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QUESTÕES – FILOSOFIA 1. “A democracia se divide em várias espécies. Nas cidades que se tornaram maiores ela exibe a igualdade absoluta, a lei coloca os pobres no mesmo nível que os ricos e pretende que uns não tenham mais direitos do que os outros. O Estado cai no domínio da multidão indigente. Tal gentalha desconhece que a lei governa, mas onde as leis não têm força pululam os demagogos”. ARISTÓTELES. A política. Trad. Roberto L. F. São Paulo: Martins Fontes, 1998. Adaptado. “A passagem da democracia para a tirania não se fará da mesma forma que a da oligarquia para a democracia? Do desejo insaciável de riquezas? De tão-somente ganhar dinheiro, proveio a ruína da oligarquia. E o que destruiu a democracia, não foi a avidez do bem que ela a si mesma propusera? Qual foi o bem a que ela se propôs? – A liberdade. Da extrema liberdade nasce a mais completa e selvagem servidão”. PLATÃO: as grandes obras. A república. Livro VIII. Tradução Carlos A. Nunes, Maria L. Souza, A. M. Santos. Edição do Kindle, 2019. Adaptado. Considerando o trecho acima, e o pensamento político dos dois filósofos da antiguidade, atente para o que se diz a seguir e assinale com V o que for verdadeiro e com F o que for falso. ( ) Para Platão, a melhor forma de governança era a aristocracia, na qual os melhores, por serem mais sábios, deveriam governar; entretanto, esta poderia se corromper e tornar-se uma timocracia. ( ) Aristóteles considerava a monarquia a pior das formas de governo. O governo de um só seria errado por corromper a natureza política dos indivíduos, um desvio para o governante. ( ) Diferente de Platão, Aristóteles entendia que a democracia era a melhor forma de governo, desde que não se corrompesse e se transformasse em uma demagogia. ( ) Tanto Platão como Aristóteles buscaram estabelecer, cada um a seu modo, os parâmetros de um bom e justo governo. Nenhum deles, entretanto, tinha admiração pela democracia, sobretudo em seu formato puro. A sequência correta, de cima para baixo, é: a) V, F, V, F. b) V, F, F, V. c) F, V, F, V. d) F, V, V, F. 2. A substituição do reino do dever ser, que marca a filosofia anterior, pelo reino do ser, da realidade, leva Maquiavel a se perguntar: como fazer reinar a ordem, como instaurar um Estado estável? O problema central de sua análise política é descobrir como pode ser resolvido o inevitável ciclo de estabilidade e caos. Ao formular e buscar resolver esta questão, Maquiavel provoca uma ruptura com o saber repetido pelos séculos. Trata-se de uma indagação radical e de uma nova articulação sobre o pensar e fazer política, que põe fim à ideia de uma ordem natural eterna. A ordem, produto necessário da política, não é natural, nem a materialização de uma vontade extraterrena, e tampouco resulta do jogo de dados do acaso. Ao contrário, a ordem tem um imperativo: deve ser construída pelos homens para se evitar o caos e a barbárie, e, uma vez alcançada, ela não será definitiva, pois há sempre, em germe, o seu trabalho em negativo, isto é, a ameaça de que seja desfeita. SADEK, Maria Tereza. Nicolau Maquiavel: o cidadão sem fortuna, o intelectual de virtù. In: WEFFORT, Francisco (org.). Clássicos da política, vol. 01. São Paulo: Ática, 2001. p. 17-18. Considerando o argumento de Maria Tereza Sadek, em seu texto intitulado Nicolau Maquiavel: o cidadão sem fortuna, o intelectual de virtù, é correto afirmar: a) Os estudos de Maquiavel sobre o reino do ser na política levam em consideração a tradição idealista de Platão, Aristóteles e São Tomás de Aquino e rejeitam as interpretações de historiadores antigos, como Tácito, Políbio, Tucídides e Tito Lívio. b) Em sua obra, Maquiavel coloca em relevo a dimensão efetivamente social, histórica e política das relações humanas, explicitando que sua regra metodológica implica o exame da realidade tal como ela é e não como se gostaria que ela fosse. c) A política, segundo Maquiavel, tem correspondência com as ideias inatistas, ou