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@dicas.exconcurseira 1 DIREITO PREVIDENCIÁRIO @dicas.exconcurseira 2 SUMÁRIO AULA 01 – Seguridade Social...........................................................................................................................................................3 AULA 02 – Previdência Social.........................................................................................................................................................12 AULA 03 – Legislação Previdenciária.............................................................................................................................................20 AULA 04 – Regime Geral de Previdência Social (RGPS) – Segurados.............................................................................................24 AULA 05 – Dependentes do RGPS.................................................................................................................................................36 AULA 06 – Acidente de trabalho...................................................................................................................................................40 AULA 07 – Plano de Benefícios do RGPS.......................................................................................................................................45 AULA 08 – Benefícios em espécie do RGPS...................................................................................................................................50 AULA 09 – Aposentadorias do RGPS.............................................................................................................................................61 AULA 10 – Regras de transição das aposentadorias do RGPS.......................................................................................................69 AULA 11 – Segurado especial........................................................................................................................................................77 AULA 12 – Salário-família e Salário-maternidade.........................................................................................................................90 AULA 13 – Pensão por morte e Auxílio-reclusão..........................................................................................................................94 AULA 14 – Abono anual..............................................................................................................................................................110 AULA 15 – Serviços da Previdência Social...................................................................................................................................112 AULA 16.1 - Decadência e prescrição dos benefícios..................................................................................................................114 AULA 16.2 – Justificação administrativa......................................................................................................................................116 AULA 16.3 – Desconto nos benefícios.........................................................................................................................................117 AULA 16.4 – Contagem recíproca de tempo de contribuição.....................................................................................................118 AULA 16.5 – Reconhecimento de filiação....................................................................................................................................123 AULA 17 – Financiamento da Seguridade Social..........................................................................................................................126 AULA 18.1 – Empregador doméstico e empresas........................................................................................................................130 AULAS 18.2 a 18.4 – Salário de contribuição...............................................................................................................................131 AULAS 19.1 e 19.2 – Contribuição dos segurados.......................................................................................................................136 AULAS 19.3 a 19.6 - Empregado..................................................................................................................................................141 AULA 20 – Contribuição previdenciária dos empregadores........................................................................................................146 AULA 21 – Arrecadação e recolhimento das contribuições previdenciárias...............................................................................151 AULA 22 – Assistência Social (BPC – LOAS) .................................................................................................................................159 AULA 23 – Crimes contra a Seguridade Social.............................................................................................................................175 AULA 24 – Atualização do Regulamento da Previdência Social...................................................................................................179 AULA 25 – Seguro desemprego....................................................................................................................................................184 AULA 26 – Benefício assistencial do trabalhador portuário avulso..............................................................................................189 Este material foi feito com base nas aulas da professora Adriana Menezes, Curso Começando do Zero (CERS), ano 2020. @dicas.exconcurseira 3 AULA 01 SEGURIDADE SOCIAL 1.1. Origem e Evolução legislativa no Brasil A previdência social nasce na Europa como uma forma do Estado amparar os trabalhadores, na época da Revolução Industrial, tendo como países precursores a Inglaterra e a Alemanha. A primeira Constituição brasileira – de 1824 -, durante o Império, não trata da previdência; apenas trata dos “socorros púbicos”. É apenas com a Constituição Republicana de 1891 que se menciona, pela primeira vez, a expressão “aposentadoria”, que era concedida a funcionários públicos, em caso de invalidez permanente. O ano de 1923 foi considerado o marco da previdência social no Brasil, porque foi nele quando foi editado o Decreto- Legislativo nº 4.682/1923, chamado Lei Eloy Chaves, que possui uma boa estrutura normativa e cria as Caixas de Aposentadoria e Pensão aos empregados das empresas de estradas de ferro no Brasil. Essas caixas de aposentadorias e pensões são vinculadas às empresas ferroviárias. Embora seja considerada o marco da previdência social no Brasil, a Lei Eloy Chaves não é considerada o primeiro ato normativo que se tem em termos de previdência no Brasil. Isso porque em 1919, já tinha sido editado o Decreto-Legislativo nº 3.742/1919, que tratava do seguro obrigatório de acidentes do trabalho. Nos anos de 1920, outras caixas de aposentadorias foram criadas por outras empresas. Na década de 1930, as CAPs (caixas de aposentadoria e pensões) são substituídas pelos IAPs (Institutos de Aposentadorias e Pensões). Qual é a diferença entre eles? As CAPs estavam vinculadas diretamente às empresas (o Estado não administrava); enquanto que os IAPs são administrados pelo Estado e são criados para proteger a categoria de trabalhadores. O primeiro Instituto de Aposentadoria e Pensão criado no Brasil foi o IAPM (Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Marítimos), criado em junho de 1933. Os IAPs duraram até a década de 50. A Constituição brasileira de 1934 foi a primeira a estabelecer a forma tríplice de fonte de custeio da previdência: Estado, trabalhador eempregador. Foi também a primeira Constituição a utilizar a palavra “Previdência”, sem o adjeto “social”. Em 1946, temos uma nova Constituição que passa a utilizar a expressão “previdência social”, substituindo a expressão “seguro social”. Em 1960, cria-se a Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS), que unificou toda a legislação securitária. Também na década de 60 é instituído o Fundo de Assistência e Previdência do Trabalhador Rural (FUNRURAL), por meio da Lei 4.214/1963. E aí temos de forma separada a previdência urbana x a previdência rural. Em 1966, pelo Decreto-Lei 72/1966, os IAPs foram unificados no Instituto Nacional da Previdência Social (INPS). Este decreto entra em vigor em janeiro de 1967. Assim, o INPS passa a existir apenas em janeiro de 1967. A legislação anterior, que tratava sobre o seguro contra acidente de trabalho, foi substituída, em 1967, pela Lei 5.316/1967 – integrando o seguro de acidente de trabalho à previdência social, fazendo, assim, desaparecer este seguro como ramo à parte. Em 1971, foi criado o PRORURAL (Programa de Assistência ao Trabalhador Rural), de natureza assistencial, cujo principal benefício era a aposentadoria por velhice, após 65 anos de idade, equivalente a 50% do salário mínimo de maior valor no País. Em 1977, é criado o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS) – assunto bastante recorrente em provas, do qual faziam parte: • INPS (Previdência Social); • INAMPS (Assistência Médica); • IAPAS (arrecadação, cobrança e fiscalização das contribuições previdenciárias); • CEME (Central de Medicamentos); • LBA (Legislação Brasileira de Assistência); • Funabem (Fundação Nacional do bem-estar do menor); e • DATAPREV (Empresa Pública de Processamento de Dados da Previdência Social). Em 1988, é promulgada nossa atual Constituição, que reformula esse modelo na ordem social. Pela primeira vez, na CF/88, há, em seu texto, o conceito de seguridade social. De acordo com o caput do art.194 da CF, seguridade social é o conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos à Saúde, à Previdência e à Assistência Social. O modelo do SINPAS não vai mais corresponder à nova ordem constitucional, a exemplo do INAMPS, que é extinto (em 1990), após o art.196 afirmar que a saúde é um direito de todos e será assegurada pelo sistema do SUS. A Lei 8.029/1990 criou o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), autarquia federal, vinculada ao atual Ministério da Economia, por meio da fusão do INPS com o IAPAS. Quando o INSS é criado, ele tinha a atribuição de arrecadar, cobrar e fiscalizar as contribuições previdenciárias. O INSS vai perder essa atribuição em outubro em 2004, quando a Secretaria da Receita Previdenciária foi criada e vinculada ao Ministério da Previdência Social. Em 2007, esta Secretaria é extinta e a administração das contribuições previdenciárias passa a ser da chamada “Super Receita” (Receita Federal do Brasil). Os créditos, que antes eram considerados créditos do INSS, passam a ser créditos da União. @dicas.exconcurseira 4 De 1988 pra frente, já tivemos 3 reformas previdenciárias, além de muitas alterações por lei. A primeira reforma foi feita pela Emenda Constituição nº 20 de 1998, que instituiu a aposentadoria por tempo de contribuição, entre outras coisas (antes a aposentadoria era por tempo de serviço; inclusive, se você verifica a Lei 8.213, ainda está lá a aposentadoria por tempo de serviço, com regras anteriores à EC 20/98 – os arts.52 a 56 da Lei 8.213 não iremos estudar!). Nasce, com a EC 20/98, o chamado “fator previdenciário” para cálculo da aposentadoria. Em 2003, tivemos a 2ª Reforma Previdenciária por meio da EC nº 41/2003, a qual atinge muito a previdência social dos servidores públicos, passando a permitir a instituição de contribuição sobre aposentadorias e pensões nos regimes próprios de previdência. Os servidores públicos ocupantes de cargos efetivos que ingressarem após a EC 41/2003 perdem o direito à paridade, ou seja, a manter o valor de sua aposentadoria ou pensão igual à remuneração dos servidores ativos; e nem tem mais a chamada “integralidade”, que significa que eles não vão mais se aposentar com o mesmo valor da remuneração que vinham recebendo na ativa. É o fim da paridade e da integralidade do servidor público efetivos amparados por regime próprio de previdência social. Com a Lei 11.457/07, a Secretaria da Receita Federal passa a ter a denominação de Secretaria da Receita Federal do Brasil (SRFB), com atribuição, a partir de maio de 2007, de fiscalizar, arrecadar e cobrar as contribuições previdenciárias. Em 2012, com a Lei 12.618/12, a União, em observância ao disposto no art.40, §14, da CF, institui o Plano de Previdência Complementar para os servidores públicos federais titulares de cargo efetivo. Isso é muito importante, porque a partir do momento que entra em vigor o Regime de Previdência Complementar para os seus servidores, quem ingressar a partir dali no serviço público federal passa a ter a sua aposentadoria ou pensão por morte com valor limitado ao teto do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), podendo, os servidores que já estavam no serviço público, optarem por participar desse regime. A LC 152/2015 regulamentou a aposentadoria compulsória do servidor público aos 75 anos de idade. Antes, aposentava- se compulsoriamente aos 70 anos de idade. Em 2017, tivemos a Reforma Trabalhista (Lei 13.467), que repercutiu na esfera previdenciária, porque alterou artigos que dizem respeito às contribuições previdenciárias sobre parcelas que são incluídas ou não na incidência da contribuição previdenciária. Em 2019, tivemos a chamada Mini Reforma Previdenciária, porque tais mudanças foram feitas por Medida Provisória, posteriormente convertida em lei. A Lei 13.846/2019 traz alterações significativas para o sistema geral de previdência social (RGPS), como, por exemplo, institui carência para concessão do auxílio reclusão. No final de 2019, temos a nova grande reforma previdenciária trazida pela EC 103/2019, que entra em vigor no dia 13 de novembro de 2019. Com a EC 103/2019: • Extinguiu-se a chamada “aposentadoria por tempo de contribuição” e a “aposentadoria por idade” à que deu lugar à Aposentadoria Programada/Voluntária, que leva em consideração o critério etário (idade mínima) + tempo de contribuição; • Alteração no cálculo dessa aposentadoria à a base de cálculo para o cálculo da aposentadoria muda. Faz-se uma média de todos os salários de contribuição do segurado a partir de julho de 1994. • O cálculo da pensão por morte aos dependentes do segurado muda significativamente (ainda iremos ver). QUADRO EVOLUTIVO Origem histórica da seguridade social Europa, Revolução Industrial. Constituição de 1824 (Brasil Império) Não falava em “previdência”; apenas em “socorros públicos”. Constituição de 1891 (Brasil República) Menciona, pela 1ª vez, o termo “aposentadoria”, destinada aos funcionários públicos em caso de invalidez permanente. Decreto-Legislativo nº 4.682/1923 (Lei Eloy Chaves) Marco da Previdência Social no Brasil. Criou as Caixas de Aposentadoria e Pensão aos empregados das empresas de estrada de ferro, vinculadas às empresas ferroviárias. Depois, na década de 1920, outras Caixas de Aposentadoria e Pensão (CAPs) são criadas por outras empresas. ATENÇÃO! O primeiro ato normativo que trata da previdência no Brasil é o Decreto- Legislativo nº 3.742/1919, que trata do seguro obrigatório de acidente de trabalho. Em 1930 As CAPs são substituídas pelos IAPs (Institutos de Aposentadorias e Pensões). CAPs IAPs Vinculadas diretamente às empresas Administrados pelo Estado @dicas.exconcurseira 5 Constituição de 1934 Estabeleceu a forma tríplice de custeio da previdência: Estado, trabalhador e empregador.Foi a primeira a utilizar a expressão “Previdência”, sem o adjetivo “Social” depois. Constituição de 1946 Passou a utilizar a expressão “Previdência Social”. Em 1960 Edição da Lei 3.807/1960 – Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS), que unificou toda a legislação securitária. A Lei 4.214/1963 criou o Fundo de Assistência e Previdência do Trabalhador Rural (FUNRURAL) à previsão, de forma separada, da previdência urbana e da previdência rural. Decreto-Lei 72/1966 Os IAPs foram unificados no Instituto Nacional da Previdência Social (INPS). Lei 5.316/1967 Integrou o seguro de acidente de trabalho à previdência social. Em 1971 Criação do PRORURAL (Programa de Assistência ao Trabalhador Rural), cujo principal benefício foi a aposentadoria por velhice, após 65 anos de idade, equivalente a 50% do salário mínimo de maior valor no País. Em 1977 Criação do Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS), composto pelo: • INPS (Previdência Social); • INAMPS (Assistência Médica); • IAPAS (arrecadação, cobrança e fiscalização das contribuições previdenciárias); • CEME (Central de Medicamentos); • LBA (Legislação Brasileira de Assistência); • Funabem (Fundação Nacional do bem-estar do menor); e • DATAPREV (Empresa Pública de Processamento de Dados da Previdência Social). Constituição de 1988 Foi a primeira a falar em “seguridade social”, definindo o seu conceito no caput do art.194. Lei 8.029/1990 Criou o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), autarquia federal, vinculada ao atual Ministério da Economia, por meio da fusão do INPS com o IAPAS. Quando o INSS é criado, ele tem atribuição para arrecadar, cobrar e fiscalizar as contribuições previdenciárias. Em outubro de 2004 à essa atribuição passa a ser da Secretaria da Receita Previdenciária (vinculada ao Ministério da Previdência Social). Em 2007 à essa atribuição passa a ser da “Super Receita” à A Receita Federal do Brasil à e os créditos, que antes eram considerados do INSS, passam a ser créditos da União. A partir de 1988 Diversas alterações na previdência, decorrentes de 3 Reformas e de diversas leis. 1ª Reforma Previdenciária: EC 20/98 - Aposentadoria por tempo de contribuição (antes era por tempo de serviço); - Criação do “fator previdenciário” para o cálculo da aposentadoria. 2ª Reforma Previdenciária: EC 41/2003 - Instituição de contribuição previdenciária sobre aposentadorias e pensões nos regimes próprios de previdência social dos servidores públicos ocupantes de cargos efetivos. - Perda do direito à “paridade” e à “integralidade”. Lei 12.618/12 A União, em observância ao disposto no art.40, §14, da CF, institui o Plano de Previdência Complementar para os servidores públicos federais titulares de cargo efetivo. Aposentadoria ou pensão por morte passa a ter valor limitado ao teto do Regime Geral de Previdência Social (RGPS). LC 152/2015 Aposentadoria compulsória do servidor público aos 75 anos de idade (antes, era aos 70 anos). Em 2019 Mini Reforma Previdenciária (Lei 13.846/2019) 3ª Reforma Previdenciária: EC 103/2019 (final de 2019) • Extinguiu-se a chamada “aposentadoria por tempo de contribuição” e a “aposentadoria por idade” à que deu lugar à Aposentadoria Programada/Voluntária, que leva em consideração o critério etário (idade mínima) + tempo de contribuição; • A base de cálculo para o cálculo da aposentadoria muda. Faz-se uma média de todos os salários de contribuição do segurado a partir de julho de 1994. • O cálculo da pensão por morte aos dependentes do segurado muda significativamente (ainda iremos ver). 