Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
GEsTÃo eLiDErANÇA EMPREENDER EM TEMPOS DE CRISE Curso LiDErANÇALiDErANÇALiDErANÇALiDErANÇALiDErANÇALiDErANÇALiDErANÇALiDErANÇA EMPREENDER EM TEMPOS DE CRISEEMPREENDER EM TEMPOS DE CRISEEMPREENDER EM TEMPOS DE CRISEEMPREENDER EM TEMPOS DE CRISEEMPREENDER EM TEMPOS DE CRISEEMPREENDER EM TEMPOS DE CRISE iNoVANDo NA GEsTÃo DE ProCEssos Em PEQuENAs EmPrEsAs: GErANDo VALor PArA o CLiENTE E PArA o NEGÓCio ANA CLáuDiA FErrEirA mourA 9 FAsCÍCuLo Apresentação 1. Compreendendo o processo e sua gestão 2. Eliminando atividades que não agregam valor 3. Fazendo a gestão de processos 4. Indicadores estratégicos 5. Ferramentas para a gestão de processos Referências 131 132 133 135 139 140 143 sumário A despeito de seu tamanho, toda em- presa deve buscar a melhoria contínua dos seus processos, de modo a manter a satis- fação do cliente e, por conseguinte, gerar valor. A gestão de processos, tantas vezes de forma equivocada vinculada a negócios de grande porte, deve ser uma prática siste- mática, a ser perseguida por todo empresá- rio. Afi nal, quem não deseja otimizar recur- 131 APrEsENTAÇÃo sos, melhorar o desempenho da equipe e ganhar mais efi ciência? Neste fascículo do curso Gestão e lide- rança: Empreender em tempos de crise, convido você a revisitar os processos do seu negócio, de forma simples e direta. O objetivo é desmitifi car os processos empre- sariais, defi nindo e planejando indicativos estratégicos, conhecendo as principais fer- ramentas para contribuir com a sua gestão. FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE132 1 Se você procurar a defi nição de pro-cesso no dicionário, encontrará uma boa diversidade de signifi ca-dos, que permeiam os campos jurí- dico, científi co e organizacional. Vamos nos deter a esse último, trazendo o conceito de que processo é “a maneira de se fazer algu- ma coisa; procedimento: processo de cria- ção ou ainda a ação contínua e prolongada, que expressa continuidade na realização de determinada atividade”. Note que o conceito traz a maneira de fazer e a continuidade na ação como elementos que devem mere- cer a sua atenção. Um bom exemplo é o caso das padarias e a produção do pão tipo carioquinha ou francês. Considerado preferência nacional na panifi cação, a expectativa do cliente ao comprar esse pão é de receber um produto com miolo macio, claro e farto, coberto por uma casca fi na, dourada e crocante. Deu até fome, não é? Agora, imagine a frustração de quem recebe um produto diferente. O que ocorreu? O padeiro mudou? Faltou algum ingrediente? São diversas as possibilidades que levaram a um produto diferente, mas uma coisa é certa: o seu cliente não estará satisfeito e certamente você terá problemas. Assim, assegurar-se de que o pão cario- quinha diário terá sempre o mesmo sabor e a mesma qualidade, independentemente de quem o faça, fará a diferença no seu negócio. Evidentemente que outros ingredientes e formatos podem ser agregados ao produto, mas aí o resultado não será o carioquinha, pois entra em cena o elemento da inovação, com a criação de um novo produto. É possível assim afi rmar, de forma resumida, que o processo é a forma de preparação do pãozinho; é o passo a passo para a sua produção. A gestão do processo é constituída do que você adota para que o produto tenha o padrão esperado e que satisfaça o seu cliente. ComPrEENDENDo o ProCEsso E suA GEsTÃo EMPREENDER EM TEMPOS DE CRISE: GESTÃO E LIDERANÇA 133 Pesquisa realizada pelo Sebrae aponta não ser possível atribuir a um só fator a causa da mortalidade das empresas, mas a uma combinação de fatores. O estudo aponta que a probabilidade de fechamento é maior entre os empresários que não aper- feiçoavam seus produtos ou serviços; não buscaram inovar, não faziam o acompan- hamento rigoroso de receitas e