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Ecologia-1

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CURSO DE CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL 
FAVENI – FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ECOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESPÍRITO SANTO 
 
 
 
 
 
 
 
ECOLOGIA 
 
Fonte: www.plus.google.com 
 
O QUE A ECOLOGIA ESTUDA? 
 
A floresta Amazônica apresenta uma vegetação riquíssima. E a variedade de 
animais também é enorme. Calcula-se que em uma única árvore da floresta Amazô-
nica podem ser encontradas mais de mil espécies diferentes de insetos. 
 
 
Fonte: www.jornalggn.com.br 
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Ecologia/Ecologia5.php
 
 
 
 
 
De fato, se reunirmos todas as florestas tropicais do planeta, veremos que ne-
las se encontra mais da metade das espécies vivas. Podemos dizer então que a flo-
resta Amazônica possui uma grande biodiversidade. 
Veja agora uma foto da caatinga. A vegetação já é bem diferente. 
 
Fonte: www.estudopratico.com.br 
 
Porque existe essa diferença? Essa é uma das muitas perguntas que a eco-
logia tenta responder. 
Veja só mais alguns exemplos de questões importantes, relacionadas à nossa 
vida, e as quais a ecologia tenta responder: "O que pode acontecer se uma floresta 
for destruída?"; "É possível explorar uma floresta sem provocar a sua destruição?", 
"Como o ser humano interfere na vida dos outros organismos?"; "O que provoca o 
aumento da temperatura na Terra?"; "E o que pode acontecer se a temperatura da 
Terra aumentar muito?"; etc. 
Vamos dar um exemplo: Considere o Bugio, um dos maiores macacos neo-
tropicais, vivem deste a Bahia até o Rio Grande do Sul. Vive em bandos de três a 
doze indivíduos, de ambos os sexos e várias idades, chefiados por um macho adul-
to. Sua dieta é predominantemente folívora (folhas). Os outros alimentos são: flores, 
brotos, frutos, caules de trepadeiras. 
A Ecologia pode estudar: 
 As relações que um bando de Bugios tem com os outros seres da floresta; 
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Ecologia/biodiversidade.php
 
 
 
 
 A influência do clima sobre todos os organismos da floresta; 
 A influência das florestas neotropicais sobre o clima; 
 A influência da ação do ser humano sobre o clima de todo o planeta. 
 
 
Fonte: www.cursinhopreenem.com.br 
 
Você pode concluir que a ecologia é um campo de estudo muito amplo. E to-
das essas informações nos ajudam a melhorar o ambiente em que vivemos, dimi-
nuindo a poluição, conservando os recursos naturais e protegendo nossa saúde e a 
das gerações futuras. 
Resumindo: Ecologia é a ciência que estuda as relações dos seres vivos en-
tre si e com o ambiente. 
 
 
 
 
 
Fonte: www.distrends.com 
HABITAT 
 
O habitat é o lugar na natureza onde uma espécie vive. Por exemplo, o habi-
tat da planta vitória régia são os lagos e as matas alagadas da Amazônia, enquanto 
o habitat do panda são as florestas de bambu das regiões montanhosas na China e 
no Vietnã. 
 
 
Fonte: www.essaseoutras.xpg.uol.com.br 
 
Nicho ecológico 
http://Fonte:%20www.distrends.com
 
 
 
 
 
O nicho é um conjunto de condições em que o indivíduo (ou uma população) 
vive e se reproduz. Pode se dizer ainda que o nicho é o "modo de vida" de um orga-
nismo na natureza. E esse modo de vida inclui tanto os fatores físicos - como a umi-
dade, a temperatura, etc - quanto os fatores biológicos - como o alimento e os seres 
que se alimentam desse indivíduo. 
Vamos explicar melhor: O nicho do Bugio, por exemplo, inclui o que ele come, 
os seres que se alimentam dele, os organismos que vivem juntos ou próximo dele, e 
assim por diante. No caso de uma planta, o nicho inclui os sais minerais que ela reti-
ra do solo, a parte do solo de onde os retira, a relação com as outras espécies, e 
assim por diante. 
O nicho mostra também como as espécies exploram os recursos do ambien-
te. Assim a zebra, encontrada nas savanas da África, come as ervas rasteiras, en-
quanto a girafa, vivendo no mesmo hábitat, come as folhas das árvores. Observe 
que cada espécie explora os recursos do ambiente de forma um pouco diferente. 
 
 
Fonte:www.africa-turismo.com 
 
População 
 
Indivíduos de uma mesma espécie que vivem em determinada região formam 
uma população. Por exemplo: as onças do pantanal formam uma população. 
 
 
 
 
As capivaras também podem ser encontradas no pantanal, mas fazem parte 
de outra população, já que são de outra espécie. 
 
Fonte: www.hipernoticias.com.br 
 
Às vezes a população pode aumentar muito, por exemplo, em meados do sé-
culo XIX, alguns coelhos selvagens foram levados da Inglaterra para a Austrália, pa-
ra serem usados nas caçadas. Na Europa, as populações de coelhos eram natural-
mente controladas por diversos predadores e parasitas. Na Austrália, porém não 
existiam tantas espécies que atacavam coelhos. O resultado é que esse animal se 
reproduziu rapidamente chegando a atingir mais de 200 milhões de indivíduos, que 
passaram a destruir as plantações e as pastagens da Austrália. Isso mostra o perigo 
de se introduzir num novo ambiente um organismo não nativo. 
Esta é mais uma das questões que a ecologia estuda: "O que faz o número 
de indivíduos de uma população aumentar, diminuir ou permanecer constante?". 
 
TERMOS UTILIZADOS NA ECOLOGIA 
 
Comunidade: 
 
Na figura abaixo, podemos perceber que no mar existem diversos animais e 
vários tipos de plantas. E há também seres muito pequenos - tão pequenos que só 
 
 
 
 
podem ser vistos com aparelhos especiais como os microscópios, que possuem len-
tes especiais que ampliam a imagem dos seres observados. 
 
Fonte: www.br.notícias.yahoo.com 
 
Se colocarmos uma gota da água do mar no microscópio, veremos um núme-
ro imenso desses pequenos seres vivos. Pense quantos organismos diferentes po-
dem ser encontrados num jardim: grama, roseiras, minhocas, borboletas, besouros, 
formigas, caracóis, sabiás, lagartixas. 
Todos os seres vivos de determinado lugar e que mantêm relações entre si 
formam uma comunidade. A comunidade do mar acima é composta por peixes, al-
gas, plantas, os seres microscópios, enfim todas as populações lá existentes. 
 
Ecossistema: 
 
É o conjunto dos relacionamentos que a fauna, flora, microrganismos (fatores 
bióticos) e o ambiente, composto pelos elementos solo, água e atmosfera (fatores 
abióticos) mantém entre si. Todos os elementos que compõem o ecossistema se 
relacionam com equilíbrio e harmonia e estão ligados entre si. A alteração de um 
único elemento causa modificações em todo o sistema podendo ocorrer à perda do 
equilíbrio existente. Se por exemplo, uma grande área com mata nativa de determi-
nada região for substituída pelo cultivo de um único tipo de vegetal, pode-se com-
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Ecologia/Ecologia2.php
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Ecologia/abioticosebioticos.php
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Ecologia/abioticosebioticos.php
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Ecologia/abioticosebioticos.php
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Ecologia/abioticosebioticos.php
 
 
 
 
prometer a cadeia alimentar dos animais que se alimentam de plantas, bem como 
daqueles que se alimentam destes animais. 
A delimitação do ecossistema depende do nível de detalhamento do estudo. 
Por exemplo, se quisermos estudar o ecossistema de um canteiro do jardim ou do 
ecossistema presente dentro de uma planta como a bromélia. 
 
 
Fonte: Acervo do autor 
 
Biosfera 
 
Ainda não temos conhecimento da existência de outro lugar no Universo, 
além da Terra, onde aconteça o fenômeno a que chamamos de vida. A vida na Terra 
é possível porque a luz do Sol chega até aqui. Graças a sua posição em relação ao 
Sol, o nosso planeta recebe uma quantidade de energia solar que permite a existên-
cia da água em estado líquido, e não apenas em estado sólido (gelo) ou gasoso (va-
por). A água é essencial aos organismos vivos. A presença de água possibilita a vi-
da das plantas e de outros seres capazes de produziralimento a partir da energia 
solar e permite também, indiretamente, a sobrevivência de todos os outros seres 
vivos que se alimentam de plantas ou animais. Pela fotossíntese que há a absorção 
de água e gás carbônico e liberação de oxigênio, a energia do Sol é transformada 
em um tipo de energia presente nos açucares, que pode então ser aproveitada por 
seres que realizam esse processo e por outros seres a eles relacionados na busca 
por alimento. 
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Ecologia/Cadeiaalimentar.php
 
 
 
 
 
Fonte: www.sobiologia.com.br 
 
A Terra pode ser dividida assim: 
 Litosfera - a parte sólida formada a partir das rochas; 
 Hidrosfera - conjunto total de água do planeta (seus rios, lagos, oceanos); 
 Atmosfera - a camada de ar que envolve o planeta; 
 Biosfera - as regiões habitadas do planeta. 
Biosfera é o conjunto de todos os ecossistemas da Terra. É um conceito da 
Ecologia, relacionado com os conceitos de litosfera, hidrosfera e atmosfera. Incluem-
se na biosfera todos os organismos vivos que vivem no planeta, embora o conceito 
seja geralmente alargado para incluir também os seus habitats. 
A biosfera inclui todos os ecossistemas que estão presentes desde as altas 
montanhas (até 10.000 m de altura) até o fundo do mar (até cerca de 10.000 m de 
profundidade). 
Nesse s diferentes locais, as condições ambientais também variam. Assim, a 
seleção natural atua de modo diversificado sobre os seres vivos em cada região. 
Sob grandes profundidades no mar, por exemplo, só sobrevivem seres adaptados à 
grande pressão que a água exerce sobre eles e a baixa (ou ausente) luminosidade. 
Já nas grandes altitudes montanhosas, sobrevivem seres adaptados a baixas tem-
peraturas e ao ar. 
Na biosfera, portanto, o ar, a água, o solo, a luz são fatores diretamente rela-
cionados à vida. 
http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Ecologia/Ecologia3.php
 
 
 
 
 OS PRINCIPAIS ECOSSISTEMAS BRASILEIROS 
 
O Brasil possui uma grande diversidade de ecossistemas. Quase todo o seu 
território está situado na zona tropical. Por isso, nosso país recebe grande quantida-
de de calor durante todo o ano, o que favorece essa grande diversidade. Veja, no 
mapa a seguir, exemplos dos principais ecossistemas encontrados no Brasil. 
 
