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bio.índice 3
1
Pu
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am
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 1
 •
 n
º 1
nutrição e saúde
ne
st
lé
Imunonutrição os resultados da terapia nutricional no Hospital Nove de Julho, em São Paulo
Amigo do coração estudos revelam que, usado com moderação, o café tem efeitos positivos
Zilda Arns coordenadora da Pastoral da Criança fala sobre benefícios e política da amamentação
 
Os novos alimentos desenvolvidos 
para atender a sociedade contemporânea
CIÊNCIA E 
QUALIDADE DE VIDA
2 bio.índice
Em 85 anos de vida no Brasil, a Nestlé jamais mediu esforços para incorporar os principais avanços em tecnologia de 
alimentos, gerados por seus pesquisadores e pela comunidade científica mundial. Isso não quer dizer que acreditamos na 
existência de um “consumidor globalizado”. Para que estas pesquisas se traduzam em benefício da sociedade brasileira é 
preciso conhecer a fundo sua diversidade sóciocultural e, sobretudo, a singularidade das demandas nutricionais em cada 
uma das regiões do País.
Neste sentido, o relacionamento de mais de meio século que a Nestlé mantém com a Universidade e com associações 
representativas de médicos, nutricionistas e nutrólogos brasileiros ocupa papel de destaque. Ao patrocinar seus encon-
tros e congressos, ao estimular a produção e a divulgação de pesquisas nacionais, a Nestlé aprende a realidade da saúde 
pública do País e vai ao encontro de uma de suas principais metas: criar valor compartilhado, patrocinando desenvolvi-
mento científico com responsabilidade social. 
Mais do que isso, a estreita convivência com médicos, nutrólogos e nutricionistas, cujo trabalho é pautado pelo compro-
misso ético, nos convida a refletir sobre nossas responsabilidades e nos ajuda a desenvolver produtos que contribuam 
para a saúde e o bem-estar da população brasileira. 
A revista Nestlé.Bio nasce com a vocação de proporcionar um espaço para troca de experiências sobre o papel da nutrição 
na promoção da saúde e de inovar no intercâmbio de informações, através de uma publicação que alia o rigor da ciência 
ao prazer da leitura.
O progresso do conhecimento científico se dá com a troca e o sentido de que a prática, gera evolução. Imbuídos deste 
espírito, fica expresso nosso desejo de contar com a colaboração de nossas leitoras e leitores e conhecer suas visões, 
sugestões e críticas, para que nossa revista preste, de fato, o tributo que desejamos às realizações de profissionais de 
saúde de todo o Brasil.
editorial
ne
st
lé
Rio de Janeiro 
Rua da Quitanda, 106/3º andar,
20091-005, Centro
Telfax: (21) 2104-7400
São Paulo
Rua Samuel Morse, 74/10º andar
04576-060, Brooklin
Telfax: (11) 5501-1252
www.selulloid.com.br
Um tributo à promoção da saúde
Ivan F. Zurita
Presidente da Nestlé Brasil
Direção Editorial: Ivan F. Zurita, Mario Castelar, Márcia Abreu e Vanessa Moreira 
Consultor Editorial: Claudio Galperin 
Membros convidados e Conselho Consultivo: Carlos Faccina, Pedro Simão, Adérson Damião e Marcelo Freire 
Colaboradores: Juliana Lofrese, Thais Manzione, Irene Ribeiro, Kathia Schmider, Márcia Santanna e Daniel Bruin
 
Realização: Selulloid AG Comunicação por Conteúdo Publisher e Diretor Geral: Flavio Rozemblatt Diretor de Conteúdo: Cláudio Henrique 
Diretor Financeiro: Marcos Lima Diretor de Criação: Rodrigo Rodrigues Gerente-executivo de Canais e Interatividade: Roberto Cassano 
Gerente-executivo de Entretenimento de Marca: Renato Fagundes Gerente-executivo de Operações: Rodrigo Guimarães Gerente-executivo 
de Negócios e Atendimento: Cristiano Mansur Editor-executivo: João Marcello Erthal Redação Bio.: Márcia Régis (Editora), Betina Cupello 
(Diretora de Arte), Renata Leite (Gerente de Projeto), Leandro Misseroni (Diagramador), Sérgio Adeodato, Paulo Henrique Souza, Adriana Pavlova 
e Marcos Bohe (Repórteres), Alessandra Levtchenko, Eric Brochu, Marcelo Rudini (Fotógrafos), Fábio Corazza (Ilustrador) Produção Gráfica: 
Marcelo Sá Revisor: Luis Francisco Alves Senne Impressão: Ricargraf Tiragem: 50 mil exemplares
A Revista Nestlé.Bio é um produto informativo da Nestlé Brasil destinado a promover pesquisas e práticas no campo da ciência da nutrição, realizadas no País e no exterior, sob os cuidados de um criterioso processo editorial. 
Alinhada ao histórico papel da Nestlé no apoio à difusão da informação científica, a revista abre espaço para a diversidade de opiniões, que consideramos ser essencial para o intercâmbio de idéias e conceitos inovadores. 
As declarações expressas na revista não refletem necessariamente o posicionamento institucional da companhia com relação aos temas tratados.
intercâmbio
ÍNDICE
ne
st
lé
04
palavra
O aleitamento materno poderá ganhar, 
em breve, reforço de lei. Nesta entre-
vista, a fundadora e coordenadora da 
Pastoral da Criança, Zilda Arns, defende 
a extensão da licença-maternidade 
e expõe sua trajetória no campo da 
saúde materno-infantil.
08
conhecer
Por trás de cada alimento desenvolvido 
pela Nestlé atuam mais de três mil 
colaboradores científicos, dedicados 
a pesquisas que criam a interface entre 
alta tecnologia e as necessidades nutri-
cionais impostas por diferentes estilos 
de vida, cultura e comportamento. 
11
dossiê.bio
Saúde da Mulher
As mulheres requerem uma 
abordagem nutricional diferenciada 
em cada etapa da vida.
18
dossiê.bio
Prebióticos, Probióticos 
e Simbióticos
Por suas funções imunomoduladoras, 
nutricionais e protetoras da microbiota 
intestinal, probióticos, prebióticos 
e simbióticos ganham, a cada dia, 
novas aplicações clínicas.
25
calendário
O semestre ganha nada menos que 
dez grandes congressos científicos 
na área de nutrição e de especiali-
dades médicas que desfrutam 
os benefícios de terapias nutricionais. 
26
nutrição e arte
Um passeio pelo universo do genial 
dramaturgo inglês William Shakespeare 
nos mostra os hábitos alimentares 
de sua época.
29
ponto de vista
A soma de esforços de vários setores 
da área de saúde é fundamental 
para enfrentar os desafios que ainda 
levam as crianças brasileiras ao risco 
alimentar e nutricional. 
30
sabor e saúde
A Gastronomia Hospitalar vem se 
incorporando cada vez mais aos servi-
ços de nutrição, com impacto positivo 
na recuperação do paciente. Cardápios 
mais sofisticados melhoram o sabor 
das refeições dos centros médicos 
e racionalizam o uso de ingredientes 
sem, no entanto, aumentar os custos.
33
qualidade
O exclusivo composto ActiFibras, 
desenvolvido pela Nestlé, entra na 
formulação de dois novos produtos: 
Molico com ActiFibras (nas versões 
leite em pó e iogurte) e Nesvita.
36
resultado
No Hospital Nove de Julho, a 
imunonutrição ajuda a reduzir o tempo 
de internação de pacientes críticos.
38
foco
O café pode não ser prejudicial aos 
pacientes que sofrem de hiperten-
são ou aos portadores de doença 
coronariana. Mas as diferentes formas 
de preparar a bebida influenciam os 
níveis de colesterol.
40
mesa brasil
Nesta edição, viajamos até Recife e 
Olinda, em Pernambuco, para degustar 
e conhecer a riqueza nutricional dos 
pratos típicos que fizeram história até 
na Holanda. E aproveitamos para apre-
ciar o belo pôr-do-sol do Alto da Sé.
Prezado profissional 
de saúde, 
Este espaço é seu. A cada nova 
edição da Revista Nestlé.Bio, 
gostaríamos de contar com 
seu comentário sobre as 
reportagens e artigos publicados. 
Esperamos também conhecer 
suas experiências de trabalho 
– práticas em terapias nutricionais 
e pesquisas de base ou aplicada, 
que impulsionam os avanços das 
diversas frentes que compõem, 
hoje, o campo de trabalho em 
Nutrição.Queremos que esta seção 
de cartas abra um canal de diálogo 
entre os profissionais que atuam 
no setor, uma troca de experiências 
da qual também esperamos 
participar. Afinal, grande parte 
do trabalho da Nestlé se pauta 
pelo constante intercâmbio de 
informações que buscamos 
manter com a área de saúde 
por meio de congressos 
e apoioàs entidades científicas. 
A Nestlé também faz questão de 
ouvir os consumidores, com os 
quais nutricionistas e médicos 
lidam estreitamente – o que os 
torna capazes de, melhor do 
que ninguém, comunicar as 
necessidades de alimentação, 
saúde, qualidade de vida e 
bem-estar daqueles a quem 
nossos produtos se destinam.
Aguardamos suas impressões 
nas próximas edições. 
Envie comentários e sugestões 
pelo e-mail nestlebio@nestle.com.br 
ou para a Caixa Postal 11.177, 
CEP 05422-970, São Paulo (SP), 
com seu nome completo, 
registro profissional, local de 
trabalho e cidade de origem.
Boa leitura.
Equipe Nestlé
42
por dentro
Saiba mais sobre os resultados 
do trabalho da Nestlé em pesquisa 
de alimentos.
4 bio.índice
palavra
com amor 
do seio
A fundadora e coordenadora 
nacional da Pastoral da 
Criança defende a extensão 
da licença-maternidade e expõe 
a importância de estreitar
os laços entre mães e filhos 
por meio da amamentação
texto Paulo Henrique de Souza
foto Marcelo Rudini
A história de sua vida se confunde com a defesa da saúde 
e da amamentação. Como foi a evolução desse trabalho 
nas últimas décadas?
