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1 Metabolismo dos Fármacos Quase todos os fármacos sofrem algum tipo de modificação após serem absorvidos e distribuídos. O metabolismo dos fármacos divide-se em duas categorias: Fase I: Funcionalização; Conversão de grupos pouco polares do fármaco em grupos polares. Funções: Aumenta (um pouco) a polaridade do fármaco, fornece um grupo funcional que poderá ser conjugado na fase II do metabolismo (principal função) Ativa os fármacos em alguns casos Inclui: 1. Oxidação: Introdução de OH, COOH, NH2, SH. 2. Redução: Cetonas e aldeídos reduzidos a álcool. 3. Hidrólise: Hidrólise de ésteres, amidas e lactonas. 2 Metabolismo dos Fármacos Fase II: Conjugação É uma reação que liga um grupo endógeno pequeno, polar e ionizável ao fármaco de modo a formar um conjugado inativo e solúvel em água. Grupos endógenos utilizados: Ácido glicurônico; Sulfato; Glicina; Outros aminoácidos; Grupo metil Grupo acetil. Função: Inativar e/ou promover uma rápida eliminação do fármaco. 3 Metabolismo dos Fármacos P = 40.000.000 P < 1 o 4 Metabolismo dos Fármacos Locais de biotransformação de fármacos: Fígado (principal) - Metabolismo de primeira passagem Intestino - Enzimas e bactérias podem metabolizar o fármaco Tecido nervoso - Metaboliza feniletilaminas. Outros tecidos - Mínima importância. 5 Metabolismo dos Fármacos Reações da fase I do metabolismo: A oxidação é o tipo de reação mais importante no metabolismo dos fármacos. O citocromo P-450 é a enzima principal do metabolismo oxidativo. 6 Metabolismo dos Fármacos Metabolismo de agentes exógenos pela Citocromo P-450 7 Metabolismo dos Fármacos 1. Reações oxidativas: 1.1. Hidroxilação aromática. A hidroxilação aromática ocorre através de um intermediário epóxido. Ocorre na posição para a algum grupo na molécula (no caso de existir duas posições para, será hidroxilada a posição mais rica em elétrons). Os substituintes ligados ao anel aromático influenciam na velocidade de reação. Doadores de elétrons aumentam a velocidade de reação. R = NH2, NHR`, NR`2, OH, OR`, SH, etc... Retiradores de elétrons reduzem a velocidade de reação. R = COOH, COOR`, =O, NO2, SO2, etc… 8 Metabolismo dos Fármacos Figura. Possíveis caminhos metabólicos para o epóxido. GSH = 9 Metabolismo dos Fármacos Mecanismo de oxidação dos anéis aromáticos Deslocamento NIH: em homenagem ao National Institutes of Health 10 Metabolismo dos Fármacos Exemplos: Metabolismo da fenitoína, um antiepiléptico. 11 Metabolismo dos Fármacos Exemplos: Metabolismo do bromobenzeno. 12 Metabolismo dos Fármacos 1.2. Oxidação de olefinas (duplas ligações não aromáticas): Máximo permitido: 20 microgramas/Kg Resultam em epóxidos, que se transformam em diois. 13 Metabolismo dos Fármacos 1.3. Oxidação em carbonos alílicos (carbono adjacente a uma ligação dupla não aromática): Metabolismo do safrol, oxidação em ligação alílica. 14 Metabolismo dos Fármacos Átomos de carbono ligados a anéis aromáticos estão susceptíveis a oxidação Grupos metila geralmente oxidam a álcool, aldeído (por desidrogenases) chegando a ácidos carboxílicos Oxidação benzílica pode ocorrer em cadeias alifáticas maiores no carbono adjacente ao anel aromático. 1.4. Oxidação de carbonos benzílicos: (grupos alquila somente) 15 Metabolismo dos Fármacos 1.5. Oxidação em carbonos alifáticos ou alicíclicos: A oxidação alifática ocorre no último () ou penúltimo (-1) carbono de uma cadeia. Pode estender-se à ácido. Metabolismo do ácido valpróico 16 Metabolismo dos Fármacos A oxidação alicíclica ocorre no carbono 3 ou 4. 