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AULA 1 GESTÃO DE STAKEHOLDERS Prof. Ricardo Dabague 2 CONVERSA INICIAL A gestão dos stakeholders é um dos fatores fundamentais para o sucesso de um líder de projeto, que é uma mescla entre gerente de projetos e líder de pessoas. O gerente é quem sabe gerenciar os 47 processos de gestão de projetos nas cinco fases do ciclo de vida de um projeto, dentro das dez áreas de conhecimento descritas no PMBOK. Isso é aquilo que chamo de “hard skills”, as quais é possível aprender e se aprimorar. O líder de pessoas traz em sua bagagem o carisma de influenciar sem autoridade. Está intimamente ligado às relações pessoais e sempre disposto a vender ideias e motivar as pessoas. Isso eu denomino “soft skills”. Quando juntos, esses dois entes formam o líder de projetos. Nesta aula, mostraremos as duas facetas necessárias para que a gestão dos stakeholders faça com que seu projeto saia do ponto comum de preenchimento de tabelas com planos de ação genéricos sem efetividade para um modelo mental estratégico que visa proteger o projeto, em primeira instância, e depois aumentar o engajamento dos poderosos e as chances de sucesso. CONTEXTUALIZANDO Porque fazer a gestão dos stakeholders? Talvez a resposta possa vir de alguns estudos e pesquisas realizadas sobre a performance da metodologia de gestão de projetos nas empresas. Uma delas afirma que apenas 11% dos projetos tratados com a clássica metodologia de gestão de projetos (waterfall) tem sucesso completo. Quando a tratativa de gestão muda para ágil (scrum), esse valor sobe para 39% (Standish Group, 2011). Nas duas vertentes, podemos considerar um fator baixo de sucesso. Existem fatores consideráveis que ajudam a consolidar esse insucesso, como a má gestão dos stakeholders ou a inexistência dessa abordagem em um projeto. Uma boa gestão pode amenizar esse efeito danoso. Ainda não é possível calcular em números exatos, mas alguns estudos podem nos ajudar a fazer uma estimativa. O estudo realizado pelo PMI (PMSURVEY, 2013) aponta que 75% dos casos de fracasso na implantação de PMOs em organizações com alto faturamento (maior que um bilhão de dólares) estão relacionados a questões de interesses tratados inadequadamente por aqueles que possuem influência e 3 poder na organização. Essas questões possuem origens culturais e resistências às novas ideias. Outro resultado vem das esferas superiores do projeto, em que um stakeholder-chave tem seu “império”: o sponsor, também conhecido como o patrocinador. Dados do relatório “The pulse of the profession” (2014), produzido pelo PMI, demonstram que 41% dos projetos que não contam com um patrocínio explícito e ativo são bem-sucedidos. Pode-se, então, estimar que grande parte dos problemas que os líderes de projeto encontram nas fases de iniciação, planejamento, e principalmente, de execução se devem à ineficiência das tratativas pessoais com os stakeholders. Também podemos concordar que não é fácil conseguir o total engajamento de todos os envolvidos no projeto, mas maximizar esse número é uma estratégica relevante. Agora que a palavra estratégia surge inesperadamente, gostaria de tecer minhas considerações pessoais sobre gestão dos stakeholders, baseadas naquilo que vivenciei nos projetos de minha vida pessoal e particular. Minha experiência com o tema, em todos esses anos de projetos de várias espécies, desde o desenvolvimento clássico de produtos, passando por projetos de mudança organizacional, e, até mais recentemente, por projetos ágeis com scrum, não tenho dúvidas em afirmar que saber “blindar” seu projeto oportuniza chances de sucesso acima de 90%. Esse é o patamar alcançado nos projetos que atuei como líder, PMO e sponsor. “Blindar”, na prática, significa colocar as peças-chave dentro do barco que navega nas “águas” do escopo do projeto. Em outras palavras, é fazer com que os maiores poderosos e formadores de opinião tenham interesse, e, dessa forma, comprometam-se com o sucesso que a eles também interessa. Nada é de graça nessa vida, muito menos em projetos. Costumo dizer que o ambiente de projetos não é lugar de fazer amizades, mas sim de ter parceiros e saber tecer alianças em prol de um bem comum. O lado bom e construtivo da política. A ferramenta RACI pode ser o “pano de fundo” de uma abordagem de comunicação para engajar os principais envolvidos no sucesso do projeto. Na última aula, detalharemos um conceito o qual chamo de “RACI estratégica”. Por último, gostaria de justificar a adoção dessa prática, enfatizando que o guia PMBOK, em sua 5.ª edição lançada em 2012, apresentou uma nova área de 4 conhecimento, sobre os stakeholders, demonstrando clara preocupação com a relevância do fator humano para o sucesso de um projeto. TEMA 1 – HISTÓRICO E CONCEITOS BÁSICOS A teoria dos stakeholders, elaborada por Robert Edward Freeman (2010), em 1984 (publicada do livro Strategic management: a stakeholder approach), tem o objetivo de ajudar a definir quais são os públicos-alvo de uma empresa, ligados direta ou indiretamente à organização, que possam influenciar ou serem influenciados por ações empresariais e que devem ser considerados como tomadores de decisão. Segundo a teoria, existem dois públicos a serem levados em consideração: os normativos ou legítimos; os derivados. Os legítimos são os acionistas (shareholders), os funcionários e os fornecedores, com os quais o vínculo é obrigatório. Os derivados podem ser de várias áreas de interface com a empresa, tais como o governo, a mídia, os concorrentes e os próprios clientes, que têm certo poder em beneficiá-la ou prejudicá-la. A teoria preconiza que o grande objetivo é transformar os stakeholders- chave em aliados para impulsionar o negócio. Assim, o processo de comunicação deve ser a “mola mestra” que mostra, aos envolvidos, a cadeia de valor em jogo para convencê-los a convergir para algo de interesse comum. Porém, nem tudo nessa teoria possui aspectos de consenso comum e gera alguma discussão. O cerne dessa questão gira em torno da ética e o centro das dúvidas se concentram em nem sempre a ética praticada na corporação ter a mesma direção e intenção das ações éticas esperadas pelos cidadãos. Por exemplo, em relação à concorrência, o fator sobrevivência é preponderante e é possível que a empresa não dispense cuidados especiais com os concorrentes, pois apenas os mais fortes sobreviverão. Esse não é o tratamento que as pessoas que estejam em dificuldades esperam de quem se relaciona com elas. Assim sendo, uma visão mais humanista das empresas se contrapõe aos horizontes de lucros certos para manter a subsistência. Com certeza, entre o 5 futuro certo ou a manutenção de posições de trabalho, a primeira prevalecerá sem ferir os princípios éticos da organização. A teoria dos stakeholders nos ajuda a enfrentar essa dicotomia e gera uma reflexão positiva, no sentido de achar uma terceira solução. Essa análise dos dois lados da moeda nos remete a observar que a palavra stakeholder tem duas raízes. Stake, em inglês, significa “interesse”, “participação” e “risco”. Holder quer dizer “aquele que possui”, ou seja, possui interesse, parte interessada ou interveniente. Como já dito anteriormente, os intervenientes podem ser de diversas origens, tais como funcionários, gestores, proprietários, fornecedores, concorrentes, ONGs, clientes, estado, credores, sindicatos e outras pessoas ou empresas que estariam relacionadas com os negócios da empresa ou seus projetos. Se limitarmos toda essa amplitude de considerações ao mundo dos projetos, é possível que a complexidade de análise seja menor, visto que o interesse mútuo das partes deve e pode ser mais focado. Nessa hora entra em jogo o líder do projeto, o qual, sendo bem treinado e comperfil generalista, pode ter sucesso nessa empreitada de convencer e estabelecer alianças. TEMA 2 – A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE STAKEHOLDERS EM PROJETOS Uma boa gestão dos stakeholders fomenta e facilita as seguintes ações: “blindar” o projeto; minimizar ou eliminar ameaças; alavancar ou explorar oportunidades; dominar as incertezas humanas que inundam o projeto; diminuir a ingerência dos poderosos sobre os membros de time; neutralizar conflitos de interesses. Vamos analisar ponto a ponto as ações descritas anteriormente. A literatura é farta em afirmar que a maior parte dos riscos (de 50 até 90%) estão associados às partes interessadas. Quando iniciamos o processo de blindagem do projeto, podemos perceber as ameaças e as oportunidades que surgem ao se identificar os stakeholders e estimar seus possíveis comportamentos perante os objetivos do projeto. 