despesas; não diferenciavam seus produtos e não investiam na sua própria capacitação em gestão empresarial. SAIBA MAIS Desperdício é algo que não cabe no mundo em que vivemos. Seja do ponto de vista pessoal, seja do empresarial, usar recursos de ma- neira irresponsável elimina a produtividade tão desejada por todos. Nesse sentido, não potencializar o uso ou subaproveitar elementos, utilizar itens de forma incorreta ou excessiva, perder prazos com fornecedores ou clientes ou até mesmo realizar atividades desnecessárias são situações que não agregam valor e po- dem impactar os resultados do seu negócio. É possível perceber, então, que direcionar os esforços para o que agrega valor é algo necessário. Algumas empresas, no entanto, encontram algumas difi culdades e resistên- cias internas para eliminar as atividades, to- talmente dispensáveis para o negócio. Atentar para os dois aspectos a seguir poderá orientar o pequeno empresário a perceber as atividades que poderão ser des- continuadas ou modifi cadas, no sentido de promover maior satisfação e produtividade. • Foco no cliente: a empresa precisa es- tar alinhada às necessidades de quem ela atende – os clientes. É claro que a estratégia de seu negócio precisa estar orientada para o produto ou serviço, mas há de existir um foco especial no cliente. DAWAR (2014) afi rma que, com a globali- zação, as empresas – sejam de que tama- nho forem – precisam estar em constante alinhamento com o seu cliente, de modo a antecipar-se às tendências. O centro de gravidade mudou. Hoje qualquer produ- to ou serviço pode ser facilmente copia- do pela concorrência. Produtos e serviços são commodities, mas o seu diferencial será sempre a forma como você intera- ge com o seu cliente e não só o atende, mas o satisfaz, o encanta. Atualmente, já se fala em foco do cliente, que leva em consideração o fator humano, com suas emoções e sentimentos, gerando agradá- veis experiências ao consumidor. ELimiNANDo ATiViDADEs QuE NÃo AGrEGAm VALor 2 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE134 • Visão sistêmica: CAPRA (2012) já afi r- mava que o poder inovador das organi- zações não é mais promovido por pro- cessos hierárquicos rígidos, mas pela quantidade (e acrescento – também da qualidade) de conexões entre as pesso- as, da rede de contatos e das relações da vida organizacional, da vida da socieda- de e dos mercados em que as empresas estão inseridas. Trocando em miúdos, você e sua empresa não são uma ilha. No caso do empresário, ter visão sistêmi- ca é a capacidade que se tem de olhar a organização como um todo; é enxergar todas as partes, a fi m de formar um todo, integrado. É senso comum dizer que se deve enxergar a fl oresta, sem perder de vista cada árvore. No caso da empresa, visão sistêmica ex- trapola o âmbito interno da organização e é preciso que se enxerguem todos os elementos externos, que podem afetar de alguma forma o negócio – estar aten- to aos concorrentes, às regras governa- mentais, aos movimentos sociais, a tudo o que pode interferir em seus processos. Enquanto líder do seu negócio, ter visão sis- têmica é de grande importância, mas tam- bém é necessário que todos os funcioná- rios tenham a mesma visão, conhecendo a atividade que realiza e a sua importância para a empresa. Sentir-se parte necessária do todo trará motivação à equipe e, certa- mente, ganho de produtividade. Mas, em termos práticos, como a visão sis- têmica poderá infl uenciar no seu negócio? Planejamento Análise Solução de problemas Estratégias para contornar adversidades Previsão e antecipação de problemas Negociação Tomada rápida e acertada de decisões Entendendo esses conceitos iniciais, va- mos detalhar a gestão de processos. Fica a Dica Commodities = termo em inglês que, no caso específi co do foco no cliente, corresponde a produtos ou serviços