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Dificuldades de Aprendizagem: Causas e Tratamentos

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Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
1
 
 
 
 
 
 
MÓDULO: 
 
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM 
 
 
 
 
 
AUTORIA: 
 
ANA MARIA RIBEIRO FURTADO 
Pedagogy, English Teacher Second Language 
Personal Support work – Master of Divinity (Canadá) 
 
MARIZINHA COQUEIRO BORGES 
Mestre em Educação 
 
 
 
 
Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
 
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2
Módulo de: Dificuldades de Aprendizagem 
 
Autoria: Ana Maria Ribeiro Furtado 
Marizinha Coqueiro Borges 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Todos os direitos desta edição reservados à 
ESAB – ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL LTDA 
http://www.esab.edu.br 
Av. Santa Leopoldina, nº 840/07 
Bairro Itaparica – Vila Velha, ES 
CEP: 29102-040 
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Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil 
 
3
Apresentação 
A Dificuldade de Aprendizagem é uma síndrome biopsicossocial a ser compreendida em pelo 
menos três constituintes básicas: a criança, a família e a escola (Marturano et al., 1993) 
O presente módulo levará aos estudantes, de maneira clara e objetiva, as dificuldades de 
aprendizagem no campo cognitivo as causas dessas dificuldades e os possíveis tratamentos 
para aqueles que são excluídos da habilidade de aprender a ler, escrever, construir textos e 
interpretá-los. Proporcionará, também, a análise das causas sociais e afetivas que distorcem 
a habilidade de construção do processo de aprendizagem. Causas essas, que muitas vezes 
não são de ordem fisiológica, mas se inserem muito mais na motivação que o indivíduo tem 
em aprender algo novo e o que aquele conhecimento lhe trará, como fonte de transformação 
pessoal e social. 
Muitas vezes o que chamamos de dificuldades de aprendizagem, poderiam ser chamadas de 
“dificuldades de ensino”. Sabemos que cada pessoa aprende por um canal perceptivo 
preferencial e de forma diferenciada. Quando não existe motivação para que o que se 
apresenta como ensino desperte o canal perceptivo e preferencial, a compreensão ou 
aprendizagem não se completa. 
A massificação do ensino tem contribuído muito ao aparecimento e aumento das 
“dificuldades de aprendizagem”. 
Quando a aprendizagem não se desenvolve conforme o esperado para a criança, para os 
pais e para a escola ocorre a "dificuldade de aprendizagem". E antes que a "bola de neve" se 
desenvolva é necessário a identificação do problema, esforço, compreensão, colaboração e 
flexibilização de todas as partes envolvidas no processo: criança, pais, professores e 
orientadores. O que vemos são crianças desmotivadas e pais frustrados, pressionando a 
criança e a escola. 
A necessidade de reconhecimento do problema e o devido encaminhamento e tratamento, só 
pode ser realizada por um profissional adequado, com treino específico da dificuldade que 
possa auxiliar a criança a superar suas dificuldades com esforço e colaboração da família e 
 
 
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4
da escola. Certamente conhecendo as especificidades das dificuldades de aprendizagem, o 
profissional conseguirá auxiliar tanto o aprendiz, quanto a sociedade no qual ele está 
inserido. Assim sendo, esperamos que no decorrer deste módulo um novo horizonte seja 
visualizado por todos aqueles que se encantam com o poder e a transformação das pessoas, 
proporcionados pela educação. 
 
Ana Maria Ribeiro Furtado 
Pedagogy, English Teacher Second Language 
Personal Support work – Master of Divinity (Canadá) 
 
Marizinha Coqueiro Borges 
Especialista Holística em Educação Psicopedagoga 
 
 
 
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5
Sumário 
UNIDADE 1 ............................................................................................................................ 10 
Dificuldades afetivo e social ................................................................................................ 10 
As Interações Humanas como base para Aprendizagem da Criança ................................. 10 
A Afetividade: aspectos Evolutivos e Educacionais ............................................................ 11 
Desenvolvimento da Afetividade ......................................................................................... 14 
UNIDADE 2 ............................................................................................................................ 17 
Agentes sociais ................................................................................................................... 17 
Família ................................................................................................................................ 17 
Escola ................................................................................................................................. 19 
Sociedade ........................................................................................................................... 22 
UNIDADE 3 ............................................................................................................................ 25 
Construção e desenvolvimento da figura de apego ............................................................ 25 
UNIDADE 4 ............................................................................................................................ 29 
Principais transtornos afetivos ............................................................................................ 29 
Causas e consequências .................................................................................................... 31 
Ruptura do núcleo familiar .................................................................................................. 31 
Carência afetiva .................................................................................................................. 32 
Transtornos afetivos causados pelas dificuldades de aprendizagem ................................. 34 
UNIDADE 5 ............................................................................................................................ 36 
Deteriorização dos agentes sociais ..................................................................................... 36 
Maus-tratos: conceito .......................................................................................................... 36 
Origem ................................................................................................................................ 38 
UNIDADE 6 ............................................................................................................................ 41 
Tipologia dos maus-tratos ................................................................................................... 41 
UNIDADE 7 ............................................................................................................................ 45 
O autoconceito: conceito, evolução e estratégias ............................................................... 45 
Definição e Elementos Integrantes do Autoconceito ........................................................... 45 
Componente Cognitivo ........................................................................................................ 46 
Como o indivíduo gostaria de se ver ................................................................................... 47 
Como indivíduo se mostra aos outros. ................................................................................ 48 
A internalização dos papeis sociais.....................................................................................49 
UNIDADE 8 ............................................................................................................................ 51 
Integrante comportamental ................................................................................................. 51 
Formação do autoconceito .................................................................................................. 51 
O feedback dos outros significativos ................................................................................... 52 
 
 
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6
UNIDADE 9 ............................................................................................................................ 55 
Os êxitos e fracassos .......................................................................................................... 55 
Evolução do autoconceito ................................................................................................... 56 
Enfoque cognitivo ................................................................................................................ 56 
Enfoque ontogenético ou evolutivo ..................................................................................... 57 
O desenvolvimento do sentido de si mesmo ....................................................................... 57 
UNIDADE 10 .......................................................................................................................... 59 
Formação do sentimento de identidade .............................................................................. 59 
A evolução longitudinal do Eu e suas fases sucessivas...................................................... 59 
Base desse crescimento ..................................................................................................... 61 
Variáveis que podem influir nessa formação ....................................................................... 62 
UNIDADE 11 .......................................................................................................................... 64 
Aplicações educacionais ..................................................................................................... 64 
UNIDADE 12 .......................................................................................................................... 67 
Metodologia para suscitar e fortalecer a autoestima ........................................................... 67 
UNIDADE 13 .......................................................................................................................... 71 
Intervenção com pais .......................................................................................................... 71 
UNIDADE 14 .......................................................................................................................... 74 
A organização perceptivo-sensório-motora durante o período da escolaridade infantil ...... 74 
Dificuldades para a conquista da lateralidade ..................................................................... 74 
A psicomotricidade esfincteriana e seus problemas............................................................ 76 
Leitura complementar .......................................................................................................... 78 
O processo de aprendizagem ............................................................................................. 78 
Conceitos básicos de aprendizagem................................................................................... 79 
Considerações sobre aprendizagem ................................................................................... 79 
Condições adequadas à ocorrência da aprendizagem ....................................................... 80 
Tipos e formas de aprendizagem ........................................................................................ 80 
Prontidão para aprender ..................................................................................................... 81 
UNIDADE 15 .......................................................................................................................... 82 
Transtornos do pensamento e da linguagem ...................................................................... 82 
Tratamento Educacional ..................................................................................................... 82 
Transtornos do Pensamento ............................................................................................... 83 
As dificuldades epistemológicas ......................................................................................... 83 
UNIDADE 16 .......................................................................................................................... 85 
Transtornos na vivência do pensamento ............................................................................. 85 
UNIDADE 17 .......................................................................................................................... 89 
Transtornos do pensamento com correlatos verbais........................................................... 89 
Transtornos no curso ou ritmo do pensamento: .................................................................. 90 
 