17 Metabolismo dos Fármacos 1.6. Oxidação a carbonos a cabonilas e iminas (C=N): Ocorre devido a ressonância da carbonila ou imina: Mecanismo de oxidação do carbono à carbonilas 18 Metabolismo dos Fármacos Metabolismo do diazepam: Efeito do metabolismo na toxicidade dos fármacos Oxidação do cloranfenicol Inibe a Cit. P-450 Bula do cloranfenicol: “O cloranfenicol pode provocar depressão da medula óssea, nem sempre reversível. O risco da depressão medular é maior com tratamentos prolongados, por isso, o uso desse medicamento não deve ultrapassar dez dias” “Pode ocorrer neurite ótica, geralmente reversível, em tratamentos prolongados” Por uso prolongado a toxicidade aumenta 19 20 Metabolismo dos Fármacos 1.7. Oxidação envolvendo sistemas carbono-heteroátomo: Ocorre em dois tipos: 1. Hidroxilação do carbono ligado diretamente a um heteroátomo (N, S, O) aminas, amidas, sulfetos e éteres. Resulta na quebra da ligação. 21 Metabolismo dos Fármacos Ex: N-desalquilação oxidativa: Envolve oxidação do carbono α ao nitrogênio: O-desalquilação oxidativa S-desalquilação oxidativa Metabolismo dos Fármacos 22 O-Desalquilação da fenacetina 23 Metabolismo dos Fármacos 2. Hidroxilação ou oxidação do heteroátomo (N, S): Para aminas, amidas e sulfetos 24 Metabolismo dos Fármacos Exemplo: N-acetil-2-amino-Fluoreno hepatocarcinogênico 25 Metabolismo dos Fármacos Exemplo: Tioridazina (antipsicótico) Outras reações de oxidação 26 27 Metabolismo dos Fármacos 2. Reações redutoras: Alguns processos redutivos também facilitam a eliminação dos fármacos. Apenas para aldeídos, cetonas, nitro e azo. 28 Metabolismo dos Fármacos 2.1. Redução de aldeídos e cetonas à alcoóis. Enzima: aldo-ceto redutase Redução de aldeídos (raro): 29 Metabolismo dos Fármacos Redução de cetonas: 30 Metabolismo dos Fármacos Exemplos: 31 Metabolismo dos Fármacos 2.2. Redução de grupos nitro (-NO2) e azo (-N=N-). Metabolismo dos Fármacos Metabolismo do pró-fármaco CB1954 32 Metabolismo dos Fármacos 33 Clonazepam é reduzido por CIT-P450 de função mista que oxida e reduz. 33 34 Metabolismo dos Fármacos 3. Hidrólise: 3.1. Hidrólise de ésteres, lactonas e amidas: Catalisado por esterases. Metabolismo dos Fármacos 35 Estudo de caso: Alergia a tetracaína Paciente de 89 anos Lesões pruríticas após usar anestésico de tetracaína no ouvido Qual Medicamento administrar? Alergia causada pelo metabolismo do éster Garcıa-Gavin J, Alonso-Gonzalez J, Gutierrez-Gonzalez E, Alvarez-Perez A, Fernandez-Redondo V, Toribio J. Allergic contact dermatitis caused by tetracaine contained in otic drops. Contact Dermatitis. 2011;65(3):175-176. Metabolismo dos Fármacos 36 Mecanismo Metabolismo dos Fármacos 37 Qual Medicamento administrar? 38 Metabolismo dos Fármacos Fase II: Conjugação Serve para aumentar a solubilidade e excreção do fármaco, bem como inativa-lo. 39 Metabolismo dos Fármacos 1. Conjugação com ácido glicurônico: É o tipo mais comum de conjugação. Caminho sintético para a formação do glicuronídeo, ou seja, o fármaco conjugado 40 Metabolismo dos Fármacos Existem 4 classes de glicuronídeos que podem ser formados O-glicuronídeo Hidroxilas Ácidos carboxílicos Metabolismo dos Fármacos 41 N-glicuronídeo Amina Amida Sulfonamida Metabolismo dos Fármacos LSD 42 Metabolismo dos Fármacos S-glicuronídeo Tiois C-glicuronídeo (Raro) 1,3-dicarbonilas 43 44 Metabolismo dos Fármacos 2. Conjugação com sulfato: Sulfatos conjugam principalmente com anéis aromáticos hidroxilados Pode