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Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico Andreize Ramos¹ Cléa Vaz de Menezes² ¹Discentes do curso de enfermagem da Universidade ULBRA- Canoas ²Docente do curso de enfermagem da Universidade ULBRA-Canoas. UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE ENFERMAGEM 1 ESTUDOS • Existem poucos estudos de boa qualidade metodológica sobre o tema; • Em 1995, estimava-se que para mais de 215 estudos sobre o tema AVC isquêmico (AVCi) haviam apenas 8 sobre AVC hemorrágico (AVCh); Gráfico 1. (autoria própria) AVCi 97% AVCh 3% Estudos nos 1993-2003 • Atualmente o número teve um pequeno aumento, mas nada significativo. (ANDRADE, 2018) 2 CONCEITO AVC GERAL • É definido como uma súbita perda da função cerebral focal ou global, de início abrupto ou em forma de crise, resultante da interferência no suprimento sanguíneo por obstrução ou ruptura de vaso no encéfalo. • O AVC pode ser classificado como isquêmico ou hemorrágico, dependendo do mecanismo que o desencadeou. (Figura 1) (Wagner;2014) Figura 1. (Santos, 2017) 3 • O acidente vascular cerebral hemorrágico é causado pela ruptura espontânea (não traumática) de um vaso, com extravasamento de sangue para o interior do cérebro (hemorragia intracerebral), para o sistema ventricular (hemorragia intraventricular) e/ou espaço subaracnóideo (hemorragia subaracnóidea). AVC HEMORRÁGICO (Sociedade Brasileira de Doenças Cardiovasculares, 2012) Figura 2. N. Silva Higuero, A. García Ruano 4 ETIOLOGIA 5 • Ruptura de pequenos vasos cronicamente danificados pela hipertensão arterial sistêmica (HAS) e por angiopatia amiloide. • Sangramentos oriundos de lesões estruturais no encéfalo ( aneurismas, MAV, tumores, tumores metastáticos, infartos venosos, etc.) (deposição extracelular de substâncias proteicas nas paredes das artérias de pequeno e médio porte, com consequente alteração vascular degenerativa). Malformações arteriovenosas FISIOPATOLOGIA AVCh Intraparenquimatosa • Os sangramentos relacionados à hipertensão arterial são originados em artérias perfurantes de pequeno calibre; • Essas artérias são encontradas nos locais onde normalmente ocorrem os AVCh relacionados à hipertensão: 6 núcleos da base 35% substância branca profunda 25% tálamo 20% cerebelo 15% tronco 5% PRINCIPAL LOCALIZAÇÃO QUANDO DERIVADO DE HAS Gráfico 2. (autoria própria) LOCALIZAÇÃO DAS HEMORRAGIAS QUANDO DERIVADAS DE HAS 7 Figura 3. Resumo Escolar Figura 4. Resumo Escolar Figura 5. Resumo Escolar HEMORRAGIA INTRAPARENQUIMATOSA • O sangramento acontece dentro do tecido cerebral, levando a hipertensão encefálica em decorrência do edema das estruturas locais. Estes mecanismos levam à lesão neurológica. • A causa mais comum dos hematomas intracranianos é por picos de hipertensão arterial não-controlada; • Outras causas menos comuns são sangramentos por uso de medicações, por malformações arteriovenosas e outras causas. • É o subtipo de AVC de pior prognóstico, com até 65% de mortalidade em 1 ano. • É consequência da ruptura de micro aneurismas de Charcot-Bouchard, gerados pela lesão vascular da hipertensão arterial sistêmica 8 são aneurismas minúsculos que se desenvolvem como resultado da hipertensão crônica e aparecem mais comumente nos gânglios da base e em outras áreas, como o tálamo, a ponte e o cerebelo, onde existem pequenos vasos penetrantes. HEMORRAGIA SUBARACNÓIDEA (HSA) 9 • A HSA espontânea (primária) resulta de ruptura de aneurismas, com mais frequência de um aneurisma intracraniano congênito sacular ou em amora (Figura 3), em cerca de 85% dos pacientes. A hemorragia pode cessar espontaneamente. • Pode ocorrer hemorragia aneurismal em qualquer idade, sendo mais comum entre 40 e 65 anos. As causas menos comuns são aneurismas micóticos, malformações arteriovenosas e distúrbios hemorrágicos. Figura 6. Resumo Escolar • O sintoma mais frequente é a cefaleia súbita muito intensa, que costuma dar mal-estar e bastante dor, às vezes com desmaios na hora da dor. • A dor súbita deste tipo