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Direito Previdenciário - Legislação, organização da Seguridade Social, Custeio, Sistema de Financiamento, Contribuições Sociais, Natureza Jurídica, Vigência no tempo e espaço, Regimes, Beneficiários,

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Direito Previdenciário
LEGISLAÇÃO BÁSICA DE ESTUDO:
Art. 194 a 204 da CRFB/1988.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
EC 103/19 – reforma da Previdência
- Lei 8212/91 – Custeio (Legislação tributária).
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8212cons.htm
- Lei 8213/91 - Benefícios (Legislação social).
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm
* Duas frentes básicas da matéria.
Obs.: As reformas previdenciárias alteram os diplomas legais.
- Decreto 3048/99 – Regulamento da previdência. Regulamenta as legislações –
modo de operacionalização.
*Decreto 10.410/20
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3048.htm
ATENÇÃO: Jurisprudência e Súmulas do STJ/STF/ TNU.
PRINCIPAIS SIGLAS REFERENTES AO DIREITO PREVIDENCIÁRIO:
APS - Agência da Previdência Social
APR – Aposentadoria base reajustada (adicional de 25% - apos. por invalidez)
BPC – Benefício de prestação continuada
CADPF - Cadastro da Pessoa Física
CAT - Comunicação de Acidente de Trabalho
CEI - Cadastro Específico do INSS
CID – Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados a
Saúde
CNIS - Cadastro Nacional de Informações Sociais
CRPS - Conselho de Recursos da Previdência Social
CTC - Certidão de Tempo de Contribuição
CTPS - Carteira do Trabalho e Previdência Social
DAT - Data do Afastamento do Trabalho
1 Diana Ismail Hamed Karaja
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8212cons.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3048.htm
DCB - Data da cessação do benefício
DDB - Data do Despacho do Benefício
DER - Data da Entrada do Requerimento
DIB - Data do início do benefício
DIB-ANT: Data de início do benefício anterior (apos. por invalidez – origem – aux.
doença)
DIC - Data do início das contribuições
DID - Data do início da doença
DII - Data do início da incapacidade
DIP - Data do início do pagamento
DN - Data de Nascimento
DO - Data do óbito
DRB - Data da Regularização do Benefício
ESP – Espécie/ Tipo de benefício
LOAS – Lei Orgânica de Assistência Social
GEX - Gerência Executiva
GFIP - Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social
GPS - Guia da Previdência Social
INSS - Instituto Nacional do Seguro Social
JRPS - Junta de Recursos da Previdência Social
NB - Número de Benefício
NIT - Número de Identificação do Trabalhador
PAB - Pagamento Alternativo de Benefício
PI - Pedido de Informação
PIS - Programa de Integração Social
PR - Pedido de Reconsideração
PROCUR – Procurador Nomeado
RGPS - Regime Geral de Previdência Social
RPPS – Regime Próprio de Previdência Social
RMI – Renda Mensal Inicial
RP – Reabilitação Profissional
RL – Representante Legal
SABI - Sistema de Acompanhamento de Benefício por Incapacidade
TNU – Turma Nacional de Uniformização
ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
→ A CF trouxe pela primeira vez o conceito de seguridade social.
→ Criação de um sistema protetivo: o estado passaria a ser responsável pela criação de
uma rede de proteção capaz de atender aos anseios e necessidades de todos na área
social.
→ Definição de Seguridade Social Brasileira: conjunto integrado de ações de iniciativa dos
Poderes Públicos e da Sociedade – para assegurar os direitos à saúde, à previdência e à
assistência social.
2 Diana Ismail Hamed Karaja
→ Assistência Social: medidas estatais de amparo aos carentes independentemente de
contribuição.
→ Previdência Social: forma de atendimento das contingências sociais mediante
contribuição prévia.
→ O art. 194 da CF/88 dispõe sobre a seguridade social, que é constituída de três ramos de
auxílio à população: a saúde, a previdência e a assistência social.
Art. 194.(CF) A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de
iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos
relativos à saúde, à previdência e à assistência social.
→ Saúde: universal e sem contribuição.
-Conceito: O direito à saúde consiste em medidas preventivas e reparadoras para atender
a saúde da população (Sistema Único de Saúde (SUS) – hospitais públicos, farmácias de
alto custo etc.). É direito universal e gratuito, isto é, independe de qualquer contribuição
direta para ser usufruído. Observa-se o Princípio da Reserva do Possível quanto ao
atendimento.
Art. 196 (CF). A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao
acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação.
→ Assistência social: baixa renda e sem contribuição.
-Conceito: A assistência social é um direito assegurado aos hipossuficientes,
considerados aqueles que possuem renda mensal per capita inferior a �⁄� do salário
mínimo (jurisprudência – critério da miserabilidade analisado no caso concreto). É não
contributiva, ou seja, qualquer pessoa que atenda aos requisitos legais poderá receber o
benefício de prestação continuada, previsto no inciso V do art. 203 da Constituição
Federal. O referido benefício é assegurado aos idosos e deficientes que estejam em
condição de hipossuficiência – Lei regulamentadora n. 8.742/93.
-Lei 8742/93 – LOAS – Organização da Assistência Social.
Art. 203.(CF)A assistência social será prestada a quem dela necessitar,
independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
3 Diana Ismail Hamed Karaja
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de
sua integração à vida comunitária;
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de
deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria
manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.
Art. 1º (LOAS) A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de
Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de
um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o
atendimento às necessidades básicas.
Art. 2o (LOAS)A assistência social tem por objetivos:
I - a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e à prevenção da
incidência de riscos, especialmente:
a) a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;
b) o amparo às crianças e aos adolescentes carentes;
c) a promoção da integração ao mercado de trabalho;
d) a habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e a promoção de sua
integração à vida comunitária; e
e) a garantia de 1 (um) salário-mínimo de benefício mensal à pessoa com deficiência e ao
idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la
provida por sua família;
II - a vigilância socioassistencial, que visa a analisar territorialmente a capacidade
protetiva das famílias e nela a ocorrência de vulnerabilidades, de ameaças, de
vitimizações e danos;
III - a defesa de direitos, que visa a garantir o pleno acesso aos direitos no conjunto das
provisões socioassistenciais.
Parágrafo único. Para o enfrentamento da pobreza, a assistência social realiza-se de
forma integrada às políticas setoriais, garantindo mínimos sociais e provimento de
condições para atender contingências sociais e promovendo a universalização dos
direitos sociais.
→ Previdência: única que tem caráter contributivo.
4 Diana Ismail Hamed Karaja
-Conceito: A previdência social é contributiva, o que significa que para ter direito à
percepção de benefício previdenciário, a pessoa deverá primeiramente filiar-se, para
obter a condição de segurada, e efetuar o pagamento das contribuições. A filiação é
obrigatória para todos os que exercem atividade remunerada (inclusive autônomos).
Art. 201.(CF) A previdênciasocial será organizada sob a forma do Regime Geral de
Previdência Social, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios
que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei, a:
I - cobertura dos eventos de incapacidade temporária ou permanente para o trabalho e
idade avançada;
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;
III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa
renda;
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e
dependentes, observado o disposto no § 2º.
§ 1º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados para concessão de
benefícios, ressalvada, nos termos de lei complementar, a possibilidade de previsão de
idade e tempo de contribuição distintos da regra geral para concessão de aposentadoria
exclusivamente em favor dos segurados:
I - com deficiência, previamente submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por
equipe multiprofissional e interdisciplinar;
II - cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e
biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a caracterização
por categoria profissional ou ocupação.
§ 2º Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do
trabalho do segurado terá valor mensal inferior ao salário mínimo.
§ 3º Todos os salários de contribuição considerados para o cálculo de benefício serão
devidamente atualizados, na forma da lei.
§ 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter
permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei.
5 Diana Ismail Hamed Karaja
§ 5º É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de segurado
facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência.
§ 6º A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá por base o valor dos
proventos do mês de dezembro de cada ano.
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei,
obedecidas as seguintes condições:
I - 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 62 (sessenta e dois) anos de idade,
se mulher, observado tempo mínimo de contribuição;
II - 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e 55 (cinquenta e cinco) anos de idade, se
mulher, para os trabalhadores rurais e para os que exerçam suas atividades em regime de
economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador
artesanal.
§ 8º O requisito de idade a que se refere o inciso I do § 7º será reduzido em 5 (cinco)
anos, para o professor que comprove tempo de efetivo exercício das funções de
magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio fixado em lei
complementar.
§ 9º Para fins de aposentadoria, será assegurada a contagem recíproca do tempo de
contribuição entre o Regime Geral de Previdência Social e os regimes próprios de
previdência social, e destes entre si, observada a compensação financeira, de acordo com
os critérios estabelecidos em lei.
§ 9º-A. O tempo de serviço militar exercido nas atividades de que tratam os arts. 42, 142
e 143 e o tempo de contribuição ao Regime Geral de Previdência Social ou a regime
próprio de previdência social terão contagem recíproca para fins de inativação militar ou
aposentadoria, e a compensação financeira será devida entre as receitas de contribuição
referentes aos militares e as receitas de contribuição aos demais regimes.
