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Anemias Hemolíticas e Doença Falciforme

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19/04/2017 
1 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO 
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS 
CURSO DE BIOMEDICINA 
Biomedicina 5ºP (BR256) 
 
Variantes estruturais da hemoglobina 
- anemia falciforme – fisiopatologia, aspectos clínicos e laboratoriais 
- outros defeitos estruturais das hemoglobinas 
 
Anemias Hemolíticas: 
Prof. Dr. Marcos André C. Bezerra 
Prof° Adjunto III da UFPE / Pesquisador HEMOPE 
macbezerra.ufpe@gmail.com 
 
Anemias Hemolíticas 
Classificação fisiopatológica: anemias causadas por aumento 
da destruição das hemácias. 
Definição: compreendem um grupo de doenças em que a 
sobrevida das hemácias em circulação está acentuadamente 
reduzida e a medula óssea (MO) não é capaz de compensação 
mesmo aumentando sua produção. 
Anemias Hemolíticas 
Mecanismos de Destruição das Hemácias 
- Fagocitose pelos macrófagos (hemólise extravascular) 
- Hemólise intravascular 
Conseqüências da Hemólise Aumentada 
- Destruição excessiva de hemácias: aumento do catabolismo 
do heme (elevação da bilirrubina indireta e LDH, icterícia, 
aumento da excreção de urobilinogênio, cálculos biliares), 
esplenomegalia, hepatomegalia. 
- Compensação pela MO: medula hiperplásica, expansão do 
volume da MO, aumento do número de reticulócitos no SP. 
Anemias Hemolíticas 
Causas de Hemólise 
- Anormalidades da membrana das hemácias 
- Anormalidades da hemoglobina 
- Anormalidades das enzimas eritrocitárias 
- Fatores extrínsecos à hemácia: ruptura mecânica, agentes 
químicos, biológicos ou microorganismos, fixação de 
anticorpos à membrana das hemácias. 
Defeitos 
intrínsecos das 
hemácias 
http://www.ufpe.br/ccb/index.php
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Hemoglobinopatias 
Defeitos na síntese da Hb 
Estruturais Funcionais 
Hbs Variantes 
(HbS) 
Talassemias 
• Grupo heterogêneo de doenças genéticas causadas por 
mutações que afetam os genes responsáveis pela síntese 
das cadeias globínicas. 
A molécula de hemoglobina 
b b 
a a 
Sítios de Ligação O2 
(Grupo Heme) 
Síntese de Hemoglobina 
b 
 
a 
a 
a  
a Hb Fetal = 0 - 1% 
a 
ab Hb A = 96 - 98% 
Hb A2 = 2,0 - 3,5% 
Hb’s Variantes 
 Existem aproximadamente 1268 variantes, sendo a 
maioria com substituição de aminoácidos da cadeia 
beta, seguido da cadeia alfa (http://globin.cse.psu.edu/ Atualizado 19-04-2017); 
 No Brasil as variantes mais comuns são as 
hemoglobinas S e Hb C. 
http://globin.cse.psu.edu/
http://globin.cse.psu.edu/
http://globin.cse.psu.edu/
http://globin.cse.psu.edu/
http://globin.cse.psu.edu/
http://globin.cse.psu.edu/
http://globin.cse.psu.edu/
http://globin.cse.psu.edu/
http://globin.cse.psu.edu/
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Principais Causas das alterações 
estruturais da Hb 
• Mutações nas regiões externas; 
• Mutações ou deleções nas regiões internas; 
• Mutações nos contatos ab, aa, bb; 
• Mutações nos aminoácidos do pacote do grupo 
heme; 
• Mutações nos aminoácidos que se ligam ao grupo 
heme; 
Mutações nas Regiões Externas 
 
• Cerca de 400 tipos diferentes sem conseqüências 
patológicas. Ex. Hb N, Hb J, Hb G, Hb Porto Alegre; 
• Hb S e Hb C causam patologia; 
• Hb S (SS, SC, SD, S/Tal)  falcização do eritrócito; 
• Hb C (SC, CC, C/Tal)  cristalização da Hb C. 
Histórico da Anemia Falciforme 
• Herrick, 1910 - eritrócitos “peculiarmente alongados e em 
forma de foice”, em um jovem negro, originário de Granada 
(Índias Ocidentais), estudante do 1º ano do Chicago College of 
Dental Surgery, admitido com anemia. 
• Hanh e Gillepsie, 1927 - descobriram que a falcização dos 
eritrócitos ocorria como conseqüência da exposição das células a 
uma baixa tensão de O2. 
• Neel e Beet, 1949 – definiram a doença somente em estado de 
homozigose, sendo os heterozigotos portadores assintomáticos. 
Histórico da Anemia Falciforme 
• Pauling, 1949 – demonstrou que havia uma diferente migração 
eletroforética da Hb de pacientes com anemia falciforme quando 
comparado com a Hb de indivíduos normais. 
• Ingram, 1956 – bases genéticas que ocasionava a alteração na 
seqüência da proteína. Ficou caracterizado que a anemia 
falciforme era ocasionada pela substituição do ácido glutâmico por 
valina no gene da b, dando origem ao conceito de doença 
molecular. 
http://members.aol.com/scd200/sicX1.gif
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ALTERAÇÃO MOLECULAR 
HbS 
Cromossomo 11 
Mutação puntiforme da cadeia b 
(b6 GluVal) 
HbC 
Cromossomo 11 
Mutação puntiforme da cadeia b 
(b6 GluLys) 
HbE 
Cromossomo 11 
Codon b26 (GAGAAG) 
(b26 GluLys) 
HbD-Punjab 
Cromossomo 11 
Mutação puntiforme da cadeia b 
(b121 GluGln) 
HEMOGLOBINAS VARIANTES 
 
Hemoglobina S e C 
Hemoglobina D e E 
Troca de um aminoácido na 
posição 26 e 121 da Globina Beta 
Hb D e E 
Ácido 
Glutâmico 
GLUTAMINA = Hb D 
= Hb E LISINA 
Anemia Falciforme 
Do latim: falx = foice; Do grego: drepané = foice; Do inglês: sickle = foice 
Fisiopatologia 
- Alteração molecular primária: substituição de uma única base 
nitrogenada no códon 6 do gene da globina b (adenina substituída 
por timina). GAG  GTG 
- Substituição do aminoácido ácido glutâmico pela valina. 
- HbS (a2b
S
2) 
- Baixa tensão de O2 = polimerização das moléculas de HbS = 
alteração da forma da hemácia (forma de foice) = redução da 
deformabilidade = oclusão vascular 
Homozigotos SS = produz apenas cadeias bS = Anemia Falciforme 
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HbS - Fisiopatologia da Doença 
Falciforme 
Infarto Tecidual  Hipóxia  Crises de Dor 
Polímero HbS 
oxigenada desoxigenada 
b6 
GAG GTG 
 Solução HbS 
Célula HbS 
GluVal 
HbS – MECANISMO FISIOPATOLÓGICO 
Hb
A 
(Glu) 
HbS 
(Val) 
VASO-OCLUSÃO 
ALTERAÇÕES DE MEMBRANA 
  ADESIVIDADE 
INFARTO 
TECIDUAL 
Oxigenada Desoxigenada 
Solúvel Polímeros 
Desidratação 
Febre Acidose 
Mutação puntiforme (b6) 
ANEMIA 
HEMOLÍTICA 
CRÔNICA 
Destruição Precoce (SRE) 
Redução da vida média 
HEMOGLOBINAS VARIANTES 
Hb S - Fisiopatologia 
Vaso Sanguíneo 
Polimerização da desoxi-hemoglobina S 
depende de inúmeras variáveis 
 