seja, de que os indivíduos são predestinados a um tipo de condição que lhes é inerente, não havendo possibilidade de mudança ou qualquer outra forma de alterar as estruturas de poder, por ele denominada de “maquiavélicas”. d) Segundo Sadek, ao formular uma explicação sobre essa questão, Maquiavel não rompeu com os paradigmas que fundavam a política de seu tempo, por conseguinte, favorecendo a perpetuação de tiranias nos séculos XV e XVI. e) Para Maquiavel, o problema central da política foi a democracia, e sua construção implicava o fortalecimento de governos descentralizados, o que aproximava seus estudos de liberais como John Locke e Thomas Hobbes. 3. Vimos que o homem sem lei é injusto e o respeitador da lei é justo; evidentemente todos os atos legítimos são, em certo sentido, atos justos, porque os atos prescritos pela arte do legislador são legítimos e cada um deles é justo. Ora, nas disposições que tomam sobre todos os assuntos, as leis têm em mira a vantagem comum, quer de todos, quer dos melhores ou daqueles que detêm o poder ou algo desse gênero; de modo que, em certo sentido, chamamos justos aqueles atos que tendem a produzir e a preservar, para a sociedade política, a felicidade e os elementos que a compõem. ARISTÓTELES. A política. São Paulo: Cia. das Letras, 2010 (adaptado). De acordo com o texto de Aristóteles, o legislador deve agir conforme a a) moral e a vida privada. b) virtude e os interesses públicos. c) utilidade e os critérios pragmáticos. d) lógica e os princípios metafísicos. e) razão e as verdades transcendentes. 4. Relacione, corretamente, as definições sobre o papel do poder político ou do Estado, com seus respectivos pensadores, numerando os parênteses abaixo, de acordo com a seguinte indicação: 1. Karl Marx 2. John Locke 3. Thomas Hobbes 4. Agostinho de Hipona ( ) Poder político do Estado, como resultante de um pacto de consentimento, constituído para consolidar os direitos naturais e individuais de cada homem. ( ) Poder do Estado, como poder de origem espiritual, voltado às necessidades mundanas e à vigilância da retidão dos indivíduos. ( ) Poder político do Estado, originário da necessidade de um grupo manter seu domínio econômico, pelo domínio político, sobre outros grupos. ( ) Poder político do Estado, com poder absoluto, fruto da renúncia de direitos naturais originários e garantidores da paz. A sequência correta, de cima para baixo, é: a) 3, 1, 4, 2. b) 2, 3, 4, 1. c) 2, 4, 1, 3. d) 4, 1, 3, 2. 5. Analise as seguintes passagens que se referem ao princípio fundamental do contratualismo – a existência de um pacto social como fundamento da sociedade: “As cláusulas desse contrato são de tal modo determinadas pela natureza do ato, que a menor modificação as tornaria vãs e de nenhum efeito. Violando-se o pacto social, cada um volta aos seus primeiros direitos e retoma sua liberdade natural, perdendo a liberdade convencional pela qual renunciara àquela”. ROUSSEAU, J. J. Do contrato social. 2ª ed. São Paulo: Abril Cultural, 1978. Coleção “Os Pensadores”. “E os pactos sem espada não passam de palavras, sem força para dar qualquer segurança a ninguém. Portanto, apesar das leis da natureza (que cada um respeita quando tem vontade de as respeitar e quando o pode fazer com segurança), se não for instituído um poder suficientemente grande para nossa segurança, cada um confiará, e poderá legitimamente confiar, apenas em sua própria força e capacidade”. HOBBES, Thomas. LEVIATÃ ou matéria, forma e poder de um estado eclesiástico e civil. Trad. João P. Monteiro e Maria B. Nizza. 3ª ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983. Considere as seguintes proposições sobre o conceito de pacto social: I. Para Rousseau, pelo pacto social, o homem abre mão de sua liberdade, mas, ao fazê-lo, abre espaço ao surgimento da soberania e da lei, e obedecer a lei é obedecer a si mesmo, o que o torna livrenovamente. II. Diferente de Hobbes, Locke não via o estado de natureza dominado pelo egoísmo. O contrato social era necessário para garantir o direito de propriedade que, segundo Locke, era anterior à própria sociabilidade. III. Hobbes e Rousseau concordavam ser necessário um pacto ou contrato social, que decorria da necessidade humana de controlar os instintos e impedir a guerra de todos contra todos do estado de natureza. É correto o que se afirma em a) I, II e III. b) I e III apenas. c) I e II apenas. d) II e III apenas. 