Buscar

Pigmentos Patológicos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Pigmentos Patológicos
O reconhecimento dos pigmentos pode fornecer evidências valiosas para a compreensão do processo da doença que se tem nas mãos e para sua patogênese básica. Devido à diversidade, os pigmentos geralmente são classificados amplamente em dois grupos: exógenos (formados fora do corpo) e endógenos (formados dentro do corpo). 
Pigmentos Exógenos 
· O carbono é o pigmento exógeno mais comum. A porta de entrada usual no organismo é através da inalação, e seu acúmulo nos pulmões resulta em uma condição chamada antracose (também conhecida como pulmão preto). O carbono é ubiquitário no ar e todos os animais estão expostos a ele, mas aqueles que mais provavelmente apresentam lesões macroscópicas vivem em ambientes com muita poluição do ar. Nos alvéolos, o carbono é fagocitado pelos macrófagos, que o transportam via linfática aos linfonodos regionais traqueobrônquicos. Pelo fato de o elemento carbono ser inerte e não metabolizado pelo corpo, permanece no tecido por toda a vida do animal. Macroscopicamente, os pulmões normalmente apresentam-se pontuados por pontos enegrecidos subpleurais de 1 a 2 mm de diâmetro, que são mais visíveis se o pulmão for exsanguinado. Microscopicamente, o carbono apresenta-se como grânulos enegrecidos bem definidos e pode estar extracelular ou intracelular (dentro de macrófagos). O pigmento de carbono pode estar dentro das paredes alveolares ou frequentemente como um foco peribronquiolar ou peribronquial. 
· Os animais são recebem frequentemente tatuagens, como método de identificação. Esses pigmentos, que incluem o carbono, são introduzidos no interior da derme. Alguns desses pigmentos são fagocitados por macrófagos, ao passo que o restante permanece livre na derme, onde pode ficar indefinidamente e não provocar nenhuma reação inflamatória. 
· Pneumoconiose é o termo comumente usado para qualquer poeira inalada e retida no pulmão. Essas partículas minúsculas entram nos pulmões, escapando dos mecanismos de defesa mucociliares da cavidade nasal e do sistema respiratório superior, e são depositadas nos alvéolos pulmonares, onde podem ser fagocitadas e carregadas para regiões peribronquiais. Alguns tipos de sílica estimulam uma reação fibrosa, que pode, em última instância, formar nódulos. Microscopicamente, os minerais são vistos como cristais birrefringentes quando submetidos à luz polarizada. 
· Pigmentos carotenoides são também chamados de pigmentos lipocrômicos. São pigmentos lipossolúveis originários de plantas e incluem os precursores de vitamina A, chamados β-carotenos. Macroscopicamente, esses pigmentos ocorrem normalmente em vários tecidos, como células corticais adrenais, corpos lúteos — células luteínicas, células de Kupffer, células testiculares, plasma/soro e gordura de equinos e gado Jersey e Guernsey, e algumas vezes em cães. Os carotenoides descoloram a gordura amarelada em laranja-amarelado. A concentração de carotenoides retida no tecido depende das espécies animais. Alguns animais armazenam pouco ou nenhum carotenoide, apresentando gordura branca e soro límpido. À medida que a gordura armazenada é consumida (p. ex., inanição ou caquexia), os carotenoides concentram-se nos adipócitos, dando-lhes coloração marrom-amarelada escura. Microscopicamente, os carotenoides não são observados na rotina em cortes fixados por formol e incluídos em parafina, porque os álcoois e agentes diafanizadores removem os pigmentos lipossolúveis. A importância dos carotenoides é que podem mascarar ou confundir a detecção de icterícia. 
· Antibióticos à base de tetraciclina administrados durante o desenvolvimento dentário podem se depositar na dentina, no esmalte e no cemento em mineralização, pigmentando os dentes ou porções deles com uma coloração amarelada ou acastanhada. 
