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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE QUÍMICA Princípios de Operações Unitária – Turma A Perfil de temperatura em Aletas SÃO CARLOS 20 de junho de 2013 1 SUMÁRIO Resumo...........................................................................................................................03 Introdução teórica.........................................................................................................04 Materiais e métodos.......................................................................................................08 Resultados e Discussões.................................................................................................08 Conclusão.......................................................................................................................12 Referências bibliográficas.............................................................................................12 Memória de cálculo.......................................................................................................13 2 Nomenclatura A = área da superfície de transferência de calor [m2] At = área da seção transversal da aleta [m 2] Aa = área superficial da aleta [m 2] h = coeficiente de transferência de calor [W/ m2 ºC] k = condutividade térmica [W/m K ou W/m °C] P = perímetro da seção transversal da aleta [m] qk = taxa de calor por condução [W] T = temperatura [K ou ºC] Tb = temperatura da parede (mais próxima a base da aleta) [K ou ºC] x = direção de transferência de calor [m] = diferença de temperatura, T-Treferência [K ou ºC] = diferença entre temperatura na parede e a ambiente [ºC ou K] = eficiência da aleta [adimensional] 3 RESUMO Aletas são usadas para aumentar a taxa de transferência de calor em uma superfície. Ressalva-se que a adição de aletas aumenta a área superficial, mas ao mesmo tempo gera uma resistência de condução sobre a superfície original. Sendo assim, a adição das aletas, nem sempre irá ajudar a aumentar a taxa de transferência de calor. A partir de uma aleta de alumínio e uma de aço, ambas com mesmo diâmetro e uma aleta de aço de diâmetro distinto, levantou-se o perfil de temperatura para cada uma com a medida da temperatura em pontos de diferentes distâncias da base da aleta. Considerou-se para tal, que a condição de contorno que melhor atendia às condições experimentais foi a de aleta infinita, ou seja, a temperatura na extremidade em contato direto com o ambiente é a mesma que a da corrente livre, visto que, a temperatura obtida no ponto mais distante da fonte de calor era muito próxima à temperatura do ambiente (25°C). Devido à condutividade térmica (k) e à capacidade do alumínio, que são maiores que as do aço, observou-se que a temperatura decaía de forma mais lenta para a barra de alumínio, já que o material mais condutivo transfere calor mais facilmente ao longo da aleta e uma maior capacidade calorífica dificulta a perda de calor para o ambiente. Calculou-se também a efetividade para cada uma das aletas. 4 1. Introdução Teórica Partindo-se do pressuposto de um gradiente de temperatura dentro de um dado sistema e/ou de dois sistemas em contato com temperaturas distintas, haverá transferência de calor[1]. Em linguagem da termodinâmica, denomina-se por calor a energia transferida quando existe um gradiente de temperatura. Vale ressaltar que todos os processos de transferência de calor envolvem transferência e conversão de energia. Assim, eles devem obedecer tanto a primeira quanto à segunda lei da termodinâmica. São reconhecidos três modos distintos de transmissão de calor: condução, radiação e convecção. De um modo mais rígido, somente a condução e a radiação devem ser classificados como transferência de calor, pois tais mecanismos dependem meramente do gradiente de temperatura, o terceiro modo, a convecção, não obedece estritamente à definição de transferência de calor, pois sua operação também é dependente do transporte mecânico de massa. Contudo, a convecção efetua a transmissão de energia de regiões com diferentes temperaturas (de mais alta temperatura para a de mais baixa), sendo assim, adota-se o termo transferência de calor por convecção[1,2]. 