6. Leia atentamente o seguinte excerto: “A liberdade do homem em sociedade consiste em não estar submetido a nenhum outro poder legislativo senão àquele estabelecido no corpo político mediante consentimento, nem sob o domínio de qualquer vontade ou sob a restrição de qualquer lei afora as que promulgar o poder legislativo, segundo o encargo a este confiado”. LOCKE, John. Dois tratados sobre o governo. Martins Fontes, 1998, p. 401-402. Adaptado. Considerando a definição de liberdade do homem em sociedade, de John Locke, atente para as seguintes afirmações: I. A concepção de liberdade do homem em sociedade de Locke elimina totalmente o direito de cada um de agir conforme a sua vontade. II. A concepção de liberdade do homem em sociedade de Locke consiste em viver sob a restrição das leis promulgadas pelo poder legislativo. III. A concepção de liberdade do homem em sociedade de Locke consiste em viver segundo uma regra permanente e comum que todos devem obedecer. É correto o que se afirma em a) I e II apenas. b) I e III apenas. c) II e III apenas. d) I, II e III. 7. Ambos prestam serviços corporais para atender às necessidades da vida. A natureza faz o corpo do escravo e do homem livre de forma diferente. O escravo tem corpo forte, adaptado naturalmente ao trabalho servil. Já o homem livre tem corpo ereto, inadequado ao trabalho braçal, porém apto à vida do cidadão. ARISTÓTELES. Política. Brasília: UnB, 1985. O trabalho braçal é considerado, na filosofia aristotélica, como a) indicador da imagem do homem no estado de natureza. b) condição necessária para a realização da virtude humana. c) atividade que exige força física e uso limitado da racionalidade. d) referencial que o homem deve seguir para viver uma vida ativa. e) mecanismo de aperfeiçoamento do trabalho por meio da experiência. 8. “Nós estimamos possuir a ciência de uma coisa de maneira absoluta – e não, ao modo dos Sofistas, de uma maneira puramente acidental, quando acreditamos que conhecemos a causa pela qual a coisa é, que sabemos que essa causa é a da coisa e que, além disso, não é possível que a coisa seja algo distinto do que ela o é. É evidente que tal é a natureza do conhecimento científico. […] Mas o que chamamos aqui saber é o conhecer por meio da demonstração. Por demonstração entendo o silogismo científico e chamo científico um silogismo cuja posse em si mesma constitui para nós a ciência” (Aristóteles). Tendo em conta a teoria aristotélica da ciência, é incorreto afirmar que a) o conhecimento científico não trata apenas da causalidade e do que é necessário, mas também do contingente, do provável e do individual. b) o conhecimento científico é um tipo de conhecimento que adquirimos exclusivamente por meio da demonstração, o silogismo científico. c) os primeiros princípios não são conhecidos por demonstração; caso contrário, teríamos uma regressão ao infinito. d) o silogismo científico, por fornecer explicações causais, não trata do “quê” das coisas, mas do seu “porquê”. e) na ciência demonstrativa, as premissas, além de tratarem da causa, devem ser verdadeiras, primeiras, imediatas e mais conhecidas que a conclusão. 9. “É um dito corrente que todas as leis silenciam em tempos de guerra, e é verdade, não apenas se falarmos de leis civis, mas também naturais [...] E entendemos que tal guerra é de todos os homens contra todos os homens.” HOBBES, Thomas. Do Cidadão. Trad. Raul Fiker. São Paulo: Edipro, 2016, p. 83s. O Texto de Hobbes se refere a um estado de guerra de todos contra todos, que enseja, pelo medo da morte, um estado civil. O nome dado por Hobbes a esse estado anterior ao pacto social é a) Leviatã. b) Sociedade Civil. c) Estado de Natureza. d) Lei Natural. e) Contrato social. 