§ 10. Lei complementar poderá disciplinar a cobertura de benefícios não programados,
inclusive os decorrentes de acidente do trabalho, a ser atendida concorrentemente pelo
Regime Geral de Previdência Social e pelo setor privado.
§ 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário
para efeito de contribuição previdenciária e consequente repercussão em benefícios, nos
casos e na forma da lei.
§ 12. Lei instituirá sistema especial de inclusão previdenciária, com alíquotas
diferenciadas, para atender aos trabalhadores de baixa renda, inclusive os que se
encontram em situação de informalidade, e àqueles sem renda própria que se dediquem
6 Diana Ismail Hamed Karaja
exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde que
pertencentes a famílias de baixa renda.
§ 13. A aposentadoria concedida ao segurado de que trata o § 12 terá valor de 1 (um)
salário-mínimo.
§ 14. É vedada a contagem de tempo de contribuição fictício para efeito de concessão dos
benefícios previdenciários e de contagem recíproca.
§ 15. Lei complementar estabelecerá vedações, regras e condições para a acumulação de
benefícios previdenciários.
§ 16. Os empregados dos consórcios públicos, das empresas públicas, das sociedades de
economia mista e das suas subsidiárias serão aposentados compulsoriamente, observado
o cumprimento do tempo mínimo de contribuição, ao atingir a idade máxima de que
trata o inciso II do § 1º do art. 40, na forma estabelecida em lei.
A ORGANIZAÇÃO DA SEGURIDADE SOCIAL
A Seguridade Social, segundo o conceito ditado pela ordem jurídica vigente, compreende
um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade nas
áreas da saúde, previdência e assistência social, conforme previsto no Capítulo II do
Título VIII da Constituição Federal, sendo organizada em Sistema Nacional, que é
composto por conselhos setoriais, com representantes da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Municípios e da sociedade civil. (CASTRO, 2020, p.91)
SISTEMA NACIONAL DE SEGURIDADE SOCIAL
→ Dentro da estrutura do Poder Executivo, os Ministérios da área social são os
responsáveis pelo cumprimento das atribuições que competem à União em matéria de
Seguridade Social. Há os Conselhos setoriais – de Previdência (CNP), da Saúde (CNS) e da
Assistência Social (CNAS), que atendem ao objetivo da gestão quadripartite da
Seguridade Social.(CASTRO, 2020, p.91)
INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL
→ Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, autarquia federal, com sede e foro no
Distrito Federal.
→ Órgão subordinado ao Ministério da Fazenda, a competência para arrecadar, fiscalizar,
lançar e normatizar o recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e
c do parágrafo único do art. 11 da Lei n. 8.212/1991, e das contribuições instituídas a título
7 Diana Ismail Hamed Karaja
de substituição e, ainda, as contribuições devidas a terceiros, que antes eram
arrecadadas pela Secretaria da Receita Previdenciária.(CASTRO, 2020, p.91)
→ Finalidade: promover o reconhecimento de direito ao recebimento de benefícios
administrados pela Previdência Social, assegurando agilidade, comodidade aos seus
usuários e ampliação do controle social, cabendo-lhe:
-conceder e manter os benefícios e serviços previdenciários e o benefício de prestação
continuada (BPC/LOAS);
-emitir certidões relativas a tempo de contribuição perante o Regime Geral de
Previdência Social;
-gerir os recursos do Fundo do Regime Geral de Previdência Social; e
-calcular o montante das contribuições incidentes sobre a remuneração e demais
rendimentos dos trabalhadores, devidas por estes, pelos empregadores domésticos e
pelas empresas com vistas à concessão ou revisão de benefício requerido.
GESTÃO DESCENTRALIZADA
→ A gestão da Seguridade Social está baseada em órgãos colegiados, em estrito
cumprimento ao disposto no art. 194, parágrafo único, inciso VII, da Constituição
Federal, que estabelece o “caráter democrático e descentralizado da administração,
mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores,
dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados”.(CASTRO, 2020, p.91)
→ Conselhos de Seguridade Social, Previdência Social e Conselho Nacional de Assistência
Social: órgãos de deliberação colegiada, com a participação da União, dos Estados, do
Distrito Federal, dos Municípios e de representantes da sociedade civil.
CONSELHO NACIONAL DE PREVIDÊNCIA(CNP)
→ O CNP é órgão superior de deliberação colegiada, composto de representantes do
Governo Federal e da sociedade civil, num total de quinze membros, conforme previsto
no art. 3º da Lei n. 8.213/1991, dos quais seis representantes do Governo Federal e nove
representantes da sociedade civil, sendo destes: três representantes dos aposentados e
pensionistas, três representantes dos trabalhadores em atividade e três representantes
dos empregadores. (CASTRO, 2020, p.91)
→ Compete ao CNP, segundo as disposições do art. 4º da Lei n. 8.213/1991 e do art. 296 do
Decreto n. 3.048/1999:
–estabelecer diretrizes gerais e apreciar as decisões de políticas aplicáveis à Previdência
Social;
–participar, acompanhar e avaliar, sistematicamente, a gestão previdenciária;
8 Diana Ismail Hamed Karaja
–apreciar e aprovar os planos e programas da Previdência Social;
–apreciar e aprovar as propostas orçamentárias da previdência social, antes de sua
consolidação na proposta orçamentária da Seguridade Social;
–acompanhar e apreciar, mediante relatórios gerenciais por ele definidos, a execução
dos planos, programas e orçamentos no âmbito da previdência social;
–acompanhar a aplicação da legislação pertinente à previdência social;
–apreciar a prestação de contas anual a ser remetida ao Tribunal de Contas da União,
podendo, se for necessário, contratar auditoria externa;
–estabelecer os valores mínimos em litígio, acima dos quais será exigida a anuência
prévia do Procurador-Geral ou do Presidente do Instituto Nacional do Seguro Social para
formalização de desistência ou transigência judiciais, conforme o disposto no art. 353 do
Decreto n. 3.048/1999;
–elaborar e aprovar seu regimento interno;
–aprovar os critérios de arrecadação e de pagamento dos benefícios por intermédio da
rede bancária ou por outras formas; e
–acompanhar e avaliar os trabalhos de implantação e manutenção do Cadastro Nacional
de Informações Sociais.
CONSELHO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL (CPS)
→ Os CPS são compostos por 10 conselheiros, sendo dois representantes dos
trabalhadores, dois dos empregadores, dois dos aposentados e pensionistas e quatro do
Governo, que se reúnem ao menos uma vez por bimestre, os CPS tem por objetivo de
ampliar o diálogo entre a gerência-executiva do INSS e a sociedade, permitindo que as
necessidades específicas de cada localidade, no que diz respeito ao debate de políticas
públicas e de legislação previdenciárias, sejam atendidas de modo mais eficiente.
CONSELHO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL - CNAS
→ O CNAS, criado pela Lei n. 8.742/1993 como órgão superior de deliberação colegiada, é
vinculado à estrutura da Administração Pública Federal responsável pela coordenação da
Política Nacional de Assistência Social – atualmente, o Ministério do Desenvolvimento
Social.
→O CNAS possui a seguinte competência:
9 Diana Ismail Hamed Karaja
–aprovar a Política Nacional de Assistência Social;
–normatizar as ações e regular a prestação de serviços de natureza pública e privada no
campo da assistência social;
–acompanhar e fiscalizar o processo de certificação das entidades e organizações de
assistência social no Ministério do Desenvolvimento Social;
–apreciar relatório anual que conterá a relação de entidades e organizações de
assistência social certificadas como beneficentes e encaminhá-lo para conhecimento dos
Conselhos de Assistência Social dos Estados, Municípios e do Distrito Federal;
–zelar pela efetivação do sistema descentralizado e participativo de assistência social;
–convocar ordinariamente a cada quatro anos a Conferência Nacional de Assistência
Social, que terá a atribuição de avaliar a situação da assistência social e propor diretrizes
para o aperfeiçoamento do sistema;
–apreciar e aprovar a proposta orçamentária da Assistência Social a ser encaminhada
pelo Ministério;
–aprovar critérios de transferência de recursos para os Estados, Municípios e Distrito
Federal, considerando, para tanto, indicadores que informem sua regionalização mais
equitativa, tais como: população, renda per capita, mortalidade infantil e concentração
de renda, além de disciplinar os procedimentos de repasse de recursos para as entidades
e organizações de assistência social, sem prejuízo das disposições da Lei de Diretrizes
Orçamentárias;
–acompanhar e avaliar a gestão dos recursos, bem como os ganhos sociais e o
desempenho dos programas e projetos aprovados;
–estabelecer diretrizes, apreciar e aprovar os programas anuais e plurianuais do Fundo
Nacional de Assistência Social – FNAS;
–indicar o representante do Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS junto ao
Conselho Nacional de Seguridade Social – CNSS (sem eficácia a partir da edição da
Medida Provisória n. 1.799-5, de 13.5.1999, e suas reedições, atualmente, Medida
Provisória n. 2.216-37, de 31.8.2001, que se manterá vigente até deliberação do
Congresso Nacional sobre a matéria, conforme disposto no art. 2º da Emenda
Constitucional n. 32 de 2001, por ter sido extinto o CNSS);
–elaborar e aprovar seu regimento interno;
10 Diana Ismail Hamed
Karaja
–divulgar, no Diário Oficial da União, todas as suas decisões, bem como as contas do
Fundo Nacional de Assistência Social – FNAS e os respectivos pareceres emitidos.