1.1. Condução de Calor Sempre que houver um gradiente de temperatura, o calor fluirá da região de maior temperatura para a de menor temperatura[2]. A taxa na qual o calor é transferido, representada pela simbologia (qk), é proporcional ao gradiente de temperatura multiplicado pela área através da qual o calor é transferido. Então: k dT q A dx Inserindo-se a condutividade térmica, K, como constante de proporcionalidade, obtém-se a chamada Lei de Fourier da condução de calor. Nota-se ainda que há a inserção de um sinal negativo a equação para que seja satisfeito o segundo principio da termodinâmica, ou melhor, para denotar que o calor flui no sentido da maior temperatura para a menor temperatura. Matematicamente, a lei de Fourier é dada por: 5 k dT q kA dx (1) Da equação (1), pode-se descrever que: k k k q T q A 1 q x A cinética de uma molécula está intimamente relacionada à sua temperatura, quanto maior for à temperatura, maior será a velocidade da molécula. Quando uma molécula movimenta-se de uma região com gradiente de temperatura, ela transporta energia cinética pelo sistema. Como os movimentos moleculares são aleatórios, há colisões. Durante as colisões de moléculas com alta velocidade com aquelas que estão à baixa velocidade, há perda de energia térmica e aumento de energia da molécula com menor conteúdo energético. Deste modo, ocorre a transferência de energia térmica das regiões de alta temperatura para as regiões de baixa temperatura através da ação molecular[1,2]. 1.2. Coeficiente de Condutividade Térmica (k) Ressalva-se que o fator de proporcionalidade, k, que é oriundo da Lei de Fourier é de extrema importância e tem por objetivo exprimir a facilidade que um material tem em conduzir calor. Os da constante k variam com a constituição química, estado físico e temperatura do material[3]. Um material em estado sólido apresenta menores espaços interatômicos se comparados a líquidos, por sua vez, materiais líquidos possuem menores espaços interatômicos com relação aos gases. Como conseqüência, materiais sólidos conduzem bem o calor e os líquidos e gases não o fazem. Levando-se em conta a temperatura, a variação da condutibilidade térmica não se altera para alguns materiais (Al e Ni), em outros há aumento ou a redução de seu valor[3]. A influência da pressão sobre a condutividade de materiais parece ser desprezível para sólidos e líquidos. Os dados obtidos para os gases são inexatos devido a efeitos de convecção livre e da radiação na qual não se pode fazer generalizações[4]. 6 Abaixo segue uma tabela apresentando a variação de K com respeito à temperatura: Tabela 01: Variação da condutividade dos metais em relação à variação da temperatura Condutividade Térmica, k - [W/m°C] Metal -100°C 0ºC 20ºC 100ºC 200ºC Al puro 215 202 204 206 215 Al-Cu 126 159 164 182 194 Al-Si 119 137 137 144 152 Aço Carbono - 55 54 52 48 Aço Cromo 87 73 73 67 62 Cu puro 407 386 386 379 374 Ag 419 417 419 415 412 Adaptado de Holman, J.P., Transferência de Calor; tradução de Luiz Fernando Milanez – São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1983 1.3. Aletas As aletas são empregadas para aumentar a taxade transferência de calor a partir de uma parede. Se a aleta for constituída de um material com alta condutividade térmica, o gradiente de temperatura ao longo da mesma, desde a sua base até à ponta, será baixo e as características de transferência de calor da parede serão melhoradas[1,2]. Ressalva-se que a adição de aletas aumenta a área superficial, mas ao mesmo tempo gera uma resistência de condução sobre a superfície original. Sendo assim, a adição das aletas, nem sempre irá ajudar a aumentar a taxa de transferência de calor. Levando-se em conta a transferência de calor, aletas delgadas e próximas umas das outras ganham preferência se comparadas a aletas espessas. Evidentemente que aletas de materiais com alta condutividade térmica são extremamente preferíveis[2]. Denomina-se aleta termicamente ótima aquela que possui um fluxo de calor constante para qualquer seção reta entre a extremidade externa e a base. Tais aletas não são empregadas na indústria devido a seu alto custo de fabricação[4]. 