6 Se o líder consegue fazer com que um interveniente se disponha a ser responsável, aprovador ou consultor dentro do plano do projeto, significa que ele teve sucesso em envolver corretamente a força de trabalho que atua com influência e autoridade. Manter o stakeholder informado, em última análise, pode trazer eficácia no processo de blindagem. Quando as ações do líder para envolver o interveniente no projeto se manifestam de forma ativa, ou seja, mudam a percepção negativa ou neutra do stakeholder, normalmente as ameaças serão tratadas. Para visualizar as oportunidades, deve-se reconhecer as fortalezas que o stakeholder possui ou pode manifestar durante a fase de execução. Essa abordagem se assemelha à lógica da matriz SWOT. A ciência do neuromarketing (Patrick Renvoisé) afirma que as pessoas retêm apenas aquilo que ouvem no início e no fim de uma conversa. De cada 10 palavras recebidas, a média que se assimila é de 30 a 40%. Como a maioria dos stakeholders são informados do projeto por reuniões e encontros, é notório que surjam inúmeras incertezas. O papel do líder do projeto é atuar além de agente informador, que possui um rendimento médio de 30%, para agente catalisador, o qual tem o papel preponderante de colocar todos a par de tudo, ou seja, com o mesmo entendimento. O próximo passo é fazer com que a maioria ou todos, preferencialmente, aceitem a ideia proposta no escopo. Esse aceite implica a abertura e confiança por parte dos stakeholders no líder e consequentemente gera menor interferência por parte deles nos rumos do projeto em todas suas fases do ciclo de vida. Por último, o líder deve estar atento aos conflitos de interesse de forma a neutralizá-los. Uma boa tática é manter todos bem informados somente sobre aquilo de que necessitam. O líder precisa separar as necessidades das expectativas, pois necessidades são passíveis de controle, diferentemente das expectativas. O que mais tem um stakeholder são expectativas. Por isso, comprometer-se apenas com as necessidades é mais eficaz. Se estamos com fome a necessidade é comer. Agora, comer o quê? Essas são as expectativas que quase sempre não são saciadas e geram os conflitos de interesse. 7 TEMA 3 – DIFICULDADES E EMPECILHOS A capacidade do ser humano de superar dificuldades e empecilhos é o grande motor da motivação, e pode ser chamado de desafios. Quando uma pessoa consegue ajustar seus desafios e se motivar, não existem dificuldades e empecilhos que possam impedi-la de seguir em frente. Esse ajuste do desafio depende de alguns fatores para que essa iniciativa não se transforme em uma tragédia. Desafiar além dos limites é coisa para aventureiros. O estado de normalidade é que as pessoas estejam em sua condição de conforto. Ajustar o desafio é colocar as pessoas na condição de aprendizado. Exagerar o desafio é ingressar na zona de pânico. Esse é o caminho da tragédia explicitada anteriormente. Quando as pessoas ingressam na zona de aprendizado, as oportunidades surgem e existe a vontade natural de se apropriar delas. Seria como ver um cavalo selado e subir nele ou, ao ver a porta do trem aberta, entrar para ir a algum lugar melhor. Levar toda essa constelação de fatores para a gestão de projetos é traçar um paralelo de padrões que o líder de projeto deve seguir para vencer determinadas dificuldades ou situações as quais podem colocar em risco o andamento e a conclusão do projeto. No primeiro momento, o próprio líder deve se motivar e procurar entrar na zona de aprendizado. Assim, motivado, consegue enxergar as situações que quem está afundado na zona de conforto não vê. Quem está na zona de pânico quer que sempre algo termine logo para se ver livre do sentimento de angústia gerado pela insegurança. Agora que o “terreno interno” do líder está mais preparado, vamos adentrar a literatura e tentar encontrar algo mais palpável para lidar com o ambiente externo. Segundo Voge (2009) as dificuldades enxergadas pelo líder com os stakeholders se encontram em duas vertentes: 1. O stakeholder não quer se envolver. Ele assume uma posição neutra por não ter interesses diretos no projeto 2. O stakeholder tem percepção negativa do projeto, por não possuir uma compreensão correta do significado, importância e benefícios do projeto, ou até mesmo por não estar diretamente ligado a estes benefícios. 8 Ainda, segundo Voge (2009), podem existir duas alternativas de solução: 1. O líder de projeto deve procurar saber o motivo da neutralidade e tentar encontrar algo no projeto que motive a participação e o interesse do stakeholder. 2. Se o motivo da percepção negativa é a falta de conhecimento da importância e dos benefícios do projeto, o líder do projeto deve deixar claro, e comunicar a todas as partes os objetivos e benefícios que o projeto possibilitará aos seus participantes e especialmente ao meio que pertence. Em resumo, primeiro se motive e depois encontre motivos para os stakeholders se motivarem com o sucesso do projeto. Com isso, dificuldades e empecilhos devem ficar menores ou podem até ser eliminados. TEMA 4 – O EGO E OS STAKEHOLDERS O ego é o maior inimigo na gestão dos stakeholders, visto que individualiza e promove a competição ao invés de fomentar a cooperação. O ego de algumas pessoas pode ser muito grande, principalmente quando o indivíduo tem poder e influência. Nesses casos, é importante usar o aspecto positivo dessa faceta humana. Basta dar a atenção que ela necessita para que tudo fique melhor. Um exemplo dessa abordagem é envolvê-la desde o início, pedir a opinião dela e ouvir seus conselhos e preocupações. Na sequência, é fazer reuniões de status com frequência, mostrando que está tudo certo, principalmente nos pontos referentes a ele. Com o tempo, essa necessidade de atenção diminuirá e o líder pode abandonar essas iniciativas. Este é só um exemplo. O líder deve estar atento à identificação dos stakeholders, e percebendo existir algum do tipo poderoso e influente, deve então desenvolver estratégias para conseguir o apoio dele. Outro aspecto que se deve ter em conta é que o ego atua como um complicador nos processos de tomada de decisão, principalmente em colegiado. Nos comitês de análise dos projetos, as batalhas de ego podem prejudicar as decisões, se estas forem tendenciosas. Decisões unilaterais nesses ambientes devem ser evitadas a todo custo. Uma maneira prática de sair dessa situação desagradável é ser proativo durante o processo decisório, mostrando sempre alternativas e suas vantagens e desvantagens. Na sequência, o líder apresenta o seu ponto de vista, sua escolha 9 preferencial baseada na relação custo-benefício e deixa que os egos presentes confrontem os fatos abandonando as questões emocionais. Eu, pessoalmente, nunca vi um executivo decidir em prol de sua opinião pessoal, em detrimento das vantagens claras de uma outra alternativa. Uma questão de bom senso. Outra derivada datomada de decisão é quando o líder necessita “cortejar” o stakeholder para obter apoio ou agarrar uma oportunidade. A abordagem adequada é mostrar todo o respeito a ele jogando o peso da decisão revestida de um pedido de ajuda ou aconselhamento. Exemplo: “Temos uma grande oportunidade e necessitamos de toda sua experiência e conhecimento no tema para nos ajudar a encontrar a melhor forma de utilizá-la em nosso projeto”, diria o líder ao stakeholder. Para resumir, o ego dos stakeholders é algo de difícil manuseio quando o ego do líder também é grande e exigente. Um bom líder de projetos deve sempre ter em mente que nada deve ser pessoal. Para a tomada de decisões, o "pano de fundo deve ser baseado em fatos e não em opiniões, principalmente a dele mesmo. TEMA 5 – COMO GESTORES DE PROJETO, O QUE DEVEMOS FAZER? Na prática, os líderes devem conhecer e aplicar alguma metodologia para dominar os processos de gestão dos stakeholders. A isso chamamos de “hard skills”. A parte emocional e psicológica, explicada nos temas anteriores, chamamos de “soft skills”. Para as hard skills, sugerimos a abordagem do PMBOK: A Figura 13-1 do PMBOK fornece uma visão geral dos processos de gerenciamento de partes interessadas do projeto que incluem o seguinte: 13.1 Identificar as partes interessadas – O processo de identificação das pessoas, grupos ou organizações que podem impactar ou ser impactado por uma decisão, atividade ou resultado do projeto; analisando e documentando informações relevantes sobre seus interesses, envolvimento, interdependências, influência e impacto potencial no sucesso do projeto. 13.2 Planejar o gerenciamento das partes interessadas – O processo de desenvolver estratégias de gerenciamento apropriadas para envolver efetivamente as partes interessadas ao longo do ciclo de vida do projeto, com base na análise de suas necessidades, interesses e impacto potencial no sucesso do projeto. 10 13.3 Gerenciar o envolvimento das partes interessadas – O processo de comunicação e trabalho com as partes interessadas em atender às suas necessidades/expectativas, abordar as questões que ocorrem e promover o envolvimento apropriado das partes interessadas nas atividades do projeto ao longo do ciclo de vida do projeto. 13.4 Controle do envolvimento das partes interessadas – O processo de monitoramento dos relacionamentos gerais das partes interessadas do projeto e o ajuste de estratégias e planos para envolver as partes interessadas. Esses processos interagem uns com os outros e com processos de outras Áreas de Conhecimento. Figura 1 – Esquema PMBOK Fonte: PMBOK. Dessa forma, é possível iniciar o processo de gestão de stakeholders com base em algo que foi transcrito, na experiência do PMI, que possui mais de meio milhão de líderes profissionais de projeto (PMP) utilizado a metodologia. Além disso, o PMI possui quase 300.000 associados. 11 Todos esses stakeholders, de uma forma ou de outra, auxiliaram na construção desse processo e, por isso, ele pode ser considerado confiável. Nas próximas aulas, detalharemos cada um desses processos. FINALIZANDO Muito se fala e pouco se faz com a gestão dos stakeholders. Minha experiência no tema mostra que a minoria dos líderes dominam esse tema e não se derrubam de forma didática e processual durante o planejamento. Acabam reagindo apenas quando as coisas começam a não dar certo. Afirmo, sem medo de errar, que blindar um projeto reduz drasticamente as fontes de ameaças organizacionais e amplia a janela de oportunidades. Investir nessa área de conhecimento vale a pena. LEITURA COMPLEMENTAR Texto de abordagem teórica FREEMAN, E. Stakeholder theory. Disponível em: <https://youtu.be/5- ttLXe35AM>. Acesso em: 26 abr. 2018. Texto de abordagem prática LUCA, L. de. Manual de sobrevivência para gerentes de projetos. Rio de Janeiro: Brasport, 2016. Saiba mais MORRIS, R. Stroke the ego of your stakeholders! Disponível em: <http://www.pmthatworks.com/2010/11/stroke-ego-of-your-stakeholders.html>. Acesso em: 26 abr. 2018. 