 
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7
Transtornos manifestados por meio da linguagem incompreensível e/ou desnecessária: .. 90 
Outros transtornos:.............................................................................................................. 91 
UNIDADE 18 .......................................................................................................................... 93 
Diagnóstico e educação compensatória .............................................................................. 93 
Exigências Prévias: ............................................................................................................. 93 
Finalidades do Diagnóstico: ................................................................................................ 94 
Momentos do Diagnóstico – Instrumentos e Recursos: ...................................................... 94 
Estratégias de Intervenção: ................................................................................................. 95 
Prevenção: .......................................................................................................................... 95 
Programas de Intervenção: ................................................................................................. 95 
Educação Compensatória ................................................................................................... 96 
Estratégias Cognitivas ......................................................................................................... 96 
Modificação de Conduta ...................................................................................................... 97 
UNIDADE 19 .......................................................................................................................... 99 
Transtornos da linguagem ................................................................................................... 99 
Transtornos da fala ........................................................................................................... 100 
Linguagem Tatibitate ......................................................................................................... 101 
UNIDADE 20 ........................................................................................................................ 103 
Dislalia ............................................................................................................................... 103 
As alterações mais frequentes são: ..................................................................................104 
Causas: ............................................................................................................................. 104 
Tratamento: ....................................................................................................................... 105 
Sugestão de atividades: .................................................................................................... 105 
UNIDADE 21 ........................................................................................................................ 107 
Transtorno na elocução linguística e da linguagem oral ................................................... 107 
Rinolália ............................................................................................................................ 108 
Transtornos da Linguagem oral ........................................................................................ 108 
Tipos de Afasia ................................................................................................................. 109 
UNIDADE 22 ........................................................................................................................ 112 
A gagueira ......................................................................................................................... 112 
Classificação da gagueira ................................................................................................. 113 
Origem da gagueira........................................................................................................... 114 
Fases da gagueira............................................................................................................. 115 
Como tratar uma criança com gagueira ............................................................................ 117 
UNIDADE 23 ........................................................................................................................ 119 
Diagnóstico dos transtornos da fala .................................................................................. 119 
Dos transtornos da linguagem oral.................................................................................... 120 
Dos transtornos da linguagem lectoescritora .................................................................... 121 
UNIDADE 24 ........................................................................................................................ 122 
 
 
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8
Estratégias de intervenção ................................................................................................ 122 
Nos Transtornos da Fala ................................................................................................... 122 
A - Estratégias indiretas: ................................................................................................... 122 
B - Estratégias diretas: ...................................................................................................... 122 
C - As atitudes adequadas no ambiente da criança, principalmente dos pais, é uma 
exigência inevitável na implantação de estratégias. Resumimos as principais: ................ 123 
Nos transtornos da linguagem oral.................................................................................... 123 
Nos transtornos da linguagem lectoescritora. ................................................................... 124 
UNIDADE 25 ........................................................................................................................ 127 
Transtornos da linguagem lectoescritora .......................................................................... 127 
Dislexia específica de evolução ........................................................................................ 129 
A dislexia também pode ser dividida em visual e auditiva: ................................................ 129 
Sugestões de atividades: .................................................................................................. 131 
UNIDADE 25 ........................................................................................................................ 133 
Dificuldade de percepção visual ........................................................................................ 133 
A visão: ............................................................................................................................. 133 
Identificação dos problemas visuais .................................................................................. 134 
Miopia ................................................................................................................................ 135 
Hipermetropia .................................................................................................................... 135 
Astigmatismo ..................................................................................................................... 136 
Estrabismo ........................................................................................................................ 136 
Daltonismo ........................................................................................................................ 137 
UNIDADE 27 ........................................................................................................................ 138 
Dificuldades na percepção auditiva ................................................................................... 138 
A audição .......................................................................................................................... 138 
Problemas auditivos .......................................................................................................... 139 
O papel do professor frente aos problemas auditivos ....................................................... 141 
UNIDADE 28 ........................................................................................................................ 143 
Disritmia cerebral e epilepsia ............................................................................................ 143 
Como identificar a criança disrítmica................................................................................. 144 
Epilepsia ............................................................................................................................ 145 
UNIDADE 29 ........................................................................................................................ 148 
Distúrbios da escrita .......................................................................................................... 148 
Disgrafia ............................................................................................................................ 148 
Disortografia ...................................................................................................................... 149 
Erros de formulação e sintaxe ........................................................................................... 150 
Distúrbios de aritmética ..................................................................................................... 151 
Discalculia ......................................................................................................................... 151 
UNIDADE 30 ........................................................................................................................ 154 
Desenvolvimento psicomotor ............................................................................................ 154 
 
 
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9
Tipos de distúrbios ............................................................................................................ 156 
InstabilidadePsicomotora ................................................................................................. 157 
Debilidade psicomotora ..................................................................................................... 158 
Inibição psicomotora ......................................................................................................... 159 
Leitura Complementar ....................................................................................................... 160 
Latealidade cruzada .......................................................................................................... 160 
A definição da lateralidade ................................................................................................ 162 
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................... 163 
GLOSSÁRIO ........................................................................................................................ 165 
 
 
 
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10
UNIDADE 1 
Objetivo: Conhecer amplamente o campo das interações humanas e o processo nos quais se 
dá o desenvolvimento da aprendizagem. 
Dificuldades 
As Interações Humanas como Base para Aprendizagem da Criança 
O desenvolvimento e a aprendizagem começam no momento em que a pessoa nasce e se 
relaciona com suas necessidades, sentimentos e potencialidades. 
O desenvolvimento afetivo depende das atitudes da família e do interesse em fazer com que 
o sujeito aumente suas possibilidades como ser humano e seja independente. 
Desde os poucos dias da criança, os contatos têm um significado especial para ela, assim a 
missão dos pais é criar um ambiente de confiança e tranquilidade. 
A mãe é quem mais acaricia e manuseia a criança, e isso serve para que esta organize as 
suas sensações e as transforme em um mapa cognitivo em si mesma. 
Quando a criança se encontra isolada e ninguém fala com ela, ocorrem movimentos 
estereotipados. Pesquisas realizadas com crianças africanas nos mostram que isso não 
ocorre, talvez porque as mães estejam com seus filhos durante horas, falem com eles e os 
incorpore a vida familiar. 
Nos primeiros dezoito meses de vida podem ocorrer as primeiras perturbações pessoais se 
faltar à criança estímulos. Para tanto é necessário que a criança seja rodeada por um 
ambiente afetivo e acolhedor. 
Os pais e os irmãos constituem o ambiente social e emocional para desenvolver uma 
conduta afetiva positiva por meio da interação. Uma relação positiva com os demais permite 
 
 
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11
que a criança satisfaça suas necessidades e consiga um controle para encarar seus 
sentimentos e aceitar os demais. 
 
A Afetividade: aspectos evolutivos e educacionais 
Desde o momento de seu nascimento a criança se encontra em um estado de dependência 
absoluta. Para poder crescer, desenvolver-se, integrar-se socialmente e até mesmo 
sobreviver, ela precisa dos outros. 
Para conseguir sua independência e alcançar sua autonomia, também precisa considerar-se 
como indivíduo singular diferente dos demais, fortalecer sua identidade, superando e se 
dissociando de tudo o que a rodeia. 
Para chegar a isso, é essencial que haja um processo de desenvolvimento evolutivo que 
começa no momento do nascimento e dá lugar a uma personalidade madura e harmoniosa 
graças à combinação de diversos fatores, entre os quais podemos citar: constitucionais 
(sistema nervoso central, sistema nervoso autônomo, sistema glandular, constituição física, 
capacidade intelectual, etc.) desenvolvimento psicomotor, que ajuda a criança a ampliar 
seu meio físico iniciando, assim, uma etapa de exploração e independência que a permite a 
ela mover-se relacionar-se livremente com os objetos; desenvolvimento intelectual, 
mediante o qual interioriza, compreende e interpreta a estimulação externa, iniciando a 
formação de suas estruturas cognitivas; desenvolvimento afetivo-social, que permite 
estabelecer relações com os demais, ampliando e enriquecendo seu processo de 
socialização. Por último, as experiências transmitidas pelos agentes sociais (família, escola, 
sociedade) contribuição para que esse sujeito alcance maturação. 
Com a integração de todos esses elementos, o sujeito vai traçando o perfil de sua identidade, 
que será completada com a busca de um modelo de conduta com o qual se quer parecer. Se 
o modelo escolhido satisfaz suas expectativas, a criança começa a formar uma 
personalidade ajustada, mas, se o modelo é inadequado e não há integração dos outros 
 