CONSELHO NACIONAL DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR - CNPC
→ O CNPC é o órgão com a função de regular o regime de previdência complementar
operado pelas entidades fechadas de previdência complementar, nova denominação do
então Conselho de Gestão da Previdência Complementar.
→ Ao CNPC, cabe, na forma do Decreto n. 7.123, de 3.3.2010, exercer a função de órgão
regulador do regime de previdência complementar operado pelas entidades fechadas de
previdência complementar.
CONSELHO DE RECURSOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL - CRPS
→ O Conselho de Recursos da Previdência Social – CRPS é órgão de controle jurisdicional
das decisões do INSS, nos processos referentes a benefícios a cargo desta Autarquia. O
CRPS tem sede em Brasília e jurisdição em todo o território nacional.
→ O CRPS é um tribunal administrativo que tem entre suas atribuições solucionar, no
âmbito não judicial, os conflitos entre a Autarquia Previdenciária e os beneficiários do
Regime Geral de Previdência Social (quando a matéria em questão é a concessão, a
manutenção, a revisão ou o cancelamento de benefício ou serviço), sendo que suas
decisões não têm força de coisa julgada para o particular, mas somente para o INSS, para
o qual surge o por alguns tão festejado “efeito vinculante”. Vale dizer, o litigante pode
recorrer à via judicial, mesmo após ter sido parte vencida perante os órgãos do CRPS.
Também não é obrigatório o esgotamento da instância administrativa para o ingresso
em Juízo. (CASTRO, 2020, p.99)
CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS - CARF
→ O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, órgão colegiado, paritário,
integrante da estrutura do Ministério da Economia, constituído por seções e pela Câmara
Superior de Recursos Fiscais, foi instituído pela Lei n. 11.941/2009, para atuar com
atribuição de julgar recursos de ofício e voluntários de decisão de primeira instância,
bem como recursos de natureza especial.
→ Dentre as matérias julgadas pelo CARF, destacamos as que entendemos mais
relevantes em relação à Seguridade Social:
–Contribuição Previdenciária: Adicional de Férias;
–Multa por Compensação Indevida;
11 Diana Ismail Hamed
Karaja
–Participação nos Lucros ou Resultados;
–SENAR;
–IRPF: Rendimentos Recebidos Acumuladamente.
CUSTEIO
No campo do Direito Previdenciário, há sempre relação de uma pessoa – natural ou
jurídica – com o ente previdenciário estatal. Contudo, há duas espécies distintas de
relações decorrentes da aplicação da legislação previdenciária: a relação de custeio e a
relação de prestação. (CASTRO, 2020, p.105)
→ Relação de custeio: o Estado impõe coercitivamente a obrigação de que as pessoas
consideradas pela norma jurídica como contribuintes do sistema de Seguridade Social –
logo, contribuintes também da Previdência Social – vertam seus aportes, conformeas
regras para tanto estabelecidas.
→ Relação de prestação: o Estado é compelido, também pela lei, à obrigação de dar –
pagar benefício – ou de fazer – prestar serviço – aos segurados e dependentes que,
preenchendo os requisitos legais para a obtenção do direito, o requeiram.
A existência de uma relação jurídica de custeio própria caracteriza o modelo de
previdência de caráter contributivo.
→ Pelo sistema contributivo, a receita da Previdência Social – e, no caso brasileiro, da
Seguridade Social como um todo – decorre de pagamentos feitos por pessoas com
destinação específica para o financiamento das ações no campo da proteção social.
A obrigação previdenciária de custeio é uma espécie do gênero obrigação tributária.
→ Decorre da relação jurídica representada pelo vínculo entre o ente público responsável
pela arrecadação das contribuições, acréscimos de mora e penalidades pecuniárias
devidos, por um lado, e por outro, o responsável pelo cumprimento das obrigações
previstas em lei, relativas ao recolhimento de contribuições previdenciárias, acréscimos
de mora ou pagamento das penalidades pecuniárias decorrentes do descumprimento de
obrigações.
→ Regida por lei, e não pela vontade de particulares, a relação obrigacional de custeio é
autônoma com referência à relação jurídica de prestação previdenciária.
12 Diana Ismail Hamed
Karaja
→ Sujeito ativo da relação obrigacional de custeio: é um ente pertencente ao Estado (no
caso das contribuições à Seguridade Social, o sujeito ativo é a União), que se vale de sua
supremacia para exigir o cumprimento da obrigação, pela via coercitiva.
→ Sujeito passivo da relação obrigacional de custeio: o sujeito passivo não tem
possibilidade de alterar a incidência da norma, uma vez concretizado o fato imponível,
nem transferir, por negócio entre particulares, a obrigação de prestar a devida
contribuição.
→ Conceito de Custeio: forma de angariar recursos financeiros para cobrir as despesas
com pagamento das prestações e os gastos gerais da administração; é o financiamento
por meio das contribuições sociais, principalmente; é o conjunto de normas que
regulamentam o financiamento da Seguridade Social.
→ O CUSTEIO tem que ser feito de uma forma para manter o EQUILÍBRIO dentro do INSS
– essa é a principal finalidade do custeio.
→ RECEITA: arrecadação de tributos ( impostos + taxas + empréstimos compulsórios +
contribuições sociais + contr melhoria) outras formas de arrecadação como multas,
doações e contratos administrativos.
→ A SEGURIDADE será financiada por toda a sociedade de maneira direta e indireta.
Trata-se de um sistema contributivo – através de um sistema de repartição a da
solidariedade entre gerações.
→ ORÇAMENTO: planeja o gasto do dinheiro arrecadado.
→ Obs.: nenhuma despesa poderá ocorrer sem que haja prévia aprovação
pelo Poder Legislativo. O financiamento da Seguridade ocorrerá mediante orçamentos
dos entes federativos e das contribuições elencadas no art 195 da CF e 194 do Decreto n.
3.048/99 (com alterações do Decreto n. 10.410 de 03/06/2020)
→ DESPESA: gastos que o Estado realiza com os serviços públicos. Os gastos com a
Seguridade Social são os benefícios e assistência social e realização de serviços públicos
além dos gastos com material, funcionários e funcionamento dos estabelecimentos do
Instituto.
→ A contribuição social é uma espécie de Tributo:
- É uma prestação pecuniária compulsória
- Instituída por lei
- Não é sanção de ato ilícito
- Cobrada mediante atividade administrativa vinculada.
-Decadência e prescrição igual aos dos Tributos
-
13 Diana Ismail Hamed
Karaja
→ FORMA DIRETA DE FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL:
Contribuições Sociais – art 195, I a IV da CF
I – empregadores – incidência sobre as folhas de pagamento
- receita ou faturamento
- lucro
II – trabalhadores – e demais segurados – excluindo os
aposentados e pensionistas.
→ FORMA INDIRETA DE FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL:
III – receitas de concursos e prognósticos
1 - Recursos Orçamentários da União, Estados, Municípios e DF – Não há um percentual
fixo – Art. 212 CF
2 - Outra Fontes:
- Art. 213 do Decreto n. 3048/99
- Multas, atualização monetária, juros de mora;
- Doações, legados, subvenções;
- 40% dos leilões da receita federal;
- Seguro Obrigatório – 50%
- Concursos e Prognósticos – 32% para a seguridade Social – contribuição de natureza
administrativa e financeira, pela ausência de compulsoriedade.
-Obs.: Tele Sena – é título de capitalização – não é concurso – então não incide
contribuição.
→ SISTEMA DE FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL.
O financiamento da Seguridade Social é previsto no art. 195 da Constituição Federal como
um dever imposto a toda a sociedade, de forma direta e indireta, mediante recursos
provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios
e de contribuições sociais.
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e
indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes
sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer
título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;
b) a receita ou o faturamento;
14 Diana Ismail Hamed
Karaja
c) o lucro;
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, podendo ser adotadas
alíquotas progressivas de acordo com o valor do salário de contribuição, não incidindo
contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo Regime Geral de Previdência
Social;
III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar.
§ 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à
seguridade social constarão dos respectivos orçamentos, não integrando o orçamento da
União.
§ 2º A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma integrada
pelos órgãos responsáveis pela saúde, previdência social e assistência social, tendo em
vista as metas e prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias,
assegurada a cada área a gestão de seus recursos.
§ 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido
em lei, não poderá contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou
incentivos fiscais ou creditícios.
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão
da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I.
§ 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou
estendido sem a correspondente fonte de custeio total.
§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após
decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou
modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, "b".
§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de
assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei.
§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem
como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia
familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante
a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus
aos benefícios nos termos da lei.
15 Diana Ismail Hamed
Karaja
§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo poderão ter
alíquotas diferenciadas em razão da atividade econômica, da utilização intensiva de mão
de obra, do porte da empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho, sendo
também autorizada a adoção de bases de cálculo diferenciadas apenas no caso das
alíneas "b" e "c" do inciso I do caput.