conjugar com outras hidroxilas não aromáticas 45 Metabolismo dos Fármacos 3. Conjugação com aminoácidos: Fármacos ácidos conjugam com aminoácidos. Fármaco Metabolismo dos Fármacos 46 Metabolismo do tolueno: 47 Metabolismo dos Fármacos 4. Conjugação com glutationa A glutationa é um tripeptídeo encontrado em todos os tecidos. Difere das outras reações, pois eletrófilos estão sujeitos a conjugação Reage com: substâncias contendo um grupo eletrofílico em anel aromático haleto, nitro, sulfona, epóxido, Organofosforados, Metabolismo dos Fármacos Ou com duplas ligações. Enonas (reação de Michael). 4849 Metabolismo dos Fármacos Exemplo: Glutationa 50 Metabolismo dos Fármacos Conjugação com glutationa 51 Metabolismo dos Fármacos Conjugação com acetil Resulta em metabólito menos hidrofílico Inativa o fármaco Útil como destoxificante Ex: anilina 52 Metabolismo dos Fármacos Conjugação com metila: Resulta em metabólito menos hidrofílico Reage com: Fenol (metabólito menos polar); Tiol (metabólito menos polar); Amina (metabólito MAIS polar, amônio quaternário). Metabolismo dos Fármacos Reações de metilação 53 54 Metabolismo dos Fármacos Fatores que afetam o metabolismo dos fármacos: Idade; Espécie do animal; Fatores hereditários ou genéticos; Sexo; Indução enzimática; Inibição enzimática; Consumo de alimentos; Alimentos muuuito bem passados (poliaromáticos induzem enzimas) Mal nutrição; Fome; Vitaminas e minerais induzem enzimas. Doenças; Gravidez; Ritmo circadiano Aspectos estereoquímicos do metabolismo dos fármacos: O metabolismo pode variar de acordo com o arranjo dos grupos na molécula do fármaco. 55 PROPRANOLOL FENOBARBITAL INDOMETACINA O COO OH OH HO O C H 3 O H 3 C C H 3 O H C 5 H 1 1 Delta 1 -THC H 2 C O H 3 C C H 3 O H C 5 H 1 1 O H 7-hidroxi-Delta 1 -THC C O O H O H 3 C C H 3 O H C 5 H 1 1 Ácido delta 1 -THC-7-oico C O O R O H 3 C C H 3 O R C 5 H 1 1 R = H O O H O H C O O - Ácido glucurônico RH + NADPH + O 2 + H + ROH + NADP + + H 2 O [P-450 (Fe +3 )] [P-450 (Fe +3 )] [RH] [P-450 (Fe +2 )] [RH][P-450 (Fe +2 )] [RH] [P-450 (Fe +2 )] [RH] [P-450 (Fe +3 )] [RH] [P-450 (Fe +3 )] [RH] Fármaco RH e - [NADPH] Citocromo P-450 redutase O 2 CO CO O 2 e - [NADPH ou NADH] Citocromo P-450 redutase ou Citocromo b 5 redutase O 2 O Oxigênio ativado 2H + H 2 O ROH HSCH2HC NH C C O CH 2 CH 2 CH NH 2 C O OH O NHCH 2 C O OH R R O R O H Cit. P450 Rearranjo e spontâneo Areno Arenol (Um fenol) Epóxido R O H H R O H H H 2 O R Trans -diol O H O H R G S O H GSH Derivados glutationicos R M O H Macromol. Derivado macromolecular ligado a uma proteína, RNA, DNA, etc... OCH 3 D H 4-Deutérioanisol Epóxido Intermediário Deslocamento NIH Dienona Tautomerização OCH 3 D H O OCH 3 O H D O OCH 3 D H OCH 3 OH D 3-Deutério-4-hidroxianisol N H HN OO C 5 H 6 Fenitoína N H HN OO C 5 H 6 O Menor N H HN OO C 5 H 6 OH OH Oxidação enzimática Maior N H HN OO C 5 H 6 OH N H HN OO C 5 H 6 OH OH p-Hidroxi-fenitoína B r B r O B r O H S G GSH Ligação covalente Necrose hepática Bromobenzeno O O H H O O O O C H 3 Aflatoxina O O H H O O O O C H 3 O Epóxido O O H H O O O O C H 3 O H D N A Complexo O OCH 2 CH CH 2 Safrol Nu O OCH CH CH 2 OH O OCH CH CH 2 OSO 3 O OC H CH H 2 C Nu Sulfonação CH 3 SOO NHC O NH Tolbutamida CH 2 SOO NHC O NH OH C 4 H 9 C 4 H 9 C SOO NHC O NH C 4 H 9 OH C SOO NHC O NH C 4 H 9 OOH C H 3 C H 2 C H 2 C H C O O H n C 3 H 7 Ácido valproico C H 2 C H 2 C H 2 C H C O O H n C 3 H 7 H O Ácido 5-hidroxi-valproico H O O C C H 2 C H 2 C H 2 C H C O O H n C 3 H 7 Ácido 2-n-propilglutárico C