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Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 0 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL CIRCULAÇÃO INTERNA Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 1 "A sustentabilidade é uma condição de existência que permite que a geração atual dos seres humanos e outras espécies aproveitem o bem- estar social, uma economia vibrante e um ambiente saudável, bem como a experiência de beleza, realização da alegria, sem comprometer a capacidade das futuras gerações de seres humanos e outras espécies para aproveitar o mesmo. " Guy Dauncey Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 2 APRESENTAÇAÃ O Este material tem como objetivo auxiliar nas discussões acerca da temática Desenvolvimento Sustentável, de modo a contribuir para o conhecimento dos principais acontecimentos que fomentam sua aplicação. No entanto, não se pretende esgotar aqui os debates sobre o tema, mas sim fornecer aos leitores, de forma compacta e direta, uma síntese de acontecimentos que nortearam as discussões até os dias atuais, além de oferecer uma série de exercícios com o intuito de gerar reflexões sobre o assunto, além de fixar e complementar as informações dispostas ao longo do texto. Neste material encontra-se disponibilizado na primeira parte a formulação do conceito de Desenvolvimento Sustentável e seu histórico, seguido de apontamentos sobre as cúpulas mundiais sobre meio ambiente, os quais estão disponibilizados na segunda parte. Em seguida, são abordadas questões referentes ao uso racional dos recursos naturais, colocados enquanto alternativas para se efetivar práticas voltadas ao desenvolvimento sustentável. E seus capítulos finais são evidenciados os princípios do Desenvolvimento Sustentável e da Sustentabilidade sob uma ótica educacional crítica e revolucionária. Bons estudos! Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 3 SUMAÁ RIO APRESENTAÇÃO, 02 CAPÍTULO I – O CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E SEU HISTÓRICO, 04 EXERCÍCIOS DE SÍNTESE, 08 CAPÍTULO II – CÚPULAS MUNDIAIS, 09 EXERCÍCIOS DE SÍNTESE, 27 CAPÍTULO III – USO RACIONAL DOS RECURSOS NATURAIS E CONSUMO SUSTENTÁVEL, 28 EXERCÍCIO DE SÍNTESE, 50 CAPÍTULO IV – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E SUSTENTABILIDADE: SINÔNIMOS OU TERMOS DISTINTOS?, 51 EXERCÍCIO DE SÍNTESE, 59 CAPÍTULO V – A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS, 60 EXERCÍCIO DE SÍNTESE, 67 CAPÍTULO VI – PERCEPÇÃO, COGNIÇÃO E PERTENÇA AO MEIO AMBIENTE: UMA TENTATIVA DE APROXIMAÇÃO DO HOMEM COM A NATUREZA, 68 EXERCÍCIO DE SÍNTESE, 77 REFERÊNCIAS, 78 REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES, 80 ATIVIDADES AVALIATIVAS, 87 Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 4 CAPÍTULO I O CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTAÁVEL E SEU HISTOÁ RICO Muitos são os impactos e consequências oriundas das relações estabelecidas entre o homem e o meio ambiente. No entanto, estas questões tornaram-se objeto de discussão recentemente, uma vez que, não eram vistos com tanta importância. Ao final da Segunda Guerra o conceito de desenvolvimento econômico foi potencializado, caracterizando uma fase de expansão. Neste momento histórico, diante dos interesses e práticas econômicas, não existia até então preocupações com as consequências ambientais dessas ações. Considerando as práticas voltadas ao crescimento econômico, a situação ambiental começou a se mostrar preocupante diante de vários desastres originados pela poluição ocorridos em países industrializados. Dentre os eventos ocorridos, conforme aponta França (2012), um dos primeiros e mais infelizes eventos registrados ocorreu na Bélgica em 1930, onde uma inversão de temperatura pelos poluentes, numa aldeia no vale de Meuse, causou a morte de 63 pessoas e provocou danos a outras seis mil. Dentre os registros, tem-se que o mais grave foi o incidente na cidade de Londres, em 1952, onde quatro mil pessoas morreram em razão da elevada concentração de poluentes. Em 1956, o episódio se repetiu em Londres, em menor escala, porém fez com que o governo aprovasse a Lei do Ar Puro, a qual consistia na proibição de uso de carvão no aquecimento das casas e obrigava as empresas a adotarem medidas de controle de poluição do ar. A conscientização com as questões ambientais começaram a surgir no início dos anos 1960. Preocupados com a excessiva prioridade direcionada às questões econômicas e o descaso das consequências ambientais resultantes deste desenvolvimento, um grupo de cientistas renomados assinou um manifesto em 1969, denominado “Blueprints for survival”, no qual foram levantadas questões referentes ao futuro da humanidade diante das práticas observadas em função da incessante busca pelo crescimento econômico. Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 5 Em 1968, houve a criação do Clube de Roma, formado por um grupo de pessoas interessadas em debater assuntos relacionados à política, economia internacional e, sobretudo, ao meio ambiente. Dentre os seus membros estão cientistas, economistas, políticos e chefes de estados. O Clube de Roma tornou-se muito conhecido a partir de 1972, devido à publicação do relatório intitulado “Os Limites do Crescimento”, o qual ficaria conhecido como Relatório do Clube de Roma ou Relatório Meadows. Este relatório apresentava problemas alarmantes para o futuro desenvolvimento da humanidade, tais como energia, poluição, saneamento, saúde, ambiente, tecnologia e crescimento populacional. Após sua publicação foram vendidas mais de 30 milhões de cópias em 30 idiomas. Por meio de modelos matemáticos, este relatório aponta que o Planeta terra não suportaria o crescimento populacional e a demanda por recursos naturais e energéticos. Diante do levantamento de questões referentes ao controle populacional, ao controle do crescimento industrial, à insuficiência da produção de alimentos e ao esgotamento de recursos naturais, a Organização das Nações Unidas (ONU) organizou a primeira conferência mundial sobre o homem e o meio ambiente, a chamada Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano (CNUMAH), conhecida como Conferência de Estocolmo, realizada em 1972 na Suécia. Este foi o primeiro grande debate mundial sobre os temas ambientais, sendo o dia 5 de Junho, que marcou o início dos trabalhos da Conferência, oficializado pela ONU como o "Dia Mundial do Meio Ambiente". Na década de 1970, o mundo vivia o auge da Guerra Fria. Os países socialistas ligados à União Soviética não compareceram ao evento realizado em Estocolmo, em solidariedade à Alemanha Oriental, cuja participação foi vetada pela ONU. Sendo assim, a representatividade na Conferência de Estocolmo se resumiu aos países desenvolvidos do Hemisfério Norte e aos países em desenvolvimento do Sul. Em Estocolmo, visava-se assegurar à humanidade o direito a um ambiente saudável e produtivo. Na ocasião, os países desenvolvidos defendiam a proposta do “desenvolvimento zero” pautado nos resultados apontados pelo Relatório do Clube de Roma, enquanto que os países em desenvolvimento defendiam a proposta do “desenvolvimento a qualquer custo”. Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 6 De um lado os países do hemisfério norte, de modo geral, defendiam a necessidade em se aplicar medidas rigorosas para redução dos impactos ambientais, enquanto que, por outro lado, os países do hemisfério sul reclamavam o direito de enfatizar o desenvolvimento econômico e investir na industrialização. De modo a equilibrar as propostas, buscou-se enfatizar a ideia de desenvolvimento econômico e preservação do meio ambiente. A participação do Brasil na Conferênciade Estocolmo foi favorável à proposta de “desenvolvimento a qualquer custo”, ao declarar naquele momento que o país abria as suas portas para a instalação das indústrias poluidoras que tanto incomodavam a população dos países do Norte, enfatizando assim que o Brasil preferia promover o crescimento econômico a qualquer custo a se dedicar a políticas ambientais. Nesta oportunidade, diante do reconhecimento da necessidade em se rever as questões relacionadas à sociedade e ao meio ambiente, foram criadas instituições globais na ONU, tais como o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA)1. A realização desta conferência foi importante, pois, pela primeira vez a atenção dos países foi direcionada para questões referentes ao volume da população absoluta global, a poluição atmosférica e a intensa exploração dos recursos naturais. No ano de 1973 foi elaborado o conceito de ecodesenvolvimento, mencionado pela primeira vez por Maurice Strong, Secretário Geral da Conferência de Estocolmo. Os princípios básicos deste conceito, formulados posteriormente por Ignacy Sachs2, valorizam as possibilidades de um desenvolvimento capaz de criar um bem estar social, a partir das particularidades e anseios das populações locais. Além disso, este conceito enfatiza a necessidade de um modelo de desenvolvimento apoiado na preservação dos recursos naturais. Em 1980, A União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) publicou a Estratégia de Conservação Mundial (WCS) que determinou um precursor do conceito de desenvolvimento sustentável. 