12 REFERÊNCIAS FREEMAN, R. E. et. al. Stakeholder Theory: The State of the Art. Cambridge: Cambridge University Press, 2010. GONÇALVES, V.; CAMPOS, C. (2016). GUIMARÃES, A. K. G.; FIGUEIREDO, E. J. do N.; PEDROSO, F. M. Gerenciamento de stakeholders: um fator crítico para o sucesso em projetos. Mundo Project Management, Rio de Janeiro, v. 4, n. 24, p. 62-67, dez./jan. 2008/2009. KERZNER, H. Gestão de projetos: as melhores práticas. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE (PMI). A guide to the project management body of knowledge. 5. ed. Newtown Square: Project Management Institute, 2012. ROCHA, T.; GOLDSCHMIDT, A. Gestão dos stakeholders: como gerenciar o relacionamento e a comunicação entre a empresa e seus públicos de interesse. São Paulo, 2010. TRENTIM, M. H. Managing stakeholders as clients: sponsorship, partnership, leadership and citizenship. Pensilvania: Project Management Institute, 2013. VALLE, J. A. S. do. Gerenciamento de stakeholders em projetos. 3. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2014. VARGAS, R. V. Preparatório para o exame de PMP. 8. ed. 2014. VOGE, W. Stakeholder commitment: Why is it important? Disponível em: <http://www.projectsmart.co.uk/pdf/stakeholder-commitment-why-is-it-important.pdf>. Acesso em: 26 abr. 2018. AULA 2 GESTÃO DE STAKEHOLDERS Prof. Ricardo Dabague 2 CONVERSA INICIAL A primeira pergunta que temos que fazer a nós mesmos é: qual a importância de se realizar a identificação dos stakeholders? A resposta mais fácil está implícita em nossa própria vida pessoal. Nós realizamos essa identificação várias vezes, como quando entramos em um ambiente novo. Nem que seja de forma superficial, tentamos olhar o que acontece à nossa volta para entender em que tipo de contexto estamos nos inserindo. Adicionalmente, fazemos julgamentos das pessoas que se manifestam dentro dessa nova atmosfera. Além disso, nos esforçamos para perceber se os “ares” são harmônicos ou podem nos trazer algum prejuízo. Poderíamos minuciar ainda mais nosso comportamento analítico de observar para tirar conclusões, mas acredito que já detalhamos o suficiente para elaborar um veredito. Ou seja, tudo isso tem a nítida intenção de descobrir formas de nos proteger ou tirar algum proveito de alguma provável situação que possa se manifestar. Até esse momento, estamos mergulhados nos campos das incertezas, conjecturas e estimativas. Isso implica que, se forem malfeitas ou realizadas sem uma metodologia, com certeza essas estimativas estarão repletas de emoções e sentimentos, por ser um fator humano. Portanto, em projetos, como já dissemos anteriormente, é importante tentar neutralizar nossa tendência de levar algumas coisas para o lado pessoal. A importância dessa identificação é o primeiro passo para traçar nossas futuras estratégias dentro do campo profissional e se afastar o máximo possível do lado pessoal. Deixar que a impessoalidade seja o vetor de análises e julgamentos é uma tarefa difícil e árdua. Seria como analisar um oponente antes da luta para conhecer seus pontos fortes, neutros e fracos. Com isso, definem-se as táticas que devem ser utilizadas. Como está citado no livro Zun Tsu – A arte da guerra: “Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece, mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas.”. 3 CONTEXTUALIZANDO A primeira ação é descobrir quem são os elementos-chave. Para tal, é importante se focar nas atividades do projeto que podem ser influenciadas por agentes externos de forma impactante. Premissa básica para que isso seja efetivo é entender os interessesde cada stakeholder dentro do contexto das atividades fundamentais a serem executadas. O próximo requisito é estabelecer os níveis de influência de cada um para estimar as possíveis ajudas que eles podem trazer ao projeto, bem como os estragos que podem provocar. Por último, mas não necessariamente o mais importante, seria ordená-los por sequência de importância. Assim, a identificação estaria completa. TEMA 1 – ABORDAGEM DO PMBOK O conceito do PMBOK sempre se foca em inputs, ferramentas & técnicas e outputs. A Figura 1 mostra esse framework. Figura 1 – Framework Fonte: PMBOK. A Figura 2 identifica as relações desse framework com as outras áreas de conhecimento do PMBOK. 4 Figura 2 – Relações entre framework e outras áreas de conhecimento Fonte: PMBOK. Percebe-se que o processo começa durante o desenvolvimento do project charter. Esse é o momento correto de fazer as análises para conseguir o apoio daqueles que deverão ser decisivos no “go/ no go” do projeto. Gosto de denominar esse período de primeira “onda” do projeto. Ela pode ser de grande turbulência e devastadora ou apenas uma “marola” bem fácil de ser superada. A gestão dos stakeholders deve auxiliar muito a superar todas essas turbulências. Após a aprovação do project charter, existe mais um desafio a ser vencido, que é a aprovação do plano do projeto. Essa seria a segunda onda, que pode virar um verdadeiro tsunami se os stakeholders jogarem contra o projeto. Esses são os dois momentos críticos em que se deve aplicar a metodologia. Essa metodologia é aplicada por meio de ferramentas que exigem muito mais a capacidade de se articular pelos ambientes em que o projeto está envolvido do que pelo conhecimento técnico do assunto. As saídas são inputs para outras cinco áreas de conhecimento e aqui vale o famoso ditado: “O que entra ruim, sai ruim.”. E se sair ruim, pode arruinar 50% das áreas de conhecimento do PMBOK. Portanto, o líder necessita prestar atenção no que está fazendo nesse momento. A abordagem do PMOK permite que os líderes de projeto tenham procedimentos padronizados. Dessa forma, é possível assegurar que a maioria dos projetos, no mínimo, tenham um início de atividades sem tantos atropelos. 5 TEMA 2 – INPUTS O primeiro input está relacionado ao desenvolvimento do project charter durante a primeira onda. É muito importante tentar identificar todos aqueles que deverão ceder seus recursos para o bom andamento do projeto. Como todo projeto gera distúrbios nos processos do dia a dia, os líderes da organização que comandam essas atividades operacionais têm a tendência de não querer colaborar. Pior ainda são os não acreditam no sucesso oferecido pelo líder ou simplesmente aqueles que, se há governo, ele será sempre contra. Logo, esse primeiro filtro está relacionado com as áreas operacionais de execução direta das atividades. Aqui fica visível a importância de elaborar com muito esmero as premissas, as restrições e as principais entregas do projeto durante o project charter. Se a abordagem for superficial, a identificação dos stakeholders a esse contexto também será. O segundo filtro se concentra em tudo que devemos comprar ou contratar. Aqui se envolvem muitas interfaces contratuais, legais e políticas. O terceiro filtro são os fatores que se encontram na definição dos limites do empreendimento que a organização representa. O tipo, tamanho e cultura da empresa delineiam quem são os agentes que podem influenciar. Nesse ambiente, os padrões, os regulamentos e as políticas implicam alguns agentes reguladores, facilitadores ou complicadores. Por exemplo, agências reguladoras do governo, ouvidoria interna ou externa, governança etc. O quarto e último filtro concentra-se em tendências, práticas e hábitos locais, regionais e globais. Por exemplo, um projeto que deu certo no mundo ocidental cristão pode ter algumas dificuldades no mundo oriental mulçumano, ou vice-versa. TEMA 3 – FERRAMENTAS E TÉCNICAS Uma técnica interessante é adotar o seguinte procedimento para saber como iniciar o processo de identificação: navegar pelos limites conhecidos do projeto e identificar de onde vem o dinheiro e quem pode influenciar a liberação dele. Depois, investigar quem está envolvido com as entregas. A palavra investigação é bem apropriada, pois aqui descansam os grandes problemas das interfaces operacionais. Se não forem tratados em tempo, eles despertarão no 6 momento em que o líder menos espera. Por exemplo, quando se esquece de envolver, no planejamento, as áreas governamentais de meio ambiente. No momento de se obter a licença ambiental, nada ocorre como a equipe havia planejado. Por último, quem deve assinar toda a documentação envolvida. Como se diz nos bastidores dos projetos, o trio dinheiro, entregas e assinaturas sempre dirá ao líder: “Afetaremos, seremos ou podemos nos sentir afetados pelo projeto.”. A primeira ferramenta oficial, segundo PMBOK, é denominada Análise dos Stakeholders. É uma abordagem que procura fazer uma análise quantitativa e qualitativa dos envolvidos para determinar o nível de interesse deles no projeto. O segundo vetor dessa análise tenta ajustar e estimar o grau de influência em relação aos motivos do projeto. Em outras palavras, quantitativa significa saber o grau de influência, interesse e poder do stakeholder. Qualitativa, por sua vez, significa saber se eles podem usar essas qualidades de forma positiva, neutra ou negativa no decorrer do projeto. Gerenciar a influência deles é muito importante no início para depois monitorá-la durante a execução e o término do projeto. Normalmente, os passos a seguir são os seguintes: Identificar nome, organização, departamento, papel, conhecimento, interesse, expectativas e nível de influência. Analisar o potencial de impacto ou suporte que ele pode gerar. Classificar qualitativamente para poder criar uma estratégia de abordagem do conteúdo do projeto com os stakeholders. Elaborar estimativas das possíveis reações dos stakeholders ao se defrontar com os propósitos e resultados do projeto. Existem alguns tipos de classificações que são utilizadas, por exemplo: Poder versus interesse. Poder versus influência. Influência versus impacto. A Figura 3 mostra um exemplo de poder/interesse, incluindo as estratégias. 