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Desenvolvimento_sustentável

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 DESENVOLVIMENTO 
SUSTENTÁVEL 
CIRCULAÇÃO INTERNA 
 
 
 
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"A sustentabilidade é uma 
condição de existência que 
permite que a geração atual 
dos seres humanos e outras 
espécies aproveitem o bem-
estar social, uma economia 
vibrante e um ambiente 
saudável, bem como a 
experiência de beleza, 
realização da alegria, sem 
comprometer a capacidade 
das futuras gerações de 
seres humanos e outras 
espécies para aproveitar o 
mesmo. " 
 
Guy Dauncey 
 
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APRESENTAÇAÃ O 
 
 Este material tem como objetivo auxiliar nas discussões acerca da temática 
Desenvolvimento Sustentável, de modo a contribuir para o conhecimento dos principais 
acontecimentos que fomentam sua aplicação. 
 No entanto, não se pretende esgotar aqui os debates sobre o tema, mas sim 
fornecer aos leitores, de forma compacta e direta, uma síntese de acontecimentos que 
nortearam as discussões até os dias atuais, além de oferecer uma série de exercícios com 
o intuito de gerar reflexões sobre o assunto, além de fixar e complementar as 
informações dispostas ao longo do texto. 
 Neste material encontra-se disponibilizado na primeira parte a formulação do 
conceito de Desenvolvimento Sustentável e seu histórico, seguido de apontamentos 
sobre as cúpulas mundiais sobre meio ambiente, os quais estão disponibilizados na 
segunda parte. Em seguida, são abordadas questões referentes ao uso racional dos 
recursos naturais, colocados enquanto alternativas para se efetivar práticas voltadas ao 
desenvolvimento sustentável. E seus capítulos finais são evidenciados os princípios do 
Desenvolvimento Sustentável e da Sustentabilidade sob uma ótica educacional crítica e 
revolucionária. 
 
 Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
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SUMAÁ RIO 
APRESENTAÇÃO, 02 
CAPÍTULO I – O CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E SEU 
HISTÓRICO, 04 
EXERCÍCIOS DE SÍNTESE, 08 
CAPÍTULO II – CÚPULAS MUNDIAIS, 09 
EXERCÍCIOS DE SÍNTESE, 27 
CAPÍTULO III – USO RACIONAL DOS RECURSOS NATURAIS E CONSUMO 
SUSTENTÁVEL, 28 
EXERCÍCIO DE SÍNTESE, 50 
CAPÍTULO IV – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E 
SUSTENTABILIDADE: SINÔNIMOS OU TERMOS DISTINTOS?, 51 
EXERCÍCIO DE SÍNTESE, 59 
CAPÍTULO V – A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS, 60 
EXERCÍCIO DE SÍNTESE, 67 
CAPÍTULO VI – PERCEPÇÃO, COGNIÇÃO E PERTENÇA AO MEIO 
AMBIENTE: UMA TENTATIVA DE APROXIMAÇÃO DO HOMEM COM A 
NATUREZA, 68 
EXERCÍCIO DE SÍNTESE, 77 
REFERÊNCIAS, 78 
REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES, 80 
ATIVIDADES AVALIATIVAS, 87 
 
 
 
 
 
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CAPÍTULO I 
O CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO 
SUSTENTAÁVEL E SEU HISTOÁ RICO 
 
 Muitos são os impactos e consequências oriundas das relações estabelecidas 
entre o homem e o meio ambiente. No entanto, estas questões tornaram-se objeto de 
discussão recentemente, uma vez que, não eram vistos com tanta importância. 
Ao final da Segunda Guerra o conceito de desenvolvimento econômico foi 
potencializado, caracterizando uma fase de expansão. Neste momento histórico, diante 
dos interesses e práticas econômicas, não existia até então preocupações com as 
consequências ambientais dessas ações. Considerando as práticas voltadas ao 
crescimento econômico, a situação ambiental começou a se mostrar preocupante diante 
de vários desastres originados pela poluição ocorridos em países industrializados. 
Dentre os eventos ocorridos, conforme aponta França (2012), um dos primeiros 
e mais infelizes eventos registrados ocorreu na Bélgica em 1930, onde uma inversão de 
temperatura pelos poluentes, numa aldeia no vale de Meuse, causou a morte de 63 
pessoas e provocou danos a outras seis mil. Dentre os registros, tem-se que o mais grave 
foi o incidente na cidade de Londres, em 1952, onde quatro mil pessoas morreram em 
razão da elevada concentração de poluentes. Em 1956, o episódio se repetiu em 
Londres, em menor escala, porém fez com que o governo aprovasse a Lei do Ar Puro, a 
qual consistia na proibição de uso de carvão no aquecimento das casas e obrigava as 
empresas a adotarem medidas de controle de poluição do ar. 
A conscientização com as questões ambientais começaram a surgir no início dos 
anos 1960. Preocupados com a excessiva prioridade direcionada às questões 
econômicas e o descaso das consequências ambientais resultantes deste 
desenvolvimento, um grupo de cientistas renomados assinou um manifesto em 1969, 
denominado “Blueprints for survival”, no qual foram levantadas questões referentes ao 
futuro da humanidade diante das práticas observadas em função da incessante busca 
pelo crescimento econômico. 
 
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Em 1968, houve a criação do Clube de Roma, formado por um grupo de pessoas 
interessadas em debater assuntos relacionados à política, economia internacional e, 
sobretudo, ao meio ambiente. Dentre os seus membros estão cientistas, economistas, 
políticos e chefes de estados. O Clube de Roma tornou-se muito conhecido a partir de 
1972, devido à publicação do relatório intitulado “Os Limites do Crescimento”, o qual 
ficaria conhecido como Relatório do Clube de Roma ou Relatório Meadows. Este 
relatório apresentava problemas alarmantes para o futuro desenvolvimento da 
humanidade, tais como energia, poluição, saneamento, saúde, ambiente, tecnologia e 
crescimento populacional. Após sua publicação foram vendidas mais de 30 milhões de 
cópias em 30 idiomas. Por meio de modelos matemáticos, este relatório aponta que o 
Planeta terra não suportaria o crescimento populacional e a demanda por recursos 
naturais e energéticos. 
Diante do levantamento de questões referentes ao controle populacional, ao 
controle do crescimento industrial, à insuficiência da produção de alimentos e ao 
esgotamento de recursos naturais, a Organização das Nações Unidas (ONU) organizou a 
primeira conferência mundial sobre o homem e o meio ambiente, a chamada 
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano (CNUMAH), conhecida 
como Conferência de Estocolmo, realizada em 1972 na Suécia. Este foi o primeiro 
grande debate mundial sobre os temas ambientais, sendo o dia 5 de Junho, que marcou o 
início dos trabalhos da Conferência, oficializado pela ONU como o "Dia Mundial do 
Meio Ambiente". 
Na década de 1970, o mundo vivia o auge da Guerra Fria. Os países socialistas 
ligados à União Soviética não compareceram ao evento realizado em Estocolmo, em 
solidariedade à Alemanha Oriental, cuja participação foi vetada pela ONU. Sendo 
assim, a representatividade na Conferência de Estocolmo se resumiu aos países 
desenvolvidos do Hemisfério Norte e aos países em desenvolvimento do Sul. 
Em Estocolmo, visava-se assegurar à humanidade o direito a um ambiente 
saudável e produtivo. Na ocasião, os países desenvolvidos defendiam a proposta do 
“desenvolvimento zero” pautado nos resultados apontados pelo Relatório do Clube de 
Roma, enquanto que os países em desenvolvimento defendiam a proposta do 
“desenvolvimento a qualquer custo”. 
 
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De um lado os países do hemisfério norte, de modo geral, defendiam a 
necessidade em se aplicar medidas rigorosas para redução dos impactos ambientais, 
enquanto que, por outro lado, os países do hemisfério sul reclamavam o direito de 
enfatizar o desenvolvimento econômico e investir na industrialização. De modo a 
equilibrar as propostas, buscou-se enfatizar a ideia de desenvolvimento econômico e 
preservação do meio ambiente. 
A participação do Brasil na Conferênciade Estocolmo foi favorável à proposta 
de “desenvolvimento a qualquer custo”, ao declarar naquele momento que o país abria 
as suas portas para a instalação das indústrias poluidoras que tanto incomodavam a 
população dos países do Norte, enfatizando assim que o Brasil preferia promover o 
crescimento econômico a qualquer custo a se dedicar a políticas ambientais. 
Nesta oportunidade, diante do reconhecimento da necessidade em se rever as 
questões relacionadas à sociedade e ao meio ambiente, foram criadas instituições 
globais na ONU, tais como o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente 
(PNUMA)1. A realização desta conferência foi importante, pois, pela primeira vez a 
atenção dos países foi direcionada para questões referentes ao volume da população 
absoluta global, a poluição atmosférica e a intensa exploração dos recursos naturais. 
No ano de 1973 foi elaborado o conceito de ecodesenvolvimento, mencionado 
pela primeira vez por Maurice Strong, Secretário Geral da Conferência de Estocolmo. 
Os princípios básicos deste conceito, formulados posteriormente por Ignacy Sachs2, 
valorizam as possibilidades de um desenvolvimento capaz de criar um bem estar social, 
a partir das particularidades e anseios das populações locais. Além disso, este conceito 
enfatiza a necessidade de um modelo de desenvolvimento apoiado na preservação dos 
recursos naturais. 
Em 1980, A União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos 
Naturais (IUCN) publicou a Estratégia de Conservação Mundial (WCS) que determinou 
um precursor do conceito de desenvolvimento sustentável. 
1 O PNUMA passou a ser a agência da ONU responsável pela promoção de ações internacionais e 
nacionais relacionadas à proteção do meio ambiente, sendo um resultado concreto da Conferência de 
Estocolmo. 
2 Economista polonês, naturalizado francês, referido também como ecossocioeconomista, por sua 
concepção de desenvolvimento como uma combinação de crescimento econômico, aumento igualitário do 
bem estar social e preservação ambiental. 
 