H 3 C H C H 2 C H C O O H n C 3 H 7 O H Ácido 4-hidroxi-valproico R H R HOH H R HH OH + R H OH H +R H H OH C O C R H R H C O C R R H + H [ O ] C O C R R H O + H C O C R R H O H N CH 3 O N Cl N CH 3 O N Cl H OH Diazepam 3-Hidroxidiazepam Oxazepam H N O N Cl H OH + C HH O 3 R 1 N R 2 C H R 1 N R 2 C O H R 1 NH R 2 C O + R 1 N R 2 C H R 1 N R 2 C O H R 1 NH R 2 C O + R 1 OC H R 1 OC O H R 1 OH C O + R 1 SC H R 1 SC O H R 1 SH C O + RXR' X = S, N RSR' O RSR' O O ou RNR' OH Para S somente NH CO H 3 C N CO H 3 C OH N S CH 2 H 2 C S CH 3 N CH 3 N S CH 2 H 2 C S CH 3 N CH 3 O N S CH 2 H 2 C S CH 3 N CH 3 O O ClC Cl Cl H CLOROFÓRMIO Cit.P-450 ClC Cl Cl O H Cl C Cl O FOSGÊNIO TÓXICO ClC Cl H H DICLOROMETANO Cit.P-450 ClC Cl H O H H C Cl O + HCl CO MONÓXIDODECARBONO TÓXICO R C O H Aldeido R C O H H H Alcool primário R C O R H H Redução Conjugação Alcool conjugado R C R' O Cetona Redução Álcool secundário Conjugação Álcool conjugado R C R' OH H R C R' OR H Cloral (Hipnótico) Redução C l 3 C C O H C l 3 C C O H H H Tricloroetanol Redução C O C H 3 C O H C H 3 H Acetofenona Metil-fenil-metanol A r N O O A r N O A r N H O H A r N H 2 Nitro Nitroso Hidroxilamina Amina A r N Azo Hidrazo Aminas N A r A r N H N H A r A r N H 2 H 2 N A r + C O O H O C O C H 3 Ácido acetil salicílico C O O H O H C O C H 3 H O + Ácido salicílico Ácido acético C H 3 Lidocaína C H 3 N H C O C H 2 N C H 2 C H 2 C H 3 C H 3 C H 3 C H 3 N H 2 C O C H 2 N C H 2 C H 2 C H 3 C H 3 H O + N H O O N Tetracaína H 2 N N H O N Procainamida H N N O Éster Amida Amida Lidocaína N H O O N Tetracaína Esterases N H O OH + HO N PABAalergênicoconhecido N-desalquilação H 2 N O OH N H O O N Tetracaína H 2 N N H O N Procainamida H N N O Éster Amida Amida Lidocaína H 2 N O O Benzocaína Éster O H H O H H O H O P O 3 O H H H O H a -D-glicose-1-fosfato U T P P P i Fosforilase Uridina-5'-difosfo- a -D-glicose UDPG 2 NAD 2 NADH + 2 H + UDPG Dehidrogenase O H H O H H O H O O H H C O O H H U D P O H H O H H O H H O H H C O O H X R Fármaco = R U D P UDP-Glucuronil-tra nsferase b -Glucuronídeo O HO O O HO C O HO O O HO C R R R O R OH HO OH HO NHC O CH 3 OH Ex. Paracetamol COOH Ex. AAS OC O CH 3 O HO OH OH O HO N O HO OH O HO N R R H C O R O HO OH OH O HO NHS O R O OH Ex. Anilina, Sulfanilamida, LSD NH 2 NH 2 SOO NH 2 HN N C O N HN N C O NH 2 O HO O HO SC R R R OH HO O HO O HO CH C C O O R R OH HO Ex. Captopril N O HS O OH Ex. O O O O S O O OO ATP ATP Sulfurilase N N N N NH 2 O OHOH HH HH OPO O - O S O O O Adenosina-5'-fosfosulfato (APS) N N N N NH 2 O OHOPO 3 H 2 HH HH OPO O - O S O O O 3'-Fosfoadenosina-5'-fosfosulfato (PAPS) Fármaco = R PAP Sulfotransferase S O O OOR Sulfato PPi R C O O H A T P P P i C o A S H A M P Intermediário da acil coenzima R C O A M P R C O S C o A H 2 N C H C O O H C o A S H R C O N H C H C O O H R R HSCH2HC NH C C O CH 2 CH 2 CH NH 2 C O OH O NHCH 2 C O OH H 2 NCl NO 2 2,4-dinitroclorobenzeno Glutationa S-transferase H 2 N NO 2 SCH2HC NH C C O CH 2 CH 2 CH NH 2 C O OH O NHCH 2 C O OH GSH HSCH2HC NH C C O CH 2 CH 2 CH NH 2 C O OH O NHCH 2 C O OH Glutationa Glutationa S-transferase RX RSCH2HC NH C C O CH 2 CH 2 CH NH 2 C O OH O NHCH 2 C O OH Várias etapas RSCH2HC NH 2 C O OH CH 3 COSCoA HSCoA RSCH2HC NH C O OH C O CH 3 Derivado do ácido mercaptúrico N H 2 N H C O C H 3 N H 2 H O H O D o p a m i n a 3 - M e t o x i t i r a m i n a N H 2 O H O S - A d e n o s i l m e t i o n i n a H 3 C O O H N H H N H N O O O N O H 3 C O C l C H 3 O O H
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