1.2. Conceito e Organização Como já foi dito, foi a CF/88 que utilizou pela primeira vez o termo “seguridade social”. CF, Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Obs: A seguridade social não contempla todos os direitos sociais previstos na CF, mas apenas os 3 supra citados. @dicas.exconcurseira 6 1.2.1. Saúde CF, Art. 196. A saúde é DIREITO DE TODOS e DEVER DO ESTADO, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à reedução do risco de doença e de outros agravos e ao ACESSO UNIVERSAL e IGUALITÁRIO às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. “Direito de todos” + “acesso universal e igualitário” à a saúde deve ser oferecida pelo Estado independentemente de contribuição à seguridade social. Antes da CF/88, a saúde era prestada pelo INAMPS apenas àqueles que contribuíssem à seguridade social. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede REGIONALIZADA e HIERARQUIZADA, constituindo um sistema único (SUS). Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma REDE REGIONALIZADA E HIERARQUIZADA e constituem um SISTEMA ÚNICO, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: I - DESCENTRALIZAÇÃO, com direção única em cada esfera de governo; II – ATENDIMENTO INTEGRAL, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; III – PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE. O SUS tem atribuições delineadas na CF e na Lei 8.080/1990. CF, Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei: I – CONTROLAR e FISCALIZAR procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e PARTICIPAR DA PRODUÇÃO de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; II – EXECUTAR as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador; III – ORDENAR a formação de recursos humanos na área de saúde; IV - PARTICIPAR da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico; V - INCREMENTAR, em sua área de atuação, o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação; VI – FISCALIZAR E INSPECIONAR alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano; VII – PARTICIPAR DO CONTROLE E DA FISCALIZAÇÃO da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; VIII - COLABORAR na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. O SUS é o sistema responsável pelas ações e serviços públicos de saúde, mas poderá firmar convênios ou contratos de direito público com instituições privadas – preferencialmente com entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos - que vão atuar de forma complementar ao SUS. CF, Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. §1º - As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos. §2º É VEDADA a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos. §3º É VEDADA a participação direta ou indireta de empresas ou capitais ESTRANGEIROS na assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei. §4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização. A CF determina que a União, os Estados, o DF e os Municípios devam aplicar, anualmente, recursos mínimos em ações e serviços públicos de saúde. SEGURIDADE SOCIAL S P A SAÚDE PREVIDÊNCIA SOCIAL ASSISTÊNCIA SOCIAL @dicas.exconcurseira 7 CF, Art.198, §2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados sobre: I - no caso da UNIÃO, aRECEITA CORRENTE LÍQUIDA do respectivo exercício financeiro, não podendo ser inferior a 15% (quinze por cento); II - no caso dos ESTADOS* e do DISTRITO FEDERAL*, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios; III - no caso dos MUNICÍPIOS* e do DISTRITO FEDERAL, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e §3º. * Os percentuais mínimos sobre a arrecadação tributária que devem ser aplicados pelos Estados, DF e Municípios em ações e serviços públicos de saúde são estabelecidos por lei complementar que será reavaliada pelo menos a cada 5 anos. Os percentuais mínimos estão fixados na LC 141/2012. 1.2.2. Assistência Social CF, Art. 203. A assistência social será prestada A QUEM DELA NECESSITAR, INDEPENDENTEMENTE de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: I - a proteção à FAMÍLIA, à MATERNIDADE, à INFÂNCIA, à ADOLESCÊNCIA e à VELHICE; II - o amparo às crianças e adolescentes carentes; III - a promoção da integração ao MERCADO DE TRABALHO; IV - a habilitação e reabilitação das PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA e a promoção de sua integração à vida comunitária; V - a GARANTIA DE UM SALÁRIO MÍNIMO DE BENEFÍCIO MENSAL à PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA e ao IDOSO que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei. à é o BPC à BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA (Lei Orgânica da Assistência Social, arts.20 a 21-A). CF, Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com RECURSOS DO ORÇAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL, previstos no art. 195, ALÉM DE OUTRAS FONTES, e organizadas com base nas seguintes diretrizes: I – DESCENTRALIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA, cabendo a coordenação e as NORMAS GERAIS à esfera FEDERAL e a coordenação e a EXECUÇÃO DOS RESPECTIVOS PROGRAMAS às esferas ESTADUAL e MUNICIPAL, bem como a entidades beneficentes e de assistência social; II – PARTICIPAÇÃO DA POPULAÇÃO, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis. Parágrafo único*. É facultado aos Estados e ao Distrito Federal VINCULAR a programa de apoio à inclusão e promoção social até 0,5% de sua receita tributária líquida, VEDADA a aplicação desses recursos no pagamento de: I - despesas com pessoal e encargos sociais; II - serviço da dívida; III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações apoiados. * Assim, os Estados e o DF poderão vincular até 0,5% de sua receita tributária líquida a programa de apoio à inclusão e à promoção social à exceção ao princípio da não afetação das receitas de impostos (art.167 da CF). 1.2.3. Previdência Social CF, Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL (RGPS), de CARÁTER CONTRIBUTIVO e de FILIAÇÃO OBRIGATÓRIA, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei, a: I - cobertura dos eventos de INCAPACIDADE TEMPORÁRIA (AUXÍLIO POR INCAPACIDADE TEMPORÁRIA) ou PERMANENTE para o TRABALHO (APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE PERMANENTE AO TRABALHO)* e IDADE AVANÇADA (APOSENTADORIA PROGRAMADA); * nova redação à trocou-se “doença” e “invalidez” por “incapacidade temporária ou permanente para o trabalho”. SAÚDE ASSISTÊNCIA SOCIAL será prestada a TODOS será prestada a quem dela NECESSITAR INDEPENDENTEMENTE de contribuição à seguridade social @dicas.exconcurseira 8 II – PROTEÇÃO À MATERNIDADE, especialmente à gestante (SALÁRIO-MATERNIDADE); III – PROTEÇÃO AO TRABALHADOR em situação de DESEMPREGO INVOLUNTÁRIO (SEGURO DESEMPREGO); IV – SALÁRIO-FAMÍLIA e AUXÍLIO-RECLUSÃO para os dependentes dos segurados de baixa renda; V – PENSÃO POR MORTE do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no §2º (A PENSÃO POR MORTE NO RGPS NÃO PODE SER INFERIOR A UM SALÁRIO MÍNIMO). Previdência complementar CF, Art. 202. O REGIME DE PREVIDÊNCIA PRIVADA, de CARÁTER COMPLEMENTAR e organizado de FORMA AUTÔNOMA em relação ao regime geral de previdência social, será FACULTATIVO, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar (LC 109/2001). SEGURIDADE SOCIAL P A PREVIDÊNCIA SOCIAL ASSISTÊNCIA SOCIAL S SAÚDE INDEPENDENTEMENTE de contribuição à seguridade social INDEPENDENTEMENTE de contribuição à seguridade social DEPENDE de contribuição à seguridade social (CARÁTER CONTRIBUTIVO) PREVIDÊNCIA SOCIAL FILIAÇÃO OBRIGATÓRIA EQUILÍBRIO FINANCEIRO E ATUARIAL INFORTÚNIOS SOCIAIS QUE A PREVIDÊNCIA SOCIAL ATENDE: INCAPACIDADE PERMANENTE AO TRABALHO INCAPACIDADE TEMPORÁRIA AO TRABALHO AUXÍLIO POR INCAPACIDADE TEMPORÁRIA APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE PERMANENTE AO TRABALHO IDADE AVANÇADA APOSENTADORIA PROGRAMADA PROTEÇÃO À MATERNIDADE SALÁRIO-MATERNIDADE DESEMPREGO INVOLUNTÁRIO SEGURO DESEMPREGO DEPENDENTES DO SEGURADO DE BAIXA RENDA SALÁRIO FAMÍLIA AUXÍLIO-RECLUSÃO CÔNJUGE, COMPANHEIRO ou DEPENDENTES do segurado PENSÃO POR MORTE @dicas.exconcurseira 9 Qualquer pessoa pode participar de um plano privado de previdência complementar, mesmo que ela não esteja filiada ao RGPS. CF, Art.202, §1° A lei complementar de que trata este artigo assegurará ao participante de planos de benefícios de entidades de previdência privada o PLENO ACESSO ÀS INFORMAÇÕES relativas à gestão de seus respectivos planos. §2° As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstas nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência privada NÃO INTEGRAM O CONTRATO DE TRABALHO dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios concedidos, NÃO INTEGRAM A REMUNERAÇÃO dos participantes, nos termos da lei. Em regra, o que a empresa ao trabalhador - a título de contribuição para os planos de benefício