1 O PNUMA passou a ser a agência da ONU responsável pela promoção de ações internacionais e nacionais relacionadas à proteção do meio ambiente, sendo um resultado concreto da Conferência de Estocolmo. 2 Economista polonês, naturalizado francês, referido também como ecossocioeconomista, por sua concepção de desenvolvimento como uma combinação de crescimento econômico, aumento igualitário do bem estar social e preservação ambiental. Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 7 Em 1983 a ONU criou a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, presidida por Gro Harlem Brundtland. Esta comissão realizou uma ampla avaliação dos problemas ambientais relacionados ao desenvolvimento econômico, resultando na publicação do relatório intitulado “Nosso Futuro Comum”, publicado em 1987, também conhecido como Relatório Brundtland. Neste relatório ficou consolidado o conceito de Desenvolvimento Sustentável, o qual se sustenta no desenvolvimento pautado na satisfação das necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades, ou seja, um modelo de desenvolvimento que garanta a qualidade de vida hoje, mas que não destrua os recursos necessários às gerações futuras. Em 1992, vinte anos após a realização da Conferência de Estocolmo, ocorreu a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, conhecida como Rio-92 ou Eco-92, reunindo mais de cem chefes de Estado na busca por conciliar desenvolvimento socioeconômico e preservação ambiental. Na ocasião da Conferência do Rio, foi consagrado o conceito de Desenvolvimento Sustentável. Por meio das discussões, conscientizou-se que os países desenvolvidos eram majoritariamente responsáveis pelos danos causados ao meio ambiente, considerando-se, ao mesmo tempo, a necessidade dos países em desenvolvimento receberem apoio financeiro e tecnológico para focarem no Desenvolvimento Sustentável. Destaca-se que os países em desenvolvimento, posicionaram-se melhor estruturados quanto aos assuntos ambientais, favorecendo o cenário político internacional. Na Conferência do Rio de janeiro foram elaborados cinco documentos fundamentais, dentre eles a Carta da Terra e a Agenda 21. Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 8 1. Considerando o contexto no qual se encontravam os países subdesenvolvidos no momento histórico em que se realizou a Conferência de Estocolmo, em 1972, faça uma reflexão sobre o posicionamento destes durante a conferência. ____________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 2. Conceitue, com suas palavras, o que é Desenvolvimento Sustentável, e posicione-se quanto à possibilidade ou não de se efetivar as condições propostas neste conceito. Explique. ______________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 9 CAPÍTULO II CUÁ PULAS MUNDIAIS Rio 92 Em 1992, na ocasião da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), conhecida como Rio-92, foram elaborados os seguintes documentos oficiais: Carta da Terra, Declaração de Princípios sobre Florestas, Declaração do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento, Agenda 21, além de três convenções da Biodiversidade, da Desertificação e de Mudanças Climáticas. Agenda 21 A Agenda 21 é um amplo programa de ação, discutido e negociado durante os dois anos que precederam a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio 92, realizada em junho de 1992 no Rio de Janeiro. O objetivo deste documento consistiu em colocar em prática os princípios norteadores do novo paradigma de desenvolvimento sustentável, foco das discussões na ocasião da Conferência. Trata-se de um documento elaborado de forma consensual entre os países participantes, que visa fomentar em escala mundialum novo modelo de desenvolvimento a partir do século XXI, no qual sejam modificados os padrões de consumo e produção, de modo a reduzir as pressões ambientais, por meio da conciliação entre justiça social, eficiência econômica e proteção ambiental. Embora não tenha força legal, a Agenda 21 apresenta um roteiro detalhado de ações concretas a serem executadas pelos governos, agências das Nações Unidas, agências de desenvolvimento, o setor produtivo e as organizações não governamentais, na busca pela concretização de ações favoráveis ao desenvolvimento sustentável. Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 10 Baseia-se na premissa de que a continuação das políticas atuais de desenvolvimento favorecerá o aumento das disparidades socioeconômicas, entre os países e também no interior deles, potencializando problemas de ordem social e ambiental. A Agenda 21 consiste em uma proposta participativa estratégica, que enfatiza a necessidade de envolvimento da sociedade nos níveis local, regional e global. É um documento que apresenta quarenta capítulos, os quais são distribuídos em quatro seções: Dimensões Sociais e Econômicas, Conservação e Gerenciamento de Recursos para o Desenvolvimento, Fortalecimento do Papel dos Maiores Grupos e Meios de Implantação. São tratados assuntos tais como: dinâmica demográfica, habitação, saneamento, poluição urbana, uso da terra, energia e transportes sustentáveis, padrões de produção e consumo, e necessidade de erradicação da pobreza no mundo. A Agenda 21 pressupõe a ampla participação da sociedade na busca por melhores condições de vida para todos. Destaca-se que a Agenda 21 estabeleceu a importância da reflexão, global e localmente, acerca das questões por ela abordadas, considerando as ações realizadas por parte de governos, empresas, organizações não governamentais e demais setores da sociedade, visando à cooperação de todos na busca pelo desenvolvimento sustentável. A proposta de criação da Agenda 21 Nacional, no âmbito do capítulo 38 da Agenda 21, tem como objetivo elaborar os parâmetros de uma estratégia para o desenvolvimento sustentável, definindo as prioridades nacionais e viabilizando o uso sustentável dos recursos naturais, tendo em vista as considerações específicas de país. No Brasil, foi criada em 1997 a Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional (CPDS), vinculada à Câmara de Recursos Naturais da Casa Civil da Presidência da República. A CPDS3 foi responsável pela efetivação do processo de elaboração da Agenda 21 Brasileira. Os seis temas considerados pela CPDS para definição da metodologia a ser seguida para elaboração da Agenda foram: Cidades Sustentáveis; Agricultura Sustentável, Gestão de Recursos Naturais; Redução das Desigualdades Sociais; 3 Esta comissão paritária é formada por representantes do governo, do setor produtivo e da sociedade civil, sendo coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente. Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 11 Infraestrutura e Integração Regional e Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Sustentável. As discussões destes temas deram origem a seis documentos temáticos que serviram de subsídios para elaboração do conteúdo da Agenda 21 Brasileira. Em 2000 foi lançado o documento “Agenda 21 Brasileira - Bases para Discussão”. Este documento foi produzido em duas versões, sendo a primeira baseada nos subsídios sistematizados dos seis documentos temáticos e a segunda versão originada da revisão do documento original produzida pela CPDS. Esta fase do projeto teve como objetivo ampliar as discussões e divulgar o processo da Agenda 21 Brasileira, por meio de debates realizados em todo território nacional. Em 2002, poucos meses antes da realização da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, ocorrida em Johanesburgo (Rio +10), a Agenda 21 Brasileira foi lançada com dois volumes: Ações Prioritárias e Resultado da Consulta Nacional. Quanto às Agendas Regionais e Locais, destaca-se que estas têm fundamental importância na busca pelo desenvolvimento sustentável, haja vista o poder de mobilização que as comunidades e os governos locais representam. Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC) foi um dos resultados obtidos no âmbito da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, Rio 92. Este tratado foi firmado com o objetivo de estabilizar a concentração de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera em níveis tais que evitem a interferência perigosa com o sistema climático. O tratado não fixou, inicialmente, limites obrigatórios para as emissões de GEE e não apresentou disposições coercitivas. De modo a acompanhar as ações no sentido de controlar as emissões de GEE, os países membros da Convenção se reúnem periodicamente, nas denominadas Conferências das Partes (COP), nas quais são determinadas disposições para Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 12 atualizações, denominadas protocolos. O principal é o Protocolo de Kyoto, que se tornou mais conhecido do que a própria CQNUMC. Histórico das Conferências das Partes – COP COP I – Berlim (1995) COP II – Genebra (1996) COP III – Quioto (1997): adota o Protocolo de Quioto COP IV – Buenos Aires (1998) COP V – Bonn (1999) COP VI – Haia e Bonn (2000) COP VII – Marrakech (2001) COP VIII – Nova Délhi (2002) COP IX – Milão (2003) COP X – Buenos Aires (2004) COP XI/CMP I – Montreal (2005): entra em vigor o Protocolo de Quioto COP XII/CMP II – Nairóbi (2006) COP XIII/ CMP III – Bali (2007): adota o Mapa do Caminho de Bali COP XIV/ CMP IV – Poznan (2008) COP XV/ CMP V – Copenhague (2009) COP XVI/ CMP VI – Cancun (2010): adota os Acordos de Cancun COP XVII/ CMP VII – Durban (2011): decide que o segundo período de cumprimento do Protocolo de Kyoto terá início em 1º de janeiro de 2013 e lança a Plataforma de Durban para Ação Aprofundada. PROTOCOLO DE KYOTO O Protocolo de Kyoto é um acordo internacional entre os países integrantes da Organização das Nações Unidas, firmado com o objetivo de se reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa e o consequente aquecimento global. Em 1998, foi realizada em Toronto, Canadá, a primeira reunião entre governantes e cientistas sobre mudanças climáticas. Nesta ocasião, definiu-se o impacto das mudanças climáticas com potencial inferior apenas ao de uma guerra nuclear. Desde http://pt.wikipedia.org/wiki/Protocolo_de_Quioto Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 13 então, verificou-se que os registros das altas temperaturas têm sido superados a cada ano, sendo registrada a década de 1990 como a mais quente desde que se têm observado. Em 1990, é lançado o primeiro informe com base na colaboração científica de nível internacional conhecido como IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática), no qual os cientistas advertem quanto à necessidade de redução das emissões de gases de efeito estufa, principalmente os crescentes níveis de dióxido de carbono (CO2). No ano de 1992, na ocasião da Rio 92, mais de 160 governos assinam a Convenção Marco sobre Mudança Climática, cujo objetivo consistia em “evitar interferências perigosas no sistema climático”. Convencionou-se que os países industrializados mantivessem suas emissões de gases de estufa, em 2000, nos níveis de 1990. Além disso, destaca-se o “princípio de responsabilidade comum e diferenciada”, que significa que todos os países têm a responsabilidade de proteger o clima, porém faz- se necessário uma participaçãomais intensa dos países industrializados. Em 1995, o segundo relatório de cientistas do IPCC aponta que os primeiros sinais de mudança climática são evidentes, alarmando todo o mundo quanto às questões climáticas. Na ocasião da 3ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, realizada em Kyoto, Japão, em 1997, é assinado o Protocolo de Kyoto. Neste acordo encontram-se estabelecidas metas de redução das emissões de dióxido de carbono (CO2), que correspondem a cerca de 70% das emissões relacionadas ao aquecimento global. O objetivo do acordo baseia-se na redução da emissão de poluentes em 5,2% em relação aos níveis de 1990, entre 2008 e 2012. Segundo o protocolo, os países industrializados devem mostrar “um progresso visível” no ano de 2005, ano em que o Protocolo de Kyoto entra em vigor. Para entrar em vigência, o Protocolo de Kyoto prevê a ratificação por, no mínimo 55 governos, que contabilizem 55% das emissões de CO2 produzidas pelos países industrializados. Além disso, o Protocolo de Kyoto propõe três mecanismos para auxiliar os países a cumprirem suas metas ambientais. O primeiro deles prevê parcerias entre países Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 14 na proposição de projetos ambientalmente responsáveis. O segundo refere-se ao mercado de carbono, o qual permite que os países desenvolvidos adquiram “créditos” diretamente das nações pouco poluentes. O terceiro e último mecanismo refere-se ao Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), conhecido como o mercado de créditos de carbono. De acordo com o Protocolo de Kyoto, os países desenvolvidos devem tomar algumas medidas para atingir as metas de redução de gases de efeito estufa, sendo elas: Aumento da eficiência energética em setores relevantes da economia; Proteção e aumento de sumidouros e reservatórios de gases de efeito estufa sobre o meio ambiente, como as florestas; Promoção de práticas sustentáveis de manejo florestal e reflorestamento; Promoção de formas sustentáveis de agricultura; Pesquisa, promoção, desenvolvimento e aumento do uso de formas novas e renováveis de energia; Promoção e pesquisa de tecnologias de sequestro de dióxido de carbono; Promoção e pesquisa de tecnologias ambientalmente seguras, que sejam avançadas e inovadoras; Redução gradual ou eliminação de incentivos fiscais, isenções tributárias e tarifárias, e também de subsídios para todos os setores emissores de gases de efeito estufa que sejam contrários ao objetivo do protocolo; Convenção e aplicação de instrumentos de mercado que reduzam as emissões de gases poluentes; Estímulo a reformas adequadas em setores relevantes, objetivando promover políticas e medidas que limitem ou reduzam emissões de gases de efeito estufa; Limitação e/ou redução de emissões de metano por meio de sua recuperação e utilização no tratamento de resíduos, bem como na produção, no transporte e na distribuição de energia; Cooperação, compartilhamento de informações sobre novas tecnologias adotadas. Um dos países que mais colaboram com a emissão de gases de efeito estufa, os Estados Unidos, não ratificou o Protocolo de Kyoto. Na época, o presidente George W. Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 15 Bush considerou possível a hipótese do aquecimento global, mas disse que preferia combatê-lo com ações voluntárias por parte das indústrias poluentes e com novas soluções tecnológicas. Outro argumento utilizado por Bush, para refutar o acordo, foi o fato de o Protocolo não exigir redução de emissões dos países em desenvolvimento, como a China e a Índia. O Protocolo de Kyoto expira em dezembro de 2012. As discussões sobre um novo acordo ou uma emenda no protocolo, forma iniciadas em 2007, em Washington. Os chefes de estado do Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Rússia, Reino Unido, Estados Unidos, Brasil, China, Índia, México e África do Sul concordaram em princípio sobre o esboço de um sucessor para o Protocolo de Kyoto. Nesta ocasião foi discutida a criação de um limite máximo para o comércio dos créditos de carbono, bem como a aplicação de metas de redução das emissões de CO2 aos países em desenvolvimento. Em 2011, ocorreu 17ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP- 17), na cidade sul-africana de Durban. O documento final determina uma segunda fase para o Protocolo de Kyoto, além de estabelecer o mecanismo que deve reger o Fundo Verde para o Clima, traçando um roteiro para um novo acordo global. A cúpula obtém a aprovação de um segundo período deste tratado, que fixa obrigações de redução de emissões aos países desenvolvidos, exceto aos Estados Unidos, que se recusaram a aderir ao Protocolo de Kyoto. Em Durban, fica determinada a data de início do segundo período de compromisso para 2013, porém não estabelece a data de finalização, que será definida em reuniões posteriores, podendo ser 2017 ou 2020. Canadá, Japão e Rússia, não renovam o Protocolo de Kyoto, ficando fora do segundo período de compromissos. Na Conferência ocorrida em Durban, as medidas de redução na emissão de gases de efeito estufa se aplicam a todos os países, diferentemente do proposto em Kyoto, onde as medidas de redução eram voltadas apenas aos países desenvolvidos. Um dos destaques da Conferência realizada em 2011 consiste na criação do Fundo Verde para o Clima, um caixa financeiro de US$ 100 bilhões anuais disponíveis a partir de 2020, com dinheiro fornecido pelos países ricos para ajudar as economias em desenvolvimento a financiar ações para reduzir suas emissões de gases-estufa e combater as consequências da mudança climática. http://pt.wikipedia.org/wiki/Washington http://pt.wikipedia.org/wiki/Canad%C3%A1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Fran%C3%A7a http://pt.wikipedia.org/wiki/Alemanha http://pt.wikipedia.org/wiki/It%C3%A1lia http://pt.wikipedia.org/wiki/Jap%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/R%C3%BAssia http://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_Unido http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil http://pt.wikipedia.org/wiki/China http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dndia http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A9xico http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81frica_do_Sul Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 16 Rio +10 A Conferência realizada no Rio de Janeiro em 1992, em comemoração aos 20 anos da Conferência de Estocolmo, obteve um relativo sucesso, principalmente devido