1.4. Das equações da aleta Considerando-se que a condição de contorno que melhor atende às condições em que o experimento foi realizado, adotou-se o modelo de aleta infinita, ou seja, a temperatura na extremidade em contato direto com o ambiente é a mesma que a da corrente livre. Essa hipótese foi adotada baseando-se no fato de que a temperatura 7 obtida no ponto mais distante da fonte de calor era muito próxima da temperatura do ambiente (25°C). Segue ainda que: (2) Fazendo-se um balanço de energia para a aleta, obtém-se a seguinte equação diferencial[1,2]: 0 2 2 2 m dx d (3) Onde o fator m é dado por, tkA hP m 2 (4) Onde P é o perímetro da seção transversal da aleta, k é a condutividade térmica do material que constitui a aleta e At é a área da seção transversal da aleta. Neste experimento, considerou-se a hipótese de aleta infinita, assim são aplicadas as seguintes condições de contorno: I. II. Obtendo-se, então, como solução para o balanço de energia[1,2]: mx b e (5) Para calcular a quantidade de calor trocado por cada aleta é possível o uso da equação: tb hkPAq (6) Aqui, é a diferença entre a temperatura da parede ( ) e a temperatura ambiente ( ). Para os cálculos, foi considerada como sendo a temperatura no ponto mais próximo à base da aleta em que se mediu a temperatura, ou seja, a temperatura em x = 1,0 cm. A eficiência ( ) de uma aleta é a taxa de calor transferido pela taxa máxima de calor que poderia ser transferida pela aleta, ou seja, se toda a superfície da aleta estivesse na temperatura da base, dada pela equação[5]: 8 bahA q (7) Onde Aa representa a área superficial da aleta. 2. Materiais e Métodos O objetivo principal do experimento foi o de gerar um perfil de temperatura a partir de uma aleta de alumínio, uma de aço inox (não se sabe a especificação), ambas de diâmetro de 1,22cm e uma aleta de aço inox (não se sabe especificação) de diâmetro de 2,04 cm. Uma fonte de temperatura foi acoplada na base de cada aleta, em que ao passar o fluxo de calor pelas aletas coletaram-se medidas de temperatura (Tabela 02) em pontos de diferentes distâncias da base da aleta a fim de obter relações de transferência de calor. Abaixo, segue esquema da disposição dos pontos ao longo das aletas em questão: Figura 01: Disposição dos pontos de coleta de dados de temperatura ao longo da aleta. 3. Resultados e Discussões Observou-se que a temperatura decaía de forma mais lenta para a barra de alumínio. Isso se deve à sua condutividade térmica e à sua capacidade calorífica, que são maiores que as do aço, sabe-se que o material mais condutivo transfere calor com mais facilidade ao longo da aleta e uma maior capacidade calorífica dificulta a perda de calor para o ambiente. 9 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 20 30 40 50 60 70 80 Barra de Alumínio Barra de Aço - fina Barra de Aço - grossa T e m p e ra tu ra [ ºC ] x [m] T[ºC] versus x[m] Os valores calculados para a diferença de temperatura ( ), dada pela Equação (2) usando-se , são apresentados abaixo na Tabela 02: Tabela 02: Coleta de dados de temperatura ao longo da aleta. Tomou-se a direção de coleta dos pontos partindo-se do mais próximo à base até o ponto mais externo da aleta. Barra de Alumínio (D = 1,22cm) Barra de Aço (D = 1,22cm) Barra de Aço (D = 2,04 cm) x (m) T (°C) θ (°C) x (m) T (°C) θ (°C) x (m) T (°C) θ (°C) 0,01 70 45 0,01 58 33 0,01 75 50 0,04 62 37 0,04 46 21 0,04 62 37 0,09 54 29 0,09 37 12 0,09 48 23 0,16 46 21 0,16 32 7 0,16 38 13 0,235 41 16 0,235 29 4 0,235 32 7 0,31 36 11 0,31 28 3 0,31 29 4 0,46 31 6 0,46 27 2 0,46 27 2 0,61 29 4 0,61 27 2 0,61 26 1 0,76 28 3 0,76 27 2 0,76 26 1 0,91 27 2 0,91 26 1 0,91 26 1 Deste modo, pode-se plotar um gráfico para a melhor visualização do comportamento da temperatura ao longo da superfície da aleta. A Figura 2 abaixo mostra o gráfico obtido. Figura 02: Representação gráfica da queda de temperatura ao longo da aleta Plotando-se os gráficos de θ versus x, conforme Figuras 3, 4 e 5 abaixo, foi possível a determinação dos valores de “m” e, consequentemente, dos coeficientes de calor convectivo para cada uma das diferentes aletas. 