de previdência complementar – não integra o contrato, nem integra a remuneração. Consequentemente, não vai integrar a base de cálculo da contribuição para a previdência. CF, Art.202, §3º É VEDADO o aporte de recursos a entidade de previdência PRIVADA pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, suas autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista e outras entidades públicas, salvo na qualidade de PATROCINADOR, situação na qual, EM HIPÓTESE ALGUMA, sua contribuição normal poderá exceder a do segurado. à CAI MUITO EM PROVA! §4º Lei complementar disciplinará a relação entre a União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, inclusive suas autarquias, fundações, sociedades de economia mista e empresas controladas direta ou indiretamente, enquanto PATROCINADORES de planos de benefícios previdenciários, e as entidades de previdência complementar (TANTO AS ENTIDADES ABERTAS, QUANTO FECHADAS à MUDANÇA CAUSADA PELA EC 103/2019). §5º A lei complementar de que trata o §4º aplicar-se-á, no que couber, às empresas PRIVADAS PERMISSIONÁRIAS ou CONCESSIONÁRIAS de prestação de SERVIÇOS PÚBLICOS, quando PATROCINADORAS de planos de benefícios em entidades de previdência complementar. §6º Lei complementar estabelecerá os REQUISITOS para a designação dos MEMBROS DAS DIRETORIAS das entidades FECHADAS de previdência complementar instituídas pelos PATROCINADORES de que trata o §4º e disciplinará a inserção dos participantes nos colegiados e instâncias de decisão em que seus interessessejam objeto de discussão e deliberação. 1.3. Princípios constitucionais da seguridade social CF, Art.194, Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos (PRINCÍPIOS, conforme doutrina e jurisprudência): I - UNIVERSALIDADE da cobertura e do atendimento; II – UNIFORMIDADE E EQUIVALÊNCIA dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; III – SELETIVIDADE E DISTRIBUTIVIDADE na prestação dos benefícios e serviços; IV - IRREDUTIBILIDADE do valor dos benefícios; V - EQUIDADE na forma de participação no custeio; VI – DIVERSIDADE NA BASE DE FINANCIAMENTO, identificando-se, em rubricas contábeis específicas para cada área, as receitas e as despesas vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência social, preservado o caráter contributivo da previdência social; VII – CARÁTER DEMOCRÁTICO E DESCENTRALIZADO DA ADMINISTRAÇÃO, mediante GESTÃO QUADRIPARTITE, com participação dos TRABALHADORES, dos EMPREGADORES, dos APOSENTADOS e do GOVERNO nos órgãos colegiados. a) Princípio da universalidade da cobertura e do atendimento Visa cobrir todas as espécies de infortúnios sociais que possam ocorrer e atender a todos os residentes no Brasil. PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR FILIAÇÃO FACULTATIVA AUTÔNOMA em relação ao RGPS Regulada por LC @dicas.exconcurseira 10 b) Princípio da uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais à conquista da CF/88 As populações urbana e rural devem possuir os mesmos direitos a título de seguridade social. Os segurados e dependentes urbanos e rurais devem ter o mesmo tratamento. c) Princípio da seletividade e distributividade dos benefícios e serviços A seletividade propicia ao legislador estudar as carências sociais priorizando-as em relação às demais, viabilizando a promoção da Seguridade Social factível. Cobrem-se as necessidades mais essenciais e planeja-se, para o futuro, a cobertura das demais, visando alcançar a Seguridade Social ideal. A distributividade consagra que, após cada pessoa ter contribuído com o que podia, dá-se a cada um de acordo com as suas necessidades. Exemplos: salário-família e auxílio-reclusão à são concedidos em razão da baixa renda do segurado. O auxílio- reclusão é devido ao dependente do segurado que é preso em regime fechado; e o salário-família a algumas categorias de segurados, por terem filhos menores de 14 anos ou inválidos, mas também por serem de baixa renda. O princípio da seletividade funciona como um sistema de freio ou contrapeso ao princípio da universalidade. d) Princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios Preceitua que não haverá nenhuma redução efetiva dos valores nominais dos benefícios (valor nominal = valor numérico. Em relação aos benefícios da previdência social, conforme art.201, §4º, da CF, há o princípio da preservação do valor real; enquanto que o princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios (irredutibilidade do valor nominal) é aplicado à previdência social, assistência social e saúde. ATENÇÃO! NÃO HÁ VINCULAÇÃO DO VALOR DO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO AO NÚMERO DE SALÁRIOS MÍNIMOS, sendo esta, inclusive, a posição adotada pelo STF. O que a CF assegura é a manutenção do poder aquisitivo do benefício previdenciário, conforme critérios definidos em lei (lei ordinária define o índice de reajuste do benefício, para que este mantenha o seu poder aquisitivo e, assim, não perder o seu valor real). e) Princípio da equidade na forma de participação do custeio Está intimamente atrelado aos preceitos da igualdade e da capacidade contributiva. Aqueles contribuintes que apresentarem maior capacidade contributiva para o sistema da Seguridade Social arcarão com uma parcela maior de contribuição. CF, Art.195, §9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo (CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS DO EMPREGADOR) poderão ter ALÍQUOTAS DIFERENCIADAS em razão da ATIVIDADE ECONÔMICA, da UTILIZAÇÃO INTENSIVA DE MÃO DE OBRA, do PORTE DA EMPRESA ou da CONDIÇÃO ESTRUTURAL DO MERCADO DE TRABALHO, sendo também autorizada a ADOÇÃO DE BASES DE CÁLCULO DIFERENCIADAS apenas no caso das alíneas "b" (QUANDO INCIDE SOBRE A RECEITA E O FATURAMENTO) e "c" do inciso I do caput (QUANDO INCIDE SOBRE O LUCRO). à nova redação trazida pela EC 103/2019. f) Princípio da diversidade da base de financiamento Afirma que a base de financiamento do sistema de seguridade social não se concentrará em uma só fonte de tributação, atingindo, em contrapartida, o maior número de pessoas capazes de contribuir e a maior constância de entradas. Isso pode ser verificado pelo disposto no art.195 da CF, que elenca a forma de financiamento da seguridade social de forma direta e indireta por toda a sociedade. CF, Art. 195. A seguridade social será financiada por TODA A SOCIEDADE, de forma DIRETA e INDIRETA, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos ORÇAMENETOS DA UNIÃO, DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL e DOS MUNICÍPIOS, e das seguintes CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS: I – DO EMPREGADOR, DA EMPRESA e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: IRREDUTIBILIDADE DO VALOR REAL (princípio da preservação do valor real) art.194, inc.IV, CF Aplica-se apenas à PREVIDÊNCIA SOCIAL IRREDUTIBILIDADE DO VALOR NOMINAL (princípio da irredutibilidade do valor dos benefícios) art.201, §4º, CF Aplica-se apenas à PREVIDÊNCIA SOCIAL, à ASSISTÊNCIA SOCIAL e à SAÚDE @dicas.exconcurseira 11 a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamento; c) o lucro; II – DO TRABALHADOR e dos DEMAIS SEGURADOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL, podendo ser adotadas alíquotas progressivas de acordo com o valor do salário de contribuição, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo Regime Geral de Previdência Social; III - sobre a RECEITA DE CONCURSOS DE PROGNÓSTICOS. à Ex: loterias. IV – DO IMPORTADOR de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. g) Princípio da gestão democrática e descentralizada Deriva dos princípios superiores atinentes à origem democrática do poder e à participação popular. A Seguridade Social terá caráter democrático e descentralizado na administração, mediante gestão quadripartite, com participação: i) Dos trabalhadores; ii) Dos empregadores; iii) Dos aposentados; iv) Do Governo. h) Outros princípios da seguridade social (não estão expressos no parágrafo único do art.194 da CF, mas estão esparsos na CF - Princípio da solidariedade (art.3º, inc.I, CF) - Princípio da solidariedade contributiva (art.195, CF) à dá sustentação à obrigatoriedade do pagamento da contribuição social - Princípio da pré-existência de custeio ou princípio da contrapartida (art.195, §5º, CF) CF, Art.195, §5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser CRIADO, MAJORADO ou ESTENDIDO sem a correspondente fonte de custeio total. FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL TODA A SOCIEDADE, de forma direta ou indireta FORMA DIRETA à contribuições sociais destinadas à seguridade social FORMA INDIRETA à por meio dos demais tributos pagos pelos contribuintes CONTRIBUIÇÃO SOCIAL DO EMPREGADOR, EMPRESA ou A QUEM A LEI EQUIPARAR CONTRIBUIÇÃO SOCIAL DO TRABALHADOR e DEMAIS SEGURADOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL CONTRIBUIÇÃO SOCIAL INCIDENTE SOBRE RECEITAS DE PROGNÓSTICOS CONTRIBUIÇÃO SOCIAL DO EMPREGADOR OU A QUEM A LEI EQUIPARAR RECURSOS PROVENIENTES DA UNIÃO, DO DF, DOS ESTADOS E DOS MUNICÍPIOS nos órgãos colegiados @dicas.exconcurseira 12 AULA 021. A Previdência Social e as disposições constitucionais A previdência social constitui um direito subjetivo do trabalhador, conforme art.6º da CF. CF, Art. 6º São DIREITOS SOCIAIS a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a PREVIDÊNCIA