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TUTORIA 4 – UC6 – obj 1 e 2 1.COMPREENDER OS CICLOS DE VIDA DOS VÍRUS (EXPLICAR 1 CICLO: HIV) SOBRE O VÍRUS – VISÃO GERAL O vírus não é um ser vivo, pois ele não realiza metabolismo, necessitando de um hospedeiro para fazê-lo. Os vírus agem assim como os de computador, necessitam de um escravo para funcionar (célula). A célula é reprogramada pelo vírus, uma vez que ele dita o que a célula irá produzir. O sucesso da corona vírus se dá pois ele não incapacita muitas pessoas, e com isso tem-se a propagação social. Por mais que vírus como Raiva, Ebola, HIV sejam mais letais do que o corona vírus, eles não representam o mesmo risco pandêmico, pois a etiologia do corona é direta e indireta (muito mais fácil de contrair). Curiosidade inútil = gripe espanhola não se originou na espanha, e sim na Alemanha ou eua. O vírus não é uma célula, é um ser molecular! Ele tem várias ventosas que se grudam a célula (semelhante a uma bola que gruda). O Sars-CoV tem uma proteína chamada spike (ventosa) e aí ela se liga ao receptor ECA-2 que, inclusive, está células pulmonares (++), renais, intestinais e de vasos sanguíneos. A proteína spike é uma “chave” específica que entra na fechadura (ECA 2) por endocitose. Isso acontece porque a superfície celular tem um tipo de campo magnético, atraindo o vírus. Obs: ECA 2 é diferente de ECA, a Enzima convertedora de angiotensina 2, o ECA 2 faz vasodilatação. Baboseira do ensino médio: dois ciclos virais; na verdade existem 7. Ciclos de DNA, RNA e DNA/RNA. UM EXEMPLO DE VÍRUS DO RNA É O DO HIV: O vírus se liga ao receptor CD4 (fusão); Como o HIV é um vírus de RNA, ele coloca o RNA dentro da célula; RNA é convertido em DNA (transcrição reversa); Esse DNA vai ser parte do próprio DNA do hospedeiro; CONTROLE DA MAQUINARIA CELULAR; Produção de RNA viral; Produção de proteínas virais; Proteases fragmenta o vírus, para espalhar ele; O vírus rouba um pedaço da célula e vai atrás de novas células. Observe que, no caso do HIV, há uma demora para manifestação dos sintomas, isso porque o vírus de RNA passa por todos os processos até se espalhar. Enquanto o covid, ebola, gripe são vírus que já agem no processo final de RNA (chamado vírus de RNA fita negativa), por isso se manifestam tão rapidamente. ONDE AGEM OS MEDICAMENTOS VIRAIS: SETAS A grande dificuldade dos medicamentos é que a partir do momento em que o vírus se conecta ao receptor, ele tem 4 possíveis lugares para agir (caso do HIV) e pode levar ao dano celular tanto quanto o próprio vírus. O alvo de muitos medicamentos é a etapa em que o vírus ainda não entrou na célula, pois é, sem dúvida, a forma mais segura. O herpes é um dos vírus de DNA, ele fica quietinho na célula produzindo substancias e quando há uma baixa imunológica ele se manifesta. CAMINHO COMUM DOS VÍRUS: Encontrar a célula e se ligar ao receptor ESPECÍFICO. O que difere é o tipo de receptor a proteína viral. IMUNIDADE AOS VÍRUS Imunidade inata Os principais mecanismos da imunidade inata contra vírus são a inibição da infecção por interferons do tipo I e o killing das células infectadas mediado por células NK. A infecção por muitos vírus está associada à produção de interferons (IFNs) do tipo I pelas células infectadas, bem como por células dendríticas. Ou seja, tanto células normais quanto infectadas vão ter muita IFNs que deixa as células em estado antiviral (tanto células normais vão impedir que vírus entre, quanto infectadas combatem o vírus). Vias que liberam IFNs: Entre essas vias, estão o reconhecimento de RNA e DNA viral por TLRs endossômicos e a ativação de receptores tipo RIG citoplasmáticos, bem como da via STING, pelo RNA e DNA viral, respectivamente. Essas vias convergem na ativação de proteínas quinases que, por sua vez, ativam fatores de transcrição IRF, que estimulam a transcrição do gene de IFN. Os IFNs do tipo I atuam inibindo a replicação viral tanto em células infectadas como em células não infectadas. Os IFNs são citocinas que impedem a replicação celular (tanto de infectadas quanto de normais). Se liga: A expressão de MHC de classe I frequentemente é “desligada” nas células infectadas por vírus, como um mecanismo para escapar dos CTLs. Isso permite que