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AULA 6 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Profª Lorena Lucena Furtado 02 CONVERSA INICIAL Para esta aula, será colocado um tema importante para a gestão financeira das empresas: Auditoria contábil. Este item tem a sua relevância, uma vez que vem a ser uma atividade voltada para a acreditação das informações elaboradas para fins de análise dos usuários e sua consequente tomada de decisão. Primeiro, será abordada qual filosofia está por trás da atividade realizada pelo auditor. Existem tipos de auditoria específicos, sendo que o foco desta aula se concentra na auditoria das demonstrações contábeis. Porém, existem alguns padrões comuns a todos os tipos de auditoria. Posteriormente, serão abordadas as questões relativas à ética profissional e os principais emissores de normas para a concretização do trabalho do profissional de auditoria. Para entender como é a organização do trabalho de auditoria, faz-se necessário que primeiro seja elaborado um planejamento detalhado a fim de que a empresa, também, reconheça como serão realizados os exames para o julgamento do auditor e seu posterior parecer. Com o planejamento realizado, o profissional e a gestão tem em mãos os procedimentos a serem executados a fim de que, também, a entidade entenda para que serve cada processo e como estes serão documentados. CONTEXTUALIZANDO A gestão financeira tem como objetivo realizar atividades relacionadas às atividades de investimento, a fim de que estes gerem valor para a entidade. Em cada empresa, é necessário haver controles permanentes para seus processos, e naquelas de capital aberto, principalmente, há uma necessidade de que os seus relatórios financeiros sejam auditados a fim de dar confiabilidade ao usuário da informação. Ou seja, o problema central das entidades está em garantir a informação, os seus processos, a sua forma de gestão, a sua tomada de decisão, e assim por diante para com os investidores e demais interessados. Nesta ótica é que entra o trabalho da auditoria. Porém, existem características que devem ser observadas a fim de garantir a atuação de tal profissional nas entidades. Nesse contexto, perguntas chaves serão colocadas a fim de entender a auditoria das demonstrações contábeis. Logo, para esta aula serão colocadas as seguintes perguntas: para que serve a auditoria das demonstrações financeiras? 03 Qual o papel da auditoria na gestão da entidade? Como são realizados os procedimentos de auditoria? Como deve ser a conduta do auditor na execução do seu trabalho? Essas são algumas perguntas que entraram no desenvolvimento da aula e que ajudarão a entender o seu papel perante a gestão das entidades. TEMA 1 – FUNDAMENTOS DA AUDITORIA É comum nas empresas, principalmente nas de capital aberto, a presença dos procedimentos de auditoria a fim de monitorar e identificar possíveis melhorias nos procedimentos, além de ser uma forma de atestar a veracidade das informações ali reportadas para aqueles que necessitam de informações sobre os negócios. No contexto histórico, a auditoria veio através do crescimento das empresas que, além de recursos internos, precisavam realizar captações de valores para seus projetos de investimento junto a investidores externos. Com isso, a auditoria veio como um meio de dar suporte ao investidor a fim de atestar se os lucros obtidos eram reais, se as informações relacionadas às demonstrações financeiras haviam sido elaboradas de maneira transparente e concisa, entre outras relacionadas a saúde financeira da entidade. De forma geral, Crepaldi e Crepaldi (2016, p. 08) destacam que a auditoria tem uma filosofia incorporada em suas ações: A filosofia da auditoria consiste em avaliar a política de sistema da empresa, em termos da adequação, comunicação, aceitação, aplicação e controle, julgar se é necessária na situação, se contribui para atingir os objetivos da empresa, se permite assegurar a correta utilização dos recursos da empresa, tanto de natureza financeira como econômica e humana. Dessa forma, a importância maior da auditoria para a gestão financeira está atrelada ao conhecimento a respeito das demonstrações contábeis, sendo este o foco a ser apresentado. Importante salientar que existem auditores que também desempenham as suas atividades junto a questões relacionadas a recursos humanos, operacionais, na fusão ou cisão de empresas, entre outras partes que também são importantes ao acompanhamento dos procedimentos. Nas empresas, pode ser identificada a auditoria tanto interna quanto externa. Na primeira, o seu objetivo está em auxiliar a gestão emitindo pareceres acerca dos procedimentos relacionados ao controle interno para fins de auxílio à tomada de decisão da gestão sobre questões operacionais, financeiras, físicas e 04 outras. Já a auditoria externa tem por objetivo a emissão de opinião sobre demonstrações