7 Figura 3 – Exemplo somado às estratégias Fonte: PMBOK. A segunda ferramenta oficial é utilizar a experiência de especialistas para fazer os julgamentos. A ideia é fugir das opiniões e seguir no caminho do conhecimento tácito dessas pessoas. Por último, é recomendado realizar reuniões para se formar um consenso sobre as várias opiniões e chegar a um veredito comum sobre a identificação de um ou mais stakeholders. TEMA 4 – SAÍDAS DO PROCESSO: OUTPUTS As saídas desse processo podem ser divididas em três categorias: Informações de identificação Informações de avaliação Classificação dos stakeholders As informações de identificação se concentram no individuo em si. Não podem nem devem se relacionar somente à organização ou ao departamento ao qual ele pertence. Este é um erro muito comum para os iniciantes nesse processo. Identificar um stakeholder como vendas, engenharia, prefeitura etc. pode ser uma tendência e deve ser evitada a todo custo. O gerente de vendas, o diretor de engenharia ou o prefeito seriam as colocações corretas. Porém, o mais indicado é registrar o nome, a posição organizacional, a localização geográfica, o papel exercido no projeto e as informações de contato. 8 As informações de avaliação se concentram em qual tipo de expectativas eles possuem e quais requisitos exigem do projeto. Por último, que tipo potencial de influência eles possuem e em qual fase do ciclo de vida do projeto eles estariam mais ativos. A classificação dos stakeholders jápossui uma gama maior de variáveis. Pode ser de várias naturezas e, conforme o tipo de projeto, de várias opções para melhor raciocinar sobre as estratégias possíveis. Acompanhe a seguir as opções possíveis. Favoráveis: demonstram interesse e responsabilidade sobre o projeto. São fatores de sucesso do projeto. Neutros: não estão interessados nos resultados do projeto. São os mais perigosos, pois podem se tornar contrários ou sabotadores, ao sabor dos ventos ou das forças que se estabeleceram durante a execução do projeto. Contrários: criam empecilhos para o projeto, pois acreditam que os participantes ou o projeto em si podem gerar problemas para ele ou então ir contra seus interesses. Sabotadores: os mais difíceis de se identificar. Podem ser concorrentes do produto ou serviço gerado pelo projeto ou terem a percepção de que o projeto pode de alguma forma diminuir ou eliminar a cadeia de poder em que ele está envolvido. Prefiro utilizar apenas três características: positivo (cor verde no gráfico); neutro (cor amarela no gráfico); negativo (cor vermelha no gráfico). Os gráficos podem ser de alguns tipos: Poder x interesse Interesse x influência Poder x influência Prefiro utilizar um gráfico em que, no eixo das ordenadas, estão juntos o poder e a influência, e no eixo das abcissas, apenas o interesse. Essas informações devem ser de uso exclusivo da equipe do projeto e devem ser mantidas confidencialmente. Ao longo do projeto, os registros podem ser reavaliados e eventualmente modificados. Podem existir muitos envolvidos, e, 9 nesse caso, é recomendável criar agrupamentos para produzir sinergia na elaboração das estratégias. TEMA 5 – EXPERIÊNCIA TÁCITA COM O TEMA Todas as vezes que utilizei a metodologia de forma integral, foram em projetos de grande monta em que os interesses eram variados, e os envolvidos se espalhavam por vários níveis hierárquicos. Nesse tipo de projeto, não realizar a identificação correta é começar e terminar errado. Em projetos de baixa complexidade, a identificação é necessária, porém, sem tantos detalhes e não necessariamente deve ser feita por um time numeroso de especialistas. Para começar a identificar os stakeholders, sempre iniciei pelas entregas durante o período de elaboração do project charter e pelo WBS, durante a fase de planejamento. O raciocínio para utilizar o conceito é simples, pois é no WBS e em suas entregas que a maior parte da energia do projeto vai e deve agregar valor. Eu chamo esses stakeholders de primários. Seguem, nesse nível, da mesma forma como as atividades primárias influenciam diretamente as atividades fundamentais (core activities) de um processo. Na gestão de processos, nenhuma atividade fundamental é sustentável sem suas atividades primárias. Gosto de utilizar o exemplo da fábrica de linguiças. As atividades fundamentais são todas aquelas que transformarão a carne em linguiça. Porém, a corda e a tripa, por definição do processo, não fazem parte das atividades básicas da fábrica. Ela prefere comprar esses componentes ao invés de fabricá-los. Dessa forma, se esses componentes primários não forem fornecidos, não é possível fabricar a linguiça. Utilizando esse viés, sem a identificação desses stakeholders primários, o projeto poderia sofrer tantas influências de alto impacto que, se não gerenciadas a tempo e corretamente, poderão gerar transtornos irremediáveis. Os stakeholders secundários são aqueles que podem ser comparados aos processos de gestão. Sem eles, o produto em si, gerado em um processo, vai de fato ocorrer, porém sua qualidade não necessariamente poderá ser assegurada ou eventualmente melhorada. Os processos de gestão ajudam o líder do processo a tomar a decisão correta para manter a qualidade ou melhorar o produto ou serviço a ser fornecido. 10 Em outras palavras, sempre procurei identificar quais seriam os primários e os secundários. Ou seja, encontrar quem poderia auxiliar a garantir a performance e qualidade do projeto. Para deixar mais claro, os primários são aqueles que podem travar o projeto ou alavancá-lo. Os secundários são aqueles que podem ajudar a seguir no caminho da melhoria da performance e qualidade ou levar as ações para o desastre total. Os primários são os “enablers”. Os secundários são os “quality drivers”. Assim, com essa classificação inicial, fica mais fácil estabelecer uma análise qualitativa e quantitativa dos stakeholders e criar o gráfico de poder e influência versus influência. FINALIZANDO Tudo o que ocorre nessa fase de identificação pode ser comparado com as pesquisas que se faz ao planejar uma viagem para um país que não se conhece, com cultura muito diferente da nossa, uma língua completamente desconhecida por nós e no qual não fazemos a menor ideia de como seremos recebidos ou como seremos tratados quando estivermos lá. Arrumar a mala e partir sem fazer nenhuma estimativa do que se pode esperar é coisa de aventureiros e não quer dizer que está errado. Porém, no caso do projeto, existem muitas outras pessoas envolvidas do que em uma viagem pessoal. Se tivermos problemas na viagem, é possível considerá-los como desafios e oportunidades de crescimento, mas, no projeto, começar assim pode ser entendido como uma falta de pensamento estratégico. Seria como assinar um termo de incompetência em gestão de projetos e pedir que muita coisa acabasse sendo sabotada por forças externas. Ou como ir à guerra na selva e não ser treinado em ações de guerrilha e sobrevivência. 11 LEITURA COMPLEMENTAR Texto de abordagem teórica GUIA para identificar os stakeholders. Disponível em: <http://www.youwilldobetter.com/2012/05/guia-para-identificar-os-stakeholders-do- seu-projeto>. Acesso em: 2 maio 2018. 12 REFERÊNCIAS PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE – PMI. (2012). “Um Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos (Guia PMBOK)”, 5. Edição. • Vargas, Ricardo Viana. (2014). KERZNER, H. Gestão de projetos: as melhores práticas. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE (PMI). A guide to the project management body of knowledge. 5 ed. Newtown Square: Project Management Institute, 2012. AULA 3 GESTÃO DE STAKEHOLDERS Prof. Ricardo Dabague 2 CONVERSA INICIAL Plano de gestão dos stakeholders O plano de gestão dos stakeholders mostra como o líder de projeto afetará os envolvidos identificados como aqueles que têm influência, poder e eventual interesse no projeto. Permite que o líder defina estratégias para engajar os stakeholders nas diversas fases do projeto. Para tal, ele deve analisar as suas necessidades, interesses e o potencial impacto que eles possam gerar sobre o sucesso ou o insucesso do planejamento. Esse processo permite que haja a devida transparência da documentação, de forma que as ações definidas sejam de conhecimento daqueles que devem agir e interagir com as interfaces adequadas para gerar o engajamento desejado dos stakeholders. Os inputs, as ferramentas e as técnicas e saídas desse processo podem ser identificadas na Figura 1. Figura 1 – Inputs, ferramentas, técnicas e saídas de um plano de gestão de stakeholders Fonte: PMI, 2013. CONTEXTUALIZANDO Como fazer na prática o plano de gestão dos stakeholders? A Figura 2 do PMBOK (PMI, 2013) define o passo a passo desse plano. 