 
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Em 1983 a ONU criou a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento, presidida por Gro Harlem Brundtland. Esta comissão realizou uma 
ampla avaliação dos problemas ambientais relacionados ao desenvolvimento 
econômico, resultando na publicação do relatório intitulado “Nosso Futuro Comum”, 
publicado em 1987, também conhecido como Relatório Brundtland. Neste relatório 
ficou consolidado o conceito de Desenvolvimento Sustentável, o qual se sustenta no 
desenvolvimento pautado na satisfação das necessidades da geração atual, sem 
comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias 
necessidades, ou seja, um modelo de desenvolvimento que garanta a qualidade de vida 
hoje, mas que não destrua os recursos necessários às gerações futuras. 
 Em 1992, vinte anos após a realização da Conferência de Estocolmo, ocorreu a 
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, 
conhecida como Rio-92 ou Eco-92, reunindo mais de cem chefes de Estado na busca 
por conciliar desenvolvimento socioeconômico e preservação ambiental. 
 Na ocasião da Conferência do Rio, foi consagrado o conceito de 
Desenvolvimento Sustentável. Por meio das discussões, conscientizou-se que os países 
desenvolvidos eram majoritariamente responsáveis pelos danos causados ao meio 
ambiente, considerando-se, ao mesmo tempo, a necessidade dos países em 
desenvolvimento receberem apoio financeiro e tecnológico para focarem no 
Desenvolvimento Sustentável. Destaca-se que os países em desenvolvimento, 
posicionaram-se melhor estruturados quanto aos assuntos ambientais, favorecendo o 
cenário político internacional. Na Conferência do Rio de janeiro foram elaborados cinco 
documentos fundamentais, dentre eles a Carta da Terra e a Agenda 21. 
 
 
 
 
 
 
 
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1. Considerando o contexto no qual se encontravam os países subdesenvolvidos no 
momento histórico em que se realizou a Conferência de Estocolmo, em 1972, faça uma 
reflexão sobre o posicionamento destes durante a conferência. ____________________ 
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2. Conceitue, com suas palavras, o que é Desenvolvimento Sustentável, e posicione-se 
quanto à possibilidade ou não de se efetivar as condições propostas neste conceito. 
Explique. ______________________________________________________________ 
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CAPÍTULO II 
CUÁ PULAS MUNDIAIS 
 Rio 92 
 
Em 1992, na ocasião da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento (CNUMAD), conhecida como Rio-92, foram elaborados os seguintes 
documentos oficiais: Carta da Terra, Declaração de Princípios sobre Florestas, 
Declaração do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento, Agenda 21, além de três 
convenções da Biodiversidade, da Desertificação e de Mudanças Climáticas. 
 
Agenda 21 
 
 A Agenda 21 é um amplo programa de ação, discutido e negociado durante os 
dois anos que precederam a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e 
Desenvolvimento, a Rio 92, realizada em junho de 1992 no Rio de Janeiro. O objetivo 
deste documento consistiu em colocar em prática os princípios norteadores do novo 
paradigma de desenvolvimento sustentável, foco das discussões na ocasião da 
Conferência. 
 Trata-se de um documento elaborado de forma consensual entre os países 
participantes, que visa fomentar em escala mundialum novo modelo de 
desenvolvimento a partir do século XXI, no qual sejam modificados os padrões de 
consumo e produção, de modo a reduzir as pressões ambientais, por meio da conciliação 
entre justiça social, eficiência econômica e proteção ambiental. 
Embora não tenha força legal, a Agenda 21 apresenta um roteiro detalhado de 
ações concretas a serem executadas pelos governos, agências das Nações Unidas, 
agências de desenvolvimento, o setor produtivo e as organizações não governamentais, 
na busca pela concretização de ações favoráveis ao desenvolvimento sustentável. 
 
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Baseia-se na premissa de que a continuação das políticas atuais de 
desenvolvimento favorecerá o aumento das disparidades socioeconômicas, entre os 
países e também no interior deles, potencializando problemas de ordem social e 
ambiental. A Agenda 21 consiste em uma proposta participativa estratégica, que 
enfatiza a necessidade de envolvimento da sociedade nos níveis local, regional e global. 
É um documento que apresenta quarenta capítulos, os quais são distribuídos em 
quatro seções: Dimensões Sociais e Econômicas, Conservação e Gerenciamento de 
Recursos para o Desenvolvimento, Fortalecimento do Papel dos Maiores Grupos e 
Meios de Implantação. São tratados assuntos tais como: dinâmica demográfica, 
habitação, saneamento, poluição urbana, uso da terra, energia e transportes sustentáveis, 
padrões de produção e consumo, e necessidade de erradicação da pobreza no mundo. 
 A Agenda 21 pressupõe a ampla participação da sociedade na busca por 
melhores condições de vida para todos. Destaca-se que a Agenda 21 estabeleceu a 
importância da reflexão, global e localmente, acerca das questões por ela abordadas, 
considerando as ações realizadas por parte de governos, empresas, organizações não 
governamentais e demais setores da sociedade, visando à cooperação de todos na busca 
pelo desenvolvimento sustentável. 
 A proposta de criação da Agenda 21 Nacional, no âmbito do capítulo 38 da 
Agenda 21, tem como objetivo elaborar os parâmetros de uma estratégia para o 
desenvolvimento sustentável, definindo as prioridades nacionais e viabilizando o uso 
sustentável dos recursos naturais, tendo em vista as considerações específicas de país. 
 No Brasil, foi criada em 1997 a Comissão de Políticas de Desenvolvimento 
Sustentável e da Agenda 21 Nacional (CPDS), vinculada à Câmara de Recursos 
Naturais da Casa Civil da Presidência da República. A CPDS3 foi responsável pela 
efetivação do processo de elaboração da Agenda 21 Brasileira. 
Os seis temas considerados pela CPDS para definição da metodologia a ser 
seguida para elaboração da Agenda foram: Cidades Sustentáveis; Agricultura 
Sustentável, Gestão de Recursos Naturais; Redução das Desigualdades Sociais; 
3 Esta comissão paritária é formada por representantes do governo, do setor produtivo e da sociedade 
civil, sendo coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente. 
 
 
 
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Infraestrutura e Integração Regional e Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento 
Sustentável. As discussões destes temas deram origem a seis documentos temáticos que 
serviram de subsídios para elaboração do conteúdo da Agenda 21 Brasileira. 
Em 2000 foi lançado o documento “Agenda 21 Brasileira - Bases para 
Discussão”. Este documento foi produzido em duas versões, sendo a primeira baseada 
nos subsídios sistematizados dos seis documentos temáticos e a segunda versão 
originada da revisão do documento original produzida pela CPDS. Esta fase do projeto 
teve como objetivo ampliar as discussões e divulgar o processo da Agenda 21 
Brasileira, por meio de debates realizados em todo território nacional. 
Em 2002, poucos meses antes da realização da Cúpula Mundial sobre 
Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, ocorrida em Johanesburgo (Rio +10), 
a Agenda 21 Brasileira foi lançada com dois volumes: Ações Prioritárias e Resultado 
da Consulta Nacional. 
Quanto às Agendas Regionais e Locais, destaca-se que estas têm fundamental 
importância na busca pelo desenvolvimento sustentável, haja vista o poder de 
mobilização que as comunidades e os governos locais representam. 
 
Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima 
 
 A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC) 
foi um dos resultados obtidos no âmbito da Conferência das Nações Unidas para o Meio 
Ambiente e o Desenvolvimento, Rio 92. Este tratado foi firmado com o objetivo de 
estabilizar a concentração de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera em níveis tais 
que evitem a interferência perigosa com o sistema climático. O tratado não fixou, 
inicialmente, limites obrigatórios para as emissões de GEE e não apresentou disposições 
coercitivas. 
 De modo a acompanhar as ações no sentido de controlar as emissões de GEE, os 
países membros da Convenção se reúnem periodicamente, nas denominadas 
Conferências das Partes (COP), nas quais são determinadas disposições para 
 
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atualizações, denominadas protocolos. O principal é o Protocolo de Kyoto, que se 
tornou mais conhecido do que a própria CQNUMC. 
Histórico das Conferências das Partes – COP 
 COP I – Berlim (1995) 
 COP II – Genebra (1996) 
 COP III – Quioto (1997): adota o Protocolo de Quioto 
 COP IV – Buenos Aires (1998) 
 COP V – Bonn (1999) 
 COP VI – Haia e Bonn (2000) 
 COP VII – Marrakech (2001) 
 COP VIII – Nova Délhi (2002) 
 COP IX – Milão (2003) 
 COP X – Buenos Aires (2004) 
 COP XI/CMP I – Montreal (2005): entra em vigor o Protocolo de Quioto 
 COP XII/CMP II – Nairóbi (2006) 
 COP XIII/ CMP III – Bali (2007): adota o Mapa do Caminho de Bali 
 COP XIV/ CMP IV – Poznan (2008) 
 COP XV/ CMP V – Copenhague (2009) 
 COP XVI/ CMP VI – Cancun (2010): adota os Acordos de Cancun 
 COP XVII/ CMP VII – Durban (2011): decide que o segundo período de 
cumprimento do Protocolo de Kyoto terá início em 1º de janeiro de 2013 e lança 
a Plataforma de Durban para Ação Aprofundada. 
 
PROTOCOLO DE KYOTO 
 
O Protocolo de Kyoto é um acordo internacional entre os países integrantes da 
Organização das Nações Unidas, firmado com o objetivo de se reduzir a emissão de 
gases causadores do efeito estufa e o consequente aquecimento global. 
Em 1998, foi realizada em Toronto, Canadá, a primeira reunião entre 
governantes e cientistas sobre mudanças climáticas. Nesta ocasião, definiu-se o impacto 
das mudanças climáticas com potencial inferior apenas ao de uma guerra nuclear. Desde 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Protocolo_de_Quioto
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então, verificou-se que os registros das altas temperaturas têm sido superados a cada 
ano, sendo registrada a década de 1990 como a mais quente desde que se têm 
observado. 
Em 1990, é lançado o primeiro informe com base na colaboração científica de 
nível internacional conhecido como IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança 
Climática), no qual os cientistas advertem quanto à necessidade de redução das 
emissões de gases de efeito estufa, principalmente os crescentes níveis de dióxido de 
carbono (CO2). 
No ano de 1992, na ocasião da Rio 92, mais de 160 governos assinam a 
Convenção Marco sobre Mudança Climática, cujo objetivo consistia em “evitar 
interferências perigosas no sistema climático”. Convencionou-se que os países 
industrializados mantivessem suas emissões de gases de estufa, em 2000, nos níveis de 
1990. Além disso, destaca-se o “princípio de responsabilidade comum e diferenciada”, 
que significa que todos os países têm a responsabilidade de proteger o clima, porém faz-
se necessário uma participaçãomais intensa dos países industrializados. 
Em 1995, o segundo relatório de cientistas do IPCC aponta que os primeiros 
sinais de mudança climática são evidentes, alarmando todo o mundo quanto às questões 
climáticas. 
Na ocasião da 3ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre 
Mudanças Climáticas, realizada em Kyoto, Japão, em 1997, é assinado o Protocolo de 
Kyoto. Neste acordo encontram-se estabelecidas metas de redução das emissões de 
dióxido de carbono (CO2), que correspondem a cerca de 70% das emissões relacionadas 
ao aquecimento global. 
O objetivo do acordo baseia-se na redução da emissão de poluentes em 5,2% em 
relação aos níveis de 1990, entre 2008 e 2012. Segundo o protocolo, os países 
industrializados devem mostrar “um progresso visível” no ano de 2005, ano em que o 
Protocolo de Kyoto entra em vigor. Para entrar em vigência, o Protocolo de Kyoto 
prevê a ratificação por, no mínimo 55 governos, que contabilizem 55% das emissões de 
CO2 produzidas pelos países industrializados. 
Além disso, o Protocolo de Kyoto propõe três mecanismos para auxiliar os 
países a cumprirem suas metas ambientais. O primeiro deles prevê parcerias entre países 
 
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na proposição de projetos ambientalmente responsáveis. O segundo refere-se ao 
mercado de carbono, o qual permite que os países desenvolvidos adquiram “créditos” 
diretamente das nações pouco poluentes. O terceiro e último mecanismo refere-se ao 
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), conhecido como o mercado de créditos 
de carbono. 
De acordo com o Protocolo de Kyoto, os países desenvolvidos devem tomar 
algumas medidas para atingir as metas de redução de gases de efeito estufa, sendo elas: 
 Aumento da eficiência energética em setores relevantes da economia; 
 Proteção e aumento de sumidouros e reservatórios de gases de efeito estufa 
sobre o meio ambiente, como as florestas; 
 Promoção de práticas sustentáveis de manejo florestal e reflorestamento; 
 Promoção de formas sustentáveis de agricultura; 
 Pesquisa, promoção, desenvolvimento e aumento do uso de formas novas e 
renováveis de energia; 
 Promoção e pesquisa de tecnologias de sequestro de dióxido de carbono; 
 Promoção e pesquisa de tecnologias ambientalmente seguras, que sejam 
avançadas e inovadoras; 
 Redução gradual ou eliminação de incentivos fiscais, isenções tributárias e 
tarifárias, e também de subsídios para todos os setores emissores de gases de 
efeito estufa que sejam contrários ao objetivo do protocolo; 
 Convenção e aplicação de instrumentos de mercado que reduzam as emissões de 
gases poluentes; 
 Estímulo a reformas adequadas em setores relevantes, objetivando promover 
políticas e medidas que limitem ou reduzam emissões de gases de efeito estufa; 
 Limitação e/ou redução de emissões de metano por meio de sua recuperação e 
utilização no tratamento de resíduos, bem como na produção, no transporte e na 
distribuição de energia; 
 Cooperação, compartilhamento de informações sobre novas tecnologias 
adotadas. 
 
Um dos países que mais colaboram com a emissão de gases de efeito estufa, os 
Estados Unidos, não ratificou o Protocolo de Kyoto. Na época, o presidente George W. 
 
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Bush considerou possível a hipótese do aquecimento global, mas disse que preferia 
combatê-lo com ações voluntárias por parte das indústrias poluentes e com novas 
soluções tecnológicas. Outro argumento utilizado por Bush, para refutar o acordo, foi o 
fato de o Protocolo não exigir redução de emissões dos países em desenvolvimento, 
como a China e a Índia. 
O Protocolo de Kyoto expira em dezembro de 2012. As discussões sobre um 
novo acordo ou uma emenda no protocolo, forma iniciadas em 2007, em Washington. 
Os chefes de estado do Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Rússia, Reino Unido, 
Estados Unidos, Brasil, China, Índia, México e África do Sul concordaram em princípio 
sobre o esboço de um sucessor para o Protocolo de Kyoto. Nesta ocasião foi discutida a 
criação de um limite máximo para o comércio dos créditos de carbono, bem como a 
aplicação de metas de redução das emissões de CO2 aos países em desenvolvimento. 
Em 2011, ocorreu 17ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-
17), na cidade sul-africana de Durban. O documento final determina uma segunda fase 
para o Protocolo de Kyoto, além de estabelecer o mecanismo que deve reger o Fundo 
Verde para o Clima, traçando um roteiro para um novo acordo global. A cúpula obtém a 
aprovação de um segundo período deste tratado, que fixa obrigações de redução de 
emissões aos países desenvolvidos, exceto aos Estados Unidos, que se recusaram a 
aderir ao Protocolo de Kyoto. 
Em Durban, fica determinada a data de início do segundo período de 
compromisso para 2013, porém não estabelece a data de finalização, que será definida 
em reuniões posteriores, podendo ser 2017 ou 2020. Canadá, Japão e Rússia, não 
renovam o Protocolo de Kyoto, ficando fora do segundo período de compromissos. 
 Na Conferência ocorrida em Durban, as medidas de redução na emissão de 
gases de efeito estufa se aplicam a todos os países, diferentemente do proposto em 
Kyoto, onde as medidas de redução eram voltadas apenas aos países desenvolvidos. Um 
dos destaques da Conferência realizada em 2011 consiste na criação do Fundo Verde 
para o Clima, um caixa financeiro de US$ 100 bilhões anuais disponíveis a partir de 
2020, com dinheiro fornecido pelos países ricos para ajudar as economias em 
desenvolvimento a financiar ações para reduzir suas emissões de gases-estufa e 
combater as consequências da mudança climática. 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Washington
http://pt.wikipedia.org/wiki/Canad%C3%A1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fran%C3%A7a
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alemanha
http://pt.wikipedia.org/wiki/It%C3%A1lia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jap%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/R%C3%BAssia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_Unido
http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil
http://pt.wikipedia.org/wiki/China
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dndia
http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A9xico
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81frica_do_Sul
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Rio +10 
 