Quando comecei a exercer a medicina, formada pela 
Universidade Federal do Paraná em 1959, falava-se muito 
pouco do aleitamento materno. O que era ensinado na 
faculdade sobre alimentação infantil incluía oferta de chá 
aos recém-nascidos, suco de laranja ou de cenoura com 
um mês de idade, mingau aos dois meses, sopa aos três 
e assim por diante. As mamadas deveriam ser dadas de 
três em três horas. Minha mãe, que amamentou 13 filhos 
com sucesso, sem se preocupar em dar outros alimentos, 
ficava horrorizada com minha preocupação sobre horários 
e complementação alimentar. Segui o exemplo que tive em 
casa e amamentei meus cinco filhos. 
Qual é a importância da prática da amamentação?
Amamentar é o que existe de melhor para o bebê ser 
saudável e feliz. Se essa verdade for compreendida pela 
gestante, sua família e sua comunidade, acredito que 
há 80% de chances de que o ato vire realidade no dia-a-
dia de mães e filhos. É preciso referendar a importância 
da amamentação exclusiva até os seis meses de idade 
e de sua continuação até os dois anos ou mais, como 
suplemento alimentar. Os serviços de pré-natal e parto, 
o ambiente hospitalar e todo o sistema de saúde devem 
promover essa atitude, com a participação efetiva dos 
médicos de família, obstetras, pediatras, nutricionistas, 
enfermeiros, funcionários e voluntários. Incentivar 
a amamentação é estimular a qualidade de vida e o 
desenvolvimento integral dos bebês.
E o que impede a incorporação do hábito de amamentar? 
Primeiramente, a decisão de dar mamadeira por achar que 
a criança chora de fome. Depois, a crença de algumas mães 
e avós na mamadeira como a melhor solução. Finalmente, 
palavra 5
com amor 
A voz suave revela a mulher, mãe de cinco filhos. Mas o olhar firme e os gestos rápidos, quase inquietos, 
não escondem a médica pediatra e ativista da área da saúde que, há 25 anos, começou e coordena a 
Pastoral da Criança. A história de Zilda Arns Neumann, 72 anos, se mistura com a da Organização, hoje 
presente na África, Ásia e nas Américas. Nesta entrevista à revista Nestlé.Bio, Dona Zilda, como gosta 
de ser tratada, fala sobre aleitamento materno, uma de suas principais bandeiras de luta.
na minha opinião, aparece a falta de envolvimento do 
sistema de saúde e da família neste processo de cons-
cientização. Hoje, no Brasil, já existe a preocupação de 
qualificar a gestante para o tema. A Pastoral da Criança 
trabalha nisto continuamente. Uma das estratégias ado-
tadas é capacitar nossas voluntárias para formar redes 
de solidariedade humana. Durante as visitas domiciliares 
que faz e no Dia Mensal da Celebração da Vida, esse grupo 
incentiva gestantes e mães a amamentarem seus filhos. 
Qual é o impacto da amamentação na saúde das crianças?
Crianças amamentadas no seio materno têm mais defesas 
contra doenças porque recebem os anticorpos da mãe. Por 
isso, têm menos chances de ter diarréia, otites, resfriados 
e gripes, infecções respiratórias, alergias, cáries e má 
oclusão dentária, entre outros problemas. O leite funciona 
como uma vacina para a criança, e é o jeito mais saudável, 
fácil e barato de alimentar o bebê. O aleitamento materno 
é um estímulo natural na promoção do desenvolvimento 
integral da criança, com influência para o resto da vida.
A vaidade feminina ainda é um fator que pesa contra a 
decisão das mães pela amamentação?
Ainda persiste o mito de que a amamentação traga 
“A troca de olhares e carinhos durante 
a amamentação reforça a ligação da mãe 
com seu bebê. A cada mamada, o bebê 
e a mãe vão se conhecendo e gostando 
mais um do outro. Crianças amamentadas 
crescem com auto-estima, pois o momento 
de amamentar é de troca de afeto”
> O valor da amamentação
Segundo a Sociedade Brasileira 
de Pediatria, bebês de seis a oito 
meses obtêm, em média, 70% de 
suas necessidades energéticas no 
leite materno; bebês de nove a 11 
meses, 55%; e entre os que têm 
entre 12 e 23 meses, 40%.
problemas estéticos ou interfira na libido femi-
nina. O que acontece é o inverso. A mulher que 
amamenta se recupera rapidamente do parto, 
pois aleitar queima mais de 500 calorias por dia. 
Outra vantagem é que a mãe que amamenta 
tem menos riscos de desenvolver depressão 
pós-parto, câncer de mama e de ovário e os-
teoporose. O papel do companheiro é muito 
importante para o sucesso da amamentação. 
Quando o pai apóia a amamentação, a mãe 
aleita por mais tempo. Ele pode participar tra-
zendo o bebê para mamar, pegando-o no colo 
para arrotar, para fazer carinho e conversando 
e cantando com a criança. 
Muitas mulheres afirmam que gostariam de 
amamentar, mas alegam que não podem por 
causa do trabalho. Há como superar este 
obstáculo?
A extensão da licença-maternidade permitiria, à 
mulher que trabalha, um período mais longo para 
cuidar da criança. Outros fatores que auxiliam 
na manutenção do aleitamento materno pelas 
trabalhadoras são a implantação de creches 
nos locais de trabalho, que permitem maior 
proximidade entre mãe e filho, a flexibilização 
das jornadas de emprego e a criação de locais 
para retirada do leite materno. 
Já há alguma proposta legal nesse sentido? 
Existe uma proposta de projeto de lei (nº 281/ 
2005) em trâmite no Congresso, de autoria do 
Dr. Dioclécio Campos Júnior, presidente da 
Sociedade Brasileira de Pediatria, endossado 
pela Ordem dos Advogados do Brasil e pela 
Frente Parlamentar de Defesa da Criança e 
do Adolescente, que beneficia trabalhadoras 
das empresas privadas com a prorrogação da 
licença-maternidade até os seis meses. Essa 
ação já é cada vez mais incorporada por alguns 
municípios brasileiros, nos quais as funcionárias 
públicas já desfrutam da licença-maternidade 
ampliada. O País teria um ganho muito grande 
se as mães pudessem ficar com as crianças até 
que completassem seis meses. A criança teria 
melhor saúde e desenvolvimento integral, pela 
presença carinhosa da mãe e pela amamentação 
exclusiva. Depois do período de seis meses, será 
necessário continuar com a amamentação e 
complementar com outros alimentos. 
> Uma vida pelas crianças
Zilda Arns nasceu em Forquilha (SC), em 1934. 
Aos 24 anos, formou-se médica pela Univer-
sidade Federal do Paraná. De 1955 a 1964, 
foi pediatra do Hospital de Crianças Cezar 
Pernetta, em Curitiba, onde trabalhava com 
bebês menores de 1 ano. Em 1977, com cinco 
filhos ainda pequenos, ficou viúva. Em 1979, 
coordenou o Ano Internacional da Criança no 
Paraná. Após treinamento em Principles of the 
Management of Family Planning Programs, na 
Johns Hopkins University, nos EUA, foi 
convidada em 1983 pela CNBB e pelo Unicef 
para iniciar um programa de redução da 
Mortalidade Infantil por meio da Igreja Católica. 
Assim começou a Pastoral da Criança, de 
forma supra-religiosa, suprapartidáriae incluindo todas as raças e etnias.
6 palavra
> Legislação
A Constituição Federal garante à mulher 
trabalhadora a licença-maternidade 
(quatro semanas antes e 12 após o parto) 
e a garantia de permanência no emprego 
no período da lactação. As presidiárias 
também têm assegurado pela lei o direito 
de permanecer com seus filhos durante 
o período de amamentação. De forma 
complementar, a Consolidação das Leis 
do Trabalho (CLT) assegura o direito 
à creche para que a mulher possa 
amamentar seu filho, bem como o direito, 
durante a jornada de trabalho, a dois 
descansos especiais, de meia hora cada 
um, para amamentar a criança.
De que forma o Governo pode contribuir para 
que a amamentação se torne uma prática 
incorporada pela sociedade?
Já houve grandes conquistas. A criação do 
Código do Aleitamento Materno e da licença-
gestante, assim como a proibição de distribuir 
alimentos às crianças menores de seis meses 
nos programas assistenciais, salvo em situações 
especiais, são alguns exemplos. Os cidadãos 
devem exigir que os sistemas de saúde, de 
educação e de promoção social estimulem e 
protejam o aleitamento materno. A amamenta-
ção deve, inclusive, entrar nos diversos currí-
culos de formação de profissionais. 
Como a Pastoral da Criança começou a tratar o 
tema da amamentação junto às comunidades? 
Desde a sua fundação, em 1983, a Pastoral 
da Criança sempre tratou a amamentação 
como uma prioridade absoluta. Na experiência-
piloto em Florestópolis, no Paraná, incluí o 
aleitamento materno exclusivo como um dos 
indicadores de resultados. Os outros são o pré-
natal, a vigilância nutricional, o soro caseiro, 
que revolucionou o País e teve apoio irrestrito 
da Sociedade Brasileira de Pediatria e dos 
meios de comunicação, a vacinação completa, 
de acordo com a tabela do Ministério da Saúde, 
e a educação infantil. Lembro-me que o indica-
dor era de aleitamento materno exclusivo só 
até os quatro meses completos, porque não 
queríamos estabelecer uma meta impossível de 
ser atingida, na época. No entanto, os materiais 
educativos distribuídos ensinavam e ensinam 
sobre a importância da amamentação exclusiva 
até seis meses completos. 
E como foi a evolução deste trabalho? 
Com a grande expansão da Pastoral a partir de 
1985 e com o apoio do Ministério da Saúde e do 
Unicef, o número de indicadores de resultados foi 
ampliado. Hoje, são 27. Os resultados em relação 
ao aleitamento materno exclusivo são muito bons: 
em torno de 80% das mães amamentam seus 
filhos exclusivamente no peito até os quatro me-
ses completos. Atualmente, a Pastoral da Criança 
tem frentes de ação em mais de 48 mil comunida-
des em 4.242 municípios. Além disso, mais de 
308 mil voluntários trabalham nessas redes 
de promoção e proteção às crianças. São quase 
2 milhões de crianças menores de seis anos e 
117 mil gestantes que recebem acompanhamen-
to e estímulos para a amamentação.
Qual sua opinião sobre os estudos que apontam 
a inadequação do leite de vaca para menores 
de um ano? 
Ao ser dado à criança puro, o leite de vaca po-
de provocar pequenas hemorragias gástricas. 
Crianças menores de um ano alimentadas com 
leite de vaca, sem adição de ferro, têm muito 
mais chance de desenvolver anemia ferropriva. 