3 Figura 2 – Passo a passo de um plano de gestão de stakeholders Fonte: PMI, 2013. Na prática, o líder de projeto deve fazer um cross-check entre os ambientes externos e internos do projeto, com a lista de stakeholders. Essa será a base para iniciar as análises críticas que irão desenvolver as ações para engajar os stakeholders no projeto. TEMA 1 – INPUTS O primeiro input encontra-se no ambiente interno do projeto e refere-se ao desenvolvimento do seu plano degerenciamento. Deve-se avaliar o ciclo de vida do projeto e o WBS definido. Essas duas informações são a conexão mais palpável com onde o stakeholder pode e deve se engajar no projeto. O detalhamento do escopo do projeto (scope statement) permite correlacionar os requisitos técnicos, econômicos, de meio ambiente, de qualidade e ergométricos com as expectativas e necessidades dos envolvidos. O plano de recursos humanos pode revelar muitas interfaces que devem ser harmonizadas para assegurar que os gestores de linha forneçam a força de trabalho necessária. O plano de mudanças oferece detalhes que podem facilitar para que os aprovadores sejam previamente instruídos e municiados para tomarem as decisões mais rapidamente e a favor do sucesso do projeto. O plano de comunicação descortina 13.1 Identificar stakeholders Organização empresarial 4.2.Desenvolver plano de gerenciamento de projetos Ativos de processos organizacionais Fatores ambientais da empresa Plano de gerenciamento de projetos Registro de stakeholder 13.2 Planejamento de stakeholder Atualizações de documentos de projetos Plano de gerenciamento de stakeholder Documentos de projetos 13.3 Gerenciar o engajamento de stakeholders 5.2 Coletar requisitos 4 a forma desejada de se relacionar com aqueles que podem ser facilitadores ou complicadores das tarefas a serem executadas. O segundo input é a lista de stakeholders-chave. Permite priorizar as ações de modo a se ser mais eficaz. O terceiro input são os fatores ambientais da empresa, que podem ser utilizados como insumos para adaptar os stakeholders ao ambiente do projeto. A cultura organizacional, a estrutura e o clima político são de particular importância, porque ajudam na determinação das melhores opções para apoiar a gestão de partes interessadas. O último input são os ativos do processo organizacional, tais como o banco de dados e as informações históricas sobre planos anteriores de gerenciamento de partes interessadas. TEMA 2 – FERRAMENTAS E TÉCNICAS: A AVALIAÇÃO DOS ESPECIALISTAS A fim de criar o plano de gestão das partes interessadas, o julgamento e a experiência devem ser buscados em grupos ou indivíduos com atuação comprovada em assuntos ou informações da organização, tais como junto a: • gerência sênior; • membros da equipe do projeto; • outras unidades ou indivíduos dentro da organização; • partes interessadas ou partes-chave identificadas; • gerentes de projetos que trabalharam em projetos na mesma área (diretamente ou com lições aprendidas); • especialistas em matéria de negócios ou área de projeto; • grupos industriais e consultores; • associações profissionais e técnicas, órgãos reguladores e organizações não governamentais (ONGs). O julgamento de especialistas pode ser obtido por meio de consultas individuais (reuniões individuais, entrevistas etc.) ou por meio de um formato de painel (grupos focais, pesquisas etc.). TEMA 3 – FERRAMENTAS E TÉCNICAS: REUNIÕES As reuniões devem ser realizadas com os especialistas e a equipe do projeto para se definir os níveis de engajamento requeridos de todas as partes 5 interessadas. Essa informação pode ser usada para preparar o plano de gerenciamento de partes interessadas. TEMA 4 – FERRAMENTAS E TÉCNICAS: AS TÉCNICAS ANALÍTICAS As técnicas analíticas permitem comparar o estado de um dado momento de engajamento dos stakeholders com o estado futuro desejado, pois o envolvimento das partes interessadas ao longo do ciclo de vida do projeto é fundamental para o sucesso planejado. O nível de engajamento das partes interessadas pode ser classificado da seguinte forma: • Inconsciente: em que se desconhecem os impactos e o potencial do projeto. • Resistente: em que se mostram conscientes do projeto e dos seus impactos potenciais, mas resistentes à mudança. • Neutro: conscientes do projeto, porém ainda não favoráveis e nem resistentes. • Apoio: encontram-se conscientes do projeto e dos seus impactos potenciais, com apoio à mudança. • Liderança: conscientes do projeto e dos seus impactos potenciais e empenhados ativamente em garantir que ele seja um sucesso. O envolvimento de um dado momento pode ser documentado usando-se a matriz de avaliação de engajamento de partes interessadas, conforme mostrado na Figura 3, em que C indica o envolvimento do momento e D indica o envolvimento desejado. A equipe do projeto precisa identificar o nível de engajamento desejado para a fase de momento vigente do projeto, com base nas informações disponíveis. O exemplo da Figura 3 mostra que o participante 3 está no nível de engajamento desejado, enquanto as partes interessadas 1 e 2 exigem mais comunicações e ações adicionais para movê-las para o nível desejado de engajamento. 6 Figura 3 – Exemplo de envolvimento de momento (C) e de envolvimento futuro (D) dos stakeholders, em um projeto Fonte: PMI, 2013. A matriz da Figura 3 mostra onde estamos e aonde queremos chegar. A avaliação dos especialistas deve ser explorada para fechar essa lacuna, por meio das ações adequadas, a serem definidas. TEMA 5 – OUTPUT: O PLANO DE GERENCIAMENTO DAS PARTES ENVOLVIDAS O plano de gerenciamento de partes interessadas identifica as estratégias de gerenciamento necessárias para envolver efetivamente essas partes interessadas. Ele pode ser formal ou informal, altamente detalhado ou não, mas sempre baseado nas necessidades do projeto. Segundo o PMBOK (PMI, 2013), além dos dados coletados no registro de partes interessadas, o seu plano de gerenciamento geralmente fornece: • níveis de engajamento desejado e de momento dos principais interessados; • escopo e impacto da mudança para as partes interessadas; • identificação de inter-relações e potencial sobreposição entre as partes interessadas; • requisitos de comunicação das partes interessadas para a fase vigente do projeto; • informações a serem distribuídas às partes interessadas, incluindo linguagem, formato, conteúdo e nível de detalhe; • razão para a distribuição dessa informação e o impacto esperado para o envolvimento dos interessados; • prazo e frequência para a distribuição das informações necessárias às partes interessadas; Stakeholder Resistente Apoio C Stakeholder 2 D Inconsciente Neutro Liderança Stakeholder 1 D C Stakeholder 3 D C 7 • método para atualizar e refinar o plano de gerenciamento de partes interessadas à medida que o projeto progrida e se desenvolva. FINALIZANDO Segundo o PMBOK: Os gerentes de projetos devem estar conscientes da natureza sensível do plano de gerenciamento das partes interessadas e tomar as devidas precauções. Por exemplo, as informações sobre as partes interessadas que são resistentes ao projeto podem ser potencialmente prejudiciais, e deve ser dada a devida consideração quanto à distribuição dessas informações. Ao atualizar o plano de gerenciamento das partes interessadas, a validade dos pressupostos subjacentes deve ser revisada para garantir a continuidade da precisão e relevância. (PMI, 2013) O plano de gestão dos stakeholders só tem eficácia se conseguir, em primeira instância, blindar o projeto na fase de planejamento e depois, durante a sua execução, permitir manter ou aumentar essa proteção envolvendo cada vez mais os detentores de poder e influência nos caminhos e vertentes das ações em curso. LEITURA COMPLEMENTAR ROWLEY, J. 5th edition PMBOK® guide-step 5: memorizing tools & techniques (stakeholder knowledge area). 4squareviews, 25 out. 2013. Disponível em: <https://4squareviews.com/2013/10/25/5th-edition-pmbok-guide-step-5- memorizing-tools-techniques-stakeholder-knowledge-area/>. Acesso em: 13 jun. 2018. 8 REFERÊNCIAS KERZNER, H. Gestão de projetos: as melhores práticas.2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. PMI – Project Management Institute. A guide to the project management body of knowledge. In: _____. Guia PMBOK. 5. ed. Newtown Square: Project Management Institute, 2013. AULA 4 GESTÃO DE STAKEHOLDERS Prof. Ricardo Dabague 2 CONVERSA INICIAL Gerenciamento do engajamento dos stakeholders O engajamento das partes envolvidas é a materialização do plano de gestão dos stakeholders. Simples assim! A Figura 1 mostra, de forma concisa, o que seria esse engajamento em um pensamento estratégico. Figura 1 – O gerenciamento do engajamento de stakeholders Um processo de comunicação se torna extremante complexo na prática, pois comunicar-se, em projetos, é a tarefa mais árdua e difícil para os seus líderes. Na comunicação repousam os grandes fatores de sucesso e insucesso de um projeto. Muitos pensam que ter tudo muito bem organizado e realizado, com todos os formulários e ferramentas disponíveis, é o suficiente para se ter sucesso em um projeto. Ledo engano! A isso chamamos de hard skills. Eles perfazem uma porcentagem muito pequena para que o projeto se desenvolva conforme todo o planejamento. A maior porcentagem de esforço do líder durante todo o ciclo de vida do projeto deve se ater às soft skills, em que as capacidades de liderança e comunicação são preponderantes para uma boa gestão das atividades planejadas. A outra faceta desse gerenciamento, conforme mostrado na Figura 1, está relacionada ao processo de trabalho e essas etapas podem ser reconhecidas na Figura 2. 