as células NK matem as células infectadas, uma vez que a ausência de classe I libera as células NK de um estado normal de inibição. Importante lembrar que as NK não são específicas como as CTLs; as NK circulam pelo sangue e reconhecem qualquer antígeno diferente do habitual, enquanto as CTLs são produzidas especificamente para um antígeno. OBS: MHC classe 1 presente em todas as células do corpo MHC 2 só nas APCs, por fagocitose Imunidade adaptativa A imunidade adaptativa contra infecções virais é mediada por anticorpos, os quais bloqueiam a ligação e a entrada do vírus nas células hospedeiras, e por CTLs, que eliminam a infecção destruindo as células infectadas. Os anticorpos antivirais se ligam ao envelope viral ou aos antígenos do capsídeo e atuam principalmente como anticorpos neutralizadores, para prevenir a fixação e entrada dos vírus nas células hospedeiras. Assim, os anticorpos previnem tanto a infecção inicial como a disseminação célula à célula. Os anticorpos secretados, especialmente do isotipo IgA, são importantes para neutralizar os vírus juntos aos tratos respiratório e intestinal. Lembre-se também que os anticorpos opsonizam, ativam o complemento e promovem inflamação. Depois que os vírus entram e passam a se replicar no meio intracelular, tornam-se inacessíveis aos anticorpos, por isso a importância da vacinação. Os vírus desenvolveram numerosas estratégias para escapar ao ataque dos CTLs CD8+. Entre estas, estão o bloqueio do processamento e apresentação de antígenos pela via do MHC de classe I e o desligamento das respostas de célula T CD8+ pela indução do fenômeno de exaustão. MECANISMOS DE IMUNOEVASÃO Existem basicamente 5 mecanismos, por isso é tão difícil combater o vírus. 1. Os vírus podem alterar seus antígenos e, portanto, deixarem de ser alvos das respostas imunes. Os antígenos afetados são mais comumente glicoproteínas de superfície reconhecidas por anticorpos, porém os epítopos da célula T também podem sofrer variação. Os principais mecanismos de variação antigênica são as mutações pontuais e o rearranjo dos genomas de RNA (em vírus de RNA), que levam à deriva antigênica e à variação antigênica. Ele basicamente se combina com vírus já existentes no organismo, criando um novo vírus totalmente diferente do anterior. 2. Alguns vírus inibem a apresentação de antígenos proteicos citosólicos associada ao MHC de classe I. Os vírus produzem várias proteínas que bloqueiam diferentes etapas no processamento, transporte e apresentação do antígeno. A inibição da apresentação antigênica bloqueia a montagem e expressão de moléculas de MHC de classe I e a exibição de peptídeos virais. Como resultado, as células infectadas por esses vírus não podem ser reconhecidas nem mortas por CTLs CD8+. Como já discutido, as células NK são ativadas por células infectadas, especialmente na ausência de moléculas de MCH de classe I. Alguns vírus podem produzir proteínas que atuam como ligantes de receptores de inibição das células NK e, assim, inibem a ativação dessas células. Veja que o vírus pode agir em qualquer uma das etapas da via de MHC 1 3. Alguns vírus produzem moléculas que inibem a resposta imune. Os poxvírus codificam moléculas que são secretadas por células infectadas e se ligam a várias citocinas, incluindo IFN-γ, TNF, IL-1, IL-18 e quimiocinas. As proteínasligantes de citocinas podem atuar como antagonistas competitivos das citocinas. 4.Algumas infecções virais crônicas estão associadas à falha das respostas de CTLs, chamada exaustão, a qual permite a persistência viral. Há evidência de exaustão da célula T CD8+ em infecções virais humanas crônicas, incluindo as infecções por HIV e pelo vírus da hepatite. A exaustão de células T se desenvolve como resultado da exposição persistente ao antígeno. As células T CD8+ que sofreram exaustão têm numerosos defeitos funcionais, como proliferação diminuída, redução da produção de IFN-γ, atividade citotóxica fraca e, assim, são incapazes de erradicar infecções. As células expressam altos níveis de múltiplos receptores de inibição, particularmente PD-1 5. Os vírus podem infectar e destruir ou inativar células imunocompetentes. O exemplo evidente é o HIV, que sobrevive infectando e eliminando as células T