A anemia é um problema grave. Mães e médicos 
devem se esforçar para que as crianças 
“Quando o pai apóia a amamentação, a mãe 
aleita por mais tempo. Ele pode participar 
trazendo o bebê para mamar, pegando-o 
no colo para arrotar, para fazer carinho 
e conversando e cantando com a criança”
palavra 7
> Bancos de Leite
A Rede Nacional de Bancos de Leite Humano do 
Brasil é a maior do mundo, com 187 unidades. 
Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde 
(OMS), oferece apoio para amamentação e atua 
na coleta, processamento e distribuição gratuita 
de leite humano. O Disque Saúde (0800-611997) 
oferece mais informações às mães interessadas.
possam ser amamentadas só no peito até os 
seis meses; mas em casos raros, quando haja 
impossibilidade de amamentar, é necessária a 
orientação do pediatra.
Como avalia os bancos de leite materno? 
Trata-se de uma experiência espetacular tanto 
para o bebê que recebe o leite quanto para a 
nutriz que o doa. Os Bancos de Leite Humano são 
centros de apoio à amamentação. Nesses locais 
o leite materno é doado, processado e ofertado, 
também de graça, a determinados recém- 
nascidos prematuros e lactentes em situações 
especiais. O Brasil possui a maior rede de Ban-
cos de Leite do mundo, com funcionamento 
regulamentado pelo Ministério da Saúde. E os 
bancos são, ainda, uma solução para as mães 
portadoras do HIV, que não devem amamentar 
e podem recorrer ao leite de nutrizes. 
8 bio.índice
conhecer
A ciência da nutrição se alinha ao estilo 
de vida contemporâneo
texto Adriana Pavlova
foto Nestlé Research Center
INOVAÇÃO
 Nas prateleiras de todos os continentes, os produtos 
Nestlé expressam a porção mais conhecida pelo público 
da maior empresa mundial de alimentos. Mas é por trás do 
que informam os rótulos aos consumidores que repousa 
o universo mais explorado pelos profissionais da saúde: 
a pesquisa em tecnologia de alimentos que, realizada 
em colaboração com as instituições científicas de maior 
renome em diversos países, faz da Nestlé uma referência 
em descobertas e divulgação científica em nutrição, saúde 
e bem-estar.
 E não é de hoje que a empresa assume este papel. 
Quando a Europa, no período que seguiu a Revolução 
Industrial, buscava meios de conter a mortalidade infantil, 
na Suíça o farmacêutico Henri Nestlé administrava 
pela primeira vez a fórmula da Farinha Láctea, para 
combater a desnutrição. Hoje, o aumento da expectativa 
de vida da população impulsiona o conhecimento sobre 
alimentação funcional. E chegamos aos probióticos, 
para citar apenas um dos vários caminhos explorados 
pela Nestlé nesse campo.
 Produzir alimentos sempre exigiu do homem moderno 
compreender as necessidades impostas por diferentes 
estilos de vida, cultura, comportamento e acesso aos 
produtos. Por isso, a Nestlé fomenta e divulga permanen-
temente o resultado do trabalho de 3,5 mil colaboradores 
científicos de mais de 70 nacionalidades, trabalhando em 
17 centros de pesquisa próprios, localizados na América 
do Norte, Europa, África e Ásia. 
 Do plantio até a mesa do consumidor, todas as etapas 
percorridas pelo alimento são planejadas pela Nestlé por 
meio de extensa pesquisa que considera a segurança ali-
mentar, as embalagens adequadas para a geração mínima 
de resíduos e o não-desperdício. Para a companhia, signi-
fica oferecer ao consumidor um alimento de qualidade 
também do ponto de vista social, sensorial e de saúde.
 No Brasil, a Nestlé instalou a primeira fábrica em 
1921, na cidade paulista de Araras, para a produção do 
Milkmaid – que, mais tarde, seria batizado por Leite Moça. 
Atualmente, são 26 fábricas e 14 filiais de vendas no 
País. A disposição da empresa em patrocinar pesquisas 
e divulgação científica no campo nutricional tem valor 
incontestável no exercício da ciência local. “Há temas 
sofisticados que dependem do apoio das empresas, 
como os estudos sobre alimentos funcionais, compostos 
bioativos e suplementos nutricionais”, exemplifica Silvia 
Maria Franciscato Cozzolino, professora do Departamento 
de Alimentos e Nutrição Experimental da Universidade de 
São Paulo (USP). 
 Para a empresa, o apoio vai mais além. A Nestlé é 
conhecida por incentivar colaborações entre os que 
pesquisam e aqueles que colocam as descobertas 
em prática. Mantém estreito relacionamento com o 
setor acadêmico e com entidades científicas, como a 
Sociedade Brasileira de Pediatria, a Associação Brasileira 
de Nutrologia, a Sociedade Brasileira de Nutrição Enteral 
e Parenteral e a Sociedade Brasileira de Alimentação e 
Nutrição. São parcerias como estas que colaboram para o 
desenvolvimento de produtosde alta qualidade, fabricados 
em sintonia com as necessidades nutricionais e o paladar 
da população brasileira. 
 “A Nestlé desenvolve um trabalho ético e de vanguarda 
no lançamento de produtos que atendem às necessidades 
do especialista que prescreve e do paciente que consome”, 
define José Ernesto dos Santos, professor da Faculdade de 
Medicina de Ribeirão Preto (USP).
Iniciativas de hoje e sempre 
 Um dos marcos do incentivo à divulgação científica 
pela Nestlé, no Brasil, completa mais de meio século este 
ano: a 63a edição do Curso de Atualização em Pediatria 
reuniu, durante uma semana, mais de 2.500 médicos de 
todo o País. “É uma oportunidade para os profissionais se 
reciclarem, participando de palestras e discussões sobre 
diversos temas, entre eles nutrição e gastroenterologia”, 
avalia o pediatra Marcelo Freire, gerente médico da 
Nutrição Infantil da Nestlé no Brasil. 
 Ainda este ano, o País entrará na rota do Nestlé 
Nutrition Institute, criado para fomentar a troca de infor-
mações científicas entre profissionais da área de saúde. 
Um dos eventos científicos organizados pelo instituto é 
o Nestlé Nutrition Workshop, que acontece duas vezes 
ao ano. A pediatra Cristina Jacob, chefe da unidade de 
alergia e imunologia do Instituto da Criança, da Faculdade 
de Medicina da Universidade de São Paulo, participou do 
workshop realizado em abril, na Alemanha. “Enquanto para 
nós, brasileiros, interessa mais discutir a alergia decorrente 
Vitaminas e micronutrientes: 
estudo sobre a suplementação 
de micronutrientes em 
matérias-primas nacionais
Amidos e cereais: estudo 
sobre o benefício da adição 
de cereais integrais
Frutas: aproveitamento 
industrial de matérias-primas 
oriundas da biodiversidade 
brasileira e aspectos sensoriais 
e nutricionais
Óleos e gorduras: pesquisa 
de lipídios para Nutrição Infantil 
e novas gorduras com baixo 
teor de ácidos graxos trans 
e saturados 
Ingredientes funcionais: 
estudo dos benefícios nutricio-
nais da adição de probióticos, 
fibras alimentares, polifenóis 
e fitosteróis
> Conheça alguns temas 
novos de interesse para 
pesquisa da Nestlé Brasil:
INOVAÇÃO
conhecer 9
do uso de leite, nos Estados Unidos, por exemplo, fala-se mais sobre 
as alergias ligadas ao amendoim”, ressaltou, particularizando as 
diferenças entre países. 
 Em pesquisa de campo, destaca-se o apoio da Nestlé 
aos estudos recentes sobre o efeito dos probióticos na pre-
venção da diarréia causada por antibióticos. “Das crianças 
que se alimentaram com a fórmula contendo probióticos, 35% 
apresentaram diarréia. Já no grupo que ingeriu o formulado 
sem probióticos, a incidência do problema foi de 64%”, conta a 
gastropediatra Naflésia Bezerra Oliveira Corrêa. 
 Durante oito meses, em 2003, ela acompanhou as reações de 
157 crianças de Goiânia, com idades de três meses a seis anos. 
O Departamento de Nutrição Infantil da Nestlé forneceu as fór-
mulas utilizadas na pesquisa (metade delas enriquecida com as 
bactérias Bifidobacterium lactis e Streptococcus thermophilus). 
O estudo justifica o emprego de lácteos enriquecidos nos pro-
gramas de saúde pública. 
 O Nestlé Research Center (NRC), em Lausanne, 
na Suíça, é o ponto focal das investigações cientí-
ficas empreendidas pela companhia para o mundo 
todo. Inaugurado em 1987, publica, por ano, cerca de 
200 estudos, que são aplicados em todos os centros 
do conglomerado. Apenas em 2004, os estudos do 
NRC geraram 20 patentes confirmadas e nada me-
nos que 268 publicações. O staff soma 656 pessoas, 
dentre as quais cerca de 300 pesquisadores. 
 Pioneiro em pesquisas com probióticos, 
o centro foi o responsável pelo seqüenciamento 
do genoma do La1, contido na linha de produtos 
LC1 da Nestlé. Esta bactéria láctea, presente em 
uma série de produtos, principalmente iogurtes, 
adere às mucosas do aparelho digestivo e promove 
uma série de benefícios, como o de inibir 
competitivamente a proliferação de microorganismos 
patogênicos. É comprovado seu efeito no tratamento 
da Giardia intestinalis. 
 O NRC é reconhecido pela inovação. Em 2004, 
lançou o ActiCaf, um ingrediente à base de cafeína 
que hoje compõe a ActiCaf PowerBar e passou 
a integrar a dieta de atletas e esportistas amadores 
interessados em ganhos de performance. O produto 
promove a absorção mais lenta da cafeína, 
o que proporciona um prolongamento de 
seus efeitos estimulantes.
 Na área de nutricosméticos, a patente do 
Lacto-lycopene serviu para elaborar o Fermeté, um 
suplemento dietético que pode ser consumido todos 
os dias e que possui propriedades antioxidantes, 
influencia na melhoria dos níveis de colágeno e da 
elasticidade do tecido epitelial. O Lycopene foi isolado 
no tomate e, ao ser associado a proteínas do leite, 
tem a absorção potencializada. Pesquisas recentes 
confirmam seu valor na redução do impacto negativo 
da exposição ao sol1.