 [O2] 
 pH 
 [Hb S] 
 Temperatura 
 Pressão 
 Força iônica 
 Presença de Hb normais 
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Vaso-oclusão 
Evento fisiopatológico principal responsável pelos 
casos de internações e morbidade. 
Ocorre principalmente na micro-circulação 
Maior causa de morbidade: crises vaso-oclusivas 
Hebbel et al., 2000 
Zago et al.,2013 
HbS – Genética de Populações 
- Principal população afetada de origem africana. 
- Prevalência no Brasil: cerca de 8% dos indivíduos de origem 
africana possuem o gene bS (AS/SS/SC/S-btal). 
- Herança Mendeliana (AS x AS = 25% de probabilidade de 
gerar filho SS). 
- AS = portadores assintomáticos 
- SS = Anemia Falciforme 
- SC/ Sbtal/ SD = Doença Falciforme 
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Heredograma Anemia Falciforme (HbSS) 
AS X AS 
AA AS AS SS 
Fotos Autorizadas 
Fotos Autorizadas 
Teste do Pezinho - Doenças Falciformes 
Fase II – 13 Estados 
Fase I 
NORTE 
CENTRO-
OESTE 
MS e GO 
 SUL: 
RS, SC e PR 
SUDESTE: 
SP, RJ, MG e ES 
NORDESTE: 
BA, PE e MA 
DF 
Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN) para 
hemoglobinopatias - a Portaria no 822/01 do Ministério da Saúde 
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Incidência da Doença Falciforme nos Estados 
Nascem no Brasil cerca 
de 3.500 crianças/ano 
com a doença ou 
1/1.000 nascidos/vivos 
(PNTN) 
MA 1:1400 
BA 1:650 
MG 1:1400 
RJ 1:1200 
PE 1:1400 
GO 1:1800 
SP 1:4000 
PR e 
SC 1:13000 
RS 1:10000 
MS ES 1:1800 
Ministério da Saúde, 2006 
SAÚDE PÚBLICA 
Incidência do Traço Falciforme nos Estados 
PE 1 : 23 
MA 1 : 23 
BA 1 : 17 
MG 1:23 
RJ 1 : 21 
GO 1 : 28 
SP 1 : 35 
PR , SC e RS 1 : 65 
MS ES 1 : 28 
Nascem no Brasil 
cerca de 200.000 
crianças/ano com 
traço falciforme 
(PNTN) 
Ministério da Saúde, 2006 
Triagem Neonatal para Hemoglobinopatias - 
Objetivos 
Melhoria do atendimentovisando: 
 - Profilaxia de infecções 
 - Reconhecimento de entidades mórbidas de risco 
 - Segurança transfusional 
 - Interface com atenção básica 
 - Orientação genética familiar 
 
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Padrão Normal no Exame do Teste do Pezinho 
Resultado : Hb FA 
Hb AA  NORMAL 
 
Hb AS  TRAÇO FALCIFORME 
 
Hb SS  ANEMIA FALCIFORME 
Padrões Anormais no Exame do Teste do Pezinho 
Resultado : Hb FS 
Resultado : Hb FAS 
Hb AA  NORMAL 
 
Hb AS  TRAÇO FALCIFORME 
 
Hb SS  ANEMIA FALCIFORME 
POR QUE A ANEMIA 
FALCIFORME Hb SS TEM 
QUADRO CLÍNICO TÃO 
HETEROGÊNEO ? 
ANEMIA FALCIFORME – MUTAÇÃO ÚNICA! 
-HbS (a2b
S
2) - 6º códon do gene da globina b (GAG  GTG) 
 
 
PACIENTES COM EVOLUÇÕES CLÍNICAS DISTINTAS 
 
Haplótipos relacionados à 
mutação bs 
Senegal 
Benin 
Camarões 
Bantu 
Ásia / Saudi 
A mesma mutação bS apareceu 
independentemente em pelo menos 5 
diferentes composições genéticas nas 
proximidades do gene da globina 
beta. As denominações desses 
haplótipos foi derivada da região 
geográfica onde cada apresentou mais 
elevada prevalência. 
Os haplótipos Senegal e Árabe-Indiano estão associados com elevados 
níveis de HbF, ao passo que os haplótipos Benin e Bantu com níveis 
menores de HbF. 
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 e G A yb  b 5’ 3’ 
Hind III Hind III Hinc II Hinf I Xmn I 
H
a
p
lótip
os -
 b
S
 
SENEGAL + + - + + + 
BENIN - - - - + - 
CAR - + - - - - 
SAUDI + + - + + - 
CAMER - + + - + + 
Sutton et al., 1989 (modificado) 
HAPLÓTIPOS βS 
Haplótipos βS 
• Os haplótipos βS estão associados com a evolução 
clínica na AF e com níveis de HbF; 
 
• CAR ou Bantu (HbF<5,0%); 
• Benin (HbF: 5 a 15%); 
• Senegal e Árabe-Indiano (HbF>15,0%). 
(Powars et al. 1991; Steinberg et al., 1995) 
 
ANÁLISE MOLECULAR 
DOS HAPLÓTIPOS βS 
 PCR – RFLP: restriction fragment length 
polymorphism, ou polimorfismo de comprimento de 
fragmentos de restrição. 
Pesquisa Molecular dos Haplótipos βS 
por PCR-RFLP 
1º Extração de DNA 
2º PCR 
3º Verificar a amplificação 
4º Análise de restrição 
5º Verificar a digestão 
6º Análise dos resultados 
7º Elaboração do mapa 
 
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1º Extração do DNA 
 FENOL – CLOROFÓRMIO 
Lises 
G.V. 
Lises 
G.B. 
 