 A Conferência realizada no Rio de Janeiro em 1992, em comemoração aos 20 
anos da Conferência de Estocolmo, obteve um relativo sucesso, principalmente devido à 
proposição da “Agenda 21”, a qual propunha 2.500 medidas a serem aplicadas de modo 
a atender a efetivação do então estabelecido conceito de Desenvolvimento Sustentável. 
Estabeleceu-se que seria elaborada a "Agenda 21" em cada país, sendo esta adaptada à 
realidade. Além da "Agenda 21", duas Convenções sobre o clima e a biodiversidade 
propunham metas mais concretas. 
 No entanto, nota-se que os resultados efetivos compreendidos no período após a 
Rio 92 até a Rio +10 foram poucos, sendo assim, tornou-se prioridade buscar meios de 
efetivação das propostas colocadas na Rio 92, na ocasião da Rio +10. Lestienne (2002) 
aponta que houve altos e baixos, tanto do lado dos governos como da parte da sociedade 
civil. Na ocasião da Rio + 5, realizada em Kyoto (Japão), em 1997, verificou-se que a 
aplicação das proposta colocadas na Rio 92 referentes à implementação da Agenda 21, 
encontrava-se deficiente na maioria dos países signatários. 
 Diante deste contexto, estabeleceu-se que a Cúpula Mundial sobre 
Desenvolvimento Sustentável (CMDS), a chamada Rio+10, ocorrida em 2002 em 
Johanesburgo, na África do Sul, teria como principal objetivo a obtenção de um plano 
de ação para aplicação das discussões alcançadas na ocasião da Conferência das Nações 
Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, Rio 92. 
A Rio +10 se configurou como a terceira grande reunião mundial com foco nas 
discussõespautadas nas relações humanas com o meio ambiente, sendo as reuniões 
anteriores representadas pela Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992, e a Conferência das Nações 
Unidas sobre Meio Ambiente Humano, ocorrida em Estocolmo no ano de 1972. 
 Diniz (2002) afirma que a importância da realização de eventos mundiais com 
foco no desenvolvimento sustentável está na necessidade de a humanidade chegar a um 
acordo sobre o grau de interferência antrópica sobre o meio ambiente, a fim de evitar 
uma catástrofe que poderia levar, em casos extremos, à impossibilidade da vida humana 
em determinados lugares ou mesmo no mundo todo. 
 
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17 
 No que se refere à Rio +10, verifica-se que, de modo geral, foram poucas as 
novidades. Porém, destaca-se que foram detalhados alguns objetivos dentro dos 
princípios já conhecidos nas conferências realizadas anteriormente. 
 No documento final, THE JOHANNESBURG DECLARATION (2002), 
considerando os desafios nele expressos, são mencionados diversos problemas 
ambientais de caráter global. É interessante observar que pela primeira vez são 
destacados problemas associados à globalização, considerando-se que os benefícios e os 
custos a ela vinculados estão distribuídos de forma desigual no mundo (DINIZ, 2002). 
 Na ocasião da conferência Rio +10, foram apontadas algumas medidas na busca 
pelo desenvolvimento sustentável, tais como: 
 aumentar a proteção da biodiversidade; 
 viabilizar o acesso à água potável, ao saneamento, ao abrigo, à energia, à 
saúde e à segurança alimentar; 
 priorizar o combate a diversas situações adversas como a fome crônica, 
desnutrição, ocupação estrangeira, conflitos armados, narcotráfico, crime 
organizado, corrupção, desastres naturais, tráfico ilícito de armas, tráfico 
de pessoas, terrorismo, xenofobia, doenças crônicas transmissíveis (aids, 
malária, tuberculose e outras), intolerância e incitação a ódios raciais, 
étnicos e religiosos. 
 
Verifica-se que a realização da Conferência em Johanesburgo, foi importante 
para fazer um balanço da anterior Rio 92. Com foco no desenvolvimento sustentável, 
cujo conceito tem como base a busca pelo desenvolvimento pautado no suprimento das 
necessidades do presente sem comprometer a capacidade de gerações futuras de suprir 
suas próprias necessidades, o objetivo principal se pautava na adoção de um plano de 
ação direcionado a diversos temas, tais como: a pobreza e a miséria, o consumo, os 
recursos naturais e a sua gestão e o cumprimento dos direitos humanos. 
Neste sentido, tem-se que foram postuladas pelos países signatários algumas 
medidas para efetivação de ações para viabilização do proposto na conferência. Diante 
das condições verificadas, os países desenvolvidos foram obrigados a: 
 
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18 
 alcançar os níveis intencionalmente convencionados de assistência oficial 
ao desenvolvimento; 
 apoiar a criação de alianças regionais fortes para promover a cooperação 
internacional; 
 afirmar que o setor privado também tem o dever de contribuir para o 
desenvolvimento sustentável; 
 criar instituições internacionais e multilaterais mais eficientes, 
democráticas e responsáveis. 
 
 Destaca-se como êxito da Rio +10 a ênfase conferida a temas de 
desenvolvimento social como a erradicação da pobreza, o aceso a água e aos serviços de 
saneamento, e a saúde. Os países signatários acordaram em reduzir à metade, para o ano 
2015, a proporção de pessoas cuja renda seja inferior a 1 dólar por dia, a de pessoas que 
sofrem de fome e a de pessoas que não tenham aceso a água potável. Outro acordo 
firmado entre os países apresentou como objetivo fortalecer a contribuição do 
desenvolvimento industrial à erradicação da pobreza, de maneira compatível com a 
proteção do meio ambiente. 
Lestienne (2002) aponta alguns motivos pelos quais foram obtidos poucos 
avanços após a Rio 92. Segundo o autor, na década de 1990, a busca pelo livre mercado 
avançou mais rapidamente propostas do desenvolvimento sustentável, com foco no 
desenvolvimento econômico por parte dos governos dos países em desenvolvimento, 
sendo deixada em segundo plano a construção da Agenda 21. Confirmando esta 
afirmação, tem-se como exemplo o Brasil, que apresentou a publicação da sua Agenda 
21 apenas em 2002, ano de realização da Conferência de Johanesburgo. 
Considerando-se o momento histórico relatado, tem-se que a busca pela 
efetivação das práticas favoráveis ao Desenvolvimento Sustentável não foram 
concretizadas diante desse contexto de "sociedade-mercado". Dois paradigmas se 
chocaram: de um lado, as propostas da Rio 92, sublinhando o multilateralismo, a 
sustentabilidade e a participação ativa da sociedade civil, e de outro a prioridade 
econômica, insistindo nas forças de mercado, mantendo a sociedade civil à distância dos 
processos de decisão (LESTIENNE, 2002). 
 
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19 
A prioridade colocada no âmbito da realização da Rio +10, com foco no 
Desenvolvimento Sustentável, cujo conceito tem como base "um desenvolvimento que 
responda às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações 
futuras de atender às suas", fundamenta-se na constatação de que há necessidade em se 
articular o avanço econômico, a proteção ambiental e o progresso social, de modo a 
integrar as três dimensões da sustentabilidade. 
Os principais negociadores na ocasião da Conferência de Johanesburgo eram os 
chefes das delegações oficiais, destacando-se que cada país tinha um número diferente 
de negociadores. Quanto mais rico e influente o país, maior o número de negociadores, 
sendo cada um deles especializado em um determinado ponto de discussão. A delegação 
oficial brasileira, com 51 membros inscritos, tinha certo peso. Tanto pelos membros, 
quanto pela floresta amazônica, pelos recursos hídricos e pela sua biodiversidade, e 
também pelo fato de ter sediado a Rio 92 (LESTIENNE, 2002). 
Após os debates, foram estabelecidas algumas metas, considerando-se os pontos 
principais abordados na ocasião da Rio +10, sendo eles água e saneamento; energia, 
saúde, agricultura e biodiversidade. A seguir, têm-se as propostas de cada um dos 
pontos: 
 ÁGUA E SANEAMENTO: a proposta de reduzir pela metade, até 2015, 
o número das pessoas que não têm acesso à água potável (1,1 mil 
milhão) e ao saneamento (2,4 mil milhões). 
Esta proposta supõe que se dê acesso à água a 200.000 novas pessoas a 
cada dia, sendo o custo global avaliado em US$ 180 mil milhões. Porém, 
não há indicação de quem promoverá tal proposta. 
 
 ENERGIA: Diante do aquecimento global e das mudanças de climáticas, 
a proposta da Convenção sobre o clima na "Rio 92" foi de trazer as 
emissões de gases com efeito estufa ao nível de 1990 até 2000. 
Diante da não efetivação desta proposta efetuada na ocasião da Rio 92, 
fez-se o reforço desta proposta por meio do Protocolo de Kyoto, em 
1997, o qual fundamenta a redução das emissões de gases de efeito estufa 
em 5% em relação ao nível de 1990, até o ano de 2012. 
 
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20 
Até a Rio +10, alguns países com significativo potencial poluidor não 
haviam ratificado o Protocolo de Kyoto, sendo este ponto enfatizado no 
plano de ação da conferência de Johanesburgo, porém, sem caráter 
obrigatório. No entanto, a proposta de redução em porcentagem, foi 
reduzida ao apelo a um "aumento substancial", sem meta quantitativa e 
sem prazo estipulado. 
 