Pigmentos Endógenos 
· A melanina é o pigmento comumente presente na epiderme, e é responsável pela cor da pele e dos pelos, também está normalmente presente na retina, íris e em pequenas quantidades na aracnoide de animais pretos. A melanina é secretada por células chamadas melanócitos. Na pele dos animais, essas células estão presentes na camada basal e transferem seus pigmentos por meio de processos dendríticos para os queratinócitos vizinhos, onde a melanina é normalmente disposta como uma capa sobre o núcleo para fornecer alguma proteção contra a radiação ultravioleta. A melanina se forma através da oxidação da tirosina, processo que exige a enzima tirosinase, que contém cobre. A ausência geral de melanina pode ser resultado de um defeito metabólico: falta de tirosinase. Essa condição é chamada albinismo, e os animais afetados são conhecidos como albinos. Microscopicamente, a melanina é armazenada nos melanossomos presentes no citoplasma dos melanócitos. Entretanto, se há lesão irreversível às células que contêm melanina (p. ex., lesão dos melanócitos e das células basais da pele), a melanina é liberada das células mortas e é fagocitada por macrófagos, que são chamados de melanófagos. Os grandes depósitos congênitos de melanina nos tecidos são chamados de melanose congênita.
· A lipofuscina é conhecida como o pigmento do “desgaste”,acumulada de forma relacionada ao tempo em células pós-mitóticas (neurônios, miócitos cardíacos e miócitos do músculo esquelético) e em células com divisão lenta, como hepatócitos e células da glia, e esse processo está presente em poucos meses de idade. A lipofuscina é o resultado final da autofagocitose dos constituintes celulares, como organelas, e é o resíduo final não degradável desse processo. Como o pigmento não pode ser removido por degradação lisossomal adicional ou exocitose, acumula-se nos lisossomos, uma forma de lixo biológico. 
· O ceroide apresenta muitos dos mesmos aspectos histoquímicos da lipofuscina, mas é encontrado na resposta à desnutrição severa, incluindo deficiência de vitamina E, caquexia advinda de câncer, irradiação e na doença lipofuscinose ceroide neuronal hereditária. Ele se acumula nas células de Kupffer e em menor extensão nos hepatócitos, miócitos de musculatura esquelética e lisa; na lipofuscinose ceroide neuronal hereditária acumula-se nos neurônios. Pode ocorrer tanto no meio intracelular como no extracelular. 
A lipofuscina e o ceroide possuem aspectos histológicos e histoquímicos comuns, como a autofluorescência (amarelo-ouro) e afinidade por corantes para gordura, como o Sudan Black (sudanofilia), embora o Oil-red-O seja mais sensível, positividade para PAS e acidorresistência (técnica extensa de Ziehl-Neelsen). A importância desses dois pigmentos dá-se ao fato de a lipofuscina ser um indicador claro da idade da célula e o ceroide ser um pigmento patológico, geralmente associado à deficiência de vitamina E.