3 Figura 2 – Etapas do processo de trabalho de gestão de stakeholders Fonte: PMI, 2013. Iremos tratar primeiramente os processos de trabalho e finalizar com os processos de comunicação. CONTEXTUALIZANDO Benefícios-chave do processo de trabalho de gestão de stakeholders O processo de trabalho de gestão de stakeholders permite ao líder do projeto aumentar o suporte aos stakeholders, com o objetivo de minimizar as resistências e alavancar os interesses de toda a sorte que orbitam as fronteiras do escopo desejado. Essa forma de pensar, estratégica e meticulosa, tanto na análise fria e crítica dos fatores envolvidos, como no trato polido e político com os protagonistas e coadjuvantes, aumentam significativamente as chances de sucesso do projeto. A Figura 3 descreve o processo como um todo. 4 Figura 3 – Descrição do processo de trabalho de gestão de stakeholders Fonte: PMI, 2013. TEMA 1 – INPUTS Os inputs são basicamente as informações que já foram processadas nos devidos planos anteriores, nas regras organizacionais e nas recomendações de projetos anteriores (Figura 4). Figura 4 – O que são os inputs (entradas) Fonte: PMI, 2013. 5 O plano de gestão dos stakeholders basicamente descreve como os stakeholders-chave podem e devem ser tratados. Descreve ainda métodos, técnicas e tecnologias recomendados para se comunicar com os envolvidos no projeto. O plano de gerenciamento de comunicação irá municiar o processo de trabalho e comunicação com os stakeholders e atende aos seguintes parâmetros: Requisitos de comunicação necessários e adequados à lista de stakeholders-chave; Por que, o que e como as informações podem e devem ser manipuladas, o que inclui idioma, formato, conteúdo e nível de detalhamento; Grupos-alvo das informações a serem distribuídas; Processo de escalação. O terceiro input é o registro de mudanças, o qual se refere às alterações que ocorrem durante um projeto. Essas mudanças e seus impactos no projeto em termos de tempo, custo e risco devem ser comunicados às partes interessadas apropriadas. O último input seriam os ativos do processo organizacional. Os recursos do processo organizacional que podem influenciar o processo de gerenciar o envolvimento das partes interessadas incluem: Requisitos de comunicação organizacional; Procedimentos de análise e solução de problemas; Procedimentos de controle de mudança; Informações históricas sobre projetos anteriores. TEMA 2 – FERRAMENTAS E TÉCNICAS Métodos de comunicação: com base nos requisitos de comunicação das partes interessadas, o gerente do projeto decide como, quando e quais desses métodos de comunicação serão utilizados no projeto. Os métodos estão definidos no plano de comunicação. Habilidades interpessoais: o líder de projeto deve utilizar suas habilidades de relacionamento interpessoal e sua inteligência emocional para gerenciar as expectativas das partes interessadas. Por exemplo: Construindo confiança; 6 Resolvendo conflitos; Ouvindo ativamente; Superando as resistências à mudança. Habilidades gerenciais: utilizadas para coordenar e harmonizar o time e os stakeholders para alcançar os resultados esperados. Por exemplo: Buscando o consenso em relação aos objetivos do projeto; Influenciando pessoas para apoiarem o projeto; Negociando acordos para satisfazer as necessidades do projeto; Modificando o comportamento organizacional para adequá-lo aos resultados do projeto. TEMA 3 – OUTPUTS Registro de problemas: todos os problemas advindos da interação com os stakeholders são registrados e acompanhados. Esses registros são atualizados à medida que novos problemas são identificados e os problemas encontrados são resolvidos. Solicitações de mudança: todas as mudanças encaminhadas depois da interação com os stakeholders devem ser gerenciadas diretamente pelo líder do projeto. Significa, na maioria das vezes, encaminhar uma análise de solução de problemas ou uma ação de melhoria ou uma análise de viabilidade técnica/econômica e, por fim, uma análise de custo e benefício. Atualização do plano de gerenciamento do projeto: toda e qualquer alteração proposta pelos stakeholders deverá ter seus impactos avaliados em todas as áreas de conhecimento descritas no plano de gerenciamento do projeto. Caso haja impactos, estes devem ser documentados no plano do projeto. TEMA 4 – O ARTICULADOR O líder de projeto deve assumir sua função de articulador. É sabido que conseguir atingir 100% de engajamento de todos os envolvidos é utopia; mas, reduzir antagonismos é a principal função do líder, como articulador. Perante o comitê gestor do projeto, o articulador deve ser o ente que irá harmonizar os interesses internos. Manter o comitê sempre informado auxilia, 7 nessa tarefa. Outra forma de promover esse equilíbrio interno é criar e divulgar a matriz de responsabilidades (matriz Raci). Para o ambiente externo, é importante adaptar as estratégias de comunicação ao perfil específico dos stakeholders-chave. Em outras palavras, o articulador deve planejar estratégias customizadas de engajamento das partes envolvidas. Não é uma tarefa fácil... Uma forma de atuar proativamente nesse sentido, tanto no ambiente interno como no externo, é utilizar a abordagem do processo participativo. Por exemplo, induzir os stakeholders a participarem da identificação de riscos, da definição dos propósitos e da identidade do projeto e da definição da matriz Raci. Se os envolvidos se sentem como protagonistas idealizadores do projeto, surge o conceito de paternidade. Então, se é minha cria, deve ser bom... É quase impossível conseguir consenso de todas as partes, mas buscar envolver a maioria dos interessados na defesa do projeto, em vez de na luta por seus próprios interesses, é estratégia inteligente. Só o fato de a pessoa ter sido envolvida já faz com que se sinta parte do todo. O articulador deve observar comportamentos e avaliar o nível de adesão dos stakeholders. O nível dos discursos carregados de emoções ou embasados em dados e fatos é um indicador interessante. As expressões corporais e o tom de voz mostram como e quanto o interesse pode ser positivo, negativo, alto ou baixo. Tomar uma atitude empática e estruturara comunicação com base no estilo do outro é uma boa prática de um articulador com experiência. TEMA 5 – RECOMENDAÇÕES PARA UM BOM PROCESSO DE COMUNICAÇÃO Como dissemos anteriormente, o processo de comunicação é complexo e pode ser o grande fator comportamental de sucesso de um projeto. Pessoalmente, não acredito em certo ou errado. Sou mais adepto a ouvir recomendações e, dessa forma, definir o que se adapta melhor ao meu estilo de ser e me comunicar. Seguem então algumas recomendações que podem auxiliar no desenvolvimento do papel de articulador do líder de projeto: 8 Desenvolver, sempre, abordagens lógicas, baseadas em dados e fatos, gerando informações agregadoras de valor. Menos sempre é mais! Seja capaz de sintetizar as mensagens ao final de cada bloco de comunicação. Evite viajar demais em ideias ambíguas, abordagens vagas, teses sem fundamentos racionais e muito detalhamento. Ache o cerne da questão e tenha foco. Deixe espaço para participações e sugestões. Não mate o mensageiro podando as ideias e cerceando a criatividade dos stakeholders. Mostre interesse nas pessoas e crie espaços de espontaneidade, oferecendo abertura. Ser empático nesse momento é condição sine qua non. Preocupe-se com a linguagem corporal, o tom de voz, o sorriso sem exageros, mostre sempre a palma da mão e balance a cabeça no sentido de compartilhar concordâncias, recapitule os temas enfatizando o que você entendeu, sem ironizar ou dar sua opinião. Não tema os conflitos e sempre haja como um negociador na busca de uma solução. Não tema os problemas e sempre lidere a situação para a análise e a solução dos problemas. Não busque culpados. Seja conciliador e provedor de bons momentos. Nada em projetos pode ser levado para o lado pessoal. Com isso, acredito que você terá sucesso com engajar as partes envolvidas no seu projeto. FINALIZANDO Gerenciar o engajamento dos stakeholders é a maior dificuldade do líder de projetos durante o processo de gestão dos stakeholders. Digo isso pois é o momento em que o articulador deve transformar a estratégia em ação, através da tática escolhida. Se a tática não for a mais adequada, o líder deverá imediatamente alterar a estratégia e ter a coragem de enfrentar todas as consequências que podem advir dessa nova abordagem. Ser um bom negociador e ter inteligência emocional são condições básicas para ter um bom trânsito entre os stakeholders 9 e conseguir harmonizar a situação deteriorada pela tática erroneamente empregada. Se a tática for a correta, o líder deverá manter a situação como ela é, e isso também não é fácil. Manter o time no topo sempre é mais difícil do que levá- lo à ponta. Assim sendo, utilizar suas soft skills é bem mais complicado que seguir as atividades preconizadas nos processos descritos no PMBOK (PMI, 2013). As habilidades estão acima dos processos nessa área de conhecimento da gestão de projetos. Os métodos de comunicação devem ser permeados pelas habilidades interpessoais e gerenciais para que a gestão dos stakeholders seja um sucesso. E isso não se aprende na escola. É um conhecimento tácito que se aprende vivendo. LEITURA COMPLEMENTAR HERNANDES, E. Os três (primeiros) segredos para se comunicar bem em projetos. Neovalor Treinamento e Consultoria, 15 ago. 2016. Disponível em: <http://www.neovalor.com.br/artigos-e-novidades/planejamento-e- comunicacao/os-3-primeiros-segredos-para-se-comunicar-bem-em-projetos-- 16>. Acesso em: 12 jun. 2018. http://www.neovalor.com.br/artigos-e-novidades/planejamento-e-comunicacao/os-3-primeiros-segredos-para-se-comunicar-bem-em-projetos--16 http://www.neovalor.com.br/artigos-e-novidades/planejamento-e-comunicacao/os-3-primeiros-segredos-para-se-comunicar-bem-em-projetos--16 http://www.neovalor.com.br/artigos-e-novidades/planejamento-e-comunicacao/os-3-primeiros-segredos-para-se-comunicar-bem-em-projetos--16 10 REFERÊNCIAS KERZNER, H. Gestão de projetos: as melhores práticas. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE – PMI. A guide to the project management body of knowledge: PMBOK guide. 