10. Cada um de nós põe em comum sua pessoa e todo o seu poder sob a direção suprema da vontade geral, e recebemos, enquanto corpo, cada membro como parte indivisível do todo. [...] um corpo moral e coletivo, composto de tantos membros quantos são os votos da assembleia [...]. Essa pessoa pública, que se forma, desse modo, pela união de todas as outras, tomava antigamente o nome de cidade e, hoje, o de república ou de corpo político, o qual é chamado por seus membros de Estado [...]. (Jean-Jacques Rousseau. Os pensadores, 1983.) O texto, produzido no âmbito do Iluminismo francês, apresenta a doutrina política do a) coletivismo, manifesto na rejeição da propriedade privada e na defesa dos programas socialistas de estatização. b) humanismo, presente no projeto liberal de valorizar o indivíduo e sua realização no trabalho. c) socialismo, presente na crítica ao absolutismo monárquico e na defesa da completa igualdade socioeconômica. d) corporativismo, presente na proposta fascista de unir o povo em torno da identidade e da vontade nacional. e) contratualismo, manifesto na reação ao Antigo Regime e na defesa dos direitos de cidadania. 11. O alvo dos ataques extremistas é o Iluminismo. E a melhor defesa é o próprio Iluminismo. “Por mais que seus valores estejam sendo atacados por elementos como os fundamentalistas americanos e o islamismo radical, isto é, pela religião organizada, o Iluminismo continua sendo a força intelectual e cultural dominante no Ocidente. O Iluminismo continua oferecendo uma arma contra o fanatismo”. Estas palavras do historiador britânico Anthony Pagden chegam em um momento em que algumas forças insistem em dinamitar a herança do Século das Luzes. “O Iluminismo é um projeto importante e em incessante evolução. Proporciona uma imagem de um mundo capaz tanto de alcançar certo grau de universalidade quanto de libertar-se das restrições do tipo de normas morais oferecidas pelas comunidades religiosas e suas análogas ideologias laicas: o comunismo, o fascismo e, agora, inclusive, o comunitarismo”, afirma Pagden. (Winston Manrique Sabogal. “‘O Iluminismo continua oferecendo uma arma contra o fanatismo’”. www.unisinos.br. Adaptado.) No texto, o Iluminismo é entendido como a) um impulso intelectual propagador de ideologias políticas e religiosas contrárias à hegemonia do Ocidente. b) um movimento filosófico e intelectual de valorização da razão, da liberdade e da autonomia, restrito ao século XVIII. c) uma tendência de pensamento legitimadora do domínio colonialista e imperialista exercido pelas nações europeias. d) um projeto intelectual eurocêntrico baseado em imagens de mundo dotadas de universalidade teológica. e) uma experiência intelectual racional e emancipadora, de origem europeia, porém passível de universalização. http://www.unisinos.br/ 12. No século XVIII, ocorreu na Europa um movimento filosófico denominado Iluminismo, que se caracterizou pela confiança no poder da razão para a resolução dos problemas sociais. Alguns filósofos iluministas eram céticos e materialistas, e por isso opunham-se à tradição representada pela Igreja Católica. A Revolução Francesa e movimentos de independência, como a Inconfidência Mineira, foram acontecimentos históricos fortemente influenciados pelo Iluminismo. Assinale a alternativa que caracteriza, corretamente, esse importante movimento filosófico. a) O Iluminismo foi um movimento filosófico despolitizado. b) O termo “Iluminismo” justifica-se pela confiança na luz da razão em oposição às trevas da ignorância.c) Esse movimento intelectual não apresentou repercussões no Brasil. d) Os filósofos iluministas eram dogmáticos. e) A filosofia iluminista caracterizou-se pela crítica a ideais universalistas como liberdade, igualdade e fraternidade. GABARITO Resposta da questão 1: [B] Na filosofia clássica, as formas de governo