 
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12
fatores, começam os desajustes e as frustrações, que terão uma influência negativa em seu 
rendimento escolar. 
Educar as crianças tem sido uma das constantes preocupações ao longo da história da 
humanidade. A formação integral do indivíduo era e é o objetivo principal de qualquer 
processo de aprendizagem. Para a conquista dessa formação, a afetividade contribui de 
modo especial, pois é por meio dela que o sujeito estabelece relações com o meio, primeiro 
com seus pais, depois com os outros membros da sociedade. 
Seu desenvolvimento intelectual e seu processo de socialização dependem, em grande 
parte, da maneira como a criança desenvolve seus primeiros contatos afetivos (Piaget, 
Manco, Erickson). Os vínculos estabelecidos entre o afetivo e o intelectual são tão estreitos 
que não é possível dissociá-los. 
A afetividade foi um tema retomado pela Psicologia Cognitiva e é de tal importância que deu 
lugar a uma nova disciplina, a Psiconeuroimunologia, baseada no lema de demonstrar o 
papel determinante da afetividade no desenvolvimento e na cura das doenças. “Com o 
auxílio de atenções, ternuras e carícias, até doentes desenganados viram seus males 
desaparece”. 
Os psiquiatras afirmam que os braços entrelaçados de mães, pais e filhos é um remédio que 
pode ser ministrado para garantir a saúde dos pequenos. E, os psicanalistas afirmam que as 
crianças com falta de amor estão condenadas ao sofrimento. 
Tudo o que acontece com a criança, desde o seu nascimento, tem importância. O modo 
como a criança adquire suas experiências marca sua estabilidade ou instabilidade emocional 
ao longo de sua vida, isto é, o ambiente afetivo que a rodeia influi de forma definitiva em seu 
desenvolvimento, marcando seu caráter e sua personalidade. 
Winnicott não se cansa de ressaltar a importância do papel da mãe nessa primeira etapa da 
vida e descreve as vantagens do que ele chama de “um bom holding”: pegar a criança nos 
braços acariciá-la, niná-la, etc., dando lugar ao início da figura de apego que, posteriormente, 
facilitará suas relações interpessoais assim como sua harmonia comportamental. 
 
 
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13
Pesquisas realizadas verificam que o estado emocional materno se reflete no da criança; por 
isso uma mãe ansiosa tende a criar crianças ansiosas, enquanto mães calmas e felizes 
transmitem a seus filhos esses estados emotivos. 
Por isso é preciso que a criança cresça em um ambiente de afeto e carinho, mas sempre 
equilibrado, pois afeto em excesso e superproteção podem prejudicar seu desenvolvimento 
psicológico, assim como a carência pode provocar desajustes em seu comportamento. 
O conceito de afetividade, em seu sentido estrito, é a resposta emocional e sentimental de 
uma pessoa a um estímulo, a uma situação. Blendes a define como o conjunto do acontecer 
emocional no qual, os sentimentos, as emoções e a paixões seriam seus componentes. 
Os psicólogos da introspecção fazem distinção entre emoções, sentimentose paixões. As 
primeiras seriam estados afetivos que chegam súbita e bruscamente em forma de crises 
mais ou menos violentas e mais ou menos passageiras. Os sentimentos corresponderiam a 
estados afetivos complexos, estáveis, mais duradouros que as emoções, mas menos 
intensos. As paixões seriam estados afetivos que participam das características das 
emoções e dos sentimentos, pois possuem a intensidade da emoção e a estabilidade do 
sentimento. 
A emoção é um capítulo complexo da Psicologia. Por meio das emoções o sujeito expressa 
grande parte de sua vida afetiva (alegria, tristeza, ira, ciúme, medo...); sem a emoção 
seríamos máquinas e, portanto, insensíveis. Embora, durante muito tempo as emoções 
precisassem ser dissimuladas, hoje fazem parte da motivação, e em certos momentos 
podem ser definidoras de nossa conduta, transmitindo sem palavras nosso estado de ânimo. 
Seu controle é regulado pelas normas sociais e culturais, que marcam a diversidade no 
comportamento humano. Na emoção influem tanto os elementos genéticos de 
amadurecimento do indivíduo como os elementos situacionais de aprendizagem. As 
diferentes emoções aparecem progressivamente ao longo do desenvolvimento psicológico 
da criança e são vínculos entre os sentimentos, o caráter e os impulsos morais. 
 
 
 
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14
Desenvolvimento da afetividade 
Ao longo de seus primeiros anos, a criança tem de desenvolver condutas que transmitam 
segurança em si mesma e em seu meio, e os pais são os encarregados de proporcioná-las 
mediante a satisfação de suas necessidades (alimentação, sede, calor, limpeza, etc.). A 
criança tem de saber que os pais estão presentes para assim poder estabelecer associações 
entre o bem-estar e o comportamento materno. A partir desse momento começa a estender a 
confiança ao restante do meio; se os pais não oferecem tanta segurança, é o início de um 
sentimento de carência afetiva que a marca ao longo de sua vida. 
No primeiro ano o âmbito psicológico e social continua sendo a família. A mãe permanece 
sendo o ponto de referência essencial, e a criança começa efetivamente a compreender que 
uma promessa pode demorar a ser cumprida ou não se realizar, mas não compreende nunca 
as falsas promessas. 
Nessa idade a ansiedade é um estado afetivo muito frequente. A origem está na importância 
dada pela criança ao mundo exterior: ela tem consciência de que precisa dos demais para 
poder subsistir, por isso sente as separações, as ausências ou os atrasos dos adultos como 
um fato traumático que a leva a um agarramento desesperado por medo de perder o afeto 
das pessoas queridas. 
A partir dos 2 anos a criança alcança um nível de autonomia e de amadurecimento 
fisiológico, linguístico e motor que permite ampliar seu espaço e reafirmar essa autonomia 
por meio da brincadeira. 
Entre os 4 e 5 anos é capaz de tomar iniciativas em seu comportamento. Dessa forma, 
começa a desenvolver uma consciência moral que indica o que é certo e o que é errado, e 
um senso de aplicação que a permite dirigir e avaliar suas conquistas educacionais. 
Conforme vai crescendo, tem a certeza de que o adulto é aquele que impõe as normas e as 
diretrizes, é ele que a elogia ou critica. Isso faz com que tome consciência de que sua 
desaprovação ou rejeição é perda de valor, enquanto o elogio e a aceitação são 
demonstrações de carinho. No primeiro caso, a imagem que tem de si mesma é de 
 
 
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15
insegurança e inadaptação; no segundo, a criança se sente apoiada e querida; portanto, seu 
nível de autoestima, de adaptação e de amadurecimento é adequado, desenvolvendo suas 
áreas de comunicação, socialização e autoconceito, e sem nenhum tipo de dificuldade ela se 
manifesta de forma positiva em todas as suas tarefas. 
A partir dos 6 anos as relações com outras crianças aumentam e se consolidam; assim, vão 
sendo formadas as “sociedades” infantis; que são elementos-chave no desenvolvimento na 
autonomia infantil. Os pais e educadores devem estimular essas relações, nunca inibi-las 
para não interferir em sua consecução. 
Entre os 8 e 11 anos começam a manifestar os transtornos da vida afetiva, e fazem isso por 
meio de dificuldades de aprendizagem. Crianças que até então mantiveram um ritmo 
acadêmico satisfatório começam a mudar, suas notas diminuem sem aparentes justificativa. 
Nesse momento a criança se encontra entre dois estágios: final da infância e começo da 
adolescência. É um momento importante na formação de sua personalidade, em que o fato 
de crescer e viver em uma família equilibrada tem uma influência notável. 
A vida afetiva do pré-adolescente se caracteriza pelo afã de emancipação, independência e 
liberdade, já não é uma criança e não quer ser tratado como tal, quer fazer aquilo que o 
agrade sem que ninguém diga o que tem de fazer. Esse afã de independência e 
autodeterminação é a raiz de uma série de formas de comportamento que levaram a 
designar esse estágio como a “segunda idade de obstinação”. Por causa disso, a união com 
a família é menor, se opõem a tudo o que representa sujeição e tutela, em casa se 
comportam de forma estranha, não querem sai com seus pais e se envergonham deles, os 
criticam e se inicia um distanciamento comunicativo. Todavia, ao mesmo tempo têm 
sentimentos contraditórios; sabem que dependem e que precisam deles, mas seu desejo de 
liberdade e independência é mais forte, e isso os leva a vê-los como “controladores de sua 
vida”. 
Se a essas mudanças evolutivas vividas pelo adolescente acrescentarmos problemas de 
carência afetiva motivada pela falta de atenção dos pais nas primeiras etapas infantis, 
relações familiares insatisfatórias, inadaptação, baixo rendimento escolar, sua personalidade 
 