 Estudos em andamento incluem ainda a relação 
dos nutrientes com as taxas de colesterol, os 
benefícios do consumo equilibrado do chocolate 
e novas variáveis ligadas à obesidade. 
> > A toda prova
1 Andreassi M, Stanghellini E, Ettorre A, Di Stefano A, Andreassi L.; Antioxidant activity of topically applied lycopene. Dipartimento Farmaco Chimico Tecnologico, Istituto di Scienze Dermatologiche, Università degli Studi 
di Siena, Siena, Italy. Journal of the European Academy of Dermatology and Venereology 2004 January; 18 (1): 52-55
10 conhecer
Criado em 1987, o Nestlé 
Research Center (NRC) está 
localizado em Lausanne, 
na Suíça, em um prédio 
mantido pela Nestlé há 66 
anos para pesquisas em 
alimentos. Atualmente, 
o NRC é o ponto de 
partida de estudos que 
transformam ciência 
em inovação, fazendo 
da alimentação uma 
forma prazerosa de nutrir 
e proporcionar saúde 
e qualidade de vida.
dossiê.bio 11
 A atenção às necessidades nutricionais específicas da mulher e 
o reconhecimento de fatores de risco particulares para a sua saúde 
são avanços recentes. Por muito tempo se pensou que a principal 
diferença fisiológica entre mulheres e homens era simplesmente a 
habilidade de dar à luz. Mas isto também torna as mulheres mais 
sensíveis a alguns fatores de risco e patologias ao longo da vida. 
 Por exemplo, a deficiência nutricional de ferro é uma das mais 
prevalentes no mundo, afetando a saúde de cerca de dois bilhões 
de pessoas [1]. A necessidade de ferro na dieta para repor as perdas 
durante a menstruação é bem conhecida por cientistas, médicos e 
mulheres. Mas o que a maioria das mulheres – e médicos – sabe me-
nos é que vários outros nutrientes e ingredientes dos alimentos têm 
um papel importante na sua saúde - como a vitamina C, que facilita 
a absorção de ferro. 
 Este artigo oferece uma revisão dos principais tópicos de saúde e 
nutrição que são exclusivos das mulheres, como saúde reprodutiva, 
ou que tenham um perfil específico para elas. Este panorama será ofe-
recido pela Nestlé.Bio em duas partes. Nesta edição, iremos abordar 
a saúde reprodutiva e os fatores endógenos e exógenos que afetam 
as mulheres em suas várias fases de vida. No próximo número serão 
contempladas a saúde óssea e cardiovascular e doenças neoplásicas, 
em que o aspecto cronológico é freqüentemente determinante.
Estilo de vida e saúde 
EQUILÍBRIO ENTRE TRABALHO E FAMÍLIA 
 No começo do século XX, as mulheres no mundo ocidental 
passavam a maior parte do dia no trabalho doméstico. Nos EUA, 
44 horas por semana eram empregadas para preparar refeições e 
lavar a louça. Somando limpeza da casa, lavagem de roupas e cuida-
do com as crianças, sobrava pouco tempo para o lazer. As mulheres 
da classe alta podiam ter filhos criados e cuidar principalmente 
do planejamento e administração da casa. As mulheres de origens 
Saúde da mulher
mais pobres faziam todo o trabalho da casa, cuidavam das crianças 
e, às vezes, trabalhavam em fábricas. 
 Nos anos 30, eletrodomésticose alimentos de conveniência se 
tornaram de uso geral, junto com um aumento na educação superior 
para mulheres, um melhor padrão de higiene que levou à redução 
da mortalidade infantil e uma diminuição no tamanho das famílias. 
Nos anos 70, mais mulheres estavam iniciando carreiras profis-
sionais. Novos padrões de alimentação surgiram e o consumo fora 
de casa aumentou. Nos EUA hoje, com aproximadamente 70% das 
mulheres trabalhando, o tempo gasto cozinhando segue diminuindo. 
Mas, em uma recente tendência contrária, a cozinha caseira está res-
surgindo, devido ao fato de a nutrição afetar a saúde e poder ajudar a 
combater a obesidade. Lanches com alto teor de gordura e baixo con-
teúdo nutricional reavivaram o desejo por refeições nutritivas mais 
simples, feitas com alimentos frescos e menos processados. 
IMPORTÂNCIA DA AUTO-IMAGEM CORPORAL 
 Nossa auto-imagem corporal ou “como nos sentimos sobre 
nossa aparência” é determinada por fatores psicológicos, sociais, 
culturais e de saúde. Eles se relacionam principalmente à nossa si-
lhueta, nossa pele e ao desejo de permanecermos ativos e em forma 
à medida que envelhecemos. 
 O aumento da expectativa de vida eleva o risco de doenças crôni-
cas. Uma doença como diabetes pode mudar o modo como nos per-
cebemos. Para uma mulher, ter sempre que controlar o que come e 
checar o açúcar do sangue pode ser uma lembrança constante de que 
algo está errado. Ter que começar uma dieta e um programa de exercí-
cios para controlar o diabetes pode ser estressante por si só. 
 Na sociedade de “imagem juvenil” de hoje, o envelhecimento 
pode afetar a auto-imagem corporal de uma mulher de várias for-
mas. Ganho de peso e rugas podem diminuir a auto-estima. O enve-
lhecimento está associado a perda de memória, problemas dentais, 
dossiê.bio
ASPECTOS NUTRICIONAIS
CLAUDE CAVADINI (BS), RODOLPHE FRITSCHÉ (PHD), BRUCE GERMAN (PHD), ELIZABETH OFFORD-CAVIN (PHD), 
PATRICIA POLLET (PHD), SYLVIE PRIDMORE (PHD), NESTLÉ RESEARCH CENTER (NRC)
visão e audição prejudicadas, mudanças no desejo sexual, começo 
de osteoporose, perda de mobilidade e maior dependência. 
 A menopausa pode ser estressante devido a problemas de sono, 
ansiedade e depressão, como também fogachos (ondas de calor), que 
podem trazer desconforto e constrangimento. 
Controle de peso: A maioria das mulheres adultas precisa de 1.200-
2.800 calorias/dia para suprir a energia que o corpo necessita, 
dependendo do seu tamanho e atividade física. Um peso saudável 
depende do equilíbrio entre ingestão de alimentos e gasto de ener-
gia por meio da atividade física. Perda ou ganho de peso resulta de 
comer menos ou mais calorias do que o nosso corpo precisa para 
suas funções básicas, mais exercícios. Na equação de controle de 
peso, temos que queimar 3.500 calorias através do exercício ou 
comer 3.500 calorias a menos para perder 453 gramas de peso. Pes-
quisas sugerem que o local onde a gordura se acumula no corpo tem 
conseqüências de saúde importantes para adultos. O corpo em “for-
mato de maçã” acumula gordura no abdômen e tórax, e em torno 
de órgãos internos como o coração. O corpo em “formato de pêra” 
acumula gordura nos quadris e coxas, abaixo da superfície de pele. 
O tipo maçã representa um risco de saúde maior que a gordura tipo 
pêra. A relação cintura/quadril (RCQ) fornece uma medida simples 
da distribuição de gordura no corpo. Estudos epidemiológicos su-
gerem que uma RCQ acima de 0,8 em mulheres aumenta os riscos 
de infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, diabete melli-
tus não insulino-dependente, hipertensão, carcinoma endometrial 
e síndrome do ovário policístico. A RCQ também prediz mortalidade 
em mulheres brancas e co-varia com outros fatores de risco para 
doenças, como pressão arterial, colesterol HDL e resistência à in-
sulina. Fumo e álcool aumentam a gordura abdominal. Mulheres 
geralmente têm um percentual mais alto de gordura corporal que 
os homens, sendo 25% para mulheres de “tamanho normal” versus 
15% para homens. Um estudo australiano [2] mostrou que metade 
das mulheres com mais de 45 anos têm excesso de peso (IMC >25) ou 
são obesas (IMC >30). A menopausa pode afetar o peso, mas o ganho 
de peso é principalmente resultado do envelhecimento e diminuição 
da atividade física. As mulheres preparam a maioria das refeições 
em casa e podem ganhar peso porque são expostas a mais tentações 
alimentares. Lanches entre as refeições podem prover um percen-
tual alto das calorias diárias, resultando freqüentemente em ganho 
de peso. Períodos alternados de dieta e excesso de alimentação, um 
comportamento freqüentemente observado em mulheres, também 
podem levar a problemas de peso. Somos o que comemos: tipos e 
quantidades de alimento podem afetar nossa habilidade para man-
ter o peso. Alimentos de alto teor de gordura contêm mais calorias 
por porção que outros alimentos e podem aumentar a probabilidade 
de ganho de peso, bem como alimentos ou bebidas ricos em açúcar. 
Recomenda-se comer mais frutas e legumes, e moderar o consumo 
de alimentos ricos em carboidrato. Exercício vigoroso ajuda a redu-
zir a gordura abdominal e diminui o risco de doenças associadas 
(veja abaixo). 
Emagrecimento: A maioria das mulheres faz dieta em algum momen-
to da vida, às vezes quando ainda são crianças. A maior parte acaba 
recuperando e ganhando mais peso em 1 a 5 anos. O efeito “sanfona” 
(ciclos repetitivos de ganhar, perder e recuperar peso) é prejudicial 
à saúde. Muitas estratégias de dietas estão disponíveis para a perda 
de peso. Dietas de baixo teor de gordura e alto teor de fibras podem 
resultar em baixa ingestão de vitaminas A e E, ácido fólico, cálcio, 
ferro e zinco e ingestão aumentada de carboidratos. A adição de gor-
duras essenciais de óleos vegetais e peixe é recomendada. Dietas 
com alto teor de proteína e baixo teor de carboidratos como a dieta de 
Atkins recuperaram popularidade. Elas podem levar efetivamente à 
perda de peso a curto prazo, mas seus efeitos a longo prazo na saúde 
normalmente são questionáveis por causa das altas quantidades de 
gorduras não-saudáveis consumidas. Programas de perda de peso 
(como os Vigilantes do Peso) podem resultar em mudanças de estilo 
de vida e maior conscientização sobre alimentos. Substitutos de re-
feição contêm os principais nutrientes requeridos diariamente; cada 
porção contém tipicamente entre 200 e 250 calorias e substitui uma 
refeição. Acompanhamento psicológico pode evitar recaída depois da 
perda de peso inicial e ajudar a manter o peso. 