CD4+, principais indutoras das respostas imunes a antígenos proteicos. Em infecções agudas, as células T CD8+ diferenciam-se em CTLs que eliminam as células infectadas. Em situações de exposição antigênica persistente ou crônica, a resposta das células T CD8+ é suprimida pela expressão e acoplamento de PD-1 e outros receptores de inibição. REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA: 2. EXPLICAR OS TIPOS DE IMUNODEFICIÊNCIA (2 TIPOS: PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO); VISÃO GERAL DAS IMUNODEFICIÊNCIAS A principal consequência da imunodeficiência é o aumento da susceptibilidade à infecção; Pacientes com imunodeficiências também são suscetíveis a certos tipos de câncer; Paradoxalmente, certas imunodeficiências estão associadas a uma maior incidência de autoimunidade; A imunodeficiência pode resultar de defeitos no desenvolvimento ou na ativação dos linfócitos, ou de defeitos nos mecanismos efetores da imunidade inata e adaptativa. IMUNODEFICIÊNCIAS PRIMÁRIAS (CONGÊNITAS) Em diferentes imunodeficiências primárias, a etiologia da anormalidade pode estar em componentes do sistema imune inato, ou em distintos estágios de desenvolvimento dos linfócitos, ou nas respostas dos linfócitos maduros aos estímulos antigênicos. DEFEITOS NA IMUNIDADE INATA A imunidade inata constitui a primeira linha de defesa contra organismos infecciosos. Dois importantes componentes da imunidade inata são os fagócitos e o complemento, os quais também participam das fases efetoras da imunidade adaptativa. Portanto, distúrbios congênitos dos fagócitos e do sistema complemento resultam em infecções recorrentes. Doença granulomatosa crônica (DGC) É causada por mutações em componentes do complexo enzimático da oxidase dos fagócitos (phox). Ocasiona defeitos na produção de espécies reativas do oxigênio pelos fagócitos; infecções intracelulares bacterianas e fúngicas recorrentes O mecanismo patológico gera uma mutação nos genes que codificam proteínas do complexo oxidase dos fagócitos; phox91 (subunidade α do citocromo b558) está mutada na forma ligada ao X Deficiências de Adesão Leucocitária As deficiências de adesão leucocitária representam um grupo de distúrbios autossômicos recessivos causados por defeitos nas moléculas de adesão dos leucócitos e do endotélio. São caracterizadas por uma falha no recrutamento dos leucócitos, particularmente neutrófilos, para os locais de infecção, resultando em periodontite grave e outras infecções recorrentes no início da vida, bem como em incapacidade de formar pus Tem dois tipos: Deficiência de adesão leucocitária tipo 1 É uma doença autossômica recessiva rara, caracterizada por infecções bacterianas e fúngicas recorrentes e comprometimento na cicatrização de feridas. Atraso na separação do cordão umbilical e leucocitose são comuns. Nesses pacientes, a maioria das funções dependentes da adesão dos leucócitos está defeituosa, incluindo a aderência ao endotélio, a agregação e a quimiotaxia de neutrófilos, fagocitose e citotoxicidade mediada por neutrófilos, células NK e linfócitos T. A base molecular do defeito é a expressão reduzida ou ausente das integrinas β2 (heterodímeros de CD18 e da família CD11 de glicoproteínas), devido a várias mutações no gene CD18. Deficiência de adesão leucocitária tipo 2 É outro distúrbio raro no qual, assim como na LAD-1, as crianças apresentam infecções recorrentes e leucocitose, mas também exibem grave retardo mental e de crescimento. A LAD-2 não está associada a defeitos das integrinas, mas resulta de uma ausência de sialil Lewis X, o ligante de carboidratos tetrassacarídicos presente em neutrófilos e outros leucócitos, necessário para a ligação a E- selectina e a P-selectina no endotélio ativado por citocinas. Deficiência de adesão leucocitária tipo 3 Pacientes com LAD-3 se apresentam clinicamente com infecções repetidas e atraso na separação umbilical, como na LAD-1. Porém, esses pacientes também têm um distúrbio de coagulação potencialmente fatal que requer transfusões sanguíneas em função do defeito de agregação plaquetária, mesmo com contagens normais de plaquetas. Essa deficiência é causada por um defeito na via de sinalização de dentro para fora, que medeia a ativação da integrina