 
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e suas relações sociais serão afetadas negativamente. Para que isso não aconteça, é 
fundamental que, desde os primeiros meses de sua vida, uma figura de apego seja 
desenvolvida de forma harmoniosa, a fim de que ele possa desenvolver sua afetividade e 
socialização mediante a interiorização de valores, normas e condutas que marquem seu 
comportamento e sua personalidade. 
 
 ABRAMOWICZ, Anete. Para além do fracasso escolar. 3 ed.Campinas: Papirus, 2000. 
 
 
 
 
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UNIDADE 2 
Objetivo: Compreender o processo de assimilação social que influencia a construção de 
comportamentos e, a sua influência na aprendizagem e assimilação do caráter. 
Agentes Sociais 
As influências que a criança recebe desde o momento de seu nascimento constroem sua 
personalidade. A relação que a criança estabelece com seu meio depende das 
características pessoais e da atuação dos agentes sociais. Quando estes não trazem 
experiências positivas, o processo de socialização do sujeito se ressente; portanto, a 
integração dos processos mentais afetivos e comportamentais não se realiza de forma 
ajustada, o que faz surgir transtornos e dificuldades. 
As influências transmitidas pela família, pela escola e pela sociedade são básicas para que o 
sujeito alcance uma estabilidade comportamental e um nível de maturidade adequado que o 
torne um ser autônomo e responsável. 
 
Família 
A família é o meio natural no qual a criança começa sua vida e inicia sua aprendizagem 
básica, por meio de uma série de estímulos e de vivências que a condicionam 
profundamente ao longo de toda sua existência. A estabilidade e equilíbrio em sua relação 
paterna e com os outros membros da família definem o clima afetivo no qual a criança vê 
transcorrer a primeira etapa de suavida. Esse clima determina a socialização infantil, 
facilitando a receptividade e adaptação da criança em seu processo de escolarização. 
 
 
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A existência de vínculos sólidos, estáveis e de qualidade não determina apenas a 
consolidação de bases importantes de segurança para a criança, mas também é uma fonte 
constante de estimulação que encoraja conquistas e geralmente impede a falta de 
motivação. Se o modelo de casal transmitido pelos pais é atraente, a criança interioriza uma 
experiência intelectual em virtude da qual aprende que, sendo como seus pais, algum dia 
poderá reconstruir em si mesma não só a personalidade admirada de seus progenitores, mas 
a possibilidade de ter uma família como a que ela desfrutou. 
Caso contrário, se esses vínculos entre o casal falham, a criança se transforma, no melhor 
dos casos, em juiz e/ou vítima do comportamento dos pais, dando lugar a transtornos e 
desajustes tanto em seu desenvolvimento evolutivo como em sua personalidade, e isso 
posteriormente influencia em seu rendimento escolar. Baixa autoestima, inibição, 
incapacidade de expressão, transtornos de socialização e desconfiança nas ralações 
interpessoais são algumas das condutas que formam o perfil psicológico dessas crianças 
(Cryan, 1985). 
Quanto maior o número de componentes na família, maior é o sistema de interações entre 
eles; cada sistema de interação tem sua própria qualidade emocional que afeta a 
personalidade e a conduta de todos os membros. Cada grupo familiar está composto por 
indivíduos de diferentes idades e de ambos os sexos. O sexo masculino pode predominar, 
ambos os sexos podem estar representados, ou a família pode ser predominantemente 
feminina. Essas variações influem na conduta de cada membro, assim como a posição que 
ocupa em relação aos outros irmãos. 
Relação entre os irmãos  A atitude de rejeição ou de aceitação por parte dele mesmo ou 
por parte dos irmãos influi na estabilidade ou instabilidade emocional do sujeito. Essa atitude 
se estabelece desde o momento em que se sabe a “boa nova” e como ela é anunciada pelos 
pais. Se o filho é pequeno, e até então foi “o príncipe da casa”, pode ficar magoado ao ter de 
compartilhar o tempo e a atenção dos pais com esse novo irmão; se, ao contrário, o filho é 
mais velho, seus interesses e amigos estão fora do ambiente familiar e, portanto, esse 
nascimento não interfere na sua vida, sua atitude é favorável. 
 
 
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Se os filhos estão na etapa da adolescência, desenvolvem sentimentos de vergonha em 
relação à gravidez da mãe, principalmente se esta é mais velha. Temem que sua vida social 
se veja limitada, e por isso sentem ciúme e mágoa do novo irmão. 
O filho mais velho, às vezes, é vítima das comparações de seus pais: estes esperam que ele 
assuma responsabilidades em relação aos irmãos, comportando-se de forma mais 
conservadora e menos dominadora e agressiva que seus irmãos mais novos. 
O filho nascido em segundo lugar sente-se livre da ansiedade, da tensão emocional e da 
superproteção que “sofreu” o irmão mais velho. Portanto, as relações entre pais e filhos 
tendem a ser mais relaxadas e calorosas. 
É bem provável que o filho mais novo seja o mais mimado. Os outros membros da família 
continuam fazendo coisas por ele e para ele, embora já não seja preciso. A indulgência e a 
desconsideração têm influência em sua visão da realidade e, portanto, em sua conduta. 
A diferença de idade entre os irmãos também têm influência em suas relações. Um espaço 
de 2 ou 4 anos é importante para essa relação, principalmente quando os irmãos têm sexo 
diferente. Os atritos ou desgastes entre eles podem causar a deterioração da harmonia 
familiar. 
Resumindo, a criança precisa de modelos de conduta em um lar no qual existia um ambiente 
feliz para que possa se desenvolver como pessoa. A ordem externa, a estabilidade 
emocional, a serenidade psicológica, assim como a felicidade humana, é o resultado de 
vivências saudáveis e não de simples reflexões. Tudo isso é o melhor âmbito para uma 
educação infantil e uma aprendizagem adequada. 
 