boas e justas são objetos de destaque nas reflexões de Platão e Aristóteles. Nessas reflexões, ambos são críticos da democracia enquanto forma de governo. Para Platão, a condução do governo deveria ficar nas mãos daqueles que possuíssem as características necessárias para gerir a coisa pública de modo a buscar o bem comum e a justiça. A democracia, segundo ele, faria exatamente o contrário: ao possibilitar que indivíduos sem as aptidões necessárias para o governo realizassem essa atividade, a democracia se degeneraria em um governo em que os ricos dominam, ou seja, em uma timocracia. Aristóteles, por sua vez, compartilha as noções de formas boas e ruins de governo com Platão, mas difere dele no que diz respeito às transformações dessas formas de governo. Esse pensador defendeu a politia, que seria uma combinação da democracia com a oligarquia. A partir dessas considerações, o aluno deve identificar a alternativa [B] como a única correta. Resposta da questão 2: [B] Maquiavel faz parte de uma tradição teórica da filosofia política denominada “realismo político”, marcada por uma reflexão que busca entender a realidade, a partir da qual se constroem as relações políticas, por meio das formas que ela se apresenta, renegando as análises que se pautam a partir de entendimentos idealistas sobre como a realidade deveria ser. Em outras palavras, Maquiavel se propõe a entender a realidade como ela é e não como se pensa que ela deveria ser. Com efeito, é fundamental o exame das relações históricas e políticas que estruturam as relações humanas. Resposta da questão 3: [B] O legislador deve, segundo Aristóteles, agir em função do bem comum, perseguindo, portanto, o exercício da virtude. Resposta da questão 4: [C] A primeira alternativa apresenta uma definição de poder político do Estado que faz parte da tradição filosófica do contratualismo político. Essa tradição entende que a vida em sociedade civil pressupõe um pacto entre o poder estabelecido e os indivíduos que compõem a sociedade, chamado “contrato social”. John Locke faz parte dos chamados pensadores contratualistas, defendendo a teoria de que o contrato social estabelecido deve ter como um dos seus principais fundamentos a defesa dos direitos naturais, como o direito à vida e à propriedade privada. Portanto, o aluno deve indicar nessa alternativa a numeração [2]. A segunda alternativa traz uma definição do poder do Estado relacionada ao mundo espiritual, na qual se identifica o pensamento de Agostinho de Hipona, da tradição da filosofia cristã patrística. Na produção filosófica agostiniana, a ética política está associada à ética cristã. Assim, o Estado verdadeiramente justo e bom só pode existir se estiver fundamentado nos valores divinos. Nesse sentido, para Agostinho, a política também tem o papel de garantir o bem comum no mundo terreno e de guiar os indivíduos para que ajam de acordo com os “caminhos” das virtudes cristãs. O aluno deve indicar, nessa alternativa, a numeração [4]. Segundo Karl Marx, o Estado nada mais é do que o gerenciador dos interesses da classe economicamente dominante. Dessa forma, o poder político exercido pelo Estado não está dissociado do poder econômico, mas, ao contrário, garante a sua manutenção e dominação social. O aluno deve indicar, na terceira alternativa, a numeração [1]. Para Hobbes, pensador que também faz parte dos filósofos chamados contratualistas, o contrato social que possibilita a passagem do estado de natureza para o estado da sociedade civil depende de um poder forte e absoluto para impor seu cumprimento, pois a condição natural dos homens de liberdade absoluta impõe a guerra constante de todos contra todos. Nesse sentido, a análise hobbesiana acerca do poder do Estado caracteriza-o como uma contraposição ao estado de natureza, corrigindo-o, de modo que o poder regulador do Estado pressupõe que os indivíduos abram mão de parte da sua liberdade para que seja possível a manutenção do estado civil, amparado pela força do Estado. O