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ANDRÉ BOMFIM FERREIRA ÍNDICE DE BARTHEL E A MEDIDA DE INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL: INDICAÇÃO, VALIDAÇÃO E APLICAÇÃO Introdução: A avaliação do grau comprometimento funcional é definida como qualquer tentativa sistemática de medir objetivamente o nível de funcionalidade em vários aspectos que incluem saúde física, habilidade de auto-manejo, qualidade na execução das atividades, estado intelectual, atividade social e estado emociona (Barbetta et al, 2008). A escolha adequada do instrumento de avaliação depende do ambiente operacional e dos objetivos a serem estudados (Minosso et al, 2010). As escalas comumente utilizadas para avaliação da independência funcional são o Índice de Barthel e a Medida de Independência Funcional (MIF), ambas trazem em seu escopo avaliações das atividades rotineiras do paciente. Medida de independência Funcional (MIF) Em 1983, Granger e colaboradores, apoiados pelo Congresso e pela Academia Americana de Medicina e Reabilitação, reuniram um conjunto de dados para mensuração da incapacidade e para avaliação dos resultados de programas de reabilitação. Nesse projeto, foram revisados 36 instrumentos de avaliação funcional, publicados e não publicados, com o intuito de identificar os itens mais comuns e úteis para a elaboração de uma escala que fosse capaz de avaliar a função em diversas condições de incapacidade, como o acidente vascular cerebral, a esclerose múltipla, a lesão medular, além de outras doenças ( Granger et al, 1998). No Brasil a escala foi validada pelo pesquisador Marcelo Riberto e colaboradores em 2000, sendo que o objetivo primordial da escala é avaliar de forma quantitativa a carga de cuidados demandada por uma pessoa para a realização de uma série de tarefas motoras e cognitivas de vida diária. A reprodutibilidade da escala foi realizada através de uma revisão de literatura escrita por Barbetta e Assis em 2008. Considerada padrão ouro a MIF é comumente utilizada em ambulatórios e unidades hospitalares de reabilitação (Minosso et al, 2010). Pois, avalia de forma quantitativa a carga de cuidados demandada por uma pessoa para a realização de uma série de tarefas motoras e cognitivas de vida diária, direcionando a equipe interdisciplinar a programar os objetivos a serem alcançados para sua independência ou treino familiar, observando e ressaltando a sua capacidade preservada e as possibilidades de intervenção (Silva et al. 2012). A escala é composta por 18 categorias agrupadas em seis dimensões: autocuidado, controle de esfíncteres, transferências, locomoção, comunicação e cognição social. Cada item tem uma pontuação de 1 a 7, em que 1 corresponde à dependência total e 7, à independência completa. Cada dimensão é analisada pela soma dos itens que a compõem. Nesse instrumento são descritos dois domínios: o motor, referente às dimensões de autocuidado, controle de esfíncteres, transferências e locomoção; e o cognitivo, que engloba as dimensões de comunicação e cognição social. O escore total da MIF é obtido somando-se a pontuação de cada dimensão, sendo que o mínimo é de 18 e o máximo, de 126 pontos. Até 18 pontos, considera- se que há dependência completa, com necessidade de assistência total; de 19 a 60 pontos, dependência modificada, com assistência de até 50% na tarefa; de 61 a 103 pontos, dependência modificada, com necessidade de assistência de até 25% na tarefa e de 104 a 126 pontos, equivalente a independência completa/modificada. Índice de Barthel O índice de Barthel (IB) é um instrumento que avalia o nível de independência do sujeito para a realização de dez atividades básicas de vida: comer, higiene pessoal, uso de sanitários, tomar banho, vestir e despir, controle de esfíncteres, deambular, transferência da cadeira para a cama, subir e descer escadas (Araújo et al, 2007). A Validação e adaptação transcultural foi realizada por Minosso e colaboradores em 2010 sua confiabilidade foi verificada por meio do alfa de Cronbach. Todas as correlações entre os itens foram positivas e significativamente diferentes de zero. O alfa da escala total obtido para os 10 itens foi de 0,90, que indicou ótima confiabilidade e confirmou a homogeneidade dos itens (Minosso et al, 2010). Ainda segundo o autor o na análise do critério convergente o índice está relacionada com a aplicação de dois instrumentos equivalentes. Todos os itens da MIF apresentaram coeficientes de correlação significativos com o Índice de Barthel. No contexto clínico o IB dá-nos informação importante não só a partir da pontuação total mas também a partir das pontuações parciais para cada actividade avaliada, porque permite conhecer quais as incapacidades específicas da pessoa e como tal adequar os cuidados às necessidades (Araújo et al., 2007). Cada atividade apresenta entre 2 a quatro níveis de dependência, em que 0 corresponde à dependência total e a independência pode ser pontuada com 5, 10 ou 15 pontos de acordo com os níveis de dependência. Numa escala de 10 itens o seu total pode variar de 0 a 100, sendo que um total de 0-20 indica Dependência total; 21-60 Grave dependência; 61-90 Moderada dependência; 91-99 Muito leve dependência e 100 Independência (Azeredo & Matos, 2003). Escala Medida de Independência Funcional Escala Índice de Barthel Referências Azeredo, Z., & Matos, E. (2003). Grau de dependência em doentes que sofreram AVC. Revista da Faculdade de Medicina de Lisboa, 3 Série, 8 (4), 199-204 Araújo, Fátima et al. Validação do Índice de Barthel numa amostra de idosos não institucionalizados. 2007 Barbetta DC, Assis MR. Reprodutibilidade, validade e responsividade da escala de Medida de Independência Funcional (MIF) na lesão medular: revisão da literatura. Acta Fisiatr. 2008 Set; 15(3):176-81. Granger CV. The emerging science of functional assessment: our tool for outcomes analysis. Arch Phys Med Rehabil 1998;79(3):235-40. Minosso, Jéssica Sponton Moura et al. Validação, no Brasil, do Índice de Barthel em idosos atendidos em ambulatórios. Acta paulista de Enfermagem, v. 23, n. 2, p. 218- 223, 2010. Riberto, M., Miyazaki, M., Jucá, S., Sakamoto, H., Pinto, P. e Battistella, L. 2004. Validação da Versão Brasileira da Medida de Independência Funcional. Acta Fisiátrica. 11, 2 (ago. 2004), 72-76. Silva, G.A.; Schoeller, S.D.; Gelbcke F.L.; Carvalho Z.M.F.; Silva E.M.J.P. Avaliação funcional de pessoas com lesão medular: Utilização da escala de independência funcional – mif. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2012 Out-Dez; 21(4): 929-36.
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