Fonte: www.sobiologia.com.br 
 
Floresta Amazônica: 
Estende-se além do território nacional, com chuvas frequentes e abundantes. 
Apresenta flora exuberante, com espécies, como a seringueira, o guaraná, a vitória-
régia, e é habitada por inúmeras espécies de animais, como o peixe-boi, o boto, o 
pirarucu, a arara. Para termos uma ideia da riqueza da biodiversidade desses ecos-
 
 
 
 
sistemas, ele apresenta, até o momento, 1,5 milhão de espécies de vegetais identifi-
cadas por cientistas. 
 
 
Fonte: www.sociedadedosanimais.blogspot.com.br 
 
 
Fonte: www.todamateria.com.br 
 
Mata de cocais: 
A mata de cocais situa-se entre a floresta amazônica e a caatinga. São matas 
de carnaúba, babaçu, buriti e outras palmeiras. Vários tipos de animais habitam esse 
ecossistema, como a arara canga e o macaco cuxiú. 
 
 
 
 
 
Fonte: www.laifi.com 
 
 
Fonte: www.marciolavor.info 
 
Pantanal mato-grossense: 
 Localizado na região Centro-Oeste do Brasil, engloba parte dos estados do 
Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul. Área que representa a terra úmida mais im-
portante e conhecida do mundo (maior planície alagável do planeta), com espanto-
sos índices de biodiversidade animal. Sofre a influência de diversos ecossistemas, 
como o cerrado, a floresta Amazônica, a mata Atlântica, assim como os ciclos de 
seca e cheia, e de temperaturas elevadas. São 140 mil quilômetros quadrados só no 
 
 
 
 
Brasil, equivalente a 5 Bélgicas ou ao território de Portugal. É onde vivem jacarés - 
cerca de 32 milhões, 365 espécies de aves, 240 de peixes, 80 de mamíferos e 50 de 
répteis. Mais de 600.000 capivaras habitam a região. O pantanal é escolhido como 
pouso de milhões de pássaros, entre eles o tuiuiús, a ave-símbolo da região. Os 
cervos-do-pantanal, bem mais raros, também fazem parte da fauna local. 
 
 
Fonte: www.animais.culturamix.com 
 
 
 
Fonte: www.haroldopalojr.wordpress.com 
 
 
 
 
 
 
 Campos sulinos: 
Os campos sulinos são formações campestres encontradas no sul do país, 
passando do interior do Paraná e Santa Catarina até o sul do Rio Grande do Sul. Os 
campos sulinos são conhecidos como pampas, termo de origem indígena que signi-
fica "regiões planas". Em geral, há predomínio das gramíneas, plantas conhecidas 
como grama ou relva. Animais como o ratão-do-banhado, preá e vários tipos de co-
bras são ali encontrados. 
 
 
Fonte: www.sociedadedosanimais.blogspot.com.br 
 
Caatinga: 
A caatinga localiza-se na maior parte da região Nordeste. No longo período 
da seca, a vegetação perde as folhas e fica esbranquiçada. Esse fato originou o no-
me caatinga que na língua tupi, significa "mata branca". Os cactos, como o manda-
caru, o xique-xique e outras plantas, são típicos da caatinga. A fauna inclui as co-
bras cascavel e jiboia, o gambá, a gralha, o veado-catingueiro etc. 
 
Restinga: 
A restinga é típica do litoral brasileiro. Os seres que habitam esse ecossiste-
ma vivem em solo arenoso, rico em sais. Parte desse solo fica submersa pela maré 
alta. Encontramos nesse ecossistema animais como maria-farinha, besourinho-da-
praia, viúva-negra, gavião-se-coleira, coruja-buraqueira, tiê-sangue e perereca, entre 
 
 
 
 
outros. Como exemplos de plantas características da restinga podemos citar: Suma-
ré, aperta-goéla, açucena, bromélias, cactos, coroa-de-frade, aroeirinha, jurema e 
taboa. 
 
Fonte: www.avesderapinabrasil.com 
 
Manguezal: 
A costa brasileira apresenta, desde o Amapá até Santa Catarina, uma estreita 
floresta chamada manguezal, ou mangue. Esse ecossistema desenvolve-se, princi-
palmente, no estuário e na foz dos rios, onde há água salobra e local parcialmente 
abrigado da ação das ondas, mas aberto para receber a água do mar. Os solos são 
lodosos e ricos em nutrientes. Os manguezais são abrigos e berçários naturais de 
muitas espécies de caranguejos, peixes e aves. Apresentam um pequeno número 
de espécies de árvores, que possuem raízes-escoras. Essas raízes são assim cha-
madas por serem capazes de fixar as plantas em solo lodoso. 
 
Cerrado: 
O cerrado ocorre principalmente na região Centro-Oeste. A vegetação é com-
posta de arbustos retorcidos e de pequeno porte, sendo as principais espécies: o 
araçá, o murici, o buriti e o indaiá. É o habitat do lobo-guará, do tamanduá-bandeira, 
da onça-pintada etc. 
 
 
 
 
 
Fonte: www.bioventuraecoturismoanimal.wordpress.com 
 
Mata Atlântica: 
Esse ecossistema estende-se da região do Rio Grande do Norte até o sul do 
país. Apresenta árvores altas e vegetação densa, pouco espaço vazio. É uma das 
áreas de maior diversidade de seres vivos do planeta. Encontra-se plantas como o 
pau-brasil, o ipê-roxo, o angico, o manacá-da-serra e o Cambuci e várias espécies 
de animais, como a onça pintada, a anta, a queixada, o gavião e o mico-leão-
dourado. 
 
 
Fonte: www.pensamentoverde.com.br 
 
 
 
 
Mata de araucária: 
A mata de araucária situa-se na região subtropical, no sul do Brasil, de tempe-
raturas mais baixas. Entre outros tipos de árvores abriga o pinheiro-do-paraná, tam-
bém conhecido como araucária. Da sua fauna destacamos, além da ema, a maior 
ave das Américas, a gralha-azul, o tatu, o quati e o gato-do-mato. 
 
 
Fonte: www.passarossilvestres.com 
 
OS PERIGOS DA POLUIÇÃO DO SOLO 
 
Não só os ecologistas, mas autoridades e todo cidadão devem ficar atentos 
aos perigos da poluição que colocam em risco a vida no planeta Terra. 
 
O lixo: 
 
No início da história da humanidade, o lixo produzido era formado basicamen-
te de folhas, frutos, galhos de plantas, pelas fezes e pelos demais resíduos do ser 
humano e dos outros animais. Esses restoseram naturalmente decompostos, isto é, 
reciclados e reutilizados nos ciclos do ambiente. 
Com as grandes aglomerações humanas, o crescimento das cidades, o de-
senvolvimento das indústrias e da tecnologia, cada vez mais se produzem resíduos 
(lixo) que se acumulam no meio ambiente. 
 
 
 
 
Hoje, além do lixo orgânico, que é naturalmente decomposto, reciclado e "de-
volvido" ao ambiente, há o lixo industrial eletrônico, o lixo hospitalar, as embalagens 
de papel e de plástico, garrafas, latas etc. que, na maioria das vezes, não são bio-
degradáveis, isto é, não são decompostos por seres vivos e se acumulam na natu-
reza. 
 
 
Fonte: www.colegioweb.com.br 
 
Lixões a céu aberto: 
 
 
Fonte: www.tce.am.gov.br 
 
 
 
 
A poluição do solo causada pelo lixo pode trazer diversos problemas. O mate-
rial orgânico que sofre a ação dos decompositores - como é o caso dos restos de 
alimentos - ao ser decompostos, forma o chorume. Esse caldo escuro e ácido se 
infiltra no solo. Quando em excesso, esse líquido pode atingir as águas do subsolo 
(os lençóis freáticos) e, por consequência contaminar as águas de poços e nascen-
tes. 
As correntezas de água da chuva também podem carregar esse material para 
os rios, os mares etc. 
 
 
Fonte: www.meioambiente.culturamix.com 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
TOWNSEND, C. R., M. BEGON E J. L. HARPER 2006. Fundamentos em Ecolo-
gia. 2ªed. Artmed, Porto Alegre. 
 
RICKLEFS, R.E. 201o. A Economia da Natureza. 6ª ed. Editora Guanabara Koo-
gan, Rio de Janeiro. 
 
 
 
 
 
BEGON, M., C. R. TOWNSEND E J. L. HARPER 2007. Ecologia de Indivíduos a 
Ecossistemas. 4ªed, Artmed, Porto Alegre. (2005, 4ª ed. Blackwell, Oxford ou 3a 
ed., 1996). 
 
RICKLEFS, R. E. 1990. Ecology. 3ª ed. W.H. Freeman. (ou 4ª ed., 1999, com Gary 
Miller). 
 
PRIMACK, R. B. E E. RODRIGUES 2001. Biologia da Conservação. Ed. Planta, 
Londrina. 
 
KREBS, C.J. 2008. Ecology: The Experimental Analysis of Distribution and 
Abundance (6th Edition). Benjamin Cummings 
 
MOLLES, M. C. 2002. Ecology, Concepts and Applications. McGraw-Hill Higher 
Education 
 
GOTELLI, N.J. 2007. Ecologia. Editora Planta, Londrina [modelos aplicados a eco-
logia] 
 
BEGON, M., M. MORTIMER E D.J. THOMPSON. 1996. Population ecology. 3ª ed. 
Blackwell, Oxford. 
 
ROCHA, C. F. D. et al. 2006. Biologia da Conservação – Essências. Rima, Ribei-
rão Preto. 
 