§ 10. A lei definiráos critérios de transferência de recursos para o sistema único de saúde
e ações de assistência social da União para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
e dos Estados para os Municípios, observada a respectiva contrapartida de recursos.
§ 11. São vedados a moratória e o parcelamento em prazo superior a 60 (sessenta) meses
e, na forma de lei complementar, a remissão e a anistia das contribuições sociais de que
tratam a alínea "a" do inciso I e o inciso II do caput.
§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições
incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não-cumulativas.
§ 13. (Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 14. O segurado somente terá reconhecida como tempo de contribuição ao Regime Geral
de Previdência Social a competência cuja contribuição seja igual ou superior à
contribuição mínima mensal exigida para sua categoria, assegurado o agrupamento de
contribuições.
→ O orçamento da Seguridade Social tem receita própria, é autônomo, que não se
confunde com a receita tributária federal, aquela destinada exclusivamente para as
prestações da Seguridade nas áreas da Saúde Pública, Previdência Social e Assistência
Social, obedecida a Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO.
→ De acordo com o art. 11 da Lei n. 8.212/1991, o orçamento da Seguridade Social, no
âmbito federal, é composto de receitas provenientes:
–da União;
–das contribuições sociais; e
–de outras fontes.
→ SISTEMA CONTRIBUTIVO.
Na relação de custeio da Seguridade Social, aplica-se o princípio de que todos que
compõem a sociedade devem colaborar para a cobertura dos riscos provenientes da
perda ou redução da capacidade de trabalho ou dos meios de subsistência. Por ser uma
relação jurídica estatutária, é compulsória àqueles que a lei impõe, não sendo facultado
ao contribuinte optar por não cumprir a obrigação de prestar a sua contribuição social.
16 Diana Ismail Hamed
Karaja
→ Há duas formas de se obter o custeio: uma, pela receita tributária, unicamente, o
sistema não contributivo; e outra, pela qual a fonte principal de custeio são contribuições
específicas, tributos vinculados para este fim, sistema então chamado de contributivo.
→ No sistema não contributivo, os valores despendidos com o custeio são retirados
diretamente do orçamento do Estado, que obtém recursos por meio da arrecadação de
tributos, entre outras fontes, sem que haja cobrança de contribuições sociais.
→ No sistema contributivo, por seu turno, podemos estar diante de duas espécies: uma,
em que as contribuições individuais servirão somente para o pagamento de benefícios
aos próprios segurados, sendo colocadas numa reserva ou conta individualizada
(sistema adotado pelos planos de previdência complementar, privada), a que chamamos
de sistema de capitalização; noutra, as contribuições são todas reunidas num fundo
único, que serve para o pagamento das prestações no mesmo período, a quem delas
necessite – é o sistema de repartição, hoje vigente em termos de Seguridade no Brasil.
→ CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS
→ Competência: não é privativa da União, mas se estende aos Estados, ao Distrito Federal
e aos Municípios, para que mantenham regimes de previdência e assistência social
próprios para seus servidores.
→ Conceito: as contribuições sociais podem ser conceituadas como “valores com que, a
título de obrigações sociais, contribuem os filiados, e os que o Estado estabelece para
manutenção e financiamento dos benefícios que outorga”.
→ A contribuição para a Seguridade Social é uma espécie de contribuição social, cuja
receita tem por finalidade o financiamento das ações nas áreas da saúde, previdência e
assistência social.
→ Constituem contribuições sociais, as quais são exigidas com base nas leis que as
instituíram, e que estão agrupadas no Regulamento da Previdência Social (parágrafo
único do art. 195 do Decreto n. 3.048/1999):
–as das empresas, incidentes sobre a remuneração paga, devida ou creditada aos
segurados e demais pessoas físicas a seu serviço, mesmo sem vínculo empregatício;
–as dos empregadores domésticos, incidentes sobre o salário de contribuição dos
empregados domésticos a seu serviço;
–as dos trabalhadores, incidentes sobre seu salário de contribuição;
–as das associações desportivas que mantêm equipe de futebol profissional, incidentes
sobre a receita bruta decorrentes dos espetáculos desportivos de que participem em todo
17 Diana Ismail Hamed
Karaja
o território nacional em qualquer modalidade desportiva, inclusive jogos internacionais,
e de qualquer forma de patrocínio, licenciamento de uso de marcas e símbolos,
publicidade, propaganda e transmissão de espetáculos desportivos;
–as incidentes sobre a receita bruta proveniente da comercialização da produção rural;
–as das empresas, incidentes sobre a receita ou o faturamento e o lucro;
–as incidentes sobre a receita de concursos de prognósticos.
→ NATUREZA JURÍDICA
→Várias teorias se formaram para definir a natureza jurídica das contribuições sociais,
porém, as mais significativas são: a teoria fiscal, a teoria parafiscal e a teoria da exação
sui generis.
→TEORIA FISCAL: a contribuição para a Seguridade Social tem natureza tributária, pois
se trata de uma prestação pecuniária compulsória instituída por lei e cobrada pelo ente
público arrecadador com a finalidade de custear as ações nas áreas da saúde, previdência
e assistência social. O fato de não se enquadrar como imposto, taxa ou contribuição de
melhoria, espécies de tributos relacionados no art. 145 da Constituição Federal e no art.
5º do Código Tributário Nacional, não afasta sua natureza tributária, isto porque a
instituição das contribuições sociais está prevista no art. 149 da Constituição, que
compõe o capítulo “Do Sistema Tributário Nacional”.
→TEORIA PARAFISCAL: deve-se diferenciar os tributos fiscais dos parafiscais. A
contribuição para a Seguridade Social teria a natureza da parafiscalidade, pois busca
suprir os encargos do Estado, que não lhe sejam próprios, no caso, o pagamento de
benefícios previdenciários. As receitas vão para um orçamento próprio, distinto do
orçamento da União, e o destino dos recursos é o atendimento das necessidades
econômicas e sociais de determinados grupos ou categorias profissionais e econômicas.
Embora a exigência da contribuição seja compulsória, o regime especial de
contabilização financeira afasta a natureza fiscal.
→TEORIA DA EXAÇÃO SUI GENERIS: a contribuição para a Seguridade Social teria a
natureza da parafiscalidade, pois busca suprir os encargos do Estado, que não lhe sejam
próprios, no caso, o pagamento de benefícios previdenciários. As receitas vão para um
orçamento próprio, distinto do orçamento da União, e o destino dos recursos é o
atendimento das necessidades econômicas e sociais de determinados grupos ou
categorias profissionais e econômicas. Embora a exigência da contribuição seja
compulsória, o regime especial de contabilização financeira afasta a natureza fiscal.
→ Em nível jurisprudencial, destacamos a orientação firmada pelo Supremo Tribunal
Federal no sentido de que a contribuição de seguridade social não só se qualifica como
18 Diana Ismail Hamed
Karaja
modalidade autônoma de tributo (RTJ 143/684), como também representa espécie
tributária essencialmente vinculada ao financiamento da Seguridade Social, em função
de específica destinação constitucional (ADC 8-MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento
em 13.10.1999, DJ de 4.4.2003).
→ Orientação predominante na doutrina e jurisprudência: as contribuições destinadas
ao financiamento da Seguridade Social possuem natureza jurídica tributária, pois estão
sujeitas ao regime constitucional peculiar aos tributos, ressalvada apenas a previsão do §
6º do art. 195 da Carta Magna.
→ CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS
→ As características gerais das contribuições sociais estão previstas no art. 149 da
Constituição Federal, que estabelece para a instituição a observância das normas gerais
do Direito Tributárioe aos princípios da legalidade e da anterioridade.
→PARAFISCALIDADE: quem arrecada e quem paga os benefícios não é quem cria a
contribuição. Ex.: INSS arrecada mas não cria as contribuições, quem cria é o
Estado/União.
→ COMPETÊNCIA RESIDUAL DA UNIÃO: União é quem tem competência para criar novas
contribuições sociais.
Art. 154. A União poderá instituir:
I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que
sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos
discriminados nesta Constituição;
II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários,
compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos,
gradativamente, cessadas as causas de sua criação.
→ É criada através de Lei Complementar.
OBS.: As contribuições destinadas ao financiamento da Seguridade Social previstas nos
incisos I, II, III e IV, do art. 195 da Constituição podem ser instituídas por lei ordinária.
Nesse sentido, o STF ao julgar a Repercussão Geral – Tema 204, ratificou sua orientação
jurisprudencial de que “a lei complementar para instituição de contribuição social é
exigida para aqueles tributos não descritos no altiplano constitucional, conforme
disposto no § 4º do artigo 195 da Constituição da República” (RE 598.572, Tribunal
Pleno, Rel. Min. Edson Fachin, DJe 9.8.2016).
19 Diana Ismail Hamed
Karaja
→ Portanto, para a instituição de outras fontes de custeio, destinadas a garantir a
manutenção ou expansão da Seguridade Social, deve ser de forma não cumulativa -
Princípio da Não Cumulatividade.