Tranf. 
pellet 
Des-Prec 
proteínas 
 
 Etanol 
Abs 
Tranf. 
pellet 
Tranf. 
pellet 
Tranf. 
Sobr. 
Prec-DNA 
MgCl2 
DNA: molde para a reação 
Primers (iniciadores): início da polimerização. 
Determinam os limites do fragmento que será 
amplificado 
dNTPs: nucleotídeos livres 
Co-fatores enzimáticos 
Taq DNA polimerase: extensão 
Buffer 
2º PCR - Reação em Cadeia da Polimerase 
 e G A yb  b 5’ 3’ 
Hind III Hind III Hinc II Hinf I Xmn I 
H
a
p
lótip
os -
 b
S
 
SENEGAL + + - + + + 
BENIN - - - - + - 
CAR - + - - - - 
SAUDI + + - + + - 
CAMER - + + - + + 
Sutton et al., 1989 (modificado) 
HAPLÓTIPOS βS 
Interpretação dos Resultados 
Clivagem da região G com Hind III. 
 +/+ +/- +/- +/+ +/- +/- +/+ +/+ +/+ +/- +/- 
Primers Enzima Região Tamanho Fragmento Fragmentos Após Clivagem 
H0 e H1 XmnI 5’γG 650 pb 450 pb + 200 pb 
H2 e H3 HindIII γG 780 pb 430 pb + 340 pb + 10 pb 
H3 e H4 HindIII γA 760 pb 400 pb + 360 pb 
H5 e H6 HincII yb 701 pb 360 pb + 340 pb + 1 pb 
H7 e H8 HincII 3’yb 590 pb 470 pb + 120 pb 
H9 e H10 Hinf I 5’b 380 pb 240 pb + 140 pb 
780 pb 
430 pb 
340 pb 
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5’G 
Xmn1 
G 
Hind III 
A 
Hind III 
 
yb 
Hinc II 
 
3’yb 
Hind II 
 
5’b 
Hinf I 
 
 
Haplótipo 
Paciente 1 - / - - / - - / - - / - + / + - / - 
Paciente 2 
SENEGAL + + - + + + 
BENIN - - - - + - 
CAR - + - - - - 
SAUDI + + - + + - 
CAMER - + + - + + 
 e G A yb  b 5’ 3’ 
Hind III Hind III 
Hinc II Hinf I 
Xmn I 
Análise dos Resultados e Elaboração do Mapa 
 
5’G 
Xmn1 
G 
Hind III 
A 
Hind III 
 
yb 
Hinc II 
 
3’yb 
Hind II 
 
5’b 
Hinf I 
 
 
Haplótipo 
Paciente 1 - / - - / - - / - - / - + / + - / - 
Paciente 2 
SENEGAL + + - + + + 
BENIN - - - - + - 
CAR - + - - - - 
SAUDI + + - + + - 
CAMER - + + - + + 
 e G A yb  b 5’ 3’ 
Hind III Hind III 
Hinc II Hinf I 
Xmn I 
5’ G 
Xmn1 
G 
Hind III 
A 
Hind III 
 
yb 
Hinc II 
 
3’yb 
Hind II 
 
5’b 
Hinf I 
 
 
Haplótipo 
Paciente 1 - / - - / - - / - - / - + / + - / - 
Paciente 2 
SENEGAL + + - + + + 
BENIN - - - - + - 
CAR - + - - - - 
SAUDI + + - + + - 
CAMER - + + - + + 
 e G A yb  b 5’ 3’ 
Hind III Hind III 
Hinc II Hinf I 
Xmn I 
5’ G 
Xmn1 
G 
Hind III 
A 
Hind III 
 
yb 
Hinc II 
 
3’yb 
Hind II 
 
5’b 
Hinf I 
 
 
Haplótipo 
Paciente 1 - / - - / - - / - - / - + / + - / - BEN / BEN 
Paciente 2 
SENEGAL + + - + + + 
BENIN - - - - + - 
CAR - + - - - - 
SAUDI + + - + + - 
CAMER - + + - + + 
 e G A yb  b 5’ 3’ 
Hind III Hind III 
Hinc II Hinf I 
Xmn I 
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5’ G 
Xmn1 
G 
Hind III 
A 
Hind III 
 
yb 
Hinc II 
 
3’yb 
Hind II 
 
5’b 
Hinf I 
 
 
Haplótipo 
Paciente 1 - / - - / - - / - - / - + / + - / - BEN / BEN 
Paciente 2 - / - + / + - / - - / - - / - - / - 
SENEGAL + + - + + + 
BENIN - - - - + - 
CAR - + - - - - 
SAUDI + + - + + - 
CAMER - + + - + + 
 e G A yb  b 5’ 3’ 
Hind III Hind III 
Hinc II Hinf I 
Xmn I 
5’ G 
Xmn1 
G 
Hind III 
A 
Hind III 
 
yb 
Hinc II 
 
3’yb 
Hind II 
 
5’b 
Hinf I 
 
 
Haplótipo 
Paciente 1 - / - - / - - / - - / - + / + - / - BEN / BEN 
Paciente 2 - / - + / + - / - - / - - / - - / - 
SENEGAL + + - + + + 
BENIN - - - - + - 
CAR - + - - - - 
SAUDI + + - + + - 
CAMER - + + - + + 
 e G A yb  b 5’ 3’ 
Hind III Hind III 
Hinc II Hinf I 
Xmn I 
5’γG 
Xmn1 
γG 
Hind III 
γA 
Hind III 
 
yb 
Hinc II 
 
3’yb 
Hind II 
 
5’b 
Hinf I 
 
 
Haplótipo 
Paciente 1 - / - - / - - / - - / - + / + - / - BEN / BEN 
Paciente 2 - / - + / + - / - - / - - / - - / - 
SENEGAL + + - + + + 
BENIN - - - - + - 
CAR - + - - - - 
SAUDI + + - + + - 
CAMER - + + - + + 
 e G A yb  b 5’ 3’ 
Hind III Hind III 
Hinc II Hinf I 
Xmn I 
5’ G 
Xmn1 
G 
Hind III 
A 
Hind III 
 
