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Transtornos Alimentares

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Emanuelly Lopes Cardoso 
Transtornos Alimentares 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Transtornos alimentares = caracterizados por uma perturbação 
persistente na alimentação ou no comportamento relacionado à 
alimentação que resulta no consumo ou na absorção alterada de 
alimentos e que compromete significativamente a saúde física ou 
o funcionamento psicossocial. 
 
Pica 
A. Ingestão persistente de substâncias não nutritivas, não 
alimentares, durante um período mínimo de um mês. 
B. A ingestão de substâncias não nutritivas, não 
alimentares, é inapropriada ao estágio de 
desenvolvimento do indivíduo. 
C. O comportamento alimentar não faz parte de uma 
prática culturalmente aceita. 
D. Se o comportamento alimentar ocorrer no contexto de 
outro transtorno mental (deficiência intelectual 
[transtorno do desenvolvimento intelectual], transtorno 
do espectro autista, esquizofrenia) ou condição médica 
(incluindo gestação), é suficientemente grave a ponto de 
necessitar de atenção clínica adicional. 
 Prevalência pouco estudada -> em indivíduos com deficiência 
intelectual = aumenta com a gravidade da condição; 
 Manifestação inicial = pode ocorrer na infância/ 
adolescência/ idade adulta -> manifestação na infância é mais 
relatada/comum; 
 Em crianças = pode ocorrer naquelas com desenvolvimento 
normal em outras áreas; 
 Adultos = mais provável acontecer naqueles com deficiências 
intelectuais ou outros transtornos mentais; 
 Ingestão de substâncias não nutritivas/ não alimentares pode 
manifestar-se na gestação -> pode ocorrer fissura específica 
(giz ou gelo) -> o diagnóstico de pica durante esse período só 
é apropriado se tais fissuras levarem à ingestão de 
substâncias não nutritivas, não alimentares, até o ponto em 
que sua ingestão representa potenciais riscos médicos; 
 Curso do transtorno = pode ser prolongado e resultar em 
emergências médicas (obstrução intestinal, perda aguda de 
peso, intoxicação); 
 O transtorno pode ser potencialmente fatal dependendo das 
substâncias ingeridas. 
Complicações 
 Deficiências de vitaminas e minerais (zinco e ferro) = 
descritas em alguns casos; 
 Complicações médicas gerais = problemas intestinais 
mecânicos + obstrução intestinal (como a que resulta de um 
bezoar) + perfuração intestinal + infecções como 
toxoplasmose e toxocaríase em decorrência da ingestão de 
fezes ou sujeira + intoxicação como pela ingestão de tinta à 
base de chumbo; 
 
Transtorno de Ruminação 
A. Regurgitação repetida de alimento durante um período mínimo de 
um mês. O alimento regurgitado pode ser remastigado, novamente 
deglutido ou cuspido. 
B. A regurgitação repetida não é atribuível a uma condição 
gastrintestinal ou a outra condição médica (refluxo gastroesofágico, 
estenose do piloro). 
C. A perturbação alimentar não ocorre exclusivamente durante o curso 
de anorexia nervosa, bulimia nervosa, transtorno de compulsão 
alimentar ou transtorno alimentar restritivo/evitativo. 
D. Se os sintomas ocorrerem no contexto de outro transtorno mental 
(deficiência intelectual [transtorno do desenvolvimento intelectual] 
ou outro transtorno do neurodesenvolvimento), eles são 
suficientemente graves para justificar atenção clínica adicional. 
Especificar se: 
o Em remissão: Depois de terem sido preenchidos os critérios 
para transtorno de ruminação, esses critérios não foram mais 
preenchidos por um período de tempo sustentado. 
 O transtorno pode ser diagnosticado durante toda a vida -> sobretudo 
em indivíduos que também apresentam deficiência intelectual; 
 Muitos indivíduos com o transtorno podem ser observados 
diretamente durante o comportamento de ruminação pelo médico -> 
outros casos -> o diagnóstico pode ser feito com base no autorrelato 
ou em informações corroborativas de pais ou cuidadores; 
 Os indivíduos podem descrever o comportamento como habitual ou 
fora de seu controle; 
 Manifestação inicial pode ocorrer em lactentes/ 
infância/adolescência/idade adulta; 
 Idade da manifestação inicial = entre 3 e 12 meses; 
 Lactentes = o transtorno cede com frequência de forma espontânea + 
seu curso pode ser prolongado e resultar em emergências médicas 
(desnutrição grave) + pode ser potencialmente fatal; 
 Pode ter um curso episódico ou ocorrer continuamente até ser 
tratado; 
 Lactentes + indivíduos mais velhos com deficiência intelectual 
(transtorno do desenvolvimento intelectual) ou outros transtornos do 
neurodesenvolvimento -> o comportamento de regurgitação e 
ruminação parece ter uma função calmante e estimulante semelhante 
à de outros comportamentos motores repetitivos, como balançar a 
cabeça ritmicamente. 
Complicações 
 Desnutrição secundária à regurgitação repetida = associada ao atraso 
no crescimento + pode ter efeito negativo no desenvolvimento e 
aprendizagem; 
 Indivíduos mais velhos = restringem deliberadamente a ingestão de 
alimentos em virtude do aspecto socialmente indesejável da 
regurgitação -> Eles podem apresentar-se com perda ponderal ou 
baixo peso; 
 Crianças mais velhas + adolescentes + adultos -> o funcionamento 
social tende a ser afetado de forma mais adversa. 
 
Transtorno Alimentar Restritivo/Evitativo 
A. Uma perturbação alimentar (falta aparente de interesse na alimentação ou em alimentos + esquiva 
baseada nas características sensoriais do alimento + preocupação acerca de consequências 
aversivas alimentar) manifestada por fracasso persistente em satisfazer as necessidades 
nutricionais e/ou energéticas apropriadas associada a um (ou mais) dos seguintes aspectos: 
1. Perda de peso significativa (ou insucesso em obter o ganho de peso esperado ou atraso de 
crescimento em crianças). 
2. Deficiência nutricional significativa. 
3. Dependência de alimentação enteral ou suplementos nutricionais orais. 
4. Interferência marcante no funcionamento psicossocial. 
B. A perturbação não é mais bem explicada por indisponibilidade de alimento ou por uma prática 
culturalmente aceita. 
C. A perturbação alimentar não ocorre exclusivamente durante o curso de anorexia nervosa ou 
bulimia nervosa, e não há evidência de perturbação na maneira como o peso ou a forma corporal é 
vivenciada. 
D. A perturbação alimentar não é atribuível a uma condição médica concomitante ou mais bem 
explicada por outro transtorno mental. Quando a perturbação alimentar ocorre no contexto de 
uma outra condição ou transtorno, sua gravidade excede a habitualmente associada à condição ou 
ao transtorno e justifica atenção clínica adicional. 
Especificar se: 
o Em remissão: Depois de terem sido preenchidos os critérios para transtorno alimentar 
restritivo/ evitativo, esses critérios não foram mais preenchidos por um período de tempo 
sustentado. 
 Evitação + restrição alimentar = associadas a ingestão insuficiente ou falta de interesse em 
alimentar-se desenvolvem-se mais comumente na fase de lactente ou na primeira infância + 
podem persistir na idade adulta; 
 Evitação baseada em características sensoriais dos alimentos tende a surgir na primeira década de 
vida -> mas pode persistir na idade adulta; 
 Evitação relacionada a consequências aversivas pode surgir em qualquer idade; 
 Consequências em longo prazo -> evitação ou restrição alimentar baseada em aspectos sensoriais 
é relativamente estável e duradoura + quando persiste na idade adulta pode estar associada a um 
funcionamento relativamente normal; 
 Crianças com transtorno alimentar restritivo/evitativo podem ser irritadiças + difíceis de consolar 
durante a amamentação ou parecer apáticas e retraídas; 
 A ingesta nutricional inadequada pode exacerbar as características associadas (irritabilidade + 
atrasos no desenvolvimento) + contribui ainda mais para dificuldades de alimentação; 
 Bebês + crianças + adolescentes pré-puberais -> o transtorno pode estar associado a atrasos do 
crescimento + a desnutrição resultante tem o potencial de afetar negativamenteo 
desenvolvimento e a aprendizagem; 
 Crianças mais velhas + adolescentes + adultos -> o funcionamento social tende a ser afetado de 
maneira adversa; 
 Independentemente da idade, a função familiar pode ser afetada, com mais carga de estresse às 
refeições e a outros contextos de alimentação envolvendo amigos e familiares; 
 O transtorno alimentar restritivo/evitativo manifesta-se mais comumente em crianças do que em 
adultos + pode haver uma grande demora entre a manifestação inicial e a apresentação clínica; 
 Fatores que desencadeiam a apresentação variam consideravelmente e incluem dificuldades 
físicas, sociais e emocionais. 
Complicações 
 Limitações funcionais e associadas ao desenvolvimento incluem: prejuízo do desenvolvimento 
físico + dificuldades sociais que podem ter um impacto negativo significativo no funcionamento 
familiar. 
 