→ Dessa forma, pode–se criar novas fontes de custeio, que servirão para garantir a
manutenção e a expansão da Seguridade Social ( art. 195 § 4º CF).
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e
indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
[...]
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão
da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I.
→ Obs.: De acordo com o art. 24, XII da Constituição de 1988, compete à União, Estados e
DF legislar concorrentemente sobre previdência social. Municípios, por sua vez, têm a
prerrogativa de instituir regimes próprios com base nos arts. 30, I e 40 da Constituição.
Sendo a matéria de competência concorrente, cabe à União estabelecer normas gerais,
preservando a autonomia dos demais entes federados (art. 24, § 1º, CF/88).
→ PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE NONAGESIMAL
→ Regra especial pertinente às contribuições para a Seguridade Social, cujo prazo de
exigibilidade é de noventa dias após a publicação da lei que institui, modifica ou majora
contribuição, de acordo com o previsto no art. 195, § 6º, da Constituição Federal.
→ A norma de custeio do sistema, quando disponha sobre criação ou modificação de
contribuições sociais, só poderá ser exigida após decorridos noventa dias de sua
publicação - Visa a segurança jurídica.
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e
indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
[...]
§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após
decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou
modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, "b".
→ Obs.: não é aplicada a regra do artigo 150, inciso III, alínea b, da CF, pois prevalece a
regra específica do artigo 195, §6º.
→ As demais normas de custeio, bem como as relativas a prestações previdenciárias, são
eficazes a partir da data em que a própria norma previr sua entrada em vigor, e, na
20 Diana Ismail Hamed
Karaja
ausência de tal fixação, no prazo estabelecido pela Lei de Introdução às Normas do
Direito Brasileiro – LINDB para a vacatio legis, ou seja, 45 dias após sua publicação.
→ VIGÊNCIA E EFICÁCIA DAS NORMAS NO TEMPO - DIREITO ADQUIRIDO
→ A lei nova, obedecendo à garantia constitucional, não prejudica o direito adquirido, o
ato jurídico perfeito ou a coisa julgada.
→ Por exemplo, o segurado que já possuía direito à aposentadoria por tempo de
contribuição antes da vigência da EC n. 103, de 13.11.2019, tem direito de, a qualquer
tempo, requerer o benefício com base nas regras antigas de cálculo – ou seja, sem a
aplicação de idade mínima, e com cálculo baseado na média dos maiores salários de
contribuição equivalentes a 80% do período contributivo.
→Neste caso, mesmo estando a lei revogada, ao tempo em que era vigente houve o
preenchimento de todos os requisitos nela previstos.
→ Portanto, havendo adquirido o direito à época em que vigorava a lei, é ele exercitável a
qualquer tempo, mesmo após a revogação da norma jurídica em que se baseia.
→ Obs.: Não caracteriza direito adquirido o fato de um indivíduo já estar filiado a um
Regime de Previdência Social, para efeito de pretensão de ultratividade de normas que
vierem a ser revogadas antes que o mesmo tenha implementado todos os requisitos
legais para o exercício do direito.
→ Ou seja, se ao tempo da modificação da norma o indivíduo não tinha ainda
possibilidade de postular a prestação previdenciária, a mudança legislativa pode alterar
sua expectativa.
→ Os benefícios concedidos (ou que deveriam ser concedidos e não foram) antes da
entrada em vigor de uma lei nova são regidos pela “lei antiga”, a lei vigente na época dos
fatos (tempus regit actum).
→ VIGÊNCIA E EFICÁCIA DAS NORMAS NO ESPAÇO
→ Regra em relação à aplicação das normas de Direito Previdenciário: princípio da
territorialidade.
→Acordos - dois tipos de acordos em matéria de proteção social:
-os bilaterais, entre dois países apenas;
-e os multilaterais, como são os de comunidades de países (União Europeia, Mercosul).
→ A cobertura prevista nos acordos depende do que restar estabelecido no tratado.
→ No Brasil, não existe tal restrição no direito interno, uma vez que, seja por força do art.
5º da Constituição, que iguala em tratamento os brasileiros e os estrangeiros residentes
no país, seja com fundamento nas Leis n. 8.212 e 8.213/1991, que enumera os segurados
21 Diana Ismail Hamed
Karaja
obrigatórios, não se exige a nacionalidade brasileira como requisito, mas sim o trabalho
em território nacional como regra.
→ Princípios aplicados nos Tratados:
- da igualdade de tratamento entre os indivíduos oriundos dos países contratantes,
atendendo ao que dispõe a Convenção n. 118 da OIT sobre a igualdade de tratamento em
matéria de seguridade social.
- Outro é o que estipula a vedação de cláusulas que vinculem a aquisição de direitos à
residência no país contratante, com respeito às pessoas que residem legalmente em
outro país contratante.
→Os Acordos Internacionais de Previdência Social estabelecem uma relação de prestação
de benefícios previdenciários, não implicando na modificação da legislação vigente no
país, cumprindo a cada Estado contratante analisar os pedidos de benefícios
apresentados e decidir quanto ao direito e condições, conforme sua própria legislação
aplicável, e o respectivo Acordo.
→ De regra, os acordos preveem o pagamento de um benefício proporcional às
contribuições vertidas em cada país.
→ Vigoram atualmente os seguintes Acordos Internacionais de Previdência Social,
firmados pelo Brasil (foi considerada a data de vigência no plano internacional, não
sendo adotada a vigência interna deles – pós- aprovação e publicação de decreto):
–Alemanha: assinado em 3.12.2009 (Decreto n. 8.000, de 8.5.2013) – Entrada em vigor:
1.5.2013;
–Bélgica: assinado em 4.10.2009 (Decreto n. 8.405, de 11.2.2015) – Entrada em vigor:
1.12.2014;
–Cabo Verde: assinado em 7.2.1979 (registrado no Secretariado na ONU em 28.12.1979,
sob n. 18.216) – Entrada em vigor: 7.2.1979;
–Canadá: assinado em 8.8.2011 (Decreto Legislativo n. 421, de 28.11.2013,e Decreto n.
8.288, de 24.7.2014) – Entrada em vigor em 1º.8.2014;
–Chile: assinado em 16.10.1993 (Decreto Legislativo n. 75, de 4.5.1995). Novo Acordo –
Entrada em vigor: 1.9.2009;
–Coreia: assinado em 22.11.2012 (Decreto n. 9.751, de 10.4.2019) – Entrada em vigor:
11.4.2019;
–Coreia do Sul: assinado em 22.11.2012 (Decreto Legislativo n. 152, de 17.7. 2015) –
Entrada em vigor: 1º.11.2015;
22 Diana Ismail Hamed
Karaja
–Espanha: assinado em 16.5.1991 (Decreto n. 1.689, de 7.11.1995) – Entrada em vigor:
1º.12.1995. Acordo Complementar de Revisão do Convênio firmado em 24.6.2012 (Decreto
n. 9.567, de 16.11.2018 - Entrada em vigor: 1º.3.2018;
–Estados Unidos: assinado em 30.6.2015 (Decreto n. 9.422, de 25.6.2018) – Entrada em
vigor: 1º.10.201817;
–França: assinado em 15.12.2011 (Decreto Legislativo n. 2, de 16.1.2014, e Decreto n.
8.300, de 29.8.2014) – Entrada em vigor: 1º.9.2014;
–Grécia: assinado em 12.9.1984 (Decreto Legislativo n. 3, de 23.10.1987) Entrada em
vigor: 1º.9.1990;
–Itália: assinado em 9.12.1960 (Decreto Legislativo n. 57.759, de 8.2.1966) – Entrada em
vigor: 5.8.1977;
–Japão: assinado em 27.12.2010 (Decreto Legislativo n. 298, de 30.9.2011; promulgado
pelo Decreto n. 7.702, de 15.3.2012) – Entrada em vigor: 1º.3.2012;
–Luxemburgo: assinado em 16.9.1965 (Decreto Legislativo n. 52, de 1966) – Entrada em
vigor: 1º.8.1967. Novo acordo firmado em Luxemburgo, em 22.6..2012 (Decreto n. 9.564,
de 14.11.2018) - Entrada em vigor: em 1º.4.2018;
–Portugal: assinado em 17.10.1969 (Decreto n. 67.695, de 3.12.1970) – Entrada em vigor:
25.3.1995. Acordo Adicional com ajuste administrativo (Decreto n. 7.999, de 8.5. 2013) –
Entrada em vigor: 1º.5.2013;
–Quebec: assinado em 26.10.2011 (Decreto Legislativo n. 97, de 12.5.2015) – Entrada em
vigor: 1º.10.2016;
–Suíça: assinado em 03.03.2014 (Decreto Legislativo nº 54, de 18.06.2019) – Entrada em
vigor: 1º.10.2019.
→ O Brasil possui também os seguintes Acordos Multilaterais:
–IBEROAMERICANO: Convenção Multilateral Iberoamericana de Segurança Social
(Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, El Salvador, Equador, Espanha, Paraguai, Portugal e
Uruguai), assinada em 10.11.2007: em vigor desde 19.5.2011. Texto promulgado pelo
Decreto n. 8.358, de 13.11.2014. A Convenção já está em vigor para os seguintes países:
Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, El Salvador, Equador, Espanha, Paraguai, Portugal e
Uruguai.