financeiras tendo como base as legislações pertinentes emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade, Normas Brasileiras de Contabilidade, padrões internacionais, entre outras fontes. Para os investidores, ter uma auditoria presente na entidade confere melhores práticas de elaboração das informações financeiras e operacionais, além de contribuir com a certificação de que os relatórios apresentados dispõem de qualidade. Para a empresa, a auditoria é bem vista, uma vez que possibilita a apuração permanente dos procedimentos internos, conferindo melhorias quando necessário, apontando falhas que devem ser corrigidas, podendo proteger também os ativos da entidade (Assaf Neto, 2014). Essas vantagens são sentidas também pelas entidades tributárias uma vez que dão maior certeza de que as informações estão livres de erros ou fraudes advindas da atuação humana. 1.1 Tipos de auditoria Existem alguns tipos de auditoria que irão depender dos objetivos traçados pela gestão. Mas, alguns são comuns a qualquer tipo de empresa. De acordo com Crepaldi e Crepaldi (2016), os mais comuns são: Auditoria das demonstrações financeiras: tem por intuito informar aos interessados se as demonstrações foram elaboradas de acordo com os critérios legais e de procedimentos, atestando aos usuários a sua opinião na forma de parecer sobre a veracidade das demonstrações. Auditoria de gestão: visa averiguar se a gestão está trabalhando de acordo com as metas traçadas pela empresa, observando os riscos assumidos pelo negócio e auxiliando na tomada de decisão. Auditoria tributária: com o planejamento tributário em mãos, visa inferir sobre a eficácia da sua execução. Auditoria de sistemas: visa apresentar a qualidade do sistema de dados utilizados pela entidade, além da segurança para os usuários e das informações ali elaboradas. Auditoria ambiental: visa verificar junto às normas ambientais se a empresa vem causando danos ou benfeitorias uma vez que a sua operação pede certo tipo de controle. 05 Auditoria de compliance: neste tipo de auditoria, o intuito está em identificar se a empresa segue as normas legais referentes ao seu negócio. Com esses tipos de auditoria, o intuito está em cada vez mais obter o melhor resultado junto às questões operacionais, financeiras, econômicas, setoriais, entre outras, reportando aos usuários informações seguras sobre as práticas presentes nas atividades do negócio. TEMA 2 – NORMAS RELATIVAS À AUDITORIA As atividades relativas à auditoria devem ter por base normas específicas que contribuem desde a conduta ética do auditor, até os procedimentos, testes e relatórios que serão gerados na consecução de sua atividade. O trabalho executado por este profissional, apesar dasua necessidade para a qualidade da gestão, nem sempre é bem absorvido por aqueles que integram um ambiente corporativo e que deverão apresentar informações quando o profissional de auditoria assim solicitar. O auditor deve ter uma postura ética a fim de que seus interesses particulares não interfiram na condução das suas atividades, fazendo com que existam ao final do trabalho relatórios enviesados não correspondendo com o que de fato foi encontrado. 2.1 Ética profissional Para a conduta ética, a Norma Brasileira de Contabilidade colocou que o auditor independente deve seguir a NBC TA 200 na qual dispõe sobre a condução das suas atividades e seus objetivos específicos. Especificamente, a norma trata do ceticismo e julgamento profissional conforme estabelecido abaixo: O auditor deve planejar e executar a auditoria com ceticismo profissional, reconhecendo que podem existir circunstâncias que causam distorção relevante nas demonstrações contábeis. O auditor deve exercer julgamento profissional ao planejar e executar a auditoria de demonstrações contábeis. Logo, o que se espera de tal profissional é uma conduta ética voltada aos fatos a fim de reconhecer as evidências que ali podem ser encontradas. Além do mais, o julgamento é um ato necessário para que no seu relatório final seja apresentada a sua opinião. Além desses fatores, na NBC TA 200, para a auditoria das demonstrações contábeis alguns outros atributos devem ser apresentados no que diz respeito a questão ética do auditor independente e que estão presentes na NBC PA 01: 06 Integridade; Objetividade; Competência profissional e Zelo; Confidencialidade; Comportamento profissional. Quanto à integridade, os profissionais devem ser corretos junto aos seus relacionamentos com aqueles envolvidos no trabalho, sendo que devem estar atentos às informações coletadas em suas atividades de maneira que estas não estejam relacionadas a questões falsas ou de má condução que venham a prejudicar a sua atuação profissional e o seu julgamento. A objetividade vem ser a observação quanto a questões que podem alterar ou prejudicar a sua objetividade em realizar seu trabalho de auditor. Ou seja, deve