Pigmentos Hematógenos
· O pigmento normal dos eritrócitos, a hemoglobina, pode ser responsável por alterações macroscópicas na coloração do corpo. A hemoglobina oxigenada é avermelhada, dando um aspecto rosado à pele e aos tecidos não pigmentados. Normalmente, o sangue arterial (hemoglobina oxigenada) é avermelhado, e o sangue venoso, com mais sangue não oxigenado, é azulado. Entretanto, se o sangue não for oxigenado adequadamente (hemoglobina não oxigenada) os tecidos apresentam-se azulados, exibindo a chamada cianose. Em intoxicações agudas por cianeto, este se liga à citocromo- oxidase, a enzima celular responsável pela fosforilação oxidativa, resultando em paralisia da respiração celular. Os tecidos não conseguem usar o oxigênio transportado pelo sangue. Consequentemente, na intoxicação aguda por cianeto, o teor de oxigênio e a coloração do sangue venoso podem ser semelhantes àqueles do sangue arterial, e o sangue venoso estará avermelhado-brilhante. Na intoxicação por monóxido de carbono (CO), como do gás vindo do escapamento de automóveis, o sangue é avermelhado-cereja brilhante devido à formação de carboxiemoglobina. A metemoglobina é um óxido de hemoglobina, no qual o íon ferroso é convertido em íon férrico, resultando na cor marrom-avermelhada (marrom-chocolate) presente no sangue e nos tecidos. A metemoglobinaé vista mais frequentemente nas intoxicações por nitritos, principalmente após ingestão de plantas acumuladoras de nitrato, mas vem sendo relatada como consequência do acetaminofen, naftaleno, anestésicos locais (lidocaína, benzocaína e tetracaína). Na hemólise intravascular, a hemoglobina é liberada pelos eritrócitos lisados e cora o plasma rosado. Essa hemoglobina pode ser excretada pelos rins, corando-os de vermelho-escuro a enegrecido avermelhado e levando a uma urina avermelhada. Alterações semelhantes podem ser resultantes da mioglobinúria após a destruição de grande quantidade de miofibras. 
Hematinas: a categoria hematina de pigmentos inclui o “pigmento do formol” e fezes de parasitas, como do Fascioloides magna (trematódeo hepático) e do Pneumonyssus simicola (ácaro do pulmão). 
· O pigmento de formol, também chamado de “hematina formalínica ácida”, é um artefato microscópico inoportuno que ocorre quando o tecido rico em sangue entra em contato com solução ácida de formol, principalmente se houver um atraso entre a morte e a fixação, permitindo que haja tempo para que os eritrócitos sejam lisados e liberem sua hemoglobina. Macroscopicamente, o pigmento do formol não é visível porque a alteração ocorre somente depois da fixação. Microscopicamente, o pigmento é amarronzado a quase enegrecido, bem definido, granular e pode apresentar espículas birrefringentes. Devido ao fato de o pigmento do formol ser formado somente durante a fixação, não possui importância patológica. Sua importância está no fato de poder interferir na interpretação dos cortes histológicos. 
· As duas causas mais comuns de hematina parasitária em medicina veterinária são o Fascioloides magna (trematódeo hepático) em ruminantes e o Pneumonyssus simicola nos pulmões de macacos. A hematina parasitária do Fascioloides magna leva à presença de traçados enegrecidos por todo o fígado e é vulgarmente conhecida como “rastro parasitário”. Essa lesão pode ser tão severa a ponto de afetar todo o fígado. Microscopicamente, o pigmento preto acumula-se adjacente às áreas de migração do parasita e é fagocitado por macrófagos. O Pneumonyssus simicola produz um pigmento anisotrópico parecido nos pulmões, amarronzado a enegrecido, que se presume ser advindo do metabolismo da hemoglobina pelo parasita. 
· O ferro é armazenado no organismo sob duas formas: ferritina e hemossiderina, ambas pertencentes aos complexos de proteína-ferro. A ferritina está presente em todos os tecidos, mas as maiores concentrações encontram-se no fígado, baço, medula óssea e músculo esquelético. A hemossiderina é formada a partir de agregados intracelulares de ferritina. Aparece como gotículas amarelo-douradas a marrom-douradas e é a forma mais visível do ferro armazenado. O excesso de ferro decorrente da destruição de eritrócitos senescentes ou como resultado de crise hemolítica (p. ex., devido a doenças autoimunes ou parasitas hemotrópicos) ou da eritropoiese diminuída (desnutrição) é armazenado principalmente no baço. Além do armazenamento esplênico, pode haver acúmulo local de ferro nas áreas de destruição de eritrócitos, como nas hemorragias e em áreas de fluxo sanguíneo deficiente, como congestão crônica passiva nos pulmões. Neste último caso, devido ao baixo fluxo sanguíneo através dos pulmões, os eritrócitos podem chegar ao final de seu tempo de vida e ser lisados ou entrar nos alvéolos por diapedese, onde serão fagocitados por macrófagos alveolares. Essas células são chamadas de “células da insuficiência cardíaca”. Macroscopicamente, não se veem alterações nos órgãos ou tecidos se há somente pequena quantidade de hemossiderina, mas uma grande quantidade poderá causar uma descoloração amarelada a amarronzada. Essa mudança de coloração pode ser vista em locais de contusão antiga e outras hemorragias ou hematomas. Microscopicamente, os depósitos de hemossiderina são glóbulos amarelo-dourados a castanho-dourados, intracelulares ou extracelulares. A sua presença pode ser confirmada através da reação do azul-da-prússia. O excesso de hemossiderina, chamado de hemossiderose, deve ser diferenciado da hemocromatose, na qual há enorme acúmulo de hemossiderina. 