Emanuelly Lopes Cardoso 
 
 
Outro Transtorno Alimentar Especificado 
 Categoria diagnóstica utilizada para condições 
alimentares que podem causar sofrimento, mas que 
não satisfazem plenamente os critérios para um 
transtorno alimentar classificado; 
Síndrome do Comer Noturno 
 Caracterizada pelo consumo excessivo de alimentos 
depois de uma refeição noturna; 
 O indivíduo em geral tem pouco apetite durante o dia 
e sofre de insônia 
 Ocorre em aproximadamente 2% da população em 
geral -> prevalência mais elevada em pacientes com 
insônia + obesidade (10-15%) + transtornos 
alimentares + outros transtornos psiquiátricos; 
 Começa no início da idade adulta; 
 Relacionada com os hormônios melatonina + leptina + 
grelina + cortisol; 
 Características genéticas -> pacientes com a síndrome 
têm probabilidade 5x maior de ter um parente em 
primeiro grau com a mesma condição; 
 Diagnóstico = episódios recorrentes de hiperfagia ou 
ingestão noturna + falta de desejo por comida pela 
manhã + insônia + sintomas devem persistir por pelo 
menos 3 meses e não podem ser secundários a outras 
condições clínicas ou mentais; 
 Pacientes com a síndrome do comer noturno em geral 
consomem uma grande porção de sua ingestão 
calórica diária após a refeição da noite + possuem 
maior probabilidade de acordar durante a noite e de 
comer ao acordar; 
 A ingestão noturna tende a ocorrer durante o sono do 
movimento não rápido dos olhos (não REM) e costuma 
ser de curta duração; 
 Os pacientes também têm tendência a baixa eficiência 
do sono e acreditam que só conseguem dormir se 
comerem; 
 Humor deprimido é comum entre os pacientes, 
especialmente durante a noite e a madrugada. 
Transtorno de Purgação 
 Caracterizado pelo comportamento recorrente de 
purgação depois de consumir uma pequena 
quantidade de alimento em pessoas de peso normal 
que têm uma visão distorcida de seu peso ou de sua 
imagem corporal; 
 O comportamento de purgação inclui vômito 
autoinduzido e abuso de laxantes, enemas e diuréticos; 
 Para fazer o diagnóstico o comportamento não deve 
estar associado com anorexia nervosa; 
 O transtorno de purgação é diferenciado da bulimia 
nervosa porque o comportamento de purgação ocorre 
depois da ingestão de pequenas quantidades de 
comida ou líquido, e não em consequência de um 
episódio de ingestão compulsiva; 
 Os episódios de ingestão compulsiva devem ocorrer 
pelo menos uma vez por semana durante um período 
de três meses antes que o diagnóstico seja feito. 
 
 
Transtorno de Compulsão Alimentar 
 Indivíduos engajados em compulsão alimentar recorrente, ingerindo uma quantidade anormalmente grande de comida em curto período de tempo; 
 Pacientes não apresentam comportamento compensatório inapropriado após um episódio de compulsão alimentar (uso de laxantes) -> diferente da bulimia nervosa; 
 Episódios de compulsão ocorrem privadamente + incluem alimentos com alto teor calórico = ao acontecerem a pessoa sente que não consegue controlar sua ingestão; 
 Transtorno alimentar mais comum -> aparece em aproximadamente 25% dos pacientes que procuram atenção médica para obesidade e em 50 a 75% daqueles com obesidade grave 
(IMC > 40); 
 Mais comum em mulheres (4%) do que em homens (2%). 
 Etiologia = desconhecida -> estilos de personalidade impulsiva + extrovertida + pessoas que começam uma dieta com teor muito baixo de calorias = associadas ao transtorno; 
 Também pode ocorrer compulsão alimentar durante períodos de estresse -> ela pode ser usada para reduzir a ansiedade ou aliviar humor deprimido; 
 Para o diagnóstico de transtorno de compulsão alimentar, os episódios de compulsão devem ser caracterizados por quatro aspectos: 
(1) Comer de modo mais rápido do que o normal e até se sentir desconfortavelmente saturado; 
(2) Comer grandes quantidades de alimento na ausência da sensação física de fome; 
(3) Comer sozinho; 
(4) Sentir-se culpado ou desgostoso com o episódio; 
** Esses episódios devem ocorrer ao menos uma vez por semana durante três meses. 
 Aproximadamente metade dos indivíduos com transtorno de compulsão alimentar é obesa + indivíduos obesos com transtorno de compulsão alimentar têm um início mais precoce de 
obesidade do que aqueles sem o transtorno; 
 Existe maior probabilidade de pacientes com esse transtorno terem uma história de peso instável com episódios frequentes de oscilação do peso (ganho ou perda de mais de 10 kg); 
 O transtorno pode estar associado à insônia + menarca precoce + dor no pescoço ou no ombro e na região lombar + dor muscular crônica + transtornos metabólicos; 
 Transtorno de compulsão alimentar e bulimia nervosa compartilham a mesma característica central de compulsão alimentar recorrente -> o transtorno de compulsão alimentar é distinto 
da bulimia nervosa porque os pacientes com transtorno de compulsão alimentar não reportam comportamento compensatório recorrente como vômito + abuso de laxante + dieta 
excessiva; 
 Esse transtorno é distinto da anorexia nervosa porque os pacientes não exibem um ímpeto excessivo por magreza e têm peso normal ou são obesos; 
 A prevalência do transtorno de compulsão alimentar é mais elevada em populações acima do peso (3%) do que na população em geral (aproximadamente 2%); 
 Indivíduos obesos com transtorno de compulsão alimentar têm maior ingestão calórica durante episódios de compulsão e não compulsão + maior patologia do transtorno alimentar (mais 
ingestão emocional, hábitos alimentares caóticos) + taxas mais altas de transtornos psiquiátricos co-mórbidos; 
 Esse transtorno é mais prevalente nas famílias do que a obesidade. 
 Obesidade grave = efeito de longo prazo em mais de 3% dos indivíduos com o transtorno; 
Tratamento 
Psicoterapia 
 TCC = TTO psicológico mais efetivo para o transtorno de compulsão alimentar -> leva a reduções na compulsão alimentar e nos problemas associados (depressão); 
 TCC combinada com tratamentos psicofarmacológicos (ISRSs) = mostra melhores resultados do que isoladamente; 
 Exercícios demonstraram reduzir a compulsão alimentar quando associados com TCC; 
 Psicoterapia interpessoal = demonstrou ser eficaz no tratamento do transtorno compulsivo alimentar -> a terapia foca mais nos problemas interpessoais que contribuem para o 
transtorno em vez de nos distúrbios do comportamento alimentar; 
Grupos de mútua ajuda 
 Comedores Compulsivos Anônimos (CCA) = úteis para pacientes com transtorno de compulsão alimentar; 
 Tratamento de obesidade moderada -> organizações como os Vigilantes do Peso podem ser extremamente úteis + não envolvem modismos comuns ou soluções rápidas. 
Farmacoterapia 
 Sintomas de compulsão alimentar podem se beneficiar de tratamento medicamentoso com diversos ISRSs + desipramina + imipramina + sibutramina; 
 Medicamentos ISRSs que demonstraram melhora no humor + na compulsão alimentar = fluvoxamina + citalopram + sertralina; 
 Tratamento com ISRSs em alta dose (fluoxetina 60 a 100 mg) com frequência = resulta inicialmente em perda de peso -> a perda de peso em geral é de curta duração, mesmo quando o 
medicamento era continuado + o pesoretorna quando o uso é descontinuado; 
 Anfetamina + drogas semelhantes a anfetamina podem ajudar = pouca utilidade a longo prazo; 
 Medicamentos adicionados à TCC são mais eficazes do que o medicamento isoladamente; 
o TCC tem melhores resultados do que fluvoxamina ou desipramina como monoterapia para o transtorno de compulsão alimentar -> quando TCC foi usada em combinação com 
esses agentes é constatada maior melhora em termos de perda de peso (comparada ao uso isolado de TCC). 
 