à proposição da “Agenda 21”, a qual propunha 2.500 medidas a serem aplicadas de modo a atender a efetivação do então estabelecido conceito de Desenvolvimento Sustentável. Estabeleceu-se que seria elaborada a "Agenda 21" em cada país, sendo esta adaptada à realidade. Além da "Agenda 21", duas Convenções sobre o clima e a biodiversidade propunham metas mais concretas. No entanto, nota-se que os resultados efetivos compreendidos no período após a Rio 92 até a Rio +10 foram poucos, sendo assim, tornou-se prioridade buscar meios de efetivação das propostas colocadas na Rio 92, na ocasião da Rio +10. Lestienne (2002) aponta que houve altos e baixos, tanto do lado dos governos como da parte da sociedade civil. Na ocasião da Rio + 5, realizada em Kyoto (Japão), em 1997, verificou-se que a aplicação das proposta colocadas na Rio 92 referentes à implementação da Agenda 21, encontrava-se deficiente na maioria dos países signatários. Diante deste contexto, estabeleceu-se que a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (CMDS), a chamada Rio+10, ocorrida em 2002 em Johanesburgo, na África do Sul, teria como principal objetivo a obtenção de um plano de ação para aplicação das discussões alcançadas na ocasião da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, Rio 92. A Rio +10 se configurou como a terceira grande reunião mundial com foco nas discussõespautadas nas relações humanas com o meio ambiente, sendo as reuniões anteriores representadas pela Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992, e a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano, ocorrida em Estocolmo no ano de 1972. Diniz (2002) afirma que a importância da realização de eventos mundiais com foco no desenvolvimento sustentável está na necessidade de a humanidade chegar a um acordo sobre o grau de interferência antrópica sobre o meio ambiente, a fim de evitar uma catástrofe que poderia levar, em casos extremos, à impossibilidade da vida humana em determinados lugares ou mesmo no mundo todo. Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 17 No que se refere à Rio +10, verifica-se que, de modo geral, foram poucas as novidades. Porém, destaca-se que foram detalhados alguns objetivos dentro dos princípios já conhecidos nas conferências realizadas anteriormente. No documento final, THE JOHANNESBURG DECLARATION (2002), considerando os desafios nele expressos, são mencionados diversos problemas ambientais de caráter global. É interessante observar que pela primeira vez são destacados problemas associados à globalização, considerando-se que os benefícios e os custos a ela vinculados estão distribuídos de forma desigual no mundo (DINIZ, 2002). Na ocasião da conferência Rio +10, foram apontadas algumas medidas na busca pelo desenvolvimento sustentável, tais como: aumentar a proteção da biodiversidade; viabilizar o acesso à água potável, ao saneamento, ao abrigo, à energia, à saúde e à segurança alimentar; priorizar o combate a diversas situações adversas como a fome crônica, desnutrição, ocupação estrangeira, conflitos armados, narcotráfico, crime organizado, corrupção, desastres naturais, tráfico ilícito de armas, tráfico de pessoas, terrorismo, xenofobia, doenças crônicas transmissíveis (aids, malária, tuberculose e outras), intolerância e incitação a ódios raciais, étnicos e religiosos. Verifica-se que a realização da Conferência em Johanesburgo, foi importante para fazer um balanço da anterior Rio 92. Com foco no desenvolvimento sustentável, cujo conceito tem como base a busca pelo desenvolvimento pautado no suprimento das necessidades do presente sem comprometer a capacidade de gerações futuras de suprir suas próprias necessidades, o objetivo principal se pautava na adoção de um plano de ação direcionado a diversos temas, tais como: a pobreza e a miséria, o consumo, os recursos naturais e a sua gestão e o cumprimento dos direitos humanos. Neste sentido, tem-se que foram postuladas pelos países signatários algumas medidas para efetivação de ações para viabilização do proposto na conferência. Diante das condições verificadas, os países desenvolvidos foram obrigados a: http://pt.wikipedia.org/wiki/Joanesburgo Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 18 alcançar os níveis intencionalmente convencionados de assistência oficial ao desenvolvimento; apoiar a criação de alianças regionais fortes para promover a cooperação internacional; afirmar que o setor privado também tem o dever de contribuir para o desenvolvimento sustentável; criar instituições internacionais e multilaterais mais eficientes, democráticas e responsáveis. Destaca-se como êxito da Rio +10 a ênfase conferida a temas de desenvolvimento social como a erradicação da pobreza, o aceso a água e aos serviços de saneamento, e a saúde. Os países signatários acordaram em reduzir à metade, para o ano 2015, a proporção de pessoas cuja renda seja inferior a 1 dólar por dia, a de pessoas que sofrem de fome e a de pessoas que não tenham aceso a água potável. Outro acordo firmado entre os países apresentou como objetivo fortalecer a contribuição do desenvolvimento industrial à erradicação da pobreza, de maneira compatível com a proteção do meio ambiente. Lestienne (2002) aponta alguns motivos pelos quais foram obtidos poucos avanços após a Rio 92. Segundo o autor, na década de 1990, a busca pelo livre mercado avançou mais rapidamente propostas do desenvolvimento sustentável, com foco no desenvolvimento econômico por parte dos governos dos países em desenvolvimento, sendo deixada em segundo plano a construção da Agenda 21. Confirmando esta afirmação, tem-se como exemplo o Brasil, que apresentou a publicação da sua Agenda 21 apenas em 2002, ano de realização da Conferência de Johanesburgo. Considerando-se o momento histórico relatado, tem-se que a busca pela efetivação das práticas favoráveis ao Desenvolvimento Sustentável não foram concretizadas diante desse contexto de "sociedade-mercado". Dois paradigmas se chocaram: de um lado, as propostas da Rio 92, sublinhando o multilateralismo, a sustentabilidade e a participação ativa da sociedade civil, e de outro a prioridade econômica, insistindo nas forças de mercado, mantendo a sociedade civil à distância dos processos de decisão (LESTIENNE, 2002). http://pt.wikipedia.org/wiki/Joanesburgo Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 19 A prioridade colocada no âmbito da realização da Rio +10, com foco no Desenvolvimento Sustentável, cujo conceito tem como base "um desenvolvimento que responda às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender às suas", fundamenta-se na constatação de que há necessidade em se articular o avanço econômico, a proteção ambiental e o progresso social, de modo a integrar as três dimensões da sustentabilidade. Os principais negociadores na ocasião da Conferência de Johanesburgo eram os chefes das delegações oficiais, destacando-se que cada país tinha um número diferente de negociadores. Quanto mais rico e influente o país, maior o número de negociadores, sendo cada um deles especializado em um determinado ponto de discussão. A delegação oficial brasileira, com 51 membros inscritos, tinha certo peso. Tanto pelos membros, quanto pela floresta amazônica, pelos recursos hídricos e pela sua biodiversidade, e também pelo fato de ter sediado a Rio 92 (LESTIENNE, 2002). Após os debates, foram estabelecidas algumas metas, considerando-se os pontos principais abordados na ocasião da Rio +10, sendo eles água e saneamento; energia, saúde, agricultura e biodiversidade. A seguir, têm-se as propostas de cada um dos pontos: ÁGUA E SANEAMENTO: a proposta de reduzir pela metade, até 2015, o número das pessoas que não têm acesso à água potável (1,1 mil milhão) e ao saneamento (2,4 mil milhões). Esta proposta supõe que se dê acesso à água a 200.000 novas pessoas a cada dia, sendo o custo global avaliado em US$ 180 mil milhões. Porém, não há indicação de quem promoverá tal proposta. ENERGIA: Diante do aquecimento global e das mudanças de climáticas, a proposta da Convenção sobre o clima na "Rio 92" foi de trazer as emissões de gases com efeito estufa ao nível de 1990 até 2000. Diante da não efetivação desta proposta efetuada na ocasião da Rio 92, fez-se o reforço desta proposta por meio do Protocolo de Kyoto, em 1997, o qual fundamenta a redução das emissões de gases de efeito estufa em 5% em relação ao nível de 1990, até o ano de 2012. http://pt.wikipedia.org/wiki/Joanesburgo Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 20 Até a Rio +10, alguns países com significativo potencial poluidor não haviam ratificado o Protocolo de Kyoto, sendo este ponto enfatizado no plano de ação da conferência de Johanesburgo, porém, sem caráter obrigatório. No entanto, a proposta de redução em porcentagem, foi reduzida ao apelo a um "aumento substancial", sem meta quantitativa e sem prazo estipulado. SAÚDE: o texto havia sido aprovado em ocasião anterior, mas o Canadá queria reabrir anegociação, sugerindo