 
 
 
 
ARTIGO PARA REFLEXÃO 
 
Autor: Suzana dos Santos Gomes 
Disponível em: 
https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/4740608.pdf 
Acesso: 1º de junho de 2016 
 
ECOLOGIA E RESPONSABILIDADE HUMANA 
 
Suzana dos Santos Gomes 
Professora de Cultura Religiosa da PUC Minas e 
Mestre da Faculdade de Educação da UFMG 
 
SINTOMAS DA CRISE ECOLÓGICA 
O SER HUMANO desencadeou um processo de destruição da vida, que, nas 
últimas décadas, se acelerou perigosamente. Vive-se a síndrome da poluição, da 
extinção, da escassez, da miséria, da fome, da injustiça. Constata-se a progressiva 
destruição da vida em todas as suas manifestações. Dentre os principais problemas 
que denotam falta de respeito à vida destacam-se: a aplicação, sem discernimento 
dos progressos científicos e tecnológicos, o gradual esgotamento do ozônio e o con-
sequente “efeito estufa”, que atinge dimensões críticas. Essa postura irresponsável 
em relação à natureza e os consequentes desastres ecológicos ameaçam a espécie 
humana. 
A leitura de alguns dados estatísticos confirma a gravidade do problema eco-
lógico. Nos últimos anos, foi intensa a redução da qualidade de vida. Percebe-se 
que o ser humano está inserido num sistema agressivo, de exploração e morte. A 
crise ecológica é a crise da vida. São inúmeros os desafios que ameaçam a huma-
nidade. Estudiosos alertam, sobretudo, para os mais sérios: a superpopulação e a 
 
 
 
 
insuficiência de alimentos, o esgotamento dos recursos naturais, a poluição, a corri-
da armamentista e a crise ecológica. Dentre os inúmeros desafios, o maior problema 
está no aumento da riqueza e na não partilha dos bens produzidos. 
O relatório sobre o Desenvolvimento Humano da ONU, de julho de 1996, 
classificou 174 países segundo o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que 
inclui esperança escolar e Produto Interno Bruto real per capta. Dos 30 países que 
obtiveram as piores classificações, segundo o IDH, 25 pertencem ao Continente 
Africano. Segundo a ONU, entre 1991 e 1996, 6 milhões de crianças morreram por 
causa de doenças de veiculação hídrica. O extermínio na América Espanhola, em 
três séculos, foi da ordem de 25 milhões de pessoas. No Brasil, ainda se utilizam 
substâncias cancerígenas, que já intoxicam 380 mil trabalhadores rurais entre 1990 
e 1997. Estima-se em 5 milhões a população das nações indígenas no início da co-
lonização portuguesa no Brasil. Em 1997, essa população era de 326 mil índios, que 
lutam pela demarcação de suas terras e pelo reconhecimento de seus direitos. Se-
gundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, em 1996, 40 milhão 
de brasileiros não dispunham de água canalizada e 70 milhões não tinham esgoto 
encanado ligado às suas moradias (MINC, 1997). 
Os problemas ecológicos estão interligados. Eles oferecem uma sintomatolo-
gia que aponta para um mal profundo, que deve ser enfrentado com empenho. Re-
velam o mal presente na raiz do relacionamento desumano desenvolvido ao longo 
da história. A ética ecológica questiona o modelo político-econômico presente em 
nossa sociedade globalizada pelo mercado. A crise ambiental contemporânea é, 
pois, fruto da relação econômica que se instaurou a partir do modo capitalista de 
organização: do saber científico, da vida em sociedade e da relação materialista com 
a natureza. Coloca em evidência a necessidade moral de nova solidariedade, espe-
cialmente nas relações entre os países em via de desenvolvimento e os industriali-
zados. Assim, novos estudos e novas práticas devem promover o desenvolvimento 
de um ambiente natural, social, pacífico e salubre. 
Na tentativa de responder aos desafios ecológicos atuais, é necessário ins-
taurar novas relações entre o homem e o meio ambiente, desenvolvendo-se uma 
dialética da inclusão. No Brasil e na América Latina, são significativos e numerosos 
aqueles que têm consciência de que é necessário encontrar novos modelos de de-
senvolvimento mais justos e solidários. O desenvolvimento deve ser integral e não 
 
 
 
 
apenas econômico e, por isso, também social, cultural e religioso. Inclui, evidente-
mente, um relacionamento novo com o meio ambiente. 
O desafio ecológico é complexo e chama a atenção para a problemática do 
desenvolvimento que tem a ver com a utilização dos recursos naturais para o bem-
estar, ou não, do homem. É necessário criar e impulsionar novos modelos de produ-
ção-consumo que respeitem o meio ambiente; reorientar as pesquisas científicas e 
as aplicações da técnica; enfrentar os poderes que se encontram hoje a serviço da 
morte, desenvolvendo-se uma ética que oriente para um novo relacionamento a ser-
viço da vida. 
A crise ecológica é consequência de uma crise profunda entre o ser humano 
e Deus. Ela é resultado da crise humana de valores e de relação. Os empobrecidos, 
explorados, abandonados são vítimas desse sistema e gritam por justiça, respeito e 
amor. À humanidade pede-se conversão. A vida do planeta depende de uma inter-
relação harmoniosa. A redescoberta do Deus da vida tornaria possível a superação 
dos desafios. 
Os problemas ecológicos trazem à tona o grande pecado humano, não só de 
exploração indevida, desequilibrada e prepotente dos recursos naturais, mas denun-
ciam a exploração sofrida pelos mais fracos. Exige-se, consequentemente, uma ci-
ência consciente, ético-ecológica, capaz de sustentar e restaurar a harmonia entre o 
ser humano, Deus e a natureza. A Ecologia convida a humanidade a vivenciar uma 
ética da responsabilidade, que é movida pela consciência danecessidade, e uma 
ética da gratuidade, da ação de graças, da fé, da esperança e do amor-justiça. 
 
O COMPROMISSO ÉTICO-ECOLÓGICO 
 
Nesse contexto, a Ecologia adquire importância. É necessário despertar na 
pessoa humana a consciência ecológica (VIEIRA, 1999) que a ajude a compreender 
e viver na dinâmica da vida em busca da integração e comunhão plenas. A ecologia 
é convite para recriar a vida, a exemplo de Francisco de Assis, arquétipo inspirador 
da vivência ecológica, a fim de construir uma nova cultura: a cultura da solidarieda-
de. 
 
 
 
 
Ou ocorre um processo global de solidariedade, de fraternidades universais, 
ou o convívio humano será cada vez mais degradante. Fazer opção pelo amor é um 
imperativo ético-teológico-ecológico. É mister re-tecer a teia das relações profundas 
do existir humano. 
A verdadeira ética ecológica é relacional, inclusiva, aberta e promotora da vi-
da, oposta à crise ecológica, que é fruto do egoísmo individual e do sistema socioe-
conômico e político em que se está inserido. O ser humano é convidado a questio-
nar, rever e superar o modelo de sociedade neoliberal que dilacera a vida humana e 
destrói a natureza (BOFF, 1993). O consumismo, a centralidade do mercado e do 
capital são armas que destroem a vida. Necessita-se de uma ética ecológica que 
seja expressão real de justiça social e solidária. 
A ética da sociedade atual dominante que é utilitarista e antropocêntrica. A 
nova ordem ética deve ser egocêntrica, visando ao equilíbrio da comunidade terres-
tre. É tarefa fundamental refazer a aliança destruída entre o ser humano e a nature-
za e a aliança entre as pessoas e povos para que sejam aliados uns dos outros em 
fraternidade, justiça e solidariedade. O fruto dessa relação é a paz, harmonia do mo-
vimento e o pleno desabrochar da vida. Que o cuidado aflore em todos os âmbitos, 
que penetre na atmosfera humana e que prevaleça em todas as relações. O cuidado 
salvará a vida, fará justiça ao empobrecido e resgatará a Terra como pátria e mátria 
de todos. 
A perspectiva teológica é imprescindível para a compreensão dos problemas 
humanos, porque possibilita uma leitura da realidade à luz da fé. Busca-se entender 
o que significa a fé em Deus Criador. A crise ecológica reflete a crise entre os seres 
humanos. A teologia, com o discernimento que lhe é próprio, pode ajudar as comu-
nidades a se posicionarem de maneira construtiva e harmoniosa com o seu meio 
ambiente e a apoiar todos os esforços locais, nacionais e internacionais que procu-
ram responder aos desafios ecológicos dentro de uma perspectiva integral do ho-
mem. 
A missão do ser humano é “cultivar” e “guardar”. Sua responsabilidade con-
siste em, estando no mundo, viver em comunhão e comunicação, tornando a Terra 
ambiente onde ele possa viver, trabalhar e organizar-se em sociedade, atuando me-
diante sua criatividade. 
 
 
 
 
A Teologia da Criação, de perspectiva ecológica, ajuda-nos a compreender 
que a vida é comunicação e comunhão. Ela lança-nos dentro do grande mistério do 
amor da Trindade. Dizer que somos criados, significa afirmar que viemos de Deus, 
temos em nós marcas de Deus e caminhamos para Deus. 
Na sua tentativa de diálogo com o mundo moderno, a Teologia da Criação 
tem procurado mostrar que a fé em Deus Criador não é contrária ao progresso cien-
tífico-técnico. Criado à imagem e semelhança de Deus, o homem é responsável pelo 
mundo, chamado a “dominá-lo” a serviço da humanização de todos os homens. Co-
mo criaturas imagem de Deus, o homem é responsável pela vida. 
A recuperação do equilíbrio perdido, no sentido fraterno e ecológico, passa 
pelo coração do homem e pela renovação de suas relações com a natureza e com 
seus irmãos. Assim sendo, a libertação total da humanidade tem estreita ligação 
com a libertação da natureza, em que os “novos céus e novas terras” (Is 65 ,17-25) 
revelarão o esplendor do próprio Deus. 
Percebe-se então que a Ecologia, além de ser uma ciência, é uma questão 
profundamente humana e fraterna. Além da conjugação de esforço científico, tecno-
lógico e político, a contribuição religiosa é de suma importância, pois ela trabalha 
com a consciência humana, com seu referencial de valores e com sua resposta de 
vida ao Criador, mediada pela fraterna relação entre todos. Um grande desafio para 
os cristãos e para todos os homens que transcendem sua fé no visível é unirem-se 
num grande movimento pela promoção da vida. 
A nova ética é fruto do amor humano, da sua capacidade de cuidar (BOFF, 
1999). Cuidado significa desvelo, solidariedade, atenção, zelo. É uma atitude de saí-
da de si para o encontro com o outro. O cuidado é a estrutura básica que permite 
que as coisas sejam humanas, carregadas de afeto, de significação. A essência do 
ser humano é constituída pelo cuidado. 
Como promotora da justiça relacional, a ética ecológica aponta critérios para 
uma práxis libertadora de todas as formas de opressão. Exige a capacidade de rom-
per com a violência e a opressão. A abertura ao processo crescente de humaniza-
ção é um dos imperativos éticos de que a pessoa humana mais necessita assimilar 
em sua vida. 
A mudança radical da forma de conceber o mundo e das atitudes diante da 
realidade que o cerca, faz do ser humano, na visão cristã, um ser de esperança e 
 
 
 
 
reconciliação, que anuncia vida. A consciência ecológica impõe um princípio ético de 
relação. O amor-serviço-doação perpassa todo o ser e existir humanos, devendo ser 
inclusivo, aberto, verdadeiro. 
 