yb 
Hinc II 
 
3’yb 
Hind II 
 
5’b 
Hinf I 
 
 
Haplótipo 
Paciente 1 - / - - / - - / - - / - + / + - / - BEN / BEN 
Paciente 2 - / - + / + - / - - / - - / - - / - CAR / CAR 
SENEGAL + + - + + + 
BENIN - - - - + - 
CAR - + - - - - 
SAUDI + + - + + - 
CAMER - + + - + + 
 e G A yb  b 5’ 3’ 
Hind III Hind III 
Hinc II Hinf I 
Xmn I 
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Hemoglobin. Bezerra et al., 2007. 
Freqüência da Distribuição (%) de Haplótipos bS 
na População Brasileira 
População Nº cromossomos CAR Benin Cam Sen Árabe ATP 
Recife1 198 79,8 13,6 1,0 0 0,5 5,0 
Campinas2 170 61,8 34,7 0 0 0 3,5 
Rib. Preto3 68 73,0 25,5 0 1,5 0 0 
Salvador4 250 41,6 55,2 1,2 0,4 0,4 1,2 
Belém5 260 66,0 21,8 1,3 10,9 0 0 
Fortaleza6 44 41,2 55,9 0 2,9 0 0 
Porto 
Alegre7 78 73,0 15,4 0 1,3 0 10,3 
Amazônia8 20 60,0 10,0 0 30,0 0 0 
Rio de 
Janeiro9 166 71,7 23,5 0 0 0 4,8 
Total 814 59,8 35,6 0,5 1,5 0,1 2,5 
1Bezerra et al.; 2Figueiredo et al. 1996; 3Zago et al. 1992; 4Adorno et al. 2005; 5Cardoso e 
Guerreiro, 2006; 6Galiza Neto et al. 2004; 7Wagner et al. 1996; 8 Pante-de-Sousa et al. 1999; 
9Silva-Filho et al. 2007. 
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Steinberg, M.H.; Blood. 2008 
FERTRIN & COSTA, 2010 
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Modelo de Superposição de Fenótipos 
Anemia FalciformeManifestações Clínicas 
- Fase estável da doença: Hb  8g/dl 
- Crises de falcização: crises vaso-oclusivas ou dolorosas, 
hemolíticas, aplásicas e síndrome de seqüestro esplênico. 
1. Crises Vaso-Oclusivas ou Dolorosas 
- Adesão de hemácias falcizadas ao endotélio vascular = estase 
sangüíneo = infarto de á orgãos = necrose. 
- Normalmente estão associadas ao frio, mudanças bruscas de 
temperaturas, infecções, febre, diarréia, período menstrual, 
gravidez e estresse nos adultos. 
Anemia Falciforme 
2. Crises Hemolíticas 
- Aumento excessivo da hemólise. 
- Alguns fatores desencadeantes: infecções por Mycoplasma, 
esferocitose hereditária, condições de baixa tensão de O2. 
- Agravamento da anemia. 
- Número de reticulócitos aumentado. 
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17 
Anemia Falciforme 
3. Crises Aplásicas 
- MO em exaustão: insuficiência transitória da eritropoese (5 a 10 dias). 
- Alguns fatores desencadeantes: infecçãos por parvovírus, deficiência 
de ácido fólico. 
- Queda acentuada nos níveis de hemoglobina. 
- Número de reticulócitos extremamente reduzido. 
4. Crise de Seqüestro Esplênico 
- Acúmulo rápido de sangue no baço. 
- Crise mais grave do paciente falcêmico. 
- Queda nos níveis de hemoglobina (Hb  2g/dl). 
- Aumento rápido do baço (esplenomegalia). 
Anemia Falciforme 
Principais Complicações Clínicas 
- Pele: palidez, icterícia, úlceras de perna. 
- Osteoarticular: síndrome mão-pé (dactilite infantil), dores 
osteoarticulares, necrose asséptica da cabeça do fêmur e do 
úmero, compressão vertebral. 
- Olhos: retinopatia proliferativa, glaucoma, hemorragia 
retiniana. 
- Sistema nervoso central: AVC. 
- Cardiopulmonar: insuficiência cardíaca, infarto pulmonar. 
Anemia Falciforme 
Principais Complicações Clínicas 
- Urogenital: priapismo, insuficiência renal crônica. 
- Gastrointestinal e abdominal: crises de dor abdominal, 
icterícia obstrutiva. 
- Geral: retardo do crescimento, retardo da maturação sexual, 
maior suscetibilidade a infecções (meningite, pneumonia, 
infecções urinárias, septicemia). 
Heterozigotos AS = produz cadeias bA e bS = Traço Falciforme 
(geralmente assintomáticos) 
Anemia Falciforme 
 Manifestações Clínico-Laboratoriais e Biológicas 
• ANEMIA 
• Taxas de Hemoglobina variam entre 6 e 9.5 g/dl 
• Reticulocitose entre 5 e 20% 
• Policromasia, pontilhados basófilos, eritroblastos no sangue 
• Presença de hemácias falcizadas: quase 100% dos casos 
• Presença de 5 a 40% de hemácias irreversivelmente 
falcizadas 
• Anemia piora nas infecções, nas sequestrações esplênicas, 
sobretudo nas crianças com baço ainda funcionante 
• A icterícia é às custas da BI que varia de 1 a 8 mg% 
• Existe uma adaptação à anemia e esse não é o maior 
problema para esses pacientes 
19/04/2017 
18 
Manifestações Clínicas na DF 
• Crise vaso oclusiva 
• Infecção 
• Crise vaso oclusiva 
• AVC 
• Alterações Renais 
• Complicações Cardiovasculares 
• Litíase Biliar 
• Infarto Pulmonar 
• Lesões Oftalmológicas 
• Priapismo 
• Sequestro esplênico 
• Sindrome Toracica Aguda 
DACTILITE (SÍNDROME MÃO-PÉ) 
Sepse p/ Salmonela 
Seqüestro esplênico Crise Vaso-oclusiva 
Lesão de Encurtamento Crescimento desproporcional entre os dedos da mão de 
paciente com anemia falciforme 
19/04/2017 
19 
O infarto do osso e a DOR 
A LESÃO 
TECIDUAL 
A dor semelhante ao esmagamento 
Crise álgica por infarto ósseo. Crises são 
responsável por 60% a 80% das admissões 
hospitalares relacionadas à doença 
falciforme 
Alguns depoimentos 
• “Se eu digo que minha dor só passa com 
morfina todo mundo logo acha que eu sou 
um viciado...” 
• “Aí me aplicam dipirona ou outra coisa 
tentando enganar a minha dor...” 
• “Quando digo que não passou e peço algo 
mais forte dizem logo; ‘tá vendo, você é 
viciado mesmo...!?” 
 