apresentar sempre que for constatado comportamento tendencioso, influências indevidas de pessoas ou informações, ou até mesmo conflito de interesse. A competência profissional e o zelo pela sua atividade requerem que o profissional esteja atento à sua atividade de forma a sempre realizar atualizações técnicas, profissionais e sobre o setor ali auditado. Além de agir de forma a seguir os procedimentos técnicos e profissionais da atividade. Os trabalhos de auditoria devem ser confidenciais à medida que a informação ali julgada seja de natureza sigilosa. Logo, para a divulgação das informações o profissional deve ter o aval da entidade auditada. Quanto à competência profissional, a atividade de auditor deve ser empregada de acordo com as normas e regulamentos pertinentes a profissão, e não ser realizada através de ações não oportunas e certificadas da profissão, podendo, dessa forma, haver o descrédito dos relatórios ali gerados. 2.2 Normas gerais aplicadas à auditoria A base geral para a atuação da auditoria está concentrada nas regras estabelecidas por órgãos específicos que regulam a atividade e que contribuem com o entendimento da profissão junto àqueles que necessitam dos serviços a serem executados. Existem normas de auditoria e procedimentos de auditoria. As normas são bases para a consecução dos procedimentos de auditoria. Já os procedimentos são as ações propriamente ditas. Com as normas de auditoria, além da qualidade do serviço será oportuno o julgamento do profissional de contabilidade para saber 07 se este executou o seu trabalho com integridade, sendo assim refletido nos seus pareceres e relatórios. No Brasil, a atividade do auditor independente está diretamente relacionada com alguns órgãos específicos. É o caso da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Instituto Brasileiro de Contadores (Ibracon), Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Figura 01 – Especificação das entidades Cada entidade desta trabalha a fim de garantir o interesse dos investidores e daqueles que precisam das informações contábeis para a realização da tomada de decisão. A CVM coloca não só a prioridade em se ter as demonstrações financeiras daqueles que negociam ações junto ao mercado acionário auditadas, como certificam quais os auditores podem realizar tal processo. O Instituto Brasileiro de Contadores, diante da importância do trabalho de auditora para a contabilidade, certifica a profissão destes. Já o CFC identifica através de auditorias se as empresas exercem as normas preconizadas para a contabilidade e para o exercício profissional do contador e do auditor. Por último, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis integra o corpo da auditoria à medida que realiza emissão de pronunciamentos que são discutidos por profissionais da contabilidade, do mercado de capitais, entre outros, influenciando observações dos auditores em relação à qualidade das informações contábeis, a forma de identificação de contas específicas de receitas, despesas, ativos e passivos. Comissão de Valores Mobiliários – tem como objetivo garantir a segurança das relações entre investidores e empresas que realizam negociações no mercado acionário. Esta entidade uma vez interessada na certificação dos relatórios emitidos pelas empresas da bolsa, tem como uma das atividades realizar o credenciamento de auditores independentes. Instituto Brasileiro de Contadores – se preocupa em dar credibilidade a atuação do auditor independente e do profissional de contabilidade Conselho Federal de Contabilidade – órgão que estabelece normas para o profissional contábil e para aquele que executa trabalhos de auditoria. Também estabelece normas para a atividade de tais profissões. Comitê de Pronunciamentos Contábeis – através da união de várias entidades interessadas na área contábil, realiza a emissão de pronunciamentos técnicos relacionados a contabilidade e idealizados de acordo com os padrões internacionais. 08 A auditoria trabalha de forma a permitir a certificação de tais informações dando suporte para que as normas aplicadas à auditoria e à contabilidade sejam de fato executadas pelas empresas TEMA 3 – PLANEJAMENTO DE AUDITORIA Para a consecução das atividades de auditoria, além de seguir as normas e diretrizes relacionadas aos procedimentos de auditoria, a entidade deve prosseguir elaborando um planejamento detalhado e colocando este como papel de trabalho. O planejamento tem também por intuito evitar custos indevidos e estabelecer quais são as metas a serem realizadas no trabalho a ser executado. O planejamento deve ter por objetivo, de acordo com Almeida (2012, p. 141), atingir os seguintes objetivos: adquirir conhecimento sobre a natureza das operações, dos negócios e forma de organização da empresa; planejar maior volume de horas nas auditorias preliminares; obter maior cooperação do pessoal da empresa; determinar a natureza, amplitude e datas dos testes de auditoria; identificar previamente problemas relacionados com contabilidade, auditoria e impostos. Todos esses objetivos visam a uma forma de aproveitar da melhor forma possível o tempo a ser dispendido na auditoria. Deve-se lembrar que as informações, em geral, dependerão de outras pessoas que fazem parte do corpo de colaboradores da entidade. De forma complementar,as atividades relacionadas ao planejamento consistem em três itens específicos: avaliação dos controles internos, revisão analítica e análise dos riscos de auditoria. 