SOCIAL, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. A previdência social é tratada na CF em seu art.201 e é organizada sob a forma do Regime Geral de Previdência Social. Vejamos: CF, Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma do REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL (RGPS), de CARÁTER CONTRIBUTIVO e de FILIAÇÃO OBRIGATÓRIA, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei, a: I - cobertura dos eventos de INCAPACIDADE TEMPORÁRIA (AUXÍLIO POR INCAPACIDADE TEMPORÁRIA) ou PERMANENTE para o TRABALHO (APOSENTADORIA POR INCAPACIDADE PERMANENTE AO TRABALHO)* e IDADE AVANÇADA (APOSENTADORIA PROGRAMADA); * nova redação à trocou-se “doença” e “invalidez” por “incapacidade temporária ou permanente para o trabalho”. II – PROTEÇÃO À MATERNIDADE, especialmente à gestante (SALÁRIO-MATERNIDADE); III – PROTEÇÃO AO TRABALHADOR em situação de DESEMPREGO INVOLUNTÁRIO (SEGURO DESEMPREGO); IV – SALÁRIO-FAMÍLIA e AUXÍLIO-RECLUSÃO para os dependentes dos segurados de baixa renda; V – PENSÃO POR MORTE do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no §2º (A PENSÃO POR MORTE NO RGPS NÃO PODE SER INFERIOR A UM SALÁRIO MÍNIMO). Deste dispositivo podemos concluir que a previdência social: • É organizada sob a forma do Regime Geral de Previdência Social: esse regime já fora instituído por meio da Lei 8.213/91, abrangendo trabalhadores rurais e urbanos num só sistema; • Tem caráter contributivo: significa que há a compulsoriedade da contribuição para a Previdência Social. O segurado da Previdência Social deverá pagar contribuição para a manutenção do sistema previdenciário. • É de filiação obrigatória: significa que aqueles que venham a exercer atividade remunerada, de forma lícita, serão obrigatoriamente filiados à Previdência Social. • Deve se buscar sempre o equilíbrio financeiro e atuarial: ou seja, deve-se criar critérios para que o sistema previdenciário se mantenha equilibrado financeira e atuarialmente. Obs: mesmo a pessoa que não exerça trabalho abrangido pelo RGPS pode se filiar ao RGPS. ATENÇÃO! Servidor que for filiado a Regime Próprio de Previdência Social NÃO pode se filiar ao RGPS como segurado facultativo. CF, Art.201, §5º É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência. Com a Reforma Previdenciária fruto da EC 103/2019, os eventos de doença e invalidez foram substituídos, respectivamente, por incapacidade temporária e incapacidade permanente para o trabalho. Mas vamos ver outras alterações promovidas pela EC 102/2019: - Aposentadorias ESPECIAIS: lei complementar poderá prever IDADE e TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO para a concessão de aposentadorias do segurado com DEFICIÊNCIA e daquele que FICAR EXPOSTO EFETIVAMENTE A AGENTES PREJUDICIAIS À SAÚDE (agentes químicos, físicos, biológicos ou associação deles). CF, Art.201, §1º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados para concessão de benefícios, ressalvada, nos termos de LEI COMPLEMENTAR, a possibilidade de previsão de idade e tempo de contribuição DISTINTOS da regra geral para concessão de aposentadoria EXCLUSIVAMENTE em favor dos segurados: I – COM DEFICIÊNCIA, previamente submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar; II - cujas atividades sejam exercidas com EFETIVA EXPOSIÇÃO a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais À SAÚDE, ou associação desses agentes, vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação à ou seja, não pode caracterizar determinada atividade como especial em razão da categoria profissional ou ocupação. Isso já era vedado por lei; agora, está previsto na Constituição. @dicas.exconcurseira 13 - Aposentadoria programada (regra geral) Antes da EC 103/2019, havia a possibilidade de o segurado se aposentar por idade (65 anos de idade para os homens; 60 anos, para as mulheres) OU por tempo de contribuição (35 anos de contribuição para homens; 30 anos, para mulheres; esse tempo era reduzido em 5 anos para os professores que se dedicassem exclusivamente ao magistério na educação infantil, no ensino fundamental e médio). Com a EC 103/2019, essas duas aposentadorias distintas (por idade ou por tempo de contribuição) foram substituídas pela chamada aposentadoria programada, que vai exigir, cumulativamente, idade e tempo mínimo de contribuição. A idade mínima na aposentadoria programada, para as mulheres, passa a ser de 62 anos. A idade mínima na aposentadoria programada, para os homens, continua sendo de 65 anos. O tempo de contribuição vai ser definido em lei complementar (não há mais previsão na CF). CF, Art.201, §7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições: I - 65 anos de idade, se homem, e 62 anos de idade, se mulher, observado tempo mínimo de contribuição (DEFINIDO EM LC); II – 60 anos de idade, se homem, e 55 anos de idade, se mulher, para os TRABALHADORES RURAIS e para os que exerçam suas atividades em REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal. §8º O requisito de idade a que se refere o inciso I do §7º será REDUZIDO EM 5 ANOS, para o PROFESSOR que comprove tempo de efetivo exercício das funções de magistério na EDUCAÇÃO INFANTIL e no ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO fixado em lei complementar. APOSENTADORIA PROGRAMADA (idade mínima + tempo de contribuição) Idade mínima Tempo de contribuição Segurado geral homem 65 anos Definido em lei complementar Segurado geral mulher 62 anos Definido em lei complementar Segurado trabalhador rural homem 60 anos Definido em lei complementar Segurado trabalhador rural mulher 55 anos Definido em lei complementar Segurado professor (ensino infantil, médio e fundamental) 60 anos Definido em lei complementar Segurador professora (ensino infantil, médio e fundamental) 57 anos Definido em lei complementar - Contribuição recíproca de tempo de contribuição Contagem recíproca de tempo de contribuição é a possibilidade de se contar tempo de contribuição do regime geral em um regime próprio de previdência social; ou mesmo de um regime próprio para o regime geral de previdência social. Ainda: de um regime próprio para outro regime próprio. O §9º obteve uma melhor redação com a EC 102/2019. Mas a novidade mesmo veio no §9º-A. CF, Art.201, §9º Para fins de aposentadoria, será assegurada a CONTAGEM RECÍPROCA do tempo de contribuição entre o Regime GERAL de Previdência Social e os regimes PRÓPRIOS de previdência social, e destes entre si (ENTRE REGIMES PRÓPRIOS), observada a compensação financeira, de acordo com os critérios estabelecidos em lei. §9º-A. O tempo de SERVIÇO MILITAR exercido nas atividades de que tratam os arts. 42, 142 e 143 e o tempo de contribuição ao Regime GERAL de Previdência Social ou a regime PRÓPRIO de previdência social terão CONTAGEM RECÍPROCA para fins de INATIVAÇÃO MILITAR ou APOSENTADORIA, e a compensação financeira será devida entre as receitas de contribuição referentes aos militares e as receitas de contribuição aos demais regimes. à Esse parágrafo permitiu que o tempo de serviço militar pudesse ser contado no regime geral ou no regime próprio; e também do regime geral ou próprio para a inatividade militar. Contagem reciprocas entre esses tempos de contribuição.CF, Art.201, §14. É VEDADA a CONTAGEM DE TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO FICTÍCIO para efeito de concessão dos benefícios previdenciários e de contagem recíproca. à Tempo de contribuição fictício para efeito de concessão dos benefícios previdenciários já estava previsto na Lei 8.213/1991 (não é novidade). - Possibilidade de benefícios não programados pelo setor privado CF, Art.201, §10. Lei complementar poderá disciplinar a COBERTURA DE BENEFÍCIOS NÃO PROGRAMADOS, inclusive os decorrentes de acidente do trabalho, a ser atendida CONCORRENTEMENTE pelo Regime Geral de Previdência Social e pelo SETOR PRIVADO. @dicas.exconcurseira 14 - Regime de inclusão previdenciária CF, Art.201, §12. Lei instituirá SISTEMA ESPECIAL DE INCLUSÃO PREVIDENCIÁRIA, com ALÍQUOTAS diferenciadas, para atender aos TRABALHADORES DE BAIXA RENDA, inclusive os que se encontram em situação de informalidade, e ÀQUELES SEM RENDA PRÓPRIA que se dediquem exclusivamente ao TRABALHO DOMÉSTICO no âmbito de sua residência, desde que pertencentes a FAMÍLAIS DE BAIXA RENDA. à Esta nova redação dada pela EC 103/2019 retira a possibilidade de se estabelecer períodos de carência diferentes. Este regime de inclusão previdenciária já existe e está previsto no art.21, §2º, da Lei 8.212/91. §13. A aposentadoria concedida ao segurado de que trata o §12 terá valor de 1 salário-mínimo. - Acumulação de benefícios previdenciários CF, Art.201, §15. Lei complementar estabelecerá vedações, regras e condições para a acumulação de benefícios previdenciários. O art.124 da Lei 8.213/91 fala da possibilidade ou não de acumular benefícios. Este artigo foi recepcionado com status de lei complementar. - Aposentadoria compulsória no RGPS CF, Art.201, §16. Os EMPREGADOS dos CONSÓRCIOS PÚBLICOS, das EMPRESAS PÚBLICAS, das SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA e das SUAS SUBSIDIÁRIAS serão APOSENTADOS COMPULSORIAMENTE, observado o cumprimento do tempo mínimo de contribuição, ao atingir a idade máxima de que trata o inciso II do §1º do art. 40 (entendimento majoritário da doutrina: 70 ANOS*), na forma estabelecida em lei. * já que a LC que fala em 75 anos para aposentadoria compulsória se aplica aos servidores. 