de AVC é exatamente a hora em que ocorre a ruptura do aneurisma. HEMORRAGIA SUBARACNÓIDEA (HSA) 10 Figura 7. Resumo Escolar • Aneurisma sacular, é uma dilatação que se forma na parede enfraquecida de uma artéria do cérebro. • A pressão normal do sangue dentro da artéria força essa região menos resistente e dá origem a uma espécie de bexiga que pode ir crescendo lenta e progressivamente. FISIOPATOLOGIA HSA • O sangue no espaço subaracnóideo produz uma meningite química, que geralmente aumenta a pressão intracraniana durante dias ou algumas semanas. • O vaso espasmo subsequente pode produzir isquemia cerebral focal; • Cerca de 25% dos pacientes desenvolvem sinais AVC isquêmico. • O edema cerebral é máximo e o risco de vaso espasmo e infarto subsequente (denominado angry brain) é maior entre 72 h e 10 dias. • A hidrocefalia aguda secundária também é comum. Às vezes, ocorre uma segunda ruptura causando novo sangramento, em geral em um período de até 7 dias. 11 SINAIS E SINTOMAS HSA • Em geral, a cefaleia é intensa, atingindo o pico em segundos. Pode ocorrer perda de consciência, em geral logo em seguida, mas às vezes não por várias horas. • Déficits neurológicos graves podem se desenvolver e se tornarem irreversíveis em minutos ou algumas horas. • O sensório pode estar prejudicado e os pacientes podem tornar-se agitados. • Podem ocorrer crises epilépticas. • No início, o pescoço geralmente não está rígido, a menos que haja herniação das amígdalas do cerebelo. 12 SINAIS E SINTOMAS HSA • A hidrocefalia subsequente pode produzir cefaleia, obnubilação e déficits motores que persistem por semanas. O ressangramento pode causar sintomas novos ou recorrentes. 13 • No entanto, no período de 24 h, a meningite química produz um meningismo moderado a marcante, vômito e, às vezes, respostas extensoras plantares bilaterais. • A frequência cardíaca ou respiratória geralmente é anormal. Febre, cefaleias contínuas e confusão são comuns durante os primeiros 5 a 10 dias. Figura 8. Sinal de Kerning e Brudzinski. Débora Everslote ESCALAS HSA HUNT E HESS 14 Escala de Hunt e Hess na Hemorragia Subaracnoide Grau Avaliação Neurológica 1 Assintomático ou cefaleia leve e rigidez nucal discreta 2 Cefaleia grave, rigidez de pescoço, sem déficit neurológico, exceto por paralisia de nervo craniano 3 Sonolência ou confusão mental, déficit neurológico leve 4 Torpor, hemiparesia moderada a grave 5 Coma, postura de descerebração • Essa Escala se baseia nas condições clínicas do paciente de acordo com 5 níveis de sintomas perceptivos associados com o risco de morte. • A mortalidade é mínima para a graduação 1 e máxima para a graduação 5. Tabela 1. Escala Hunt e Hess. Reprodução própria ESCALAS HSA World Federation Of Neurosurgical Societies 15 Escala de gravidade da Hemorragia Subaracnoide da WFNS Grau Escala de Coma de Glasglow Déficit motor 1 15 Ausente 2 13-14 Ausente 3 13-14 Presente 4 7-12 Presente ou ausente 5 3-6 Presente ou ausente • A escala é constituída de cinco graduações, baseada na Escala de Coma de Glasgow e na presença de déficit neurológico focal e avalia a gravidade dos sintomas após ocorrência de hemorragia subaracnóidea (HSA). Tabela 2. Escala WFN. Reprodução própria MANIFESTAÇÃO CLÍNICA • O sangramento dentro do parênquima cerebral é indolor. • Idealmente os pacientes com HIC devem ser avaliados através de escalas clínicas padronizadas como a escala de coma de Glasgow e a escala de AVC do National Institutes of Heath (NIH). 