Distúrbios alimentares: Distúrbios alimentares são o resultado 
de uma combinação de fatores físicos, psicológicos, emocionais, 
sociais e familiares. Mudança de comportamento requer psicote-
rapia ou aconselhamento psicológico junto com atenção médica 
cuidadosa e apoio nutricional. A anorexia nervosa começa princi-
palmente em mulheres adolescentes, mas também afeta os homens. 
A causa ainda é desconhecida, mas está associada a distúrbios psi-
cológicos e auto-imagem ruim. As pacientes se preocupam com sua 
aparência e podem estar obcecadas pelo seu peso mesmo se ele esti-
ver normal. Isto pode induzir comportamentos prejudiciais à saúde, 
como exercício excessivo e vômito auto-induzido. A bulimia nervosa 
é um distúrbio alimentar sério, com ciclos de comer em excesso e 
vômito auto-induzido que pode resultar em morte. 
12 dossiê.bio
Atividade física: A vida moderna exige pouca energia física e muito 
do nosso tempo livre é gasto em frente ao computador ou à tele-
visão. Precisamos aumentar nossa atividade física para queimar as 
calorias extras. Vários estudos mostram que o exercício regular re-
duz o risco de câncer da mama, ovário e endométrio, provavelmente 
porque as pessoas que se exercitam tendem a ser mais magras. Pode 
aliviar a depressão associada à síndrome pré-menstrual e menopau-
sa. Treinamento com peso pode ser especialmente benéfico: aumen-ta a massa muscular e a força, até mesmo em mulheres mais velhas, 
e melhora a qualidade de vida. Também aumenta a taxa metabólica, 
e assim as mulheres podem comer mais sem ganhar peso. 
Saúde reprodutiva 
A saúde reprodutiva governa a vida adulta de todas as mulhe-
res. A nutrição tem um papel essencial em dois períodos espe-
cíficos: gravidez e lactação. Além destas duas situações bem 
caracterizadas, ela pode influenciar também o bem-estar das 
mulheres todos os meses, aliviando os sintomas da síndrome pré- 
menstrual (SPM). A nutrição também tem um papel ao final do 
período reprodutivo de todas as mulheres: a menopausa e suas 
manifestações indesejáveis. 
GRAVIDEZ E LACTAÇÃO 
Como mostra a Tabela 1, as recomendações nutricionais para as 
mulheres levam em conta as necessidades específicas do feto e 
do bebê. Para a maioria dos nutrientes, a ingestão recomendada 
aumenta durante a gravidez e a lactação, especialmente em mães 
muito jovens. 
Prevenção da alergia: Durante a gravidez e a lactação podem ser 
tomadas medidas preventivas contra a incidência de alergia no 
recém-nascido. Doenças atópicas representam um problema de 
saúde importante e crescente nos países industrializados. A sua 
prevalência em crianças aumentou consideravelmente nos últimos 
30 anos, e assim medidas de prevenção da alergia são extensamen-
te usadas. Diretrizes de alimentação profiláticas para prevenir 
asma e alergia foram estabelecidas, principalmente para crianças 
com história familiar positiva. Estas diretrizes recomendam ama-
mentação exclusiva durante os primeiros 4-6 meses, antes da in-
trodução de alimentos sólidos [3]. Porém, o debatido efeito protetor 
da amamentação não foi provado claramente, como mostram certas 
exceções. Todavia, é bem aceito recomendar que as mães que estão 
amamentando evitem o leite de vaca. Estudos sugerem que evitar 
leite e ovos durante a lactação pode beneficiar algumas crianças 
recebendo amamentação com alto risco com eczema [4,5]. Alguns 
estudos indicam que as dietas maternais de exclusão durante o final 
da gestação também podem beneficiar lactentes com alto risco, mas 
não há no geral nenhuma evidência conclusiva de um efeito prote-
tor durante a gravidez sobre a incidência de alergia em lactentes. De 
acordo com a hipótese da higiene, o aumento em doenças atópicas 
está relacionado à redução na exposição a micróbios no início da 
vida, e assim a uma falta de estimulação da resposta imune celu-
 Lactentes Crianças Adolescentes Adultos 
Nutriente unid. 0-6m 7-12m 1-3a 4-8a 9-13a 14-18a 19-30a 31-50a 51-70a >70a =<18a
Ferro mg/d 0,27 11 7 10 8 15 18 18 8 8 27
Cálcio mg/d 210 270 500 800 1.300 1.300 1.000 1.000 1.200 1.200 1.300
Fósforo mg/d 100 275 460 500 1.250 1.250 700 700 700 700 1.250
Magnésio mg/d 30 75 80 130 240 360 310 320 320 320 400
Zn mg/d 2 3 3 5 8 9 8 8 8 8 12
Vit D microg/d 5 5 5 5 5 5 5 5 10 15 5
Vit C mg/d 40 50 15 25 45 65 75 75 75 75 80
Vit K microg/d 2,0 2,5 30 55 60 75 90 90 90 90 75
Vit E mg/d 4 5 6 7 11 15 15 15 15 15 15
Vit B1 mg/d 0,2 0,3 0,5 0,6 0,9 1,0 1,1 1,1 1,1 1,1 1,4
Vit B2 mg/d 0,3 0,4 0,5 0,6 0,9 1,0 1,1 1,1 1,1 1,1 1,4
Vit B6 mg/d 0,1 0,3 0,5 0,6 1,0 1,2 1,3 1,3 1,5 1,5 1,9
Vit B12 microg/d 0,4 0,5 0,9 1,2 1,8 2,4 2,4 2,4 2,4 2,4 2,6
Folato microg/d 65 80 150 200 300 400 400 400 400 400 600
Tabela 1: Necessidades de nutrientes para as mulheres ao longo da vida (US Dietary Recommended Intakes - 2000, National Academy of Sciences)
CONTINUA>>
dossiê.bio 13
lar do tipo TH1 em um sistema de predomínio TH2, como acontece 
durante a gravidez e no início da vida. Foi relatada a possibilidade 
de se incluir probióticos na dieta da mãe durante a gravidez para 
restabelecer o equilíbrio TH1/TH2, protegendo assim da sensibili-
zação alérgica [6]. 
SÍNDROME PRÉ-MENSTRUAL 
Definição: “A síndrome pré-menstrual (SPM) é caracterizada pela 
ocorrência cíclica de sintomas físicos, comportamentais e psi-
cológicos durante a fase lútea (entre ovulação e menstruação) do 
ciclo menstrual, que desaparecem em alguns dias após o início da 
menstruação” [7]. Em algumas mulheres, os sintomas começam 
imediatamente após a ovulação e desaparecem assim que a mens-
truação começa. 
Prevalência: Estudos relatam que a prevalência (casos novos e pre-
existentes com pelo menos um sintoma em uma certa data) de SPM 
em países ocidentais é de 70-85% de todas as mulheres em idade 
reprodutiva; 10-15% buscam ajuda médica e, para 2 a 5%, os sinto-
mas são graves o bastante para impedir o trabalho e as atividades 
sociais [8]. A maioria das mulheres com sintomas graves cumpre 
os rígidos critérios de desordem disfórica pré-menstrual (DDPM). A 
American Psychiatric Association estabeleceu que o diagnóstico de 
DDPM requer pelo menos cinco sintomas especificados, com pelo 
menos um sintoma de humor presente todos os meses. Os sintomas 
variam amplamente. Algumas estimativas sugerem até 150 varian-
tes. Os mais comuns destes incluem os sintomas físicos: ganho de 
peso, inchaço, sensibilidade nas mamas, dor de cabeça, dor nas cos-
tas, diarréia, fadiga e acne; e sintomas mentais: tristeza, irritabili-
dade, diminuição de concentração ou má coordenação motora. Como 
não há nenhum marcador biológico, o diagnóstico é difícil. Este se 
baseia em questionários, às vezes auto-administrados, que apresen-
tam uma série de possíveis sintomas e estimulam a leitora a escolher 
pelo menos um deles. Feito isso, SPM e DDPM são diagnosticadas por 
exclusão, após procurar explicações alternativas. Desde os anos 80, a 
SPM recebe grande atenção da mídia. Isto influencia a maneira como 
as mulheres percebem seus sintomas e pode significar que algumas 
pacientes com distúrbios psicológicos ou psiquiátricos que não SPM 
acabam não recebendo tratamento apropriado, especialmente para 
DDPM. Vários estudos recentes relatam uma sobreposição entre SPM, 
DDPM e distúrbios depressivos ou ansiedade subjacentes (9,10). De 
79 mulheres que buscaram tratamento para sintomas graves de SPM, 
só 20% tiveram SPM confirmada com base em vários testes e 81% des-
tas declararam que, depois de dois meses de avaliação, os sintomas já 
não interferiam com suas atividades normais [11]. 
Etiologia: A origem e os mecanismos da SPM e da DDPM ainda são 
incertos. Com base em várias hipóteses, a SPM é provavelmente o 
resultado de uma interação complexa que envolve alterações nos 
níveis de hormônios sexuais durante o ciclo menstrual, no metabo-
lismo e em moléculas neurotransmissoras que agem no cérebro. 
De fato, a ocorrência cíclica de sintomas segue o ciclo hormonal de 
perto, particularmente a fase lútea, quando o corpo lúteo secreta 
progesterona. Uma relação estrógeno/progesterona excessivamente 
alta durante esta fase poderia ser em parte responsável pela SPM. A 
SPM está claramente associada à atividade ovariana, uma vez que 
os sintomas continuam após a histerectomia, desde que a função 
ovariana seja preservada. Porém, tratamentos com hormônios ou 
antagonistas hormonais para equilibrar a relação estrógeno/proges-
terona deram resultados contraditórios. Além disso, níveis normais 
de hormônios foram repetidamente detectados em mulheres com 
SPM, levando à conclusão de que a SPM poderia ser na realidade o 
resultado de uma resposta anormal a um nível hormonal normal [7]. 