23 Diana Ismail Hamed
Karaja
–MERCOSUL (Argentina, Uruguai e Paraguai): Acordo Multilateral de Seguridade Social
do Mercado Comum do Sul celebrado em 15.12.1997, aprovado pelo Decreto Legislativo n.
451, de 14.11.2001, em vigor a partir de 1.º.6.2005.
DO DIREITO MATERIAL PREVIDENCIÁRIO
→ REGIMES
→ REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL (RGPS)
Inclui todos os indivíduos que contribuem para o Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS): trabalhadores da iniciativa privada, funcionários públicos (concursados e não
concursados), militares e integrantes dos Poderes Judiciário, Legislativo e Executivo.
→ REGIMES PRÓPRIOS DE PREVIDÊNCIA SOCIAL (RPPS)
Organizadas pelos estados e municípios para servidores públicos ocupantes de cargos
efetivos (que exigem concurso público).
→ Existem dois regimes de RPPS: Repartição simples e o de capitalização. O de
Repartição Simples ao do INSS. Isto é, as contribuições do servidor em atividade pagam o
benefício do aposentado. No sistema de Capitalização, é criado um fundo para receber as
contribuições que são aplicadas em ativos de renda fixa e variável. Neste caso, o servidor
recebe o valor de suas reservas mais os rendimentos.
→ Previdência Complementar: É um benefício opcional, que proporciona ao trabalhador
um seguro previdenciário adicional, conforme sua vontade. É uma aposentadoria
contratada para garantir uma renda extra ao trabalhador ou a seu beneficiário. Os valores
dos benefícios são aplicados pela entidade gestora, com base nos chamados cálculos
atuariais (que estabelece o valor da contribuição mensal necessária para pagar as
aposentadorias prometidas).
→ Obs.:
CF - 201. A previdência social será organizada sob a forma do Regime Geral de
Previdência Social, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados
critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, na forma da lei, a:
[...]
→ Brasil - Adota mais de um regime:
- RGPS (regime geral) – contributivo;
-RPPS – União, Estados, Municípios e DF. Para agentes públicos – contributivo;
+ a nova previdência do servidor público
24 Diana Ismail Hamed
Karaja
Mesmo em sistemas contributivos. Recursos orçamentários do Estado também
concorrem (garantia de sustentação).
-RPC - Fundos de investimentos em previdência privada ou complementar.
→ SISTEMA DE REPARTIÇÃO E CAPITALIZAÇÃO
→ O modelo de capitalização, é o adotado nos planos individuais de previdência privada,
bem como nos “fundos de pensão”, as entidades fechadas de previdência complementar.
→ Nesse sistema, a participação do Estado é mínima, e a do empregador vai variar
conforme a normatização de cada sistema. No sistema de capitalização o que prevalece é
a contribuição do próprio segurado, potencial beneficiário, que deverá cumprir o número
de cotas ou o valor estabelecido para garantir a proteção pelo sistema para si e seus
dependentes.
→ Obs.: implementado no Chile em 1981, Hungria em 2010, Eslováquia, Polônia,
Romênia
→ Já no sistema de repartição, as contribuições sociais vertem para um fundo único, do
qual saem os TODOS os recursos para a concessão de benefícios a qualquer beneficiário
que atenda aos requisitos previstos na norma previdenciária.
→ A participação do segurado é também muito importante, mas a ausência de
contribuição em determinado patamar não lhe retira o direito a benefícios e serviços,
salvo nas hipóteses em que se lhe exige alguma carência este modelo repousa no ideal de
solidariedade, no pacto entre gerações = USADO PELO SISTEMA DA PREVIDÊNCIA
SOCIAL BRASILEIRA
→ RISCO SOCIAL
Risco social previdenciário: evento futuro e incerto.
Art. 5º (CF) A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter
contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio
financeiro e atuarial, e atenderá a:
I - cobertura de eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada;
I - cobertura de eventos de incapacidade temporária ou permanente para trabalho
e idade avançada;
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;
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III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de
baixa renda; e
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou
companheiro e dependentes.
→ Risco Social de Incapacidade gera: Auxílio Doença; Auxílio Acidente; Aposentadoria
por Invalidez.
→ Risco Social da Idade Avançada gera: Aposentadoria por Idade.
→ Risco Social de Tempo de Trabalho gera: Aposentadoria por Tempo de Contribuição;
Aposentadoria Especial.
→ Risco Social de Encargos Familiares gera: salário família; Salário maternidade.
→ Risco social de Reclusão gera: auxílio reclusão – para os dependentes.
→ Risco social de Morte gera: pensão por morte - para os dependentes.
→ DOS BENEFICIÁRIOS
De acordo com o artigo 10 da Lei n. 8.213/91, os beneficiários do Regime Geral da
Previdência Social (RGPS) são os segurados e seus dependentes.
Art. 10. Os beneficiários do Regime Geral de Previdência Social classificam-se como
segurados e dependentes, nos termos das Seções I e II deste capítulo.
→ Beneficiários: são os credores da obrigação – quem recebe os benefícios.
→ Requisitos para indivíduos se tornarem Beneficiários Segurados:
Inscrição
Filiação
Contribuição
→ São considerados segurados obrigatórios: o empregado, inclusive o doméstico, o
contribuinte individual (inclusive motorista de aplicativo / motorista de transporte
remunerado privado como Microempreendedor Individual (MEI) – Decreto 9.792 com
alíquotas de 5%,11% ou 20%), o trabalhador avulso e o segurado especial,conforme art.
11 da Lei n. 8.213/91:
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Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
I - como empregado:
a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não
eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor
empregado;
b) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, definida em legislação
específica, presta serviço para atender a necessidade transitória de substituição de
pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras
empresas;
c) o brasileiro ou o estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como
empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior;
d) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição consular de
carreira estrangeira e a órgãos a elas subordinados, ou a membros dessas missões e
repartições, excluídos o não-brasileiro sem residência permanente no Brasil e o
brasileiro amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva missão
diplomática ou repartição consular;
e) o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais
brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá
domiciliado e contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do
domicílio;
f) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como
empregado em empresa domiciliada no exterior, cuja maioria do capital votante
pertença a empresa brasileira de capital nacional;
g) o servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vínculo efetivo com a União,
Autarquias, inclusive em regime especial, e Fundações Públicas Federais.
(Incluída pela Lei nº 8.647, de 1993)
h) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não
vinculado a regime próprio de previdência social ; (Incluída pela Lei nº 9.506, de
1997)
i) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no
Brasil, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social; (Incluída
pela Lei nº 9.876, de 26.11.99)
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j) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não
vinculado a regime próprio de previdência social; (Incluído pela Lei nº 10.887, de
2004)
II - como empregado doméstico: aquele que presta serviço de natureza contínua a
pessoa ou família, no âmbito residencial desta, em atividades sem fins lucrativos;
V - como contribuinte individual:
a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária, a qualquer
título, em caráter permanente ou temporário, em área superior a 4 (quatro) módulos
fiscais; ou, quando em área igual ou inferior a 4 (quatro) módulos fiscais ou atividade
pesqueira, com auxílio de empregados ou por intermédio de prepostos; ou ainda nas
hipóteses dos §§ 9o e 10 deste artigo;
b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração mineral -
garimpo, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de
prepostos, com ou sem o auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que
de forma não contínua;
c) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de
congregação ou de ordem religiosa;
e) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual
o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto
por regime próprio de previdência social;
f) o titular de firma individual urbana ou rural, o diretor não empregado e o membro de
conselho de administração de sociedade anônima, o sócio solidário, o sócio de indústria,
o sócio gerente e o sócio cotista que recebam remuneração decorrente de seu trabalho
em empresa urbana ou rural, e o associado eleito para cargo de direção em cooperativa,
associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, bem como o síndico ou
administrador eleito para exercer atividade de direção condominial, desde que recebam
remuneração;
g) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais
empresas, sem relação de emprego;
h) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana,
com fins lucrativos ou não;
VI - como trabalhador avulso: quem presta, a diversas empresas, sem vínculo
empregatício, serviço de natureza urbana ou rural definidos no Regulamento;
28 Diana Ismail Hamed
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VII – como segurado especial: a pessoa física residente no imóvel rural ou em
aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de
economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros, na condição de:
a) produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro
outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade:
1. agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais;
2. de seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas atividades nos termos do inciso
XII do caput do art. 2º da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, e faça dessas atividades o
principal meio de vida;
b) pescador artesanal ou a este assemelhado que faça da pesca profissão habitual ou
principal meio de vida; e
c) cônjuge ou companheiro, bem como filho maior de 16 (dezesseis) anos de idade ou a
este equiparado, do segurado de que tratam as alíneas a e b deste inciso, que,
comprovadamente, trabalhem com o grupo familiar respectivo.
→ São considerados segurados facultativos: aqueles que não exercem atividade
remunerada - Natureza Opcional – ex.: Dona de Casa, síndico, estudante (art. 13 da Lei
8213/91 e 11 do Decreto 3.048/99).