um pequeno acréscimo na frase, de modo a contemplar os direitos humanos. Sendo assim, após um amplo debate, a frase antes aprovada, que dizia que os Estados deveriam "fornecer a todos serviços sanitários básicos eficazes, respeitando as legislações nacionais e os valores culturais e religiosos", sem menção do planejamento familiar, passou a ter como integrante a expressão "em conformidade com todos os direitos humanos e as liberdades fundamentais", contemplando então a menção dos direitos humanos no documento. AGRICULTURA: os países em desenvolvimento solicitaram que, tanto na União Europeia como nos Estados Unidos, fossem suprimidas as subvenções à agricultura que impedem a concorrência dos seus produtos agrícolas e os privavam de importantes recursos financeiros. EUA e UE se uniram e conseguiram que fosse implementada uma diminuição e supressão dos subsídios num prazo indefinido. BIODIVERSIDADE: há objetivo preciso. Foi proposto que em 2010 houvesse uma inversão da tendência destrutiva da biodiversidade. No que se refere à pesca, diante da situação que 75% dos cardumes são ameaçados de destruição irreversível, fixou-se o objetivo de não ser permitida a pesca além da capacidade de regeneração dos estoques, para o ano de 2015. Porém, há uma ressalva referente a possibilidade de redução da pesca “onde for possível”, reduzindo um pouco a significância do objetivo. Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 21 Os poucos avanços oriundos da Rio +10, dada a tamanha expectativa diante das propostas colocadas na Rio 92, trouxeram frustrações para muitos e confirmaram algumas hipóteses, considerando a dificuldade dada a complexidade dos assuntos abordados. As apreciações variam, no entanto, é fato que a Conferência de Johanesburgo não atendeu ao que era necessário para encarar os imensos desafios da sustentabilidade. Em linhas gerais, verifica-se que a imposição do fator econômico foi predominante em Johanesburgo. Conforme coloca Lestienne (2002), o texto aprovado contém uma desproporção lamentável entre as declarações e as práticas. Tem-se a determinação irrestrita dos chefes de Estado de encarar os problemas ambientais, sociais e econômicos da sustentabilidade e de alcançar os objetivos sociais do Milênio, porém, o Plano de Ação não contempla os objetivos concretos e as metas quantitativas, com prazos e meios definidos, com procedimentos de implementação e de controle. Não há menção acerca do Protocolo de Kyoto, os subsídios à agricultura, a governança global. Positivamente, aponta-se o apelo à responsabilidade das empresas diante do desenvolvimento sustentável. Desta forma, conclui-se que na Conferência de Johanesburgo predominaram as questões econômicas, com pequenas menções às questões ambientais e um completo descaso com as questões sociais. Rio +20 Após vinte anos da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, conhecida como Rio 92, representantes de nações do mundo todo voltam ao Rio de Janeiro para discutir alternativas para o desenvolvimento sustentável. No período de 13 a 22 de Junho de 2012, aconteceu a Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. Os preparativos para a realização da Rio +20 se iniciaram em 2010, sendo conduzidos pelo Subsecretário-Geral da ONU para Assuntos Econômicos e Sociais e Secretário-Geral da Conferência, Embaixador Sha Zukang, da China. O Secretariado da Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 22 Conferência contou ainda com a participação de dois Coordenadores-Executivos, a Senhora Elizabeth Thompson, ex-Ministra de Energia e Meio Ambiente de Barbados, e o Senhor Brice Lalonde, ex-Ministro do Meio Ambiente da França. Estes preparativos foram complementados pela Mesa Diretora da Rio+20, responsável pela decisão sobre questões referentes à organização do evento. Esta Mesa Diretora foi composta por representantes dos cinco grupos regionais da ONU, com a participação do Embaixador Kim Sook, da Coréia do Sul, e do Embaixador John Ashe, de Antígua e Barbuda. A partir das contribuições enviadas pelos Estados-membros, representantes da sociedade civil e organizações internacionais, o Secretariado preparou um texto-base para a Rio+20, chamado “zero draft” (“minuta zero”), o qual foi negociado em reuniões ao longo do primeiro semestre de 2012. Cronograma da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável: Rio +20 2010 MAIO: 1ª. Sessão do Comitê Preparatório. 2011 JANEIRO: 1ª. Reunião Intersessional do Comitê Preparatório. MARÇO: 2ª. Sessão do Comitê Preparatório. NOVEMBRO: prazo final para submissão às Nações Unidas das contribuições dos Estados, das organizações internacionais e da sociedade civil. SETEMBRO A DEZEMBRO: Reuniões Preparatórias Regionais • América Latina e Caribe – Setembro • África – Outubro • Países Árabes - Outubro Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 23 • Ásia e Pacífico - Outubro • Europa– Dezembro DEZEMBRO: 2ª Reunião Intersessional do Comitê Preparatório: Orientações para a “minuta zero” do Documento Final. 2012 JANEIRO/FEVEREIRO: Consultas informais sobre a minuta de Documento Final. MARÇO: 3ª Reunião Intersessional do Comitê Preparatório. MARÇO/ABRIL: Consultas informais sobre a minuta de Documento Final. MAIO: Consultas informais sobre a minuta de Documento Final. JUNHO: Conferência Rio+20 O principal objetivo da Rio +20 consistiu na renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável, por meio da avaliação do progresso e das lacunas na implementação das decisões adotadas pelas principais cúpulas sobre o assunto e do tratamento de temas novos e emergentes. Na Conferência foram abordados dois temas principais, sendo eles a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza; e a estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável. No que se refere ao tema “Economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza”, o desafio proposto à comunidade internacional é o de pensar um novo modelo de desenvolvimento que seja ambientalmente responsável, socialmente justo e economicamente viável. Assim, a “economia verde” deve ser uma ferramenta para o desenvolvimento sustentável. Quanto ao tema referente à “Estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável”, busca-se aumentar a coerência na atuação das instituições internacionais relacionadas aos pilares social, ambiental e econômico do desenvolvimento, destacando-se a necessidade de fortalecimento do multilateralismo como instrumento legítimo para solução dos problemas globais. Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 24 A Conferência do Rio, em 2012, foi estruturada em três momentos. Primeiramente, de 13 a 15 de junho, ocorreu a III Reunião do Comitê Preparatório, na qual se reuniram representantes governamentais para negociações dos documentos adotados na Conferência. Em seguida, entre 16 e 19 de junho, foram programados os Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável. De 20 a 22 de junho, ocorreram o Segmento de Alto Nível da Conferência, com a presença de diversos Chefes de Estado e de Governo dos países-membros das Nações Unidas. Os Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável foram organizados pelo Governo brasileiro, com o apoio das Nações Unidas. Este momento da Rio +20, representa um espaço para a sociedade civil, incluindo setor privado, ONGs, comunidade científica, entre outros, com o objetivo de discutir temas prioritários relacionados ao desenvolvimento sustentável. Neste momento, não houve participação de governos ou agênciasdas Nações Unidas. Destaca-se que as recomendações indicadas nos Diálogos, foram direcionadas aos Chefes de Estado e de Governo presentes na Cúpula. Os temas debatidos foram escolhidos conforme sua relevância para o aprofundamento da discussão sobre desenvolvimento sustentável, sendo os debates transmitidos em tempo real na web site das nações Unidas. Os temas debatidos foram: Desenvolvimento Sustentável para o combate à pobreza; Desenvolvimento Sustentável como resposta às crises econômicas e financeiras; Desemprego, trabalho decente e migrações; A economia do Desenvolvimento Sustentável, incluindo padrões sustentáveis de produção e consumo; Florestas; Segurança alimentar e nutricional; Energia sustentável para todos; Água; Cidades sustentáveis e inovação; Oceanos. Com o estabelecimento dos Diálogos, o Governo Brasileiro visou contribuir com as discussões, através da manifestação da sociedade civil, sendo estas conhecidas pelos http://www.rio20.gov.br/sala_de_imprensa/notas/governo-brasileiro-organizara-os-dialogos-para-o-desenvolvimento-sustentavel-de-16-a-19-de-junho-nota-003-2012 http://www.rio20.gov.br/sala_de_imprensa/notas/governo-brasileiro-organizara-os-dialogos-para-o-desenvolvimento-sustentavel-de-16-a-19-de-junho-nota-003-2012 Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 25 Chefes de Estado e de Governo presentes na Cúpula, tendo em vista que a participação pública é essencial para a promoção do desenvolvimento