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Letícia Morais | Química Farmacêutica – Aulas 16 e 17: Fármacos colinérgicos e adrenérgicos Livro: Patrick, G.L. An introducion to Medicinal Chemistry. 4rd ed. Oxford: University Press, 2013. Capítulos 22 e 23. COLINÉRGICOS, ANTICOLINÉRGICOS E ANTICOLINESTERASES SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO ► Existem nervos sensoriais (corpo → SNC) e motores (SNC → corpo). ► Principais neurotransmissores: acetilcolina e noradrenalina. ► É possível projetar substancias que podem mimetizar (agonistas) ou bloquear (antagonistas) as ações dos neurotransmissores. NERVOS MOTORES DO SNP ► Três subsistemas: Sistema Nervoso Somático (SNM), Sistema Nervoso Autônomo (SNA) e Sistema Nervoso Entérico. ► SNM: transmitem mensagens do SNC para músculos esqueléticos. O neurotransmissor é a acetilcolina que se liga a receptores colinérgicos das membranas celulares das células musculares. O resultado é a contração do musculo. ► SNA: · SNC → musculo liso, musculo cardíaco e medula adrenal; · Dividido em simpático (luta ou fuga) e parassimpático; · Simpático: Neurônio do SNC -Acetilcolina→ 2º neurônio -Noradrenalina→ tecidos e órgãos. Alguns neurônios não farão sinapse com 2º e irão diretamente para a glândula da medula suprarrenal, estimulando a glândula a liberar adrenalina; · Parassimpático: Neurônio do SNC -Acetilcolina→ 2º neurônio -Acetilcolina→ órgãos e tecidos. ► Sistema entérico: localizado nas paredes do TGI, recebendo mensagens simpáticas e parassimpáticas. Responde, também, a efeitos locais. Há uma grande variedade de neurotransmissores, como serotonina, neuropeptideos e ATP. ► Defeitos na transmissão do nervo motor: podem ser resultado de deficiência ou excesso de neurotransmissores, podendo desencadear diversas doenças. O tratamento envolve drogas agonistas ou antagonistas, dependendo do problema e de preferência, fármacos seletivos. SISTEMA COLINÉRGICO ► Existem várias etapas em que é possível utilizar fármacos para promover ou inibir processo global. ► Existem sistemas de controle do neurotransmissor biologicamente, como a existência do receptor colinérgico no neurônio que o produziu (auto receptor). ► Co-transmissores: moléculas mensageiras liberadas juntamente com acetilcolina. Cada co-transmissor interage com seu próprio receptor, possuindo grande variedade estrutural. Podem atingir alvos mais distantes que a acetilcolina (efeito duradouro) e seu saldo de liberação varia em circunstancias diferentes, podendo produzir diferentes efeitos. AGONISTAS DO RECEPTOR COLINÉRGICO ► Acetilcolina não é administrada porque é facilmente hidrolisada no estomago por catalise acida e no sangue por enzimas esterases. Além disso, não haveria seletividade de ação. ► Muscarina e nicotina: primeiros compostos que indicaram seletividade do receptor. Não se tornaram fármacos devido aos seus indesejáveis efeitos colaterais. ► Atualmente, sabe-se de cinco subtipos de receptores muscarínicos (M1-M5) e dez subtipos do receptor nicotínico (α1-α10). ACETILCOLINA: ESTRUTURA, REA E LIGAÇÃO AO RECEPTOR ► REA: · Nitrogênio carregado positivamente: essencial; · Distância entre nitrogênio e grupo éster: importante; · Grupo éster: importante; · Tamanho total da molécula não pode ser muito alterado; · Ponte entre éster e nitrogênio não pode ser estendido; · Existem dois grupos metila no nitrogênio. Um terceiro grupo maior é tolerado, mas mais de um grupo alquilo grande leva