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1 2 3 4 5 TECENDO EXPERIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO ESPECIAL Educação Especial – SMED 2020 Caxias do Sul Secretaria Municipal da Educação – SMED 2020 PREFEITO Flávio Guido Cassina SECRETÁRIA Flávia Melice Vergani DIREÇÃO PEDAGÓGICA Carla Roberta Sasset Zanette GERÊNCIA PEDAGÓGICA Marijara Gobbi (Organização) ASSESSORIA PEDAGÓGICA EDUCAÇÃO ESPECIAL Caroline Argôlo Almeida Daiane Siota Eva Márcia Borges Fernandes Francieli Rodrigues Hertz da Silva Mara Teresinha Rossatto EDITORAÇÃO E REVISÃO Cassiano Renosto Carla Roberta Sasset Zanette Caroline Argôlo Almeida Daiane Siota Eva Márcia Borges Fernandes Francieli Rodrigues Hertz da Silva Mara Teresinha Rossatto Marijara Gobbi 6 Catalogação na fonte elaborada pelo bibliotecário Marcelo Ribeiro Bohm – CRB 10/2032 FALE CONOSCO Endereço para correspondência Rua Borges de Medeiros, 260 - Centro - 95020-310 E-mail smedeventos@caxias.rs.gov.br Telefone (54) 3901-2323 C384t Caxias do Sul. Secretaria Municipal da Educação Tecendo experiências na educação especial / Secretaria Municipal da Educação; [organização de] Flávia Melice Vergani, Carla Roberta Sasset Zanette, Marijara Gobbi; [coordenação de] Caroline Argôlo Almeida, Daiane Siota, Eva Márcia Borges Fernandes, Francieli Rodrigues Hertz da Silva, Mara Teresinha Rossatto. – Caxias do Sul: Secretaria Municipal da Educação, 2020. 215 p. ISBN 978-65-88948-01-9 1. Caxias do Sul – Educação Especial – Relatórios administrativos. 2. Educação Especial. I. Vergani, Flávia Melice. II. Zanette, Carla Roberta Sasset. III. Gobbi, Marijara. IV. Título. CDU 376(816.5CAXIASDOSUL)(047.32) Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Secretaria Municipal da Educação de Caxias do Sul mailto:smedeventos@caxias.rs.gov.br 7 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO .............................................................................................................................7 EDUCAÇÃO ESPECIAL: ALINHAVANDO SABERES E ENTRELAÇANDO EXPERIÊNCIAS.........9 VAMOS FALAR SOBRE EDUCAÇÃO PARA TODOS?...................................................................11 MEDIAR COM CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA OU QUE APRESENTAM ALTERAÇÕES NO DESENVOLVIMENTO.....................................................................................................................17 ESTIMULAÇÃO PRECOCE EM BEBÊS E CRIANÇAS..................................................................33 ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: REFLEXÕES E RELATOS DE EXPERIÊNCIA...............................................................................45 ENTENDENDO O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA.......................................................63 DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: REFLEXÕES E ESTRATÉGIAS PARA ATUAÇÃO PEDAGÓGICA.................................................................................................................................67 DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA, CONCEITO E INTERVENÇÕES..........................................................79 A INCLUSÃO DE UM ESTUDANTE COM QUADRIPLEGIA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA..............................................................................................................................................91 SURDEZ: ANÁLISE SOBRE OS CONCEITOS EXISTENTES NA ÁREA DA SURDEZ..................97 DEFICIÊNCIA VISUAL: EDUCAÇÃO, HABILITAÇÃO E REABILITAÇÃO....................................102 SOROBAN: UMA BREVE APRESENTAÇÃO................................................................................114 ESTUDANTES COM ALTAS HABILIDADES NA ESCOLA...........................................................120 ATENDIMENTO PARA ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO: PARCERIAS ENTRE O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO E O ENSINO REGULAR COMUM.........................................................................................................................................124 FUNÇÕES EXECUTIVAS E SUA IMPORTÂNCIA PARA A APRENDIZAGEM............................130 REAGRUPAMENTO: UMA PROPOSTA PARA SUPERAR AS DIFICULDADES E POTENCIALIZAR AS HABILIDADES..........................................................................................................................144 ASSISTIR: O PAPEL DO PROFESSOR E OS RECURSOS DE TECNOLOGIA ASSISTIVA PARA OS ESTUDANTES DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO CONTEXTO DE AULA NÃO PRESENCIAL................................................................................................................................149 QUEM É O CUIDADOR EDUCACIONAL E QUAL SEU PAPEL?.................................................167 FLEXIBILIZAÇÃO E ADAPTAÇÃO CURRICULAR: ESTRATÉGIAS NECESSÁRIAS PARA GARANTIR UMA INCLUSÃO DE QUALIDADE............................................................................172 ADAPTAÇÃO DE INSTRUMENTOS AVALIATIVOS PARA ESTUDANTES PÚBLICO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL................................................................................................................190 REGISTROS PEDAGÓGICOS NA EDUCAÇÃO ESPECIAL........................................................197 O OLHAR ATENTO E SENSÍVEL DO EDUCADOR: CONSIDERANDO O SER, FAZER, SENTIR E EXISTIR DE ESTUDANTES PÚBLICO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL. .........................................209 8 9 APRESENTAÇÃO O livro Tecendo experiências na Educação Especial, organizado pela professora Marijara Gobbi, é um convite para uma leitura atenta e minuciosa, cujas temáticas versam sobre situações emergentes e contemporâneas que perpassam o cotidiano escolar e circulam as práticas educativas. Este documento é resultado de estudos realizados por profissionais da educação, entrelaçados às concepções, vivências e percepções relacionadas ao contexto da educação especial na perspectiva inclusiva. Buscar subsídios que problematizem e desafiem a investigação de pressupostos teórico- metodológicos representa uma estratégia de reflexão oportuna em tempos de uma educação contemporânea, na intenção de promover um encontro estreito entre a formação de professores e a prática pedagógica. Os conceitos de educação inclusiva e educação especial são apresentados e atrelados às concepções teóricas e às relações pedagógicas, com reverberações às rotas educacionais. Os textos foram pensados e escritos por profissionais da educação, de modo a potencializar as vozes e a interação dos protagonistas que vivenciam o cenário de educação inclusiva no município de Caxias do Sul. Este livro é, portanto, a materialização do engajamento pela causa da educação especial inclusiva e se vincula às reflexões e sistematizações referentes a esse propósito. São escritas que provocam e instigam o leitor a adentrar nas relações pedagógicas, conhecendo os desafios que precisam ser construídos, como processo individual e social, no propósito de potencializar a formação humana e dar continuidade aos desdobramentos de formação docente. Que outras iniciativas de autorias se manifestem a partir deste movimento! Meu desejoé de uma ótima leitura! Carla Roberta Sasset Zanette Diretora Pedagógica Secretaria Municipal da Educação Caxias do Sul/RS 8 9 EDUCAÇÃO ESPECIAL: ALINHAVANDO SABERES E ENTRELAÇANDO EXPERIÊNCIAS (...) pouco tempo depois tinha construído uma ponte. Na verdade, meia ponte, que chegou até a ponte do vizinho. Ele, então, atravessou o rio. Inicio minha escrita com o trecho do livro A Ponte, de Eliandro Rocha, relembrando um dos raros momentos presenciais deste ano em que o Setor da Educação Especial da Secretaria Municipal da Educação (SMED) teve com os professores atuantes no Atendimento Educacional Especializado (AEE). Naquela ocasião, utilizamos essa história de forma simbólica para restabelecer a relação entre SMED e escolas que estava adormecida. De certo, não contávamos com um vírus desconhecido e perigoso a assombrar nossos planos, trazendo com ele tantas restrições e, entre elas, o distanciamento social. Entretanto, o Coronavírus não foi páreo para que nos mantivéssemos firmes em nosso propósito. Além de todos os desafios e tensões vivenciados neste ano de pandemia, percebemos a necessidade de não perdermos o vínculo com os professores do AEE, mesmo à distância. Uma coisa é certa: tivemos que nos reinventar. O Setor da Educação Especial - SMED, por meio de sua assessoria pedagógica, foi incansável na busca de estratégias de manutenção das orientações voltadas ao AEE, bem como fomento à qualificação dos professores por meio da oferta de formação continuada com lives, videoaulas, reuniões virtuais e cursos online. A ideia desse livro, com coletânea de textos que abordam o tema educação inclusiva, surgiu como mais uma forma de oferecer subsídios de estudo e pesquisa; não somente para os professores do AEE, mas, também, para todos os professores da nossa RME que possuem crianças e estudantes com deficiência, autismo ou altas habilidades em sua sala de aula, seja ela virtual ou presencial. Enquanto professora municipal, com boa parte de minha trajetória dedicada à Educação Especial, olho para trás e observo o quanto caminhamos em prol de uma educação inclusiva, onde crianças e estudantes de todos os tipos podem conviver em espaços escolares