 SAÚDE: o texto havia sido aprovado em ocasião anterior, mas o Canadá 
queria reabrir anegociação, sugerindo um pequeno acréscimo na frase, 
de modo a contemplar os direitos humanos. Sendo assim, após um amplo 
debate, a frase antes aprovada, que dizia que os Estados deveriam 
"fornecer a todos serviços sanitários básicos eficazes, respeitando as 
legislações nacionais e os valores culturais e religiosos", sem menção do 
planejamento familiar, passou a ter como integrante a expressão "em 
conformidade com todos os direitos humanos e as liberdades 
fundamentais", contemplando então a menção dos direitos humanos no 
documento. 
 
 AGRICULTURA: os países em desenvolvimento solicitaram que, tanto 
na União Europeia como nos Estados Unidos, fossem suprimidas as 
subvenções à agricultura que impedem a concorrência dos seus produtos 
agrícolas e os privavam de importantes recursos financeiros. EUA e UE 
se uniram e conseguiram que fosse implementada uma diminuição e 
supressão dos subsídios num prazo indefinido. 
 
 BIODIVERSIDADE: há objetivo preciso. Foi proposto que em 2010 
houvesse uma inversão da tendência destrutiva da biodiversidade. No 
que se refere à pesca, diante da situação que 75% dos cardumes são 
ameaçados de destruição irreversível, fixou-se o objetivo de não ser 
permitida a pesca além da capacidade de regeneração dos estoques, para 
o ano de 2015. Porém, há uma ressalva referente a possibilidade de 
redução da pesca “onde for possível”, reduzindo um pouco a 
significância do objetivo. 
 
 
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21 
 Os poucos avanços oriundos da Rio +10, dada a tamanha expectativa diante das 
propostas colocadas na Rio 92, trouxeram frustrações para muitos e confirmaram 
algumas hipóteses, considerando a dificuldade dada a complexidade dos assuntos 
abordados. As apreciações variam, no entanto, é fato que a Conferência de 
Johanesburgo não atendeu ao que era necessário para encarar os imensos desafios da 
sustentabilidade. 
 Em linhas gerais, verifica-se que a imposição do fator econômico foi 
predominante em Johanesburgo. Conforme coloca Lestienne (2002), o texto aprovado 
contém uma desproporção lamentável entre as declarações e as práticas. 
Tem-se a determinação irrestrita dos chefes de Estado de encarar os problemas 
ambientais, sociais e econômicos da sustentabilidade e de alcançar os objetivos sociais 
do Milênio, porém, o Plano de Ação não contempla os objetivos concretos e as metas 
quantitativas, com prazos e meios definidos, com procedimentos de implementação e de 
controle. Não há menção acerca do Protocolo de Kyoto, os subsídios à agricultura, a 
governança global. Positivamente, aponta-se o apelo à responsabilidade das empresas 
diante do desenvolvimento sustentável. 
Desta forma, conclui-se que na Conferência de Johanesburgo predominaram as 
questões econômicas, com pequenas menções às questões ambientais e um completo 
descaso com as questões sociais. 
 
Rio +20 
 
Após vinte anos da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o 
Desenvolvimento, conhecida como Rio 92, representantes de nações do mundo todo 
voltam ao Rio de Janeiro para discutir alternativas para o desenvolvimento sustentável. 
No período de 13 a 22 de Junho de 2012, aconteceu a Rio+20, Conferência das Nações 
Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. 
Os preparativos para a realização da Rio +20 se iniciaram em 2010, sendo 
conduzidos pelo Subsecretário-Geral da ONU para Assuntos Econômicos e Sociais e 
Secretário-Geral da Conferência, Embaixador Sha Zukang, da China. O Secretariado da 
 
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22 
Conferência contou ainda com a participação de dois Coordenadores-Executivos, a 
Senhora Elizabeth Thompson, ex-Ministra de Energia e Meio Ambiente de Barbados, e 
o Senhor Brice Lalonde, ex-Ministro do Meio Ambiente da França. 
Estes preparativos foram complementados pela Mesa Diretora da Rio+20, 
responsável pela decisão sobre questões referentes à organização do evento. Esta Mesa 
Diretora foi composta por representantes dos cinco grupos regionais da ONU, com a 
participação do Embaixador Kim Sook, da Coréia do Sul, e do Embaixador John Ashe, 
de Antígua e Barbuda. 
A partir das contribuições enviadas pelos Estados-membros, representantes da 
sociedade civil e organizações internacionais, o Secretariado preparou um texto-base 
para a Rio+20, chamado “zero draft” (“minuta zero”), o qual foi negociado em reuniões 
ao longo do primeiro semestre de 2012. 
 
Cronograma da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento 
Sustentável: Rio +20 
 
2010 
 MAIO: 1ª. Sessão do Comitê Preparatório. 
 
2011 
 JANEIRO: 1ª. Reunião Intersessional do Comitê Preparatório. 
 MARÇO: 2ª. Sessão do Comitê Preparatório. 
 NOVEMBRO: prazo final para submissão às Nações Unidas das contribuições 
dos Estados, das organizações internacionais e da sociedade civil. 
 SETEMBRO A DEZEMBRO: Reuniões Preparatórias Regionais 
•  América Latina e Caribe – Setembro 
•  África – Outubro 
•  Países Árabes - Outubro 
 
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23 
•  Ásia e Pacífico - Outubro 
•  Europa– Dezembro 
 DEZEMBRO: 2ª Reunião Intersessional do Comitê Preparatório: Orientações 
para a “minuta zero” do Documento Final. 
 
2012 
 JANEIRO/FEVEREIRO: Consultas informais sobre a minuta de Documento 
Final. 
 MARÇO: 3ª Reunião Intersessional do Comitê Preparatório. 
 MARÇO/ABRIL: Consultas informais sobre a minuta de Documento Final. 
 MAIO: Consultas informais sobre a minuta de Documento Final. 
 JUNHO: Conferência Rio+20 
 
O principal objetivo da Rio +20 consistiu na renovação do compromisso político 
com o desenvolvimento sustentável, por meio da avaliação do progresso e das lacunas 
na implementação das decisões adotadas pelas principais cúpulas sobre o assunto e do 
tratamento de temas novos e emergentes. Na Conferência foram abordados dois temas 
principais, sendo eles a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e 
da erradicação da pobreza; e a estrutura institucional para o desenvolvimento 
sustentável. 
No que se refere ao tema “Economia verde no contexto do desenvolvimento 
sustentável e da erradicação da pobreza”, o desafio proposto à comunidade internacional 
é o de pensar um novo modelo de desenvolvimento que seja ambientalmente 
responsável, socialmente justo e economicamente viável. Assim, a “economia verde” 
deve ser uma ferramenta para o desenvolvimento sustentável. 
Quanto ao tema referente à “Estrutura institucional para o desenvolvimento 
sustentável”, busca-se aumentar a coerência na atuação das instituições internacionais 
relacionadas aos pilares social, ambiental e econômico do desenvolvimento, 
destacando-se a necessidade de fortalecimento do multilateralismo como instrumento 
legítimo para solução dos problemas globais. 
 
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24 
A Conferência do Rio, em 2012, foi estruturada em três momentos. 
Primeiramente, de 13 a 15 de junho, ocorreu a III Reunião do Comitê Preparatório, na 
qual se reuniram representantes governamentais para negociações dos documentos 
adotados na Conferência. Em seguida, entre 16 e 19 de junho, foram programados os 
Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável. De 20 a 22 de junho, ocorreram o 
Segmento de Alto Nível da Conferência, com a presença de diversos Chefes de Estado e 
de Governo dos países-membros das Nações Unidas. 
Os Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável foram organizados pelo 
Governo brasileiro, com o apoio das Nações Unidas. Este momento da Rio +20, 
representa um espaço para a sociedade civil, incluindo setor privado, ONGs, 
comunidade científica, entre outros, com o objetivo de discutir temas prioritários 
relacionados ao desenvolvimento sustentável. 
Neste momento, não houve participação de governos ou agênciasdas Nações 
Unidas. Destaca-se que as recomendações indicadas nos Diálogos, foram direcionadas 
aos Chefes de Estado e de Governo presentes na Cúpula. Os temas debatidos foram 
escolhidos conforme sua relevância para o aprofundamento da discussão sobre 
desenvolvimento sustentável, sendo os debates transmitidos em tempo real na web site 
das nações Unidas. Os temas debatidos foram: 
 Desenvolvimento Sustentável para o combate à pobreza; 
 Desenvolvimento Sustentável como resposta às crises econômicas e financeiras; 
 Desemprego, trabalho decente e migrações; 
 A economia do Desenvolvimento Sustentável, incluindo padrões sustentáveis de 
produção e consumo; 
 Florestas; 
 Segurança alimentar e nutricional; 
 Energia sustentável para todos; 
 Água; 
 Cidades sustentáveis e inovação; 
 Oceanos. 
 