Alguns depoimentos 
• “Sofro muito num serviço de emergência geral: como 
não tenho nada quebrado nem ferido o pessoal acha 
que minha dor pode ficar pra depois...” 
• “Chego na urgência e ninguém sabe de nada sobre 
anemia falciforme... Até que venha o remédio...” 
• “Tenho que esperar fazer a ficha, chegar o médico, 
chegar a enfermeira, chegar o remédio, que muitas 
vezes é fraco... e eu, com DOR! Por quê a gente tem 
que sofrer tanto assim para ser medicado?” 
Crise Vaso-oclusiva e Icterícia 
CVO Icterícia 
19/04/2017 
20 
Icterícia Esplenomegalia 
Foto Autorizada 
Priapismo 
 Ereção peniana involuntária, dolorosa e 
prolongada não acompanhada de desejo 
sexual ou estímulo sexual, persistente por 
mais de 4 horas. 
Idade média: 20 anos 
Emergência Urológica 
Disfunção Erétil 
NECROSE AVASCULAR DA CABEÇA 
DO FÊMUR COM OSTEONECROSE 
http://4.bp.blogspot.com/_pMxMXFn7L-4/S3wCDZHEtaI/AAAAAAAAM5c/HzuIJ9fu6iM/s1600-h/imgJaundiceBig.jpg
19/04/2017 
21 
Úlceras de Perna ÚLCERA DE MEMBROS 
INFERIORES 
Complicações Neurológicas 
Haplótipos, a-tal, TNF-a; FV, PM, MTHFR, Klotho, eNOS, 
VCAM I; MBL ... 
19/04/2017 
22 
Doppler Transcraniano 
(TCD): Método não 
invasivo p/ estimar a 
velocidade do fluxo 
sangüíneo nos vasos 
intracraniais largos do 
polígono de Willis. 
Medical College of Georgia 
EVENTOS NEUROLÓGICOS - AVC 
 
- Prevenção primária do AVC: Doppler transcraniano 
• Faixa condicionante para o AVC: > 160 cm/s 
• Faixa de risco para o AVC: > 200 cm/s 
 
 
Anemia Falciforme 
• AVC 
– Crianças com AF - ↑ de 300x para risco de AVC. 
• AF – Maior causador de AVC em crianças 
 
– Até os 20 anos: 
• 11% das crianças portadoras de AF terão 
desenvolvido um AVC clínico; 
• 17-22% das crianças terão um AVC sub-clínico 
(evidências de infarto cerebral na RMI) 
Ohene-Frempong et al, 1998; Hoppe, 2003; Hoppe et al.,2004 
Hb C - Fisiopatologia 
19/04/2017 
23 
HbC – MECANISMO 
FISIOPATOLÓGICO 
 Rigidez da membrana 
HbA 
(b6Glu) 
HbC 
(b6Lys) 
ANEMIA HEMOLÍTICA 
CRÔNICA 
Destruição precoce 
(SRE) 
Mutação puntiforme (b6 GluLys) 
Redução da vida 
média 
Cristalização 
HEMOGLOBINAS VARIANTES 
Hb C - Genética de populações 
• Principal população afetada de origem africana; 
• Prevalência no Brasil: cerca de 1% dos indivíduos de origem 
africana possuem o gene bC (AC/CC/SC/C- b tal); 
• Herança Mendeliana; 
• AC = portadores clinicamente assintomáticos; sangue 
periférico com hemácias em alvo; VCM reduzido); 
• CC = Doença da Hb C – anemia hemolítica crônica discreta 
• SC = Doença Falciforme SC 
Heredograma Doença Falciforme 
(HbSC) 
 AS X AC 
AA AC AS SC 
92 
HbC – QUADRO CLÍNICO 
 Forma Heterozigota : Hb AC 
 Assintomático 
 Não tem anemia 
 Alteração morfológica: Hemácias em alvo 
 
 
 Forma Homozigota : Hb CC 
 Anemia hemolítica crônica de gravidade variável (Hb: 8-12g/dL) 
 Alterações morfológicas 
 Hem em alvo (>80%) 
 Cristais intraeritrocitários de HbC 
 Esplenomegalia 
 Colelitíase 
HEMOGLOBINAS VARIANTES 
19/04/2017 
24 
DUPLA HETEROZIGOSE – QUADRO CLÍNICO 
 Hb SC 
 Anemia hemolítica crônica discreta a moderada (Hb: 9-13g/dL) 
 Alterações morfológicas 
 Hem em alvo, Cristais de HbC, Esferócitos 
 Menor susceptibilidade a vaso oclusão 
 Crises dolorosas raras 
 Maior Viscosidade Sanguínea 
 Osteonecrose 
 Retinopatia 
 Esplenomegalia 
 
 HbS/bTalassemia 
 S/b0Talassemia 
 Anemia moderada a grave (Hb: 7-10 g/dL), microcítica hipocrômica 
 Crises vaso oclusivas e necrose asséptica óssea 
 S/b+Talassemia 
 Anemia discreta a moderada (Hb: 10-14g/dL), microcítica e hipocromica 
 Vaso oclusão e necrose óssea  raras 
HEMOGLOBINAS VARIANTES 
Foto Autorizada 
Alterações estruturais da Hb 
Diagnóstico Laboratorial 
• Determinação da hematimetria 
• Observação morfológica das hemácias 
• Determinação do padrão eletroforético (pH alcalino) 
• Confirmação do padrão eletroforético (pH ácido) 
• Dosagem das Hbs A2 e Fetal 
• Quantificação das Hb S, C e outras variantes• Teste de solubilidade ou Teste de falcização (confirmação 
de Hb S) 
• Análise familial 
• Eletroforese de cadeias globínicas 
• Análise molecular (identificação da mutação) 
Hemograma na Anemia Falciforme 
• Hm, Hb e Ht diminuídos 
• VCM e HCM normais 
• Leucocitose e trombocitose 
• Número de reticulócitos elevados 
• Esfregaço sangüíneo: Anisocitose, poiquilocitose 
(drepanócitos), eritroblastos. 
 
19/04/2017 
25 
Hemoglobina S 
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 
•Anemia moderada/grave (Hb: 7 a 9 g/dL) 
•VCM, HCM, CHCM: normais 
•Alterações morfológicas 
•Drepanócitos 
•Hem em alvo 
•Corpúsculos de Howell-Jolly 
•Policromasia 
 