mais acolhedores. Acredito que, futuramente, lembraremos dos debates e discussões sobre estratégias de ensino e práticas pedagógicas, que nos permitiram construir o ambiente escolar favorável e atento às diferenças, vislumbrando o caminho trilhado pela Rede Municipal de Ensino de Caxias do Sul ao longo desses mais de 10 anos de educação especial na perspectiva inclusiva. Não se trata somente de colocar em prática os textos legais, por meio de políticas públicas em Educação Especial, mas também em assumir nossa postura de educadores. Tal função implica no constante desafio de lidar com as mais variadas formas de ensinar e de aprender. Os textos aqui 10 presentes procuram mostrar caminhos, tecendo experiências e compartilhando possibilidades de intervenção em sala de aula. Os saberes e experiência docentes são ricos e merecem ser valorizados. Pensando nisso, apresentamos esta coletânea de textos, como forma de contribuir com a prática pedagógica dos professores. Com uma escrita simples e direcionada à realidade da sala de aula, os autores relatam experiências, sugestões e convidam o leitor a refletir sobre a educação especial na perspectiva inclusiva sob diferentes pontos de vista, numa tessitura de saberes. Eternamente aprender, este é o nosso desafio de ontem, hoje e sempre. Marijara Gobbi Gerente da Educação Especial Secretaria Municipal da Educação Caxias do Sul/RS 11 VAMOS FALAR SOBRE EDUCAÇÃO PARA TODOS? Tania Mara da Rocha Psicóloga Especialista em Transtornos do Desenvolvimento Pós-Graduada em Neuropsicologia Figura 1 - Integração Fonte: Cronos (2016) Temos, seguramente, 60 anos de fundamentação para o atendimento de pessoas com deficiência no contexto educacional regular. A Lei nº 4.024 (1961) tem como trecho principal nessa ótica: “A Educação dos excepcionais deve, no que for possível, enquadrar-se no sistema geral de Educação, a fim de integrá-los na comunidade.” Nestes 60 anos, houve muitas idas e vindas sobre o tema, houve obstáculos, mas também houve maravilhosos exemplos de pessoas inseridas na escola regular, e que por esta única oportunidade começaram a demonstrar potencial anteriormente não percebido. Portanto, é possível concluir que está no ensino regular, no convívio com a diversidade, a possibilidade de oportunizar as condições básicas para que todos possam aprender a seu tempo, dentro de suas possibilidades, necessidades e limitações. A oportunidade de estar nos bancos escolares, num ambiente rico de estímulos, dá ao mundo a oportunidade de conhecer a história de vida de pessoas como: a) Dudu Braga: Publicitário, produtor musical, radialista, jornalista, cego. b) Mara Gabrilli: Fundadora do Instituto Mara Gabrilli, publicitária, psicóloga, empreendedora, tetraplégica. c) Ricardo Tadeu Marques: Promotor, procurador, desembargador. Nasceu com retinopatia da prematuridade, doença que desde sempre lhe causou problemas de visão. d) Enã Nascimento: Médico, escritor, poeta, autista. e) Cacai Bauer: Modelo, criadora de conteúdo digital, 1ª influenciadora digital com T21 no mundo. 12 São apenas alguns exemplos, basta uma pesquisa rápida e encontraremos muitos outros exemplos de pessoas com deficiência que puderam conquistar a cidadania, e com isso contribuir para um mundo melhor. Neste percurso histórico, onde a educação das pessoas com deficiência é tratada como assunto polêmico, existem inúmeros decretos, portarias, resoluções, notas técnicas e leis que tentam dispor sobre o assunto, o que nos faz sempre refletir se estamos evoluindo ou retrocedendo no que se refere à Inclusão. Figura 2 - Alguns marcos históricos da educação inclusiva no Brasil Fonte: UNICAMP (2018) Normalmente, não nos perguntamos qual a diferença entre usar o termo Ensino Especial ou o termo Educação Inclusiva, mas há uma diferença enorme em pensar uma educação que separa cada “nicho” em sua instituição correspondente ou pensar numa educação para todos, onde se prioriza o respeito, a aceitação e a solidariedade, ou seja, onde se promove a inteligência emocional, pauta tão defendida! (Mas ainda não aplicada). As instituições têm um papel grandioso no histórico de lutas para dar voz e vez às pessoas com deficiência. Mas é a evolução histórica que nos mostra que, cada pessoa é diferente (mesmo 13 que tenha o mesmo diagnóstico), e que, portanto, não são as mesmas soluções que trarão resultados diferentes. Não é à toa que chegamos ao conceito de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva. Muitos anos de pesquisa, muitos autores empenhados, muitos visionários e as próprias pessoas com deficiência nos trouxeram até esse ponto, onde temos que acreditar que é a diversidade de alunos com diferentes origens, habilidades e necessidades, aprendendo lado a lado, na mesma sala de aula, é o que vai nos encaminhar para as necessárias transformações nos espaços e nas relações. Dar acesso à escola regular para alunos com deficiência é o que vai ser o gerador das mudanças. A escola só saberá o que fazer se esses alunos estiverem no ambiente, porque a deficiências e a acessibilidade são questões relacionais, ou seja, só se percebe qual apoio dar aos alunos com deficiência a partir da identificação das barreiras presentes. Precisamos lembrar que o período que passamos na escola contribui não só para nossa formação acadêmica, mas também para a formaçãode nosso caráter. Dessa forma, a educação inclusiva se torna fundamental para que, desde a infância, os alunos aprendam a conhecer, interagir, compreender, reconhecer e valorizar as diferenças que existem na diversidade de possibilidades do ser humano. Na medida em que pensamos no desenvolvimento da pessoa como um todo, e não só nos conteúdos programáticos, todos se preparam para contribuir com o processo e, ainda mais, para exercitar a empatia, tão necessária nesses tempos. Figura 3 - Inclusão Fonte: Pinto (2019) EXISTE UMA RECEITA PARA INCLUIR? Infelizmente, a resposta é não, mas se partirmos do pressuposto de que TODA PESSOA APRENDE, quando isso não acontece, provavelmente o problema esteja nas estratégias pedagógicas adotadas em sala de aula. É por meio das estratégias que o aluno se conecta ao conhecimento. Quando o planejamento não leva em conta as particularidades de CADA aluno, as 14 estratégias pedagógicas podem constituir uma das principais barreiras à inclusão educacional para QUALQUER ALUNO. Investir em um ambiente inclusivo é investir, antes de mais nada, em professores estimulados a modificar suas estratégias pedagógicas, tornando-as estimulantes para TODOS OS ALUNOS. Quando se utiliza, por exemplo, um material acessível multissensorial, proporciona se que todos os alunos, com e sem deficiência, sejam desafiados por outras vias que não só o lápis e o papel. No Blog Lyceum é possível encontrar orientações imprescindíveis para que possamos chegar a uma educação que promova equidade. Figura 4 - Símbolo internacional de acessibilidade Fonte: Agência Câmara de Notícias DICA 1 – CONHEÇA O ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA: Em 2015, o Ministério da Educação promulgou a Lei 13.146 – Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência. O texto propõe avanços na educação, estabelecendo a adoção de um projeto pedagógico que promova atendimento especializado para alunos com deficiência, além de estabelecer que estes alunos devem ser acompanhados por profissionais de apoio capacitados. DICA 2 – ESTABELEÇA POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA: É necessária uma revisão das diretrizes e do projeto político pedagógico. Estabelecendo novos parâmetros e posturas, é possível traçar objetivos e metas que deem condições à escola de acolher todo e qualquer aluno. Essas políticas precisam abarcar a adequação das instalações, a contratação de profissionais de apoio, uma agenda de capacitação profissional, ações de acolhimento, diálogo estreitado com a família, promoção de ações de convívio social e medição de desempenho de acordo com a situação do aluno. 15 DICA 3 – CONHEÇA O ALUNO INTEGRALMENTE: É preciso ter acesso ao histórico de vida do aluno, contexto social, preferências e habilidades. Por isso o diálogo com a família deve ser aberto, de modo que ambos os lados tenham condições de expor suas vitórias e suas dificuldades, a fim de que colaborem com o desenvolvimento do aluno. DICA 4 – INVISTA NA QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL: É imprescindível inserir na agenda a capacitação contínua, que em última instância é um plano de ação para que todos os professores e colaboradores saibam contribuir para o fomento da educação inclusiva. DICA 5 – FOMENTE UM AMBIENTE DE COOPERAÇÃO: A escola não pode ser um ambiente de discriminação. Desta forma é preciso estimular atividades colaborativas, para que os alunos construam essa noção de respeito, compreendendo que todos têm o mesmo valor. DICA 6 – UTILIZE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS E TECNOLOGIA: O que podemos chamar de metodologias atuais de aprendizagem e/ou personalização do ensino. Esses recursos são importantes para que os alunos tenham experimentações de todos os sentidos. Assim como podem facilitar diagnósticos de aprendizagem e melhorar o feedback para a família ou para outros profissionais. DICA 7 – FOMENTE AS ARTES EM TODAS AS SUAS POSSIBILIDADES: As manifestações artísticas, em todas as suas formas, podem fazer desabrochar talentos e ao mesmo tempo promover o convívio de forma natural e saudável. É preciso enfatizar aqui que muitos alunos com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) têm uma facilidade incrível para o desenho. Então fica a dica: aproveitar esse talento para que eles possam auxiliar o professor. Figura 5 - Interação Fonte: Popular (2020) PARA SABER MAIS: BLOGS: Blog Lyceum. Disponível em: https://blog.lyceum.com.br/ 16 Deficiente Ciente. Disponível em: https://www.deficienteciente.com.br/ O Blog da Pessoa com Deficiência. Disponível em: http://pessoacomdeficiencia.blogspot.com/. Território Deficiente. Disponível em: https://www.territoriodeficiente.com/. PÁGINAS IMPORTANTES: AMA – Associação de Amigos do Autista. Disponível em: www.ama.org.br. Movimento Down. Disponível em: http://www.movimentodown.org.br/. Pfizer. Disponível em: www.pfizer.com.br. Projeto Genoma. Disponível em: https://genoma.ib.usp.br/. LEGISLAÇÃO: Instituto Inclusão Já. Disponível em: https://inclusaoja.com.br/>. REFERÊNCIAS: BRASIL. Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961. Fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em wwwp.fc.unesp.br/~lizanata/LDB%204024-61.pdf. Acessado em: 14 de dez. 2020 BRASIL, 2015, Lei n. 13.146, de 6 de jul. de 2015. Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015- 2018/2015/Lei/L13146.htm; acesso em: 14 de dez. 2020. AGÊNCIA CÂMARA DE NOTÍCIAS. Símbolo Internacional da acessibilidade. Disponível em: https://www.camara.leg.br/noticias/616449-ccj-aprova-adocao-de-novo-icone-para-sinalizar- acessibilidade/. Acesso em: 14 de dez. 2020. CRONOS. Cronograma de trabajo y control de indicadores verificables objetivamente Disponível em: Fonte: http://cronostrabcontindicobjetverif.blogspot.com/2016/10/cronograma-de- trabajo-y-control-de.html?m=1. Acesso em :14 de dez. 2020. FAVERO, E. A. G. (org.). O desafio das diferenças na escola. Rio de Janeiro: Ed. Vozes, 2013. MANTOAN, M. T. E. Inclusão Escolar: o que é? por quê? como fazer? Coletânea Novas arquiteturas pedagógicas. São Paulo: Summus Editorial, 2015. STAINBACK, S & STAINBACK, W. Inclusão: um guia para educadores. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2015. JORNAL DA UNICAMP. Incluir para Igualar. Disponível em: https://www.unicamp.br/unicamp/ju/noticias/2018/10/04/incluir-para-igualar. Disponível em: 14 de dez. 2020. POPULAR. Interação. Disponível em: https://www.opopular.com.br/polopoly_fs/1.1479758.1520967620!/image/image.png_gen/derivativ es/landscape_800/image.png. Acesso em: 14 de dez. 2020 http://cronostrabcontindicobjetverif.blogspot.com/2016/10/cronograma-de-trabajo-y-control-de.html?m=1 http://cronostrabcontindicobjetverif.blogspot.com/2016/10/cronograma-de-trabajo-y-control-de.html?m=1 https://www.unicamp.br/unicamp/ju/noticias/2018/10/04/incluir-para-igualar 17 MEDIAR COM CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA OU QUE APRESENTAM ALTERAÇÕES NO DESENVOLVIMENTO Francieli Rodrigues Hertz da Silva Graduada em Pedagogia Especialista em Educação Especial Professora da Rede Municipal de Caxias do Sul O presente texto tem como objetivo oferecer orientações para apoiar os professores de crianças com deficiência ou com alterações do desenvolvimento. É uma iniciativa da Secretaria Municipal da Educação de Caxias do Sul (SMED), buscando atender aos professores que consideram essas orientações um material importante de apoio nas escolas. Cabe destacar que se trata de um material adaptado do Manual para famílias e cuidadores: Cuidando de crianças com alterações no desenvolvimento. Essas orientações foram realizadas pela Assessoria da Educação Especial e contêm informações que podem ser aplicadas nos cuidados diários da criança pelos professores e cuidadores. Pensandonesse assunto, é importante o trabalho colaborativo entre as famílias e os professores da criança/estudante com alterações do desenvolvimento, para planejarem juntos os cuidados e estímulos no domicílio e na escola. O conhecimento De acordo com o Manual, quando uma criança nasce com alterações no desenvolvimento, as informações claras e úteis às famílias e professores podem esclarecer dúvidas, apoiar e contribuir com segurança e cuidado, através do maior conhecimento sobre a situação de saúde da criança/estudante. É importante para as famílias e professores buscarem informações com os profissionais de saúde e trocarem experiências com pessoas que passam ou passaram por situações parecidas (MANUAL, 2017). Ainda, é necessário conhecer os serviços disponíveis na região onde moram, como as Unidades Básicas de Saúde (UBS), Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Centros Especializados em Reabilitação (CER): serviços educacionais, de proteção e assistência social (Centro de Referência de Assistência social e Centro de Referência Especializado de Assistência Social), entre outros. Alimentação Crianças com paralisia cerebral, microcefalia e outras alterações no desenvolvimento podem apresentar dificuldades no sugar, mastigar e engolir. Isso ocorre pela falta de controle de alguns movimentos, como o da cabeça ou o da boca (MANUAL, 2017). O guia salienta que algumas crianças com alterações no desenvolvimento podem apresentar dificuldades ao mamar a partir dos três meses de vida. Com o passar do tempo, podem surgir outras 18 dificuldades, como mastigar ou engolir, tornando-se indispensável procurar um profissional de saúde. Nesses casos, as refeições são mais demoradas, e o apoio dos pais, familiares e professores é elementar. A equipe de saúde poderá dar algumas orientações que apoiarão com uma alimentação mais adequada, variada e segura (MANUAL, 2017). Essas orientações, de acordo com os dados do documento, podem reduzir os esforços com a alimentação, tais como: posicionar bem a criança, usar utensílios adequados, entre outros. Oferecendo os alimentos O Manual elenca as orientações abaixo a fim de ajudar a criança a se alimentar, tornando esse momento mais agradável: a) Evite oferecer alimentos nos horários que a criança está mais cansada ou agitada; b) Apresente e fale o nome dos alimentos; c) Espere abrir a boca para introduzir a colher; d) Aproxime devagar o alimento perto do nariz; e) Espere a criança engolir para só depois oferecer outra colherada; f) Inicie os líquidos em copo raso e doses pequenas; g) Faça uma leve pressão na colher contra a língua, para iniciar os movimentos ao dar um alimento pastoso ou sólido; h) Mastigue em frente à criança e coloque a mão dela em seu rosto. Isso é bom para que ela sinta os movimentos. Posicionamentos O modo como a criança é posicionada durante a alimentação, de acordo com o Manual, dependerá do tipo de alimento e do estágio de desenvolvimento motor da criança. Dessa forma, seguem apontamentos propostos pelo Manual, respeitando as possibilidades de cada indivíduo: Crianças que conseguem sentar: a) Posicione a criança sentada, o mais reto possível; b) Observe se o “bumbum” fica encostado na cadeira; c) Coloque um apoio atrás da cabeça ou um colar de espuma no pescoço, caso não consiga segurar o pescoço; d) Deve-se sempre sentar em frente à criança; e) Mova sua mão com a colher e o copo lentamente na frente da criança, para que ela perceba o movimento dos objetos. 19 Crianças que conseguem chegar à mesa: a) Aproxime a cadeira da mesa para que os cotovelos fiquem apoiados; b) Coloque os pés da criança no chão (para que o corpo fique o mais reto possível); c) Caso não alcance, realize adaptação com auxílio de algum objeto, como caixas; d) Utilize um emborrachado colorido para o prato não deslizar; e) Observe as expressões do rosto da criança para ajudá-la, quando necessário. Figura 1 - Posição Fonte: Manual para famílias e cuidadores (2017) Adaptações de utensílios Figura 2 - Utensílios Fonte: Manual para famílias e cuidadores (2017) O Manual salienta que o uso de utensílios adequados durante as refeições de crianças com alterações do desenvolvimento é importante para facilitar a alimentação. É fundamental sempre buscar orientações com a equipe de saúde que pode ajudar na adaptação dos utensílios. De acordo com o Manual, seguem alguns exemplos de utensílios que podem ser incluídos na rotina da criança: 20 a) Colher de plástico ou de silicone pequena para oferecer alimento; b) Copo de tamanho adequado para sair todo o líquido; c) Colar cervical com rolo de toalha ou de espuma para ajudar a segurar a cabeça durante a alimentação; d) Copo recortado para facilitar a visualização do volume adequado a ser ofertado, o fechamento dos lábios e ajudar na coordenação da sucção com a deglutição e respiração; e) Apoio para os pés, com caixas para melhorar o posicionamento; f) Adaptar a colher, caso a criança já esteja fazendo uso e tenha dificuldade para segurá-la. g) Utilizar emborrachado embaixo do prato, para ele não escorregar. A Higiene da boca e estímulo da sensibilidade oral O Manual destaca que uma boa saúde oral depende de alguns cuidados diários como, por exemplo, a higiene oral (limpeza da boca e escovação dos dentes). As crianças com dificuldades durante a alimentação vão precisar de mais cuidados com a higiene da boca e dos dentes. Ainda segundo o Manual, as crianças com alterações no desenvolvimento podem ter uma maior tendência a babar muito. Esse excesso de baba é chamado de hipersialorreia. A baba pode irritar a pele ao redor da boca. Para prevenir essa irritação, é fundamental limpar as secreções com uma fralda, em tecido de algodão. Disfagia O guia evidencia que a disfagia é a dificuldade para engolir e encaminhar o alimento ou água da boca