Com o estabelecimento dos Diálogos, o Governo Brasileiro visou contribuir com 
as discussões, através da manifestação da sociedade civil, sendo estas conhecidas pelos 
 
http://www.rio20.gov.br/sala_de_imprensa/notas/governo-brasileiro-organizara-os-dialogos-para-o-desenvolvimento-sustentavel-de-16-a-19-de-junho-nota-003-2012
http://www.rio20.gov.br/sala_de_imprensa/notas/governo-brasileiro-organizara-os-dialogos-para-o-desenvolvimento-sustentavel-de-16-a-19-de-junho-nota-003-2012
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Chefes de Estado e de Governo presentes na Cúpula, tendo em vista que a participação 
pública é essencial para a promoção do desenvolvimento sustentável como o paradigma 
para a ação. 
No que se refere aos resultados obtidos na ocasião da Rio +20, tem-se que, como 
todas as grandes reuniões, muitas são as expectativas, e, muitas vezes, dada a 
complexidade dos assuntos abordados, nem sempre os resultados são os esperados. 
O Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, no âmbito da Assembleia 
Geral da ONU, ocorrida no dia 28 de Junho, apontou destaques obtidos na ocasião da 
Rio +20, os quais estão dispostos no documento final da Conferência, denominado “O 
futuro que queremos”: 
 A Rio+20 renovou e reforçou o compromisso político para o 
desenvolvimento sustentável; 
 Equilibrou as visões de 193 Estados-Membros das Nações Unidas e 
reconheceu a pobreza como o maior desafio para o bem-estar 
econômico, social e ambiental; 
 Os Estados-Membros concordaram em lançar um processo para 
estabelecer Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Os ODS 
estarão baseados nos avanços no âmbito dos Objetivos de 
Desenvolvimento do Milênio (ODM), e eles serão parte integral do 
quadro de desenvolvimento pós-2015; 
 Ênfase na importância da igualdade de gênero e o empoderamento das 
mulheres; 
 Ênfase no estabelecimento de parcerias entre os governos e os principais 
grupos da sociedade civil, incluindo o setor privado; 
 Fortalecimento do apoio às ações internacionais para o desenvolvimento 
sustentável, incluindo o estabelecimento de um fórum político de alto 
nível sobre o desenvolvimento sustentável e do fortalecimento do 
Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA); 
 Adoção de um quadro de dez anos de Programas sobre o Consumo e a 
Produção Sustentáveis; 
 Reconhecimento da necessidade de ir além do Produto Interno Bruto 
(PIB) como uma medida do progresso, e também no que se refere ao 
 
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papel que a economia verde pode desempenhar na redução da pobreza, 
no crescimento econômico e na preservação ambiental; 
 Reconhecimento do direito à alimentação e a importância da segurança 
alimentar e nutricional para todos, ressaltando que estes podem ser 
alcançados através da agricultura e dos sistemas alimentares 
sustentáveis. Neste sentido, foi lançado o “Desafio Fome Zero”. 
 
Observa-se que a Rio +20, considerando-se os destaques apontados por Ban Ki-
moon, não alcançou resultados práticos para a efetivação do desenvolvimento 
sustentável. A crise econômica mundial, as eleições nos Estados Unidos, os conflitos na 
Síria, dentre outros fatores, impediram que a atenção do mundo fosse voltada 
completamente para o Rio de Janeiro. 
Em linhas gerais, após vinte anos da primeira conferência do Rio, o 
compromisso retórico com o desenvolvimento sustentável foi renovado. Houve por 
parte dos países o comprometimento com o combate à pobreza, além de serem 
reafirmados os princípios colocados na ocasião da Rio 92, principalmente no que se 
refere à Agenda 21. 
Segundo o negociador chefe do Brasil, o embaixador André Aranha Corrêa do 
Lago, que atuou também como facilitador durante as negociações, "Dois objetivos 
importantes foram alcançados. Despertar uma geração para o que foi feito em 1992 
(Rio) e 2002 (Johanesburgo) e voltar a utilizar os instrumentos do desenvolvimento 
sustentável". Porém, a crítica apresentada pelos veteranos da última conferência, como 
Maurice Strong e Gro Harlem Brundtland, de que muito foi dito e pouco foi de fato 
colocado em prática, permanece. 
 
 
 
 
 
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1. Comente quais foram os principais avanços alcançados na ocasião das Conferências 
Rio 92, Rio +10 e Rio +20. 
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2. Qual a sua opinião em relação a não renovação do Protocolo de Kyoto pelo Canadá, 
Japão e Rússia, na 17ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-17), na 
cidade sul-africana de Durban? 
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CAPÍTULO III 
USO RACIONAL DOS RECURSOS 
NATURAIS E CONSUMO 
SUSTENTAÁVEL 
 
Carl Sagan (1934-1996), um renomadocientista e astrônomo estadunidense, 
diante da dificuldade humana em abstrair grandes dimensões de tempo, publicou uma 
forma simplificada para demonstrar o quanto a história do homem é recente. Este 
cientista representou os 13,7 bilhões de anos da história do Universo em apenas um. 
Segundo ele, se considerarmos o surgimento do Universo ocorrido à zero hora do dia 
primeiro de Janeiro, teríamos que o homem surgiria no planeta nos últimos sete minutos 
do ano! 
Embora recente, o homem modificou drasticamente o espaço sem priorizar a 
preservação dos recursos naturais. Felizmente, diante de tantas catástrofes, assuntos 
referentes à preservação da natureza estão em pauta e o uso racional dos recursos 
naturais é uma necessidade emergente. 
Considerando a necessidade em se disseminar práticas sustentáveis, serão 
abordadas questões referentes ao consumo sustentável, voltados à conservação e ao uso 
racional dos recursos naturais. 
 
Responsabilidade Ambiental 
 
Responsabilidade ambiental é um conjunto de atitudes voltadas para o 
desenvolvimento sustentável do planeta. Estas atitudes devem considerar o crescimento 
econômico ajustado à proteção do meio ambiente na atualidade e para as gerações 
futuras, garantindo a sustentabilidade. 
A responsabilidade ambiental deve ser disseminada em todos os setores da 
sociedade, visando à tomada de consciência de toda a sociedade, por meio da educação 
 
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29 
ambiental e, principalmente, por meio da efetivação de práticas que possam colaborar 
na busca pelo desenvolvimento sustentável. 
Observa-se que muitas vezes o uso do termo desenvolvimento sustentável tem 
sido utilizado de maneira mercadológica, muitas vezes não sendo incorporado de forma 
natural. Lamentavelmente, o uso do termo com vistas ao marketing é uma constante. O 
pior de tudo, é que esta noção aplicada ao desenvolvimento sustentável apresenta-se, em 
alguns casos, vinculada à obtenção de vantagens tais como a redução de impostos, ou 
mesmo a ferramenta para o acréscimo de valor ao produto ecologicamente correto. 
Por outro lado, tem-se que, embora rotulado para a obtenção de vantagens, 
algumas propostas acabam por contribuir com a preservação ambiental, além de 
propagar o assunto, tornando-o mais integrado ao cotidiano. 
Programas sociais, organizações não governamentais, bem como o setor privado, 
têm apresentado medidas e ações que colaboram com a disseminação do conceito de 
desenvolvimento sustentável, definido no relatório Nosso Futuro Comum como sendo a 
busca pela satisfação das necessidades da geração atual, sem comprometer a 
capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades. 
Estas ações devem ser cada vez mais numerosas, principalmente devido à ênfase 
colocada sobre a sustentabilidade nos dias atuais. Dados os padrões de consumo e ao 
crescimento populacional, tem-se evidenciada a necessidade em se priorizar o 
desenvolvimento pautado em práticas ecologicamente corretas, mesmo sendo elas 
instigadas a partir das vantagens adquiridas, muitas vezes não voltadas à tomada de 
consciência natural do ser humano. 
Espera-se que esta tomada de consciência natural, voltada na preocupação com o 
próximo, seja uma realidade. Porém, tem-se que o tratamento natural das questões 
referentes ao desenvolvimento sustentável só será possível por meio da educação 
ambiental. Desta forma, faz-se necessário o incentivo a práticas voltadas ao uso racional 
dos recursos naturais, visando o consumo sustentável. 
No que se refere às práticas voltadas à sustentabilidade, tem-se que estas podem 
ser realizadas de forma individual ou mesmo a partir de iniciativas empresariais. Dentre 
as práticas que envolvem a responsabilidade ambiental individual pode-se destacar: 
 
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 Realizar a reciclagem de resíduos sólidos; 
 Destinar corretamente o óleo de cozinha, não jogando este na rede de 
esgoto; 
 Economizar água; 
 Buscar consumir produtos com certificação ambiental e de empresas que 
respeitem o meio ambiente em seus processos produtivos; 
 Priorizar o uso do transporte coletivo ou bicicleta; 
 Priorizar o uso de eletrodomésticos com baixo consumo de energia; 
 Evitar o uso de sacolas plásticas. 
 
Dentre as práticas empresariais voltadas à sustentabilidade, pode-se destacar: 
 Criação e implantação de um sistema de gestão ambiental na empresa; 
 Tratamento e reutilização da água dentro do processo produtivo; 
 Preferência de utilização de produtos que provoquem o mínimo possível 
de impacto ambiental; 
 Priorizar o uso de sistemas de transporte não poluentes ou com baixo 
índice de poluição; 
 Criação de sistema de reciclagem de resíduos sólidos dentro da empresa; 
 Favorecer o treinamento, a informação e a conscientização sobre a 
importância da sustentabilidade e do uso racional dos recursos naturais; 
 Priorizar a aquisição de matéria prima de empresas que estejam voltadas 
aos princípios da responsabilidade ambiental; 
 Priorizar, sempre que possível, o uso de fontes de energia limpas e 
renováveis no processo produtivo; 
 Evitar a adoção de ações que possam provocar danos ao meio ambiente 
como, por exemplo, poluição de rios e desmatamento. 
 