induzida por quimiocina, necessária para a ligação firme dos leucócitos ao endotélio (Capítulo 3) e para a agregação plaquetária. Defeitos nas Células Nk e Fagócitos É uma doença autossômica recessiva rara, caracterizada por infecções recorrentes por bactérias piogênicas, albinismo oculocutâneo parcial e infiltração de diversos órgãos por linfócitos não neoplásicos. Os neutrófilos, monócitos e linfócitos desses pacientes contêm lisossomos gigantes. A doença é causada por mutações no gene que codifica a proteína LYST, que regula o tráfego intracelular dos lisossomos. As mutações resultam em fusão defeituosa dos fagolisossomos em neutrófilos e macrófagos (causando resistência reduzida às infecções), formação defeituosa de melanossomos nos melanócitos (causando albinismo) e anormalidades lisossômicas em células do sistema nervoso (causando defeitos em nervos) e em plaquetas (causando distúrbios de coagulação). Lisossomos gigantes se formam nos neutrófilos durante sua maturação a partir de precursores mieloides. Alguns desses precursores dos neutrófilos morrem prematuramente, resultando em leucopenia moderada. Os neutrófilos que sobrevivem podem conter níveis reduzidos de enzimas lisossômicas, que normalmente atuam no killing microbiano. A quimiotaxia e a fagocitose nessas células também são defeituosas, contribuindo ainda mais para a sua atividade microbicida deficiente. A função das células NK nos pacientes é prejudicada, provavelmente em decorrência de uma anormalidade nos grânulos citoplasmáticos que armazenam as proteínas que medeiam a citotoxicidade. A gravidade do defeito na função de linfócitos T citotóxicos (CTLs, do inglês, cytotoxic T lymphocytes) é variável entre os pacientes. Se o lisossomo atua na digestão intracelular e esse defeito é nas células NK e fagócitos, estaria correto pensar que os lisossomos das outras células imunes fazem uma hipertrofia por compensação? IMUNODEFICIÊNCIAS COMBINADAS GRAVES As imunodeficiências que afetam tanto a imunidade humoral como a imunidade mediada por células são chamadas imunodeficiências combinadas graves. É uma consequência do desenvolvimento comprometido de linfócitos T associado ou não a defeitos na maturação de células B. Mutações em genes envolvidos em diferentes etapas do desenvolvimento de linfócitos podem causar SCID (imunodeficiência combinada grave).As imunodeficiências primárias causadas por defeitos genéticos na maturação de linfócitos são mostradas. Esses defeitos podem afetar somente a maturação das células T, somente a maturação das células B, ou ambas. DEFICIÊNCIAS DE ANTICORPOS: DEFEITOS NO DESENVOLVIMENTO E ATIVAÇÃO DAS CÉLULAS B Enquanto os defeitos no desenvolvimento das células T ou no desenvolvimento conjunto das células T e B contribuem para o fenótipo de SCID, defeitos mais restritos às células B resultam em doenças nas quais a anormalidade primária está na produção de anticorpos. Algumas dessas doenças são causadas por defeitos no desenvolvimento das células B e outras são causadas por anormalidades na ativação da célula B e da síntese de anticorpos. Em um subconjunto de síndromes de hiper- IgM, discutidas adiante, as deficiências de anticorpos também são acompanhadas por defeitos na ativação de macrófagos e APCs, o que, por sua vez, resulta em atenuação da imunidade mediada por células. Agamaglobulinemia Ligada ao X Um Defeito na Sinalização Pré-Bcr Ligada ao X A agamaglobulinemia ligada ao X, também chamada agamaglobulinemia de Bruton, é causada por mutações ou deleções no gene que codifica uma enzima chamada tirosina quinase de Bruton (Btk, do inglês, Bruton tyrosine kinase), as quais resultam na falha de amadurecimento das células B após o estágio de células pré-B na medula óssea. Defeitos na Diferenciação de Células B: Imunodeficiência Comum Variável (CVID) A CVID é um grupo heterogêneo de doenças definidas por níveis séricos reduzidos de Ig, falha na resposta de anticorpos às infecções e vacinas e aumento da incidência de infecções. Defeitos na Ativação da Célula B Dependente da Célula T: Síndromes de Hiper-IgM A síndrome de hiper-IgM ligada ao X é causada por mutações no gene que codifica a molécula efetora da célula T CD40 - ligante (CD40L ou CD154). A síndrome de hiper-IgM é