Emanuelly Lopes Cardoso 
 
 
Anorexia Nervosa 
Conceito + Epidemiologia 
 Síndrome caracterizada por 3 critérios essenciais: 
1. Inanição autoinduzida até um grau significativo 
(um comportamento); 
2. Busca incessante por magreza ou medo mórbido 
de engordar (psicopatologia); 
3. Presença de sinais e sintomas resultante da 
inanição (sintomatologia fisiológica); 
 Pode estar associada a distúrbios da imagem corporal -
> indivíduo acha que é grande apesar da inanição 
médica óbvia; 
 A distorção da imagem corporal é perturbadora 
quando presente -> não é patognomônica ou invariável 
ou necessária para o diagnóstico; 
 Subtipos de anorexia nervosa (2): restritiva e 
compulsão alimentar purgativa -> em ambos o tema é 
a ênfase altamente desproporcional colocada na 
magreza como uma fonte vital = única fonte de 
autoestima -> o peso + a forma física = preocupação 
principal e desgastante (toma conta dos pensamentos 
+ humor + comportamento durante o dia inteiro); 
 Aproximadamente 50% das pessoas anoréxicas irá 
perder peso reduzindo de forma drástica sua ingestão 
alimentar + a outra metade fará dieta e se envolverá 
em compulsão alimentar seguida de comportamentos 
purgativos; 
 Alguns pacientes rotineiramente purgam depois de 
ingerir pequenas quantidades de comida; 
 Mais prevalente em mulheres do que em homens + em 
geral tem início na adolescência; 
 Questões psicológicas relacionadas a sentimentos de 
desamparo + dificuldade em estabelecer autonomia = 
sugeridas como contribuintes para o desenvolvimento 
da condição; 
 Podem ocorrer sintomas bulímicos como um 
transtorno separado (bulimia nervosa) ou como parte 
da anorexia nervosa -> as pessoas com um dos 
transtornos são excessivamente preocupadas com o 
peso, alimentos e a forma do corpo; 
 O desfecho da anorexia nervosa varia de uma 
recuperação espontânea a um curso com aumento e 
diminuição na intensidade até a morte; 
 Época mais comum de início = metade da adolescência 
+ até 5% dos pacientes tem o início no começo da 2ª 
década de vida; 
 Idade mais comum de início = entre 14 e 18 anos -> 
estima-se que a anorexia nervosa ocorra em 
aproximadamente 0,5 a 1% das meninas adolescentes; 
 10-20x mais frequente em mulheres do que em 
homens; 
 Mais frequente em países desenvolvidos + pode ser 
mais observado entre mulheres jovens em profissões 
que requerem magreza (modelo ou bailarina); 
Etiologia 
 Fatores biológicos + sociais + psicológicos estão 
implicados nas causas de anorexia nervosa; 
 Taxas mais elevadas de concordância nos 
gêmeos homozigóticos do que nos gêmeos 
dizigóticos; 
 Irmãs de pacientes com anorexia nervosa têm 
probabilidade de ser afetadas -> essa associação 
pode refletir influências sociais mais do que 
fatores genéticos; 
 Neuroquimicamente = turnover + atividade 
reduzida da norepinefrina são sugeridos pelos 
níveis reduzidos de 3-metóxi-4-hidroxifenilglicol 
(MHPG) na urina e no líquido cerebrospinal 
(LCS) de alguns pacientes com anorexia nervosa; 
 Relação inversa é vista entre MHPG e depressão 
nesses pacientes + um aumento no MHPG está 
associado a uma redução na depressão; 
 
Critérios Diagnósticos 
A. Restrição da ingesta calórica em relação às necessidades, 
levando a um peso corporal significativamente baixo no 
contexto de idade, gênero, trajetória do desenvolvimento 
e saúde física. Peso significativamente baixo é definido 
como um peso inferior ao peso mínimo normal ou, no 
caso de crianças e adolescentes, menor do que o 
minimamente esperado. 
B. Medo intenso de ganhar peso ou de engordar, ou 
comportamento persistente que interfere no ganho de 
peso, mesmo estando com peso significativamente baixo. 
C. Perturbação no modo como o próprio peso ou a forma 
corporal são vivenciados, influência indevida do peso ou 
da forma corporal na autoavaliação ou ausência 
persistente de reconhecimento da gravidade do baixo 
peso corporal atual. 
Determinar o subtipo: 
o Tipo restritivo: Durante os últimos três meses, o indivíduo 
não se envolveu em episódios recorrentes de compulsão 
alimentar ou comportamento purgativo (vômitos 
autoinduzidos ou uso indevido de laxantes, diuréticos ou 
enemas) + esse subtipo descreve apresentações nas quais 
a perda de peso seja conseguida essencialmente por meio 
de dieta, jejum e/ou exercício excessivo; 
o Tipo compulsão alimentar purgativa: Nos últimos três 
meses, o indivíduo se envolveu em episódios recorrentes 
de compulsão alimentar purgativa (vômitos autoinduzidos 
ou uso indevido de laxantes, diuréticos ou enemas). 
Especificar se: 
o Em remissão parcial: Depois de terem sido preenchidos 
previamente todos os critérios para anorexia nervosa, o 
Critério A (baixo peso corporal) não foi mais satisfeito por 
um período sustentado, porém ou o Critério B (medo 
intenso de ganhar peso ou de engordar ou 
comportamento que interfere no ganho de peso), ou o 
Critério C (perturbações na autopercepção do peso e da 
forma) ainda está presente. 
o Em remissão completa: Depois de terem sido preenchidos 
previamente todos os critérios para anorexia nervosa, 
nenhum dos critérios foi mais satisfeito por um período 
sustentado. 
Especificar a gravidade atual: 
o O nível mínimo de gravidade baseia-se, em adultos, no 
índice de massa corporal (IMC) atual ou, para crianças e 
adolescentes, no percentil do IMC. 
o Os intervalos abaixo são derivados das categorias da 
Organização Mundial da Saúde para baixo peso em 
adultos; para crianças e adolescentes, os percentis do IMC 
correspondentes devem ser usados. 
o O nível de gravidade pode ser aumentado de maneira a 
refletir sintomas clínicos, o grau de incapacidade funcional 
e a necessidade de supervisão. 
 Leve: IMC ≥ 17 kg/m² 
 Moderada: IMC 16-16,99 kg/m² 
 Grave: IMC 15-15,99 kg/m² 
 Extrema: IMC < 15 kg/m² 
 