Como já foi dito, um estado depressivo ou de ansiedade latente é um 
forte determinante da DDPM, a forma mais grave de SPM. Estudos 
em animais mostraram que hormônios sexuais estão envolvidos no 
eixo hipotalâmico-pituitário-adrenal (HPA), um sistema fisiológico 
que controla todos os hormônios esteróides e fica desregulado em 
distúrbios afetivos, como a depressão. Os estrógenos interagem com 
a serotonina, um neurotransmissor relacionado com sintomas de 
 Gravidez Lactação 
19-30a 31-50a =< 18a 19-30a 31-50a
27 27 10 9 9
1.000 1.000 1.300 1.000 1.000
700 700 1.250 700 700
350 360 360 310 320
11 11 13 12 125 5 5 5 5
85 85 115 120 120
90 90 75 90 90
15 15 19 19 19
1,4 1,4 1,5 1,5 1,5
1,4 1,4 1,6 1,6 1,6
1,9 1,9 2,0 2,0 2,0
2,6 2,6 2,8 2,8 2,8
600 600 500 500 500
Nutriente unid.
Ferro mg/d
Cálcio mg/d
Fósforo mg/d
Magnésio mg/d
Zn mg/d
Vit D microg/d
Vit C mg/d
Vit K microg/d
Vit E mg/d
Vit B1 mg/d
Vit B2 mg/d
Vit B6 mg/d
Vit B12 microg/d
Folato microg/d
>> CONTINUAÇÃO DA TABELA 1
14 dossiê.bio
depressão. Um nível desproporcional de estrógenos pode aumentar 
o nível e a atividade da serotonina e pode assim causar um estado 
depressivo. E, ainda mais interessante, metabólitos de progesterona 
aumentam a neurotransmissão do GABA (ácido gama-aminobutírico, 
do inglês “gamma aminobutyric acid”), um sistema inibitório do 
cérebro que pode aliviar a ansiedade e induzir relaxamento. Toda-
via, estudos sobre os efeitos das fases menstruais sobre o estresse e 
a regulação hormonal HPA concluíram que mulheres com SPM pa-
recem ter uma resposta anormal do cérebro à progesterona [12]. 
Abordagem nutricional da SPM: A nutrição tem um papel no alí-
vio da SPM. Ela tem seu lugar ao lado de drogas como inibidores 
da recaptação de serotonina (SSRI, do inglês “selective serotonin 
reuptake inhibitors”) e benzodiazepínicos na DDPM ou tratamento 
com progesterona e diuréticos na SPM. O óleo de prímula (EPO, do 
inglês “evening primrose oil”) é uma rica fonte de ácido gama-linolê-
nico (GLA, do inglês “gamma linolenic acid”), um ácido graxo essen-
cial precursor da prostaglandina PGE1, envolvida no processo infla-
matório. Foi sugerido que mulheres com SPM seriam deficientes em 
PGE1 e poderiam responder a tratamento com seu precursor, o GLA. 
A PGE1 também modula os efeitos de neurotransmissores e do hor-
mônio luteinizante, que estimula a ovulação e a produção de pro-
gesterona pelo corpo lúteo. Porém, nenhum estudo clínico mostrou 
convincentemente que o EPO é mais efetivo que placebo no alívio 
dos sintomas da SPM. Óleo de semente de groselha preta e óleo de 
semente de borragem (Borrago officinalis) também foram considera-
dos pelo seu alto conteúdo de GLA, mas sua eficácia também não foi 
provada. Sugeriu-se que a deficiência de vitamina B6 seria a causa 
dos níveis excessivos de estrógeno que causam SPM. Ela também 
está envolvida na síntese de neurotransmissores. Estudos clínicos 
bem controlados mostraram pouca evidência de eficácia. Além dis-
so, a ingestão regular de suplementos de vitamina B6 pode levar a 
neuropatia periférica. A ingestão diária recomendada de vitamina 
B6 para mulheres é 1,5 mg. Este é um valor ótimo, não o máximo. 
Pessoas que querem tomar doses maiores podem fazê-lo, mas há 
limites superiores recomendados; neste caso, é seguro ficar abaixo 
de 50 mg. O magnésio está envolvido em muitos aspectos do meta-
bolismo, inclusive o metabolismo de estrógeno no fígado (conjuga-
ção enzimática). Se uma mulher tiver deficiência de magnésio, ela 
pode não metabolizar o estrógeno corretamente. Por outro lado, es-
tudos sobre enxaqueca pré-menstrual mostraram que os hormônios 
sexuais afetam a concentração de magnésio no sangue. Isto levou à 
hipótese de que mulheres que sofrem de SPM poderiam ter deficiên-
cias de magnésio. O magnésio também está envolvido no metabo-
lismo de serotonina, em funções nervosas, musculares e vascula-
res. Dados clínicos limitados mostraram uma melhoria de sintomas 
com suplementação de magnésio. Porém, altas doses de magnésio 
podem causar diarréia e podem afetar adversamente a absorção de 
cálcio e, portanto, não são recomendadas. O cálcio sanguíneo está 
inversamente correlacionado com os níveis de estrógeno. Isto signi-
fica que, se o nível de estrógeno for muito alto durante a fase lútea, o 
nível de cálcio é baixo. O cálcio participa de muitos sistemas do cor-
po, como ossos, ritmo cardíaco, pressão arterial, coagulação sanguí-
nea, função nervosa e muscular, secreção hormonal e função renal. 
Além disso, há algumas semelhanças entre os sintomas de SPM e 
de hipocalcemia. Estudos clínicos parecem indicar que a suplemen-
tação de cálcio é o melhor candidato até o momento para aliviar a 
maioria dos sintomas de SPM [13,14]. Algumas águas minerais, como 
HEPAR ou CONTREX, são boas fontes de magnésio e cálcio. Muitos 
suplementos herb∑áceos – Dong quai (Angelica sinensis), erva de São 
João (Hypericum perforatum), yam/inhame mexicano (Dioscorea 
villosa), actéia ou erva de São Cristóvão (Cimicifuga racemosa), 
pimenteiro ou árvore da castidade (Vitex agnus-castus) – foram 
propostos para aliviar a SPM. Porém, nenhum mostrou ser indu-
bitavelmente efetivo. Além disso, dados de segurança para muitos 
suplementos herbáceos ainda não estão disponíveis, especialmente 
durante a gravidez e a lactação. Nenhum suplemento herbáceo deve 
ser tomado sem indicação médica [15]. Outras modificações dietéti-
cas foram propostas, como reduzir a ingestão de sal e beber líquidos 
em abundância para prevenir a retenção de fluidos. A redução de 
café e álcool também pode ser benéfica. Exercício, caminhada, ioga, 
reflexologia, massagem e todas as estratégias, inclusive relaxamen-
to, podem ser úteis para aliviar sintomas, como parte de um estilo 
de vida saudável. Dadas as dimensões psicológicas e culturais da 
SPM, alguns nutrientes ou suplementos podem ser efetivos para 
algumas mulheres e não para outras. Toda mulher deveria tentar 
várias opções e usar o produto a que melhor se adaptou. 
MENOPAUSA 
Definição: A menopausa é o momento em que a mulher tem sua 
última menstruação. A interrupção permanente da menstruação 
se deve à perda da função folicular ovariana, quando os ovários 
deixam de liberar os óvulos. A menopausa espontânea pode acon-
tecer em uma ampla faixa de idade, de 40 a 58 anos. No Ociden-
te, a menopausa acontece com uma média de idade de 51,4 anos. 
Apesar do aumento na expectativa de vida, a idade da menopausa 
dossiê.bio 15
Várias medidas fáceis podem ajudar a lidar com os fogachos: 
• Vestir em camadas permite remover algumas peças de roupa quando 
sentir muito calor.
• Uma janela aberta, ventilador ou ar-condicionado mantêm o cômodo frio. 
• Uma bebida fria ao início de um fogacho ajuda a aliviar o calor. 
• Exercícios regulares, como caminhadas em passos rápidos, podem ajudar a 
reduzir os fogachos e melhorar o sono. 
• Relaxamento, ioga, meditação ou respiração rítmica podem ajudar a aliviar 
os sintomas. 
• Parar de fumar ajuda, uma vez que o fumo está associado ao aumento 
de fogachos. Também reduzirá o risco de doenças cardiovasculares, 
que aumentam após a menopausa. 
• O consumo de cafeína, álcool e alimentos muito temperados ou picantes 
deveria ser reduzido, pois eles podem desencadear fogachos. Cada mulher 
descobrirá quais alimentos particulares ela tem de evitar. 
> Mudanças de estilo de vida não se alterou. Assim, a maioria das mulheres passa hoje pelo me-
nos um terço das suas vidas na pós-menopausa. Durante a transição 
da menopausa, ou perimenopausa, os ovários começam a produzir 
menos estrógenos. Também há um aumento de ciclos menstruais ir-
regulares e anovulatórios, causando uma queda de progesterona. A 
transição da menopausa termina com a última menstruação, que só 
é confirmada após 12 meses de amenorréia. Para a maioria das mu-
lheres, a perimenopausa dura aproximadamente quatro anos. Como 
a SPM, a menopausa também recebe uma abordagem equivocada 
pela imprensa. Informações inexatas e negativas levaram muitas 
mulheres a encarar a menopausa como uma experiência negativa 
ou uma doença, em vez de uma transição para um novo período de 
vida. Resultados de um grande estudo na atitude de mulheres em 
relação à menopausa sugerem que a “síndrome pós-menopausa” 
pode estar relacionada mais a características pessoais que à meno-
pausa em si [16]. 
Sintomas: Durante a perimenopausa, algumas mulheres desen-
volvem uma série de sintomas objetivos e subjetivos relacionados a 
três funções fisiológicas:• Função autonômica e vasomotora: fogachos (ondas de calor), 
suores noturnos, palpitações. 
• Função neurológica e psicológica: dores de cabeça, irritabilidade, 
dificuldade de dormir, perda de memória, depressão. 
• Função óssea e articular: dor ou rigidez nas articulações, osteo-
porose. 
Fogachos: Fogachos e/ou suores noturnos são as razões mais co-
muns para buscar tratamento. Isto se deve em parte à informação 
negativa sobre menopausa e aos muitos comerciais sobre suplemen-
tos contra fogachos. Dores articulares são mais comuns que sinto-
mas vasomotores, mas menos mulheres buscam tratamento por 
causa delas, embora os fogachos sejam temporários e os sintomas 
ósseos e articulares sejam permanentes e tenham maior importân-
cia médica. Após a menopausa, há um aumento no risco de doenças 
cardiovasculares e osteoporose, para os quais os hormônios sexuais 
eram protetores. Fogachos duram de alguns segundos a cinco minu-
tos e consistem em uma sensação súbita de calor, vermelhidão ou 
rubor na face e no pescoço, às vezes acompanhada por transpiração. 