uma doença rara associada a um defeito na troca para os isotipos IgG e IgA em células B; a produção desses anticorpos está, portanto, reduzida, e o principal isotipo detectado no sangue é IgM. IMUNODEFICIÊNCIAS SECUNDÁRIAS (ADQUIRIDAS) As deficiências do sistema imunológico frequentemente se desenvolvem em decorrência de normalidades que não são genéticas, mas adquiridas ao longo da vida (Tabela 21.6). As doenças de imunodeficiência adquirida são, de fato, mais comuns do que as imunodeficiências congênitas e são causadas por uma variedade de mecanismos patogênicos. TABELA: As doenças nas quais a imunodeficiência é um elemento complicador frequente incluem desnutrição, neoplasias e infecções. Desnutrição: é razoável presumir que os distúrbios metabólicos globais nesses indivíduos, causados pela ingestão deficiente de proteína, gordura, vitaminas e minerais afetarão de forma adversa a maturação e a função das células do sistema imune. Câncer: pessoas são normalmente suscetíveis à infecção em decorrência do comprometimento da resposta imune celular e humoral a vários microrganismos. Tumores da medula óssea, incluindo os cânceres com metástases para a medula óssea e as leucemias que se desenvolvem na medula, podem interferir no crescimento e desenvolvimento de linfócitos normais e de outros leucócitos. Além disso, os tumores podem produzir substâncias que interferem no desenvolvimento ou na função dos linfócitos. Infecções: vários tipos de infecções levam à imunossupressão. Alguns vírus, além do HIV, são conhecidos por prejudicar as respostas imunes; exemplos deles incluem o vírus do sarampo e o vírus linfotrópico de células T humanas tipo 1. Ambos os vírus podem infectar os linfócitos, o que pode ser a base para os seus efeitos imunossupressores. OBS: A imunossupressão iatrogênica (causa médica) é mais frequentemente causada por terapias com fármacos que eliminam ou inativam funcionalmente os linfócitos, ou bloqueiam a função de citocinas produzidas pelas células imunes inatas e pelos linfócitos. VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA E A SÍNDROME DA IMUNODEFICIÊNCIA ADQUIRIDA A AIDS é a doença causada pela infecção com HIV e caracteriza-se por uma profunda imunossupressão com infecções oportunistas e tumores malignos associados, emaciação e degeneração do SNC. O HIV infecta primariamente células do sistema imunológico, incluindo células T CD4+ auxiliares, macrófagos e células dendríticas. Características Moleculares e Biológicas do HIV O HIV é um membro da família dos lentivírus de retrovírus animais. Dois tipos de HIV intimamente relacionados, denominados de HIV-1 e HIV-2, foram identificados. O HIV-1 é, de longe, a causa mais comum de AIDS; o HIV-2, que difere em estrutura genômica e antigenicidade, causa uma forma de AIDS de progressão mais lenta do que a doença associada ao HIV-1. Ciclo de Vida Viral A infecção das células pelo HIV inicia-se quando a glicoproteína gp120 do envelope viral liga-se a duas proteínas da célula hospedeira, o CD4 e um correceptor que é geralmente um receptor de quimiocinas Os receptores de quimiocinas mais importantes que atuam como correceptores para o HIV são o CXCR4 e o CCR5. Uma vez que um vírion do HIV entra em uma célula, as enzimas no interior do complexo de nucleoproteína tornam-se ativas e iniciam o ciclo replicativo viral A transcrição dos genes do provírus de DNA integrado é regulada pela LTR upstream aos genes estruturais virais, sendo que as citocinas e outros estímulos que ativam as células T e os macrófagos amplificam a transcrição gênica viral. A síntese de partículas virais infecciosas maduras começa assim que os transcritos de RNA viral completos são sintetizados e os genes virais expressos como proteínas Progressão do HIV Fatos importantes: - A doença causada pelo HIV começa com uma infecção aguda, que é apenas parcialmente controlada pela resposta imune do hospedeiro, e evolui para uma infecção crônica progressiva de tecidos linfoides periféricos; - A infecção aguda (inicial) caracteriza- se pela infecção de células T CD4+ ativadas em tecidos linfoides de mucosa e pela morte de muitas células infectadas e de células T CD4+ bystander abortivamente infectadas; - A transição da fase aguda para