de qualidade e características uniformes, que são diferenciados de acordo com quem os produziu ou por sua origem. Fica a Dica EMPREENDER EM TEMPOS DE CRISE: GESTÃO E LIDERANÇA 135 FAZENDo A GEsTÃo DE ProCEssos Gerenciar processos não é uma re-ceita de bolo.Cada negócio tem suas particularidades e necessi-dades de foco distintas. No entan- to, há alguns procedimentos que precisam ser considerados em qualquer empresa, que passam pelos objetivos estratégicos do negócio; identifi cação e priorização dos processos críticos; defi nição do responsável pelo processo; descrição dos processos e necessidades dos clientes; início do proces- so e critérios para o mapeamento e modela- gem de processos. a. Objetivos estratégicos Toda empresa tem desafi os que preci- sará superar para implementar a sua estra- tégia. Mas, antes de defi nir a estratégia a ser adotada, é necessário ter em mente e disseminar por toda a equipe três elemen- tos norteadores: a missão, a visão e os valores do negócio. Como missão, entende-se a razão de existir da empresa. LIBERATO (2018) afi rma que a missão deve ser a carteira de identi- dade da organização, de forma concisa e objetiva. Pela missão será possível conhe- cer o propósito da empresa. Defi nir a mis- são é um passo importante na defi nição das estratégias empresariais. A visão do negócio está relaciona- da ao seu futuro, à situação em que se deseja estar num determinado prazo. Ela deve contemplar o que todos na empresa desejam para o futuro, para que todos, a partir das estratégias defi nidas, possam perseguir esse desejo, no prazo determinado. Os valores empresariais são os princípios que regem todas as ações e comportamentos de todos os que fazem parte da empresa. São itens dos quais a empresa não abre mão para desenvolver as suas atividades, sendo esses a crença do que é correto e justo. Você pode se inspirar em algumas em- presas bem conhecidas para elaborar a mis- são, a visão e os valores de seu negócio. Veja: 3 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE136 EMPRESA MISSÃO VISÃO VALORES GOOGLE Organizar as informações do mundo todo e torná- las acessíveis e úteis em caráter universal. Ser referência mundial em inovação e organização de conteúdo, agregando conhecimento e bem- estar à sociedade. Integridade, cultura interna de empreendedores, aproximação e compromisso com a cadeia de valor, vida equilibrada e diversidade. Mc DONALD’s Servir comida de qualidade, proporcionando sempre uma experiência extraordinária. Duplicar o valor da companhia, ampliando a liderança em cada um dos mercados. Oferecemos qualidade, serviço & limpeza aos nossos clientes. O BOTICÁRIO Ser lembrada pelos clientes como referência em produtos de beleza, buscando a fi delidade para garantir a continuidade do negócio. Conectar as pessoas aos ideais de beleza, sendo a marca preferida, com rentabilidade e crescimento acima do mercado. Integridade, paixão pela evolução e desafi os, comprometimento com resultados, valorização das pessoas e das relações. EMPRESA MISSÃO VISÃO VALORES PANIFICADORA MOURA Fornecer produtos de panifi cação de qualidade e inesquecível experiência de sabor. Ser a panifi cadora de referência dos fortalezenses até 2022. Honestidade Pontualidade Cortesia Empatia Preço justo. Note que, de forma mais objetiva e sim- ples, se tornará mais fácil disseminar o con- ceito por toda a empresa, fazendo com que todos percebam qual é o seu negócio, aon- de a empresa pretende chegar e o que ali se valoriza. São o propósito e a identidade da empresa, que precisam ser lembrados por todos e reavaliados ou revistos ocasional- mente, de modo a manter a atualidade e a factualidade das defi nições. No quadro foi possível observar que, de forma diversa do que foi conceituado, algumas empresas não apresentam obje- tividade e concisão nas suas