aluno deve indicar, portanto, a numeração [3] para a última alternativa. Resposta da questão 5: [C] Para Rousseau, o pacto social implica a renúncia à liberdade natural em prol da liberdade convencional, regulada pela lei. Obedecer a lei, entretanto, seria obedecer a si mesmo, haja vista que as leis teriam origem na vontade geral, a partir da qual os homens escolhem livremente os princípios reguladores da vida coletiva. Obedecer a lei, dessa forma, incorre em um ato de liberdade. Diferentemente de Hobbes, entretanto, Rousseau entendia a liberdade natural como o estado em que os indivíduos eram amorais e viviam em harmonia, enquanto, para Hobbes, o estado natural era marcado pela guerra e insegurança constantes, uma vez que a natureza humana, egoísta e violenta, não era regulada por nenhum meio. John Locke, por sua vez, entendia o pacto social como necessário para garantir os direitos naturais, ou seja, os direitos que existiriam anteriormente à vida social, como os direitos à vida e à propriedade privada. Com efeito, os itens [I] e [II] devem ser classificados como corretos, enquanto o item [III] é o único incorreto. Resposta da questão 6: [C] Segundo o pensamento de John Locke, a liberdade do indivíduo é um aspecto fundamental para a sua existência, sendo também a base da vida do cidadão. Locke afirma que os indivíduos se juntam em sociedade civil com a finalidade de preservar seus direitos naturais, submetendo-se a um governo. Assim, o Estado seria soberano, no entanto, a legitimação da sua autoridade nasceria do contrato social estabelecido entre os cidadãos, que aceitariam a instituição de leis comum a todos, de modo que, para Locke, a liberdade do indivíduo em sociedade consiste na obediência às leis oriundas do Poder Legislativo. Por conseguinte, apenas os itens [II] e [III] estão corretos. Resposta da questão 7: [C] A partir da associação entre a estrutura corporal de indivíduos escravizados, o trabalho braçal realizado por eles e a suposta inaptidão para o exercício da cidadania, Aristóteles considera esse tipo de trabalho um trabalho puramente físico que dispensa o uso de atividade intelectual, legitimando, dessa forma, um aspecto de natureza cultural da ordem social vigente em sua época a partir do uso de argumentos de natureza biológica. Resposta da questão 8: [A] Aristóteles estima possuir “a ciência de uma coisa de maneira absoluta”, e não acidental ou contingente. Sendo assim, verifica-se que somente a alternativa [A] é a incorreta. Resposta da questão 9: [C] Para Hobbes, os indivíduos existiam, antes da instituição da sociedade civil, em seu estado natural, uma vez que não seguia regras morais ou sociais, sendo completamente livre em suas ações. Por isso, o nome dado por Hobbes a essa situação é “Estado de Natureza”. Resposta da questão 10: [E] Rousseau está entre os pensadores classificados como “contratualistas”, haja vista que a teoria filosófica política formulada por ele se baseia no estabelecimento de um contrato social como fundamento da organização política da vida coletiva, estabelecendo os direitos e deveres dos cidadãos e a finalidade e os limites das instituições políticas. Essa produção se dá no contexto histórico de reação contra o Antigo Regime, baseado nas monarquias absolutistas modernas. Resposta da questão 11: [E] O conjunto de ideias iluministas, assim como no século XVIII, é apresentado pelo autor como uma postura intelectual, baseada na razão e no humanismo, que possibilita aautonomia e a emancipação dos indivíduos em relação aos fundamentalismos existentes nas sociedades. Esses valores, para o autor, podem ser universalizados, apesar da sua origem europeia ocidental. Resposta da questão 12: [B] O conceito de Iluminismo advém da metáfora das luzes, ou seja, do conhecimento racional que se opõe às trevas da ignorância. Tal concepção não correspondeu somente a uma formulação teórica, mas exerceu grande influência sobre movimentos políticos, religiosos e, sobretudo, ideológicos no período.