3.1 Avaliação dos controles internos O sistema de controle interno da entidade determina os procedimentos ali adotados para a salvaguarda dos ativos, confiança junto às informações elaboradas, a política adotada para a gestão da entidade, compliance junto às normas aplicáveis à entidade, entre outras características relevantes. Dentro desse sistema é que serão identificados os relatórios contábeis e a forma de elaboração dos mesmos, no qual o auditor realiza uma análise detalhada para saber se este tipo de sistema atende de forma eficiente e eficaz a entidade. Identifica a hierarquia das funções e a quem deve cada responsabilidade dentro da entidade. 09 Toda a atividade do auditor será suportada primeiramente por tal sistema. Caso não seja seguro, isso colocará em risco a atividade de auditoria e poderá o profissional se negar a realizar a auditoria. 3.2 Revisão analítica Após análise do sistema de controle interno, o auditor poderá realizar a revisão analítica das contas de ativo, passivo, receita e despesa. Para isso, deverá aprofundar as suas análises nas subcontas integrantes destas, a fim de conciliar e identificar em quais podem haver falhas, sendo que, com isso, o auditor poderá melhor direcionar a sua atividade para determinado setor evitando tempos excessivos em outros que não precisam de exames tão profundos. De forma geral, a revisão analítica, junto com a análise do sistema de controle interno, possibilita acompanhar desde a elaboração das informações até a sua consecução. Depois desta ação, o auditor pode melhor organizar quais procedimentos serão adotados e junto a quais partes da empresa. 3.3 Análise dos riscos de auditoria Apesar dos exames detalhados antecederem o relatório final do auditor, o risco maior está na elaboração de uma opinião inadequada sobre as demonstrações analisadas. Existem três tipos de riscos: Riscos inerentes – é o risco em não ter um controle específico na entidade que evite ou impeça determinado ato de acontecer; Riscos de controle – está atrelado à possibilidade de um erro material sobre determinada atividade não ser detectado pelo sistema de controle interno; Risco de detecção – é o caso de um procedimento não detectar um erro material que interfira no julgamento do auditor. Os riscos são inerentes a qualquer atividade. Porém, devem ser estudados para que seja estabelecida a ação a ser realizada no caso destes riscos ocorrerem. TEMA 4 – PROCEDIMENTOS DE AUDITORIA Após a realização do planejamento, no qual serão indicados quais procedimentos serão realizados para o julgamento e parecer final do auditor, 010 testes, papéis de trabalho, circularizações, entre outras atividades, serão executadas. Segundo Lins (2017, p. 45), “O trabalho do auditor é pautado na evidenciação, clareza e transparência. Tudo o que seja relatado tem que, necessariamente, poder ser verificado/rastreado e comprovado”. Logo, as evidenciações devem ser documentadas para a sua materialização. 4.1 Programa e papéis de trabalho Os papéis de trabalho nada mais são do que documentos que evidenciam de forma clara e objetiva as ações ali executadas pelo auditor. Ali estará um histórico no qual a qualquer momento o auditor poderá verificar em uma revisão a fim de garantir o seu julgamento. De acordo com o Conselho Federal de Contabilidade, esses papéis de trabalho devem ser guardados por um prazo de cinco anos. Além de que tais papéis de trabalho devem estar dispostos a fim de facilitar o entendimento posterior daqueles trabalhos referentes a outros auditores. São papéis importantes para subsidiar o relatório final do auditor. Já o programa de trabalho é um documento que descreve os procedimentos mínimos que serão executados pelo auditor responsável. Assim, quando o auditor for realizar sua atividade em determinada área, terá como indicar em tal programa se o procedimento delineado foi cumprido. Nesse programa, o intuito não está em colocar as evidências, e sim os procedimentos. 