Sua gravidade varia. Para algumas mulheres, eles podem ser muito 
graves ou freqüentes. Podem ser acompanhados por um aumento 
na freqüência cardíaca e uma sensação de frio. Quando os fogachos 
acontecem à noite e são acompanhados por transpiração excessiva, 
são chamados de suores noturnos. Sua freqüência pode variar de 
alguns por semana até um ou mais por hora. Em países ociden-
tais, fogachos são relatados com uma prevalência de 60-80% [17-
20]. Mulheres asiáticas relatam menos fogachos que as mulheres 
caucasianas, com uma prevalência em torno de 15%. Dores arti-
culares são mencionadas nos primeiros lugares, com 50-56% [21, 
22]. A atitude da mulher em relação à menopausa tem uma gran-
de influência na freqüência e gravidade dos sintomas. Mulheres 
que têm uma atitude negativa sofrem mais com os sintomas que as 
que têm uma atitude positiva. Na maioria dos estudos, como para a 
SPM, a freqüência e a gravidade dos sintomas são avaliadas usando 
questionários longos e diretivos, que podem influenciar os resul-
tados. A mídia é a principal fonte de informações sobre menopau-
sa, acarretando distorção dos fatos e um viés econômico nos paí-
ses desenvolvidos. O declínio no nível de estrógeno foi associado 
aos fogachos. Porém, esta não é uma associação forte: fogachos 
podem acontecer antes da diminuição de estrógeno, nem todas as 
mulheres em menopausa têm fogachos e mulheres com IMC mais 
alto sofrem mais de fogachos. Se a depleção de estrógeno fosse a 
causa primária, estrógenos liberados do seu tecido adiposo as pro-
tegeriam. A concentração absoluta de estrógeno no plasma nem 
prediz nem está correlacionada com fogachos. 
Abordagem nutricional da menopausa: Como na SPM, a nutrição de-
sempenha um papel aliviando os sintomas da menopausa junto com 
o tratamento prescrito, como terapia de reposição hormonal (TRH) 
ou moduladores seletivos dos receptores de estrógenos (MSREs). 
16 dossiê.bio
Isoflavonas de soja (fitoestrógenos) vêm sendo consideradas como 
uma alternativa por causa de sua atividade estrogênica potencial. 
Estudos clínicos indicam resultados contraditórios e insuficientes 
que nem apóiam nem refutam a eficácia. Trevo vermelho, linhaça e 
outros fitoestrógenos também são anunciados para alívio de foga-
chos, mas não deram resultados claros em estudos clínicos. Alguns 
estudos mostraram um efeito de suplementos de vitamina E nos 
fogachos, particularmente em sobreviventes de câncer de mama 
[23, 24]. A dose recomendada é 800 UI (aproximadamente 500 mg), 
que é bastante alta comparada à ingestão recomendada de 22,5 UI. 
Porém, a toxicidade da vitamina E é muito baixa. Normalmente só 
são observados efeitos adversos com doses muito altas, mas foram 
relatados alguns casos de efeitos adversos com doses de 800 UI/dia. 
O uso concomitante de vitamina E e anticoagulantes pode aumentar 
o risco de complicações hemorrágicas. A maioria dos suplementos 
herbáceos para o alívio de sintomas de SPM também são anuncia-
dos para fogachos e outros sintomas da menopausa. Eles não devem 
ser tomados sem orientação médica. 
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Na próxima edição de Nestlé.Bio, a segunda parte deste artigo abordará os aspectos relativos à saúde óssea e cardiovascular feminina, 
como também a influência que exerce a nutrição em doenças neoplásicas específicas das mulheres.
dossiê.bio 17
1. Microbiota intestinal
O conjunto de bactérias intestinais que harmoniosamente habita o 
nosso trato gastrointestinal (TGI), tradicionalmente denominado 
de flora GI, é hoje considerado um órgão funcionalmente ativo, 
modernamente chamado de microbiotaintestinal. O número de 
bactérias aumenta progressivamente do estômago para o cólon, 
alcançando, neste último, a concentração de 10¹² cfu/ml (unidades 
formadoras de colônias por ml). Ao todo, convivemos com 100 tri-
lhões de bactérias que exercem importantes funções no organismo. 
No intestino grosso, onde a microbiota intestinal é mais numerosa e 
diversificada, há cerca de 500 espécies diferentes de bactérias, com 
nítido predomínio de bactérias anaeróbicas (1.000 anaeróbios para 
1 aeróbio). A microbiota intestinal colônica divide-se em microbiota 
dominante (contagem entre 109 e 1012) — caso do Bifidobacterium 
—, microbiota subdominante (contagem entre 107 e 108) — o caso do 
Lactobacillus — e microbiota residual (contagem <107) — onde são 
incluídos Clostridium, Pseudomonas e Klebsiella [1,2]. A microbiota 
residual é considerada potencialmente patogênica e é mantida em 
níveis mais baixos graças à ação inibitória exercida pelas bactérias 
não-patogênicas como bifidobactérias e lactobacilos. 
Três funções fundamentais necessárias para a sobrevivência dos 
seres humanos são descritas para a microbiota intestinal [1-3]:
A) PROTEÇÃO: a microbiota intestinal dominante impede a coloni-
zação e a proliferação de bactérias patogênicas por meio de vários 
mecanismos, tais como competição por nutrientes e receptores e 
produção de bacteriocinas; semelhantemente, bactérias que even-
tualmente atinjam o TGI são imediatamente inibidas pela micro-
biota intestinal equilibrada. 
PREBIÓTICOS, PROBIÓTICOS E SIMBIÓTICOS 
aplicações clínicas
ADÉRSON O. M. C. DAMIÃO – PROFESSOR ASSISTENTE-DOUTOR DO DEPARTAMENTO 
DE GASTROENTEROLOGIA DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
B) IMUNOMODULAÇÃO: o trato gastrointestinal é o maior órgão 
linfóide do organismo, contendo células imunológicas que intera-
gem com as bactérias intestinais; a interação entre a microbiota 
intestinal e as células imunológicas presentes na lâmina própria da 
mucosa intestinal gera um verdadeiro “estado de alerta” do orga-
nismo, fazendo com que as células imunocompetentes respondam 
de forma pronta, eficaz e equilibrada frente a elementos antigêni-
cos, nocivos ao organismo. Também a microbiota intestinal normal 
participa do processo de tolerância oral do nosso organismo [4]. 
Portanto, graças à microbiota intestinal, o organismo defende-se de 
agentes agressores (ex.: bactérias, antígenos alimentares etc.) que, 
quando não devidamente bloqueados, causam doenças e malefícios 
ao indivíduo. 
C) BENEFÍCIOS NUTRICIONAIS: as bactérias intestinais são fonte 
de vitaminas (ex.: vitaminas do complexo B) e agem sobre os hi-
dratos de carbono não digeridos no TGI superior formando ácidos 
graxos de cadeia curta que, como veremos, constituem a fonte ener-
gética da célula epitelial colônica [5-7]. 
Fica claro, portanto, que a manutenção de uma microbiota intesti-
nal saudável é fundamental para a saúde do indivíduo. É justamente 
neste contexto da indução e manutenção de uma microbiota intes-
tinal equilibrada que os prebióticos, probióticos e simbióticos as-
sumem importância, como veremos a seguir. 
2. Conceito
Prebióticos são definidos como alimentos não hidrolisáveis no 
trato gastrointestinal (TGI) superior, que promovem o crescimento 
preferencial de bactérias intestinais, particularmente as bifidobac-
pecial o butirato, constituem o combustível da célula epitelial do 
cólon (colonócito), sendo responsáveis pela geração de energia para 
o metabolismo celular [10] (Figura 2). Também há redução do pH 
colônico, o que reduz o crescimento de bactérias potencialmente pa-
togênicas como os gêneros Clostridium e Pseudomonas e favorece 
o desenvolvimento de bactérias não patogênicas como Bifidobacte-
rium e Lactobacillus [11]. 
Pesquisas têm mostrado que os prebióticos são capazes de pro-
mover o desenvolvimento de Bifidobacteria e Lactobacilli e reduzir 
o crescimento de bactérias patogênicas [12–15]. Estudos nacionais 
são necessários, uma vez que podem existir variações na microbiota 
intestinal de um país para outro, principalmente entre nações desen-
volvidas e em desenvolvimento [16]. No Brasil, Nóbrega et al. [15], em 
um estudo duplo-cego, avaliaram a repercussão sobre a microbiota 
intestinal da ingestão de leite com prebióticos (Ninho Prebio), 2 g/dia, 
por 21 dias, versus leite sem prebióticos em crianças entre 1 e 4 anos 
de idade. Os resultados confirmaram a experiência mundial, com au-
mento estatisticamente significante do Bifidobacterium (Figura 3). 
É importante ressaltar que o impacto do prebiótico sobre a micro-
biota intestinal existe enquanto o prebiótico é ingerido. Cessada a 
ingestão, o perfil bacteriano retorna ao padrão que havia antes da 
ingestão do prebiótico (Figura 4) [13].
térias e os lactobacilos [8,9]. São classificados, do ponto de vista nu-
tricional, como fibras dietéticas e são constituídos de carboidratos 
pouquíssimo absorvidos no TGI superior, como a inulina e a oligo-
frutose (Figura 1).
Prebiótico Modelo Ingestão (g) Recuperação (g) %
 Inulina Ileostomia 7,1 6,1 86
 Inulina Ileostomia 21,2 18,4 87
 Inulina Ileostomia 17,0 15,0 88
 Oligofrutose Ileostomia 15,5 13,8 89
Recuperação do prebiótico (inulina ou oligofrutose) na bolsa de ileostomia 
após ingestão oral. Notar como o prebiótico é pouco digerido e absorvido 
no trato gastrointestinal (recuperação de cerca de 90%) (ref. 36).
Estão habitualmente presentes nas frutas e vegetais tais como ba-
nana, trigo, cevada, centeio, aspargo, alcachofra, cebola, tomate, 
alho e chicória. Seu consumo diário, na Europa, atinge até 11 g/dia, 
porém, nos Estados Unidos, não costuma ultrapassar 4 g/dia. No 
Brasil, não temos este valor, mas, provavelmente, deve equiparar-se 
aos valores norte-americanos. Estima-se que uma ingestão saudá-
vel oscile entre 5 e 15 g/dia de prebióticos. 