2. Princípios da Previdência Social Os princípios da previdência social encontram-se elencados no art.201 da CF e no art.2º da Lei 8.213/91. Vejamos cada um deles. a) Princípio do valor mínimo CF, Art.201, §2º Nenhum benefício que SUBSTITUA o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo. Lei 8.213/91, Art. 2º A Previdência Social rege-se pelos seguintes princípios e objetivos: VI - valor da renda mensal dos benefícios SUBSTITUTOS do salário-de-contribuição ou do rendimento do trabalho do segurado não inferior ao do salário mínimo; Isso significa que os benefícios que SUBSTITUEM o rendimento do trabalho – como, por exemplo, a aposentadoria – não poderão ter valores inferiores ao salário mínimo. Mas, CUIDADO! Há benefícios que não se prestam ao papel de substituir o rendimento do trabalho e, nestes casos, não precisam respeitar esse princípio constitucional. Exemplos: o salário-família, que é pago em valor bem inferior ao salário mínimo; e o auxílio-acidente, que pode ser inferior a um salário mimo. b) Princípio da recomposição monetária Os salários de contribuição utilizados para o cálculo da renda mensal dos benefícios deverão ser corrigidos monetariamente, conforme dispõem o art.201, §3º, da CF e o art.2º, inc.IV, da Lei 8.213/91. CF, Art.201, §3º Todos os salários de contribuição considerados para o cálculo de benefício serão devidamente atualizados, na forma da lei. Lei 8.213/91, Art. 2º A Previdência Social rege-se pelos seguintes princípios e objetivos: IV - cálculo dos benefícios considerando-se os salários-de-contribuição corrigidos monetariamente; Para os cálculos dos benefícios, não se vai utilizar o valor nominal do salário de contribuição, mas sim o valor atualizado/corrigido. Esses valores serão atualizados aplicando-se os mesmos índices que teve o reajuste dos benefícios previdenciários. Qual é o índice? O INPC, conforme art.29-B da Lei 8.213/91: @dicas.exconcurseira 15 Lei 8.213/91, Art. 29-B. Os salários-de-contribuição considerados no cálculo do valor do benefício serão corrigidos mês a mês de acordo com a variação integral do Índice Nacional de Preços ao Consumidor - INPC, calculado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. c) Princípio da preservação do valor real dos benefícios CF, Art.201, §4º É assegurado o REAJUSTAMENTO dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o VALOR REAL, conforme critérios definidos em lei. Lei 8.213/91, Art. 2º A Previdência Social rege-se pelos seguintes princípios e objetivos: V - IRREDUTIBILIDADED do valor dos benefícios de forma a preservar-lhes o PODER AQUISITIVO; Assim, os benefícios previdenciários deverão sofrer reajustes legais, de modo a preservar-lhes o valor real. Deve ser mantido o seu poder aquisitivo (poder de compra). ATENÇÃO! Este princípio não garante que os benefícios terão seu valor atrelado ao número de salários mínimos. Lembre-se que o art.7º, inc.IV, da CF, VEDA a vinculação do salário mínimo para qualquer fim (salvo exceções previstas na própria CF). É bom ressaltar que o §4º do art.201 da CF deixa claro que o reajustamento dos benefícios previdenciários será feito conforme critérios definidos em lei. Assim, o constituinte deixou para o legislador ordinário a tarefa de definir os critérios de reajustamento – os quais não estão atrelados ao número de salários mínimos, tampouco o reajustamento deve se dar pelo mesmo índice de reajustamento do salário mínimo. DE OLHO NA JURIS! O STF já pacificou o entendimento de que não há imposição de vinculação do valor do benefício previdenciário ao número de salários mínimos. Lei 8.213/91, Art. 41-A. O valor dos benefícios em manutenção será reajustado, ANUALMENTE, na mesma data do reajuste do salário mínimo, pro rata, de acordo com suas respectivas datas de início ou do último reajustamento, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor - INPC, apurado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Em relação ao 13º salário em relação às pessoas que recebem benefícios previdenciários, dispõe a CF: CF, Art.201, §6º A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá por base o valor dos proventos do mês de dezembro de cada ano. à O chamado “abono anual” – que corresponde à gratificação natalina aos segurados e dependentes – será o valor do benefício no mês de dezembro de cada ano. Se o benefício do mês de dezembro é 2 mil reais, a gratificação natalina também será de 2 mil reais. d) Princípio da universalidade de participação nos planos previdenciários Lei 8.213/91, Art. 2º A Previdência Social rege-se pelos seguintes princípios e objetivos: I - universalidade de participação nos planos previdenciários; A previdência social deverá permitir que todos possam dela participar como segurados, desde que observados os requisitos previstos na CF e na lei do benefício. Um exemplo de aplicação desse princípio é os programas de inclusão previdenciária, onde pessoas de baixa renda poderão contribuir para a previdência social com alíquotas inferiores, inclusive aqueles que trabalham na informalidade. Podem participar da Previdência Social aquelas pessoas que não estão exercendo atividade remunerada que a qualificaria coo segurada obrigatória do RGPS, bem como aquelas pessoas que não ocupam cargo efetivo que a possibilitaria ingressar no regime próprio de previdência social. São os chamados segurados facultativos. e) Princípio da uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais CF, Art.194, Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nostermos da lei, organizar a SEGURIDADE SOCIAL, com base nos seguintes objetivos (PRINCÍPIOS): II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; Lei 8.213/91, Art. 2º A Previdência Social rege-se pelos seguintes princípios e objetivos: II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais; As populações urbanas e rurais devem possuir os mesmos direitos a título de seguridade social. Assim, os segurados e seus dependentes – sejam da área urbana ou rural – devem ter o mesmo tratamento. Não há que se falar, portanto, em um sistema de previdência urbana e outro sistema de previdência rural, uma vez que as populações urbanas e rurais estão filiadas ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS). @dicas.exconcurseira 16 Esta norma atende, também, ao princípio da isonomia/igualdade em seu sentido material (tratar igualmente aqueles que se encontrem em situações iguais, e desigualmente aqueles que se encontrem em situações desiguais). Ex: a aposentadoria aos trabalhadores rurais segue regra diferente, pois o constituinte entendeu que tais trabalhadores se sujeitam a situações mais difíceis e, portanto, devem ter regras “mais fáceis” para se aposentar. Isto não fere o princípio da igualdade. Isto respeita o princípio da igualdade material. f) Princípio da seletividade e da distributividade na prestação dos benefícios CF, Art.194, Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a SEGURIDADE SOCIAL, com base nos seguintes objetivos (PRINCÍPIOS): III - seletividade e distributividade na prestação dos BENEFÍCIOS e SERVIÇOS; Lei 8.213/91, Art. 2º A Previdência Social rege-se pelos seguintes princípios e objetivos: III - seletividade e distributividade na prestação dos BENEFÍCIOS; ATENÇÃO! Perceba que, enquanto na CF, fala-se em “prestação dos benefícios e SERVIÇOS”, na Lei 8.213, fala-se apenas em “BENEFÍCIOS”. Exemplos de aplicação deste princípio: auxílio-reclusão e salário-família, pois tais benefícios não serão concedidos a tosos os beneficiários do RGPS, mas apenas àqueles que preencherem os requisitos legais, dentre eles “ser de baixa renda”. g) Princípio do caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa, com a participação do governo e da comunidade, em especial de trabalhadores em atividade, empregadores e aposentados CF, Art.194, Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a SEGURIDADE SOCIAL, com base nos seguintes objetivos (PRINCÍPIOS): VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos TRABALHADORES, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. Lei 8.213/91, Art. 2º A Previdência Social rege-se pelos seguintes princípios e objetivos: VIII - caráter democrático e descentralizado da gestão administrativa, com a participação do governo e da COMUNIDADE, em especial de TRABALHADORES EM ATIVIDADE, empregadores e aposentados. Exemplo: o Conselho Nacional de Previdência (CNP) é composto por 15 membros entre representantes do Governo e da sociedade civil. São eles: 3. Regimes de Previdência A previdência brasileira comporta 2 regimes básicos: o Regime Geral de Previdência Social (RGPS) e os Regimes Próprios de Previdência social dos servidores públicos (RPPS) – estes últimos para os servidores de cargos efetivos e militares. Em paralelo a estes regimes, há o Regime de Previdência Complementar (art.202, CF). Conselho Nacional de Previdência (CNP) 15 membros 06 representantes do GOVERNO 09 representantes do SOCIEDADE CIVIL 3 representantes dos APOSENTADOS e PENSIONISTAS 3 representantes dos TRABALHADORES EM ATIVIDADE 3 representantes dos EMPREGADORES PREVIDÊNCIA SOCIAL NO BRASIL REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL (RGPS) REGIMES PRÓPRIOS DE PREVIDÊNCIA SOCIAL (RPPS) REGIME DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR servidores