até o estômago. “Não é uma doença e sim um sintoma que precisa ser cuidado adequadamente, para não levar à perda de peso, desidratação e infecção respiratória (pneumonias)” (Manual, 2017). A infecção respiratória/pneumonia, conforme o Manual, sucede quando os alimentos caem nos pulmões, em vez de seguirem o seu caminho natural até o estômago. Como ajudar em caso de disfagia? Como orienta o Manual, é necessário realizar as refeições em ambiente calmo, com tempo e tranquilidade. Caso a criança consiga ficar sentada, deve ser alimentada em uma cadeira com o corpo e a cabeça retos, na mesma linha. Cuidados para alimentar uma criança com disfagia O Manual destaca algumas cautelas relevantes ao alimentar crianças com disfagia: a) Ofereça alimentos à criança se ela estiver liberada para se alimentar pela boca; 21 b) Ofereça alimentos em pequenas quantidades na colher e na consistência determinada pela equipe de saúde; c) Uma nova colherada só deve ser colocada na boca depois que a criança tiver engolido toda a comida; d) Evite colocar, numa mesma colherada, alimentos que tenham consistências diferentes, porque, para cada alimento, o tempo de mastigação e de engolir são diferentes. e) É necessário ter paciência, caso a criança se suje com a comida ou demore mais tempo para se alimentar. f) Após a alimentação, não realizar movimentos bruscos, nem deitar a criança em seguida. g) Ao terminar a refeição, lembre-se de realizar a higiene da boca. h) Nunca dê a refeição na posição deitada, pois pode ocorrer aspiração ou mesmo infecção de ouvido. Refluxo O refluxo é quando o alimento (sólido ou líquido) volta do estômago para o esôfago, às vezes até a boca. Nas situações menos graves, a criança continua ganhando o peso esperado e tende a melhorar após os 06 (seis) meses de vida. “Quando o refluxo é mais frequente emais intenso, pode causar disfagia, infecção no pulmão e no ouvido” (Manual, 2017). O cuidado com a criança com refluxo requer, em concordância com o Manual, atenção durante e após a alimentação. Como prevenir o refluxo? De acordo com o Manual, em crianças maiores, deve-se evitar alimentos gordurosos, ácidos, condimentados e apimentados. Não ofereça grande quantidade e não misture líquidos junto com a comida sólida. O Manual releva a importância de oferecer os líquidos 20 minutos antes ou entre uma ou duas horas depois das refeições. Segue, abaixo, informações relevantes acerca do refluxo, destacadas: O que fazer quando a criança tem refluxo com frequência? a) Posicionar adequadamente a criança durante e após a refeição, ela precisa estar reclinada e, quando deitada, a cabeceira da cama precisa estar ligeiramente levantada; b) Aumentar o consumo de frutas (evitar frutas ácidas), legumes e alimentos ricos em fibras (arroz e macarrão integral, aveia, cereal, etc.); c) Evitar líquidos junto às refeições; d) Evitar o consumo de alimentos ou bebidas muito quentes ou frios; e) Não usar roupas e cintos apertados na região da barriga; 22 f) Não deitar após as refeições. Sonda Nasogástrica De acordo com o Manual, quando a criança exibe dificuldade ou impossibilidade de se alimentar pela boca, é indicado o uso de sondas nasogástricas. São tubos de plásticos inseridos pelo nariz até o estômago, com o objetivo de administrar alimentos, líquidos e medicamentos. O Manual salienta que as sondas só devem ser passadas por enfermeiros e/ou pessoas treinadas. O Manual destaca as seguintes orientações sobre os cuidados com a sonda: Quais os cuidados para manusear a sonda? a) Lavar sempre as mãos com água e sabão antes de pegar na sonda; b) Prender a sonda no rosto com um micropore (tipo de esparadrapo), e o ideal é que este seja trocado diariamente durante a higiene do corpo; c) Realizar a higiene do nariz com cotonetes umedecidos em água; d) Rodar suavemente a sonda uma vez ao dia para evitar pressão no local; e) Colocar um hidratante labial para evitar ressecamentos e hidratar com água; f) Realizar a limpeza da boca da criança diariamente, mesmo sendo alimentada pela sonda; g) Guardar os materiais, como: equipos, frascos, seringas e luvas em uma vasilha de plástico, bem limpa e com tampa. Cuidados para alimentar pela sonda: a) Não ofereça nenhum tipo de alimento ou líquido pela boca (apenas se liberado e orientado pelo profissional de saúde); b) Mantenha a criança sentada durante a alimentação e por pelo menos 30 minutos após; c) Evite balançar a criança após as refeições. Prepare a refeição apenas para 1 (um) dia, não reaproveite para o dia seguinte; d) Retire a quantidade a ser oferecida 30 a 40 minutos antes de oferecê-la à criança, porque a comida não pode estar gelada ou quente; e) Os frascos devem ser colocados acima da cabeça e com gotejamento lento; f) Se a alimentação for oferecida com o auxílio da seringa, deve ser introduzida lentamente; g) Após a alimentação, use uma seringa para lavar a sonda com água filtrada (20 ml); h) Lembre-se sempre de seguir as orientações do profissional de saúde. 23 Como passar os medicamentos pela sonda? a) Os medicamentos devem ser passados com o auxílio de uma seringa. Sempre que possível, dê preferência aos medicamentos líquidos; b) Para administrar os comprimidos, amasse-os até ficar em pó e adicione um pouco de água. Aspire todo o conteúdo com a seringa e introduza na sonda.; c) Os medicamentos, assim como a alimentação, devem ser introduzidos lentamente; d) Lave sempre a sonda após o uso da medicação, com auxílio da seringa, para evitar o entupimento; e) Siga as orientações de horários prescritas pelo médico. Figura 3 - Sonda Fonte: Manual para famílias e cuidadores (2017) Gastrostomia Segundo o Manual, a Gastrostomia ou “GTT” é uma abertura realizada na barriga para introduzir alimentos, líquidos e medicação no estômago, através de uma sonda, utilizando uma seringa. O Manual destaca que esse procedimento é realizado em algumas crianças que possuem risco de engasgamento, aspiração de alimentos e nas que possuem incapacidade de consumir calorias em quantidades necessárias. “A sonda deverá ser manuseada apenas por pessoas que tenham passado por um treinamento realizado por profissionais de saúde (como os familiares, cuidadores e ou professores). Esse treinamento é importante para garantir a manipulação segura da sonda” (MANUAL, 2017). 24 Figura 4 - Gastrostomia Fonte: Manual para famílias e cuidadores (2017) Convulsão Como realça o Manual, é uma alteração que acontece no sistema nervoso central e visualizamos contrações involuntárias de todo o corpo ou de parte dele, causada pelo aumento da atividade elétrica em determinadas áreas do cérebro. Pode ocorrer também no caso de febre muito alta e em algumas infecções. Ainda segundo o Manual, crianças menores de 01 (um) ano podem apresentar movimentos rápidos de flexão e extensão de braços, tronco e pernas chamados, de “espasmos”. Esses movimentos duram poucos segundos e podem ocorrer, em geral, depois que a criança acorda e, ocasionalmente, durante o sono. É evidenciado ainda, pelo mesmo documento, que a convulsão ou espasmos não são doenças contagiosas. O tratamento é realizado com uso de medicamentos e normalmente precisam ser tomados uma ou duas vezes por dia, dependendo da indicação médica. Para monitorar as “crises”, é importante ingerir os medicamentos na quantidade e hora prescritas pelo profissional de saúde. O que fazer quando a criança tem uma convulsão? Seguem sugestões do Manual de como proceder em casos de convulsão: 1) Procure manter a calma e deite a criança em posição lateral, para que a saliva 2) escorra (evitando aspiração). 3) Não tente parar a “crise” e cuide para que nada possa machucar a criança. 25 4) Mantenha a criança longe de qualquer objeto que possa feri-la e, se possível, coloque uma toalha ou travesseiro macio sob sua cabeça. 5) Afrouxe roupas apertadas. 6) Limpe as secreções salivares que estão ao redor da boca, com um pano ou papel, para facilitar a respiração. Não coloque os dedos dentro da boca da criança, porque pode feri-la sem querer. 7) Não medique a criança pela boca na hora da crise, mesmo que tenha os medicamentos, pois ela pode se engasgar com o comprimido e a água. 8) Caso a convulsão demore e a criança fique “roxinha”, procure um serviço de saúde o quanto antes. 9) Ao término da crise, é normal que a criança fique sonolenta e durma um pouco. 10) Fique atento ao tempo da convulsão e anote em um papel o dia e a hora. Sinais de alerta De acordo com o Manual, a crise convulsiva normalmente finaliza entre 02 e 10 minutos. Porém, o documento frisa que há ocorrências em que a criança precisa ser transportada ao serviço de saúde imediatamente: a) Convulsões repetidas, sem recuperação entre elas; b) Convulsões que duram mais do que 10 a 15 minutos; c) A criança apresenta problemas para respirar durante a convulsão. Figura 5 - Alerta Fonte: Manual para famílias e cuidadores (2017) Hidrocefalia Hidrocefalia, segundo o Manual, é um acúmulo exagerado do Líquido Cefalorraquidiano (LCR) no sistema nervoso central (medula espinhal e cérebro). Pode decorrer o aumento do tamanho da cabeça até os 02 (dois) anos. “A moleira fica abaulada e as veias da cabeça dilatadas”. 