· Macroscopicamente, a hematoidina é um pigmento amarelo-acastanhado a laranja-avermelhado, derivado da hemoglobina, mas livre de ferro. A hematoidina se assemelha à bilirrubina, mas é formada por células do sistema monocítico fagocitário quando fagocitam e digerem os glóbulos vermelhos do sangue e a hemoglobina nas áreas hemorrágicas. Microscopicamente, a hematoidina é cristalina e polariza a luz. 
· Baixas concentrações de bilirrubina normalmente estão presentes no plasma, resultado da degradação de eritrócitos senescentes. Resumidamente, quando os eritrócitos atingem seu período de vida média útil (em média, 70 dias nos felinos e 150 dias nos bovinos e equinos), são fagocitados pelo sistema monocítico-fagocitário, principalmente por macrófagos do baço e, em menor grau, pelos macrófagos presentes na medula óssea e fígado (células de Kupffer). O ferro é removido do interior dessas células e armazenado, e o restante do anel porfirínico é quebrado em bilirrubina, que será liberada para o sangue, onde se liga à albumina. Este complexo bilirrubina-albumina é grande demais para ser secretado pelo rim. Ele é transportado até o fígado, onde entra no espaço de Disse, é absorvido pelas microvilosidades dos hepatócitos, conjugado para formar glicuronato de bilirrubina ou diglicuronato e, então, é excretado para o interior dos canalículos biliares. A icterícia, coloração amarelada dos tecidos por bilirrubina, é o resultado do desequilíbrio entre produção e excreção de bilirrubina, pois há uma produção excessiva ou redução na excreção de bilirrubina, que se acumula no plasma. Os mecanismos que levam à icterícia podem envolver um ou mais dos fatores, como: produção excessiva de bilirrubina; redução da captação da bilirrubina do plasma pelos hepatócitos; conjugação prejudicada ou ausente nos hepatócitos; necrose hepática; diminuição da excreção de bilirrubina conjugada pelos hepatócitos para os canalículos biliares; ou redução do fluxo de bile do fígado para o intestino devido a bloqueio intra ou extra-hepático do sistema biliar. Macroscopicamente, os tecidos ictéricos apresentam descoloração amarelada, e a alteração da coloração é distribuída sistemicamente. Nos animais vivos, a icterícia pode ser detectada nas mucosas da cavidade oral, do sistema urogenital, sistema digestório e em áreas normalmente brancas, como a esclera dos olhos. Na necropsia, além dos locais mencionados previamente, a icterícia pode ser identificada no omento, mesentério e tecido adiposo. 
· A porfiria eritropoiética congênita dos bovinos, felinos e suínos é uma alteração metabólica hereditária na síntese do grupo heme, causada pela deficiência de uroporfirinogênio III cossintetase. Os dentes e ossos de animais jovens ficam avermelhados (dente róseo) e os dos adultos ficam acastanhado escuros. Nesses casos, ossos e dentes fluorescem em avermelhado sob radiação ultravioleta.

Continue navegando