Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Laís R. Saad – T9 E C DISTÚRBIOS HEMORRÁGICOS DIFERENÇA DAS LESÕES DE PELE por alteração hemorrágica São decorrentes de hemorragias dérmicas e variam do vermelho ao amarelho acastanhado. Podem ser diferenciadas dos eritemas porque não desaparecem à digitopressão, já que é um sangue extravasado. A lesão elementar é chamada de púrpura, porém pode ser classificada em: 1. PETÉQUIA Lesões purpúricas puntiformes, sem alteração de relevo, em geral múltiplas, comuns nas vasculites por hipersensibilidade. São caracterizadas pelo acometimento de vênulas, inflamação e necrose fibrinoide. 2. VIBICES Lesões purpúricas de aspecto linear. 3. EQUIMOSE Manchas causadas pelo extravasamento de sangue, violáceas, sem alteração de volume. Tem dimensão maior que as demais. por alteração vascular São resultantes de distúrbios da microcirculação da pele e podem ser transitórias (de ordem funcional) ou permanentes. As lesões transitórias são: eritema e cianose. 1. ERITEMA Causada por um aumento no fluxo sanguíneo local (dilatação das arteríolas), que aparece como uma hiperemia. Já as lesões permanentes são: telangiectasia, angioma e nevo anêmico. coleções liquidas Caracterizam-se por possuir conteúdo líquido em seu interior e podem ser classificadas em vesículas/ bolhas, pústulas, abscessos e hematomas. 1. HEMATOMAS Formações líquidas resultantes do derramamento de sangue na pele ou nos tecidos adjacentes. PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA TROMBÓTICA Ocorre nas formas hereditárias e adquirida. Afeta mais mulheres de 20-40 anos. É causada pela deficiência da metaloprotease ADAMTS13, responsável pela clivagem de multímeros de peso molecular ultragrandes do FVW → ULVWF. A forma adquirida ocorre devido à presença de anticorpos IgG antimetaloproteinase (estimulados por infecções, doenças autoimunes, drogas ou transplante de células- tronco), levando ao acúmulo de ULVWF devido à inativação da ADMST-13. As formas congênitas da PTT normalmente se relacionam a mutações no gene da ADMST-13. Os ULVWF fixam-se nas células endoteliais causando adesão das plaquetas pelo receptor GPIb, levando à formação de trombos plaquetários grandes o suficiente para causarem oclusão ou embolizarem até a microcirculação, ocasionando a isquemia de órgãos e tecidos. QUADRO CLINICO Caracteriza-se pelo quinteto: A formação dos trombos microvasculares é responsável pelo consumo plaquetário e pela hemólise ao provocarem isquemia tecidual e infarto. Além disso, há presença de esquizócitos, pois à medida em que as hemácias passam pelos microtrombos e pela isquemia elas são deformadas. Assim, o baço inicia a destruição das mesmas, ocasionando hemólise. As alterações neurológicas são variáveis, sendo descritas como cefaleia, hemiparesias, convulsões, confusão mental... Laboratorialmente, encontramos no hemograma trombocitopenia e presença de esquizócitos. Há grande aumento de desidrogenase láctica (DHL), tanto pela isquemia tecidual quanto pela hemólise, assim como da bilirrubina indireta e diminuição da haptoglobina. Os testes de coagulabilidade são normais (diferente da CIVD). Dosagem de ADAMTS-13 mostra-se ausente ou diminuída. A insuficiência renal aguda é normalmente transitória, podendo cursar com hematúria e proteinúria. PÚRPURA TROMBOCITOPÊNICA IDIOPÁTICA Incidência maior em mulheres entre 15-50 anos e de origem autoimune na maioria dos casos. Pode ser aguda (até 3 meses), mais comum em crianças e são associadas a infecções ou pós-vacina; ou crônica (acima de 12 meses), tendem a recidivar ou regredir de forma espontânea. A patogênese ainda é incerta, mas acredita-se que está relacionada: trombocitopenia anemia hemolítica microangiopática alterações neurológicas insuficiência renal febre 2 Laís R. Saad – T9 L 1. ao aumento da destruição das plaquetas por anticorpos IgG produzidos por linfócitos B contra complexos glicoproteicos plaquetários IIb/IIIa e Ib/IX. As plaquetas opsonizadas após essa reação antígeno-anticorpo são fagocitadas pelo recituloendotelial, levando a destruição plaquetária em 7 a 10 dias, principalmente no baço. 2. à participação importante de linfócitos T helper CD4+, tanto no estímulo da ação dos linfócitos B quanto na possível ação citotóxica direta. 3. à diminuição da secreção da trompoetina; fisiologicamente, em situação de plaquetopenia, essa substância encontra-se elevada, o que não ocorre na PTI. QUADRO CLINICO Destaca-se a presença de petéquias, geralmente ascendentes, equimoses fáceis e menorragia, mas podem ocorrer sangramentos de mucosas, epistaxes e, até mesmo, hemorragia cerebral. Os pacientes encontram-se em bom estado geral e afebris, com ausência de esplenomegalia. A PTI é indolor, não palpável e não ocorre de forma exclusiva nos membros inferior. A contagem plaquetária pode chegar a valores abaixo de 10.000/mm³ e podem aparecer macroplaquetas no hemograma. COAGULAÇÃO INTRAVASCULAR DISSEMINADA Síndrome adquirida – SEMPRE SECUNDÁRIA -, caracterizada pela ativação maciça dos fatores da coagulação, plaquetas e fibrinólise. Há um aumento da atividade da trombina maior do que a capacidade do organismo de remoção pelos agentes anticoagulantes, causada pelo aumento do fator tecidual (TF). Isso leva à formação de fibrina que, por sua vez, estimula a formação de trombos, consumindo fatores de coagulação e plaquetas mais rapidamente do que o organismo consegue repor, favorecendo o espectro hemorrágico da CIVD. → CIVD aguda A deposição de fibrina em excesso pode levar a oclusão microvascular e consequente comprometimento do fluxo, o que, em conjunto com alterações metabólicas e hemodinâmicas, pode levar à falência de múltiplos órgãos. Além disso, o organismo tenta compensar o excesso de fibrina com hiperfibrinólise, com consequente geração dos produtos de degradação de fibrina, que também favorecem os sangramentos. Na CIVD de instalação crônica, esses fenômenos são compensados pela produção hepática, levando a manifestações trombóticas. ETILOGIA QUADRO CLINICO Manifesta-se com sangramentos em locais com alguma lesão prévia. Os microtrombos podem causar lesões na pele, gangrena de extremidades, isquemia cerebral, pulmonar, renal e de outros órgãos. Necrose hemorrágica da pele e púrpura fulminante também ocorrem. As principais alterações são alargamento do TP e do TTPA, aumento do D-dímero, trombocitopenia, anemia hemolítica microangiopática, elevação dos produtos de degradação da fibrina e dos multímeros de VW. Em casos iniciais ou crônicos, há contagem plaquetária discretamente alterada, D-dímero e produto de degradação de fibrina aumentados. TRATAMENTO O principal tratamento é tratar a causa base da CIVD. Pacientes com manifestações hemorrágicas devem receber suporte com transfusão de plasma fresco congelado, plaquetas, crioprecipitado e de hemácias, se necessário. Já em pacientes com manifestações trombóticas, usa-se heparina ou drogas antiplaquetárias. 3 Laís R. Saad – T9 Jamais usar antifibrinolíticos, pois, ao inibir a fibrólise, aumento o risco trombótico.
Compartilhar