações a 
serem analisadas: 
 Balanço Patrimonial; 
 Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados; 
 Demonstração do Resultado do Exercício; 
 Demonstração do Fluxo de Caixa; 
 Demonstração do Valor Adicionado; 
 Notas Explicativas. 
Essas demonstrações estão contempladas na Lei 6.404/76 que dispõe 
sobre as Sociedades por Ações. Dentro de cada uma dessas demonstrações, o 
auditor pode inferir sobre determinadas informações a fim de validar o que foi 
apresentado para os usuários. Existem na literatura, além destas, a contabilidade 
 
 
012 
da Demonstração das Mutações Patrimoniais, que é facultativa e pode incluir 
nesta a Demonstração dos Lucros ou prejuízos Acumulados; e a Demonstração 
do Resultado Abrangente. 
Abaixo estão determinadas algumas características importantes acerca de 
cada demonstração financeira. 
5.1.1 Balanço Patrimonial 
 Critérios de avaliação dos ativos relativos a instrumentos financeiros, 
direitos a receber, entre outros; 
 Avaliação dos investimentos em capital de terceiros; 
 Critérios de depreciação de bens; 
 Direitos em intangível; 
 Direitos em bens patrimoniais; 
 Critérios de avaliação dospassivos; 
 Classificação de ativo e passivos circulantes e não circulantes; 
 Análise das contas do patrimônio líquido. 
5.1.2 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido 
 Análise das reversões de lucro; 
 Identificação das contas de reservas de capital e de lucros; 
 Identificação dos prejuízos; 
 Verificação das ações em tesouraria. 
5.1.3 Demonstração dos Lucros ou Prejuízos acumulados 
 Saldo das contas do patrimônio líquido do início do período, além das 
reversões ocorridas nas contas de reserva; 
 Os valores que foram transferidos para as reservas devido ao lucro 
incorrido; 
 O valor que foi incorporado ao capital da entidade advindo do lucro; 
 Saldo final do patrimônio líquido da entidade. 
5.1.4 Demonstração do Resultado do Exercício 
 Análise dos resultados do exercício; 
 
 
013 
 Identificação dos tributos nos períodos; 
 Observação quanto as despesas operacionais e não operacionais; 
 Participações no período. 
5.1.5 Demonstração do Resultado Abrangente 
 Registro dos ganhos e perdas; 
 Alterações no patrimônio líquido. 
5.1.6 Demonstração do Fluxo de caixa 
 Caixa advindo das operações, financiamentos e investimentos; 
 Capacidade da empresa em geral recursos para os negócios. 
5.1.7 Demonstração do Valor Adicionado 
 De onde vieram os recursos da atividade dos negócios; 
 Destinação dos valores advindos da empresa. 
5.1.8 Notas Explicativas 
 Informações complementares sobre a elaboração das demonstrações 
contábeis; 
 Apresentar informações adicionais não visualizadas nas demonstrações. 
Logo o que se observa é que cada demonstração desta quer destacar um 
item específico relativo aos ativos da empresa, obrigações, saldos de caixa, 
saldos do patrimônio líquido, entre outros. Elas podem ser analisadas pela 
auditoria de forma separada, mas podem se complementar dependendo da 
necessidade de maiores informações. 
Por exemplo, o auditor pode em um primeiro momento identificar os valores 
do ativo circulante, e em um segundo momento querer observar tais saldos junto 
à Demonstração do Fluxo de Caixa que identifica de forma detalhada as entradas 
e saídas dos disponíveis e valores monetários da empresa. Ou ainda, o auditor 
pode querer inferir se as informações sobre as receitas foram incorporadas de 
forma certa nas contas de caixa e clientes a receber. Dessa forma, as 
demonstrações financeiras servem para atender necessidades específicas da 
gestão e da auditoria. 
 