Escola 
No desenvolvimento social da criança, a escola e os colegas ocupam um lugar muito 
importante. Quando a escola está organizada como uma “grande família”, isto é, quando há 
 
 
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um só professor para todas as matérias, a relação com seus alunos é mais estreita; quando 
há diversos professores, o contato é mais impessoal. Isso influi no comportamento da 
criança, do mesmo modo que o lugar que ocupa em sala e as notas que obtém são 
indicadores de sua posição em relação a seus colegas. Quando a aceitação ocorre, o sujeito 
reafirma a autoestima e o autoconceito; do contrário, quando há rejeição, aparece a 
subvalorização de sua própria autoestima. 
Os alunos atrasados podem desenvolver sentimentos de inadaptação em alguns casos, 
assim como o aluno brilhante, que consegue todas as metas sem muitos esforços, pode 
desenvolver atitudes negativas para com a autoridade e de intolerância para com seus 
colegas, o que o torna impopular e, em alguns casos, rejeitado. Geralmente os alunos com 
boas notas e que são aceitos por seus colegas como líderes do grupo são felizes na escola e 
têm um autoconceito favorável (Hurlock, 1982; Genovard, 1987). 
A escola não interfere apenas na transmissão do saber científico, culturalmente organizado, 
mas influi na socialização e individualização da criança desenvolvendo as relações afetivas, 
a habilidade para participar nas situações sociais (brincadeiras, trabalho em grupo, etc.), as 
destrezas de comunicação, o papel sexual, as condutas pré-sociais e a própria identidade 
pessoal (autoconceito, autoestima, autonomia). Quanto à identidade pessoal, a criança, 
quando entra na escola, traz um grupo de experiências prévias que permitem ter um conceito 
de si mesma a ser reafirmado ou não pelo conceito que os demais terão dela, e isso significa 
uma ampliação de seu mundo de relações. 
Nesse enriquecimento da identidade pessoal, podemos dizer que estão presentes certos 
fatores, como: a imagem positiva de si mesmo; os sentimentos de autoestima, autoeficácia e 
autoconfiança; as experiências pessoais de êxito ou de fracasso; os resultados das 
aprendizagens, as avaliações, os comentários, as informações e a qualificações que a 
criança obtém, no contexto escolar; as percepções que tem dos demais; diante de sua 
conduta; a avaliação que faz de si mesma, expressando em que medida se considera capaz, 
valiosa e significativa. Tudo isso contribui para a formação de uma identidade pessoal que 
vai regulando e determinando a conduta infantil. 
 
 
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Além de construir o autoconceito e a autoestima, a escola contribui para desenvolver a 
capacidade intelectual da criança. Nessa etapa ela começa a receber avaliações de seus 
professores, de seus colegas e de seus pais, de acordo com suas disposições naturais e 
com seu rendimento. Essa avaliação influi em seu autoconceito e na forma de perceber seu 
próprio processo de aprendizagem, podendo contribuir para melhorar ou dificultar esse 
rendimento. 
Pesquisas realizadas verificam que as crianças que apresentam opiniões positivas sobre 
suas capacidades pessoais relacionadas com as tarefas escolares obtêm melhores 
resultados do que aquelas cuja opinião sobre si mesmas é negativa. Com o tempo, isso pode 
influir no autoconceito acadêmico e em seus êxitos e fracassos posteriores. 
A incorporação ao mundo da escola é feita por meio da educação infantil, naqual a criança 
enriquece seu mundo social ampliando o círculo de figura de apego e evitando, assim, ficar 
na família nuclear, tendo sempre como objetivo favorecer o desenvolvimento físico, motor, 
linguístico e social que, posteriormente, permite uma formação ajustada da personalidade. 
A passagem da educação infantil para o ensino fundamental apresenta novos desafios; 
supõe a passagem de um processo de ensino não estruturado, para um de conhecimentos 
sistematizados, com horários menos flexíveis, diminuição da liberdade e avaliação do 
rendimento do aluno. Nessa etapa são desenvolvidos o pensamento e as capacidades 
intelectuais básicas dentro dos objetivos estabelecidos no currículo do ensino fundamental e 
de acordo com o princípio metodológico de que o processo de ensino deve garantir a 
funcionalidade das aprendizagens. Tal funcionalidade não é apenas uma construção de 
conhecimentos úteis e pertinentes, mas também o desenvolvimento de habilidades e 
estratégias de planejamento e regulação da própria atividade de aprendizagem, isto é, o 
aprender a aprender, para o qual são desenvolvidos programas que melhoram a solução de 
problemas, a criatividade, o raciocínio indutivo e dedutivo, em suma, melhoram o cognitivo e 
o metacognitivo. 
 
 
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Do mesmo modo, o professor procura ensinar os alunos a conviver. Educar é socializar, e 
um dos principais objetivos no ensino fundamental consiste em fazer os alunos interiorizarem 
regras básicas que regulam uma convivência social pacífica e satisfatória. 
Nos casos em que as situações ambientais são conflituosas, a relação com os professores 
deve ser estreita. As crianças buscam um pai ou uma mãe ideais, mas a realidade é outra, e 
vem a decepção; então o professor pode se transformar nesse ideal que não conseguiram 
encontrar. O professor deve compreender a situação e não rejeitar essa relação; deve saber 
agir e saber dizer, para que não haja confusão, por parte da criança, em relação aos papéis 
que cada um representa. A fim de evitar trabalhos opostos e contraproducentes, o professor 
deve ser conselheiro, orientador, sempre contando com os pais e fazendo com que 
participem no processo educacional de seus filhos. Desse modo, ambos contribuem para 
melhorar o desenvolvimento intelectual, afetivo e social da criança. 
As influências e a avaliação pessoal que os pais fazem do processo educacional têm um 
papel importantíssimo na atitude que a criança desenvolve em relação à escola. Fatores 
como a classe social, a religião, a raça, as expectativas, o sexo, etc., marcam de forma 
favorável ou desfavorável a adaptação da criança ao ambiente escolar. 
 
Sociedade 
 A criança é um ser social desde o momento de seu nascimento. Diferentemente dos 
animais, encontra-se desprotegida, precisa dos demais para resolver todas as suas 
necessidades básicas e, entre essas necessidades, está o desenvolvimento da afetividade. 
Conforme satisfaz suas necessidades, a criança se motiva biológica e socialmente, 
incorporando-se de forma efetiva ao grupo, estabelecendo as relações interpessoais tão 
necessárias para ela como para o grupo. 
A relação que a criança estabelece com seu meio não é algo passivo; baseia-se na 
transmissão de seu modo de agir e pensar, isto é, sua própria individualidade diante do 
 
 
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grupo em que se envolve, mas esse grupo também influencia na aquisição de uma série de 
atitudes (responsabilidade, solidariedade, tomada de decisões, etc.) que determinam sua 
conduta e suas relações. 
Essa interação chega ao ponto mais alto no momento em que esse grupo transmite a ela sua 
bagagem cultural acumulada ao longo de todo o desenvolvimento histórico da espécie 
humana. Essa transmissão envolve valores, normas, atribuições de papéis, ensino da 
linguagem, destrezas, conteúdos, etc., e se realiza com a ajuda dos agentes sociais, como 
mãe, pai, irmão, outros familiares, colegas, amigos, professores, outros adultos, algumas 
instituições, meios de comunicação (televisão, cinema, jornal...), livros, brinquedos, folclore, 
etc. 
A forma como esses agentes atuam depende de fatores contextuais, como a classe social, o 
país, a região geográfica onde a criança nasce e vive, e de fatores pessoais, como o sexo, 
as aptidões físicas, psicológicas, etc. Dessa forma, os vínculos afetivos, que a criança 
estabelece com os pais, os irmãos, os amigos e os demais, são à base de seu 
desenvolvimento social, por isso o apego e a amizade têm influência nesse desenvolvimento. 
O processo de socialização traz implícito aprender a evitar condutas consideradas 
prejudiciais e, por outro lado, adquirir determinadas habilidades sociais. Para isso é 
necessário que o sujeito esteja motivado a se comportar de forma adequada e desenvolva 
uma conduta de autocontrole, atendendo de forma positiva as expectativas do grupo. 
Considerando que os vínculos afetivos estabelecidos pela criança com os pais, irmãos, 
amigos, professores, colegas, etc., são a base de seu desenvolvimento social. Então a 
empatia, o apego e a amizade têm influência no desenvolvimento social de um indivíduo. 
Não podemos esquecer que o ambiente percebido individualmente não tem uma 
correspondência absoluta com o ambiente real. Aquele nos mostra que os estímulos do 
ambiente se transformam em cognições por meio de processos complexos em que os 
modelos mentais preestabelecidos, os fenômenos de consciência e as expectativas do 
sujeito atuam como mediadores e adquirem um valor diferencial, e é desse modo que se 
consegue estabelecer uma relação entre o homem e o meio. Esse meio pode ser modificado 
 
 
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e adaptado pelo homem de acordo com suas necessidades, podendo até mesmo ser criado 
um meio cultural e tecnológico próprio por meio do qual se torne possível eliminar ou 
amenizar as pressões ambientais (fatores atmosféricos, barulhos, aglomerações, fome, 
pobreza, etc.). Essas pressões têm efeitos diferentes nos indivíduos, que tanto podem 
desenvolver condutas adaptativas a fim de dominar esse meio aparentemente inóspito 
quanto desenvolver condutas de inadaptação e rejeição. 
 