SOLIDARIEDADE – CONSTRUINDO NOVAS RELAÇÕES 
 
A ecologia abriu um espaço novo para a prática e a vivência da solidariedade. 
O princípio da solidariedade afirma que o ser humano é responsável por ele mesmo 
e corresponsável pela vida e bem-estar de todos, incluindo a natureza. Exige que se 
queira o bem pessoal e coletivo. A libertação ecológica se concretizará na prática da 
genuína solidariedade, fundada no amor e no serviço. 
O compromisso ético-ecológico de reconstrução consiste em reaver o perdi-
do, reanimar o sem-vida, alimentar o doente, amar o não-amado6 (SUNG, 1995). 
Um futuro melhor depende de todos. Nesse sentido, a ética ecológica deve propor 
ações preventivas. Parte da natureza, corresponsável pelo equilíbrio ecológico, o ser 
humano tem direito à dignidade e o dever de garantir qualidade de vida às futuras 
gerações. 
O ser humano vive melhor quando renuncia ao estar sobre para estar junto 
com os outros. Quando impõe limites a seu próprio desejo em nome do equilíbrio e 
da harmonia. Assim, descobre-se que não é só um ser de desejos, mas também um 
ser de solidariedade e comunhão. 
A fome presente no mundo atesta que ele não é ainda lugar de fraternidade. 
O crescente poder do homem e seu mau uso ameaçam destruir o próprio gênero 
humano. O amor que habita o coração do homem, permite-lhe superar os seus limi-
tes e agir no mundo, criando estruturas do bem comum tendo em vista a civilização 
do amor. Assim, a pessoa humana é chamada a criar novas relações mediante um 
movimento de todo o seu ser. Essa transformação humana é radical na sua profun-
didade e nos seus compromissos, envolve todos os estímulos da pessoa e seus 
meios materiais e espirituais. 
A conversão do coração humano à proposta de Deus pode mudar profunda-
mente a face da Terra. “Convertei-vos e acreditai na Boa Nova” (Mc 1,15) é o impe-
rativo que acompanha o anúncio do Reino de Deus. Essa transformação profunda 
estimulará o homem, no seu cotidiano, a olhar para além do seu próprio interesse 
 
 
 
 
imediato, a mudar pouco a pouco o seu modo de pensar, trabalhar e viver, para 
crescer na experiência solidária. 
No documento “A Igreja e a questão ecológica”, a CNBB apresenta alternati-
vas para a solução do problema ecológico, que são: mudar hábitos de vida, supe-
rando o consumismo e o desperdício; denunciar o neoliberalismo, que insiste na 
manutenção do sistema econômico, que gerouas desigualdades entre os povos; 
acabar com o mecanismo da dívida externa, que é instrumento de implantação da 
morte; suspender os gastos bélicos; democratizar o uso do solo agrário e urbano, 
desenvolvendo fontes de energia não poluentes e renováveis; valorizar as iniciativas 
populares e os movimentos sociais como experiências concretas de sustentabilidade 
à sobrevivência física, cultural e ambiental; respeitar as diferenças entre as pessoas 
e as culturas, portadoras de valores e características; promover a integração e a so-
lidariedade entre os povos visando à comum responsabilidade na construção da no-
va ordem; conhecer, respeitar e aprender com a experiência dos povos indígenas, 
das comunidades afro-brasileiras, que souberam viver uma relação respeitosa com o 
meio ambiente; e empenhar-se para que os seres humanos vivenciem as virtudes do 
zelo, da compaixão e da ternura, nas suas relações com os bens da criação. 
Sabe-se que a superação dos problemas ecológicos será fruto de nova cons-
ciência, de nova forma de viver, de pensar, de relacionar-se. A consciência deverá 
preceder a ciência e a racionalidade científica deverá ser superada pelos critérios 
éticos de reverência pela vida. Essa foi a postura ecologista de vários homens, tais 
como: Francisco de Assis, Thoureau, Tolstoi, Gandhi, Luther King, Chico Mendes, 
Hélder Câmara e outros. Essa foi a proposta de vida anunciada por Jesus de Naza-
ré, encarnada em seu modo-de-ser-cuidado7 (BOFF, 1999) e sintetizada em sua 
palavra-programa de vida: “Que todos tenham vida e vida em abundância” (Jo 
10,10). 
Revelou à humanidade o Deus-Cuidado experimentando Deus como Pai e 
Mãe... Fez da misericórdia a chave de sua ética. É pela misericórdia que os seres 
humanos chegam ao Reino da vida” (Mt 25, 36-41). 
 
EDUCAÇÃO ECOLÓGICA A SERVIÇO DA VIDA 
 
 
 
 
 
Nesse contexto, a educação ecológica é um processo inadiável. O desafio é 
promover a qualidade da vida das pessoas a partir do resgate da ética, da cultura e 
da política. A educação é chamada a exercer o seu papel de formadora crítica, des-
pertadora da consciência. Pelizzoli (1999) afirma que somos responsáveis pela vida. 
A educação ambiental, a ecologia, os movimentos sociais aglutinam-se para fazer 
florescer o paradigma novo da solidariedade, profundamente revolucionário e paci-
ente, capaz de erguer a esperança e a utopia humana eliminável de construir não o 
“céu na terra”, mas o ideal maior do homem: a promoção da justiça, o fazer florescer 
a dignidade de cada pessoa. 
A Escola pode contribuir estimulando a percepção e a reflexão do educando 
sobre o seu entorno, orientando o estudo e a aprendizagem significativa dos nossos 
graves problemas socioambientais, promovendo a inserção dos educandos em sua 
história, em seu meio, como sujeitos, tendo em vista a construção de uma sociedade 
justa e fraterna. 
Educadores comprometidos poderão contribuir para a formação de crianças e 
jovens conscientes, a fim de que, num futuro, sejam capazes de atuar e interferir na 
realidade socioambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar 
de cada um e da sociedade, local e global. 
A educação ecológica traz o direito à vida como eixo central da educação, 
promovendo um processo crítico de busca da autonomia comunitária. Reafirma a 
preocupação com os aspectos biopsíquicos e socioculturais, enquanto fundamento, 
sobre o qual se constroem as concepções de homem, de mundo e de sociedade, 
abarcando a relação existente entre indivíduo, sociedade, natureza e cultura, de 
modo a atingir um pensar global e um atuar local. 
É necessário, portanto, educar para a responsabilidade ecológica em relação 
a si, aos outros e ao ambiente. Trata-se de uma conversão, “metanóia”,8 que exige 
mudança de pensamento e ação. Pela experiência profunda de Deus, o ser humano 
será capaz de uma verdadeira reconciliação. A reorientação dos caminhos da hu-
manidade se fará em Deus. A coerência cristã exige compromisso e engajamento. A 
fé exige ação transformadora. Todo conhecimento, sentimento e ação devem pro-
mover a vida. A opção pela vida, a partir de uma nova concepção e de uma nova 
consciência ecológica fará o homem assumir umas práxis libertadora, de comunhão 
e solidariedade. 
 
 
 
 
Metanóia: do grego “metánoia”. Conceito filosófico-teológico que indica trans-
formação radical de uma pessoa. Seu caráter, seu pensamento, conversão espiritu-
al. 
 
REFERÊNCIAS 
BOFF, Leonardo. Ecologia, mundialização e espiritualidade. São Paulo: Ática, 
1993. 
BOFF, Leonardo. Saber cuidar: ética do humano – compaixão pela terra. Petró-
polis, R. J: Vozes, 1999. 
BOFF, Leonardo. Ética da vida. Brasília: Letraviva, 1999. 
LEROY, Jean Pierre. Por uma consciência ecológica. Tempo e Presença, n. 305, 
maio/jun. de 1999, p. 23-24. 
MINC, Carlos. Como fazer movimento ecológico. Petrópolis: Vozes/ Ibase. 1985, 
p.57-62. 
SCHWERZ, Nestor Inácio; NETO, Osvaldo Portella Gomes. Ensino social da Igreja 
e ecologia. Petrópolis: Vozes, 1992. 
SUNG, Jung Mo. Conversando sobre ética e sociedade. Petrópolis: Vozes, 1995. 
VIEIRA, Tarcísio Pedro. O nosso Deus é um Deus ecológico: por uma compre-
ensão ético-teológica da ecologia. São Paulo: Paulinas, 1999. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
Autor: Roberto Donato da Silva Junior 
Disponível em: 
http://www.anppas.org.br/encontro5/cd/artigos/GT10-398-
329-20100903234146.pdf 
Acesso: 1º de junho de 2016 
 
A SUSTENTABILIDADE COMO HÍBRIDO: 
UM DIÁLOGO ENTRE ECOLOGIA, SOCIOLOGIA E ANTRO-
POLOGIA 
 
 
Roberto Donato da Silva Junior 
Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP 
Instituto de filosofia e Ciências Humanas – IFCH 
Núcleo de Estudos e Pesquisa Ambientais – NEPAM 
Cientista Social formado pela Faculdade de Ciências 
e Letras da Universidade Estadual Paulista “Júlio de 
Mesquita Filho”, Campus de Araraquara 
(UNESP/FCLAr), Mestre em Sociologia pelo Programa 
de Pós-Graduação em Sociologia (UNESP/FCLAr) e 
Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Am-
biente e Sociedade do NEPAM/IFCH/UNICAMP. Bol-
sista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado 
de São Paulo (FAPESP). Participa do Programa de 
Estágio de Docência (PED), na Faculdade de Ciências 
Aplicadas (FCA/UNICAMP). 
 