•Leucocitose discreta 
 Neutrofilia 
 
•Trombocitose 
Contagem de Reticulócitos 
• Reticulocitose (10-30%) 
ANEMIA FALCIFORME? 
HEMOGRAMA 
Morfologia Eritrocitária 
Anemia Falciforme 
Labcen, 2011 Labcen, 2011 
19/04/2017 
26 
Labcen, 2011 
Morfologia Eritrocitária 
Homozigoto HbC 
Labcen, 2011 Labcen, 2011 
19/04/2017 
27 
Labcen, 2011 
Reticulocitose 
Reticulocitose em amostra de sangue periférico de paciente 
com anemia falciforme, caracterizando eritropoese acentuada 
Eletroforese de Hemoglobinas 
• A eletroforese é uma técnica de separação de substâncias 
carregadas eletricamente, que, quando submetidas a um 
campo elétrico, migram em direção ao eletrodo positivo (se 
forem ânions) ou negativo (se forem cátions). 
• A mudança de comportamento eletroforético é uma das 
alterações físico-químicas observada nas hemoglobinas 
anômalas. A eletroforese utiliza-se desta propriedade 
alterada para identificar a maioria das hemoglobinas 
anormais. 
Eletroforese Qualitativa de Hb em Acetato 
de Celulose pH 8,0 - 9,0 
PRINCÍPIO: 
• Em pH 8,0 - 9,0 a Hb é uma proteína carregada negativamente, 
migrando em direção ao pólo positivo. 
• Esse método identifica as Hbs normais e grande parte das variantes. 
As diferentes mobilidades verificadas entre as diversas Hbs com 
defeitos estruturais se devem às alterações de cargas elétricas, 
causadas por substituições de aminoácidos de diferentes pontos 
isoelétricos (pI). 
• Quanto mais negativa for a Hb, ou seja, quanto mais inferior for seu 
pI em relação ao pH do tampão, mais rápida será a sua migração 
eletroforética 
19/04/2017 
28 
Padrão Eletroforético 
19/04/2017 
29 
19/04/2017 
30 
Eletroforese em pH Alcalino 
* Migração do pólo neg  pos 
* Separação das principais Hb’s 
* Identificação de Hb’s Variantes 
Eletroforese em pH Alcalino 
Esquema das principais Hb’s 
na Eletroforese alcalina 
A/Lepore AS AD S/b+ SS S/b0 SD DD SC SE SO 
+ 
_ 
A 
F 
S-D 
C-A2-E-O 
pH Alcalino 
TRAÇADO ELETROFORÉTICO 
TRAÇADO ELETROFORÉTICO 
19/04/2017 
31 
Eletroforese em pH Alcalino 
A 
F 
S 
 
C - A2 
ELETROFORESE DE HEMOGLOBINAS 
AA, AS E SS 
 
A 
F 
S 
A2/C 
+ 
_ 
 1 2 3 4 5 6 7 
Eletroforese em pH Alcalino 
19/04/2017 
32 
Cromatografia Líquida de Alta 
Pressão - HPLC 
• Consiste na separação 
das hemoglobinas de 
acordo com o seu tempo 
de retenção na coluna 
cromatográfica. 
Cromatografia Líquida de Alta 
Pressão - HPLC 
Lab.Hbpatias-HEMOPE, 2003 
Hb AS Hb SS 
Cromatografia Líquida de Alta 
Pressão 
Lab.Hbpatias-HEMOPE, 2003 
Hb AD Hb AC 
19/04/2017 
33 
Cromatografia Líquida de Alta 
Pressão - HPLC 
Hb FA Hb FAS 
Lab.Hbpatias-HEMOPE, 2003 
Cromatografia Líquida de Alta 
Pressão - HPLC 
Hb FS Hb FAC 
Lab.Hbpatias-HEMOPE, 2003 
Focalização Isoelétrica (FIE) 
Método específico para o 
fracionamento de espécies 
moleculares de Hb que diferem 
somente nas suas quantidades de 
cargas. 
A separação não é devida a 
qualquer efeito seletivo do 
tamanho da molécula, o seu 
transporte através do meio se faz 
com ótima resolução, separando 
as macromoléculas por seu ponto 
isoelétrico com diferenças de 
unidades de pH 
FSC FS FA AC SD 
C 
A2 
S 
F 
A 
19/04/2017 
34 
AC FAC CD FAD SC 
C 
A2 
S 
F 
A 
Teste de Falcização 
Teste Positivo Teste Negativo 
Preparação 
da lâmina 
• Provoca a falcização das hemácias in vitro através da utilização de 
metabissulfito de sódio 1%. 
• Não diferencia o homozigoto SS do heterozigoto AS. 
Teste de Falcização 
Teste de Falcização 
19/04/2017 
35 
Teste de Falcização 
Teste de Solubilidade em Papel de Filtro 
A HbS, em sua forma oxigenada, é insolúvel em tampões fosfato concentrados, de 
alta molaridade. No teste de solubilidade emprega-se tampão fosfato de alta 
molaridade e ditionito de sódio, que é um agente redutor. 
Pac. 1, 2, 3, 5, 6 e 7 – Positivos 
Pac. 4 e 8 - Negativos 
0 
Teste de Solubilidade em Tubo 
A HbS, em sua forma oxigenada, é insolúvel em tampões fosfato concentrados, de 
alta molaridade. No teste de solubilidade emprega-se tampão fosfato de alta 
molaridade e ditionito de sódio, que é um agente redutor. 
Diagnóstico Molecular da HbS 
HbA CCT GAG GAG 
HbS CCT GTG GAG 
5 6 7 
DdeI 
MstII 
+ 
- 
ND SS SS AS M SS SS 
382 pb 
288 pb 
201 pb 
88 pb 
Exon 1 Exon 2 Exon 3 
5’ 3’ 
* 
DdeI 
MstII 
87pb 201pb 88pb 6pb 
+/+ 
-/- 
288pb 
HbA: 201pb+88pb+87pb+ 6pb 
HbS: 288pb+88pb+6pb 
19/04/2017 
36 
PCR-RFLP (Hb C) 
Exon 1 Exon 2 Exon 3 
5’ 3’ 
* 
BseRI 
88pb 294pb 
+/+ 
-/- 
382pb 
HbA CCT GAG GAG 
HbC CCT AAG GAG 
5 6 7 
BseRI [GAG GAG n(10)] 
+ 
- 
AA AC CC 
- 
CC CC AA ND M 
CC* 
Hb S – cd 6 (GAGGTG) 
cd 6 (GAGGTG) 
cd 6 
Normal - Primer Antisense 1R 
cd 6 (GAGAAG) 
Hb C – cd 6 (GAGAAG) 
cd 6 
Normal - Primer Antisense 1R 
Identificação da Hb S e Hb C por 
Seqüenciamento 
Tratamento 
- Profilático: evitar fatores que podem ocasionar crises 
de falcização (desidratação, infecções, grandes 
altitudes, exercícios intensos, frio, anestesia geral). 
- Boas condições de nutrição e higiene. 
- Suplementação com ácido fólico. 
- Imunização para prevenir infecções (vacinas contra 
pneumococos, haemophilus, meningococos, hepatite B). 
- Penicilina profilática (menores de 5 anos e 
esplenectomizados). 
Tratamento 
- Crises vaso-oclusivas: repouso, aquecimento de 
braços e pernas, hidratação, antibióticos (se houver 
infecção) e analgésicos. 
- Crises aplásicas e seqüestro esplênico: transfusão 
sangüínea. 
- Uso de medicamentos que promovem o aumento da 
hemoglobina fetal (hidroxiuréia). 
- TMO 
- Cuidados durante a gravidez e na utilização de 
anestesia em cirurgias. 
Aconselhamento Genético 
Diagnóstico Pré-Natal 
19/04/2017 
37 
19/04/2017 
38 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO 
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS 
CURSO DE BIOMEDICINA 
Biomedicina 5ºP (BR256) 
 