missões, não havendo ainda uma defi nição temporal para a visão. Não há o que discutir se isso é certo ou errado. Cada uma elaborou os itens a partir da visão do seu líder e dos co- laboradores, na percepção do momento de suas construções. Cabe, no entanto, trazer para a refl exão um formato acade- micamente simples e que poderá auxiliar na elaboração de suas defi nições. Veja o exemplo da fi ctícia Panifi cadora Moura, a seguir: b. Identifi cação e priorização dos processos críticos Previamente à defi nição dos processos que serão prioritariamente gerenciados, é necessário identifi car aqueles processos con- siderados efetivamente críticos para o seu ne- gócio. Isto é, aqueles que estão diretamente atrelados ao desempenho da empresa. EMPREENDER EM TEMPOS DE CRISE: GESTÃO E LIDERANÇA 137 críticos para o negócio. A priorização é de- vida e sugere-se ainda que haja uma expe- riência “piloto”, partindo de processos de menor complexidade e que apresentem resultados visíveis no curto prazo. Em termos práticos, considerando o exemplo da Panifi cadora Moura, tratado anteriormente, podemos entender como críticas as seguintes situações: - Processo de Aquisição de Insumos: já ima- ginou faltar trigo na hora de fazer o pãozinho? - Processo de Defi nição de Escalas de Trabalho do Pessoal: o que dizer se o pão- zinho atrasar porque o padeiro que deveria trabalhar naquele dia não veio ou o respon- sável pela limpeza não sabia por onde co- meçar a atividade? - Processo de Precifi cação dos Produtos: como saber se o produto está sendo vendi- do no preço justo ao cliente, que permita receita que cubra os custos e enseje o ga- nho esperado? Assim, deverão ser identifi cados os pro- cessos mais impactantes, a partir das refl e- xões a seguir: 1. que tenham importância direta para a existência da organização; 2. que impactem os resultados operacionais; 3. que tenham importância para o produto ou serviço que é entregue ao cliente; 4. que seja crítico para a implementa- ção da estratégia organizacional; 5. que interfi ra em outros processos prioritários e que podem paralisar ou limitar os resultados; 6. qual a complexidade do proces- so e a quantidade de recursos que ele demanda. É importante atentar que não é possível gerenciar, de imediato, principalmente se você está iniciando a atividade, todos os processos que forem identifi cados como c. Defi nição do responsável pelo processo Alguns processos têm fases que ocor- rem em áreas diversas da empresa, numa interação constante das pessoas respon- sáveis pelas atividades. Para dar maior or- ganicidade, é necessário que, identifi cado e priorizado, seja também designado um responsável pelo processo. Em geral, suge- re-se que seja aquele que detiver a maior parte do processo em sua área ou a parte de maior relevância. Caberá a esse colaborador a respon- sabilidade de, após o processo ter sido mapeado, modelado, documentação e im- plantado, verifi car a sua regularidade, bem como a constante vigilância, de modo a sinalizar o momento em que ele necessite ser revisto. FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE138 d. Descrição dos processos e necessidades dos clientes O gerenciamento de processos requer que se identifi que o motivo da existência de cada processo e a verifi cação de atendi- mento das necessidades dos clientes. Vale destacar os seguintes aspectos: • Qual é o objetivo do processo e por que ele existe? • O processo faz parte da razão de exis- tir do negócio ou se trata de processo de apoio? • Os produtos ou serviços fornecidos atendem às expectativas dos clientes? e. Início do processo e critérios para o mapeamento e modelagem As atividades empresariais passíveis de mapeamento e modelagem podem estar agregadas, embora tenham se desenvolvi- do em momentos distintos. À atividade que engloba mais de uma função