Características clínicas 
 A anorexia nervosa está presente quando: 
(1) O indivíduo voluntariamente reduz e mantém um 
grau doentio de perda de peso ou não consegue 
ganhar peso proporcional ao crescimento; 
(2) O indivíduo experimenta um medo intenso de 
engordar, tem uma busca incessante por magreza 
apesar da inanição médica óbvia, ou ambos; 
(3) O indivíduo experimenta sintomatologia médica 
significativa relacionada à inanição, de forma 
frequente, mas não exclusiva, funcionamento 
anormal do hormônio reprodutivo, mas também 
hipotermia, bradicardia, ortostase e reservas de 
gordura corporal severamente reduzidas; 
(4) Os comportamentos e a psicopatologia estão 
presentes por pelo menos três meses; 
Se o paciente estiver vomitando uma alcalose hipocalêmica 
pode estar presente + na maioria dos pacientes está 
desidratada = os níveis de eletrólitos séricos devem ser 
determinados no início e periodicamente + poderá ser 
necessária hospitalização para lidar com as complicações 
clínicas. 
Curso E Prognóstico 
 Curso = varia muito -> o paciente pode 
apresentar recuperação espontânea sem TTO 
ou recuperação depois de uma variedade de 
TTOs ou curso flutuante de ganhos de peso 
seguido por recaída ou curso de deterioração 
gradual resultando em morte causada por 
complicações da inanição; 
 Pacientes com subtipo restritivo possuem 
menor probabilidade de se recuperar do que 
pacientes com subtipo de compulsão alimentar-
purgação; 
 Pacientes que recuperaram peso suficiente com 
frequência continuam a ter preocupação com 
alimentos + com seu peso corporal + têm 
relações sociais pobres + exibem depressão; 
 Prognóstico não é bom -> variaçãona taxa de 
mortalidade = 5-18%; 
 Indicadores de resultado favorável = admissão 
da fome + redução da negação e imaturidade + 
melhora na autoestima; 
 Fatores como neuroticismo infantil + conflito 
parental + bulimia nervosa + vômitos + abuso de 
laxativos + várias manifestações 
comportamentais (sintomas obsessivo-
compulsivos, histéricos, depressivos, 
psicossomáticos, neuróticos e de negação) = 
relacionados a um mau prognóstico; 
 Aproximadamente 50% das pacientes com 
anorexia nervosa acabará tendo os sintomas de 
bulimia -> geralmente no primeiro ano após o 
início da anorexia. 
 
Subtipos 
Restrição alimentar 
 Presente em 50% dos casos 
 Ingestão alimentar = muito restrita (em geral com 
tentativas de consumir menos de 300 a 500 calorias por 
dia e nenhum grama de gordura) 
 Paciente pode ser incansável + compulsivamente 
hiperativo + com lesões esportivas por esforço excessivo; 
 Pacientes com traços obsessivo-compulsivos em relação a 
comida e outros assuntos; 
Purgação 
 Indivíduos alternam tentativas de dieta rigorosa com 
compulsão intermitente ou episódios de purgação; 
 A purgação representa uma compensação secundária para 
as calorias indesejadas + muitas vezes realizada por meio 
de vômito autoinduzido + uso de laxantes + menos 
frequentemente por diuréticos + algumas vezes com 
eméticos; 
 Existem casos de purgação repetitiva sem compulsão 
alimentar prévia, após a ingestão de bem poucas calorias; 
 Indivíduos com compulsão e purgação são propensos a ter 
famílias nas quais alguns membros são obesos + eles 
mesmos têm histórias de maior peso corporal antes do 
transtorno do que as pessoas com o tipo restritivo; 
 Pessoas com compulsão alimentar-purgação têm maior 
probabilidade de estar associadas a abuso de substância + 
transtornos do controle de impulsos + transtornos da 
personalidade; 
 Algumas com anorexia nervosa podem purgar, mas não 
têm compulsão; 
Ambos os tipos podem ser socialmente isolados + com 
sintomas de transtorno depressivo + diminuição do interesse 
sexual + exercício em excesso e traços perfeccionistas são 
comuns em ambos os tipos; 
 
Emanuelly Lopes Cardoso 
 
 
Diagnóstico Diferencial 
 DD da anorexia nervosa = complicado pela negação dos sintomas 
por parte das pacientes + pelo sigilo em torno de seus rituais 
alimentares + por sua resistência em procurar tratamento + 
pode ser difícil identificar o mecanismo da perda de peso + os 
pensamentos ruminativos associados da paciente sobre 
distorções da imagem corporal; 
 Clínicos devem averiguar se o paciente tem alguma doença 
clínica que possa justificar a perda de peso (tumor cerebral ou 
câncer); 
 Perda de peso + comportamentos alimentares peculiares + 
vômitos = podem ocorrer em diversos transtornos mentais; 
 Transtornos depressivos + anorexia nervosa = tem várias 
características em comum -> sentimentos depressivos + crises de 
choro + distúrbios do sono + ruminações obsessivas + 
pensamentos suicidas ocasionais + os dois transtornos têm 
várias características distintivas: 
o Paciente com transtorno depressivo tem apetite reduzido 
+ paciente com anorexia nervosa afirma ter apetite 
normal e sentir fome (somente nos estágios graves as 
pacientes realmente possuem redução no apetite); 
o Pacientes depressivos = agitação depressiva + pacientes 
com anorexia = hiperatividade planejada e ritualística; 
o Preocupação com receitas + conteúdo calórico dos 
alimentos + preparo de banquetes gourmet = típica de 
pacientes com anorexia nervosa, mas está ausente nos 
que sofrem de um transtorno depressivo; 
o Transtornos depressivos = os pacientes não têm medo 
intenso da obesidade ou perturbação da imagem 
corporal; 
 Flutuações no peso + vômitos + manejo peculiar do alimento = 
podem ocorrer no transtorno de sintomas sintomáticos; 
o Raras vezes uma paciente preenche os critérios 
diagnósticos tanto para transtorno de sintomas somáticos 
como para anorexia nervosa -> nesse caso, os dois 
diagnósticos devem ser feitos; 
o A perda de peso no transtorno de sintomas somáticos 
não é tão grave quanto na anorexia nervosa + nem uma 
paciente com transtorno de sintomas somáticos expressa 
um temor mórbido de se tornar obesa, como é comum 
naquelas com anorexia nervosa; 
o Amenorreia por três meses ou mais é incomum no 
transtorno de sintomas somáticos; 
 Esquizofrenia = nesses pacientes os delírios sobre comida 
raramente estão relacionados ao conteúdo calórico + é mais 
provável que acredite que o alimento esteja envenenado + esses 
indivíduos raramente têm preocupação com a possibilidade de 
se tornarem obesos + não apresentam a hiperatividade que é 
vista naqueles com anorexia nervosa + pacientes com 
esquizofrenia têm hábitos alimentares bizarros, mas não a 
síndrome inteira da anorexia nervosa; 
 A anorexia nervosa deve ser diferenciada da Bulimia nervosa = 
transtorno no qual ocorre compulsão alimentar episódica, 
seguida de humor deprimido, pensamentos autodepreciativos e 
vômito autoinduzido, enquanto os pacientes mantêm seu peso 
em uma variação normal + pacientes com bulimia nervosa 
raramente perdem 15% de seu peso, mas as duas condições com 
frequência coexistem. 
 