No intestino grosso, os prebióticos são eficazmente fermentados 
por bactérias intestinais gerando ácidos graxos de cadeia curta 
(AGCC), como o butirato, o acetato e o propionato. Os AGCC, em es-
Fermentação dos prebióticos no cólon e geração de ácidos 
graxos de cadeia curta (AGCC), com redução do pH intraluminal 
TGI=trato gastrointestinal. 
1. Não são digeridas e 
absorvidas no TGI superior
2. No cólon são FERMENTADAS:
Ação bacteriana 
Lactato + 
AGCC + 
Mudança na Flora + 
CO2 / H2 + 
Redução do pH
Butirato
Acetato
Propionato
Aumento de
Bifidobacteria e
Lactobacilli
Prebióticos – Inulina e Oligofrutose Propriedades (5 – 15 g /dia)
Figura 1
Figura 2
dossiê.bio 19
Os probióticos são definidos como preparações ou produtos contendo 
microorganismos viáveis, bem definidos e em quantidade suficiente 
para alterar a microbiota intestinal, exercendo assim efeitos saudáveis 
no organismo [2,8,9]. Os probióticos mais utilizados envolvem os gêne-
ros Bifidobacterium e Lactobacillus. Uma levedura, o Saccharomyces 
boulardii, também tem sido utilizada como probiótico [17]. 
Estudo nacional com crianças entre 1 e 4 anos de idade com prebióticos 
(Ninho Prebio) mostrando aumento do Bifidobacterium nas fezes (p=0,003); 
no caso do Lactobacillus foi verificada tendência a elevação (p=0,06) (ref. 15). 
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Prebióticos sob a forma de frutooligassacárides (FOS) foram ingeridos 
(entre os dias 12 e 24) com conseqüente elevação das bifidobactérias. Notar 
que após a suspensão do prebiótico no 24º dia houve retorno à contagem 
inicial de bifidobactérias (ref. 13). 
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Para que uma bactéria possa ser empregada como probiótico, vá-
rios estudos devem ser conduzidos para avaliação de sua eficácia. 
Assim, é preciso reconhecer sua resistência ao ácido e à bile, sua 
capacidade de aderir à mucosa, sua atividade antimicrobiana, seu 
comportamento sinérgico, suas ações imunomoduladoras e seu po-
tencial de fermentar prebióticos [18-21]. O sinergismo entre probió-
ticos tem sido muito estudado e valorizado [20,21]. Ouwehand et al. 
[20] avaliaram a capacidade de adesão à glicoproteína (mucina) de 
lactobacilos e bifidobactérias e demonstraram que o poder de ade-
são do Bifidobacterium lactis pode ser aumentado em presença do 
Lactobacillus GG e do Lactobacillus bulgaricus, o que justifica o uso 
de combinações de probióticos [21].
Mais recentemente, os simbióticos — união de prebióticos e pro-
bióticos — têm sido utilizados com resultados bastante animadores. 
Em algumas situações, como na restauração da microbiota intesti-
nal em pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) 
e na prevenção de infecção neste grupo de pacientes, os resultados 
com simbióticos foram mais promissores quando comparados aos 
prebióticos e probióticos [21-25]. Na Figura 5 resumimos as princi-
pais ações dos prebióticos, probióticos e simbióticos. 
Figura 3
Figura 4
20 dossiê.bio
3. Aplicações clínicas
O consumo de prebióticos e probióticos, sob a forma de frutas e ver-
duras (prebióticos) e iogurtes (probióticos), deve ser incentivado, 
uma vez que são promotores de uma microbiota intestinal saudá-
vel. A má orientação alimentar e o consumo de antibióticos são os 
principais responsáveis pelo desequilíbrio da microbiota intestinal. 
Além disso, com a idade, há redução na contagem de bifidobactérias 
e lactobacilos [26]. Também, em determinadas fases da vida, o re-
querimento de cálcio aumenta: são estas o período de crescimento 
(adolescentes), fase de menopausa (risco de osteoporose) e no en-
velhecimento. Os prebióticos sabidamente aumentam a absorção 
colônica de cálcio [27-33].
Além do seu consumo regular, os prebióticos, probióticos e simbióti-
cos podem ser empregados na profilaxia e tratamento de uma série 
de condições patológicas, a maior parte na esfera da gastroentero-
logia [34-39]. As indicações tradicionais reúnem as situações mais 
estudadas e com maior respaldo científico. As indicações potenciais 
são fruto de trabalhos iniciais em certas populações de pacientes e de 
experimentos em animais e aumentam, a cada dia, em virtude do in-
teresse crescente dos pesquisadores pelo tema (Tabela 1) [1-3,34-39]. 
Principais ações dos prebióticos, probióticos e simbióticos. Céls NK= Células 
Natural Killer; IL-10=Interleucina 10
• Inibe a aderência 
de bactérias gram –
• Secreta inibidores de 
bact. patogênicas
• Reduz pH colônico
Outras: aumento do 
butirato, ação sobre 
motilidade GI 
Efeito nutricional: 
aumento da
absorção de sais 
minerais 
(Ca, Mg, Fe, P, Zn)
Aumento da Lactase
• Indução de fatores 
de crescimento
• Aumento da 
produção de mucina
 Reduz a permeabilidade 
intestinal – fator protéico
Aumento da síntese 
de IgA secretora, modula 
macrófagos, Céls NK, 
proliferação de linfócitos
• Reduz citocinas 
inflamatórias
• Aumenta IL-10
• Induz apoptose
As indicações tradicionais dos prebióticos e probióticos incluem a in-
tolerância à lactose (os probióticos produzem lactase), a constipação 
intestinal, a prevenção e tratamento da diarréia aguda (ex.: rotaví-
rus), o que reforça o seu uso profilático em creches [16,40]. Vários 
trabalhos, inclusive um nacional [41], têm demonstrado redução ao 
redor de 50% na freqüência da diarréia pós-antibiótico, com o uso 
de probióticos. Prebióticos também aumentam a absorção intestinal 
(cólon) de sais minerais, em especial o cálcio (Figura 6) [27–33], sen-
do úteis em situações de maior necessidade de cálcio como as acima 
mencionadas. Em idosos, os prebióticos, probióticos e, particular-
mente, os simbióticos recompuseram a microbiota intestinal previa-
mente alterada [26,42,43]. Nos últimos anos, uma série de estudos 
em pacientes com doença inflamatória intestinal — doença de Crohn, 
retocolite ulcerativa inespecífica (RCUI) e “pouchitis” ou bolsite (in-
flamação da bolsa ileal após colectomia para RCUI) — tem mostrado 
o efeito benéfico de prebióticos, probióticos e simbióticos (39,44,45). 
De maneira geral, os melhores resultados com os probióticos têm 
sido obtidos com combinações de bactérias e com concentrações ele-
vadas (maiores que 109). Entretanto, concentrações menores foram 
utilizadas, com resultados positivos, na profilaxia de sintomas res-
piratórios e gastrointestinais em creches [16,40]. 
Tabela 1 – Relação das indicações dos prebióticos, probióticos e simbióticos
Indicações tradicionais (apoiadas pela literatura científica)
Gastroenterologia
1. Intolerância à lactose
2. Constipação intestinal
3. Prevenção e tratamento da diarréia aguda
4. Prevenção da diarréia pós-antibiótico
5. Prevenção da diarréia do viajante
6. Aumento da absorção intestinal (cólon) de sais minerais (ex.: cálcio) 
– adolescentes, mulheres na menopausa, prevenção da osteoporose
7. Recomposição da microbiota intestinal em idosos
8. Doença inflamatória intestinal (doença de Crohn, retocolite ulcerativa, 
“pouchitis”)
9. Prevenção de infecções respiratórias e gastrointestinais em creches
(a tabela continua na página seguinte)
Figura 5
dossiê.bio 21
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As indicações potenciais dos prebióticos, probióticos e simbióticos 
configuram perspectivas que se descortinam (Tabela 1). Dentre elas, 
salientamos a diarréia associada ao vírus HIV, o supercrescimen-
to bacteriano, a enterocolite necrosante do recém-nascido e a sín-
drome do intestino irritável (SII), principalmente a SII pós-infecção 
[34-39]. Os efeitos anticarcinogênicos dos prebióticos e probióticos 
descritos em animais apontam para o seu possível uso na prevenção 
do câncer de cólon [46]. A diarréia pós-radioterapia (ex.: tumor do 
colo de útero, de próstata) também pode ser minimizada e até pre-
venida com o emprego de probióticos [47,48]. Simbióticos têm sido 
usados em pacientes graves internados em UTI visando reduzir a 
morbimortalidade. Os resultados iniciais com combinações de pro-
bióticos e prebióticos são bastante encorajadores [21-25]. 
Na área de imunologia e alergia, os probióticos foram eficazes na 
prevenção e tratamento do eczema atópico [49-51]. Em áreas onde 
a freqüência de atopia é muito elevada, como na Finlândia, um pro-
biótico (Lactobacillus GG) foi oferecido às gestantes com história 
familiar de atopia. Após o nascimento, os recém-nascidos rece-
beram o probiótico por 6 meses. Ao final de 12 meses, o grupo que 
recebeu probiótico apresentou menor freqüência de eczema atópico 
[49]. Os mesmos autores publicaram a prevalência do eczema atópi-
co no longo prazo (quatro anos) no grupo de crianças que recebeu 
o probiótico versus o que não recebeu probiótico e a diferença se 
manteve, favorecendo o grupo probiótico [50]. 
4. Conclusões
Os prebióticos, probióticos e simbióticos constituem um dos temas 
mais discutidos na atualidade. Dezenas de centros de excelência 
no mundo dedicam-se à pesquisa desses elementos, procurando 
desvendar seus efeitos sobre a microbiota intestinal, suas ações 
antiinflamatórias e imunorreguladoras. Todo o interesse pelo as-
sunto enseja também uma oportuna reflexão sobre o padrão de ali-
mentação do homem moderno, muito aquém do ideal do ponto de 
vista nutricional. Frutas, verduras (ricas em prebióticos) e probióti-
cos devem fazer parte de uma alimentação bem balanceada e con-
tribuem para a manutenção do nosso ecossistema gastrointestinal. 
O desequilíbrio da microbiota intestinal, por outro lado, predispõe a 
infecções e, provavelmente, a fenômenos atópicos [3,52]. Várias são 
as perspectivas para o uso

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