4.2 Procedimentos de auditoria Nos procedimentos de auditoria relativos a demonstrações contábeis, basicamente serão realizados testes relativos a transações e sobre os saldos encontrados nas contas analisadas. Nos testes de transações, o auditor deverá efetivar um levantamento de toda a documentação necessária à sua atividade, fazendo uma seleção posterior junto aqueles que de fato integrarão a amostra dos documentos pertinentes ao julgamento de dados. Exemplos desse tipo de procedimento vem a ser a obtenção das notas fiscais, documentos de recebimento e pagamento, documentos de tributação, entre outros. Já nos testes referentes aos saldos de conta, de posse dos documentos de transações o auditor irá realizar uma conciliação dos saldos apresentados nas 011 contas através de exames extra contábeis, como é o caso do inventário de bens patrimoniais. Os testes mais usuais da auditoria vêm a ser a circularização e a seleção aleatória. A circularização consiste no envio de correspondência àqueles que detêm devidas informações. Podem ser solicitados dados a fornecedores, bancos, credoras, entre outras entidades. Pode haver uma circularização positiva ou negativa. Na primeira, o auditor envia uma correspondência solicitando que o saldo de algum item seja preenchido em uma ficha específica. Já na negativa, o auditor envia o saldo por escrito no qual o solicitado deve apenas confirmar. Caso ele não confirme, este saldo indicado pelo auditor será o considerado para fins de análise. Quanto a seleção aleatória, o auditor irá trabalhar com uma amostragem na qual em determinada conta serão apenas vistoriadas algumas subcontas. O fato é que isto facilita a atividade do auditor. Porém, é importante que haja uma metodologia adequada para a escolha da amostra a ser estudada. Importante ressaltar que estes procedimentos visam identificar questões relativas a erros ou fraudes nos atos realizados pelos colaboradores. Erros não são intencionais. Resultam apenas de ações humanas sem a devida intenção. Já na fraude existe a intenção de realizar um ato prejudicial, ou seja, existe a má fé contextualizada em tal ação. TEMA 5 – AUDITORIA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Para fins de análise de auditória, existem as seguintes demonstrações a serem analisadas: Balanço Patrimonial; Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados; Demonstração do Resultado do Exercício; Demonstração do Fluxo de Caixa; Demonstração do Valor Adicionado; Notas Explicativas. Essas demonstrações estão contempladas na Lei 6.404/76 que dispõe sobre as Sociedades por Ações. Dentro de cada uma dessas demonstrações, o auditor pode inferir sobre determinadas informações a fim de validar o que foi apresentado para os usuários. Existem na literatura, além destas, a contabilidade 012 da Demonstração das Mutações Patrimoniais, que é facultativa e pode incluir nesta a Demonstração dos Lucros ou prejuízos Acumulados; e a Demonstração do Resultado Abrangente. Abaixo estão determinadas algumas características importantes acerca de cada demonstração financeira. 5.1.1 Balanço Patrimonial Critérios de avaliação dos ativos relativos a instrumentos financeiros, direitos a receber, entre outros; Avaliação dos investimentos em capital de terceiros; Critérios de depreciação de bens; Direitos em intangível; Direitos em bens patrimoniais; Critérios de avaliação dospassivos; Classificação de ativo e passivos circulantes e não circulantes; Análise das contas do patrimônio líquido. 5.1.2 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido Análise das reversões de lucro; Identificação das contas de reservas de capital e de lucros; Identificação dos prejuízos; Verificação das ações em tesouraria. 5.1.3 Demonstração dos Lucros ou Prejuízos acumulados Saldo das contas do patrimônio líquido do início do período, além das reversões ocorridas nas contas de reserva; Os valores que foram transferidos para as reservas devido ao lucro incorrido; O valor que foi incorporado ao capital da entidade advindo do lucro; Saldo final do patrimônio líquido da entidade. 5.1.4 Demonstração do Resultado do Exercício Análise dos resultados do exercício; 013 Identificação dos tributos nos períodos; Observação quanto as despesas operacionais e não operacionais; Participações no período. 5.1.5 Demonstração do Resultado Abrangente Registro dos ganhos e perdas; Alterações no patrimônio líquido. 5.1.6 Demonstração do Fluxo de caixa Caixa advindo das operações, financiamentos e investimentos; Capacidade da empresa em geral recursos para os negócios. 5.1.7 Demonstração do Valor Adicionado De onde vieram os recursos da atividade dos negócios; Destinação dos valores advindos da empresa. 5.1.8 Notas Explicativas Informações complementares sobre a elaboração das demonstrações contábeis; Apresentar informações adicionais não visualizadas nas demonstrações. Logo o que se observa é que cada demonstração desta quer destacar um item específico relativo aos ativos da empresa, obrigações, saldos de caixa, saldos do patrimônio líquido, entre outros. Elas podem ser analisadas pela auditoria de forma separada, mas podem se complementar dependendo da necessidade de maiores informações. Por exemplo, o auditor pode em um primeiro momento identificar os valores do ativo circulante, e em um segundo momento querer observar tais saldos junto à Demonstração do Fluxo de Caixa que identifica de forma detalhada as entradas e saídas dos disponíveis e valores monetários da empresa. Ou ainda, o auditor pode querer inferir se as informações sobre as receitas foram incorporadas de forma certa nas contas de caixa e clientes a receber. Dessa forma, as demonstrações financeiras servem para atender necessidades específicas da gestão e da auditoria. 