26 Além disso, de acordo com o documento, os olhos podem ficar voltados para baixo, isso é chamado “sinal do sol poente”, e acontecer dificuldades no desenvolvimento. O guia destaca que um dos métodos mais usados é a colocação de um tubo entre uma parte docérebro e o abdômen (barriga), chamada derivação ventrículo-peritoneal (DVP), conhecida como “válvula”. A válvula é um tubo de silicone que é introduzida na cabeça e drena o excesso de líquido do cérebro para o abdômen. Uma criança com válvula necessita de acompanhamento pela equipe de saúde especializada e, caso apresente algum dos sinais de alerta, deve ser encaminhada ao serviço de saúde. Sinais de alerta De acordo com o Manual, os itens abaixo devem despertar atenção: 1. Irritabilidade 2. Vômito 3. Náuseas 4. Dificuldade em controlar os movimentos da cabeça 5. Dores de cabeça ou no pescoço 6. Alterações oculares (visão turva, olhar para baixo) 7. Sonolência 8. Alteração da consciência. Figura 6 - Hidrocefalia Fonte: Manual para famílias e cuidadores (2017) Cuidados com a criança que possui válvula O Manual aponta os seguintes cuidados: a) Durante a alimentação, posicione a criança adequadamente, conforme orientação médica; 27 b) Ofereça a alimentação em pequenas quantidades e em intervalos frequentes; c) Fique atenta durante algumas atividades diárias em que exista o risco de quedas ou acidentes, podendo danificar a válvula; d) Se a criança não conseguir se movimentar, mude a posição do corpo a cada duas horas, para diminuir os riscos de feridas na pele. Importante seguir as orientações de posicionamento indicadas pela equipe que acompanha a criança; e) Fique sempre atento para a ocorrência de distensão da barriga. Caso aconteça, procure um serviço de saúde. Deficiência auditiva Para o Manual, a deficiência auditiva ou a surdez é a dificuldade em assimilar através da audição. Segundo o mesmo registro, a criança com a audição afetada, antes ou depois da fase de começar a falar, tem complicação para se comunicar com as pessoas, por não escutar os sons. Como comunicar-se com a criança surda ou com baixa audição? O Manual destaca os seguintes itens: a) As crianças surdas têm as mesmas necessidades e desejos que qualquer outra, embora precisem de cuidados especiais; b) Valorize e incentive a participação em atividades e brincadeiras com outras crianças de mesma idade, como jogos, esportes e festas; c) Procure conhecer e respeitar as possibilidades de comunicação que a criança possa desenvolver, a exemplo da língua de sinais (libras); d) Lembre-se de que quando a criança se sente segura, tem mais chances de assumir atitudes estáveis e se sentir feliz. Se comunicando com a criança surda O documento destaca também que é fundamental se aproximar da criança e buscar ficar na altura dos seus olhos para falar. Além disso, deve-se evitar falar de costas ou sem que ela esteja vendo seu rosto. O Manual reforça ainda as seguintes situações: 1) Fale e depois aponte para a pessoa ou o objeto a que se refere. 2) Espere a resposta da criança. Não fale ao mesmo tempo em que esteja tentando se comunicar. 28 3) Dê expressões de sentimento ao rosto (alegria, dor, tristeza e zangado) quando fala. 4) Se utilizar a fala para se comunicar, apresente movimentos labiais definidos, mas sem exagerar. 5) O rosto da pessoa que fala com a criança surda deve estar iluminado pela luz natural ou artificial. Isso facilita a leitura do rosto e da boca, bem como as pistas visuais (língua de sinais, gestos, expressões faciais e corporais) e também a pista auditiva. 6) Utilize a vibração dos sons como, por exemplo, bater com os pés no chão, as mãos sem um móvel e explore o contato com as mãos. 7) É importante que a criança com aparelho auditivo o utilize em suas atividades de estímulos diárias. 8) Mantenha a criança informada do que está acontecendo ao seu redor. Figura 7 - Surdez Fonte: Manual para famílias e cuidadores (2017) Deficiência visual Em conformidade com o Manual, a deficiência visual é a dificuldade do funcionamento da visão, mesmo após tratamento ou correção. As crianças com deficiência visual podem ter baixa visão ou cegueira. O documento destaca também que a baixa visão é a diminuição da visão, mas não chega a ser como a cegueira. Esses diagnósticos são realizados por médicos especialistas. Os bebês e as crianças pequenas que possuem essas deficiências devem começar o quanto antes a estimulação visual, para desenvolver melhor a visão. Como se comunicar com uma criança com deficiência visual? As dicas abaixo foram sugestões do Manual: a) Ao falar não altere a voz. Procure falar de frente para a criança, isso a ajuda a localizar onde você está; 29 b) A sensibilidade do tato e a audição são capacidades que devem ser estimuladas e desenvolvidas na criança com deficiência visual; c) A criança poderá conhecer seu espaço através da audição; por exemplo, ela pode diferenciar som e identificar pessoas e objetos; d) Estimule a exploração do meio, associando palavras aos objetos; e) Quando se afastar, avise-a, para que ela não fique falando sozinha; f) A criança cega reconhece as pessoas através dos sons e cheiros que produzem; g) Procure utilizar brinquedos e objetos coloridos, sendo suas cores fortes, como: azul, amarelo, vermelho, laranja, verde e roxo. Figura 8 – Deficiência Visual Fonte: Manual para famílias e cuidadores (2017) Os recursos ópticos e não ópticos Os recursos ópticos e não ópticos, conforme o Manual, são recursos tecnológicos produzidos para contribuir com as pessoas com baixa visão. São eles: os programas de computador, as lupas eletrônicas, os livros falados e digitais, entre outros. O documento destaca ainda que eles podem contribuir na realização de tarefas diárias, tais como consultar o relógio, usar o telefone, movimentar-se nos aposentos da casa, aumentando a qualidade de vida, independência e inclusão. Ainda de acordo com o Manual, as principais razões para o uso dos óculos nas crianças são: 1) Melhorar a visão. 2) Ajudar a corrigir o estrabismo. 3) Ajudar a fortalecer o músculo dos olhos. 4) Proteger um dos olhos, caso o outro apresente visão fraca. 30 Transporte O Manual destaca que geralmente as crianças com alterações do desenvolvimento apresentam flacidez motora e alteração no equilíbrio, precisando serem transportadas ou carregadas por mais tempo do que um bebê ou uma criança normal. De acordo com o mesmo documento, a forma de carregar pode contribuir com seu desenvolvimento. Dessa forma, existem algumas maneiras mais adequadas de transportar: Deixe a criança virada para frente, estimulando-a a levantar a cabeça e a estender as costas. Essa posição favorece visualizar o ambiente; crianças maiores não devem ser transportadas como um bebê, sendo mais adequado carregá-las de outras formas: sobre os ombros, no caso das mais pesadas. Figura 9 - Transporte Fonte: Manual para famílias e cuidadores (2017) Utilizando o carrinho ou a cadeira de rodas O Manual enfatiza que as crianças com até 02 (dois) anos podem usar os carrinhos comuns para bebês. Não é recomendado para os pais, cuidadores e para a criança permanecer a maior parte do tempo em colo, isso pode ocasionar problemas musculares e ao mesmo tempo pode dificultar o início de algum tipo de movimento independente. O documento também aponta que por volta dos 03 (três) até os 05 (cinco) anos, os carrinhos não são mais adequados. “É necessário o uso de um carrinho de posicionamento (pode ser de madeira) ou uma cadeira de rodas adaptada, indicada por um fisioterapeuta” (Manual, 2017). 31 Brincar O Manual reforça que a brincadeira tem um papel singular no desenvolvimento de uma criança, porque estimula o conhecimento de si mesma e fortalece a interação com o ambiente em que vive, tudo isso de modo lúdico e agradável. Dicas para brincadeirasO Manual sugere o link abaixo para acessar o Folder do Kit multissensorial: orientações para utilização no ambiente domiciliar e escolar. São ótimas dicas para construção de objetos de estimulação que podem ser usados na brincadeira. https://www.unicef.org/brazil/sites/unicef.org.brazil/files/2019-02/folder_kit_multissensorial.pdf Outra sugestão do mesmo documento é este link abaixo, o qual contêm ótimos vídeos do Projeto Redes de Inclusão para ajudar nas brincadeiras da criança com alteração do desenvolvimento: https://www.youtube.com/watch?v=ZmhBZRIDRQI&list=PLg5IhsOl5bLW7bjJeNxviqFf3GVvbjQDF Como brincar com a criança com alteração do desenvolvimento? Os itens abaixo são orientações do Manual: 1) As brincadeiras devem ser incluídas nas atividades diárias, sempre que possível. 2) Escolha os brinquedos que estejam no nível de desenvolvimento e que sejam do tamanho correto para a criança segurar. 3) Existe uma variedade de recursos e materiais que podem ser construídos pela família, de forma simples e com baixo custo (ver o folder do kit multissensorial). 4) Podem ser utilizados materiais recicláveis e outros brinquedos coloridos, que emitam sons. 5) Sempre que possível, coloque seu rosto de frente para o da criança e a ajude a encontrar os seus olhos. Responda a cada movimento e som que a criança fizer. 6) Lembre-se de que contar histórias e cantar canções é estimulante. A criança sente sua atenção e afeto. 7) Converse usando frases curtas. 8) Observe se a criança está posicionada de forma segura para melhor exploração do brinquedo com as mãos. Deixe a criança explorar o brinquedo. 