5 ed. Newtown Square: Project Management Institute, 2013. AULA 5 GESTÃO DE STAKEHOLDERS Prof. Ricardo Dabague 2 CONVERSA INICIAL Controle do engajamento dos stakeholders Conforme o PMBOK (PMI, 2013), o controle do engajamento dos stakeholders seria: “O processo de monitoramento dos relacionamentos gerais das partes interessadas do projeto e do ajuste de estratégias e planos para envolver as partes interessadas. Esses processos interagem uns com os outros e com processos em outras áreas de conhecimento“. A lógica do PMBOK segue os seguintes aspectos: O controle do envolvimento das partes interessadas é o processo de monitoramento das relações gerais das partes interessadas do projeto, dos ajustes de estratégias e planos para envolver as partes interessadas. O principal benefício deste processo é que ele manterá ou aumentará a eficiência e eficácia das atividades de engajamento das partes interessadas à medida que o projeto evoluir e sua consequente mudança de ambiente. As entradas, ferramentas e técnicas, e os resultados desse processo estão descritos [...] [na Figura 1. A Figura 2] mostra o diagrama de fluxo de dados do processo. (PMI, 2013) Figura 1 – Entradas, ferramentas, técnicas e resultados do processo de controle do engajamento de stakeholters Fonte: PMI, 2013. 3 Figura 2 – Diagrama do fluxo de dados do processo de controle do engajamento de stakeholters Fonte: PMI, 2013. Analisando os conceitos definidos pelo PMBOK (PMI, 2013), o controle do engajamento de stakeholters trata-se simplesmente de um processo de comunicação que irá exigir que o líder de projeto aplique todas as suas habilidades de inteligência emocional em um contexto complexo de disputas de interesse. Tarefa árdua e indicada para poucos... CONTEXTUALIZANDO Benefícios-chave do processo de controle do engajamento dos stakeholters O processo de controle do engajamento dos stakeholters permite ao líder de projeto, durante a sua fase de execução, aumentar suas chances de eliminar ou minimizar as forças contrárias ao projeto, bem como alavancar as energias de sinergia envolvidas e, por último, convencer os indecisos a tomarem partido ou mostrarem definitivamente os seus dentes, ou seja, explicitarem suas posições. Esse é o momento prático de as carapuças serem removidas e os detentores dos escudos de proteção utilizarem sua força para blindar o projeto. 4 Seria o momento adequado para quem está morno ser aquecido ou definitivamente ser deixado de lado na temperatura que melhor lhe convier. Essa é a ocasião em que a onça bebe água e para sairmos da esfera das boas intenções, das quais o inferno está cheio, para irmos para o campo das ações. Em minha vida profissional, presenciei vários projetos sucumbirem durante a sua fase de execução pela falta de capacidade de seus líderes, por estes não terem a capacidade de serem líderes convictos de pessoas, mantendo-se na esfera de gerentes burocráticos ou autoritários de projeto. A outra face da moeda me mostrou que grandes líderes de pessoas, com grande capacidade de comunicação, se mostram altamente eficazes nos resultados de projetos, apesar de terem parcos conhecimentos de sua gestão. A palavra eficaz é altamente elucidativa para explicar a última parte de minhas experiências com esse tema. Vivi situações em que os projetos deram guinadas espetaculares devido à competência rara de responsáveis pela gestão de projetos que denomino de líderes de projeto. Esse agente de mudanças conjumina as habilidades de um gerente de projetos capaz de gerenciar os 47 processos da gestão de projetos com a personalidade capaz de influenciar sem autoritarismo, típico de líderes carismáticos de pessoas, que conseguemdominar situações emocionais e sensíveis que pairam sobre os planos, analisar desvios e tomar decisões. Esse líder de projeto logra ser eficaz e eficiente, sendo, dessa forma, excelente para os resultados do projeto e para a sua própria vida profissional e pessoal, pois obtém qualidade de vida nos dois campos. Por isso que disse que essa tarefa é para poucos, mas não impossível... Basta querer e se preparar para isso. TEMA 1 – INPUTS Os inputs são basicamente as informações que já foram processadas nos devidos planos anteriores, nos registros de problemas, nos dados de performance de trabalho e toda a documentação do projeto (Figura 3). 5 Figura 3 – Inputs do controle do engajamento dos stakeholders Fonte: PMI, 2013. Na prática, eu encaro o input para o controle do engajamento dos stakeholters sob dois contextos: reativo; proativo. O contexto reativo é típico do líder de projeto mister follow-up. Esse papel é característico do líder que espera que os eventos aconteçam para tomar providências. Não teço nenhuma crítica a esse tipo de comportamento e também não é desabono profissional ter que atuar dessa forma. Existem cenários de projetos altamente virtuais, os quais se desenrolam em vários países, em que o líder é refém dos acontecimentos. Não existe muito o que fazer, senão aguardar os momentos de análise crítica do projeto. Pode ser muito tarde para se antecipar com relação a um descontentamento e apenas se ser informado dele. Se é assim, não há o que se fazer a não ser enfrentar. Porém, sempre existe um preço a se pagar. Nesses ambientes, o refrão de que uma notícia ruim vem a galope nem sempre é verdadeiro quando estão envolvidos stakeholders poderosos e enigmáticos. Muitas vezes, não é possível reagir a tempo de evitar situações embaraçosas de disputa de poder e com certeza sobrarão farpas e lascas para o líder do projeto. Reagir nesses ambientes acaba sendo, em muitas ocasiões, um rosário de justificativas e cessão de direitos e espaços conquistados para restabelecer a harmonia desejada. Manda quem pode e obedece quem tem juízo pode ser um ditado usado como comportamento para apagar incêndios deflagrados por stakeholders descontentes que acreditam que seus interesses e poderes podem estar ameaçados. 6 O contexto da proatividade é mais vantajoso e tranquilo no enfrentamento de consequências de um projeto, mas exige uma lição de casa a ser feita nas fases de iniciação e planejamento. Eu chamo essa atividade de blindar o projeto. Uma forma prática de como fazer isso é fazer com que os stakeholders-chave do projeto embarquem literalmente no empreendimento de forma a serem membros honorários do projeto, quase que sócios remidos das ações planejadas. Eles possuem muitos direitos e muito poucos deveres no projeto, mas estão imersos no ciclo de vida do seu planejamento até a execução. Na última aula falaremos desse tema utilizando a técnica denominada de matriz Raci estratégica. Essa abordagem cria para o líder de projeto um ambiente em que ele pode e deve interagir com os stakeholders de modo a com eles conviver em uma estratégia pré-combinada. TEMA 2 – FERRAMENTAS E TÉCNICAS Figura 4 – Ferramentas e técnicas do engajamento dos stakeholders Fonte: PMI, 2013. A Figura 4 mostra as ferramentas e técnicas-padrão definidas pelo PMBOK (PMI, 2013). Já discutimos e falamos desses aspectos em aulas anteriores. Para não ser repetitivo, vou utilizar a Figura 4 como base para desenvolver uma técnica que possa nos auxiliar na última aula, sobre a matriz Raci estratégica. O sistema de gestão de informações deve ser composto de várias facetas, dentre as quais devem estar definidos os papéis estabelecidos para os stakeholders, no projeto. O julgamento dos especialistas deve, em grande parte, ser delegado aos próprios stakeholders, uma manobra de mestre para envolvê-los no projeto, dando-lhes um papel honorário na matriz de responsabilidades estratégicas. 7 As reuniões serão oportunidades sistemáticas, geradas no sistema de gestão de informações, que possibilitarão realizar abordagens proativas em vez de reativas. TEMA 3 – OUTPUTS (I) Figura 5 – Outputs do engajamento dos stakeholders Fonte: PMI, 2013. Informação de performance de trabalho: o texto do PMBOK diz o seguinte: A informação de desempenho do trabalho é o desempenho dos dados coletados de vários processos de controle, analisados em contexto e integrados com base em relações entre áreas. Assim, os dados de desempenho do trabalho foram transformados em informações de desempenho de trabalho. Os dados em si não são utilizados no processo de tomada de decisão, porque o significado pode ser mal interpretado. A informação, no entanto, está correlacionada e contextualizada e fornece uma base sólida para as decisões do projeto. As informações de desempenho do trabalho são distribuídas através dos processos de comunicação. Exemplos de informações de desempenho são status de entregáveis, status de implementação para pedidos de alteração e estimativas previstas de conclusão (PMI, 2013). As palavras mágicas são informações de desempenho. Aqui cabe primeiro uma definição básica da diferença entre dados e informações. Informações são dados que foram tratados através de uma análise crítica, gerando uma agregação de valor. No caso da gestão dos stakeholders, essa agregação de valor só faz sentido se correr no sentido de atender às expectativas e necessidades daqueles. Já os dados da performance do trabalho devem ser baseados em fatos e não suposições ou opiniões. 