na estrutura da empresa e tem impacto signifi cativo chamamos de macroprocesso. As divisões desse macroprocesso, numa relação de de- pendência, chamamos de subprocesso. No exemplo a seguir, que é o macroprocesso básico de Aquisição de Bens e Serviços para uma empresa, são subprocessos: De- fi nição de Compra, Negociação da Com- pra, Contratação e Pagamento. Contratação PagamentoContrataçãoNegociaçãoda compra Negociação da compra Defi nição da compraNo caso abaixo, o macroprocesso con- templa o passo a passo para que a ativida- de de compra seja realizada. O mapeamen- to dos subprocessos vai descrever tópicos inerentes ao fl uxo de trabalho e, por essa razão, eles devem ser bem analisados e defi nidos, de modo a assegurar que o tra- balho seja realizado com efi ciência, respei- tada ainda a sua frequência. Compreendidos esses conceitos, torna- -se importante conhecer como a empresa atua no momento atual com relação àquele processo, no sentido de identifi car como se faz, mas também de se levantar eventuais falhas, limites e pontos de controle. O obje- tivo é ter o maior número de informações e passos do processo atual; assim, será pos- sível visualizá-lo de modo mais harmônico. É chegada a hora de interagir com quem executa o processo e proceder às anotações das tarefas, quem as realiza, onde é o início, o processamento e o fi m de cada atividade e onde se encontram os principais pontos de decisão. Uma dica para as empresas, ao faze- rem o mapeamento de seus processos, é utili- zar quadros ou cartolinas, escrevendo os itens levantados em post-its, permitindo que todos visualizem o que está sendo delineado. Tomando como breve exemplo o caso do subprocesso defi nição da compra, po- demos refl etir sobre os passos que com- põem essa ação. Temos assim: a descrição do item a ser adquirido, a solicitação de compra, a autorização de compra etc. Cada ação desta precisa ser descrita em detalhe, mostrando a interação dos passos e os res- pectivos responsáveis. EMPREENDER EM TEMPOS DE CRISE: GESTÃO E LIDERANÇA 139 Solicitação de Compra Autorização da Compra Solicitação de Compra Descrição do item comprado Descrição do item comprado Defi nição da compra Após esse levantamento de informa- ções, é necessário desenhar o processo. De forma simples, é possível fazê-lo como no exemplo gráfi co. No entanto, há no mercado, de forma gratuita, metodologias que podem facilitar essa atividade. Uma das mais recomendadas na atualidade é a BPMN (Business Process Model and Nota- tion), que utiliza ícones-padrão, de fácil in- teração e compreensão. Há soft wares que usam a metodologia BPMN para diversos níveis de mapeamento. Um gratuito muito recomendado é o Bizagi. Realizado o mapeamento do processo, você observará que, de forma gráfi ca, fi ca mais visível perceber como se dá o fl uxo, identifi cando os pontos de atenção ou problemas que precisam ser revisados so- bre o seu negócio. A partir daí, é possível identifi car se alguma tarefa pode ser eli- minada, se está havendo retrabalho, se o fl uxo que está sendo adotado é o correto ou ainda se existem tarefas importantes que não estão sendo realizadas. Tudo fi ca mais fácil. E a transição do modelo atual (como é) para o modelo futuro (como deve ser) pede uma boa compreensão por parte da gestão quanto à melhoria do processo. O processo adotado, redesenhado com as melhorias, precisa ser disseminado com os envolvidos e adotadas verifi cações de con- formidade constantes. O mapeamento, no entanto, não estará concluído de forma plena se não houver a manualização dos processos. As atividades e a forma como são realizadas necessitam estar contempladas em manuais ou descri- tivos (físicos ou digitais), assegurando que a empresa não venha a ter perdas ou solu- ção de continuidade, com o desligamento de algum de seus colaboradores ou outro