Hemoglobinas Instáveis 
Prof. Dr. Marcos André C. Bezerra 
Prof° Adjunto III da UFPE / Pesquisador HEMOPE 
macbezerra.ufpe@gmail.com 
 
Hemoglobinas Instáveis 
• Atualmente, há cerca de 1268 mutações descritas que 
resultam em variantes estruturais da hemoglobina; 
• Destas, 148 levam à produção de hemoglobinas instáveis; 
• As Hbs Instáveis constituem um grupo de variantes 
genéticas de Hbs em que a mutação nas globinas a e b afeta 
a estrutura da molécula tornando-a instável. 
Hemoglobinas Instáveis 
• A maioria dessas variantes causa anemia hemolítica em 
seus portadores, cuja intensidade é diretamente 
proporcional ao grau de instabilidade da hemoglobina 
anômala. 
• Hbs Instáveis surgem como resultado da síntese anormal da 
estrutura das cadeias globínicas, usualmente simples troca 
de aminoácidos, mas ocasionalmente deleções, inserções 
ou cadeias truncadas e extensas; 
• Comumente se apresentam como anemias hemolíticas 
hereditárias de herança autossômica-dominante. 
http://www.ufpe.br/ccb/index.php
19/04/2017 
39 
Hemoglobinas Instáveis 
• Uma das principais características das Hbs Instáveis que 
causam anemia hemolítica é a presença de corpos de 
inclusão conhecidos por corpos de Heinz; 
• A apresentação das HbInstáveis é sob a forma de crises de 
hemólise; 
• Fatores desencadeantesde instabilidade da Hb: infecção, 
contato com substâncias químicas oxidantes, uso de 
antibióticos ou quimioterápicos antibacterianos. 
Hb Instável 
• Deve-se suspeitar da presença de uma Hb Instável em 
pacientes que tem anemia hemolítica crônica sem uma 
causa óbvia mais comum, em especial quando a 
doença se manifesta desde a infância, e nos pacientes 
que desenvolvem crises hemolíticas quando expostas a 
medicamentos, infecções ou intoxicações. 
Causas Bioquímicas das Hbs Instáveis 
 A estrutura tetramerizada da molécula de Hb se mantém 
estável por meio de ligações efetuadas por aminoácidos. As 
principais causas das Hbs instáveis são: 
 
• Mutações em aminoácidos que fazem os contatos interglobinas 
a - b; 
 
• Mutações em aminoácidos que protegem o grupo heme; 
 
• Mutações nas regiões internas das globinas beta e alfa. 
Causas Bioquímicas das Hbs Instáveis 
 Substituições de qualquer um desses resíduos, pertencentes a 
um dos 3 pontos estabilizadores, por outro de características 
físico-químicas diferentes, por ex: tamanho, ponto isoelétrico e 
polaridade, impossibilitará a manutenção da integridade 
molecular. 
 
 Essa desestabilização ocorrerá, inicialmente, pelo afrouxamento 
da sua estrutura, permitindo o acesso de água para o interior do 
grupo heme, oxidando-o. 
 
 Em seguida, ocorre o processo de desintegração do tetrâmero, 
cujos polipeptídeos desagregados precipitam-se no interior dos 
eritrócitos sob a forma de corpos de Heinz. 
19/04/2017 
40 
 Mutações em regiões de ligação com o heme ou 
entre as cadeias importantes para a manutenção 
da estabilidade da molécula  precipitação  
hemólise; 
 Corpos de Heinz positivos; 
 Teste de estabilidade em n-butanol; 
 Teste de estabilidade em isopropanol; 
 Teste de instabilidade térmica. 
Hemoglobinas Instáveis 
Testes de Instabilidade 
• Teste de estabilidade em n-butanol; 
• Teste de estabilidade em isopropanol; 
• Teste de instabilidade térmica. 
Testes de Instabilidade 
• Quando a hemoglobina, é dissolvida em um solvente como o 
isopropanol ou n-butanol, que são mais apolares que a água, as 
ligações hidrofóbicas são enfraquecidas e a estabilidade da 
molécula é diminuída; 
• Ou Quando a hemoglobina em solução é aquecida, as ligações 
hidrofóbicas são enfraquecidas e a estabilidade da molécula é 
diminuída; 
• Sob condições controladas a Hb instável precipita, enquanto a 
Hb normal permanece em solução. 
Teste de Estabilidade em N- Butanol 
A = CONTROLE NL 
B = Hb Instável 
C = Hb H 
19/04/2017 
41 
Teste de Estabilidade em Isopropanol Teste de Instabilidade Térmica 
Pesquisa de Corpos de Heinz 
Corpos de Heinz 
Hb Instável ou Talassemia??? 
• Paciente caucasóide de 8 anos; 
• Procedente de Caruaru-PE; 
• Encaminhado para investigar anemia hemolítica crônica, 
microcitose/hipocromia, icterícia, hepatoesplenomegalia e 
necessidade de transfusões sangüíneas; 
• Acompanhado no ambulatório do Hospital HEMOPE. 
19/04/2017 
42 
Caso Índice 1 
• Os dados hematológicos obtidos foram os seguintes: GV=3,82 
(106/mm3), Hb=9,1 g/dL, Ht=31,0%, VCM=78,0 fL, HCM=23,8 pg 
e contagem de reticulócitos de 11,35%. A dosagem de bilirrubina 
total foi 2,5 mg/dL e bilirrubina indireta de 1,54 mg/dL. A dosagem 
de haptoglobina foi inferior a 7,31 mg/dL, de ferritina 96,82 ng/mL 
e de ferro sérico/TIBC 60,0 g/dL e 211,0 g/dL, respectivamente. 
Dados Eletroforéticos 
• Nas eletroforeses de Hb  Hb AA; 
• Eletroforese de cadeias  Normal; 
• Hb A2 e Fetal  foram de 4,1% e 5,0%, respectivamente; 
• A focalização isoelétrica revelou frações nas posições de Hb A e 
Hb Fetal, mas a banda correspondente a Hb Fetal foi de 20%; 
• Eletroforese e hematimetria dos “pais”  Normais; 
• Mutação de novo??? 
Focalização Isoelétrica 
Testes Complementares 
• Testes de instabilidade  todos positivos; 
• Corpos de Heinz  positivo; 
• Testes funcionais demonstraram afinidade aumentada pelo 
O2 (com e sem fosfatos orgânicos), bem como uma 
cooperatividade diminuída comparada com a Hb A, 
compatível com a instabilidade apresentada. 
19/04/2017 
43 
HPLC de Fase Reversa 
 