16 • Enfatiza os mais importantes tópicos do exame neurológico • Objetiva uniformizar a linguagem dos profissionais de saúde e tem sido relacionada com gravidade, definição de tratamento e prognóstico. • Varia de 0 a 42 pontos • Deve ser aplicada na admissão do paciente e a cada hora nas primeiras 6 horas, a cada 6 horas nas primeiras 18 horas. SINAIS DE ALERTA17 Miastenia ou formigamento unilateral; Afasia; Amaurose unilateral; Vertigem; Cefaleia súbita sem causa aparente; Meningismo (Sinais de Brudzinski e Kernig). DIAGNÓSTICO DE AVC • É dado com a informação da história clínica do paciente , apoiado por exames complementares (exames de neuroimagem e de laboratório). • A Escala de Cincinnatti é muito utilizada para a rápida identificação e melhor direcionamento do caso, avaliando três itens, sendo que a presença de um deles alterado indica forte suspeita de um quadro de AVC. 18 19Figura 9. Escala de Cincinnatti. tecendoenfermagem RANKIN MODIFICADA • Utilizada para acompanhar a evolução funcional pós AVC, tem o objetivo de mensurar o grau de incapacidade e dependência nas atividades da vida diária. 20 Independe da classificação do AVCh Figura 10. Escala de Rankin modificada. Will, JTL. TRATAMENTO • Baseia-se no controle das complicações das doenças pré-existentes, como hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus e coagulopatias, bem como no manejo adequado da hipertensão intracraniana e de eventuais crises convulsivas. 21 TRATAMENTO MEDICAMENTOSO • O tratamento de crises epiléticas ou estado de mal epilético deve ser prontamente instituído. • Recomenda-se o tratamento profilático, onde as drogas mais recomendadas são Fenitoína e Fenobarbital; • O controle da temperatura é imprescindível, sendo sugerido a administração de antitérmicos e/ou anti-inflamatórios não esteroidais (Ibuprofeno, Cetoprofeno); • Também podem ser utilizados medicamentos para controle da HAS. 22 TRATAMENTO CIRÚRGICO • Derivação ventricular externa (DVE) está indicada durante o período crítico de elevação da Pressão Intracraniana(PIC). 23 Figura 11. DVE. tecendoenfermagem TRATAMENTO CIRÚRGICO • Quando a HSA é decorrente de aneurisma roto, a clipagem cirúrgica ou tratamento endovascular devem ser realizados o mais precocemente possível. Obliteração completa do aneurisma é o ideal, sempre que possível. • O tratamento precoce dos aneurismas reduz risco de um novo sangramento e permite implementar medidas antivasoespasmo cerebral, como indução da hipertensão. 24Figura 12. Clipagem de aneurisma roto. Aquino, Carol COMPLICAÇÕES • As complicações variam de acordo com a região afetada pelo AVC. • IMEDIATAS- motora, deglutição, fala, apraxia, consciência, memoria, novo sangramento, coma, perda da sensibilidade do lado afetado, alterações comportamentais. • TARDIAS- Vaso espasmo cerebral (principal causa de morbidade e mortalidade após HSA), Trombose venosa profunda (TVP), hidrocefalia, convulsões, edema pulmonar, disfunções cardíacas, ulceras por pressão, depressão. 25 ORIENTAÇÕES • A complicação mais temida é o ressangramento. • Ocorre em até 4% dos doentes no primeiro dia. A melhor prevenção é a oclusão do aneurisma, por meio de clipagem. • Algumas medidas utilizadas para prevenir o ressangramento são: Manter o paciente em repouso no leito em ambiente calmo e tranquilo; 26 • Analgesia adequada: AINH (anti-inflamatório não hormonal- caso prescrito pelo médico), opióides como morfina caso o paciente tenha dor, pois com a dor aumenta a pressão, e assim, o ressangramento. ORIENTAÇÕES • Sedativos (midazolan) • Laxante (para evitar obstipação e consequente manobras de Valsava durante a evacuação). • De forma geral quando o paciente vai para casa ele deve manter acompanhamento com equipe multiprofissional, (nutricionista, fisioterapeuta, psicoterapeuta, enfermagem, terapia ocupacional). 27 Exalar forçadamente o ar contra os lábios fechados e nariz ocluso, forçando o ar em direção ao ouvido médio se a tuba auditiva estiver aberta. Esta manobra aumenta a pressão intratorácica e diminui o retorno venoso aumentando a pressão arterial Figura 13. Manobra de Valsava. Liga de Anatomia Ulbra. PREVENÇÃO • Controle do tabagismo. • Atividade física regular. • Controle da obesidade. • Controle do uso de álcool. • Controle da HAS, DM, dislipidemia. 