014 5.2 Testes e evidenciações nas demonstrações Utilizando tais demonstrações, o auditor poderá realizar algumas avaliações relativas a contas específicas e fim de validar a demonstração apresentada. Nas contas de valores disponíveis, o auditor confere valores atribuídos na conta caixa, bancos, investimentos financeiros em curto prazo, clientes, valores pagos antecipadamente, entre outros. Na conta caixa, é comum à sua análise uma vez que as transações sempre acabarão em caixa. Logo, importa verificar as entradas e saídas a fim de identificar a veracidade do saldo disponível. O que importa é que todas as transações sejam baseadas em autorizações prévias. Na conta clientes o que deve ser observado é se os valores ali contabilizados são provenientes de transações realizadas com clientes ligados à atividade fim da empresa. O registro nessa conta deve seguir o que realmente foi previsto, sem matéria estranha. Quanto aos estoques, o que deve haver nesta conta são produtos destinados à venda ou que ainda estão em processo de elaboração. Se a empresa tiver adquirido determinado terreno para o seu uso, o mesmo deverá estar registrado na conta de imobilizado. Caso a empresa opte em vender, aí poderá ser destinado à conta de estoque. Mas deve haver cuidado com tal destinação em virtude de questões legais. Vale identificar através de um exame físico se o que está contabilizado encontra-se realmente de forma material no estoque da empresa. Quanto as obrigações, destaque para a conta de obrigações junto a fornecedores, por exemplo, que estabelecem uma relação direta com a conta de estoque. Atenção especial a questão dos tributos Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) e Imposto sobre Circulação de Mercadoria (ICMS) que devem ser contabilizados na venda como “a recolher” e na compra de mercadoria para elaboração do produto fim como “a recuperar”. Também o auditor pode estar focando nas questões relativas aos salários e encargos que por direito a empresa deve pagar. Isso demanda uma certa observação especial junto às normas legais. Sem esquecer que uma análise do registro de entrada e saída dos empregados pode ser mais uma materialização para o julgamento do auditor no caso de tal conta. 015 Quanto a conta de empréstimos, identificações em caso de sua realização junto a moeda estrangeira devem configurar no balanço na moeda corrente do país. Identifica-se neste item os contratos para ver se os valores de juros estão sendo pagos de forma correta, a fim de impedir que ocorra, por exemplo, uma duplicação de pagamentos caso o contrato já tenha sido finalizado. FINALIZANDO O intuito desta aula foi demonstrar principalmente para que serve a auditoria das informações financeiras não só para o gestor, mas também para aqueles que necessitam analisar os relatórios emitidos pela entidade de cunho contábil a fim de que se reconheça o histórico e o desenvolvimento da empresa em determinados períodos. A auditoria deve trabalhar de forma organizada e para que as suas ações sejam válidas, conta com procedimentos e também normas legais relacionadas a sua conduta e a sua atuação. Seus procedimentos darão suporte para o seu julgamento, extremamente necessário e devem estar livre de vieses que podem interferir no seu parecer final com a devida opinião emitida. Logo, sua conduta deve ser integra e independente. Especificamente para a realização da auditoria de demonstrações contábeis, o auditor pode contar com aquelas entidades que visam a dar suporte a empresa e ao usuário, bem como conta com as normas relacionadas a contabilidade. 016 REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. C. Auditoria: um curso moderno e completo. 8 ed. São Paulo: Atlas, 2012. CREPALDI, S. A.; CREPALDI, G. S. Auditoria contábil: teoria e prática. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2016. LINS, L. S. Auditoria: uma abordagem prática com ênfase na auditoria externa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2017. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. NBC TA 200. Objetivos gerais da auditoria independente. Brasília, 2009. _____. NBC PA 01. Controle de Qualidade para Firmas (Pessoas Jurídicas e Físicas) de Auditores Independentes. Brasília, 2009. PEREZ JUNIOR, J. H. Auditoria de demonstrações contábeis. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015.
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