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Sociolinguística Variacionista e suas implicações

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO
CENTRO MULTIDISCIPLINAR DE CARAÚBAS
DEPARTAMENTO DE LINGUAGENS E CIÊNCIAS HUMANAS
A Sociolinguística Variacionista: pressupostos teóricos, metodológicos e implicações para o ensino
Camila Thaís de Oliveira Sidor
Geovânia Tawany Gomes de Morais 
João Victor da Silva Medeiros
Marcelo Leite De Souza Junior
Caraúbas – RN
	2020	
A Sociolinguística Variacionista: pressupostos teóricos, metodológicos e implicações para o ensino
								
	O termo “Sociolinguística” apareceu em 1953, em um trabalho desenvolvido por Haver C. Currie. A partir disso o estudo nessa disciplina foi se desenvolvendo por volta das décadas de 50 e 60, nos Estados Unidos. Em torno do século XX, a Linguística passa por mudanças na qual a partir disso os estudos linguísticos passam a se envolver não pelo sistema da língua em si, mas pelo seu uso. Surgindo assim diversos campos de investigação que permitem uma relação interdisciplinar. Com isso, a Linguística vincula-se com a filosofia e com outras ciências humanas, como a sociologia, psicologia, antropologia etc.
Labov deu início a uma linha de estudos de orientação que é contrária à corrente de Saussure, que era a corrente dominante da época e que deu origem ao Curso de Linguística Geral. Assim, ao invés da langue - língua, como fez Saussure, Labov centra seus estudos na parole- fala/uso. E ainda enfoca o estudo da fala/uso de um ponto de vista social e não individual.
	Labov (2008) sintetiza o objeto da Sociolinguística como o estudo da língua falada em relação ao contexto social, partindo da comunidade linguística, entendida como o conjunto de indivíduos que, além de interagirem verbalmente, também compartilham um conjunto de normas relativas aos usos. 
Segundo Bell (1976, p. 28 apud ELIA, 1987, p. 65): “[...] a Sociolinguística (distinta da Sociologia da Linguagem) estaria enriquecida com dados de natureza social, o que lhe permitiria ir além da frase, no sentido de uma gramática da interação falante/ouvinte”.
A Sociolinguística se instaurou no campo da pesquisa pela atuação de vários pesquisadores que buscavam uma maneira de articular a linguagem com aspectos de ordem social e cultural. Dell Hymes Hathaway foi um linguista que em 1962 publicou um artigo propondo um novo domínio de pesquisa, a Etnografia da Comunição, mais tarde (1972) publicou um artigo que obteve grande impacto “Models of the interation of languages and social life”, que estabelece princípios teóricos e metodológicos da Etnografia da Comunicação. 
Labov em 1963 publicou um trabalho sobre a comunidade da ilha de Martha’s Vineyard, no litoral de Massachusetts em que marca o papel decisivo dos fatores sociais na explicação da variação linguística, nesse texto o autor relaciona fatores como idade, sexo, origem étnica, entre outras, ao comportamento linguístico manifesto dos vineyardenses. Em 1964 finaliza a sua pesquisa e fixa um modelo de interpretação e descrição do fenômeno linguístico no contexto social de comunidades urbanas, conhecido como Sociolinguística Variacionista. Com isso, foi possível observar que a sociolinguística em seu início marcou pesquisadores pela formação acadêmica em diversos campos do saber.
A linguagem e a sociedade estão ligadas entre si e pode-se afirmar que essa relação é a base da constituição do ser humano. As teorias de linguagem, sejam elas do passado ou atuais, sempre refletem concepções particulares de fenômenos linguísticos e compreensões distintas do papel na vida social. A concepção de linguagem é considerada essencialmente social, sendo a língua classificada como a história social dos falantes, considerando a diversidade da comunidade linguística. Portanto, é possível observar que a concepção linguística ocorre em meio a sociedade, de acordo com a diversidade entre o convívio com as pessoas no lugar que estão inseridos, entre raças, gênero, idade e costumes diferentes. 
Segundo Saussure, a língua é um fato social, como um sistema convencional adquirido pelos indivíduos no convívio social. Ele aponta a linguagem como uma faculdade natural, permitindo ao homem constituir uma língua. Privilegia o carácter formal e estrutural, apesar de reconhecer a importância de considerações de natureza, histórica e política. Para ele, os estudos externos da linguagem são muito frutíferos, porém mesmo sem esses estudos seria capaz de conhecer os organismos linguísticos externos. 
Sabendo que a língua é um fato social e mutável, surgem, a partir disso, as variações. A variação linguística é considerada um fenômeno natural que ocorre pela diversificação dos sistemas de uma língua em relação as possibilidades de mudanças de seus elementos, como o vocabulário, a pronúncia, morfologia, sintaxe, entre outros. A variação existe porque as línguas possuem a característica de serem dinâmicas e sensíveis a alguns fatores, que são: sexo, idade, a classe social do falante e o grau de formalidade. Vale destacar que toda variação linguística é adequada para atender as necessidades comunicativas e cognitiva do falante. 