à perda de atividade; · Grupos ésteres maiores: perda da atividade. INSTABILIDADE DA ACETILCOLINA E DESIGN DOS ANÁLOGOS ► A Ach é propensa a hidrolise devido a uma das possíveis conformações, onde o nitrogênio carregado positivamente interage com o oxigênio de carbonila retirando elétron. Para compensar, o oxigênio puxa elétrons do átomo de carbono vizinho, fazendo com que o carbono fique propenso ao ataque nucleofílico. ► Duas abordagens para lidar com a instabilidade da Ach: impedimento estérico e estabilização eletrônica. ► Impedimento estérico: impede aproximação do nucleofilo e dificulta ligação às enzimas esterases, retardando assim a atividade química e enzimática. Exemplo: grupo metil na ponte de etileno → vantagem extra: seletividade para receptor muscarínico. ► Efeitos eletrônicos: torna molécula mais resistente à hidrolise devido ao par de elétrons que pode reduzir caráter eletrofílico do carbono. Um exemplo é a inclusão de grupo amino doador de elétrons que aumente estabilidade química e enzimática. O carbacol é um exemplo disso e é usado para o tratamento de glaucoma. ► Usando em combinação as duas abordagens, surgiu o betanecol, que é estável à hidrolise e seletivo. É usado para estimular TGI e bexiga urinaria após cirurgia. USOS CLÍNICOS DOS AGONISTAS COLINÉRGICOS ► Agonistas muscarínicos: · Cirurgia do trato urinário; · Defeitos cardíacos (↓atividade muscular e ↓FC); · Glaucoma; · Possível uso futuro: doença de Alzheimer. ► Agonistas nicotínicos: Miastenia gravis. ANTAGONISTAS DO RECEPTOR MUSCARINICO ► Afeta transmissões nervosas às glândulas, SNC e ao musculo liso (TGI e trato urinário). ► Efeitos clínicos: · ↓Motilidade do TGI e do TU; · ↓Saliva e ↓secreções gástricas; · Dilatação das pupilas. ► Usos clínicos: desligar TGI e TU durante cirurgia; exames oftalmológicos; alivio de ulceras pépticas; doença de Parkinson; utilização em potencial: doença de Alzheimer (antagonistas de M2). ► Atropina (beladona): ↓motilidade gastrointestinal, contrabalanceia envenenamento por anticolinesterase e dilata pupilas (mulheres italianas). Esta substancia é capaz de atravessar barreira hematoencefálica. ANTAGONISTAS DO RECEPTOR NICOTÍNICO ► Aplicações: os antagonistas da junção neuromuscular são uteis e conhecidos como agentes bloqueadores neuromusculares. ► Um famoso antagonista nicotínico é o curare. ANTICOLINESTERASES E ACETILCOLINESTERASE ► Efeito de anticolinesterases: inibidores da acetilcolinesterase (enzima que hidrolisa acetilcolina), mesmo efeito biológico que um agonista colinérgico. ► Inibição pode ser reversível ou irreversível, dependendo de como o medicamento interage com o sitio ativo. ► Os carbamatos e os organofosforados são importantes representantes deste grupo. ► Antidoto organofosforado: pralidoxima. ► Anticolinesterases podem ser usadas como drogas inteligentes. FÁRMACOS QUE AGEM NO SN ADRENÉRGICO SISTEMA NERVOSO ADRENÉRGICO ► Neurotransmissores: adrenalina e noradrenalina. ► Noradrenalina (ou norepinefrina): é liberado pelos nervos simpáticos que alimentam musculo liso e cardíaco; Adrenalina: liberado com noradrenalina na medula adrenal. ► Noradrenalina tem importantes funções no SNC: sono, emoção, temperatura e apetite. RECEPTORES ADRENÉRGICOS ► Tipos de receptores: · Dois principais: adrenoreceptores α e β; · Os dois são acoplados à proteína G, diferenciando o tipo de proteína G; · Subtipos: α-1 e α-2; β-1, β-2 e β-3; · Distribuídos não uniformemente nos