Art. 13. É segurado facultativo o maior de 14 (quatorze) anos que se filiar ao Regime Geral
de Previdência Social, mediante contribuição, desde que não incluído nas disposições do
art. 11.
→ SÃO CONSIDERADOS DEPENDENTES: (art. 16 da Lei n. 8.213/91)
Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de
dependentes do segurado:
I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer
condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual
ou mental ou deficiência grave;
II - os pais;
III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou
inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave;
§ 1º A existência de dependente de qualquer das classes deste artigo exclui do direito às
prestações os das classes seguintes.
29 Diana Ismail Hamed
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§ 2º .O enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do
segurado e desde que comprovada a dependência econômica na forma estabelecida no
Regulamento.
§ 3º Considera-se companheira ou companheiro a pessoa que, sem ser casada, mantém
união estável com o segurado ou com a segurada, de acordo com o § 3º do art. 226 da
Constituição Federal.
§ 4º A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é presumida e a das
demais deve ser comprovada.
§ 5º As provas de união estável e de dependência econômica exigem início de prova
material contemporânea dos fatos, produzido em período não superior a 24 (vinte e
quatro) meses anterior à data do óbito ou do recolhimento à prisão do segurado, não
admitida a prova exclusivamente testemunhal, exceto na ocorrência de motivo de força
maior ou caso fortuito, conforme disposto no regulamento.
§ 6º Na hipótese da alínea c do inciso V do § 2º do art. 77 desta Lei, a par da exigência do
§ 5º deste artigo, deverá ser apresentado, ainda, início de prova material que comprove
união estável por pelo menos 2 (dois) anos antes do óbito do segurado.
§ 7º Será excluído definitivamente da condição de dependente quem tiver sido
condenado criminalmente por sentença com trânsito em julgado, como autor, coautor
ou partícipe de homicídio doloso, ou de tentativa desse crime, cometido contra a pessoa
do segurado, ressalvados os absolutamenteincapazes e os inimputáveis.
→ Os dependentes são pessoas que, embora não estejam contribuindo para a Seguridade
Social, a Lei de Benefícios elenca como possíveis beneficiários do Regime Geral de
Previdência Social – RGPS, em razão de terem vínculo familiar com segurados do
regime, fazendo jus às seguintes prestações:
-pensão por morte;
-auxílio reclusão;
-serviço social; e
-reabilitação profissional.
→Dependente é uma pessoa economicamente subordinada ao segurado. Com relação a
ele é mais próprio falar em estar ou não inscrito ou situação de quem mantém a relação
de dependência ao segurado, adquirindo-a ou perdendo-a, não sendo exatamente um
filiado, pois este é o estado de quem exerce atividade remunerada, embora não passe de
convenção semântica. (MARTINEZ, 1997, p.201-208)
30 Diana Ismail Hamed
Karaja
→ Obs.: mesmo que ambos os cônjuges e companheiros exerçam atividade remunerada,
um é considerado dependente do outro para fins previdenciários, fazendo jus a
benefícios, mesmo que aufiram ganhos decorrentes de atividade laborativa.
→ Cônjuge ou companheiro: é dependente direto, ou seja, presumido. Não é necessária a
comprovação de dependência econômica.
Obs.: Quando a pensão por morte decorre de Pensão Alimentícia, mesmo que separados
ou divorciados, está comprovada a dependência econômica, portanto mesmo separados
ou divorciados, esse cônjuge fará jus a pensão por morte.
Súmula 336 STJ
A mulher que renunciou aos alimentos na separação judicial tem direito a pensão
previdenciária por morte do ex-marido, comprovada e necessidade econômica
superveniente.
Obs.2: Considerando a determinação judicial constante da Ação Civil Pública
2000.71.00.009347-0/RS, confirmada pelo STJ (REsp 395.904 – Informativo STJ de
15.12.2005), o INSS estabeleceu os procedimentos a serem adotados para concessão de
benefícios previdenciários ao companheiro ou companheira homoafetivos, fazendo jus
aos benefícios de pensão por morte ou auxílio-reclusão, independentemente da data do
óbito ou da perda da liberdade do segurado que seja submetida pena privativa da
liberdade.
→ Os dependentes são divididos em três classes, de acordo com os parâmetros previstos
no art. 16 da Lei n. 8.213/1991, com redação atual dada pela Lei n. 13.146, de 6.7.2015:
1ª classe /ordem: o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado,
de qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual
ou mental ou deficiência grave e guarda para adoção; (dependência econômica
presumida)
2ª classe/ordem: os pais; (dependência econômica indicativa/comprovada)
3ª classe/ordem: o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 anos ou
inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave.
(dependência indicativa/comprovada)
→ Obs.: filho + de 21 anos perde o direito ao benefício.
→ Obs.: filhos sob guarda – pela Lei previdenciária NÃO é dependente. O ECA , art.33, §3º,
considerou o menor sob guarda como dependente, inclusive previdenciário.
→ Obs.: filhos de 21 a 24 anos que estão sob pendência de terminar curso universitário -
Súmula 37 (Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais)
decidiu ““A pensão por morte, devida ao filho até os 21 anos de idade, não se prorroga
pela pendência do curso universitário." Ou seja, tem que comprovar a dependência
econômica.
31 Diana Ismail Hamed
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→ Obs.: invalidez de filho antes da morte do segurado, mantém o direito ao benefício e,
também, o filho que se tornou inválido quando já recebia a pensão por morte.
→ Obs.: Cônjuge que recebe pensão por morte e contrai núpcias, não deixa de receber o
benefício. Se esse segundo companheiro/marido vier a óbito, passará a receber nova
pensão por morte – NÃO pode receber as duas pensões, terá que optar por uma delas.
→ Atenção 1 - Jurisprudência do STJ:
A jurisprudência do STJ se posiciona no sentido de que “é possível o rateio de pensão
entre a viúva e a companheira com quem o instituidor da pensão mantinha união estável,
assim entendida aquela na qual inexiste impedimento para a convolação do
relacionamento em casamento, que somente não se concretiza pela vontade dos
conviventes. Nos casos em que o instituidor da pensão falece no estado de casado,
necessário se faz que estivesse separado de fato, convivendo unicamente com a
companheira, para que esta possa fazer jus ao recebimento da pensão” (STJ, AgRg
no REsp 2012/0195969-7, 2ª Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJe de 14.12.2012).
→ Atenção 2 - Tema 526 STF:
Tema 526 – “Possibilidade de concubinato de longa duração gerar efeitos
previdenciários”. (set/2020) - STF
→ Atenção 3 - STF decide que amante não tem direito à pensão por morte (nov.2020):
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que amantes não têm direito à pensão por
morte. O assunto, que dividia a jurisprudência, foi julgado com repercussão geral no
plenário virtual e servirá de orientação para os demais tribunais do país. A decisão foi por
seis votos a cinco.
O processo (RE 1045273), que teve origem em Sergipe, envolve o reconhecimento de uma
união estável e uma relação homoafetiva concomitantes. A tramitação ocorre em segredo
de Justiça. O Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP) e a Associação de
Direito da Família e das Sucessões (ADFAS) participam como amicus curiae (parte
interessada).
Há muita polêmica e divergência de opinião em relação ao assunto. Discute-se ainda o
impacto que uma decisão favorável do Supremo teria sobre as contas da Previdência
Social. Isso pela possibilidade de o benefício se prolongar no tempo, já que a pensão não
se encerraria com a morte de uma das beneficiárias.
O Supremo Tribunal Federal já enfrentou esse tema. No ano de 2008, a 1ª Turma decidiu,
por maioria, que não poderia haver a divisão da pensão entre amante e cônjuge (RE
397762). Com base no precedente, o relator da nova ação, ministro Alexandre de Moraes,
negou o pedido. Segundo Moraes, o STF já julgou o tema e vedou o reconhecimento de
uma segunda união estável – independentemente de ser hétero ou homoafetiva –
32 Diana Ismail Hamed
Karaja
quando demonstrada a existência de uma primeira união estável juridicamente
reconhecida.
“Subsiste em nosso ordenamento jurídico constitucional os ideais monogâmicos, para o
reconhecimento do casamento e da união estável, sendo, inclusive, previsto como
deveres aos cônjuges, com substrato no regime monogâmico, a exigência de fidelidade
recíproca durante o pacto nupcial”, afirma o relator, no voto. Por isso, considera que a
existência de uma declaração judicial de existência de união estável é óbice ao
reconhecimento de uma outra união paralelamente estabelecida por um dos
companheiros durante o mesmo período. O voto foi seguido pelos ministros Ricardo
Lewandowski, Gilmar Mendes, Dias To�oli, Nunes Marques e Luiz Fux.
O ministro Edson Fachin divergiu. E foi acompanhado pelos ministros Luís Roberto
Barroso, Rosa Weber, Cármen Lúcia e Marco Aurélio Mello. Fachin destacou que seu voto
trata da questão previdenciária – se o ex-companheiro poderia receber parte da pensão
por morte. Nesse sentido, considerou possível o reconhecimento de efeitos post mortem
previdenciários a uniões estáveis concomitantes, desde que presente o requisito da
boa-fé objetiva.