 
014 
5.2 Testes e evidenciações nas demonstrações 
Utilizando tais demonstrações, o auditor poderá realizar algumas 
avaliações relativas a contas específicas e fim de validar a demonstração 
apresentada. 
Nas contas de valores disponíveis, o auditor confere valores atribuídos na 
conta caixa, bancos, investimentos financeiros em curto prazo, clientes, valores 
pagos antecipadamente, entre outros. 
Na conta caixa, é comum à sua análise uma vez que as transações sempre 
acabarão em caixa. Logo, importa verificar as entradas e saídas a fim de identificar 
a veracidade do saldo disponível. O que importa é que todas as transações sejam 
baseadas em autorizações prévias. 
Na conta clientes o que deve ser observado é se os valores ali 
contabilizados são provenientes de transações realizadas com clientes ligados à 
atividade fim da empresa. O registro nessa conta deve seguir o que realmente foi 
previsto, sem matéria estranha. 
Quanto aos estoques, o que deve haver nesta conta são produtos 
destinados à venda ou que ainda estão em processo de elaboração. Se a empresa 
tiver adquirido determinado terreno para o seu uso, o mesmo deverá estar 
registrado na conta de imobilizado. Caso a empresa opte em vender, aí poderá 
ser destinado à conta de estoque. Mas deve haver cuidado com tal destinação em 
virtude de questões legais. Vale identificar através de um exame físico se o que 
está contabilizado encontra-se realmente de forma material no estoque da 
empresa. 
Quanto as obrigações, destaque para a conta de obrigações junto a 
fornecedores, por exemplo, que estabelecem uma relação direta com a conta de 
estoque. Atenção especial a questão dos tributos Imposto sobre Produto 
Industrializado (IPI) e Imposto sobre Circulação de Mercadoria (ICMS) que devem 
ser contabilizados na venda como “a recolher” e na compra de mercadoria para 
elaboração do produto fim como “a recuperar”. 
Também o auditor pode estar focando nas questões relativas aos salários 
e encargos que por direito a empresa deve pagar. Isso demanda uma certa 
observação especial junto às normas legais. Sem esquecer que uma análise do 
registro de entrada e saída dos empregados pode ser mais uma materialização 
para o julgamento do auditor no caso de tal conta. 
 
 
015 
Quanto a conta de empréstimos, identificações em caso de sua realização 
junto a moeda estrangeira devem configurar no balanço na moeda corrente do 
país. Identifica-se neste item os contratos para ver se os valores de juros estão 
sendo pagos de forma correta, a fim de impedir que ocorra, por exemplo, uma 
duplicação de pagamentos caso o contrato já tenha sido finalizado. 
FINALIZANDO 
O intuito desta aula foi demonstrar principalmente para que serve a auditoria 
das informações financeiras não só para o gestor, mas também para aqueles que 
necessitam analisar os relatórios emitidos pela entidade de cunho contábil a fim de 
que se reconheça o histórico e o desenvolvimento da empresa em determinados 
períodos. 
A auditoria deve trabalhar de forma organizada e para que as suas ações 
sejam válidas, conta com procedimentos e também normas legais relacionadas a 
sua conduta e a sua atuação. 
Seus procedimentos darão suporte para o seu julgamento, extremamente 
necessário e devem estar livre de vieses que podem interferir no seu parecer final 
com a devida opinião emitida. Logo, sua conduta deve ser integra e independente. 
Especificamente para a realização da auditoria de demonstrações 
contábeis, o auditor pode contar com aquelas entidades que visam a dar suporte 
a empresa e ao usuário, bem como conta com as normas relacionadas a 
contabilidade. 
 
 
 
016 
REFERÊNCIAS 
ALMEIDA, M. C. Auditoria: um curso moderno e completo. 8 ed. São Paulo: 
Atlas, 2012. 
CREPALDI, S. A.; CREPALDI, G. S. Auditoria contábil: teoria e prática. 10. ed. 
São Paulo: Atlas, 2016. 
LINS, L. S. Auditoria: uma abordagem prática com ênfase na auditoria externa. 
4. ed. São Paulo: Atlas, 2017. 
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. NBC TA 200. Objetivos gerais da 
auditoria independente. Brasília, 2009. 
_____. NBC PA 01. Controle de Qualidade para Firmas (Pessoas Jurídicas e 
Físicas) de Auditores Independentes. Brasília, 2009. 
PEREZ JUNIOR, J. H. Auditoria de demonstrações contábeis. 11. ed. São 
Paulo: Atlas, 2015.

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