sustentável como o paradigma para a ação. No que se refere aos resultados obtidos na ocasião da Rio +20, tem-se que, como todas as grandes reuniões, muitas são as expectativas, e, muitas vezes, dada a complexidade dos assuntos abordados, nem sempre os resultados são os esperados. O Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, no âmbito da Assembleia Geral da ONU, ocorrida no dia 28 de Junho, apontou destaques obtidos na ocasião da Rio +20, os quais estão dispostos no documento final da Conferência, denominado “O futuro que queremos”: A Rio+20 renovou e reforçou o compromisso político para o desenvolvimento sustentável; Equilibrou as visões de 193 Estados-Membros das Nações Unidas e reconheceu a pobreza como o maior desafio para o bem-estar econômico, social e ambiental; Os Estados-Membros concordaram em lançar um processo para estabelecer Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Os ODS estarão baseados nos avanços no âmbito dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), e eles serão parte integral do quadro de desenvolvimento pós-2015; Ênfase na importância da igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres; Ênfase no estabelecimento de parcerias entre os governos e os principais grupos da sociedade civil, incluindo o setor privado; Fortalecimento do apoio às ações internacionais para o desenvolvimento sustentável, incluindo o estabelecimento de um fórum político de alto nível sobre o desenvolvimento sustentável e do fortalecimento do Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA); Adoção de um quadro de dez anos de Programas sobre o Consumo e a Produção Sustentáveis; Reconhecimento da necessidade de ir além do Produto Interno Bruto (PIB) como uma medida do progresso, e também no que se refere ao Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 26 papel que a economia verde pode desempenhar na redução da pobreza, no crescimento econômico e na preservação ambiental; Reconhecimento do direito à alimentação e a importância da segurança alimentar e nutricional para todos, ressaltando que estes podem ser alcançados através da agricultura e dos sistemas alimentares sustentáveis. Neste sentido, foi lançado o “Desafio Fome Zero”. Observa-se que a Rio +20, considerando-se os destaques apontados por Ban Ki- moon, não alcançou resultados práticos para a efetivação do desenvolvimento sustentável. A crise econômica mundial, as eleições nos Estados Unidos, os conflitos na Síria, dentre outros fatores, impediram que a atenção do mundo fosse voltada completamente para o Rio de Janeiro. Em linhas gerais, após vinte anos da primeira conferência do Rio, o compromisso retórico com o desenvolvimento sustentável foi renovado. Houve por parte dos países o comprometimento com o combate à pobreza, além de serem reafirmados os princípios colocados na ocasião da Rio 92, principalmente no que se refere à Agenda 21. Segundo o negociador chefe do Brasil, o embaixador André Aranha Corrêa do Lago, que atuou também como facilitador durante as negociações, "Dois objetivos importantes foram alcançados. Despertar uma geração para o que foi feito em 1992 (Rio) e 2002 (Johanesburgo) e voltar a utilizar os instrumentos do desenvolvimento sustentável". Porém, a crítica apresentada pelos veteranos da última conferência, como Maurice Strong e Gro Harlem Brundtland, de que muito foi dito e pouco foi de fato colocado em prática, permanece. Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 27 1. Comente quais foram os principais avanços alcançados na ocasião das Conferências Rio 92, Rio +10 e Rio +20. ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 2. Qual a sua opinião em relação a não renovação do Protocolo de Kyoto pelo Canadá, Japão e Rússia, na 17ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-17), na cidade sul-africana de Durban? ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 28 CAPÍTULO III USO RACIONAL DOS RECURSOS NATURAIS E CONSUMO SUSTENTAÁVEL Carl Sagan (1934-1996), um renomadocientista e astrônomo estadunidense, diante da dificuldade humana em abstrair grandes dimensões de tempo, publicou uma forma simplificada para demonstrar o quanto a história do homem é recente. Este cientista representou os 13,7 bilhões de anos da história do Universo em apenas um. Segundo ele, se considerarmos o surgimento do Universo ocorrido à zero hora do dia primeiro de Janeiro, teríamos que o homem surgiria no planeta nos últimos sete minutos do ano! Embora recente, o homem modificou drasticamente o espaço sem priorizar a preservação dos recursos naturais. Felizmente, diante de tantas catástrofes, assuntos referentes à preservação da natureza estão em pauta e o uso racional dos recursos naturais é uma necessidade emergente. Considerando a necessidade em se disseminar práticas sustentáveis, serão abordadas questões referentes ao consumo sustentável, voltados à conservação e ao uso racional dos recursos naturais. Responsabilidade Ambiental Responsabilidade ambiental é um conjunto de atitudes voltadas para o desenvolvimento sustentável do planeta. Estas atitudes devem considerar o crescimento econômico ajustado à proteção do meio ambiente na atualidade e para as gerações futuras, garantindo a sustentabilidade. A responsabilidade ambiental deve ser disseminada em todos os setores da sociedade, visando à tomada de consciência de toda a sociedade, por meio da educação Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 29 ambiental e, principalmente, por meio da efetivação de práticas que possam colaborar na busca pelo desenvolvimento sustentável. Observa-se que muitas vezes o uso do termo desenvolvimento sustentável tem sido utilizado de maneira mercadológica, muitas vezes não sendo incorporado de forma natural. Lamentavelmente, o uso do termo com vistas ao marketing é uma constante. O pior de tudo, é que esta noção aplicada ao desenvolvimento sustentável apresenta-se, em alguns casos, vinculada à obtenção de vantagens tais como a redução de impostos, ou mesmo a ferramenta para o acréscimo de valor ao produto ecologicamente correto. Por outro lado, tem-se que, embora rotulado para a obtenção de vantagens, algumas propostas acabam por contribuir com a preservação ambiental, além de propagar o assunto, tornando-o mais integrado ao cotidiano. Programas sociais, organizações não governamentais, bem como o setor privado, têm apresentado medidas e ações que colaboram com a disseminação do conceito de desenvolvimento sustentável, definido no relatório Nosso Futuro Comum como sendo a busca pela satisfação das necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades. Estas ações devem ser cada vez mais numerosas, principalmente devido à ênfase colocada sobre a sustentabilidade nos dias atuais. Dados os padrões de consumo e ao crescimento populacional, tem-se evidenciada a necessidade em se priorizar o desenvolvimento pautado em práticas ecologicamente corretas, mesmo sendo elas instigadas a partir das vantagens adquiridas, muitas vezes não voltadas à tomada de consciência natural do ser humano. Espera-se que esta tomada de consciência natural, voltada na preocupação com o próximo, seja uma realidade. Porém, tem-se que o tratamento natural das questões referentes ao desenvolvimento sustentável só será possível por meio da educação ambiental. Desta forma, faz-se necessário o incentivo a práticas voltadas ao uso racional dos recursos naturais, visando o consumo sustentável. No que se refere às práticas voltadas à sustentabilidade, tem-se que estas podem ser realizadas de forma individual ou mesmo a partir de iniciativas empresariais. Dentre as práticas que envolvem a responsabilidade ambiental individual pode-se destacar: Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 30 Realizar a reciclagem de resíduos sólidos; Destinar corretamente o óleo de cozinha, não jogando este na rede de esgoto; Economizar água; Buscar consumir produtos com certificação ambiental e de empresas que respeitem o meio ambiente em seus processos produtivos; Priorizar o uso do transporte coletivo ou bicicleta; Priorizar o uso de eletrodomésticos com baixo consumo de energia; Evitar o uso de sacolas plásticas. Dentre as práticas empresariais voltadas à sustentabilidade, pode-se destacar: Criação e implantação de um sistema de gestão ambiental na empresa; Tratamento e reutilização da água dentro do processo produtivo; Preferência de utilização de produtos que provoquem o mínimo possível de impacto ambiental; Priorizar o uso de sistemas de transporte não poluentes ou com baixo índice de poluição; Criação de sistema de reciclagem de resíduos sólidos dentro da empresa; Favorecer o treinamento, a informação e a conscientização sobre a importância da sustentabilidade e do uso racional dos recursos naturais; Priorizar a aquisição de matéria prima de empresas que estejam voltadas aos princípios da responsabilidade ambiental; Priorizar, sempre que possível, o uso de fontes de energia limpas e renováveis no processo