Tratamento 
Em vista das complicadas implicações psicológicas e médicas da anorexia nervosa, é 
recomendado um plano de tratamento abrangente, incluindo hospitalização (quando 
necessário) + terapia individual e familiar -> são usadas abordagens: comportamental + 
interpessoal + cognitiva -> podendo ser indicada medicação. 
Hospitalização 
 Primeira preocupação no TTO da AN = recuperar o estado nutricional das pacientes -> 
desidratação + inanição + desequilíbrio eletrolítico = podem comprometer a saúde + levar a 
morte; 
 Decisão de hospitalizar uma paciente = condição médica da paciente + quantidade de 
estrutura necessária para assegurar sua cooperação; 
 Programas com internação hospitalar 
o Pacientes com AN que estejam 20% abaixo do peso esperado para sua altura 
 Pacientes com 30% abaixo do esperado = hospitalização psiquiátrica por 2-6 meses; 
 Programas com internação psiquiátrica 
o Usam combinações de uma abordagem de manejo comportamental + psicoterapia 
individual + educação + terapia familiar + medicamentos psicotrópicos (alguns 
casos); 
o Sucesso do TTO = promovido pela habilidade dos membros da equipe de manter 
uma abordagem firme + apoiadora das pacientes, por meio de combinação de 
reforçadores positivos (elogio) + reforços negativo (restrição de exercícios); 
o É necessário flexibilidade -> individualização do tratamento que atenda às 
necessidades + capacidades cognitivas das pacientes; 
o Pacientes -> devem ser participantes abertas ao TTO que haja sucesso a longo prazo 
-> a maioria não está interessada em TTO psiquiátrico + resiste a ela -> vão ao 
médico contrariadas e levadas por parentes ou amigos -> as pacientes raramente 
aceitam a recomendação de hospitalização sem discutir ou criticar o programa 
proposto; 
o Enfatizar os benefícios = alívio da insônia e dos sinais e sintomas depressivos -> 
internação voluntária; 
o Apoio + confiança dos parentes no médio e na equipe = essenciais quando devem 
ser executadas recomendações rigorosas; 
o Internação compulsória ou involuntária deve ser feita somente quando houver risco 
de morte em razão de complicações da desnutrição; 
Manejo hospitalar 
As considerações a seguir aplicam-se ao manejo geral de pacientes com AN durante um 
programa de tratamento com hospitalização: 
 As pacientes devem ser pesadas diariamente -> início da manhã depois de esvaziarem a 
bexiga; 
 Ingestão diária de líquidos + débito urinário -> devem ser registrados; 
 Episódios de vômitos -> monitorar os níveis séricos de eletrólitos + atentar para 
hipocalcemia; 
 Como o alimento é com frequência regurgitado depois das refeições, a equipe deve 
controlar o vômito tornando o banheiro inacessível por pelo menos 2 horas após as 
refeições ou com o acompanhamento de um atendente no banheiro para impedir aoportunidade de vomitar; 
 Constipação melhora quando as pacientes começam a comer normalmente -> às vezes 
podem ser dados amaciantes de fezes (nunca laxativos); 
 Diarreia = pacientes fazendo uso clandestino de laxativos; 
 Rara complicação de dilatação do estômago + possibilidade de sobrecarga circulatória 
quando as pacientes começam a ingestão imediata de uma quantidade enorme da calorias -
> equipe hospitalar deve lhes dar cerca de 500 calorias acima da quantidade necessária para 
manter seu peso atual (via de regra 1.500 a 2.000 calorias por dia) -> deve-se distribuir as 
colorias em 6 refeições durante todo o dia; 
 Suplemento alimentar líquido (Sustagem) -> pacientes ficam menos apreensivas com o fato 
de ganharem peso lentamente com a fórmula; 
 Depois que recebem alta do hospital, os clínicos costumam achar necessário continuar com 
supervisão ambulatorial dos problemas identificados nas pacientes e em suas famílias. 
 
Psicoterapia 
Terapia cognitivo-comportamental 
 Pode ser aplicada no contexto hospitalar ou ambulatorial + são eficazes para 
indução de ganho de peso; 
 Monitoramento = essencial -> pacientes são ensinadas a monitorar sua 
ingestão alimentar + seus sentimentos e emoções + comportamentos de 
compulsão e purga + seus problemas nas relações interpessoais; 
 Aprendem a reestruturação cognitiva para identificar pensamentos 
automáticos e desafiar suas crenças pessoais; 
 Solução de problemas = método específico em que aprendem a refletir e a 
criar estratégias para lidar com seus problemas interpessoais e relacionados 
à comida + a vulnerabilidade das pacientes em depender do comportamento 
anoréxico como um meio de enfrentamento pode ser trabalhada se 
conseguirem aprender a usar essas técnicas de forma eficaz. 
Psicoterapia dinâmica 
 Psicoterapia dinâmica suportiva-expressiva -> usada no TTO de pacientes 
com AN (a resistência torna o processo dificil + trabalhoso); 
 Pacientes que encaram seus sintomas como a essência de sua 
excepcionalidade -> terapeutas devem evitar o investimento excessivo em 
tentar mudar o comportamento alimentar; 
 Fase inicial do processo psicoterápico = deve ser direcionada para o 
desenvolvimento de uma aliança terapêutica -> as pacientes podem 
vivenciar interpretações precoces como se outra pessoa estivesse lhes 
dizendo o que realmente sentem e minimizando e invalidando suas próprias 
experiências; 
 Terapeutas que empatizam com o ponto de vista das pacientes e assumem 
um interesse ativo no que elas pensam e sentem lhes transmitem a noção de 
que sua autonomia é respeitada; 
 Os psicoterapeutas devem ser flexíveis + persistentes + estáveis diante das 
tendências das pacientes a frustrar os esforços empregados para ajudá-las. 
Terapia familiar 
 Análise familiar = deve ser realizada com todos os pacientes com AN que 
morem com suas famílias -> base para um julgamento clínico sobre o tipo de 
terapia ou aconselhamento familiar recomendado; 
 Quando a terapia familiar não é possível os aspectos das relações familiares 
podem ser abordados na terapia individual; 
 Sessões de aconselhamento breves com os membros da família imediata é a 
dimensão necessária da terapia familiar. 
Farmacoterapia 
 Estudos farmacológicos ainda não identificaram medicamentos que 
produzam uma melhora definitiva dos sintomas centrais da anorexia 
nervosa; 
 Alguns relatos apoiam o uso de ciproeptadina = droga com propriedades 
anti-histamínicas e antisserotonérgicas -> para pacientes com o tipo 
restritivo de anorexia nervosa + também foi reportado algum benefício com 
amitriptilina; 
 Medicamentos que foram experimentados por pacientes com AN com 
resultados variáveis incluem clomipramina, pimozida e Clorpromazina; 
 Fluoxetina = em alguns relatos houve de ganho de peso + agentes 
serotonérgicos podem produzir respostas positivas em alguns casos; 
 Pacientes com AN + transtornos depressivos coexistentes -> a condição 
depressiva deve ser tratada; 
 Preocupações acerca do uso de drogas tricíclicas em pacientes deprimidas e 
de baixo peso com anorexia nervosa = estes pacientes podem ser 
vulneráveis a hipotensão, arritmia cardíaca e desidratação; 
 Depois que foi atingido um estado nutricional adequado, o risco de efeitos 
adversos graves por drogas tricíclicas pode reduzir + em algumas pacientes, 
a depressão melhora com o ganho de peso e com o estado nutricional 
normalizado. 
 
Emanuelly Lopes Cardoso 
 
 
 
 
 
 
Bulimia Nervosa 
Conceito e Epidemiologia 
 BN = episódios de compulsão alimentar 
+ formas inapropriadas de interromper o 
ganho de peso; 
 Desconforto físico (dor abdominal ou 
náusea) interrompe a compulsão 
alimentar que é acompanhada de 
sentimentos de culpa + depressão + 
autoindignação; 
 Pacientes com BN em geral mantêm um 
peso corporal normal; 
 Para algumas pacientes a BN é uma 
tentativa fracassada de AN = 
compartilham o objetivo de ficarem 
muito magras -> mas essas pacientes 
possuem menos capacidade de manter 
uma semi-inanição prolongada ou fome 
extrema; 
 Para algumas pacientes a compulsão 
alimentar é = ingestão forçada de ceder 
aos ataques de fome gerados pelo 
esforço de restringir a ingestão visando 
manter um nível de magreza 
socialmente desejável + outras usam a 
compulsão alimentar como forma de se 
automedicar em momentos de 
sofrimento emocional; 
 Independentemente da razão = a 
compulsão alimentar provoca pânico 
quando os indivíduos percebem que sua 
ingestão alimentar está fora de controle 
+ a compulsão alimentar indesejada leva 
a tentativas secundárias de evitar o 
ganho de peso temido por meio de uma 
variedade de comportamentos 
compensatórios (purgação ou exercícios 
em excesso); 
 BN = mais prevalente do que a AN + 
estimativas variam de 1-4% em mulheres 
jovens; 
 BN = mais comum em mulheres + início 
costuma ser no fim da adolescência e 
começo da idade adulta; 
 Cerca de 20% das estudantes 
universitárias experimentam sintomas 
bulímicos transitórios em algum 
momento durante a época da 
universidade; 
 Frequentemente presente em mulheres 
jovens com peso normal -> pode estar 
presentes naquelas com história de 
obesidade; 
 Países industrializados -> prevalência de 
1% na população geral. 
Etiologia 
Fatores biológicos 
 Associação dos ciclos de compulsão e purgação com 
neurotransmissores -> antidepressivos beneficiam 
pacientes com BN + serotonina está associada à saciedade -
> serotonina + norepinefrina foram implicadas; 
 Os níveis plasmáticos de endorfina são elevados em 
algumas pacientes com BN que vomitam -> sentimento de 
bem-estar após o vômito pode ser mediado pela elevação 
dos níveis de endorfina; 
 Frequência aumentada de BN em parentes de 1ºgrau de 
pessoas com o transtorno; 
 Pesquisas recentes usando exame de imagem por 
ressonância magnética (RM) sugerem que o comer 
excessivo na bulimia nervosa pode resultar de uma 
percepção exagerada dos sinais de fome relacionados ao 
gosto doce mediados pela região insular anterior direita do 
cérebro. 
Fatores sociais 
 Pacientes com BN tendem a ser pessoas com alto 
desempenho e a respondem às pressões sociais de ser 
esbeltas + são deprimidas + tem maior depressão familiar; 
 As famílias de pessoas com BN em geral são menos 
próximas + conflituosas (comparadas com as de AN) -> 
pacientes descrevem seus pais como negligentes ou 
rejeitadores. 
Fatores psicológicos 
 Pacientes com BN tem dificuldades com as demandas da 
adolescência + são extrovertidas + irritadas + impulsivas do 
que aquelas com AN; 
 Dependência de álcool + furtos em lojas + labilidade 
emocional (incluindo tentativas de suicídio) estão 
associados com bulimia; 
 Essas pessoas em geral experimentam seu hábito de comer 
descontrolado como mais egodistônico do que as com 
anorexia e procuram ajuda mais prontamente; 
 Pacientes com bulimia nervosa carecem do controle do 
superego e da força de ego das suas contrapartidas com 
anorexia nervosa; 
 Suas dificuldades nocontrole dos impulsos são 
manifestadas por dependência de substância + relações 
sexuais autodestrutivas + compulsão alimentar e purga que 
caracterizam o transtorno; 
 Muitas pacientes com bulimia nervosa têm história de 
dificuldades de separação dos cuidadores, manifestadas 
pela ausência de objetos transicionais durante seus 
primeiros anos na infância + essas pacientes usam o próprio 
corpo como objeto transicional; 
 O esforço pela separação de uma figura materna é 
encenado na ambivalência em relação à comida = comer 
representa um desejo de se fundir com o cuidador + 
regurgitar expressa inconscientemente um desejo de 
separação. 
 