Considerando a emergente necessidade de se promover o desenvolvimento 
sustentável, faz-se necessário a disseminação de práticas voltadas à responsabilidade 
ambiental. Embora seja conhecido que os interesses econômicos muitas vezes não 
priorizam a busca pelo desenvolvimento sustentável, tem-se a esperança de que as boas 
 
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31 
práticas, sendo elas individuais e/ou empresariais, aos poucos se tornem práticas 
pautadas no bom censo e no respeito às futuras gerações. 
 
Exemplos de práticas sustentáveis 
 
Reciclagem 
 
O termo reciclagem é geralmente utilizado para designar o reaproveitamento 
de materiais beneficiados como matéria prima para a produção d um novo produto. Os 
exemplos mais comuns de materiais que podem ser reciclados são o papel, o vidro, o 
metal e o plástico. 
Tem-se que o incentivo a reciclagem tornou-se uma prática essencial em termos 
de sustentabilidade haja vista a necessidade de redução do crescente impacto ambiental 
associado à extração, geração, beneficiamento, transporte, tratamento e destinação final 
de matérias-primas, que por sua vez provocam o aumento de lixões e aterros sanitários. 
Além disso, considera-se que a reciclagem de resíduos deve ser incentivada e 
expandida, visando a redução do consumo de matérias-primas, dos recursos naturais não 
renováveis, da energia e da água utilizada nos processos de produção. 
No que se refere aos resultados da reciclagem, tem-se que estes são expressivos, 
tanto no âmbito ambiental, quanto nos âmbitos econômico e social. Quanto aos aspectos 
econômico e social, tem-se que a reciclagem contribui para a melhoria da qualidade de 
vida das pessoas, além de favorecer a geração de empregos. 
Quanto ao meio ambiente, a reciclagem colabora na redução da acumulação de 
resíduos, além de favorecer a redução da utilização de recursos naturais para a produção 
de novos produtos, como exemplo, pode-se citar os benefícios da reciclagem do papel, 
que favorece a redução do corte de árvores, redução das agressões ao solo, ar e água, 
redução das emissões de gases como metano e dióxido de carbono. 
 
 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Material
http://pt.wikipedia.org/wiki/Produto
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Coleta Seletiva 
 
 Uma das formas de implementação da reciclagem, utilizada correntemente nos 
projetos de Educação Ambiental, é a realização da coleta seletiva. 
 Coleta seletiva é o termo utilizado para o recolhimento dos materiais quepodem 
ser reciclados, sendo estes previamente separados na fonte geradora. Ao ser separada na 
fonte geradora, ou seja, imediatamente após o consumo, evita-se a contaminação dos 
materiais reaproveitáveis, aumentando o valor agregado destes materiais, além de 
reduzir os custos da reciclagem. 
 Considerando-se a necessidade em se estabelecer a coleta seletiva, o Conselho 
Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), por meio da Resolução N° 275 de 25 de 
Abril de 2001, estabeleceu o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser 
adotado na identificação de coletores e transportadores, bem como nas campanhas 
informativas para a coleta seletiva, considerando que os programas de coleta seletiva, 
criados e mantidos no âmbito de órgãos da administração pública federal, estadual e 
municipal, direta e indireta, e entidades paraestatais, devem seguir o padrão de cores 
estabelecido nesta resolução, conforme disposto a seguir: 
Padrão de cores estabelecidas pela Resolução CONAMA N°275/2001 
 
Figura 01: Cores estabelecidas pela resolução CONAMA N°275/2001. 
Fonte: Sustentabilidade na Real. Disponível em: 
http://www.sustentabilidadenareal.com/2011_06_01_archive.html. Acesso em: jun. 2012. 
 
http://www.sustentabilidadenareal.com/2011_06_01_archive.html
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Deve-se acrescentar que, para se iniciar um processo de coleta seletiva faz-se 
necessária a realização de uma avaliação prévia, quantitativamente e qualitativamente, 
de modo a conhecer o perfil dos resíduos sólidos gerados em determinado município ou 
localidade, a fim de estruturar melhor o processo de coleta. 
 
Figura 02: Coleta Seletiva. 
Fonte: Envolverde. Disponível em: http://envolverde.com.br/ambiente/artigo/coleta-seletiva-em-
sao-paulo-pede-adequacao/ Acesso em: jun. 2012. 
 
O planejamento no processo de instalação de um processo de coleta seletiva, na 
etapa de elaboração do projeto, deve passar por um detalhado levantamento da realidade 
na qual será instalado. Neste momento, deve-se atentar para a aplicação de recursos no 
que se refere à aquisição de lixeiras, ou seja, estas devem estar de acordo com o 
consumo ali estabelecido, além de se considerar também a dinâmica pra a instalação dos 
chamados “ecopontos”, observando-se a localização e até mesmo o design das lixeiras, 
buscando assim a máxima otimização do sistema de coleta implantado. 
Nos dias atuais, com o avanço tecnológico, apenas uma ínfima parte 
dos resíduos urbanos não são passíveis de reaproveitamento, sendo direcionados para 
unidades de eliminação dos mesmos, normalmente os aterros sanitários4. A inserção da 
4 Os aterros sanitários são grandes terrenos nos quais o lixo é depositado, comprimido e depois espalhado 
por tratores em camadas separadas por terra. As extensas áreas que ocupam, bem como os problemas 
ambientais que podem ser causados pelo seu manejo inadequado, tornam problemática a localização dos 
aterros sanitários nos centros urbanos maiores, apesar de serem a alternativa mais econômica em curto 
prazo. 
 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Munic%C3%ADpio
http://envolverde.com.br/ambiente/artigo/coleta-seletiva-em-sao-paulo-pede-adequacao/
http://envolverde.com.br/ambiente/artigo/coleta-seletiva-em-sao-paulo-pede-adequacao/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lixo_urbano
http://pt.wikipedia.org/wiki/Aterros_sanit%C3%A1rios
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coleta seletiva apresenta-se como uma alternativa na busca pela resolução dos 
problemas de acumulação de lixo em centros urbanos, além de viabilizar a reutilização 
de materiais, propiciando assim vantagens ambientais e econômicas. 
 Desta forma, destaca-se a necessidade de envolvimento da sociedade em 
projetos voltados à coleta seletiva, tanto na proposição quanto na participação de 
programas desta natureza, os quais visam a melhoria da qualidade de vida, contribuindo 
significativamente com a viabilização do desenvolvimento sustentável. 
É importante enfatizar que os maiores beneficiados com a implantação do 
sistema de coleta seletiva são o meio ambiente e a saúde da população. Por meio da 
reciclagem, reduz-se a utilização dos aterros sanitários, prolongando sua vida útil e 
implicando na redução significativa dos níveis de poluição ambiental. 
Economicamente, tem-se que a implantação dos processos de coleta de lixo e 
reciclagem é mais onerosa que a realização da coleta convencional. Entretanto, 
iniciativas comunitárias e empresariais podem contribuir na redução dos custos, visando 
à melhoria da qualidade de vida e a redução dos impactos ambientais, além da geração 
de empregos e da responsabilidade ambiental. 
Outro ponto a ser considerado quanto à implantação da coleta seletiva, refere-se 
ao exercício da cidadania pelos cidadãos no que se refere à administração do município, 
tem-se que ao se viabilizar a implantação da coleta seletiva, favorece-se um 
estreitamento na relação entre o poder público e cidadãos. 
Diante de tantos benefícios, tem-se que a implantação de sistema de coleta 
seletiva consiste em uma interessante ferramenta para a viabilização do 
desenvolvimento sustentável, considerando-se que esta implantação envolve vários 
procedimentos que devem se pautar na medida de conscientização e fomento à 
participação da sociedade como um todo, com o envolvimento da população, da 
iniciativa privada e do poder público. 
 