produtivo; Evitar a adoção de ações que possam provocar danos ao meio ambiente como, por exemplo, poluição de rios e desmatamento. Considerando a emergente necessidade de se promover o desenvolvimento sustentável, faz-se necessário a disseminação de práticas voltadas à responsabilidade ambiental. Embora seja conhecido que os interesses econômicos muitas vezes não priorizam a busca pelo desenvolvimento sustentável, tem-se a esperança de que as boas Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 31 práticas, sendo elas individuais e/ou empresariais, aos poucos se tornem práticas pautadas no bom censo e no respeito às futuras gerações. Exemplos de práticas sustentáveis Reciclagem O termo reciclagem é geralmente utilizado para designar o reaproveitamento de materiais beneficiados como matéria prima para a produção d um novo produto. Os exemplos mais comuns de materiais que podem ser reciclados são o papel, o vidro, o metal e o plástico. Tem-se que o incentivo a reciclagem tornou-se uma prática essencial em termos de sustentabilidade haja vista a necessidade de redução do crescente impacto ambiental associado à extração, geração, beneficiamento, transporte, tratamento e destinação final de matérias-primas, que por sua vez provocam o aumento de lixões e aterros sanitários. Além disso, considera-se que a reciclagem de resíduos deve ser incentivada e expandida, visando a redução do consumo de matérias-primas, dos recursos naturais não renováveis, da energia e da água utilizada nos processos de produção. No que se refere aos resultados da reciclagem, tem-se que estes são expressivos, tanto no âmbito ambiental, quanto nos âmbitos econômico e social. Quanto aos aspectos econômico e social, tem-se que a reciclagem contribui para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, além de favorecer a geração de empregos. Quanto ao meio ambiente, a reciclagem colabora na redução da acumulação de resíduos, além de favorecer a redução da utilização de recursos naturais para a produção de novos produtos, como exemplo, pode-se citar os benefícios da reciclagem do papel, que favorece a redução do corte de árvores, redução das agressões ao solo, ar e água, redução das emissões de gases como metano e dióxido de carbono. http://pt.wikipedia.org/wiki/Material http://pt.wikipedia.org/wiki/Produto Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 32 Coleta Seletiva Uma das formas de implementação da reciclagem, utilizada correntemente nos projetos de Educação Ambiental, é a realização da coleta seletiva. Coleta seletiva é o termo utilizado para o recolhimento dos materiais quepodem ser reciclados, sendo estes previamente separados na fonte geradora. Ao ser separada na fonte geradora, ou seja, imediatamente após o consumo, evita-se a contaminação dos materiais reaproveitáveis, aumentando o valor agregado destes materiais, além de reduzir os custos da reciclagem. Considerando-se a necessidade em se estabelecer a coleta seletiva, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), por meio da Resolução N° 275 de 25 de Abril de 2001, estabeleceu o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na identificação de coletores e transportadores, bem como nas campanhas informativas para a coleta seletiva, considerando que os programas de coleta seletiva, criados e mantidos no âmbito de órgãos da administração pública federal, estadual e municipal, direta e indireta, e entidades paraestatais, devem seguir o padrão de cores estabelecido nesta resolução, conforme disposto a seguir: Padrão de cores estabelecidas pela Resolução CONAMA N°275/2001 Figura 01: Cores estabelecidas pela resolução CONAMA N°275/2001. Fonte: Sustentabilidade na Real. Disponível em: http://www.sustentabilidadenareal.com/2011_06_01_archive.html. Acesso em: jun. 2012. http://www.sustentabilidadenareal.com/2011_06_01_archive.html Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 33 Deve-se acrescentar que, para se iniciar um processo de coleta seletiva faz-se necessária a realização de uma avaliação prévia, quantitativamente e qualitativamente, de modo a conhecer o perfil dos resíduos sólidos gerados em determinado município ou localidade, a fim de estruturar melhor o processo de coleta. Figura 02: Coleta Seletiva. Fonte: Envolverde. Disponível em: http://envolverde.com.br/ambiente/artigo/coleta-seletiva-em- sao-paulo-pede-adequacao/ Acesso em: jun. 2012. O planejamento no processo de instalação de um processo de coleta seletiva, na etapa de elaboração do projeto, deve passar por um detalhado levantamento da realidade na qual será instalado. Neste momento, deve-se atentar para a aplicação de recursos no que se refere à aquisição de lixeiras, ou seja, estas devem estar de acordo com o consumo ali estabelecido, além de se considerar também a dinâmica pra a instalação dos chamados “ecopontos”, observando-se a localização e até mesmo o design das lixeiras, buscando assim a máxima otimização do sistema de coleta implantado. Nos dias atuais, com o avanço tecnológico, apenas uma ínfima parte dos resíduos urbanos não são passíveis de reaproveitamento, sendo direcionados para unidades de eliminação dos mesmos, normalmente os aterros sanitários4. A inserção da 4 Os aterros sanitários são grandes terrenos nos quais o lixo é depositado, comprimido e depois espalhado por tratores em camadas separadas por terra. As extensas áreas que ocupam, bem como os problemas ambientais que podem ser causados pelo seu manejo inadequado, tornam problemática a localização dos aterros sanitários nos centros urbanos maiores, apesar de serem a alternativa mais econômica em curto prazo. http://pt.wikipedia.org/wiki/Munic%C3%ADpio http://envolverde.com.br/ambiente/artigo/coleta-seletiva-em-sao-paulo-pede-adequacao/ http://envolverde.com.br/ambiente/artigo/coleta-seletiva-em-sao-paulo-pede-adequacao/ http://pt.wikipedia.org/wiki/Lixo_urbano http://pt.wikipedia.org/wiki/Aterros_sanit%C3%A1rios Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 34 coleta seletiva apresenta-se como uma alternativa na busca pela resolução dos problemas de acumulação de lixo em centros urbanos, além de viabilizar a reutilização de materiais, propiciando assim vantagens ambientais e econômicas. Desta forma, destaca-se a necessidade de envolvimento da sociedade em projetos voltados à coleta seletiva, tanto na proposição quanto na participação de programas desta natureza, os quais visam a melhoria da qualidade de vida, contribuindo significativamente com a viabilização do desenvolvimento sustentável. É importante enfatizar que os maiores beneficiados com a implantação do sistema de coleta seletiva são o meio ambiente e a saúde da população. Por meio da reciclagem, reduz-se a utilização dos aterros sanitários, prolongando sua vida útil e implicando na redução significativa dos níveis de poluição ambiental. Economicamente, tem-se que a implantação dos processos de coleta de lixo e reciclagem é mais onerosa que a realização da coleta convencional. Entretanto, iniciativas comunitárias e empresariais podem contribuir na redução dos custos, visando à melhoria da qualidade de vida e a redução dos impactos ambientais, além da geração de empregos e da responsabilidade ambiental. Outro ponto a ser considerado quanto à implantação da coleta seletiva, refere-se ao exercício da cidadania pelos cidadãos no que se refere à administração do município, tem-se que ao se viabilizar a implantação da coleta seletiva, favorece-se um estreitamento na relação entre o poder público e cidadãos. Diante de tantos benefícios, tem-se que a implantação de sistema de coleta seletiva consiste em uma interessante ferramenta para a viabilização do desenvolvimento sustentável, considerando-se que esta implantação envolve vários procedimentos que devem se pautar na medida de conscientização e fomento à participação da sociedade como um todo, com o envolvimento da população, da iniciativa privada e do poder público. http://pt.wikipedia.org/wiki/Econ%C3%B4mica Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 35 Energias Alternativas A energia tem sido desde tempos primordiais, a base de desenvolvimento das civilizações. As necessidades energéticas são crescentes nos dias atuais, seja para a produção de alimentos, de bens de consumo, de lazer, dentre outras necessidades, que se tornam imprescindíveis na promoção do desenvolvimento econômico, social e cultural. Conforme apontado pela ONU, 3 bilhões de pessoas dependem de recursos da “biomassa tradicional”, a exemplo do carvão, para a realização de atividades diárias, tais como aquecimento e cozimento de alimentos, sendo ainda que cerca de 1,4 bilhão de pessoas ainda carece de acesso a fontes energéticas modernas. Diante destas condições, considerando o efeito imprescindível da energia no que se refere à produtividade, saúde e educação, além da segurança alimentar e serviços de comunicação, a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou 2012 como o Ano Internacional de