Análise Molecular 
• Análise molecular do gene da globina b identificou uma 
mutação no códon 122 (TTCTCC), em heterozigose, que 
causa a substituição do aminoácido fenilalanina por serina na 
correspondente posição da cadeia b; 
 
• O paciente apresentou ainda heterozigosidade do polimorfismo 
Xmn I, o que poderia se relacionar ao aumento de Hb Fetal 
observado. O genótipo alfa foi normal (aa/aa). 
Eletroferograma 
A/G A B 
Figura 1: Eletroferograma da fita antisense do gene da globina b humana. A. Fita antisense normal de uma 
região do éxon 3. B. Fita antisense com a mutação no códon 122 (TTCTCC) do éxon 3. 
Análise Molecular dos “pais” 
• O seqüenciamento dos pais  ausência de alterações na 
cadeia b; 
• Investigação da paternidade  exclusão do suposto pai; 
• Encaminhamento de uma nova família com quadro clínico 
e laboratorial com o caso descrito. 
19/04/2017 
44 
Nova variante de globina beta, 
indistingüível das Hbs normais, instável e 
com alteração funcional 
Hb Caruaru (Pernambuco) 
(b122 PheSer) 
Estudo Familiar 
• A análise familiar mostrou que o pai do paciente, bem como 6 de seus 
12 tios (irmãos do pai do paciente) e 3 primos, também eram 
portadores da Hb Caruaru; 
 
• Todos os portadores apresentavam anemia hemolítica crônica; 
 
• Nenhuma mutação foi detectada no DNA de seus avós, embora a 
maternidade e paternidade tenham sido confirmadas; 
 
• O DNA do esperma do avô foi analisado e não mostrou nenhuma 
alteração, sugerindo que a mutação esteja nas células germinativas da 
avó. 
Heredograma da Hb Caruaru 
III-
17 
II-5 II-6 II-3 II-2 
III-1 III-2 
II-4 
III-3 III-4 III-5 
II-8 II-7 
III-6 
II-10 II-9 
III-7 III-8 III-9 
II-12 II-11 
III-
10 
II-13 
III-
11 
III-
12 
II-15 
III-
13 
III-
14 
III-
15 
III-
16 
II-19 II-20 II-21 II-22 II-23 II-14 II-16 II-17 II-18 II-24 
I-4 I-3 I-5 I-6 I-7 
II-25 
I-1 I-2 
II-1 
? 
Died 
 
Hb Caruaru carrier 
 
Normal 
19/04/2017 
45 
Hb Caruaru (b122 PheSer) 
• A mutação encontrada aqui não havia sido previamente 
descrita. O aminoácido que ocupa a posição 122 da cadeia 
beta participa dos contatos a1/b1; 
 
• A incorporação de serina (resíduo hidrofílico) no lugar da 
fenilalanina (resíduo hidrofóbico) pode ser responsável 
pela instabilidade estrutural observada na Hb Caruaru. 
Hb Instável ou Talassemia??? 
• Uma mulher caucasiana, 36 anos, descendência portuguesa; 
• Procedente de Olinda-PE, encaminhada para investigar anemia 
hemolítica, com microcitose e hipocromia; 
• Apresentando icterícia, hepatoesplenomegalia e necessidade de 
transfusões sangüíneas; 
• Acompanhado no ambulatório do Hospital HEMOPE. 
Caso Índice 2 
• Os dados hematológicos e bioquímicos foram os seguintes: 
GV=3,48 (106/mm3), Hb=7,8 g/dL, Ht=26,6%, 
VCM=76,4 fL, HCM=22,4 pg, reticulócitos=18,6%, 
bilirrubina total=5,2 mg/dL e indireta= 4,6mg/dL, 
haptoglobina < 7,3 mg/dL, ferritina=18,6 ng/mL, ferro 
sérico=79,0 g/dL e TIBC=421,0 g/dL. 
Dados Eletroforéticos 
• A eletroforese de Hb (alcalina) apresentou uma banda no lugar 
de HbS (7%); 
• As eletroforeses ácida e de cadeias globínicas foram normais; 
• Na FIE foram observadas bandas na posição de HbS (3%) e 
HbC (4%); 
• No HPLC apresentou HbF: 1,5% e HbA2: 9,5%. 
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Testes Complementares 
• Testes de instabilidade  todos positivos; 
• Corpos de Heinz  positivo; 
• Testes funcionais demonstraram afinidade diminuída pelo O2 
(sem fosfatos orgânicos), bem como uma cooperatividade 
diminuída comparada com a Hb A, compatível com a 
instabilidade apresentada. 
Análise Molecular 
• O seqüenciamento do gene da globina b demonstrou deleção 
de 12 pares de base (-GAAGTTGGTGGT), removendo os 
codóns 22 a 25, em heterozigose, confirmado por clonagem;• O paciente apresentou o polimorfismo Xmn I normal e a 
análise do gene da globina a mostrou heterozigose para a 
deleção -a3.7 kb. 
Eletroferograma 
Eletroferograma da fita 
sense do gene da globina 
b humana. A. Fita sense 
normal de uma região do 
éxon 1. B. Fita sense com 
a deleção dos Códons 
22/23/24/25 (-12pb) do 
éxon 1. Produto de PCR 
clonado em vetor pGEM-
T easy vector 
(PROMEGA). 
Mutante 
Normal 
[ ] 
Região deletada 
Estudo Familiar 
• O pai da paciente é clinicamente e hematologicamente normal 
(HbAA, aa/aa); 
• A mãe é heterozigota da HbS (HbAS) e também apresenta a 
deleção -a3.7 kb, em heterozigose; 
• Os pais não apresentaram Hb Olinda, embora os testes de 
maternidade e paternidade foram confirmados; 
• O filho da paciente apresentava apenas a deleção -a3.7 kb, em 
heterozigose (HbAA,-a/aa). 
 
 
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Heredograma Hb Olinda Hb Olinda [beta22 – 25]: Uma Variante Causada pela 
Deleção de 12 pb no Gene da Globina b 
• A mutação encontrada aqui não havia sido previamente descrita. Esta Hb é 
composta por uma globina b menor que a normal e muito instável, 
conseqüente da remoção de 4 aminoácidos (-Glu-Val-Gly-Gly-) localizados 
nas posições 22 a 25 da cadeia b; 
 
• Essa mudança do código de leitura, trouxe os resíduos 23 e 24 antes externos, 
para dentro da molécula de Hb (Glu-Ala-Leu-Gly); 
 
• Substituições nessas posições, especialmente no códon 24, que está próximo 
ao contato com a hélice E, leva à anemia hemolítica e à produção de variantes 
com estabilidade e função alteradas.

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