Para Fachin, a pensão por morte deveria ser dividida no caso concreto. “Uma vez não
comprovado que ambos os companheiros concomitantes do segurado instituidor, na
hipótese dos autos, estavam de má-fé, ou seja, ignoravam a concomitância das relações
de união estável por ele travadas, deve ser reconhecida a proteção jurídica para os efeitos
previdenciários decorrentes”, afirmou.
O relator sugeriu a seguinte tese: “A preexistência de casamento ou de união estável de
um dos conviventes, ressalvada a exceção do artigo 1723, §1º do Código Civil, impede o
reconhecimento de novo vínculo referente ao mesmo período, inclusive para fins
previdenciários, em virtude da consagração do dever de fidelidade e da monogamia pelo
ordenamento jurídico-constitucional brasileiro”.→ Atenção 4 - Jurisprudência do STJ - FILHOS MAIORES DE 21 ANOS:
A jurisprudência do STJ foi pacificada no sentido de que não cabe estender o benefício da
pensão ao filho com mais de 21 anos de idade, salvo quando inválido, não cabendo a
pretensão de continuidade do pagamento de sua cota parte pelo fato de estar na condição
de estudante.
O Repetitivo do STJ – Tema 643, no qual foi fixada a seguinte tese: Não há falar em
restabelecimento da pensão por morte ao beneficiário, maior de 21 anos e não inválido,
diante da taxatividade da lei previdenciária, porquanto não é dado ao Poder Judiciário
legislar positivamente, usurpando função do Poder Legislativo.
33 Diana Ismail Hamed
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No âmbito da TNU foi editada a Súmula n. 37: “A pensão por morte, devida ao filho até os
21 anos de idade, não se prorroga pela pendência do curso universitário”.
→ Atenção 5 - nascituro:
A IN 77/2015 (art. 124) considera dependentes:
“Os nascidos dentro dos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal
por morte são considerados filhos concebidos na constância do casamento, conforme
inciso II do art. 1.597 do Código Civil.”
A proteção ao nascituro encontra respaldo também no art. 2º do Código Civil.
Todavia, o benefício é devido somente a partir da data do nascimento com vida e não do
óbito do segurado. Nesse sentido: TRF4, AC 2001.04.01.064852-9, DJe 8.1.2003.
→ DA QUALIDADE DE SEGURADO
→ Conceito: Só pode pedir benefício previdenciário aquele que for segurado do INSS. A
pessoa adquire a condição de segurado da Previdência Social ao se filiar ao Regime Geral
da Previdência Social (uma contribuição já é suficiente para obter a qualidade de
segurado).
FILIAÇÃO + CONTRIBUIÇÃO
→ FILIAÇÃO: O regime da previdência social, ou seja, o regime de filiação da previdência é
compulsório. (art. 11 da Lei 8213/91).
→ FILIAÇÃO – Vínculo Jurídico entre o segurado e o Regime da Previdência Social
Art. 5º , 9º e 12 da RPS – Decreto 3048/99
→ A filiação compulsória gera a CONTRIBUIÇÃO.
→ Filiação voluntária: segurado facultativo - Idade mínima 16 anos (antes da EC n 20/98
era de 14 anos). Aos 14 anos, pode ser o menor aprendiz – art. 7º CF e Art. 13 da Lei n.
8213/91. É segurado facultativo o maior de 14 (quatorze) anos que se filiar ao Regime
Geral de Previdência Social, mediante contribuição, desde que não incluído nas
disposições do art. 11.
→ CONTRIBUIÇÃO: O salário de contribuição é o valor que serve de base de cálculo para a
incidência das alíquotas das contribuições previdenciárias dos segurados, à exceção do
segurado especial.
34 Diana Ismail Hamed
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→ O valor-limite máximo do salário de contribuição é atualizado sempre que ocorrer
alteração do valor dos benefícios (art. 102 da Lei n. 8.212/1991).
→ Para o empregado e o trabalhador avulso, o salário de contribuição é a remuneração
auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos
pagos.
→ Para o empregado doméstico, o salário de contribuição será a remuneração registrada
na Carteira de Trabalho e Previdência Social – CTPS – no e- Social:
Súmula do STF: “688 – É legítima a incidência da contribuição previdenciária sobre o
13º salário”.
→ Ao exercer o segurado mais de um emprego ou ocupação, está ele sujeito ao salário de
contribuição em cada um deles, de maneira proporcional. Se em uma das empresas tiver
salário superior ao teto do salário de contribuição, não precisará recolher sobre os
valores recebidos nos demais empregos ou ocupações – DEVENDO AVISAR O
EMPREGADOR PARA QUE NÃO OCORRA O DESCONTO.
→ Ponto polêmico - GORJETAS como base de cálculo de contribuições à Seguridade
Social. Não é inconstitucional, dado que o art. 195 da Constituição se refere a
“rendimentos do trabalho”, o que inclui, por consequência, tal espécie, ainda que paga
espontaneamente pelo cliente: (TRT 24ª Região, 2ª Turma, RO no Proc.
00391-2006-007-24- 00-0, Rel. Juiz Nicanor de Araújo Lima, julgado em 9.3.2007,
DO/MS de 21.3.2007).
→ Para fins previdenciários, o salário-maternidade também é considerado salário de
contribuição, ou seja, sofre dedução da contribuição da segurada. Nesse sentido, a tese
fixada pelo STJ no Repetitivo 739: “O salário-maternidade possui natureza salarial e
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Karaja
integra, consequentemente, a base de cálculo da contribuição previdenciária.” (REsp
1.230.957/RS, 1ª Seção, DJe 18.3.2014).
Obs.: O tema ainda será julgado no STF, sendo objeto da Repercussão Geral n. 72:
“Inclusão do salário-maternidade na base de cálculo da Contribuição Previdenciária
incidente sobre a remuneração (Leading Case: RE 576.967 RG/PR, DJe 27.6.2008).
→ O Plenário do STF entendeu, em sede de Repercussão Geral – Tema 344, que incide
contribuição previdenciária sobre parcelas relativas à participação nos lucros no período
posterior à promulgação da Constituição Federal de 1988 e anterior à entrada em vigor
da Medida Provisória n. 794/1994, que regulamentou a matéria (Leading Case: RE
569.441, Rel. Min. Dias To�oli, DJe 10.2.2015).
Obs.: No período posterior à MP, por sua vez, não incide contribuição.
→ Já o § 2º do art. 457 da CLT pela Lei n. 13.467/2017: “As importâncias, ainda que
habituais, pagas a título de ajuda de custo, auxílio-alimentação, vedado seu pagamento
em dinheiro, diárias para viagem, prêmios e abonos não integram a remuneração do
empregado.
→ É vedada a imposição de contribuição sobre proventos de aposentadoria e pensões
pagos pelo RGPS (Constituição, art. 195, II, com a redação conferida pela Emenda n.
103/2019). Quem recebe benefício NÃO contribui.
→ Mais lugares de onde se obtém contribuição social:
- Contribuição do segurado empregado, inclusive doméstico, e trabalhador avulso
- Contribuição do segurado contribuinte individual e facultativo
- Contribuições das empresas
- Contribuição sobre a folha de pagamento
- Contribuição sobre a remuneração paga aos segurados contribuintes individuais e
trabalhadores avulsos
- Contribuição em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos
riscos ambientais do trabalho –GILRAT
- Fator Acidentário de Prevenção – FAP
- Contribuição para o financiamento da aposentadoria especial
- Contribuição sobre a receita e o faturamento
- Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS/PIS/PASEP
- Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL
- Contribuições das microempresas e empresas de pequeno porte – O Simples Nacional
- Contribuições do importador de bens e serviços do exterior
- Contribuições decorrentes do trabalho prestado em obras de construção civil
- Contribuição dos clubes de futebol profissional
- Contribuição do empregador doméstico
- Contribuição do produtor rural pessoa física e do segurado especial
- Contribuição do empregador rural pessoa jurídica
36 Diana Ismail Hamed
Karaja
- Contribuição sobre a receita de concursos de prognósticos
- Contribuições destinadas a terceiros
- Sistema de escrituração digital das obrigações fiscais, previdenciárias e trabalhistas –
e-Social
→ MANUTENÇÃO E PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO
→ O direito à proteção previdenciária só se perfaz quando este se encontra, compulsória
ou facultativamente, filiado ao Regime da Previdência Social.
→ Além da filiação, os segurados dependem de um período mínimo de contribuição =
PERÍODO DE CARÊNCIA
→ Regra Geral = 180 contribuições/15 anos.
→ Porém, para fins de obtenção de qualidade de segurado, uma contribuição já preenche
este quesito.
→ A qualidade de segurado pode se estender, mesmo que o segurado perca a atividade
laborativa.
→ Essa extensão se chama “PERÍODO DE GRAÇA”. Período que o indivíduo mantém a
qualidade de segurado mesmo que não esteja contribuindo mais. Tal qualidade é mantida
(período de graça), ainda que não haja contribuição, nos termos do artigo 15 da Lei n.
8.213/91 e artigo 13 do Decreto 3.048/99:
Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições:
I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício, exceto do auxílio-acidente;
II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições,

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