32 Preparando o ambiente Segundo o Manual, um ambiente adaptado oferece maior segurança e independência à criança. Abaixo, foram listadas algumas mudanças que podem ser realizadas em sua casa, facilitando as rotinas diárias e promovendo maior interação da criança com a família: 1. Não deixe a criança sozinha em locais que possa cair, como mesas, cadeiras, camas e banheiras; 2. Não deixe a criança em bebê-conforto, em cima de móveis; 3. Coloque grades nas camas para evitar quedas; 4. As grades precisam possuir espaços pequenos entre as hastes, para não permitir a passagem da cabeça da criança; 5. Evite tapetes soltos pela casa e pisos encerados, a fim de evitar quedas; 6. Caso seja possível, substitua escadas por rampas; 7. Organize melhor os móveis da casa para facilitar a passagem da cadeira de rodas ou a mobilidade da criança; 8. Evite móveis com pontas ou proteja as pontas dos móveis. Emborrachados são sempre úteis; 9. Use protetores nas tomadas; 10. Mantenha os objetos e móveis nos locais, para facilitar a mobilidade e evitar acidente. Evite móveis no meio do caminho. Para finalizar Finalmente, esperamos que o propósito, de compartilhar informações seguras nos cuidados de crianças com alterações no desenvolvimento, tenha sido alcançado e possamos contribuir para que os professores se sintam mais apoiados e fortalecidos. Precisamos acreditar nas potencialidades dos seus estudantes. Os desafios são enormes, mas, também, é grandiosa a satisfação em acompanhar e contribuir para cada nova conquista. REFERÊNCIAS UNICEF. Fundo das Nações Unidas para a Infância. Cuidando da criança com alterações no desenvolvimento: Manual para famílias e cuidadores. Projeto Redes de Inclusão. Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Brasília, agosto de 2017. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/media/8431/file/guia-cuidando-crianca-alteracoes- desenvolvimento.pdf. Acesso em: 15 de dez. 2020. 33 ESTIMULAÇÃO PRECOCE EM BEBÊS E CRIANÇAS Francieli Rodrigues Hertz da Silva Graduada em Pedagogia Especialista em Educação Especial Professora da Rede Municipal de Caxias do Sul “Sabemos que nós seres humanos dependemos do ambiente em que vivemos e dos estímulos que recebemos para nosso desenvolvimento. Sinara Paniagua Pinto - Terapeuta Ocupacional Figura 1 - Estimulação Fonte: Sesame Workshop (2014) O estímulo precoce, tem como objetivo desenvolver e potencializar, através de jogos, exercícios, técnicas, atividades, e de outros recursos, as funções do cérebro dos bebês e das crianças, beneficiando seu lado intelectual, seu físico e sua afetividade (MEDINA, 2018). Segundo o Movimento Down (2014), crianças com alguma deficiência possuem um grande potencial a ser desenvolvido. Elas precisam, contudo, de mais tempo e estímulo da família e de especialistas para adquirir e aprimorar suas habilidades. Uma boa estimulação, realizada nos 34 primeiros anos de vida, pode ser determinante para a aquisição de capacidades em diversos aspectos, como desenvolvimento motor, comunicação e cognição. Ainda de acordo com o Movimento Down, estimular é ensinar, motivar, aproveitar objetos e situações para transformá-los em conhecimento e aprendizagem. É levar a criança, através da brincadeira, a aprender sempre mais. Basta acreditar que o bebê ou a criança vai aprender e ter vontade de ensinar. A ajuda de profissionais como fonoaudiólogos, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais é fundamental nesta etapa, pois eles vão analisar em que áreas a criança pode estar passando por dificuldades para criar um programa de apoio. Figura 2 – Acreditar Fonte: Imagem adaptada do material de Sesame Workshop (2014) QUANDO SE ESTIMULA O BEBÊ OU A CRIANÇA Para Medina (2018), “um bebê bem estimulado aproveitará sua capacidade de aprendizagem e de adaptação ao seu meio, de uma forma mais simples, rápida e intensa”. Com isso, seguem algumas indicações elencadas por ela, com o objetivo de esclarecer quando se estimula o bebê ou a criança: 35 Figura 3 - Aprender a) A estimulação precoce deve iniciar o mais breve possível, já que, segundo os especialistas, a flexibilidade do cérebro vai diminuindo com a idade. b) Os bebês nascem com um grande potencial e devem ser estimulados para que se desenvolvam ao máximo de forma adequada, positiva e divertida. c) A estimulação precoce é uma forma de orientação do desenvolvimento do potencial e das capacidades dos mais pequenos. Fonte: Imagem adaptada do material de Sesame Workshop (2014) d) Quando se estimula um bebê ou uma criança, abre-se um leque de oportunidades e de experiências que o fará explorar, adquirir destreza e habilidades de uma forma mais natural, e entender o que ocorre ao seu redor. OS BENEFÍCIOS DE UMA ESTIMULAÇÃO PRECOCE Figura 4 - Benefícios Fonte: Imagem adaptada do material de Sesame Workshop (2014) 36 Medina (2018) destaca também, algumas informações sobre os benefícios de uma estimulação precoce: a) Todos os bebês experimentarão diferentes etapas de desenvolvimento que podem ser incrementadas com uma estimulação precoce. Para isso, deve-se reconhecer e motivar o potencial de cada criança individualmente, e apresentar-lhe objetivos e atividades adequadas que fortaleçam sua autoestima, iniciativa e aprendizagem; b) A estimulação que o bebê recebe nos seus primeiros anos de vida, constituem a base do seu desenvolvimento futuro; c) Se o bebê conta com a companhia de pessoas significativas para ele, se sentirá apoiado em seu vínculo afetivo, em suas habilidades e destrezas. EXERCÍCIOS DE ESTIMULAÇÃO PRECOCE PARA CRIANÇAS O Sou Mamãe (2019), elenca as seguintes sugestões em relação aos exercícios de estimulação precoce: Figura 5 - Exercícios ● Os exercícios de estimulação precoce para as crianças farão com que elas desenvolvam uma maior capacidade psicomotora e cognitiva. ● A estimulação precoce para crianças é usada desde em recém-nascidos até em crianças de 6anos, pois é durante esse tempo que a criança desenvolve sua personalidade. ● É aconselhável começar com esses exercícios de estimulação quando o bebê é recém-nascido. Então, desde o início ele começará a desenvolver habilidades que serão fortalecidas com o passar do tempo. Fonte: Imagem adaptada do material de Sesame Workshop (2014) 37 QUAIS ÁREAS SÃO USADAS PARA A ESTIMULAÇÃO PRECOCE? De acordo com o Sou Mamãe (2019), existem quatro áreas que são usadas para realizar exercícios de estimulação precoce: 1. Motor fino: O desenvolvimento do motor fino está nas mãos e nos dedos. Isso se faz presente quando o bebê começa a descobrir os movimentos com as mãos. 2. Motor grosso: O motor grosso faz referência às demais partes do corpo, isto é, aos braços, às pernas e ao movimento do corpo em geral. 3. Capacidade de se relacionar com os outros e capacidade de demonstrar emoções. 4. Linguagem: desenvolvem-se as capacidades de falar e responder. EXERCÍCIOS DE ESTIMULAÇÃO PRECOCE Conforme o Sou Mamãe (2019), segue sugestões de exercícios de estimulação precoce para cada fase de desenvolvimento: BEBÊS Figura 6 – Pegada dos objetos Fonte: Imagem adaptada do material de Sesame Workshop (2014) a) Para estimular o rosto, você deve posicionar os seus dedos no meio da testa, nariz ou lábios e separá-los suavemente em direção aos dois lados; 38 b) Dê objetos de cores vibrantes que chamem a atenção; c) Os beijos, o carinho e o ato de falar em tom amoroso com seu bebê favorecerá o desenvolvimento de seu lado social; d) A partir dos 4 meses do seu bebê, o movimento do corpo começa: é quando ele fica de barriga para cima e se move um pouco melhor. e) Estique e flexione as suas pernas e braços; f) Conforme ele vai crescendo, esses exercícios devem ser semelhantes, porém mais complexos e desafiadores para ele. Figura 7 - Bebês Fonte: Pixabay License (2017) CRIANÇAS DE 1 A 3 ANOS Figura 8 - Textura Fonte: Imagem adaptada do material de Sesame Workshop (2014) 39 a) Nessa idade, também é bom que a criança comece a se mover e se levantar sozinha. Chame a atenção dela segurando brinquedos e colocando-os em um lugar próximo para que seu bebê possa ir até eles. b) Os jogos de identificação servirão para que a criança vá conhecendo as coisas. Por exemplo: as partes do corpo, os números de 1 a 10, as cores… c) Se, além das brincadeiras, você também usar músicas para esses jogos, as crianças desenvolverão a capacidade de memória. d) Aprender tarefas simples, como pegar os brinquedos, pedir para ir ao banheiro, se vestir e se despir por conta própria, são pequenas ações que irão ajudá-las a adquirir um bom comportamento. Figura 9 - Crianças Fonte: Pixabay License (2016) CRIANÇAS DE 3 A 6 ANOS a) Use quebra-cabeças simples para que elas possam começar a encaixar peças e para que seu pensamento se desenvolva; b) Para o movimento do corpo, use a música. Ensine danças simples e das quais ela consiga se lembrar facilmente; c) Deixe-a desenhar e, ao fazê-lo, pergunte o que ela está desenhando para que ela possa explicar seus sentimentos naquele momento; d) Incentive-a a aprender tarefas simples, como jogar algo no lixo ou pegar os talheres na gaveta; e) Para desenvolver a imaginação, use um bicho de pelúcia como protagonista de uma história e inventem a história juntos; f) O relacionamento da criança com os outros é muito importante. Permitir que as crianças conversem e brinquem umas com as outras é essencial para o seu desenvolvimento. https://soumamae.com.br/os-bebes-enxergam-as-cores/ 40 Figura 10 - Jogo Fonte: Pixabay License (2015) ESTIMULAÇÃO PARA DESENVOLVER AS HABILIDADES Figura 11 - Habilidades Fonte: Sesame Workshop (2014) Em concordância com o Movimento Down, as crianças, com ou sem deficiência, possuem um grande potencial a ser desenvolvido. “Elas precisam, contudo, de mais tempo e estímulo da família e de especialistas para adquirir e aprimorar suas habilidades. Uma boa estimulação realizada