RESUMO: 
Este artigo tem por objetivo analisar o conceito de sustentabilidade a partir de um diálogo teórico-
metodológico entre ecologia, sociologia e antropologia. A sustentabilidade é uma ideia central na 
contemporaneidade. Se admitirmos a proposta de Beck – a vida social sob a égide do risco – torna-se 
evidente a necessidade de se analisar as questões que envolvem a sustentabilidade entre socieda-
des e naturezas. Nesse sentido, é importante dimensionar as abordagens científicas que dão suporte 
ao estabelecimento de práticas sociais sobre os processos naturais. Não se trata de recorrer à pers-
pectiva científica para encontrar a sustentabilidade “real” dentre as propostas que se apresentam em 
nosso campo de possibilidades. Mas, antes de tudo, alimentar esse mesmo campo com análises e 
 
 
 
 
propostas que viabilizem novas perspectivas de experimentação. Desse modo, pode-se compreender 
a sustentabilidade como o conjunto de propostas, científicas ou não, que tentam responder a prolife-
ração dos riscos ambientais apresentados pela saturação da modernidade industrial no mundo con-
temporâneo. Esses riscos – definidores de uma modernidade reflexiva – fizeram emergir diferentes 
propostas de sustentabilidade em diferentes domínios científicos e esferas políticas. O caráter híbrido 
desses riscos impôs a inevitabilidade de um diálogo entre as perspectivas bioecológicas e socioan-
tropológicas. Assim, procura-se nesse artigo, evidenciar que, tal como suas motivações ecológicas, 
econômicas e socioculturais, a sustentabilidade deve ser explicada como híbrido resultante de inten-
so diálogo entre diferentes discursos e linguagens científicas. 
 
 
INTRODUÇÃOEste artigo tem por objetivo analisar o conceito de sustentabilidade a partir de 
um diálogo teórico metodológico entre ecologia, sociologia e antropologia. A inten-
ção é avaliar as possibilidades de uma base teórica para a sustentabilidade de uma 
perspectiva interdependente entre as referidas abordagens científicas. Longe de 
pensar essa perspectiva pelo pressuposto da fusão e desaparecimento das discipli-
naridades, pretende-se contribuir para o estabelecimento de uma linguagem articu-
ladora entre elas. 
A sustentabilidade é um conceito central na contemporaneidade. Se admitir-
mos a proposta de Beck (1998) que vivemos sob a égide do risco – sendo a delimi-
tação e as estratégias de seu controle e/ou superação, a questão fundamental de 
nossos esforços políticos – torna-se evidente a necessidade de se analisar as ques-
tões que envolvem a sustentabilidade entre sociedades e naturezas. É de grande 
valia, também, dimensionar as abordagens científicas que dão suporte ao estabele-
cimento de práticas sociais sobre os processos naturais. Não se trata aqui de recor-
rer à perspectiva científica para encontrar a sustentabilidade “real” dentre as propos-
tas que se apresentam em nosso campo de possibilidades. Mas, antes de tudo, para 
alimentar esse mesmo campo com análises e propostas que viabilizem novas pers-
pectivas de experimentação. 
Aqui, a referência para tal perspectiva encontra eco na proposta de Ulrich 
Beck: “Uma das possíveis soluções para o curso autônomo das inovações 
tecnológicas poderia ser encontrada, por exemplo, em uma tentativa de 
apoiar politicamente o desenvolvimento de técnicas em suas zonas de risco 
tendo em vista a criação de alternativas. A uma tal tentativa deveria corres-
ponder uma nova concepção de desenvolvimento tecnológico por parte da 
ciência que se voltasse para a indicação de caminhos alternativos e não pa-
ra a produção de fatos irreversíveis (BECK, 1999, p. 177). 
 
 
 
 
 
É nesse sentido que a contribuição do arcabouço científico sobre sustentabili-
dade é compreendida nesse artigo. A noção de híbrido de Latour (1994) pode nos 
auxiliar para a delimitação de um recorte sobre a concepção de sustentabilidade. 
Para este autor, as interações entre as ações humanas e os processos naturais 
constituem-se em fenômenos indissociáveis, redes que interligam naturezas, técni-
cas e culturas, nas quais as práticas científicas insistiram em dissociar. Essas redes 
híbridas têm sua dimensão de realidade ao mesmo tempo em que se apresentam 
como um constructo sociocultural formulado nas vivências humanas. Nesse sentido, 
pode-se compreender a sustentabilidade como o conjunto de propostas, científicas 
ou não, que tentam responder a proliferação dos riscos ambientais apresentados 
pela saturação da modernidade industrial no mundo contemporâneo. Esses riscos – 
definidores de uma nova modernidade, segundo Beck (1998) – fizeram emergir dife-
rentes propostas de sustentabilidade em diferentes domínios científicos e esferas 
políticas. No que se refere ao âmbito científico, o ponto de partida dessa temática foi 
a ecologia. No entanto, o caráter híbrido dos riscos impôs a inevitabilidade de um 
diálogo entre as perspectivas bioecológicas, econômicas e sócio antropológicas. As-
sim, procura-se nesse artigo, evidenciar que, tal como suas motivações ecológicas, 
econômicas e socioculturais, a sustentabilidade deve ser explicada como híbrido 
resultante de intenso diálogo entre diferentes discursos e linguagens científicas. 
 
ECOLOGIA E SUSTENTABILIDADE 
 
A ecologia tem fundamentado suas propostas de sustentabilidade, principal-
mente, a partir dos estudos de ecologia de populações, ecologia de comunidades e 
da ecologia de ecossistemas. A relação entre dinâmica demográfica e capacidade 
de suporte parece ser o pano de fundo para a discussão da sustentabilidade. Essa 
relação é o “tema-chave” para o dimensionamento entre humanidade e processos 
ecológicos (TONWSEND et al., 2006, p. 443). A problemática do crescimento popu-
lacional da humanidade tem sido eleita de forma quase unânime pelos ecólogos co-
mo a questão fundamental da crise ambiental e de sustentabilidade. O caráter expo-
nencial do crescimento humano vem colocando em xeque a capacidade de suporte 
dos sistemas ecológicos, manejados ou não-manejados. Essa relação tem sido teo-
rizada pela ecologia dentro de uma perspectiva fortemente quantitativa. O princípio 
 
 
 
 
básico é de que todas as formas de vida têm a potencialidade de crescimento expo-
nencial. Essa premissa tem aqui a validade de um princípio universal2. Humanos e 
não-humanos encontra-se na sua potencialidade um fundamento de estruturação da 
vida (Gotelli, 2007, p. 11). Ao longo de sua história, a ecologia concentrou-se na 
busca pelo entendimento de como se deu a variabilidade das espécies, a partir da 
contenção dessa exponencialidade através das diferentes formas de competição. 
Este é um dos elementos fundamentais contribuição de Darwin para a formação do 
pensamento ecológico. 
Para garantir ao princípio da exponencialidade uma validação científica, a 
ecologia recorreu à matemática. Denominada de taxa líquida de aumento natural 
(Townsend et al., 2006, p. 211), é representada da seguinte maneira: dN/dt = rN. 
Essa equação diferencial descreve a somatória das contribuições de cada indivíduo 
por um determinado período de tempo, dividido pelo número total da população, 
dN/dt. (1/N) = r, que possibilita observar a velocidade média do aumento populacio-
nal por indivíduo. Sendo que N representa a população total, t o tempo e r a taxa 
intrínseca de aumento natural. 
“A luta pela existência é uma consequência inevitável da alta taxa à qual 
tendem a crescer todos os seres orgânicos. Todo ser, que durante a sua vi-
da natural produz vários ovos ou sementes, precisa sofrer destruição duran-
te algum período da sua vida, e durante alguma estação ou ano eventual, 
do contrário, pelo princípio do crescimento geométrico, os seus números ra-
pidamente se tornariam tão extraordinariamente grandes que nenhum país 
poderia suportar o produto. Daí, como são produzidos mais indivíduos do 
que os possivelmente capazes de sobreviver, é preciso que haja em cada 
caso uma luta pela existência, ou entre os indivíduos de espécies diferen-
tes, ou com as condições físicas da vida” (DARWIN, 1985, p.53). 
 
A compreensão de como a “luta pela existência” poderia limitar a tendência in-
trínseca de crescimento exponencial, engendrou a conceito de competição intraes-
pecífica. Esse tema, central desde o nascimento da ecologia, ganhou sua expressão 
matemática quando, em 1920, o ecólogo Raymond Pearl incorporou os modelos ma-
temáticos propostos pelo estudioso belga Pierre-François Verhulst4 (Kingsland, 
1991). O próximo passo importante na teorização ecológica foi a elaboração do con-
ceito de competição interespecífica, através da equação Lotka-Volterra, (idem, p. 8). 
Essa equação introduz na equação logística alguns elementos que permitem incor-
porar variáveis que contemplam tanto a competição intraespecífica quanto a interes-
pecífica. 
 
 
 
 
Denominada de equação logística, ela fornece uma representação de como 
a densidade populacional de uma única espécie encontra limitações na dis-
puta pelos mesmos recursos, ou seja, numa capacidade de suporte limita-
da: dN/dt = rN(1-(N/K)). De forma geral, essa equação incorpora a capaci-
dade de suporte K como limitante do crescimento exponencial, que confere, 
numa representação gráfica, uma curva sigmoidal. Essa curva sugere um 
período de crescimento semelhante ao exponencial, num primeiro momen-
to, e um refreamento desse crescimento quando a população se aproxima 
da capacidade de suporte do ambiente (TONWSEND et al., 2006). 
5 Townsend et al. nos oferecem uma explicação sobre o modelo: “A base 
do modelo Lotka-Volterra consiste na substituição deste termo (N) por outro 
que modela tanto a competição intraespecíficaquanto a interespecífica. No 
modelo denominamos N¹ o tamanho da população da população da primei-
ra espécie e N² o da segunda espécie. Suas capacidades de suporte e ta-
xas intrínsecas de crescimento são K¹, K², r¹ e r². Por analogia com a logísti-
ca, esperamos que o efeito total sobre a competição sobre digamos a espé-
cie 1 (intra e interespecífico) seja tanto maior quanto mais elevados sejam 
forem os valores de N¹ e N²; porém não podemos simplesmente colocá-los 
juntos já que os efeitos da competição sobre as duas espécies sobre a es-
pécie 1 não são provavelmente os mesmos. Então suponha que os indiví-
duos da espécie 2 tenham, entre eles, somente o mesmo efeito competitivo 
da espécie 1 (intra e interespecífico) será, então equivalente ao efeito de 
(N¹+N² * 1/10) indivíduos da espécie 1. A constante (1/10, no presente caso) 
é denominada coeficiente de competição simbolizado por ¹² (alfa um dois). 
Assim multiplicando N² por ¹², faz a conversão deste para um número de N¹ 
equivalente, e a adição de N¹ a ¹²N² nos dá o efeito competitivo total sobre a 
espécie 1” (TONWSEND et al., 2006, p. 232). Portanto, para a espécie 1 a 
equação se apresenta da seguinte forma: dN¹/dt = r¹N¹ (K¹ - (N¹ + ¹² N²)) / 
K¹. O mesmo procedimento pode ser estendido para a espécie 2, inverten-
do-se as variáveis atribuídas a espécie 1 na primeira fórmula. Com isso, te-
mos a seguinte representação: dN²/dt = r²N² (K² - (N² + ¹² N¹)) / K². 
 