 
 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Econ%C3%B4mica
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Energias Alternativas 
 
A energia tem sido desde tempos primordiais, a base de desenvolvimento das 
civilizações. As necessidades energéticas são crescentes nos dias atuais, seja para a 
produção de alimentos, de bens de consumo, de lazer, dentre outras necessidades, que se 
tornam imprescindíveis na promoção do desenvolvimento econômico, social e cultural. 
Conforme apontado pela ONU, 3 bilhões de pessoas dependem de recursos da 
“biomassa tradicional”, a exemplo do carvão, para a realização de atividades diárias, 
tais como aquecimento e cozimento de alimentos, sendo ainda que cerca de 1,4 bilhão 
de pessoas ainda carece de acesso a fontes energéticas modernas. 
Diante destas condições, considerando o efeito imprescindível da energia no que 
se refere à produtividade, saúde e educação, além da segurança alimentar e serviços de 
comunicação, a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou 2012 como o Ano 
Internacional de Energia Sustentável para Todos. 
É importante destacar que o termo fonte alternativa de energia é sinônimo de 
uma energia limpa, pura, não poluente, a princípio inesgotável e que pode ser 
encontrada em qualquer lugar pelo menos a maioria na natureza (SANTOS; MOTHÉ, 
2008). 
Sendo assim, ao se observar a importância do aumento do acesso à energia 
renovável, a iniciativa da ONU com o Ano Internacional de Energia Sustentável para 
Todos, tem como objetivo destacar a esta importância, chamando a atenção do mundo 
para a questão da viabilização do uso de fontes alternativas de energia, haja vista que, 
de acordo com especialistas, a falta de acesso à energia limpa e barata impede o 
desenvolvimento socioeconômico e humano de comunidades inteiras. 
Além disso, destaca-se que o acesso à energia sustentável é uma das ferramentas 
para que o mundo alcance os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), 
propostos pela ONU em 2000. 
Ao se considerarem as chamadas “fontes alternativas de energia” tem-se que 
estas, além de não prejudicar a natureza, são renováveis. Dentre os exemplos de fontes 
renováveis pode-se citar a energia solar (painel solar, célula fotovoltaica), a energia 
 
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eólica (turbina eólica, cata-vento), a energia hídrica (roda d’água,turbina aquática), a 
biomassa (matéria de origem vegetal) e as células a combustível. (SANTOS; MOTHÉ, 
2008). 
Energia solar 
 
A utilização da energia solar para produção de energia elétrica é um recurso 
interessante que pode ser viabilizado em países com sol abundante durante a maioria 
dos meses do ano, como no Brasil. A geração de energia elétrica por meio de energia 
solar, torna-se possível por meio de painéis solares e células fotovoltaicas. 
A energia solar pode ser usada de duas formas, por meio da transformação de 
raios solarem em outras formas de energia térmica ou elétrica, conhecido como método 
ativo, e também por meio da utilização dos raios solares para fins de aquecimento, 
denominado método passivo, sendo esta utilização mais comum em locais com clima 
frio como opção para calefação. 
 
 
Figura 03: Células fotovoltaicas 
Fonte: Eficiência Energética . Disponível em: 
http://eficienciaenergtica.blogspot.com.br/2010/06/modulos-fotovoltaicos-i.html 
Acesso em: jun. 2012. 
 
Quanto à utilização de painéis fotovoltaicos tem-se que esta é uma das mais 
promissoras fontes de energia renovável, cuja principal vantagem consiste na quase total 
ausência de poluição. Os fatores limitantes para a viabilização do uso destes 
 
http://eficienciaenergtica.blogspot.com.br/2010/06/modulos-fotovoltaicos-i.html
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dispositivos concentram-se nos custos de produção e no baixo rendimento. (SANTOS; 
MOTHÉ, 2008). 
Energia eólica 
 
A energia eólica consiste na energia gerada pelo vento, a qual pode ser 
canalizada pelas chamadas turbinas eólicas ou pelo tradicional catavento. A utilização 
desta alternativa está vinculada à dinâmica das massas de ar. 
Segundo especialistas, a energia cinética resultante do deslocamento das massas 
de ar pode ser transformada em energia mecânica ou elétrica, porém a produção em 
grande escala torna-se favorável em regiões que tenham ventos com velocidade média 
de 6 m/seg ou superior. 
 
 
Figura 04: Turbinas para geração de energia eólica. 
Fonte: Natureza ecológica . Disponível em: 
http://naturezaecologica.com/tag/energia-eolica/Acesso em: jun. 2012. 
Biomassa 
 
A biomassa é definida como sendo a fração biodegradável de produtos e 
resíduos da agricultura, incluindo substâncias vegetais e animais, bem como a fração 
biodegradável dos resíduos industriais e urbanos (SANTOS; MOTHÉ, 2008). 
 
http://naturezaecologica.com/tag/energia-eolica/
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Constituída principalmente por substâncias de origem orgânica, a biomassa 
proporciona a obtenção de energia através da combustão da lenha, bagaço de cana-de-
açúcar, resíduos florestais, resíduos agrícolas, dentre outras. É uma fonte alternativa de 
obtenção de energia interessante, dado o volume de biomassa disponível no mundo. 
Dentre as principais vantagens da biomassa pode-se citar: 
 Baixo custo de operação; 
 Facilidade de armazenamento e transporte; 
 Proporciona o reaproveitamento dos resíduos; 
 Alta eficiência energética; 
 É uma fonte energética renovável e limpa. 
 
Tem-se que a utilização da biomassa como fonte de energia importante na 
produção de biocombustíveis, como por exemplo, o biodiesel e o biogás. 
Após a crise do petróleo em 1973, o governo brasileiro começou a incentivar a 
produção de cana-de-açúcar, com a finalidade de produzir álcool combustível. Desta 
forma, a economia brasileira ficaria menos dependente do petróleo. 
Por meio do Programa Nacional do Álcool (Próalcool) o governo brasileiro 
buscou fomentar o uso de etanol como combustível da frota nacional de veículos leves, 
principalmente automóveis, na tentativa de reduzir as importações de petróleo. Neste 
sentido, a indústria automobilística brasileira passou a fabricar um grande número de 
carros movidos a álcool combustível, contando com a redução do Imposto sobre 
Produtos Industrializados (IPI), fator este incentivador das vendas. 
A partir de 1986, diante da queda dos preços internacionais do petróleo, a 
competitividade do álcool combustível foi reduzida. Além disso, com a crescente 
prospecção de extração do petróleo pela Petrobrás, reduziu-se a necessidade de 
importação do petróleo. Com a produção nacional, tornou-se complicado manter o 
preço do álcool combustível em condição de competir com o da gasolina. 
Vantagens e desvantagens do uso do álcool combustível 
 Menor dependência de combustíveis fósseis importados, e da variação do preço 
dos mesmos. 
 
Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 
 
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 Menor emissão de poluentes, já que grande parte dos poluentes resultantes da 
queima do combustível no motor é reabsorvida no ciclo de crescimento da cana 
de açúcar, e os resíduos das usinas são totalmente reaproveitados na lavoura e na 
indústria. 
 Os subprodutos da cana são utilizados no próprio ciclo produtor de álcool, como 
fonte de energia elétrica obtida pela queima do bagaço, e como fertilizante da 
terra utilizada no plantio, através do chamado vinhoto, tornando uma usina de 
álcool autodependente. 
 Desgaste excessivo dos solos. 
 Aumento da concentração fundiária e do êxodo rural. 
Células a combustível 
 
A produção de energia por meio da célula a combustível é baseada no uso de 
hidrogênio, favorecendo a obtenção de energia em grande quantidade, além de 
apresentar como produto da queima do hidrogênio, a água. Tem-se que o uso do 
hidrogênio como combustível é polêmico, haja vista que este não constitui uma fonte 
primária de energia. Porém, pode ser facilmente fabricado a partir de outras fontes de 
energia. (SANTOS; MOTHÉ, 2008). 
 
Figura 05: Células a combustível 
Disponível em: http://www.electrocell.com.br/oqueeacc_pt.htm Acesso: 09/06/2013 
 
 
 
http://www.electrocell.com.br/oqueeacc_pt.htm
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Figura 06 
Carro movido a células a combustível 
Disponível em: http://quatrorodas.abril.com.br/noticias/sustentabilidade/suzuki-
produzira-celulas-combustivel-yokohama-734124.shtml - Acesso: 09/06/2013 
 
 
Figura 07 
Ônibus movido a célula a combustível 
Disponível em: http://www.fortalbus.com/2011/04/designer-hungaro-cria-onibus.html - 
Acesso: 09/06/2013 
 
 
 
 
 
 
http://quatrorodas.abril.com.br/noticias/sustentabilidade/suzuki-produzira-celulas-combustivel-yokohama-734124.shtml
http://quatrorodas.abril.com.br/noticias/sustentabilidade/suzuki-produzira-celulas-combustivel-yokohama-734124.shtml
http://www.fortalbus.com/2011/04/designer-hungaro-cria-onibus.html
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Energia Geotérmica 
 
Definição: 
A energia geotérmica existe desde que o nosso planeta foi criado. Geo significa 
terra e térmica está ligada à quantidade de calor. Abaixo da crosta terrestre existe uma 
rocha líquida, o magma. A crosta terrestre flutua nesse magma, que por vezes atinge a 
superfície através de um vulcão ou de uma fenda. Os vulcões, as fontes termais e as 
fumarolas são manifestações conhecidas desta fonte de energia. O calor da terra pode 
ser aproveitado para usos diretos, como o aquecimento de edifícios e estufas ou para a 
produção de eletricidade em centrais geotérmicas. Em Portugal, existem alguns 
aproveitamentos diretos, como o caso da Central Geotérmica em São Miguel (Açores). 
Pontos Positivos: 
*Umas das mais benignas fontes de energia; 
*Mais barata que os combustíveis fósseis; 
*A emissão de gases poluentes (CO2 e SO2) é praticamente nula; 
*Produz energia independente de variações como chuvas, níveis de rios, etc.; 
*A área requerida para a instalação da usina é pequena; 
*Estimula os negócios regionais; 
*Pode abastecer comunidades isoladas; 
* Baixo custo de operação, devido ao baixo custo do combustível. 
Pontos Negativos:

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