públicos de cargos efetivos + militares @dicas.exconcurseira 17 A Lei 8.212/91 (que trata do custeio da seguridade social), em seu art.3º dispõe que: Lei 8.212/91, Art. 3º A Previdência Social tem por fim assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, idade avançada, tempo de serviço, desemprego involuntário, encargos de família e reclusão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente. 3.1. Regime Geral de Previdência Social (RGPS) Um dos planos básicos da previdência social foi instituído pela Lei 8.213/91, logo após a CF adotar o conceito de seguridade social como um conjunto integrado de ações destinados a assegurar os direitos à saúde, à previdência e à assistência social. A partir da CF/88, as previdências rural e urbana se juntam (no RGPS), porque um dos princípios que norteia a organização da seguridade social e também da previdência social é a uniformidade e equivalência de tratamento às populações urbanas e rurais. Então, qual são as características desse regime geral de previdência social? Tem caráter contributivo e compulsório, porque a filiação é obrigatória. O RGPS, sob o ponto de vista financeiro, é chamado de REPARTIÇÃO SIMPLES, pois o que se arrecada já é utilizado para pagar os benefícios ativos. O RGPS é administrado pelo INSS (autarquia federal), criado em 1990 através fusão do IAPAS e do INPS. Quando foi criado, o INSS tinha a atribuição de analisar, conceder e manter a parte previdenciária de benefícios, mas também a de arrecadar, cobrar e fiscalizar as contribuições previdenciárias. Em 2004, o INSS perde esta última atribuição, que passou a ser da Secretária da Receita Previdenciária (vinculada ao extinto Ministério da Previdência Social); em 2007, esta secretaria é extinta e tal atribuição passa a ser da Receita Federal. As prestações previdenciárias são concedidas em razão da titularidade ativa do beneficiário: Aos SEGURADOS à Auxílio por incapacidade temporária (antigo auxílio-doença); à Auxílio-acidente; à Aposentadoria por incapacidade permanente (antiga aposentadoria por invalidez); à Aposentadorias programáveis; à Salário-família; à Salário-maternidade. Aos DEPENDENTES dos segurados à Pensão por morte; à Auxílio-reclusão. Aos SEGURADOS e DEPENDENTES à Serviço social; à Reabilitação profissional. 3.2. Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS) Quanto ao regime próprio de previdência social, não existe apenas sim. Existem vários. Antes da EC 103/2019, a redação do caput do art.40 da CF dizia que a União, os Estados, o DF e os Municípios poderiam criar regime próprio de previdência social para os seus servidores que ocupassem cargo público efetivo. Após a EC 103/2019, o caput do art.40 da CF passou a ter a seguinte redação: CF, Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. Perceba que a redação do art.40 da CF já começa com “o regime próprio”. Isso porque, com a EC 103/2019, fica VEDADA a instituição de novos regimes próprios de previdência social. Ora, se a União, os Estados e o DF já instituíram seus regimes próprios de previdência social, resta, então, os Municípios que ainda não instituíram. Estes NÃO poderão mais instituir, porque o §22 do art.40 da CF tem a seguinte redação: CF, Art.40, §22. VEDADA a instituição de novos regimes próprios de previdência social, lei complementar FEDERAL estabelecerá, para os que JÁ EXISTAM, normas gerais de organização, de funcionamento e de responsabilidade em sua gestão, dispondo, entre outros aspectos, sobre: (...) O que se tem até essa lei complementar federal ser editada é a Lei 9.717/98,que trata das normas gerais sobre regimes próprios. Mas esta lei é ordinária. Então, em relação ao que está disposto na Lei 9.717/98 e que não ofenda a CF pós reforma, passou a ser recepcionado com status de lei complementar. Não pode haver, dentro de um mesmo ente, mais de um regime próprio e nem mais de uma unidade gestora desse regime próprio de previdência social. Vejamos o §20 do art.40 da CF: CF, Art.40, §20. É VEDADA a existência de mais de um regime próprio de previdência social e de mais de um órgão ou entidade gestora desse regime em cada ente federativo, abrangidos todos os poderes, órgãos e entidades autárquicas e @dicas.exconcurseira 18 fundacionais, que serão responsáveis pelo seu financiamento, observados os critérios, os parâmetros e a natureza jurídica definidos na lei complementar de que trata o §22. Os regimes próprios que já existem foram instituídos mediante lei do respectivo ente federativo e são aplicados apenas aos servidores públicos ocupantes de cargos efetivos. Obs: os servidores públicos que ocupam exclusivamente cargo em comissão, por ex, estão abrangidos pelo RGPS. Os regimes próprios devem assegurar os seguintes benefícios: aposentadoria e pensão por morte. Têm caráter contributivo e são financiados com contribuições do ente federativo, dos servidores ativos, dos aposentados e dos pensionistas. ATENÇÃO! No RPPS, não é vedada a incidência de contribuição previdenciária sobre aposentadoria e pensão (essa vedação total ocorre apenas no RGPS). Se o RPPS vai ser financiado com contribuição dos servidores ativos, o ente federativo, por meio de lei vai exercer a sua competência tributária para instituir essa contribuição. O art.149 da CF dispõe em seu §1º que: CF, Art.149, §1º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, por meio de lei, CONTRIBUIÇÕES PARA CUSTEIO DE REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL, cobradas dos servidores ativos, dos aposentados e dos pensionistas, que poderão ter alíquotas progressivas de acordo com o valor da base de contribuição ou dos proventos de aposentadoria e de pensões. §1º-A. Quando houver deficit atuarial, a contribuição ordinária dos APOSENTADOS e PENSIONISTAS poderá incidir sobre o valor dos proventos de aposentadoria e de pensões que SUPERE o salário-mínimo. à A contribuição de aposentados e pensionistas incide sobre a parcela que supera o limite máximo estabelecido para os benefícios do RGPS. O §1º-A dá possibilidade de fazer com que essa contribuição ordinária incida sobre valor que supere o salário mínimo, em caso de déficit atuarial no RPPS. §1º-B. Demonstrada a insuficiência da medida prevista no §1º-A para equacionar o deficit atuarial, é facultada a instituição de CONTRIBUIÇÃO EXTRAORDINÁRIA, no âmbito da UNIÃO, dos servidores públicos ativos, dos aposentados e dos pensionistas. §1º-C. A contribuição extraordinária de que trata o §1º-B deverá ser instituída simultaneamente com OUTRAS MEDIDAS para equacionamento do deficit e vigorará por período determinado, contado da data de sua instituição (NO MÁXIMO, ATÉ 20 ANOS). 3.3. Regime de Previdência Complementar Além dos regimes básicos da previdência brasileira, ainda há a possibilidade de qualquer pessoa ingressar na previdência complementar, que é de natureza facultativa. Só entra quem desejar. CF, Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar. §1° A lei complementar de que trata este artigo assegurará ao participante de planos de benefícios de entidades de previdência privada o PLENO ACESSO ÀS INFORMAÇÕES relativas à gestão de seus respectivos planos. §2° As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstas nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência privada NÃO INTEGRAM O CONTRATO DE TRABALHO dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios concedidos, NÃO INTEGRAM A REMUNERAÇÃO dos participantes, nos termos da lei. Sob a ótica financeira, o regime de previdência complementar é de CAPITALIZAÇÃO, onde é formado um fundo/uma reserva com as contribuições de cada participante para que, no futuro, conceder o benefício contratado. Os benefícios são concedidos de acordo com a contribuição realizada por cada participante. Em 2001, tivemos duas leis complementares – LC 108/2001 e LC 109/2001 – que passaram a regulamentar a previdência complementar. RGPS e RPPS’s REGIMES PREVIDENCIÁRIOS DE REPARTIÇÃO SIMPLES REGIME DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR REGIMES PREVIDENCIÁRIOS DE CAPITALIZAÇÃO ENTIDADE ABERTA ENTIDADE FECHADA @dicas.exconcurseira 19 CF, Art.202, §3º É VEDADO o aporte de recursos a entidade de previdência PRIVADA pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, suas autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista e outras entidades públicas, salvo na qualidade de PATROCINADOR (EX: QUANDO A PRÓPRIA UNIÃO INSTITUI A PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR A SEUS PRÓPRIOS SERVIDORES), situação na qual, EM HIPÓTESE ALGUMA, sua contribuição normal poderá exceder a do segurado. à CAI MUITO EM PROVA! §4º Lei complementar disciplinará a relação entre a União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, inclusive suas autarquias, fundações, sociedades de economia mista e empresas controladas direta ou indiretamente, enquanto PATROCINADORES de planos de benefícios previdenciários, e as entidades de previdência complementar (TANTO AS ENTIDADES ABERTAS, QUANTO FECHADAS à MUDANÇA CAUSADA PELA EC 103/2019). §5º A lei complementar de que trata o §4º aplicar-se-á, no que couber, às empresas PRIVADAS PERMISSIONÁRIAS ou CONCESSIONÁRIAS de prestação de SERVIÇOS PÚBLICOS, quando PATROCINADORAS de planos de benefícios em entidades de previdência complementar. §6º Lei complementar estabelecerá os REQUISITOS para a designação