Em termos teóricos e simplificados, essas três equações – a exponencial, a 
logística e a LotkaVolterra – ofereceram a base para o entendimento de como o 
crescimento exponencial das populações naturais é limitado pela competição intra-
específica e interespecífica. 
No entanto, nos últimos milênios, a humanidade teria transformado a mera 
potencialidade em efetividade, ao reunir as condições para a remoção dos entraves 
que limitavam seu crescimento. Da perspectiva ecológica, a técnica removeu os limi-
tes do crescimento humano. A manipulação permitida por ela empreendeu o rompi-
mento da dinâmica ecossistêmica na maior parte das paisagens naturais do planeta, 
colocando em xeque a sua dinâmica, a ponto de ameaçar a própria presença huma-
na (RICKLEFS, 2003). Assim, existe, em termos ecológicos, uma dissociação entre 
a humanidade e as demais populações existentes nos ecossistemas. Ou seja, a eco-
logia concentra a problemática da sustentabilidade na contradição existente entre a 
exponencialidade irrestrita da humanidade e a exponencialidade limitada da demais 
 
 
 
 
formas de vida. A questão de como adequar essas duas exponencialidades é o pon-
to de partida para busca da sustentabilidade. 
A ecologia de populações não esgota a discussão sobre as bases para a sus-
tentabilidade. A ecologia de comunidades oferece, por sua vez, o desenvolvimento 
de pesquisas relacionadas à manutenção da biodiversidade. Definido genericamente 
como “o conjunto de espécies que ocorrem juntas num mesmo lugar” (idem, p. 21), o 
conceito de comunidade é um dos pontos de discussão mais controversos da ecolo-
gia, pelas dificuldades de estabelecimento tanto de elementos definidores de escala 
espacial, quanto da natureza das interações entre as espécies nessa espacialidade6 
(Lewinsohn, 2004). No entanto, a ecologia de comunidades estabeleceu um dos ins-
trumentos mais utilizados para o reconhecimento da biodiversidade, a metodologia 
de mensuração denominada de “riqueza de espécies”. 
A referida controvérsia remonta às próprias origens da ecologia como ciên-
cia. Dois de seus fundadores clássicos, Frederic Edward Clements e Henry 
Allen Gleason ofereceram concepções radicalmente opostas à formação 
das comunidades ecológicas. Clements propõe a visão organísmica de co-
munidade, no qual esta seria um supra-organismo (Clements, 1936). Glea-
son, por sua vez, formula a hipótese individualística, a partir da premissa de 
que cada comunidade é constituída por fatores não determináveis e únicos. 
(Gleason, 1926). 
 
“In the scientific arena most attention has focused on studying biodiversity in 
terms of the number of species present at a place. Defining the spatial limits 
of biodiversity has spawned a further group of terms; α (alpha), β (beta) and 
γ (gamma) diversity. This group of terms differentiates between local species 
richness (α diversity, the number of species at a location), the regional spe-
cies pool (γ diversity, the number of different species that could be at a loca-
tion) and variability between localities (β diversity). Concentrating on the 
number of species alone reduces biodiversity to a simple metric, which is 
easy to comprehend. In ecological terms, however, this aspect of biodiversi-
ty can be more correctly defined as species richness, and describes only in 
the barest terms the biodiversity patterns which are present on the planet” 
(THOMPSON & STARZOMSK, 2007, p. 1360). 
 
A ecologia de ecossistemas também oferece elementos fundamentais para a 
questão da sustentabilidade. Considerado por muitos como o conceito integrador 
das diversas dimensões da análise ecológica – indivíduos, populações e comunida-
des –, o ecossistema pode ser definido nos seguintes termos: 
 
Os organismos vivos e o seu ambiente não-vivo (abiótico) estão insepara-
velmente inter-relacionados e interagem entre si. Chamamos de sistema 
ecológico ou ecossistema qualquer unidade (bio-sistema) que abranja todos 
os organismos que funcionam em conjunto (a comunidade biótica) numa 
dada área, interagindo com o físico de tal forma que um fluxo de energia 
produza estruturas bióticas claramente definidas e uma ciclagem de materi-
ais entre as partes vivas e não-vivas. O ecossistema é a unidade básica na 
 
 
 
 
ecologia, pois inclui tanto os organismos quanto o ambiente abiótico; cada 
um destes fatores influencia as propriedades do outro e cada um é necessá-
rio para a manutenção da vida, como a conhecemos, na Terra. Este nível de 
organização deve ser nossa primeira preocupação se quisermos que nossa 
sociedade inicie a implantação de soluções holísticas para os problemas 
que estão aparecendo agora ao nível do bioma e da biosfera (ODUM, 1988, 
p. 9). 
 
O termo apareceu na ecologia através de Tansley (Kingsland, 1991), porém 
suas especificações foram desenvolvidas por diversos ecólogos de forma paralela 
ao longo da passagem dos séculos XIX e XX (Odum, 1988; Chapin et al., 2002). 
Nesse sentido, a perspectiva ecossistêmica nos dá a possibilidade de compreender 
que a competição intra e interespecífica das espécies, oferecida pela dinâmica popu-
lacional na formação das comunidades bióticas, só pode desenvolver-se a partir da 
formação de fluxos de energia e de nutrientes, integrando, assim, um conjunto de 
relações interdependentes. Não há vida, portanto, sem as condições de reprodução 
dos ecossistemas. Há que se lembrar, ainda, a avaliação da composição das espé-
cies, atualmente tem sido realizada a partir das “relações entre biodiversidade e fun-
ções de ecossistemas” (LEWINSON, 2004, p. 116). 
De que forma pode-se levar em conta essa teorização para o estabelecimento 
de diretrizes para a sustentabilidade? Em 1991(8), a Ecological Society of America 
publicou o documento “The Sustainable Biosphere Initiative: An Ecological Research 
Agenda” (Lubchenco et al., 1991), que apresenta uma série de diretrizes para orien-
tação de pesquisa na ecologia como suporte para as propostas de sustentabilidade. 
O eixo fundamental compõe-se da articulação três orientações prioritárias de pes-
quisas: 
 
Global Change, including the ecological causes and consequences of 
changes in climate; in atmospheric, soil, and water chemistry (including pol-
lutants); and in land – and water – use patterns. Biological Diversity, includ-
ing natural and anthropogenic changes in patterns of genetic, species, and 
habitat diversity; ecological determinants ands consequences of diversity; 
the conservation of rare and declining species; and the effectsglobal and 
regional change on biological diversity. Sustainable Ecological Systems, in-
cluding the definition and detection of stress in natural and managed ecolog-
ical systems; the restoration of damaged systems; the management of sus-
tainable ecological systems; the role of pests, pathogens, and disease; and 
the interface between ecological processes and human social systems. 
(idem, p. 379). 
 
A passagem entre décadas de 1980 e 1990 apresenta-se como um momento 
privilegiado para essa discussão. A publicação do Relatório Bruntland (1991), em 
 
 
 
 
1987, e a movimentação da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento (CNUMAD) no Rio de janeiro, em 1992, contribuiu para o floresci-
mento de um intenso debate sobre as diretrizes científicas para a sustentabilidade. 
O documento enfatiza a importância de se considerar a questão da exponen-
cialidade irrestrita da humanidade como fator fundamental na elaboração de estraté-
gias para a construção de parâmetros de sustentabilidade. 
 
No discussion of the Earth’s environmental problem is complete without ex-
plicit consideration of the growth and shifting demographic patterns of the 
human population. As the world’s population continues to expand, and as 
developing nations move toward standards of living that imitate those of the 
more development nations, the effects of human population growth on the 
Earth’s resources will accelerate. It is essential to consider the impact of in-
creased economic demands for renewable and nonrenewable resources on 
ecological systems, and to recognize that humans are essential elements of 
the ecosystem we study (…) there is a real need to bring ecological tech-
niques, especially methods from population biology, to bear on the problems 
of human population growth. (…) To fully understand how human popula-
tions affect by ecological processes, the complex interfaces between ecolo-
gy and social and economic sciences and policy analyses must be devel-
oped to a much greater extent. (ibidem, p. 398). 
 
Assim, as preocupações que emergem da ecologia quanto à sustentabilidade, 
orientam-se na elaboração de propostas de, por um lado, conservação e manejo dos 
ecossistemas e, de outro, de formulação da problemática do crescimento demográfi-
co humano como um problema central da sustentabilidade. Nesse sentido, a propo-
sição de políticas de contenção da taxa de crescimento humanas tem foro privilegia-
do na ecologia. 
 
We may recognize what has to be done immediately to sustain the Earth’s 
biosphere. The actions must be: 1) Halt human population increase. In all 
likelihood the human population will have to be reduced. How much reduc-
tion is ultimately required depends upon our success in address second 
point. 2) Reduce per capita consumption of recourses. In the case of nonre-
newable resources such as petroleum, natural gas, and some metals, the 
net consumption must be reduced to zero. In the case of the renewable re-
sources, the consumption must be reduced to levels far below the maximum 
yield level in order to compensate for expected and unexpected variations in 
abundance. Most importantly, we must allow a margin of safety, since our 
knowledge of the underlying biological processes is in only a rudimentary 
form and will remains rudimentary for the forseeable future (LUDWIG, 1993, 
p. 556). 
 