8 Por último e não por isso o mais importante, faz ainda mais sentido que a análise crítica seja feita proativamente em conjunto com os stakeholders, deixando constante o nível de apoio e suporte ao projeto, pelos seus patrocinadores. TEMA 4 – OUTPUTS (II) Sobre solicitações de mudanças, o texto do PMBOK diz o seguinte: A análise do desempenho do projeto e as interações com as partes interessadas geralmente geram pedidos de mudança. Esses pedidos de alteração são processados através do processo Realizar o Controle de Mudança Integrada [...] da seguinte maneira: As ações corretivas recomendadas incluem mudanças que proporcionam o desempenho futuro esperado do projeto de acordo com o plano de gerenciamento de projetos. As ações preventivas recomendadas podem reduzir a probabilidade de incorrer em um futuro desempenho negativo do projeto. (PMI, 2013) Aqui volta a surgir o conceito de proatividade no texto, identificado em sua seção “Ações preventivas”. É claro e notório verificar que toda prevenção reduz as possibilidades dos maus agouros. Ações corretivas também podem estar repletas de prevenções de futuras ações indesejadas dos stakeholders. Ou seja, vale muito a pena se adiantar aos distúrbios futuros, principalmente àqueles que podem ser provocados por stakeholders insatisfeitos. Já a respeito da atualização do plano de gestão do projeto, o texto do PMBOK diz o seguinte: À medida que as partes interessadas se envolvem com o projeto, a eficácia global da estratégia de gerenciamento das partes interessadas pode ser avaliada. Assim que as mudanças necessárias são identificadas, as seções afetadas do plano de gerenciamento do projeto podem precisar ser atualizadas para refletir essas alterações. Os elementos do plano de gerenciamento de projetos que podem ser atualizados incluem, mas não estão limitados a: Plano de gerenciamento de mudanças, Plano de gerenciamento de custos, Plano de gerenciamento de comunicações, Plano de gerenciamento de recursos humanos, Plano de gerenciamento da qualidade, Plano de gerenciamento de aquisições Plano de gerenciamento de requisitos, Plano de gerenciamento de riscos, Plano de gerenciamento de cronograma, Plano de gerenciamento de escopo e Plano de gerenciamento de partesinteressadas. (PMI, 2013) 9 A princípio, não existe muito a acrescentar nesse quesito; porém, um ponto a se destacar seria uma mudança nos requisitos, advinda da influência e do desejo dos stakeholders. Nos projetos do tipo waterfall (gestão tradicional com escopo fechado), existe a tendência de encarar esse tipo de mudança como ingerência de quem tem influência e poder, tipo escalar o time que vai jogar. Sempre que possível, o líder deve tentar manter o escopo conforme o planejado. Se for inevitável e bom para o projeto a mudança proposta por um stakeholter, deve aceitar e gerenciar seus efeitos. Já no tipo scrum (gestão ágil e com escopo aberto), esse tipo de mudança é altamente desejada. TEMA 5 – OUTPUTS (III) Sobre a atualização da documentação de projeto, o texto do PMBOK diz o seguinte: Os documentos do projeto que podem ser atualizados incluem, mas não estão limitados a: Registro de partes interessadas. Isso é atualizado à medida que as informações sobre as partes interessadas mudam, quando novas partes interessadas são identificadas ou se as partes interessadas registradas não estão mais envolvidas ou afetadas pelo projeto, ou outras atualizações para partes interessadas específicas são necessárias. Registro de problemas. Isso é atualizado à medida que novos problemas são identificados e os problemas atuais são resolvidos. Plano de gerenciamento de partes interessadas. (PMI, 2013) Não há o que acrescentar nesse quesito. Já em relação às atualizações de ativos de processos organizacionais, o texto do PMBOK afirma que: Os ativos do processo organizacional, que podem ser atualizados, incluem, mas não estão limitados a: Notificações de partes interessadas. Informações podem ser aprovadas para os participantes em questões resolvidas, mudanças aprovadas e status geral do projeto. Relatórios de projetos. Os relatórios de projetos formais e informais descrevem o status do projeto e incluem lições aprendidas, registros de problemas, relatórios de encerramento do projeto e resultados de outras áreas de conhecimento [...]. Apresentação de projetos. Informações formalmente ou informalmente fornecidas pela equipe do projeto para qualquer ou todas as partes interessadas do projeto. Registros de projetos. Os registros do projeto incluem a correspondencia, memorandos, minutas de reuniões e outros documentos que descrevem o projeto. 10 Feedback das partes interessadas. As informações recebidas das partes interessadas sobre as operações do projeto podem ser distribuídas e usadas para modificar ou melhorar o desempenho futuro do projeto. Documentação das lições aprendidas. A documentação inclui a análise da causa raiz dos problemas enfrentados, o raciocínio por trás da ação corretiva escolhida e outros tipos de lições aprendidas sobre o gerenciamento de partes interessadas. As lições aprendidas são documentadas e distribuídas para que elas se tornem parte do banco de dados histórico para o projeto e a organização executora. (PMI, 2013) Todo esse cabedal de conhecimentos tácitos adquiridos durante a execução do projeto deve fazer parte de um sistema de gestão de conhecimento aliado a uma ferramenta de procura rápida com fácil acessibilidade à maioria dos envolvidos no projeto, principalmente ao líder de projeto. Caso contrário, essa saída não gerará um acesso prático às necessidades de gerenciar e controlar o engajamento dos stakeholders do projeto. Acaba sendo uma documentação que poderá ser útil para próximos projetos. FINALIZANDO O controle do engajamento dos stakeholters fornece muitos benefícios se a abordagem for de se adiantar aos possíveis comportamentos dos stakeholders. Ser reativo não é um pecado mortal, mas o sofrimento do líder de projeto é maior e os impactos negativos, no projeto, serão com certeza muito maiores. LEITURA COMPLEMENTAR CONTROL stakeholder engagement. Project Management Knowledge, [201-]. Disponível em: <https://project-management-knowledge.com/definitions/c/control- stakeholder-engagement/>. Acesso em: 13 jun. 2018. 11 REFERÊNCIAS KERZNER, H. Gestão de projetos: as melhores práticas. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE − PMI. A guide to the project management body of knowledge: PMBOK guide. 5. ed. Newtown Square: Project Management Institute, 2012. AULA 6 GESTÃO DE STAKEHOLDERS Prof. Ricardo Dabague 2 CONVERSA INICIAL Blindando o projeto Esta última aula tenta resumir grande parte da teoria em prática, baseando- se na minha experiência tácita com o tema e nos casos de sucesso que vivenciei. Tudo que será descrito nesta etapa procura também evitar as falhas que presenciei durante a execução de projetos de que fui líder, coordenando portifólio de projetos, sponsor e PMO. A grande vantagem do que será transmitido é que não existe nenhuma pretensão de ditar verdades absolutas, aliás, como tudo em projetos; e, dessa forma, você pode e deve customizar sua própria metodologia de gestão dos stakeholders para adequá-la a sua realidade. E as realidades são mutantes, dependendo do ambiente onde se está inserido e da complexidade do projeto a ser desenvolvido. Então, boa sorte! CONTEXTUALIZANDO Benefícios-chave da blindagem do projeto A palavra blindagem remete à proteção contra ameaças externas. Pode também levar ao raciocínio de que, se não preciso me preocupar tanto com as ameaças externas, posso me dedicar a trabalhar nas ameaças internas. E, todas as vezes em que penso em ameaças, acabo me apoiando nos pontos fortes e tratando os pontos fracos para poder fazer frente àquilo que pode influenciar negativamente o projeto. Como se estivéssemos dentro de uma fortaleza e o inimigo surgisse no horizonte para nos atacar. Obviamente, iremos utilizar todas as nossas forças disponíveis e, adicionalmente, evitar que o inimigo encontre ou use nossas fraquezas. Felizmente, nem tudo na vida é desgraça e, dessa forma, existem muitas oportunidades que devemos enxergar, identificar e utilizar da melhor forma possível. Oportunidades geram interesses que podem arregimentar energias em prol do projeto de forma a ajudar a protegê-lo das ameaças, ou seja, blindá-lo. Estamos falando da famosa matriz que atende pela sigla Swot, de 3 fortalezas, fraquezas, oportunidades e ameaças, para iniciar um processo de proteção e suporte ao projeto. Esse raciocínio acaba se limitando a um processo de planejamento de estratégia, e não é toa que a Swot é utilizada para planejamento estratégico. Precisamos agora achar a tática para transformar toda essa estratégia em prática. Podemos utilizar vários métodos. Nós iremos utilizar a matriz Raci estratégica. A matriz Raci, sigla para responsável, aprovador, consultor e informado, nasceu de uma simplificação da matriz Rasic, de responsável, aprovador, suporte, informado e consultor. Normalmente, esses dois conceitos são usados para definir responsabilidades, tanto em nível de tomada de decisão, como de realização de atividades operacionais. Nesse último nível começa a existir uma certa sobreposição com a matriz de responsabilidades ou Raci operacional. A Raci estratégica é uma abordagem diferente, que pode ser resumida assim: como uma forma prática de fazer com que os stakeholders-chave do projeto embarquem literalmente no empreendimento, de forma a serem membros honorários do projeto, quase que sócios remidos das ações planejadas. Normalmente, eles possuem muitos direitos e muito poucos deveres no projeto, mas estão imersos no seu ciclo de vida do planejamento até a execução. Essa ferramenta cria para o líder de projeto um ambiente em que ele pode e deve interagir com os stakeholders, de modo a conviver com eles, em uma estratégia pré-combinada. O que é combinado não é caro. Simples assim! Então, vamos lá! TEMA 1 – O CONTEXTO DA BLINDAGEM DO PROJETO Todo projeto
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