 
 ANDRÉ, M. Pedagogia das diferenças na sala de aula. 4. ed. Campinas: Papirus, 2002. 
 
 
 
 
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UNIDADE 3 
Objetivo: Conhecer a importância dos primeiros passos do desenvolvimento afetivo e sua 
ampla ligação com as primeiras dificuldades de aprendizagem. 
Construção e Desenvolvimento da Figura de Apego 
Um dos aspectos importantes do desenvolvimento social e da personalidade em geral é o 
desenvolvimento afetivo, iniciado no momento do nascimento e construído por meio da figura 
de apego, que representa os laços de união ente a criança e os demais. Os pais devem 
lembrar que os filhos realizam a aprendizagem com eles e depois a ampliam em suas 
relações com as outras pessoas. É da educação familiar que depende seu comportamento 
posterior. A criança que cresceu em um ambiente conflituoso e sem carinho, posteriormente, 
tende a rejeitar a sociedade e tudo o que ela representa. 
O apego pode ser definido como o conjunto de sentimentos ligados às pessoas com as quais 
se convive que irá influenciar ao sujeito, transmitindo sentimentos de segurança, bem-estar e 
prazer, gerados pela proximidade e pelo contato com eles. Para que isso aconteça, é preciso 
que a experiência de interações privilegiadas seja prolongada e que a criança aprenda a 
diferenciar uma pessoa da outra e a se vincular de maneira estável desenvolvendo assim 
condutas, expectativase sentimentos de apego. 
Esse vínculo afetivo se forma ao longo do primeiro ano de vida como resultado da 
necessidade que a criança possui de criar vínculos afetivos e da conduta que coloca em jogo 
para satisfazer essa necessidade, assim como do oferecimento de cuidados e atendimento 
específicos que a mãe ou quem cumpre o papel materno oferece. É, portanto, o resultado 
da interação privilegiada entre a criança e seu grupo reduzido de adultos. 
O apego supõe também a construção de um modelo mental, resultado dessa relação, e os 
conteúdos mais importantes são as lembranças deixadas, o conceito que se tem da figura de 
apego, de si mesmo e, por último, as expectativas sobre a própria relação. De todos eles, os 
 
 
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que se referem à disponibilidade da figura de apego e à tomada de consciência de que essa 
figura não pode falhar são os que fazem a criança desenvolver um modelo mental positivo e 
uma conduta social adaptada e segura, que influencia primeiro, em um desenvolvimento 
intelectual e, posteriormente, representacional. 
Quando a criança entra na escola, amplia os contextos de socialização externos ao lar, mas 
sem que desapareça a influência dos pais sobre a autoestima, motivação, etc., e sobre o 
comportamento geral da criança. Até esse momento as normas foram aceitas, mas, a partir 
daí, esse padrão de conduta só é aceito se vier acompanhado de afeto. Quando isso não 
acontece, a criança começa a desenvolver condutas agressivas, comportamentos 
antissociais que se manifestam em ambientes fora do lar e podem chegar até ao bloqueio 
mental da criança. 
Nessa nova etapa e ao longo de todos os anos de sua permanência na escola, a criança se 
relaciona e conhece novos colegas os quais são adicionados ao número de figuras de apego 
já consolidadas. As relações com estes supõe uma influência negativa ou positiva que se 
manifesta na adaptação ou inadaptação durante o período de escolarização, e até mesmo 
posteriormente. A rejeição dos colegas causa transtornos emocionais, sentimentos de 
ansiedade, baixa autoestima, condutas desordenadas e sentimentos de hostilidade para com 
eles e a escola; em contrapartida, quando essas relações apresentam mútua aceitação, os 
objetivos propostos são alcançados. 
Na adolescência os intercâmbios e as interações sociais se ampliam de forma extraordinária, 
enfraquecendo a referência ao familiar, assim como as figuras de apego da etapa infantil. 
Conforme adquire autonomia pessoal o sujeito se emancipa da família; essa emancipação 
ocorre de forma diferente em cada sujeito. 
Paralelamente à emancipação familiar, o adolescente estabelece laços mais estreitos com o 
grupo de colegas: primeiro a turma de um só sexo, mais tarde a turma de sexos diferentes. A 
fase final se caracteriza pela separação dessa turma, dando lugar à consolidação de 
relações entre casais que, pouco a pouco, se desligam do grupo. 
 
 
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Os meninos desenvolvem a intimidade interpessoal mais devagar, e as meninas são mais 
precoces nesse aspecto, mas ambos continuam precisando de afeto e carinho dos pais tanto 
ou mais do que na infância, mesmo que se mostrem ariscos e esquivos e rejeitem a atitude 
paternalista ou maternal. A opinião destes sobre seu futuro continue sendo importante em 
relação a dos colegas e amigos que influenciam nas decisões cotidianas. 
A relação de casal é a que representa a reafirmação como pessoa independente e madura. 
Por meio dessa relação, o sujeito rompe com a dependência paternal, permitindo mudar seu 
papel de filho para iniciar uma nova etapa em que ele, ao mesmo tempo, adquire novos 
papéis, como marido e pai, esposa e mãe, para modelar e ser modelo de sua própria família. 
Se seu desenvolvimento afetivo foi bem estruturado, sua relação de casal é rica e profunda. 
Se, ao contrário, a afetividade não está presente, a relação se torna algo vazio e supérfluo 
que o leva ao tédio e à ruptura, com substituições contínuas, sem a presença do amor; 
mantém apenas meras satisfações sexuais, sem adquirir compromissos nem 
responsabilidades, o que aos poucos o deixará com a amargura da solidão e da insatisfação. 
Também podemos dizer que a figura de apego ajuda o sujeito a encontrar sua autonomia 
pessoal, e é por meio das diferentes figuras que cria ao longo da vida, que ele adquire novas 
experiências, desenvolve diversas condutas, assume novos papéis e pode construir uma 
personalidade em harmonia. 
Para finalizar, em alguns casos, por influências socioculturais, a figura de apego não é vista 
como algo direto e individual, mas é captada pelo sujeito como algo coletivo. Quem vai 
ajudá-lo e protegê-lo não é a mãe nem o pai, mas a tribo, o clã, o bando, a seita, etc., que na 
chegada à adolescência, é substituído e personalizado pelo chamado elemento protetor, 
membro desse grupo que irá proporcionar a segurança e atenção das quais sente falta. 
 
 
 
 
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 COLL, César. Desenvolvimento psicológico e educação: necessidades educativas especiais 
e aprendizagem escolar, 3. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. v.3, 381p., (370.15 C697d). 
 
 
 
 
 
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UNIDADE 4 
Objetivo: Conhecer as consequências dos vários transtornos afetivos e criar abordagens 
para auxiliar o educando na busca de habilidades e competências sociais, afetivas e 
intelectuais. 
Principais Transtornos Afetivos 
Os transtornos afetivos podem ser causados por diversas situações conflituosas que se 
originam em casa, na escola, com amigos, etc. 
Suas consequências se manifestam em baixo rendimento acadêmico, desenvolvimento 
evolutivo inadequado, desajustes na personalidade, baixa motivação, conduta instável e, às 
vezes, até mesmo antissocial e agressiva, hiperatividade, retraimento e imaturidade que 
dificultam o estabelecimento de relações interpessoais. 
A ruptura do núcleo familiar (separação, divórcio, etc.), a carência afetiva, o abandono, a falta 
de atenção, as características culturais da família assim como a situação econômica, entre 
outros fatores, são algumas das possíveis causas que provocam esses transtornos. 
Os transtornos podem ser agrupados em dois grandes blocos denominados externalização e 
internalização. O primeiro faz referência a condutas cujas consequências se refletem no 
ambiente, condutas agressivas hiperativas, delituosas, e problemas sexuais. No segundo 
estão as condutas neuróticas, esquizóides e obsessivas, cuja primeira vítima é o próprio 
sujeito. 
Os sujeitos que passam por essa situação desenvolvem um perfil de imaturidade que 
provoca alterações comportamentais e dificuldades de aprendizagem, cujas características 
seriam, entre outras: 
 Defasagem entre a idade cronológica e a idade mental; 
 