No entanto, a discussão da sustentabilidade em ecologia tem, tal como 
Ludwig demonstra acima, suas limitações. A partir desse reconhecimento, um cha-
 
 
 
 
mado à colaboração entre as disciplinas científicas para o desenvolvimento de pro-
postas mais sofisticadas para a relação entre sociedades e naturezas. 
 
Addressing sustainability is more than an academic exercise. It is a vital re-
sponse to a rapidly evolving crisis and should be at the top of our research 
agendas. The forces that oppose social change for sustainability, whether 
from indifference, incomprehension, or self-interest, are powerful, and nei-
ther individual scientists nor isolated scientific disciplines will suffice to 
change understanding and policy. Science itself needs to be fully engaged in 
this challenge. The “science of humanenvironment interactions” and “sus-
tainability science” have emerged over the past decade. A combination of in-
ter and transdisciplinary approaches to sustainability, unconstrained by tradi-
tional disciplinary domains and concepts, must be encouraged. Such ap-
proaches may prove difficult to achieve within conventional university de-
partments, and purpose-built interdisciplinary centers will therefore be need-
ed (MCMICHAEL et al., 2003, p.1920). 
 
Como a sociologia atendeu a esse chamado? 
 
SOCIOLOGIA E SUSTENTABILIDADE 
 
A resposta pode ser colocada nos seguintes termos: 
 
(...) o conhecimento socioambiental já produ-
zido permite ir além da questão dos impactos 
do progresso técnico sobre o ambiente natu-
ral e construído, para o enfrentamento de te-
mas que levam as ciências biológicas e soci-
ais convergirem para um pensamento opera-
tório compartilhado e de uma linguagem 
transfronteira. Não se trata, portanto, de 
abrirmos mão de nossas especificidades dis-
ciplinares, mas tentarmos analisar os diferen-
tes objetos correlacionados ao problema am-
biental de forma mais ampla (FERREIRA, 
2006, p. 95-96). 
 
A constituição de uma fase mais propositiva sobre as questões ambientais, 
para além de seu momento denunciatório, exige, por certo, um aprofundamento da 
articulação dos discursos científicos. Esse aprofundamento é umas das condições 
para a formulação de respostas concernentes à hibridização que os riscos ambien-
tais impuseram ao mundo contemporâneo. Nesse sentido a discussão sobre susten-
tabilidade em sociologia está indissociavelmente relacionada à interdisciplinaridade. 
Interessante notar que, para atender as novas demandas explicativas de uma socie-
dade ameaçada por esses riscos, a sociologia teve especializar-se num subcampo, 
 
 
 
 
denominado sociologia ambiental. Há, portanto, o florescimento de uma tensão cria-
tiva entre disciplinaridade e interdisciplinaridade. A gradativa sensibilidade da teoria 
social aos discursos ecológicos possibilitou a gestação desse processo ainda incipi-
ente, para a construção das propostas de sustentabilidade. 
A década de 1970, fortemente marcada pela teorização dos ecologistas radi-
cais, buscou alternativas de adequação entre sociedades e naturezas tanto pela via 
da descentralização (Ivan Illich, Jean-Pierre Dupuy e André Gorz) quanto da centra-
lização (Willian Ophuls) político-econômica. De um lado, a proposta radical de uma 
sociedade pós-industrial organizada através da auto-gestão e da ajuda-mútua, como 
forma de combate à constituição heterônima de técnicas organizadas em monopó-
lios radicais9. Para Illich, a construção de um modo de organização que estabelece 
parâmetros sustentáveis de vida social e ambiental, a convivencialidade, deve ser 
empreendida a partir de uma visão kropotkiniana de sociedade: 
 
Uns dizem que é mais fácil ocuparmo-nos da população, outros que é mais 
cômodo reduzirmos a produção que origina a entropia. A honestidade obri-
ga-nos a todos a reconhecer a necessidade de uma limitação da procriação, 
do consumo e do esbanjamento, mas importa mais abandonar a ilusão de 
que as máquinas podem trabalhar por nós, ou de que os terapeutas nos po-
dem capacitar a servirnos delas. A única solução para a crise ecológica 
consiste em fazer as pessoas compreenderem que seriam mais felizes se 
pudessem trabalhar juntas e prestar-se assistência mútua (ILLICH, 1976, p. 
68). 
 
O conceito de ferramenta para Illich: “As ferramentas supereficientes podem 
destruir o equilíbrio entre o homem e a natureza e destruir o meio ambiente. 
Mas as ferramentas podem ser supereficientes de uma maneira completa-
mente diferente: podem alterar a relação entre o que as pessoas precisam 
fazer por si mesmas e o que obtém daindústria. Dentro desta última dimen-
são, uma produção supereficiente provoca um monopólio radical. (...) en-
tendo por este termo, mais do que o domínio de uma marca, o de um tipo 
de produto. Neste caso, um processo de produção industrial exerce um con-
trolo exclusivo sobre a satisfação de uma necessidade premente, excluindo 
nesse sentido qualquer recurso às atividades não industriais” (ILLICH, 1976, 
p. 70-71). 
 
Por outro lado, Ophuls, da perspectiva centralizadora, afirma que a constitui-
ção de uma sociedade em estado de equilíbrio – inspirada na concepção de equilí-
brio ecossistêmico muito em voga na década de 1970 – deve incorporar as necessi-
dades de desenvolvimento humano em sentido lato. 
 
However, it is important to understand from the outset that the exact nature 
of the balance at any time depends on technological capacities and social 
choice, and as choices and capacities changes, organic growth can occur. 
 
 
 
 
For this reason, the stead-state is by no means a state of stagnation; it is in-
stead a dynamic equilibrium affording ample scope for the continued artistic, 
intellectual, moral, scientific, and spiritual growth. Indeed, without substantial 
human growth in every dimension, the stead-state society never can be real-
ized. Devising an ecological technology or a new set of political institutions 
for the stead state is the lesser part of problem, for its core is ethical, moral, 
and spiritual (OPHULS, 1977, p. 13). 
 
Atribuindo à escassez de recursos a fonte dos conflitos políticos e da degra-
dação ambiental desenfreada, o autor recorre à concepção hobbesiana de política – 
o Estado centralizado como ordenador e promotor do desenvolvimento humano – 
como alternativa para a adequação entre estado de equilíbrio social e ecológico. 
A passagem das décadas de 1980 e 1990, momento da institucionalização da 
sociologia ambiental, coincide com o aparecimento de um discurso moderado em 
relação à questão ambiental e à sustentabilidade. A produção teórica da sociologia 
ambiental apresenta, também, uma compreensão mais complexa da relação entre 
questão ambiental, sociedade e política, do que o ponto de vista radical dos ecolo-
gistas da década de 1970 (Ferreira, 2006). A evidência desse processo se materiali-
za nos estudos fundamentados no paradigma da modernidade reflexiva (Beck, 1998 
e Giddens, 2000). Segundo Ferreira, essa perspectiva embasa tanto as teorias so-
bre modernização ecológica (Spaargaren, Mol, Buttel, 2000), quanto a perspectiva 
construtivista (Yearley,1996 e Hannigan, 2000). 
A modernização ecológica apresenta-se como uma teoria social que possibili-
ta a construção de reorganização dos elementos da modernidade para a adequação 
da relação entre sociedade e processos ecológicos. 
 
As a theory of social change, ecological modernization meant a break with 
demodernizing perspectives which had dominated the environmental dis-
course until then. As against both counter-productivity theory and radical 
ecological thinking, the ecological modernization theory starts from the prop-
osition that the environmental crisis can and should be overcome by a fur-
ther modernization of the existing institutions of modern society. As a formal 
theory, it is attempt ‘to define nature as a new and essential subsystem’ and 
to develop a specific set of social, economic and scientific concepts that 
make environmental issues calculable and – by doing so – facilitate the ‘in-
tegration of ecological rationality as a key variable in social decision making’ 
(…) (SPAARGAREN, 2000, p. 56). 
 
Ao recusar as teorias illichianas do contra produtividade do modelo industrial 
e das concepções radicais entre ecologização via centralidade estatal de Ophuls, os 
propositores da modernização ecológica acreditam que as questões ambientais po-
 
 
 
 
dem ser mensuradas como um dos elementos da regulação estatal nas relações 
entre mercado e sociedade. Assim, a sustentabilidade pode ser contabilizada. Fer-
reira (2005) aponta que essa sustentabilidade quantificável obedece a duas dimen-
sões básicas: uma sustentabilidade “fraca” e uma sustentabilidade “forte”. 
 
“Uma que segue o padrão da fraca sustentabilidade, na qual se acredita ser 
possível a substituição absoluta do capital natural pela capital material, onde 
a tecnologia tem perfeitas condições de promover o processo de transfor-
mação, desde que determinado montante de recursos oriundos do cresci-
mento econômico seja investido exclusivamente nessa função, e outra que 
segue o padrão de forte sustentabilidade, na qual as duas formas de capital 
não são substituíveis, e assim, o crescimento econômico necessariamente 
teria que ser condicionado à manutenção constante do estoque de capital 
natural, ou seja, mantidas as bases físicas da natureza inalteradas por in-
termédio do estabelecimento de instrumentos políticos” (FERREIRA, 2005, 
p.100). 
 
O modelo teórico construtivista, por sua vez, centra-se, na interpretação de 
como que a materialidade das questões ambientais são socialmente formuladas, 
para desse modo, ser transformadas em objetos de mobilização política. Nesse sen-
tido, a produção do conhecimento científico sobre os riscos ambientais deve ser 
considerada como um elemento fundamental da construção social dos discursos 
sobre o ambiente11. Dentro dessa perspectiva teórica, a sustentabilidade dever ser 
pensada como um constructo formulado através da produção de conhecimento e da 
disseminação da percepção dos riscos pela sociedade. Entre a materialidade dos 
processos ecológicos e os procedimentos de ação política nascidos desse construc-
to, Yearley define desenvolvimento sustentável como: 
 
(…) A form of socioeconomic advancement which can continue indefinitely 
without exhausting the world’s resources or overburdening the ability of nat-
ural systems to cope with pollution. The key point is often expressed through 
analogy, by saying that development means living off the interest of the 
Earth’s natural productivity without gnawing away at the capital. Develop-
ment means of that sort could, in principle, continue indefinitely; it would face 
no natural limits (YEARLEY, 1996, p. 131). 
 