As variáveis linguísticas se caracterizam por duas ou mais formas distintas de se transmitir um conteúdo, ao passo que uma variante linguística são formas alternantes que expressam a mesma ideia em um mesmo contexto, sendo assim, entende-se que um mesmo conteúdo pode ser dito de diversas formas sem uma mudança de sentido. De fato, isso ocorre à nível fonológico, mas é possível haver alterações a depender do contexto no qual essa variável acontece, como o social, por exemplo. Labov (1972) deixa claro que para definir-se uma variável linguística, é necessário:
· Definir o número exato de variantes;
· Estabelecer toda a multiplicidade de contextos em que ela aparece;
· Elaborar um índice quantitativo que permita medir os valores das variáveis.
Durante muito tempo, a sociolinguística acreditou na existência de variantes livres e combinatórias. As variantes livres seriam duas unidades linguísticas existentes em um mesmo ambiente e que poderiam ser substituídas uma pela outra sem alteração referencial no sentido da palavra ou frase. Já as variantes combinatórias seriam as que nunca se apresentam no mesmo ambiente, mas estão em distribuição complementar. Entretanto, ao longo das décadas e com o aprofundamento dos estudos na área, a ideia da variação livre foi abandonada, uma vez que foi observado que as variações linguísticas na verdade eram condicionadas por fatores sociais ou estruturais. Um exemplo disso seriam as várias formas de se pronunciar uma mesma palavra, mas que sofrem alteração à nível fonológico levando em consideração a localidade do indivíduo, em várias partes do Brasil um mesmo termo pode ser dito de diversos modos.
As variantes também podem ser vistas como tendo uma maior importância social, comumente conhecidas como sendo de prestígio, estas que são associadas a um falante ou grupo social que possuem um status superior na sociedade. Normalmente, as camadas sociais “inferiores” tendem a imitar essas variações, levando em consideração que as classes dominantes se impõem sobre as dominadas. Do mesmo modo, existem também certas variantes que são menos prestigiadas no meio social e que muitas vezes são vítimas de preconceito, conhecidas como estigmatizadas. Indivíduos com maior nível de escolarização e que vivem em partes da cidade ou país de classe média-alta obviamente não irão falar e se expressar da mesma forma que pessoas que vivem em uma favela, com um menor nível de escolaridade, e algumas vezes, essas variantes podem ser aceitas pela classe dominante e implementadas na fala.
Importante ressaltar que a língua está em constante mudança e é natural que certas formas de variação se modifiquem ao longo do tempo, e, a partir disso, novas surjam. As formas antigas, também conhecidas como conservadoras, vão sendo substituídas pelas variantes inovadoras. No entanto, as variantes conservadoras frequentemente são vistas como tendo mais prestígio, e há uma certa resistência às inovadoras.
Existem ainda algumas variáveisexternas de ordem social que influenciam na escolha das variantes, sendo elas o sexo, a idade, a escolaridade, a profissão, a classe social, a região ou zona de residência e a origem do falante.
A partir disso, sabendo que a sociolinguística variacionista observa a língua como um sistema heterogêneo, e que esse sistema tem como um dos seus elementos as variáveis, perceber a língua através do tempo em uma perspectiva diacrônica pode revelar mudanças na língua. Uma mudança linguística se caracteriza pela generalização de uma variante em uma comunidade de fala, o que torna o seu uso como o “padrão” daquela determinada comunidade, causando o desuso de outras variantes presentes. Todas as mudanças são fruto de uma variação linguística, no entanto, essas variações podem ser estáveis e não necessariamente se revelam uma mudança em curso. Uma variação estável é aquela que pode se manter por um longo período naquela comunidade, já que não se verifica uma tendencia de predominância de uma variante linguística sobre as outras. As variações estáveis podem ser observadas por uma perspectiva sincrônica para saber se configuram uma mudança em curso ou não.
Referências
MONTEIRO, José Lemos. Para Compreender Labov. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 2008.
RIGONATTO, Mariana. "O que é variação linguística?"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/portugues/o-que-e-variacao-linguistica.htm Acesso: 17 de dezembro de 2020, às 08:50.
Viotti, E. (2013). Mudança linguística. In: José Luiz Fiorin (org.) Linguística. O que é isto? São Paulo: Contexto.
Disponível em: http://www.vertentes.ufba.br/a-teoria-da-variacao-linguistica Acesso: 17 de dezembro de 2020, às 16:00
Disponível em: http://biblioteca.virtual.ufpb.br/files/sociolinguastica_1330351479.pdf Acesso: 17 de dezembro de 2020, às 15:40

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