fator adverso. Estando tudo minuciosa- mente descrito, preserva-se a continuidade do processo e da empresa. Atribui-se ao fi lósofo, escritor e político romano Sêneca a célebre frase: “Para barco sem rumo não há vento favorá-vel”. Assim funcionam as empresas que não têm um rumo defi nido: deixam-se levar pela força dos ventos, na direção por eles defi nida. Um barco sem rumo é análogo a uma empresa sem indicadores estratégicos. Indicadores são instrumentos de caráter numérico que facilitam o acompanhamento dos resultados alcançados pelos processos. Por intermédio dos indicadores, de forma di- reta e objetiva, é possível medir se os objetivos iNDiCADorEs EsTrATÉGiCos4 e as metas defi nidos estão sendo atingidos pela empresa. As medições dos indicadores precisam ser divulgadas internamente com todos os participantes do processo e envol- vidos, objetivando estimular o comprometi- mento de todos com o alcance dos resultados. Para a defi nição de indicadores, me- tas precisam ser estabelecidas. As metas SMART, acrônimo (em que cada letra ini- cial tem um signifi cado) conhecido no meio empresarial, têm sido bastante utilizadas. Vamos entender o signifi cado, a partir das considerações de ANDRADE (2020): FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE140 5 S Specifi c / Específi ca Precisa ser específi ca/direta e todos devem ter o seu pleno entendimento M Measurable /Mensurável Deve compreender dados numéricos referen-tes a quantidade e tempo. A Attainable / Atingível Factível a partir do histórico e da opinião dos que realizam a atividade. R Relevant /Relevante Deve haver a compreensão de sua importân-cia para a organização. T Time Based / Temporal É necessário defi nir prazos para atingimento da meta (dia, mês, ano etc.). Até aqui você entendeu a importân- cia de ter os responsáveis pelo processo definidos, os processos mapeados, prio- rizados e documentados, indicadores e metas definidos e sistematicamente acompanhados pelos envolvidos e pela gestão. Mas é importante destacar que o Para contribuir com as atividades de aná- lise, mapeamento e aprimoramento dos pro- cessos, existem ferramentas de cunho prático e assertivo, com larga utilização pelas empresas. A seguir serão abordadas as características das mais difundidas na atualidade. 1. CICLO PDCA O Ciclo PDCA, Ciclo de Shewhart, Ciclo de Deming ou FOFA pode ser utilizado por qualquer empresa, aplicando-o a projetos AGIR Implementar CHECAR Resultados EXECUTAR Testes PLANEJAR Melhorias de melhoria de processos ou desenvolvi- mento de novos produtos, que tenham foco na melhoria contínua. Na gestão de proces- sos, as atividades são constantemente mo- nitoradas, a fi m de garantir a qualidade das entregas, buscando a melhoria constante, tanto na realização do trabalho quanto na satisfação dos clientes. O Ciclo é constituído de quatro passos, também em acrônimo, girando no sentido horário, conforme fi gura a seguir: FErrAmENTAs PArA A GEsTÃo DE ProCEssos mundo é dinâmico e as empresas estão intrinsecamente ligadas às mudanças que ocorrem. Portanto, não tenha medo de rever processos e metas de sua empre- sa. Os negócios, sejam quais forem, estão em constante evolução e o mercado exige constante adequação às demandas. 141EMPREENDER EM TEMPOS DE CRISE: GESTÃO E LIDERANÇA P Plan / Planejamento Identifi cação da questão a ser trabalhada ou resultado a ser buscado, montando um plano de ação específi co. D Do /Execução O plano de ação é colocado em prática. C Check / Verifi cação Avaliar se os resultados esperados foram atingidos. A Act /Ação Adotar ações para contornar eventuais desvios observados na verifi cação da execução. 2. 