dos MEMBROS DAS DIRETORIAS das entidades FECHADAS de previdência complementar instituídas pelos PATROCINADORES de que trata o §4º e disciplinará a inserção dos participantes nos colegiados e instâncias de decisão em que seus interesses sejam objeto de discussão e deliberação. à Enquanto a lei complementar não disciplina essa relação entre os entes e as entidades de previdência complementar, os planos de previdência complementar serão administrados apenas por entidades fechadas (até que isso seja disciplinado). No §14 do art.40 da CF, temos a determinação de que os entes federados que já tenham o seu regime próprio devem instituir o regime de previdência complementar para os seus servidores efetivos. Alguns, mesmo antes da EC 103/2019, já haviam instituído o regime de previdência complementar; e os servidores que ingressaram na carreira a partir da vigência da lei complementar passaram a ter os seus proventos de aposentadoria e pensão limitados ao teto do RGPS. Aqueles entes que ainda não instituíram regime de previdência complementar terão o prazo de 2 anos para instituir. CF, art.40, §14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, regime de previdência complementar para servidores públicos ocupantes de cargo efetivo, observado o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social para o valor das aposentadorias e das pensões em regime próprio de previdência social, ressalvado o disposto no §16. @dicas.exconcurseira 20 AULA 03 1. Legislação Previdenciária É o conjunto de normas e atos administrativos referentes ao funcionamento do sistema securitário, abrangendo: leis (ordinárias, complementares ou delegadas),medidas provisórias, tratados internacionais*, decretos e normas complementares**. * Lei 8.212/91, Art. 85-A. Os tratados, convenções e outros acordos internacionais de que Estado estrangeiro ou organismo internacional e o Brasil sejam partes, e que versem sobre matéria previdenciária, serão interpretados como LEI ESPECIAL. Aplica- se a lei especial em detrimento da lei geral. ** São atos expedidos pelas autoridades administrativas, pressupondo sempre a existência da lei ou de outro ato legislativo a que estejam subordinados. Nesse grupo, encontram-se as portarias, instruções normativas, as circulares, etc. Quem tem competência para LEGISLAR em matéria de seguridade social e previdência social? CF, Art. 22. Compete PRIVATIVAMENTE à União legislar sobre: XXIII – SEGURIDADE SOCIAL; Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. CF, Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar CONCORRENTEMENTE sobre: à COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE XII – PREVIDÊNCIA SOCIAL, proteção e defesa da saúde; Quando a competência legislativa é concorrente, cabe à União editar as normas gerais. É a União quem legisla sobre o RGPS. ATENÇÃO! A Reforma Previdenciária, ocorrida por meio da EC 103/2019, trouxe nova redação ao inciso XXI do art.22 da CF, outorgando competência privativa à União para legislar sobre inatividade e pensões das polícias militares e corpos de bombeiros militares. CF, Art. 22. Compete PRIVATIVAMENTE à União legislar sobre: XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação, mobilização, INATIVIDADES e PENSÕES das polícias militares e dos corpos de bombeiros militares; 2. Fontes do Direito Previdenciário O Direito Previdenciário – como qualquer outro ramo do Direito – tem sua base assentada na CF/88. São fontes do Direito Previdenciário: a CF/88; as Emendas Constitucionais (vide a LC 103/2019, que recentemente promoveu a 3º Reforma Previdenciária); as Leis Complementares, Ordinárias e Delegadas; as Medidas Provisórias; os Decretos Legislativos; as Resoluções do Senado Federal; os atos administrativos normativos; e as jurisprudências dos Tribunais Superiores. 3. Autonomia do Direito Previdenciário ATENÇÃO! Não obstante a denominação deste ramo legal de “Direito Previdenciário”, esse segmento trata não somente da previdência social, como também da saúde e da assistência social. Alguns doutrinadores preferem usar a terminologia “Direito da Seguridade Social” ou “Direito da Segurança Social”. A autonomia do Direito Previdenciário ainda não é pacífica entre os doutrinadores. Alguns entendem que o surgimento do Direito Previdenciário se deu a partir da segmentação do Direito Administrativo, devido à organização estatal de proteção social, enquanto outros o consideram como evolução do Direito do Trabalho. Há, ainda, aqueles que consideram o Direito Previdenciário como sendo autônomo, desde o seu surgimento, já que desde épocas remotas os conceitos e princípios previdenciários são conhecidos, sendo alguns até mesmo anteriores ao próprio Direito do Trabalho. 4. Aplicação das normas previdenciárias a) Aplicação da lei previdenciária no tempo e no espaço Em matéria previdenciária, aplica-se o princípio do tempus regit actum, ou seja, aplica-se a lei vigente na data da ocorrência do fato. Súmula 340-STJ Súmula 340-STJ: A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente na data do óbito do segurado. Assim, se Fulano morreu em 1998 e a pensão por morte for requerida em 2020, vale a lei vigente em 1998. @dicas.exconcurseira 21 Outro exemplo: o art.3º da EC 103/2019 (3ª Reforma Previdenciária) diz que se o segurado completou os requisitos para se aposentar antes da Reforma, serão aplicadas as regras anteriores à Reforma, ou seja, as regras da data em que ele cumpriu todos os requisitos. As normas previdenciárias são aplicadas a todos que vivem no território nacional, segundo o princípio da territorialidade. Há situações, todavia, que a proteção previdenciária atinge pessoas que estão FORA do território nacional* e ESTRANGEIROS que prestam serviço NO Brasil**. Assim, o princípio da extraterritorialidade é aplicado como exceção. * Exemplo: brasileiros civis que trabalham para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado (salvo se estiverem segurando na forma da legislação vigente do país de domicílio), serão segurados do RGPS. ** Exemplo: estrangeiros que prestam serviços no Brasil, em missão diplomática ou em repartição consular de carreira estrangeira, com residência permanente no Brasil. b) Interpretação da legislação previdenciárias Ao interpretar um texto normativo, o intérprete deve buscar, dentro das opções existentes, aquela que seja a mais compatível com o caso concreto, não se limitando às situações previstas pelo legislador quando da elaboração do texto. Métodos de interpretação: i) Quanto à origem: a) Interpretação legislativa/legal/autêntica: ocorre quando o próprio Poder Legislativo elabora uma nova lei que interpretará a lei anterior. A lei posterior vem para interpretar a anterior. b) Interpretação jurisprudencial: feita pelo Poder Judiciário no exercício da jurisdição, com o objetivo de aplicar as normas aos casos concretos, na solução das lides. c) Interpretação administrativa: é realizada pela Administração Pública no exercício da função administrativa. d) Interpretação doutrinária: feita pelos estudiosos da Ciência Jurídica em seus trabalhos doutrinários. ii) Quanto ao meio: a) Interpretação gramatical/literal/filosófica: à luz do próprio texto da norma sob exame, busca-se o sentido da lei mediante a análise do significado das palavras utilizadas pelo legislador. b) Interpretação histórica/genética: o intérprete deve examinar os elementos, as circunstâncias e as causas que implicaram na criação da lei. A análise que se faz é no sentido de saber o que levou aquela lei a ser criada. c) Interpretação teleológica ou finalística: feita mediante a apuração da finalidade objetivada pela norma. d) Interpretação sistemática: a interpretação se faz partindo do entendimento de que todas as regras jurídicas devem ter, entre si, um nexo, pois são parte de um só sistema jurídico. A norma deve ser interpretada considerando a sua existência dentro do ordenamento jurídico como um todo. iii) Quanto à finalidade: a) Interpretação estrita: ocorre quando há concordância entre o significado das palavras com o que pretende o legislador. b) Interpretação restritiva: ocorre quando o texto é mais amplo do que a intenção da lei, devendo o intérprete restringir o seu alcance. c) Interpretação extensiva: ocorre quando o texto é mais restrito do que a intenção do legislador, devendo o intérprete expandir o alcance da lei. c) Integração da legislação previdenciária A integração é o meio de que se vale o aplicador da lei para tornar o sistema jurídico inteiro, sem lacunas. É o que pode acontecer caso o intérprete verifique não existir uma regra jurídica que se amolde especificamente para o caso concreto. Há uma lacuna na norma que precisa ser preenchida. Como ferramentas de integração, temos: • Analogia: consiste na aplicação a um determinado caso, para o qual inexiste preceito expresso, de norma legal prevista para uma situação semelhante. Deve-se procurar relação jurídica similar, para a qual exista regramento jurídico. • Equidade: atua como instrumento de realização concreta da justiça, em que a aplicação rígida e inflexível da regra legal escrita repugnaria ao sentimento de justiça da coletividade, que cabe a ao aplicador da lei implementar. Esse deverá utilizar o senso de justiça para preencher a lacuna que se encontra na lei. Exemplo:
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