Critérios Diagnósticos 
A. Episódios recorrentes de compulsão alimentar. Um 
episódio de compulsão alimentar é caracterizado 
pelos seguintes aspectos: 
1. Ingestão, em um período de tempo 
determinado (dentro de cada período de 
duas horas), de uma quantidade de 
alimento definitivamente maior do que a 
maioria dos indivíduos consumiria no 
mesmo período sob circunstâncias 
semelhantes. 
2. Sensação de falta de controle sobre a 
ingestão durante o episódio (sentimento 
de não conseguir parar de comer ou 
controlar o que e o quanto está 
ingerindo). 
B. Comportamentos compensatórios inapropriados 
recorrentes a fim de impedir o ganho de peso, 
como vômitos autoinduzidos; uso indevido de 
laxantes, diuréticos ou outros medicamentos; 
jejum; ou exercício em excesso. 
C. A compulsão alimentar e os comportamentos 
compensatórios inapropriados ocorrem, em média, 
no mínimo uma vez por semana durante três 
meses. 
D. A autoavaliação é indevidamente influenciada pela 
forma e pelo peso corporais. 
E. A perturbação não ocorre exclusivamente durante 
episódios de anorexia nervosa. 
Especificar se: 
o Em remissão parcial: Depois de todos os critérios 
para bulimia nervosa terem sido previamente 
preenchidos, alguns, mas não todos os critérios, 
foram preenchidos por um período de tempo 
sustentado. 
o Em remissão completa: Depois de todos os critérios 
para bulimia nervosa terem sido previamente 
preenchidos, nenhum dos critérios foi preenchido 
por um período de tempo sustentado. 
Especificar a gravidade atual: 
o O nível mínimo de gravide baseia-se na frequência 
dos comportamentos compensatórios (ver a seguir). 
o O nível de gravidade pode ser elevado de maneira a 
refletir outros sintomas e o grau de incapacidade 
funcional. 
 Leve: Média de 1 a 3 episódios de 
comportamentos compensatórios 
inapropriados por semana. 
 Moderada: Média de 4 a 7 episódios de 
comportamentos compensatórios 
inapropriados por semana. 
 Grave: Média de 8 a 13 episódios de 
comportamentos compensatórios 
inapropriados por semana. 
 Extrema: Média de 14 ou mais 
comportamentos compensatórios 
inapropriados por semana. 
 
Características Clínicas 
A bulimia nervosa está presente quando: 
(1) Episódios de compulsão alimentar ocorrem com relativa 
frequência (1x por semana ou mais) por pelo menos três 
meses; 
(2) São praticados comportamentos compensatórios depois da 
compulsão alimentar para impedir o ganho de peso, sobretudo 
vômito autoinduzido, abuso de laxativos, diuréticos, enemas, 
abuso de eméticos (80% dos casos) e, menos comumente, 
dieta severa com exercícios extenuantes (20% dos casos); 
(3) O peso não é reduzido de forma drástica como na anorexia 
nervosa; 
(4) Paciente tem um medo mórbido de obesidade, um ímpeto 
incessante pela magreza, ou ambos, e uma autoavaliação 
desproporcional que depende do peso e da forma corporal. 
 Ao fazer um diagnóstico de bulimia nervosa deve-se explorar a 
possibilidade de que a paciente tenha passado por um episódio 
anterior breve ou prolongado de anorexia nervosa (50% dos casos de 
BN); 
 A compulsão alimentar precede o comportamento de vomitar em 
cerca de 1 ano; 
 Vômitos = comuns + costumas ser induzidos (inserção de 1 dedo no 
fundo da garganta + alguns pacientes conseguem vomitar quando 
querem) + reduz a dor abdominal e a sensação de inchaço + permite 
que continuem a comer sem medo de ganhar peso + o conteúdo 
ácido do vômito pode causar danos ao esmalte do dente (achado 
comum nesses pacientes) + depressão (angústia pós-compulsão) 
segue ao episódio; 
 Durante os episódios de compulsão alimentar as pacientes comem 
doces + alimentos com alto teor calórico + macios ou texturizados 
(bolos e massas) + algumas preferem alimentos volumosos (não se 
leva em conta o sabor) -> o alimento é comido rápido às escondidas e 
às vezes não é nem mastigado; 
 Pacientes podem estar com peso normal/ abaixo do peso ou 
sobrepeso -> são preocupadas com sua imagem corporal + aparência 
+ com a forma como os outros as veem + com sua atividade sexual (a 
maioria é sexualmente ativa) 
 Pica + discussões durante as refeições são reveladas nas histórias de 
pacientes com bulimia nervosa; 
 A bulimia nervosa ocorre em pessoas com altas taxas de transtornos 
do humor + transtornos do controle de impulsos + naquelas em risco 
de transtornos relacionados ao uso de substância + variedade de 
transtornos da personalidade -> pacientes com essa condição 
também têm taxas mais elevadas de transtornos de ansiedade, 
transtorno bipolar I, transtornos dissociativos e história de abuso 
sexual. 
 