nos primeiros anos de vida pode ser determinante para a aquisição de capacidades em diversos aspectos, como desenvolvimento motor, comunicação e cognição”. Ainda segundo o Movimento Down, um bebê com síndrome de Down, por exemplo, é “molinho”, menos ativo; mas isto diminui com o tempo e a criança vai conquistando, embora mais tarde que as outras, as diversas fases do desenvolvimento. O Movimento Down destaca também que para essa conquista acontecer de forma adequada, é fundamental a estimulação. Já sabemos que estimular é ensinar, motivar, aproveitar objetos e situações, transformando-os em conhecimento e aprendizagem. É levar a criança, através 41 da brincadeira, a aprender sempre mais. Pode parecer complicado, mas não é: basta acreditar que o bebê vai aprender e ter vontade de ensinar. A ajuda de profissionais como fonoaudiólogos, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais é fundamental nesta etapa, pois eles vão analisar em que áreas a criança pode estar passando por dificuldades para criar um programa de apoio. Figura 12 - Dicas Fonte: Imagem adaptada do material de Sesame Workshop (2014) Como estimular o bebê com deficiência ou atraso no desenvolvimento: O Movimento Down ressalta que estimular a criança com deficiência desde cedo “é essencial para o seu desenvolvimento, por isso ela precisa de mais tempo da família e de especialistas para adquirir e aprimorar as suas habilidades”. Além disso, salienta que “uma boa estimulação realizada nos primeiros anos de vida pode ser determinante para a aquisição de capacidades em diversos aspectos, como o desenvolvimento motor, a comunicação e a cognição. Muitos exercícios podem 42 ser feitos no dia a dia, usando elementos do cotidiano da criança.” Com isso, o Movimento Down apresenta alguns desses exercícios para ajudar na estimulação e crescimento dos bebês e crianças: a. ESTABELEÇA E FORTALEÇA VÍNCULOS: Toque, beije e abrace o bebê com muito carinho. Comunique-se e veja como ele expressa muitas coisas mesmo antes de falar. Não há terapia melhor do que o amor! b. DEFINA ROTINA: Mesmo pequeno, o bebê precisa de rotina para realizar as atividades de estimulação. Se for estimulado nos mesmos horários, o bebê não reclamará das atividades. c. DETERMINE HORÁRIOS: Procure a melhor hora do dia para estimular o bebê. Cuide para que ele esteja alimentado, hidratado e sequinho antes de começar qualquer atividade. d. FAÇA OS EXERCÍCIOS DIARIAMENTE: bebês com deficiência precisam de contatos repetidos com uma mesma experiência. Porém, repetir não significa fazer tudo igual: desenvolva uma habilidade com atividades variadas. e. TENHA EXPECTATIVAS REALISTAS: escolha atividades que motivem o bebê. Você vai perceber se o exercício é desafiador demais para ele. Evite insistir para não gerar frustração mútua. Cada criança tem o seu tempo, evite comparações. f. DIVIDA A ATIVIDADE EM PASSO A PASSO: a aprendizagem é dividida em estágios. Recompense o bebê por cada pequeno passo que ele seja capaz de dar e valorize suas habilidades. g. FAÇA COISAS DIVERTIDAS: sua voz e linguagem corporal podem motivar o bebê. Use a criatividade e lembre-se de “trocar de lugar com ele” na brincadeira ou atividade, para reforçar a interação e o interesse. h. CUIDE DO AMBIENTE: aprender novas habilidades requer atenção e foco, além de um ambiente livre de interrupções e de ruídos. Evite fornecer muitos estímulos ao mesmo tempo, como muitos brinquedos ou rádio e televisão ligados. i. EXPERIMENTE: Se algo não funcionar, você semprepoderá tentar outra coisa. j. APRENDA: Todos nós precisamos de tempo e prática para aprender coisas novas. Deixe o seu bebê saber disso. k. Que tal criar um circuito com brincadeiras associadas? Quando seu bebê tiver mais equilíbrio, você pode incentivá-lo a fazer mais de uma atividade, como andar de um ponto a outro e subir e descer escadas. l. Exponha o bebê a estímulos diferenciados sempre que possível. Mostre coisas que ele não conhece e permita que sinta diferentes texturas, como cascas de fruta, esponjas, gelatina e a grama do parquinho. Outra forma de estímulo é aproximar seu rosto, cheio de formas e cores, do rosto do bebê. 43 Para saber mais: Com o intuito de contribuir ainda mais para a prática da estimulação precoce, seguem algumas sugestões de links para enriquecer seu conhecimento nesta experiência: Guia de Estimulação para Crianças com Síndrome de Down Acesse o link: http://www.movimentodown.org.br/desenvolvimento/guia-de-estimulacao-para-criancas-com- sindrome-de-down/ Crescer com Síndrome de Down Acesse o link: http://www.movimentodown.org.br/crescer-com-sindrome-de-down-tutoriais/ REFERÊNCIAS GUIA INFANTIL. Estimulação Precoce. Disponível em: <https://br.guiainfantil.com/estimulacao- infantil/72-a-estimulacao-precoce-em-bebes-e-criancas.html>. Acesso em: 10 de dez. 2020. UNICEF. Fundo das Nações Unidas para a infância. Dicas para incluir brincando. Coleção Incluir brincando. 2ª edição. 2014. Disponível em: http://www.movimentodown.org.br/desenvolvimento/guia-de-estimulacao-para-criancas-com-sindrome-de-down/ http://www.movimentodown.org.br/desenvolvimento/guia-de-estimulacao-para-criancas-com-sindrome-de-down/ http://www.movimentodown.org.br/crescer-com-sindrome-de-down-tutoriais/ https://br.guiainfantil.com/estimulacao-infantil/72-a-estimulacao-precoce-em-bebes-e-criancas.html https://br.guiainfantil.com/estimulacao-infantil/72-a-estimulacao-precoce-em-bebes-e-criancas.html 44 <http://midia.cmais.com.br/assets/file/original/ac143cf466819d5d8fe00db24db62750a4825894.pdf > Acesso em 26-10-20; MOVIMENTO DOWN. Estimulação Precoce. Disponível em: <http://www.movimentodown.org.br/desenvolvimento/estimulacao-precoce/>. Acesso em 26-10-20; ________________________. Desenvolvimento. Disponível em: <http://www.movimentodown.org.br/desenvolvimento/estimulacao-precoce/como-estimular-o- bebe-com-sindrome-de-down-em-casa/> Acesso em 26-10-20; PIXABAY License (2017). Fotos Disponível em: - https://pixabay.com/pt/photos/folheto- crian%C3%A7a-beb%C3%AA-fam%C3%ADlia-2957024/. Acesso em: 10 de dez. 2020. _______________. (2016). Brincando. Disponível em: https://pixabay.com/pt/photos/crian%C3%A7a-brincando-praia-1699496/. Acesso em: 10 de dez. 2020. SOU MAMÃE. Exercícios de estimulação. Disponível em: <https://soumamae.com.br/exercicios- de-estimulacao-precoce-para-criancas/> Acesso em: 10 de dez. 2020. http://midia.cmais.com.br/assets/file/original/ac143cf466819d5d8fe00db24db62750a4825894.pdf http://midia.cmais.com.br/assets/file/original/ac143cf466819d5d8fe00db24db62750a4825894.pdf http://www.movimentodown.org.br/desenvolvimento/estimulacao-precoce/ http://www.movimentodown.org.br/desenvolvimento/estimulacao-precoce/como-estimular-o-bebe-com-sindrome-de-down-em-casa/ http://www.movimentodown.org.br/desenvolvimento/estimulacao-precoce/como-estimular-o-bebe-com-sindrome-de-down-em-casa/ https://pixabay.com/pt/photos/folheto-crian%C3%A7a-beb%C3%AA-fam%C3%ADlia-2957024/ https://pixabay.com/pt/photos/folheto-crian%C3%A7a-beb%C3%AA-fam%C3%ADlia-2957024/ https://pixabay.com/pt/photos/crian%C3%A7a-brincando-praia-1699496/ https://soumamae.com.br/exercicios-de-estimulacao-precoce-para-criancas/ https://soumamae.com.br/exercicios-de-estimulacao-precoce-para-criancas/ 45 ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: REFLEXÕES E RELATOS DE EXPERIÊNCIA Cinara Reginato1 Especialização em Educação Especial Especialização em Multidisciplinaridade Escolar Professora da Rede Municipal de Caxias do Sul Vânia Canuto Echer2 Especialização em Psicopedagogia Clínica e Educação Especial Professora da Rede Municipal de Caxias do Sul Introdução O presente texto configura-se como relato de experiências e aprendizados construídos a partir da prática educativa do Atendimento Educacional Especializado (AEE) na modalidade da Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Rede Municipal de Ensino de Caxias do Sul (RME), envolvendo especificamente o público deste atendimento e as seis escolas de EJA de diferentes áreas da cidade. A intenção é dar visibilidade a este trabalho e possibilitar análise de subsídios teórico-práticos que retratem a realidade educativa e a transversalidade de princípios entre EJA e o AEE. O desafio para este trabalho foi proposto pela Secretaria Municipal de Educação (SMED), por intermédio do Setor da Educação Especial, com o objetivo de produzir memória escrita sobre a realidade educativa da EJA, recorrentes histórias de exclusão/inclusão e sua relação direta com a inclusão de estudantes público da Educação Especial nesta modalidade de ensino. Propomos uma análise de dados estatísticos do AEE/EJA trazendo as reais informações referentes a este público específico e minoritário da RME de Caxias do Sul. Para demonstrar apropriadamente essa realidade, consideramos que nada poderia ser mais real do que trazer algumas histórias de vida como testemunho da representatividade destes cidadãos buscando reverter um quadro de exclusão do direito à educação, gerado pela própria sociedade em que vivem. Para ilustrar a prática do AEE/EJA organizou-se relatos sobre as propostas educativas e experiência com estudantes público da Educação Especial, ilustrando algumas possibilidades em termos de flexibilizações e adaptações curriculares, bem como parcerias com professores e coordenações na efetivação do trabalho educativo e de inclusão social. Ainda, buscou-se refletir possibilidades metodológicas que contemplem as diferenças de aprendizado nas especificidades da EJA, suas realidades, seus sujeitos, seus espaços e necessidades. 