 
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 Desconhecimento de si mesmo, que o induz a empreender tarefas impossíveis e a não se 
arriscar quando tem possibilidade de êxito, pois desconhece sua capacidade para agir e 
sua limitações; 
 Instabilidade emocional manifestada em mudanças bruscas de estado de ânimo. O 
imaturo é desigual, variável, irregular; seus sentimentos mudam com tanta facilidade que 
não sabemos nunca como agir com eles; 
 Pouca responsabilidade, portanto, não há esforço para cumprir os compromissos 
assumidos; 
 Má percepção da realidade, que o leva a desenvolver condutas de inadaptação tanto 
pessoal como social; 
 Ausência de projetos de vida, sobre o amor, o trabalho; a cultura, etc., que o leva a agir 
de forma superficial,sem metas, sem modelos, sem valores; 
 Falta de maturidade intelectual; o sujeito imaturo é incapaz de processar a informação e 
desenvolver uma aprendizagem significativa para que possa enriquecer suas estruturas 
cognitivas e dar respostas válidas, coerentes e eficazes; 
 Pouca ou nenhuma educação da vontade, que o transforma em uma pessoa fraca, 
facilmente influenciável, com baixa tolerância às frustrações; é mal perdedor, se 
entusiasma facilmente com projetos que abandona quando surge qualquer dificuldade; 
tende a se refugiar em um mundo fantástico, distanciando-se da realidade; 
 Critérios morais e éticos instáveis; a moral é a arte de viver como ser humano, educando 
a liberdade para utilizá-la de forma adequada; o sujeito imaturo é permissivo, segue a 
moda sem ter opinião nem espírito crítico. 
Essas características pessoais desenvolvem transtornos comportamentais que, no âmbito 
escolar, geram dificuldades de aprendizagem, inadaptação e, em alguns casos, abandono e 
fracasso escolar. Para melhorar essas situações, é preciso aplicar programas 
psicoeducacionais de intervenção. 
 
 
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Causas E Consequências 
É extremamente difícil fazer uma classificação das causas que dão origem aos transtornos 
afetivos. Sabemos que um sistema de classificação é fundamental porque permite coletar 
informações, prever e desenvolver conceitos dentro de uma disciplina científica. A fonte da 
qual se parte, para iniciar uma possível classificação desses transtornos na infância, pode 
ser o ambiente familiar em que a criança viveu os primeiros anos de vida, pela influência que 
ele tem na construção de sua personalidade. As brigas entre o casal fazem com que a 
criança viva em um lar tenso e até mesmo agressivo, o que é extremamente prejudicial para 
seu desenvolvimento psíquico, mais ainda do que a ruptura do núcleo familiar. Se esse 
ambiente é desfeito por uma separação ou um divórcio, a criança passa a vivê-lo de forma 
tão traumática que dificulta suas atividades escolares, e é por isso que surgem as 
dificuldades de aprendizagem, que, por sua vez distorcem o desenvolvimento normal da 
personalidade. 
 
Ruptura do núcleo familiar 
A família é a primeira unidade socializada. Tudo o que a criança possui depende dela, nela 
aprende as normas que guiarão suas relações afetivas. Se o núcleo familiar se quebra, 
quebra também a estabilidade emocional necessária para um desenvolvimento normal, e 
começam os desajustes da personalidade. 
As desavenças conjugais, as irritações, as censuras mútuas, a autoridade desequilibrada e 
os repetidos transtornos deixam uma marca negativa na criança, que se sente assustada e 
impotente sem saber o que pensar. Pouco a pouco reage diante de estímulos negativos e se 
torna irritadiça e violenta. A decepção diante de uma vida familiar desse jeito a transforma 
em uma pessoa apática e sem interesse; suas relações afetivas se tornam tensas, e sua 
capacidade de relacionamento é pouco desenvolvida. Segundo o Ministério de Assuntos 
sociais na Espanha, há 35 mil casamentos desfeitos, 73% com filhos menores de idade. 
 
 
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A criança vive a separação dos pais com angústia, tem a sensação de ameaça, o que 
influencia sua afetividade, e até se sente culpada por ter provocado a situação. É por isso 
que em uma de cada três crianças com pais separados foi possível detectar síndromes 
depressivas. Já que o ambiente mudou, o dinheiro se transforma em um problema, e os 
filhos são o pretexto para as brigas entre o casal; a isso temos de acrescentar os problemas 
pela custódia e a síndrome do fim de semana, em que se espera a visita do progenitor, e em 
muitos casos a espera é vã. Assim a criança se sente decepcionada e até com ciúme, e os 
vínculos afetivos se deterioram paulatinamente. 
Para evitar isso, quando os pais se separam ou se divorciam, precisam explicar a situação 
para os filhos, informando sobre o que vai acontecer e de que forma isso influenciará suas 
vidas, fazendo-os compreender que não perderam o carinho, o que realmente perderam é o 
padrão de conduta ideal que até então haviam desfrutado. 
 
Carência afetiva 
A criança precisa experimentar o afeto de seus pais. A forma de adquirir a autoestima e a 
segurança necessária para que alcance sua autonomia pessoal. A privação afetiva sofrida 
durante a infância pode dar lugar a inúmeros transtornos psicológicos e psicopatológicos que 
se manifestam ao longo da própria infância ou, às vezes, com a chegada da adolescência e 
podem persistir no adulto. Algumas vezes a falta de afeto vem de um ambiente familiar 
deteriorado, com frequentes disputas dos pais diante dos filhos. Se um dos progenitores 
possui algum transtorno psicopatológico como o alcoolismo ou a dependência de drogas, a 
criança pode sofrer agressões ou maus-tratos passíveis de agravar mais ainda o problema. 
A privação afetiva pode ser vivida em função da relação com os outros irmãos, quando a 
criança se vê relegada a um segundo plano, com a sensação de que os outros são os 
preferidos de seus pais. A origem da carência afetiva também pode surgir em virtude das 
ausências prolongadas do pai ou por diversos motivos: pais severos ou moralistas que 
provocam constantes crises ou estados contínuos de ansiedade, ou pais muito tolerantes 
 
 
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cujos filhos não estão sujeitos a normas ou pontos de referência para um comportamento 
correto. 
O desenvolvimento neurótico da personalidade é um transtorno bastante relacionado com a 
insegurança em si, muitas vezes originada das vivências de privação afetiva e, quando não 
se acumula de forma contínua, pode perdurar na vida adulta, sob a forma de síndromes 
neuróticas. 
Quando essa situação vem acompanhada de maus-tratos causados pelos pais ou pelas 
pessoas que têm a custódia, o mais provável é que a criança desenvolva uma personalidade 
psicopata, com a qual quer reivindicar o afeto mediante condutas inadequadas, 
estabelecendo também um padrão de condutas contraditórias. 
Dar afeto para a criança, não precisa ser excessivamente tolerante, com ela nem 
superprotegê-la. A criança pode se sentir querida mesmo se for repreendida quando preciso; 
desde que ela perceba que isso é feito com carinho e rigor ao mesmo tempo. É importante 
premiar as conquistas, os esforços e as condutas corretas que a criança realiza, reforçando 
desse modo condutas mantidas por muito tempo, e punir aquelas que podem ser nocivas 
para seu desenvolvimento psicológico. 
 A falta de atenção ocorre quando há carência do tipo educativa. Por vários motivos sociais e 
profissionais, os pais não têm tempo para levar a criança à escola, participar das reuniões 
com os professores, preocupar-se com suas tarefas, sua conquistas, suas inquietações, etc., 
deixando-a ao cuidado de pessoas estranhas. Isso é comum no executivo exemplar, pois 
trabalha muito, está sempre ocupado e preocupado com seus negócios, com seu trabalho; 
em casa não quer que ninguém o incomode e perturbe sua tranquilidade; passa longos 
períodos sem falar nem ver seus filhos; é um vencedor nato, e para seus filhos dá coisas que 
permitam essa tranquilidade, como os divertimentos fora de casa, amigos, caprichos, mas, a 
partir da adolescência, o sujeito precisa de mais e busca falsas satisfações que compensem 
suas carências e vazios como as drogas, o álcool, o perigo, e tudo isso é fruto da época em 
que vivemos; e de uma sociedade que está mais preocupada com o trabalho, com as coisas 
 
 
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materiais,com o consumismo, etc., e os valores familiares, passaram para um segundo 
plano. 
 