Energia Sustentável para Todos. É importante destacar que o termo fonte alternativa de energia é sinônimo de uma energia limpa, pura, não poluente, a princípio inesgotável e que pode ser encontrada em qualquer lugar pelo menos a maioria na natureza (SANTOS; MOTHÉ, 2008). Sendo assim, ao se observar a importância do aumento do acesso à energia renovável, a iniciativa da ONU com o Ano Internacional de Energia Sustentável para Todos, tem como objetivo destacar a esta importância, chamando a atenção do mundo para a questão da viabilização do uso de fontes alternativas de energia, haja vista que, de acordo com especialistas, a falta de acesso à energia limpa e barata impede o desenvolvimento socioeconômico e humano de comunidades inteiras. Além disso, destaca-se que o acesso à energia sustentável é uma das ferramentas para que o mundo alcance os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), propostos pela ONU em 2000. Ao se considerarem as chamadas “fontes alternativas de energia” tem-se que estas, além de não prejudicar a natureza, são renováveis. Dentre os exemplos de fontes renováveis pode-se citar a energia solar (painel solar, célula fotovoltaica), a energia Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 36 eólica (turbina eólica, cata-vento), a energia hídrica (roda d’água,turbina aquática), a biomassa (matéria de origem vegetal) e as células a combustível. (SANTOS; MOTHÉ, 2008). Energia solar A utilização da energia solar para produção de energia elétrica é um recurso interessante que pode ser viabilizado em países com sol abundante durante a maioria dos meses do ano, como no Brasil. A geração de energia elétrica por meio de energia solar, torna-se possível por meio de painéis solares e células fotovoltaicas. A energia solar pode ser usada de duas formas, por meio da transformação de raios solarem em outras formas de energia térmica ou elétrica, conhecido como método ativo, e também por meio da utilização dos raios solares para fins de aquecimento, denominado método passivo, sendo esta utilização mais comum em locais com clima frio como opção para calefação. Figura 03: Células fotovoltaicas Fonte: Eficiência Energética . Disponível em: http://eficienciaenergtica.blogspot.com.br/2010/06/modulos-fotovoltaicos-i.html Acesso em: jun. 2012. Quanto à utilização de painéis fotovoltaicos tem-se que esta é uma das mais promissoras fontes de energia renovável, cuja principal vantagem consiste na quase total ausência de poluição. Os fatores limitantes para a viabilização do uso destes http://eficienciaenergtica.blogspot.com.br/2010/06/modulos-fotovoltaicos-i.html Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 37 dispositivos concentram-se nos custos de produção e no baixo rendimento. (SANTOS; MOTHÉ, 2008). Energia eólica A energia eólica consiste na energia gerada pelo vento, a qual pode ser canalizada pelas chamadas turbinas eólicas ou pelo tradicional catavento. A utilização desta alternativa está vinculada à dinâmica das massas de ar. Segundo especialistas, a energia cinética resultante do deslocamento das massas de ar pode ser transformada em energia mecânica ou elétrica, porém a produção em grande escala torna-se favorável em regiões que tenham ventos com velocidade média de 6 m/seg ou superior. Figura 04: Turbinas para geração de energia eólica. Fonte: Natureza ecológica . Disponível em: http://naturezaecologica.com/tag/energia-eolica/Acesso em: jun. 2012. Biomassa A biomassa é definida como sendo a fração biodegradável de produtos e resíduos da agricultura, incluindo substâncias vegetais e animais, bem como a fração biodegradável dos resíduos industriais e urbanos (SANTOS; MOTHÉ, 2008). http://naturezaecologica.com/tag/energia-eolica/ Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 38 Constituída principalmente por substâncias de origem orgânica, a biomassa proporciona a obtenção de energia através da combustão da lenha, bagaço de cana-de- açúcar, resíduos florestais, resíduos agrícolas, dentre outras. É uma fonte alternativa de obtenção de energia interessante, dado o volume de biomassa disponível no mundo. Dentre as principais vantagens da biomassa pode-se citar: Baixo custo de operação; Facilidade de armazenamento e transporte; Proporciona o reaproveitamento dos resíduos; Alta eficiência energética; É uma fonte energética renovável e limpa. Tem-se que a utilização da biomassa como fonte de energia importante na produção de biocombustíveis, como por exemplo, o biodiesel e o biogás. Após a crise do petróleo em 1973, o governo brasileiro começou a incentivar a produção de cana-de-açúcar, com a finalidade de produzir álcool combustível. Desta forma, a economia brasileira ficaria menos dependente do petróleo. Por meio do Programa Nacional do Álcool (Próalcool) o governo brasileiro buscou fomentar o uso de etanol como combustível da frota nacional de veículos leves, principalmente automóveis, na tentativa de reduzir as importações de petróleo. Neste sentido, a indústria automobilística brasileira passou a fabricar um grande número de carros movidos a álcool combustível, contando com a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), fator este incentivador das vendas. A partir de 1986, diante da queda dos preços internacionais do petróleo, a competitividade do álcool combustível foi reduzida. Além disso, com a crescente prospecção de extração do petróleo pela Petrobrás, reduziu-se a necessidade de importação do petróleo. Com a produção nacional, tornou-se complicado manter o preço do álcool combustível em condição de competir com o da gasolina. Vantagens e desvantagens do uso do álcool combustível Menor dependência de combustíveis fósseis importados, e da variação do preço dos mesmos. Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 39 Menor emissão de poluentes, já que grande parte dos poluentes resultantes da queima do combustível no motor é reabsorvida no ciclo de crescimento da cana de açúcar, e os resíduos das usinas são totalmente reaproveitados na lavoura e na indústria. Os subprodutos da cana são utilizados no próprio ciclo produtor de álcool, como fonte de energia elétrica obtida pela queima do bagaço, e como fertilizante da terra utilizada no plantio, através do chamado vinhoto, tornando uma usina de álcool autodependente. Desgaste excessivo dos solos. Aumento da concentração fundiária e do êxodo rural. Células a combustível A produção de energia por meio da célula a combustível é baseada no uso de hidrogênio, favorecendo a obtenção de energia em grande quantidade, além de apresentar como produto da queima do hidrogênio, a água. Tem-se que o uso do hidrogênio como combustível é polêmico, haja vista que este não constitui uma fonte primária de energia. Porém, pode ser facilmente fabricado a partir de outras fontes de energia. (SANTOS; MOTHÉ, 2008). Figura 05: Células a combustível Disponível em: http://www.electrocell.com.br/oqueeacc_pt.htm Acesso: 09/06/2013 http://www.electrocell.com.br/oqueeacc_pt.htm Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 40 Figura 06 Carro movido a células a combustível Disponível em: http://quatrorodas.abril.com.br/noticias/sustentabilidade/suzuki- produzira-celulas-combustivel-yokohama-734124.shtml - Acesso: 09/06/2013 Figura 07 Ônibus movido a célula a combustível Disponível em: http://www.fortalbus.com/2011/04/designer-hungaro-cria-onibus.html - Acesso: 09/06/2013 http://quatrorodas.abril.com.br/noticias/sustentabilidade/suzuki-produzira-celulas-combustivel-yokohama-734124.shtml http://quatrorodas.abril.com.br/noticias/sustentabilidade/suzuki-produzira-celulas-combustivel-yokohama-734124.shtml http://www.fortalbus.com/2011/04/designer-hungaro-cria-onibus.html Biblioteca online – sem valor comercial. Proibida a venda e a reprodução. 41 Energia Geotérmica Definição: A energia geotérmica existe desde que o nosso planeta foi criado. Geo significa terra e térmica está ligada à quantidade de calor. Abaixo da crosta terrestre existe uma rocha líquida, o magma. A crosta terrestre flutua nesse magma, que por vezes atinge a superfície através de um vulcão ou de uma fenda. Os vulcões, as fontes termais e as fumarolas são manifestações conhecidas desta fonte de energia. O calor da terra pode ser aproveitado para usos diretos, como o aquecimento de edifícios e estufas ou para a produção de eletricidade em centrais geotérmicas. Em Portugal, existem alguns aproveitamentos diretos, como o caso da Central Geotérmica em São Miguel (Açores). Pontos Positivos: *Umas das mais benignas fontes de energia; *Mais barata que os combustíveis fósseis; *A emissão de gases poluentes (CO2 e SO2) é praticamente nula; *Produz energia independente de variações como chuvas, níveis de rios, etc.; *A área requerida para a instalação da usina é pequena; *Estimula os negócios regionais; *Pode abastecer comunidades isoladas; * Baixo custo de operação, devido ao baixo custo do combustível. Pontos Negativos:
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