Hannigan reconhece seis “passos” para um processo de construção da dis-
cursividade ambiental: “1. Scientific authority for and validation of claims. 2. 
Existence of ‘popularisers’ who can bridge environmentalism and science. 3. 
Media attention in which the problem is ‘framed’ as novel and important. 4. 
Dramatization of the problem in symbolic and vision terms. 5. Economic in-
centives for taking positive action. 6. Emergency of an institutional sponsor 
who can ensure both legitimacy and continuity” (HANNIGAN, 2000, p.55). 
 
 
 
 
 
Essa concepção implica, segundo Ferreira (2005), numa dupla sustentabilida-
de: uma ecológica, referente aos processos naturais de manutenção ecossistêmica; 
e, outra, ambiental, que implica no gerenciamento antrópico para a reprodução dos 
ecossistemas, a partir de procedimentos tecnológicos. 
Há nesse momento condições de esboçar uma comparação entre a perspec-
tiva de sustentabilidade apresentada pela teoria ecológica e pela teoria sociológica? 
A ecologia, como vimos, constrói suas linhas gerais para a sustentabilidade dando 
ênfase mais às condições de renovabilidade dos ecossistemas, da conservação da 
biodiversidade e das condições climáticas que compõe a biosfera. Por outro lado, a 
sociologia ambiental formula suas concepções de sustentabilidade a partir da ênfase 
nas relações socioculturais e econômicas que possibilitariam uma relação não-
destrutiva com os processos naturais. Quando se reporta as questões sociais, a eco-
logia prioriza as possibilidades de contenção da exponencialidade irrestrita da hu-
manidade, para que esta não interfira no desenvolvimento dos processos ecológicos 
(Lubchenco et al., 2001; Ludwig, 1993). A sociologia, por sua vez, refere-se à natu-
reza como umelemento que deve ser levado em conta para a resolução dos pro-
cessos de regulação socioeconômica da contemporaneidade (Ophuls, 1977; Spaar-
garen, 2000). Quando não, considera a resolução das contradições sociais como 
principal fator para solução dos problemas ecológicos (Illich, 1976). Desse modo, 
pelo prisma ecológico, as questões sociais fazem parte da sustentabilidade, desde 
que essa mantenha sua centralidade na dimensão bio-ecológica. Pela ótica socioló-
gica, as questões ecológicas fazem parte da sustentabilidade, desde que essa man-
tenha sua centralidade na dimensão socioeconômica. 
Talvez esteja aí a pertinência de Yearley ao sugerir a existência de uma sus-
tentabilidade bifurcada em uma esfera ecológica e uma esfera ambiental (Ferreira, 
2005). No entanto, as duas perspectivas concentram esforços para a construção da 
interdisciplinaridade. Quais são, então, as condições teóricas existentes na contem-
poraneidade em promover a articulação desses dois discursos, sem, no entanto, 
perder a especificidade que lhes confere força e originalidade? 
 
 
ANTROPOLOGIA, SOCIEDADES E NATUREZAS 
 
 
 
 
 
Latour nos oferece a seguinte resposta: 
 
Este dilema permaneceria sem solução caso a antropologia não nos hou-
vesse acostumando, há muito tempo, a tratar sem crise e sem crítica o teci-
do inteiriço das naturezas-culturas. (...) Basta enviá-lo (o etnógrafo) aos 
arapesh ou achuar, aos coreanos ou chineses, e será possível uma mesma 
narrativa relacionando o céu, os ancestrais, a forma das casas, as culturas 
do inhame, de mandioca ou de arroz, os ritos de iniciação, as formas de go-
verno e as cosmologias. Nem um só elemento que não seja ao mesmo 
tempo real, social e narrado (LATOUR, 1994, p. 12). 
 
O autor defende a posição de que antropologia, por sua tradição de analisar 
as culturas não ocidentais, teve de construir uma percepção metodológica capaz de 
compreender as concepções não dicotômicas entre sociedades e naturezas apre-
sentada por esses grupos. Nesse sentido, o discurso antropológico seria de grande 
auxílio para a formulação de uma interpretação mais complexa em relação aos 
questionamentos que a contemporaneidade, vivendo sob a égide do risco, precisa 
enfrentar. Mas, como? 
É possível encontrar os fundamentos teórico-metodológicos dessa visão arti-
culadora dos fenômenos em autores clássicos da antropologia, como, por exemplo, 
Bronislaw Malinowski e Marcel Mauss. O primeiro estabeleceu as bases da etnogra-
fia contemporânea, a partir de uma concepção de cultura como “(...) uma totalidade 
que não podemos retalhar, isolando objetos da cultura material, sociologia pura ou 
linguagem como um sistema contido em si mesmo” (MALINOWSKI, 1986. p. 171). 
Mauss propôs, por sua vez, um poderoso conceito explicativo para essa articulação 
das diversas dimensões dos fenômenos socioculturais, denominado “fato social to-
tal”12. Ele tenta dar conta da indissociabilidade das diferentes formas de relação – 
econômicas, sociais, políticas e culturais –, tal como se apresenta pela expressão 
lógica do pensamento não ocidental. Talvez seja necessário ressaltar que para 
Mauss, essa totalidade não se apresenta como um bloco fechado e estático de rela-
ções, mas como uma miríade de relações autoimplicadas13. 
 Para Mauss, “nesses fenômenos sociais “totais”, como nos propomos cha-
má-los, exprime-se, ao mesmo tempo e de uma só vez, toda espécie de ins-
tituições: religiosas, jurídicas e morais (...); econômicas – supondo formas 
particulares de produção e consumo, ou antes, de prestação e de distribui-
ção, sem contar os fenômenos estéticos nos quais desembocam tais fatos e 
os fenômenos morfológicos que manifestam essas instituições” (MAUSS, 
1992, p. 41). 
 
Claude Lévi-Strauss adverte que, para Mauss, a ideia de fato social total 
não exprime a homogeneidade dos elementos socioculturais, mas, antes, 
uma totalidade “(...) folheada (...) e formada de uma multidão de planos dis-
 
 
 
 
tintos e justapostos. (...) Esta totalidade não suprime o caráter específico 
dos fenômenos (...), de tal modo que ela consiste, em suma, na rede de in-
ter-relações funcionais entre todos esses planos” (LÉVI-STRAUSS, 1993. p. 
14). 
 
A contribuição de Claude Lévi-Strauss nessa seara foi tentar compreender as 
“opções secretas” que possibilitam a articulação dessas relações em cada configu-
ração sociocultural, a partir de um jogo de interações entre os elementos cognitivos 
do inconsciente humano e as condições ecológicas nas quais cada sociedade se 
realiza15. Nesse sentido, o autor concentra-se em compreender como a matriz in-
consciente do pensamento “selvagem” opera, a partir de uma apreensão metafórica 
e metonímica dos signos que compõe a reflexão mítico-mágica da existência. Como 
forma de ilustrar a operacionalidade desse tipo de pensamento, Lévi-Strauss o com-
para ao “Bricoleur”: este artesão, ao juntar partes de diferentes arranjos antigos para 
a construção de novos instrumentos ou peças, dá novo “sentido” às partes utiliza-
das, gerando, assim, um novo arranjo, com uma função radicalmente diferente dos 
objetos antigos. O mito, do mesmo modo, opera este “deslocamento” de significado 
de “objetos antigos” para “novos objetos” e significantes, a partir da construção de 
narrativas fantásticas, nas quais fenômenos humanizados e naturalizados se mes-
clam em busca de sentidos para o mundo. O deslocamento de um significado de seu 
significante “original” para a denominação de novos e diferentes fenômenos possibi-
lita, assim, um pensamento integrador entre diversas dimensões da realidade. 
 
A busca por uma lógica que orienta as configurações socioculturais é a bus-
ca fundamental do autor: “O que faz a originalidade de cada uma delas [as 
culturas] está antes na sua maneira particular de resolver problemas, de 
perspectivar valores, que são aproximadamente os mesmos para todos os 
homens: pois todos os homens, sem exceção, possuem uma linguagem, 
técnicas, uma arte, conhecimentos positivos, crenças religiosas, uma orga-
nização social, econômica e política. Ora, essa dosagem nunca é exata-
mente a mesma para cada cultura, e, cada vez mais, a etnologia moderna 
dedica-se menos a erigir um inventário de traços separados, do que a des-
cobrir as origens secretas dessas opções” (LÉVI-STRAUSS, 1993. p. 349). 
 
A passagem é digna de nota, já que o autor foi insistentemente acusado de 
atribuir ao inconsciente humano um espaço esmagador na constituição das 
culturas: “A observação etnográfica não nos obriga a escolher entre duas 
hipóteses: a de um espírito plástico, passivamente modelado por influências 
exteriores, e a de leis psicológicas universais, porque inatas, engendrando 
por todo o lado os mesmos efeitos sem deixar papel a desempenhar à histó-
ria e às particularidades do meio ambiente. O que nós observamos e deve-
mos tentar descrever são antes as tentativas para realizar uma espécie de 
compromisso entre, por um lado, certas orientações históricas e certas pro-
priedades do meio ambiente e, por outro, as exigências mentais que, em 
cada época, prolongam as que têm a mesma natureza daquelas que as 
 
 
 
 
precederam no tempo. Ao ajustar-se uma a outra, estas duas ordens de 
realidades fundem-se e constituem então um conjunto significante. (...) Con-
frontado com condições técnicas e econômicas ligadas as características do 
meio ambiente natural, o espírito não fica passivo. Não reflete estas condi-
ções; reage a elas e articula-as logicamente em sistema” (LÉVISTRAUSS, 
1983 p. 152-161). 
 
Na década de 1970, o marxismo antropológico ressaltou essa propriedade ar-
ticuladora dos fenômenos para as culturas não-ocidentais, a partir da ênfase nas 
condições materiais de existência. Para Maurice Godelier, a abordagem levi-
straussiana é importante, mas, insuficiente para explicar o processo de produção do 
social. Postulando uma antropologia econômica de inspiração explicitamente marxis-
ta, o autor defende

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