Emanuelly Lopes Cardoso 
 
 
Subtipos 
Tipo purgativo 
o Pacientes que regularmente se engajam em vômito 
autoinduzido ou no uso de laxantes diuréticos; 
o Pacientes podem ter um curso diferente daquelas que 
têm compulsão alimentar e depois fazem dieta ou 
exercícios; 
o Pacientes podem estar em risco para certas 
complicações médicas = hipocalemia por vômito ou 
abuso de laxativos + alcalose hipoclorêmica; 
o Aquelas que vomitam repetidamente estão em risco de 
rupturas gástricas ou esofágicas (complicações raras). 
Tipo não purgativo 
o Tendem a ter menos perturbação de imagem corporal + 
menos ansiedade em relação à alimentação; 
o Tendem a ser obesas 
o Usam dieta restritiva + jejum + exercícios vigorosos -> 
mas não se engajem com regularidade em purga; 
 
Diagnóstico Diferencial 
 O diagnóstico de bulimia nervosa não pode ser feito se 
os comportamentos de compulsão alimentar e purgação 
ocorrerem exclusivamente durante episódios de 
anorexia nervosa -> nesses casos o diagnóstico = 
anorexia nervosa, tipo compulsão alimentar purgativa; 
 Deve-se certificar que a paciente não têm doença 
neurológica (convulsões/epilepsia + tumores do SNC + 
síndrome de Klüver-Bucy + síndrome de Kleine-Levin); 
o Síndrome de Klüver-Bucy = agnosia visual + 
lamber e morder + exame de objetos por meio da 
boca + incapacidade de ignorar qualquer estímulo 
+ comportamento sexual alterado 
(hipersexualidade) + hábitos alimentares 
alterados (hiperfagia) -> síndrome rara e 
improvável que cause problema no DD; 
o Síndrome de Klein-Levin = hipersonia periódica 
durando de 2-3 semanas + hiperfagia + início na 
adolescência + mais comum em homens; 
 Pacientes com BN + transtorno afetivo sazonal 
concomitante + padrões de depressão atípica (com 
ingestão excessiva + sono excessivo em meses com 
pouca luz) podem manifestar piora sazonal com 
características de bulimia nervosa + depressivas -> os 
ataques costumas ser muito mais graves durante os 
meses do inverno + terapia com luz brilhante pode ser 
útil no TTO; 
 Cerca de 15% das pacientes com BN apresentam 
múltiplos comportamentos compulsivos comórbidos = 
abuso de substância + falta de capacidade de se 
concentrar em áreas diversas (adm do próprio dinheiro -
> compras impulsivas e compulsivas) + em relações 
sexuais (vínculos passionais breves e promiscuidade) + 
exibem automutilação + emoções caóticas + padrões de 
sono caóticos -> satisfazem os critérios para transtorno 
da personalidade borderline e outros transtornos mistos 
da personalidade e transtorno bipolar II. 
 
Tratamento 
 Maioria dos pacientes em BN não complicada não requer hospitalização -> essas 
pacientes não são sigilosas em relação a seus sintomas quanto as com AN -> TTO 
ambulatorialnão é difícil + a psicoterapia é frequentemente turbulenta e prolongada; 
 Pacientes obesas com bulimia que fizeram psicoterapia prolongada obtiveram bons 
resultados; 
 Quando a compulsão alimentar está fora de controle o tratamento ambulatorial não 
funciona ou a paciente exibe sintomas adicionais (suicidalidade e abuso de substância) = a 
hospitalização pode se fazer necessária; 
 Distúrbios eletrolíticos e metabólicos resultantes de purgação intensa podem precisar de 
atendimento hospitalar. 
Psicoterapia 
Terapia cognitivo-comportamental 
 TCC = deve ser considerada como TTO de referência/ de 1ªlinha para BN; 
 Inclui cerca de 18-20 sessões por 5-6 meses; 
 Implementa inúmeros procedimentos cognitivos e comportamentais para: 
(1) Interromper o ciclo comportamental autossustentável de compulsão alimentar e 
dieta 
(2) Alterar as cognições disfuncionais do indivíduo; crenças sobre comida, peso, 
imagem corporal + autoconceito global. 
Psicoterapia dinâmica 
 Sucesso limitado + as formulações psicodinâmicas revelaram uma tendência a concretizar 
mecanismos de defesa introjetivos e projetivos; 
 As pacientes dividem o alimento em 2 categorias = (1) itens que são nutritivos + (2) 
aqueles que não são saudáveis; 
(1) Pode ser ingerido e retido porque de forma inconsciente simboliza boas 
introjeções -> são expelidos por mio de vômito com a fantasia inconsciente de que 
toda a destrutividade + o ódio + a maldade estão sendo evacuados -> as pacientes 
podem se sentir temporariamente bem depois de vomitar devido à evacuação 
fantasiada, mas o sentimento associado de “estar tudo bem” dura pouco porque 
tem como base uma combinação instável de cisão e projeção. 
Outras modalidades 
 Novas formas de administrar + facilitar a terapia cognitivo-comportamental é eficaz para 
bulimia nervosa; 
 Algumas foram incorporadas a programas de “cuidados graduais”, incluindo plataformas 
baseadas na internet, programas facilitados por computador, programas melhorados por 
e-mail e administração de terapia cognitivo-comportamental via telemedicina até áreas 
remotas. 
Farmacoterapia 
 Medicamentos antidepressivos (ISRSs + fluoxetina) = úteis no tratamento da bulimia -> 
elevação dos níveis centrais de 5-hidroxitriptamina; 
 Medicamentos antidepressivos podem reduzir a compulsão alimentar + purgação 
independente da presença de transtorno do humor -> são usados com sucesso para ciclos 
de compulsão-purga que não respondem a psicoterapia isolada; 
 Imipramina + desipramina + trazodona + inibidores da monoaminoxidase (IMAOs) = úteis; 
 A maioria dos antidepressivos tem sido efetiva em dosagens que costumas ser usadas no 
TTO de T. depressivos; 
 Fluoxetina = dosagens mais elevadas (60-80mg/dia) -> útil em pacientes com T. depressivo 
+ BN comórbidos; 
 Carbamazepina + lítio = não apresentaram resultados expressivos como TTO para 
compulsão alimentar -> mas são usados no tratamento de bulimia nervosa com 
transtornos do humor comórbidos, como transtorno bipolar I; 
 O uso de antidepressivos de forma isolada resulta em uma taxa de 22% de abstinência da 
compulsão alimentar e purgação + alguns estudos mostram que TCC e medicamentos são 
a combinação mais eficaz. 
 
Comorbidades psiquiátricas e suas complicações 
clínicas 
Condições psiquiátricas comórbidas associadas com 
anorexia nervosa 
Diagnóstico Anorexia nervosa 
tipo restritiva (%) 
Anorexia nervosa 
tipo compulsão 
alimentar purgativa 
(%) 
Qualquer transtorno 
afetivo 
57 100 
Transtorno 
depressivo 
intermitente 
29 44 
Depressão maior 57 66 
Depressão menor 0 11 
Mania/hipomania 0 33 
Qualquer transtorno 
de ansiedade 
57 67 
Transtorno fóbico 43 11 
Transtorno do 
pânico 
29 22 
Transtorno de 
ansiedade 
generalizada 
14 11 
TOC 14 56 
Abuso/dependência 
de substância 
14 33 
Droga 14 22 
Álcool 0 33 
Esquizofrenia 0 0 
 
Obsessão pelo próprio peso 
 Medo de ganhar peso + ficar obeso = presente em todos os indivíduos com o 
transtorno -> contribui para a falta de interesse + resistência à terapia; 
 Pessoas com esse transtorno se recusam a fazer refeições com sua família ou em 
lugares públicos + perdem peso reduzindo drasticamente sua ingestão alimentar 
total ou com a diminuição desproporcional dos alimentos com alto teor de 
carboidratos e gordura; 
Compulsão alimentar 
 Alguns pacientes não conseguem controlar de forma contínua sua restrição 
voluntária de ingestão alimentar = possuem ataques de compulsão alimentar -> 
ocorrem em segredo + em à noite + com frequência são seguidos de vômito 
autoinduzido; 
 