10 Figura 03: Gráfico de versus x para a aleta de alumínio Figura 04: Gráfico de versus x para a aleta de aço fina 11 Figura 05: Gráfico de versus x para a aleta de aço grossa As medidas de diâmetro das aletas foram obtidas com o auxílio de um paquímetro e a partir destas foi possível a obtenção de outros dados, conforme apresentado na Tabela 03 abaixo. Tabela 03: Coleta de dados das dimensões de cada uma das aletas. Barra At (m²) Aa (m²) P (m²) k m (m-1) h θb (°C) q (W) (W/m.K) (W/m².K) Alumínio 0,000117 0,0345 0,0383 237 3,46 8,67 45 4,32 (D = 1,22cm) Aço 0,000117 0,0345 0,0383 38 3,3 1,26 33 0,48 (D = 1,22 cm) Aço 0,000327 0,0577 0,0641 38 4,6 4,10 50 2,85 (D = 2,04 cm) Assim, nota-se que coeficiente convectivo (h) é diretamente proporcional à condutividade do material, logo, como o k é maior para o alumínio, o seu respectivo valor de h será maior. Analogamente, vemos na Equação (6) que o calor trocado é diretamente proporcional à condutividade do material e também ao coeficiente convectivo. Tais variáveis para o alumínio são maiores quando comparadas as do aço, assim, a aleta de alumínio troca calor com maior rapidez. 12 Comparando-se os resultados gerados para a aleta de aço inox, observou diferenças para o cálculo do coeficiente h, visto que, o mesmo é diretamente proporcional a área da seção transversal (At) e inversamente proporcional ao perímetro (P), contudo a razão entre área e perímetro é maior para a barra de aço grossa, deste modo, obteve-se um valor do coeficiente h é maior para essa aleta. Além disso, calor trocado, , é diretamente proporcional a ambos, logo o calor trocado é maior para a aleta de 2,04 cm de diâmetro. Em seguida, por meio da Equação (7) foi calculado a eficiência das aletas e os dados obtidos estão apresentados na Tabela 04. Tabela 04: Medidas de eficiência das aletas. Barra η Alumínio (D = 1,22 cm) 0,321 Aço (D = 1,22 cm) 0,334 Aço (D = 2,04 cm) 0,241 Com base na tabela 04, nota-se que a maior eficiência é obtida pela aleta de alumínio. Tal fato se deve provavelmente a maior valor do coeficiente de condução do alumínio, deste modo, o calor gerado pela fonte será conduzido mais rapidamente pela aleta de alumínio, há aumento da temperatura de toda a aleta e por conseqüência, maior será a troca de calor com o ambiente. 4. Conclusão Com base nos dados obtidos neste experimento,o alumínio foi o que apresentou a maior temperatura na extremidade livre, atribuímos tal fato devido ao seu alto coeficiente condutivo e a sua capacidade calorífica, quando comparados com os mesmos dados oriundos do aço. A aleta de alumínio foi a que apresentou maior coeficiente convectivo, devido às características do material. Levando-se em conta parâmetros como o diâmetro, observou-se que a aleta de menor diâmetro foi a que apresentou o menor coeficiente convectivo, já que a área de troca de calor é maior para a aleta de maior diâmetro. Conclui-se também que as aletas delgadas são as que apresentaram maior eficiência. No 13 entanto, esperava-se que aleta composta por alumínio apresentasse a maior eficiência, visto que, o material apresenta maior coeficiente de condução. 5. Referência bibliográficas [1] Holman, J.P., Transferência de Calor; tradução de Luiz Fernando Milanez – São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1983. [2] Kreith, F. Princípios de transferência de calor; tradução All Tasks; revisão técnica Flávio M. Vichi e Maria Teresa C. Mansor – São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003 [3] Araújo, Celso de. Transmissão de Calor – Rio de Janeiro: livros técnicos e científicos, 1978. [4] Kern, D.Q., Processos de transmissão de Calor; tradução Adir M. Luiz – Rio de Janeiro: Guanabara dois, 1980. [5] Incropera, F. P., Dewitt, D. P., Bergman, T. L., Lavine, A. S., “Fundamentos de transferência de calor e massa.”, 5ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 2003 6. Memória de Cálculo Todos os gráficos deste trabalho foram confeccionados utilizando-se como software o OriginPro 7.5. As tabelas e respectivos cálculos foram feitas no software Excel2003.
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