a fase crônica da infecção é acompanhada pela disseminação do vírus, viremia e o desenvolvimento de respostas imunes adaptativas pelo hospedeiro; - Na fase seguinte, a fase crônica da doença, os linfonodos e o baço constituem locais de replicação contínua do HIV e de destruição celular. Mecanismos da Imunodeficiência Causada pelo HIV A infecção pelo HIV resulta em comprometimento funcional dos sistemas imunes adaptativo e inato. Os defeitos mais proeminentes ocorrem na imunidade mediada por células, que resulta da destruição de células T CD4+. As células T CD4+ infectadas e possivelmente as não infectadas podem ser perdidas. Há três mecanismos principais que contribuem com a perda das células T CD4+ infectadas – efeitos citopáticos da infecção viral, destruição pelas células T citotóxicas antígeno-específicas, além de ativação do inflamassomo e eliminação de células infectadas por piroptose. Uma causa importante de perda das células T CD4+ em indivíduos infectados pelo HIV é o efeito direito da infecção viral nessas células. • O processo de produção viral, com a expressão da gp41 na membrana plasmática e o brotamento de partículas virais, pode levar a um aumento de permeabilidade da membrana plasmática e influxo de quantidades letais de cálcio (o que induz apoptose) ou à lise osmótica da célula (causada pelo influxo de água). • A produção viral pode interferir na síntese proteica celular e, desse modo,levar à morte da célula. • As membranas plasmáticas das células T infectadas pelo HIV e das células T CD4+ não infectadas se fundem em decorrência de interações gp120-CD4, e há formação de células gigantes multinucleadas ou sincícios. O processo de formação de sincícios induzido pelo HIV pode ser letal para as células T infectadas pelo vírus, bem como para as células T CD4+ não infectadas que se fundem às células infectadas. Outro mecanismo de morte celular é a deleção de células T CD4+ infectadas por células T CD8+ citotóxicas. - Antes do início da depleção extensiva de células T CD4+, algumas respostas de células T CD8+ contra o vírus são induzidas e podem contribuir para a depleção de células T CD4+ infectadas. A infecção abortiva de células T CD4+ pode levar à ativação do inflamossomo e piroptose. Os macrófagos, as células dendríticas e as células dendríticas foliculares (FDCs, do inglês, follicular dendritic cells) podem ser infectadas ou lesadas pelo HIV, e as suas anormalidades também contribuem para a progressão da imunodeficiência. • Os macrófagos expressam níveis muito mais baixos de CD4 do que os linfócitos T auxiliares, mas eles expressam os correceptores CCR5 e são suscetíveis à infecção pelo HIV. Entretanto, os macrófagos são relativamente resistentes aos efeitos citopáticos do HIV. Os macrófagos também podem ser infectados por uma rota independente da gp120/gp41, como a fagocitose de outras células infectadas ou a endocitose de vírions do HIV recobertos por anticorpos mediada pelo receptor Fc. Como os macrófagos podem ser infectados, mas não são normalmente destruídos pelo HIV, eles podem se tornar um reservatório viral. • As células dendríticas também podem ser infectadas pelo HIV. Como os macrófagos, as células dendríticas não são diretamente lesadas na infecção pelo HIV. Contudo, essas células fazem contato íntimo com as células T naive no decorrer da apresentação de antígenos. Sugere-se que as células dendríticas infectam as células T naive durante esses encontros que podem ser uma via de propagação da infecção. Reservatórios do HIV e Renovação Viral Os vírus detectados no sangue dos pacientes são produzidos principalmente pelas células T CD4+ infectadas de vida curta e, em menores quantidades, por outras células infectadas. Aproximadamente 5% do vírus no plasma é produzido por macrófagos, que apresentam uma renovação mais lenta (meia-vida de cerca de 2 semanas). Admite-se a hipótese de que uma pequena fração do vírus, talvez algo como 1%, esteja presente em células T de memória infectadas de forma latente. Devido ao longo ciclo de vida das células de memória, pode levar décadas para que esse reservatório viral seja eliminado, mesmo que todos os novos ciclos de infecção sejam bloqueados.
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