Emanuelly Lopes Cardoso 
 Uso de medicamentos + Obsessão por exercícios 
 Pacientes abusam de laxantes + diuréticos para perder 
peso + exercícios ritualísticos + andar de bicicleta + 
caminhar e correr excessivamente = atividades 
comuns; 
 Alguns pacientes induzem vômito ou abusam de 
purgativos e diuréticos -> motivo de preocupação 
relacionada com alcalose hipocalêmica; 
 Também pode ser observado prejuízo na eliminação de 
água (diurese); 
Recusa alimentar 
 Comportamento peculiar em relação à comida = 
escondem comida por toda casa + carregam grandes 
quantidades de doces nos bolsos e em bolsas + quando 
estão fazendo as refeições tentam se livrar da comida 
(escondem em guardanapos ou nos bolsos) + cortam a 
carne em pequenos pedaços e passam grande parte do 
tempo reorganizando-os no prato -> quando 
confrontados por seu comportamento peculiar = 
negam que ele seja estranho ou recusam-se discutir o 
assunto; 
Comportamento obsessivo-compulsivo + depressão + 
ansiedade = outros sintomas psiquiátricos 
 Pacientes = são rígidos e perfeccionistas + queixas 
somáticas (desconforto epigástrico) são comuns; 
 Pode ocorrer roubo compulsivo -> em geral de doces e 
laxantes + ocasionalmente de roupas ou outros itens; 
 Pessoas com anorexia nervosa têm altas taxas de 
transtorno depressivo maior comórbido + foi relatado 
transtorno depressivo maior ou transtorno distímico 
em até 50% dos pacientes com anorexia nervosa; 
 A taxa de suicídio é mais alta em pessoas com anorexia 
nervosa do tipo compulsão alimentar-purgação do que 
naquelas com o tipo restritivo; 
 Indivíduos com anorexia nervosa são frequentemente 
reservados + negam seus sintomas + resistem ao 
tratamento; 
Pobre ajustamento sexual 
 Comum nos indivíduos com esse transtorno; 
 Muitos adolescentes com anorexia nervosa têm seu 
desenvolvimento psicossocial atrasado + em adultos -> 
interesse por sexo acentuadamente reduzido 
acompanha o início do problema; 
 Minoria dos pacientes = histórico pré-mórbido de 
promiscuidade + abuso de substância ou ambos -> 
durante o transtorno apresentam redução no interesse 
por sexo; 
Perda ponderal de peso 
 Os pacientes em geral recebem atenção médica 
quando sua perda de peso se torna aparente; 
 À medida que ela fica mais profunda aparecem sinais 
físicos = hipotermia (em torno de 35° C) + edema 
dependente + bradicardia + hipotensão + lanugem 
(aparecimento de pelo semelhante ao do período 
neonatal) + variedade de alterações metabólicas; 
 
Amenorreia 
 Surge antes que a perda de peso seja perceptível em até 1/3 das 
pacientes + pode persistir até a recuperação de um peso mínimo 
saudável; 
 Pode ocorrer também nos pacientes de peso normal que apresentem BN 
 Alteração do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal = mesmo em pacientes 
com peso adequado devido à redução na pulsatilidade da gonadorelia 
(LHRH) + consequente diminuição dos níveis de hormônio luteinizante 
(LH) + hormônio folículo estimulante (FSH) + estradiol -> quadro de 
hipogonadismo hipogonadotrófico com irregularidade menstrual 
conduzindo a amenorreia; 
 Pode ser acompanhada de várias anormalidades: regressão dos ovários 
para estágios pré-puberais com múltiplos pequenos folículos + regressão 
do tamanho mamário + perda parcial dos pelos pubianos + o útero 
encontra-se diminuído + observam-se mudanças atróficas na parede 
vaginal levando a dispareunia e diminuiçãoda libido; 
 Infertilidade = pode ocorrer -> porém ovulações ocasionais podem 
acontecer; 
 A percentagem de gordura é determinante da menarca (acima de 17% de 
gordura corporal), sendo a leptina provavelmente o elo entre o tecido 
adiposo e o eixo gonadal -> foram relatados níveis reduzidos de leptina 
na AN -> seus níveis se correlacionam com a massa de tecido adiposo; 
o Leptina = controla a função reprodutiva + a ingestão alimentar 
(ação hipotalâmica) + tem efeito modulador na reprodução + 
contribui para anovulação na NA; 
 AN no sexo masculino = acompanhada de níveis baixos de testosterona, 
FSH e LH, associados a uma redução do volume testicular com oligo ou 
azospermia + redução da libido (pode persistir mesmo após a 
recuperação do peso corporal) 
 Alterações endócrinas são encontradas tanto em pacientes com AN 
quanto com BN -> a observação de uma menor gravidade das 
complicações na BN pode ser explicada pela ausência de perda de peso 
significativa nos pacientes. 
Desnutrição 
 Pacientes apresentam níveis diminuídos de IGF-I; 
 Há uma resposta exagerada do TSH ao hormônio liberador de 
tireotrofina (TRH); 
 A redução dos níveis de T3, provavelmente ocorre por uma redução na 
conversão periférica de T3 à T4 como mecanismo adaptativo à 
desnutrição + clinicamente o paciente pode apresentar: pele seca e 
amarelada (hipercarotenemia) + constipação + intolerância ao frio 
+bradicardia + aumento do tempo de relaxamento do reflexo Aquileu; 
 Hipocalemia = fraqueza + confusão + náusea +palpitações + arritmia 
+poliúria +dor abdominal + constipação; 
 Hiperfosfatemia; 
 Pêlos e cabelos = encontram-se ralos, finos e opacos, muitas vezes 
quebradiços e avermelhados; 
 A desnutrição decorrente da AN pode conduzir à atrofia do músculo 
cardíaco e a uma redução da massa ventricular esquerda com 
consequente desenvolvimento de prolapso mitral; 
 A má nutrição reduz a formação nova de osso (“turnover”), que 
associada à puberdade atrasada decorrente da redução do estrogênio 
endógeno + ao hipercortisolismo + à diminuição da ingestão de cálcio, 
proteínas e vitamina D = favorecem à queda da densidade mineral óssea, 
levando a uma diminuição ou suspensão do crescimento ósseo linear; 
Agressividade 
 Falha nos mecanismos de controle da impulsividade -> desencadeando inabilidade nas expressões 
afetivas + reações de cólera + descargas impulsivas (podem ser voltadas tanto para o meio externo 
como para o próprio organismo); 
 O controle de impulsos dos pacientes é deficitário + podendo ocorrer episódios de auto e hetero 
agressividade -> colocam em risco tanto a própria integridade física como das pessoas do ambiente 
circundante; 
 São pessoas com autoestima rebaixada, que sofrem de intensa distorção da imagem corporal e 
sentimentos de desesperança 
Alterações cardiovasculares 
 Alterações eletrocardiográficas (ECG) = achatamento ou a inversão da onda T + depressão do segmento 
ST + prolongamento do intervalo QT = são observadas no estágio emaciado da anorexia nervosa; 
 As alterações no ECG também podem resultar da perda de potássio -> pode levar à morte; 
 Dilatação gástrica = complicação rara desse transtorno. 
 Em alguns pacientes, a aortografia apresentou uma síndrome da artéria mesentérica superior. 
 
Complicações médicas dos transtornos alimentares 
Transtorno e sistema afetado Consequência 
Anorexia Nervosa 
Sinais vitais Bradicardia, hipotensão com acentuadas alterações 
ortostáticas, hipotermia, poiquilotermia 
Geral Atrofia muscular, perda de gordura corporal 
Sistema nervoso central Atrofia cerebral generalizada, com ventrículos aumentados, 
diminuição da massa cortical, convulsões, eletrencefalograma 
anormal 
Cardiovascular Edema periférico (inanição), diminuição no diâmetro cardíaco, 
estreitamento da parede ventricular esquerda, resposta 
reduzida às demandas de exercícios, síndrome da artéria 
mesentérica superior 
Renal Azotemia pré-renal 
Hematológico Anemia resultante de inanição, leucopenia, medula óssea 
hipocelular 
Gastrintestinal Esvaziamento gástrico retardado, dilatação gástrica, lipase e 
lactase intestinal reduzidas 
Metabólico Hipercolesterolemia, hipoglicemia não sintomática, enzimas 
hepáticas elevadas, densidade mineral óssea reduzida 
Endócrino Baixo nível de hormônio luteinizante e de hormônio folículo-
estimulante, baixo nível de estrogênio ou testosterona, tiroxina 
baixa/normal, baixa tri-iodotironina, tri-iodotironina reversa 
aumentada, cortisol elevado, hormônio do crescimento 
elevado, diabetes insípido parcial, prolactina aumentada 
Bulimia Nervosa e compulsão alimentar e anorexia nervosa tipo purgativa 
Metabólico Alcalose e acidose hipocalêmica, hipocloremia, desidratação 
Renal Azotemia pré-renal, insuficiência renal aguda e crônica 
Cardiovascular Arritmias, toxicidade miocárdica por emetina (ipeca) 
Dentário Perda do esmalte na superfície da língua, múltiplas cáries 
Gastrintestinal Glândulas parótidas inchadas, níveis elevados de amilase sérica, 
distensão gástrica, síndrome do intestino irritável, melanose 
coli devida a abuso de laxantes 
Musculoesquelético Cãibras, tetania

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