tecidos. ► Distribuição de receptores: · Geralmente, α contrai músculos e β relaxa; · Diferentes tipos de receptores → adrenalina tem efeitos diferentes em partes do corpo. AGONISTAS ENDÓGENOS ► Neurotransmissores noradrenalina e adrenalina → agonistas pertencentes às catecolaminas. ► Metabolismo das catecolaminas: · Intracelular; · Envolve duas enzimas: MAO e COMT; · Catecolaminas -MAO→ aldeídos = inativos → excreção (urina); · Catecolaminas -COMT→ metilação do grupo fenólico → produto oxidado → excreção. NEUROTRANSMISSÃO ► Noradrenalina não é o único neurotransmissor liberado durante processo. ► Existem receptores pré-sinápticos que tem efeito de controle na liberação da noradrenalina. ALVOS DE FÁRMACOS 1. Enzimas biossintéticas envolvidas na síntese da noradrenalina; 2. Portadores de vesículas; 3. Processo de exocitose; 4. Receptores adrenérgicos no neurônio pós-sináptico; 5. Proteínas de transporte responsáveis pela recaptação de noradrenalina da lacuna sináptica; 6. Enzimas que metabolizam a noradrenalina; 7. Receptores adrenérgicos pré-sinápticos. REA ► Grupos de ligação importantes em catecolaminas: · Hidroxila: está envolvido em ligação de hidrogênio e se é substituído= ↓atividade; · Amina: protonada e ionizada em meio fisiológico → se substituído = ↓atividade; Aminas primarias e secundarias: boa atividade; · Os substituintes fenólicos são importantes, mas podem ser substituídos por grupos que interajam com ligações de hidrogênio (m-fenol pode ser substituído para contornar metabolismo); · Substituição da cadeira lateral ligando anel aromático e amina = ↓atividade. ► Seletividade: · Substituição de N-alquil: noradrenalina tem maior potência para α-adrenoceptores do que para β-adrenoceptores → ao aumentar tamanho do substituinte = perda da potência no receptor α e aumento em β-receptores; · Grupos fenóis: importantes para receptores β → se ausentes, ↓atividade; · Substituição α-metil: adição de um grupo α-metil aumenta seletividade do receptor; · Extensão: adicionando grupo fenol ao final de uma cadeia alquílica → ↑atividade (ligação de hidrogênio em região hidrofóbica). AGONISTAS ADRENÉRGICOS ► Agonistas gerais: · Adrenalina: situações de emergência e anestésico local. Problema: não seletiva; · Efedrina: broncodilatador, vasopressor e estimulante cardíaco. Não suscetível ao metabolismo (MAO). Atravessa barreira hematoencefálica, agindo como estimulante; · Pseudoefedrina: descongestionante nasal, usado na fabricação ilícita de anfetaminas. ► Agonistas α1, α2, β1 e β3: · Dobutamina (β1): choque cardiogênico; · Clonidina (α2): hipertensão e possível analgésico quando injetado na medula espinhal; · β-agonistas seletivos (oximetazolina|xilometazolina): vasoconstritores, congestionamento e olhos vermelhos. ► Agonistas β2 x Asma: · Ativação dos receptores-β2: relaxamento muscular no musculo liso brônquico; · Salbutamol: agonista β2 de longa duração (4h) onde grupo m-fenol foi substituído por um grupo hidrometileno. REA: · Substituinte m- deve participar de pontes de hidrogênio, e não deve ter efeito de retirada de elétrons (↓atividade), se volumosos = ↓atividade pois impede rotação conformacional e grupo só pode ser estendido até 2C; · Substituintes de N-arilalquila: atingem região polar do sítio de ligação. · Salmeterol: 2x a potência do Salbutamol, ação prolongada (12h), obtido pelo aumento da lipofilicidade (aumento do comprimento d N-substituinte).
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