28 DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM 29 • Percepção sensorial perturbada relacionada a déficit visual,à Acidente Vascular Cerebral e a restrições à mobilidade. • Mobilidade Física Prejudicada relacionada ao prejuízo músculo esquelético e neuromuscular, hemiparesia. • Perda de equilíbrio e coordenação secundária ao AVCh evidenciada por imobilidade no leito, movimentos não coordenados e instabilidade postural. • Deglutição prejudicada relacionado a lesão cerebral, evidenciado pela disfagia. • Déficit no autocuidado para vestir-se/arrumar-se relacionado à dor, prejuízo musculoesquelético, neuromuscular e perceptivo. DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM 30 • Risco para a integridade da pele prejudicada relacionada à imobilidade no leito secundária as sequelas deixadas pelo AVCh; • Comunicação verbal prejudicada relacionada à isquemia do lobo frontal ou temporal secundária a Acidente Vascular Cerebral(AVC). • Risco de perfusão tissular cerebral ineficaz, relacionada ao AVCh; • Capacidade adaptativa intracraniana diminuída relacionado a lesões cerebrais evidenciada pelo rebaixamento do nível de consciência e sinais de hipertensão intracraniana; • Déficit no autocuidado para alimentação relacionada a prejuízo neuromuscular, a paralisia parcial ou total, déficit visual, dor e desconforto. CUIDADOS DE ENFERMAGEM • Ao avaliar nível de consciência devem ser realizadas as seguintes avaliações: atenção e concentração, memória, estado afetivo, linguagem, raciocínio e orientação; • Caso a escala de coma de Glasgow apresente valor igual ou menor a 8 deve-se realizar avaliação pupilar, motricidade ocular, padrão respiratório e padrão motor; • Orientar a família a evitar diálogos emocionalmente carregados enquanto o paciente estiver em desmame da ventilação mecânica, evitando elevação da PIC (Pressão Intracraniana); • Manter controle da pressão arterial, temperatura, padrão respiratório e glicemia; • Manter a cabeceira elevada 30º; • Manter a temperatura corporal abaixo de 37,5ºC; 31 CUIDADOS DE ENFERMAGEM • Realizar balanço hídrico rigoroso; • Manter repouso absoluto no leito; • Para pacientes afásicos, promover meio de comunicação (seja através da escrita, mímica ou lousa de alfabeto); • Explicar ao acompanhante a necessidade de comunicar a enfermagem quanto a hipotensão ou hipertensão arterial; • Pedir ao acompanhante se notar qualquer alteração do estado neurológico (queda do Glasgow, convulsões, piora do padrão respiratório, sangramentos, agitação psicomotora, hipertensão arterial exagerada) comunicar imediatamente a enfermagem; • Após neurocirurgia manter oxigenação adequada, evitar aspirações traqueais prolongadas, controlar a sedação, examinar pupilar a cada hora, aplicar escala de coma de Glasgow (para pacientes sem sedação), escala de Ramsay ou SAS (para pacientes com sedação), observar sinais de complicações. 32 INCENTIVO PARA O TRATAMENTO • Segundo a CIB 243 de 2016 que aprova as referências para a linha de cuidados dos leitos de AVC da Região Macro Metropolitana, o Hospital Getúlio Vargas é referencia para quatro municípios disponibilizando 10 leitos no Centro de atendimento de Urgência tipos II e III aos pacientes com AVC e/ou número de leitos da Unidade de Cuidado Integral ao AVC. Sapucaia do Sul, Esteio, Parobé e Taquara. • O total de atendimentos 104 AVCi e 6AVCh, seguindo então a análise inicial que a incidência de AVCis ainda é maior que AVCh.* • Valor pago em média para o incentivo do tratamento do AVCh R$ 3.581,78. 33 *Dados coletados através do sistema Bi Estadual período: jan/ago 2018. SES. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. WFNS. Report of World Federation of Neurological Surgeons Committee on a Universal Subarachnoid Hemorrhage Grading Scale. J Neurosurg. 1988 Jun; 68(6): 985-6. 2. PINTO, F. C. G. Manual de iniciação em Neurocirurgia. 2 ed. São Paulo: Santos, 2012. 3. TECENDOENFERMAGEM. Escala de Cincinnati. 11 de maio de 2018. São Paulo. Disponível em: <https://deskgram.net/p/1790322148410259781_7660525743>4. Hunt WE, Hess RM. Surgical risk as related to time of intervention in the repair of intracranialaneurysms. J Neurosurgery 1968;28(1):14-20. 5. Hunt WE, Meagher JN, Hess RM. Intracranial aneurysm. A nine-year study. 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