5W2H Uma metodologia largamente utilizada para a tomada de decisões, deixando evi- denciados os objetivos e as responsabilida- des de cada atividade é o 5W2H. Os cinco W e os dois H são acrônimos que representam as questões que precisam ser respondidas ao se analisar uma situação. São elas: 5 W WHAT O que será realizado (Etapas) WHY Por que será realizado (Justifi cativa) WHERE Onde será realizado (Local) WHEN Quando será realizado (Tempo) WHO Por quem será realizado (Responsabilidade) 2 H HOW Como será realizado (Método) HOW MUCH Quanto custará realizar (Custo) 3. Diagrama de causa e efeito (de Ishikawa) O Diagrama de Causa e Efeito, também conhecido como Diagrama de Ishikawa (por causa do seu criador – Kaoru Ishikawa) ou Diagrama Espinha de Peixe, auxilia na identifi cação e na categorização das prová- veis causas de um determinado problemaem um processo de trabalho. Grafi camente se assemelha a uma espinha de peixe. Na sua composição, o Diagrama de Cau- sa e Efeito leva em consideração que as cau- sas dos problemas podem ter seis origens: método, máquina, medida, meio ambiente, mão de obra e material. O gráfi co é compos- to por uma linha central com ramifi cações. O efeito – o problema é anotado no lado direito da linha central e as seis categorias de causas são anotadas nas extremidades das ramifi cações, conforme fi gura padrão a seguir. A partir daí, são realizadas as discus- sões, visando à solução do problema. FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE142 4. Brainstorming Criado pelo publicitário norte-ameri- cano Alex Osborn, na década de 1940, o brainstorm (tempestade de ideias) é uma técnica que consiste em reunir pessoas, com o objetivo de gerar ideias ou para de- bate sobre soluções. No brainstorm deve ser promovido o máximo de aproveitamento das capacida- des individuais e, na medida do possível, é aconselhável que as pessoas que se envol- vam no método sejam de setores e compe- tências diferentes. Nenhuma ideia deve ser criticada ou descartada, deixando fl uir to- das as contribuições atinentes ao que está em discussão. Tudo é ouvido e anotado, fazendo a compilação ou síntese para que se inicie o processo de discussão coletiva. Esse método também é utilizado como prévia para a montagem do Diagrama de Causa e Efeito anteriormente abordado. Medição Meio ambiente Matéria- prima Mão de obra Máquinas Método Problema 5. Benchmarking A técnica de benchmarking consiste em conhecer processos de trabalho de outras organizações, reconhecidas como repre- sentantes da adoção de boas práticas. Em geral, as empresas permitem que a ativida- de seja realizada, mesmo em um regime de livre concorrência. No entanto, alguns prin- cípios devem ser considerados por ambas as empresas envolvidas: 1. Legalidade: todos os dados devem ser obtidos de forma legal e transpa- rente, sempre com a anuência da em- presa visitada; 2. Troca: ao solicitar informações espe- cífi cas, podem ser requeridos dados equivalentes em troca; 3. Confi dencialidade: as informações coletadas neste tipo de ação devem ter a fi nalidade de estudo, aprendiza- do e desenvolvimento, não devendo ser repassadas a terceiros; EMPREENDER EM TEMPOS DE CRISE: GESTÃO E LIDERANÇA 143 4. Preparação: com visita previamen- te agendada, a preparação para a atividade é importante, devendo o visitante saber com exatidão quais dados são necessários, como eles se- rão usados e por que são importantes para o seu negócio. Ao realizar benchmarking, é possível haver aprendizados importantes para o seu negó- cio, seja com os acertos, seja até mesmo com os erros observados na empresa visitada. Após a leitura deste fascículo, certa- mente você conclui que a gestão de proces- sos, além de otimizar o tempo e diminuir o gasto de recursos na empresa, aumenta a produtividade, gera motivação na equipe e agrega valor ao cliente. Assim, não tenha medo de buscar a melhoria contínua dos processos, trazendo expressivos diferen- ciais para o seu negócio. REFERÊNCIAS ANDRADE, Otávio. Metas SMART: o que são e como usá-las. Disponível em < https://rockcontent.com/br/blog/metas-s- mart/> Acesso em 11 de outubro de 2020. BIZAGI. Disponível em < https://www.bizagi.com/>. Acesso em 10 de outubro de 2020. CAPRA, Fritjof. O ponto de mutação. Cultrix, São Paulo, 2012. DATASEBRAE. Sobrevivência das empresas. Disponível em <https://datasebrae.com.br/sobrevivencia-das-empre- sas/#taxa> . Acesso em 29 de setembro de 2020. Dicionário on-line de português – Disponível em <https://www. dicio.com.br/processo/>. Acesso em 25 de setembro de 2020. DAWAR, Niraj. Empresa Focada no Cliente. Editora Alta Books. Elsevier, São Paulo, 2014. ENAP – Escola Nacional de Administração Pública. Introdu- ção à Gestão de Processos. Brasília, 2016. FUNDAÇÃO INSTITUTO DE ADMINISTRAÇÃO – FIA. Brains- torm: o que é e como aplicar na sua empresa. Disponível em < https://fi a.com.br/blog/brainstorm/> . Acesso em 10 de outubro de 2020. LIBERATO, Rafael. Missão, visão e valores de uma empre- sa: Entenda o que é e como devem ser defi nidos. Disponível em <https://www.senior.com.br/blog/missao-visao-e-va- lores-de-uma-empresa-entenda-o-que-e-e-como-devem- ser-defi nidos>. Acesso em 25 de setembro de 2020. SEBRAE. Gestão e melhoria de processos para pequenos negócios. Relatório de Inteligência – Multissetorial, 2020. Patrocínio Realização Correalização Apoio ANA CLáuDiA FErrEirA mourA (autora) Administradora de empresas, Mestre em Administração e Controladoria, MBA em Gestão e Gerenciamento de Projetos, Gestão de Pess oas e Potência de Equipes. Sócia da M&L Consultores e Auditores Associados, com carreira desenvolvida com marcante experiência em liderança de equipes, gestão de car- teira de clientes, planejamento de vendas, estratégias de prospecção e fi delização, análise e apresentação de resultados, atuando com foco na superação de metas e aumento da lucratividade, com sustentabilidade, à luz dos controles internos e princípios de auditoria. rAFAEL LimAVErDE (ilustrador) Nascido em Belém/PA, naturalizado cearense, formado em Artes Visuais pelo Instituto Federal do Ceará (IFCE), é xilogravurista e ilustrador. Possui mais de 40 livros ilustrados em diversas editoras do país. É um dos organizadores do “Festival de Ilustração de Fortaleza”, evento que já está em sua quarta edição e é realizado dentro da Bienal do Livro do Ceará. Um ano de atividades e conteúdos para você criar ou impulsionar o seu negócio. webcontentsLives webinar podcasts programas de TV programas de rádio CONHEÇA MAIS EM SEMINARIOEMPREENDER.COM.BR 2020 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR) Diretora-Presidente: Luciana Dummar Diretor Administrativo-Financeiro: André Avelino de Azevedo Gerente Geral: Marcos Tardin Gerente Editorial e de Projetos: Raymundo Netto Analistas de Projetos: Aurelino Freitas, Emanuela Fernandes e Fabrícia Góis | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE (UANE) Gerente Pedagógica: Viviane Pereira Coordenadora de Cursos: Marisa Ferreira Designer Educacional: Joel Bruno | CURSO GESTÃO E LIDERANÇA: EMPREENDER EM TEMPOS DE CRISE Coordenador Técnico: Nazareno Albuquerque Coordenadora Executiva: Valéria Xavier Coordenadora de Conteúdo: Flávia Chagas Coordenadora Editorial e Revisão: Daniela Nogueira Projeto Gráfico: Andrea Araújo Editores de Arte: Andrea Araújo e Welton Travassos Designer Gráfico: Welton Travassos Ilustrador: Rafael Limaverde Coordenadora de Marketing: Natercia Melo Designer (campanha): Jansen Lucas Webdesigner (campanha): Clemilson Souza Editora Criativa de Marketing: Renata Viana Analista de Marketing: Fernando Diego Sioli Todos os direitos desta edição reservados à: Fundação Demócrito Rocha Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora CEP: 60.055-402 - Fortaleza-Ceará Tel.: (85) 3255.6037 - 3255.6148 fdr.org.br fundacao@fdr.org.br
Compartilhar