46 Cenário e perspectiva da educação Especial na Educação de Jovens e Adultos da Rede Municipal de Educação de Caxias do Sul Em 2009, durante a IV Conferência Internacional de Educação de Adultos realizada no Brasil defendeu-se que: A educação inclusiva é fundamental para a realização do desenvolvimento humano, social e econômico. Preparar todos os indivíduos para que desenvolvam seu potencial, contribui significativamente para incentivá-los a conviverem em harmonia e com dignidade. Não pode haver exclusão decorrente de idade, gênero, etnia, condição de imigrante, língua, religião, deficiência, ruralidade, identidade ou orientação sexual, pobreza, deslocamento ou encarceramento. É particularmente importante combater o efeito cumulativo de carências múltiplas. Devem ser tomadas medidas para aumentar a motivação e o acesso de todos. (UNESCO, p.15) Na Educação de Jovens e Adultos, o Atendimento Educacional Especializado é realizado de acordo com a perspectiva de educação inclusiva, tendo o professor atuando de forma itinerante no turno da noite. Cabe ressaltar que a EJA e a Educação Especial conforme Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional (LDBEN, nº9394/96), são modalidades da educação básica. A EJA busca ofertar serviços, recursos e estratégias específicas para auxiliar no processo de escolarização de estudantes jovens e adultos que não tiveram oportunidade de iniciar ou interromperam suas trajetórias escolares em algum momento da vida. A Educação Especial perpassa todas as modalidades, níveis e etapas da educação, configurando uma modalidade de ensino que atende todasas Totalidades da EJA, nos diferentes níveis do Ensino Fundamental: Totalidades Iniciais T1,T2,T3 e Totalidades Finais: T4,T5,T6. Proporciona atendimento às pessoas com deficiências, transtorno do espectro autista (TEA) e altas habilidades/superdotação. O Atendimento Educacional Especializado considera as especificidades dos estudantes da EJA com a responsabilidade de organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade, eliminando barreiras à plena participação dos estudantes jovens, adultos e idosos com deficiência em turmas de EJA. Ao professor do AEE compete: a) a elaboração de plano individualizado em articulação com os demais professores da EJA e, quando necessário, em parceria com as demais políticas setoriais; b) a organização dos serviços e recursos pedagógicos de acessibilidade; c) a identificação das especificidades educacionais de cada estudante de forma articulada com os ambientes educativos inclusivos; d) a interlocução com os demais professores da EJA, tendo em vista a garantia da efetivação da acessibilidade ao currículo, provendo assim um ensino que possibilite a participação plena de todos os estudantes. 47 Em conjunto com a equipe docente, o AEE organiza as condições de acesso aos espaços, aos recursos pedagógicos e à comunicação que favoreçam a promoção da aprendizagem e a valorização das diferenças, de forma a entender as necessidades educacionais de todos os estudantes. Apesar da fluída exposição conceitual sobre o papel do AEE na EJA, é escasso o material de pesquisa que aborde a escolarização de jovens e adultos com deficiência, autismo ou altas habilidades, sendo imprescindível estudos que desvendem essa realidade, tanto no que está ocorrendo de forma prática, atendimento e abrangência, como de limitações próprias dos sistemas educacionais que ainda têm dificuldades de acesso e garantia de permanência escolar dos estudantes público da Educação Especial. A Rede Municipal de Ensino de Caxias do Sul, em 2020, contou com seis escolas núcleos do atendimento à educação de Jovens e Adultos: 1) E.M.E.F. Presidente Luciano Corsetti, 2) E.M.E.F Rosário de São Francisco, 3) E.M.E.F Guerino Zugno, 4) E.M.E.F Caldas Júnior, 5) E.M.E.F Presidente Castelo Branco e 6) E.M.E.F Dolaimes Stedille Angeli). A matrícula geral desta modalidade de ensino foi de 382 estudantes, sendo 24 deles público da Educação Especial (referência: março de 2020). Figura 1 - Gráfico 1 Fonte: construído pelas autoras (2020) Os estudantes que recebem Atendimento Educacional Especializado nas escolas da Rede Municipal de Ensino que oferecem a modalidade EJA, em sua maioria são caracterizados com Deficiência Intelectual (14 estudantes, sendo 4 com Síndrome de Down) ou Hipótese de Deficiência 48 Intelectual (7 estudantes), Deficiência Física (1 estudante) e outras deficiências (2 estudantes), conforme podemos observar: Figura 2 - Gráfico 2 Fonte: Elaborado pelas autoras (2020) A EJA/AEE está em constantes mudanças quanto às concepções educativas, metodológicas e de formas de atendimento, o que repercute no contexto escolar. A procura cada vez maior de estudantes público da Educação Especial nesta modalidade de ensino, exige políticas públicas responsáveis, pois eles necessitam de inclusão social, aprendizado com equidade de direitos para o atendimento de suas necessidades educacionais. A EJA/AEE na RME de Caxias do Sul tem como perspectiva possibilitar que estes estudantes retornem à escola e incluí-los no processo da escolarização e inserção social, como afirma a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva: [...] na modalidade de educação de jovens e adultos e educação profissional, as ações da educação especial possibilitam a ampliação de oportunidades de escolarização, formação para ingresso no mundo do trabalho e efetiva participação social (MEC, 2008). Sabe-se que alguns estudantes da EJA não tiveram acesso à educação formal na infância, ou, ainda, já frequentaram escolas de ensino regular ou escolas especiais. Muitas vezes, sua relação com o direito à educação formal revela histórias de exclusão. Alguns relatam experiências positivas e a maioria de relações negativas, por falta de oportunidade ou ainda de dificuldades acentuadas e falta de apoio que prejudicaram significativamente a escolarização no ensino regular ou em escolas especiais. Sendo assim, a EJA/AEE tornam-se modalidades que dão esperança de aprendizado ou uma forma de oportunidade para a inserção no mercado de trabalho e de valorização de suas potencialidades na convivência e atuação na sociedade. 49 Segundo Hass (2015), esse grupo se caracteriza, especialmente, por pessoas cujo histórico escolar tem um registro de tempo de permanência significativo em instituições de Educação Especial ou Classe Especial e, ainda, de fracasso na turma regular. A inclusão de pessoas público da Educação Especial na EJA está encorajando cada vez mais adultos e idosos a retornarem seus estudos, como podemos verificar abaixo: Figura 3 - Gráfico Idade Fonte: Elaborado pelas autoras ( 2020) Figura 4 - Faixa Etária Fonte: Elaborado pelas autoras (2020) Atualmente, temos um número maior de adultos acima de 30 anos e idosos na EJA/AEE do que de estudantes na faixa etária de 18 até 30 anos de idade, conforme observamos no gráfico 4. 50 Histórias de vida que reproduzem o significado do AEE na EJA Figura 5 - Estudantes Eja Fonte: Estudantes AEE/EJA – Estudos Monitorados - professora Vânia C. Echer (2020) Como professoras de AEE/EJA consideramos fundamental conhecer as trajetórias de vida de nossos estudantes. Nosso trabalho parte de questionamentos que aos poucos vão desvendando histórias de vida e superação: O que o levou a estar na EJA? Qual é a sua história enquanto estudante? Quais fatores interferem nas funções cognitivas, de aprendizado e relação com a educação formal? Que violências e privações? Quais são suas referências familiares? Que sonhos têm? As histórias de vida de nossos estudantes explicitam a relação deles com o mundo, as condições e limitadores de acesso aos direitos básicos e as possibilidades educativas de cada um durante sua vida. Realidade que revela contextos de exclusão, invariavelmente, e que podem ser ressignificadas agora na vida adulta por meio do trabalho educativo voltado ao pertencimento e ao resgate desses cidadãos pela educação inclusiva na EJA e no atendimento às suas necessidades de forma individualizada com o AEE. Contar essas histórias é imperativo para compreender a realidade. Relato 1: Aos 70 anos, após sofrer um AVC que o deixou com sequelas motoras, de memória e de fala, decidiu voltar a estudar na EJA. Ingressou nas Totalidades Iniciais e por iniciativa da professora 51 do AEE em realizar uma avaliação junto com a equipe multidisciplinar da SMED, acolheram este estudante no AEE, devido às suas dificuldades cognitivas. O objetivo dele é voltar a ler a Bíblia. Antes do AVC atuava como Pastor em sua igreja e agora não consegue ler e escrever. Relato 2: Estudante de 41 anos. Na primeira infância, estudou em uma escolinha maternal para fazer companhia a uma menina com a mesma deficiência. Os familiares da menina custeavam a escolinha, onde todos eram muito bem estimulados e incluídos, mas, infelizmente, a menina faleceu e os familiares do estudante em questão tiveram que procurar outra alternativa de escolarização para ele. A família após este período mudou-se para São Paulo, por motivo de trabalho do pai, onde ele permaneceu sem escolarização formal. Ao retornarem a Caxias do Sul, a escolha foi à escola especial, no qual permaneceu aproximadamente 14 anos, até ser convidado a se retirar. Segundo a família, no início, foi muito bom, a professora entendia as necessidades do
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