Transtornos afetivos causados pelas dificuldades de aprendizagem 
Em psicologia da educação se diz que os transtornos afetivos causam dificuldades de 
aprendizagem, apresentam sintomatologias bem diversas, desde a tristeza, a timidez e a 
perda de iniciativa até a agressividade e os enfrentamentos, que, sem dúvida, são o 
resultado dos mecanismos de defesa desenvolvidos pelo indivíduo para mascarar sua 
inferioridade. Entre os transtornos afetivos mais comuns devemos destacar a instabilidade 
emocional e a ansiedade. 
A instabilidade emocional influi muito no processo de aprendizagem. Diversas pesquisas 
assinalam diferentes transtornos no processo de aprendizagem ligados a essa instabilidade: 
tensão nervosa, falta de concentração, irritabilidade frequente, mudanças de humor sem 
causa aparente. 
A ansiedade é outra variável importante que interfere no processo de aprendizagem. São 
muitos os estudos realizados para comprovar a influência da ansiedade no rendimento 
acadêmico. Os resultados indicam correlações negativas entre ansiedade e rendimento, mas 
a interação entre ambos é extremamente complexa. Em geral, é possível afirmar que um 
grau elevado de ansiedade facilita a aprendizagem mecânica e a aprendizagem significativa 
em um nível elementar, mas naquelas aprendizagens mais complexas a ansiedade acentua 
a aprendizagem de tarefas complexas quando não interfere na autoestima pessoal, quando 
as tarefas não trazem muita novidade ou não são muito significativas, quando é moderada e 
quando o estudante possui mecanismos afetivos que lhe permitam controlá-la . 
Qualquer transtorno do tipo afetivo pode interferir na linguagem da criança impedindo um 
desenvolvimento evolutivo normal. A falta de carinho a inadaptação familiar, a existência de 
situações traumatizantes, etc., podem provocar um transtorno no desenvolvimento linguístico 
 
 
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que se reflete sob a forma de gagueira com o desejo claro de chamar a atenção dos pais. O 
ambiente sociocultural familiar também influi no desenvolvimento e amadurecimento infantil. 
 
 
 FONSECA, Vítor da. Taxonomia das dificuldades de aprendizagem (DA). In: ______. 
Introdução às dificuldades de aprendizagem. 2. ed. rev. aum. Porto Alegre: Artes Médicas, 
1995. 
Assista ao filme: O quarto do meu filho 
 
 
 
 
 
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UNIDADE 5 
Objetivo: Compreender as causas dos desajustes de comportamento, face os problemas 
sociais que podem causar dificuldades na aprendizagem escolar, bem como problemas de 
transtornos de personalidade. 
Deteriorização dos Agentes Sociais 
Os desajustes e as dificuldades aparecem quando o ambiente familiar, escolar e social não é 
propício. Existem fatores de risco que provocam essa deterioração (a carência econômica se 
manifesta em saúde ruim e desnutrição), mas em alguns casos também favorecem o 
desenvolvimento de condutas reprováveis, que têm como consequência lares destruídos, 
transtornos de personalidade, condutas antissociais etc., cuja maior manifestação são os 
maus-tratos. 
 
Maus-tratos: conceito 
Os maus-tratos infantis constituem um problema social muito generalizado, mas também 
muito desconhecido. Na maioria dos casos não sai do âmbito familiar onde ocorrem, sendo 
conhecidos apenas no caso de intervenção dos serviços sociais. 
A conceituação de maus-tratos tem sua origem nos anos 1960. Embora sempre tenha 
existido. 
São muitas as perguntas que surgem na hora de definir os maus-tratos. Usa-se esse termo 
normalmente apenas para aqueles casos de agressão física e abuso sexual, os mais 
detectados e os com mais visibilidade, e que podem pôr em perigo a saúde física e psíquica 
da criança. 
 
 
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 Entende-se por maus-tratos na infância as diferentes formas de disfunções e carências nas 
relações entre as crianças e os adultos, que interferem no desenvolvimento físico, 
psicológico, afetivo e social dos menores. A Lei de Serviços de proteção Infantil dos Estados 
Unidos define os maus-tratos infantis como “Dano ou tratamento prejudicial para o bem-estar 
de uma criança ou para sua saúde física ou psíquica pelo comportamento ou omissão dos 
pais ou pessoa responsável pelo cuidado e bem-estar da criança”. 
O castigo físico é uma das maneiras de disciplinar mais comumente empregadas em casa. 
Geralmente, quando o adulto o usa se sente irritado e é por meio dele que descarrega sua 
irritabilidade, e a criança associa o castigo ao estado de ira do adulto, e não à falta cometida; 
portanto, a finalidade a que o adulto muitas vezes se propõe perde o sentido. Uma variável 
que devemos considerar na hora de estabelecer a existência de maus-tratos é a 
intencionalidade quando se impõe o castigo, pois para muitos pais consiste na única maneira 
de reafirmar sua própria personalidade. 
O efeito que esse “método educativo” provoca na criança é uma dificuldade na hora de 
estabelecer relações interpessoais, pois o processo de socialização se estabelece de forma 
inadequada ao tomar como base algumas premissas falsas e é na etapa da adolescência 
que esses transtornos mais se manifestam. Nessa fase evolutiva, quando está mais 
necessitado de carinho – ao ter essa carência ele se ressente – que isso transparece em 
estados permanentes de infelicidade, de baixa autoestima, de ansiedade, de depressão, de 
dificuldades de aprendizagem, etc. 
Na Espanha são apresentadas por ano cerca de 40 mil denúncias relacionadas com os 
maus-tratos. 
Nos Estados Unidos, segundo a pesquisa Gallup, é possível identificar como fator de risco a 
pobreza. Existe o triplo de casos de maus-tratos em famílias pobres do que em famílias ricas. 
Outros fatores são as drogas (crack, cocaína) e o álcool. 
Os abusos sexuais são sete vezes superiores, segundo esse mesmo relatório, em famílias 
de nível socioeconômico baixo do que nos outros níveis (médio e alto). Também em famílias 
 
 
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monoparentais os maus-tratos ocorrem com maior frequência por causa de fatores 
psicológicos e econômicos. 
Em um trabalho realizado sobre medos infantis, 60% da população infantil americana tem 
medo de que a matem na escola, na rua ou em casa. 
 
Origem 
A origem dos maus-tratos é social, econômica e cultural. Existem variáveis que permitem a 
origem d problema: a relação entre maus-tratos, abandono e o fato de pertencer a uma 
classe social baixa ou muito baixa é um dado que aparece em inúmeros trabalhos mas esse 
problema, principalmente o abandono, não ocorre só nas classes baixas. 
O desemprego é outra variável que incide na origem dos maus-tratos e influi na deterioração 
das relações paterno-filiais. A origem dessa deterioração está nos transtornos psicológicos 
(depressões, autoconceito baixo, estresse, insônia, insegurança, etc.) que o pai sofre por 
estar desempregado. Também pode aparecer a insatisfação e a insegurança pelo trabalho, 
como fator de deterioração do ambiente familiar. 
O estado civil da pai/mãe (solteiro(a), divorciado(a) ou separado(a) ) representa o 
desencadeador de maus-tratos físicos e emocionais com os filhos: muitas vezes convivem 
com um companheiro(a) que não é o pai/mãe; portanto, os laços afetivos não são os ideais. 
Essa situação, às vezes, é acompanhada de desemprego, insatisfação com o trabalho, 
alcoolismo, muitas pessoas vivendo sob o mesmo teto, baixo nível cultural, etc., provocando 
situações de extrema tensão cuja única saída é o castigo físico.

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