Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Virologia Conceitos Gerais Prof. Me. Ana Cláudia Alves de Oliveira Santos Especialização em Microbiologia Aplicada ao Laboratório Clínico ESTRUTURA E MORFOLOGIA DOS VÍRUS Vírus • Os vírus são elementos genéticos que conseguem se replicar apenas no interior de uma célula viva. • Possuem seu próprio genoma e, neste sentido, são independentes do genoma da célula hospedeira. • Dependem da célula hospedeira para energia, intermediários metabólicos e síntese proteica. Um pouco de história • 1886, químico holandês Adolf Mayer: demonstrou que a doença do mosaico do tabaco (DMT) era transmissível de uma planta doente para uma sadia, mas não conseguiu cultivar o agente infeccioso. • 1892: bacteriologista russo Dmitri Iwanowsky tentou isolar o agente da DMT filtrando a seiva de plantas doentes em um filtro de porcelana utilizado para reter bactérias. • o agente infeccioso passava pelos poros dos filtros! • Década de 1930: uso do termo virus (palavra latina para ‘veneno’) para designar os agentes filtráveis. • 1932 – Ernest Ruska = Inventou o Microscópio Eletrônico; • 1935: químico americano Wendell Stanley isolou o vírus do mosaico do tabaco, tornando possível sua visualização no ME. DAVID PARKER / SCIENCE PHOTO LIBRARY • Vírus do mosaico do tabaco foi o primeiro vírus a ser descoberto; • vírus RNA que infecta plantas, especialmente o tabaco; • A infecção causa padrões característicos nas folhas, como manchas e descoloração. ▪ Décadas de 40 - 60 ▪ Virologia Moderna ▪ Microscopia eletrônica ▪ Cultura de Células ▪ Explosão na descoberta de novos vírus ▪ 1966 – Comitê Internacional em Nomenclatura de vírus (ICNV) ▪ 1973 – Comitê Internacional em Taxonomia de vírus (ICTV) ▪ 1980 – Técnicas de Biologia Molecular ▪ Novos vírus Origem dos vírus ▪ Teoria regressiva ▪ São produtos da evolução regressiva de células livres ▪ Parasitas intracelulares ▪ Teoria Progressiva ▪ Derivam de material genético celular (DNA/RNA) que adquiriu capacidade para existir e funcionar de maneira independente ▪ “Os vírus encontram-se no limite entre o não vivo, quando estão fora das células: não se reproduzem de forma autônoma; e o vivo, quando estão dentro das células: adquirem a capacidade de multiplicação Mutação/Seleção/Adaptação vírus ≠ Como definimos um vírus? Partículas infecciosas de tamanho pequeno e composição simples que multiplicam-se somente em células vivas (animais, plantas, insetos, peixes, bactérias, etc). Os vírus são parasitas intracelulares obrigatórios e metabolicamente inertes quando não estão associados à célula, mas utilizam-se dos processos metabólicos celulares para sua reprodução. As infecções virais ocorrem devido aos efeitos produzidos pela interação entre o vírus e a célula hospedeira. Propriedades ▪ Propriedades diferenciais ▪ Tamanho agentes filtráveis ▪ Genoma DNA ou RNA ▪ Metabolismo parasitas intracelulares obrigatórios ▪ São incapazes de produzir energia ou proteínas independentemente de uma célula hospedeira Vírus Célula Eucariótica Núcleo Multiplicam dentro de células vivas DIMENSÕES Adenovírus - 90 nm Fago 225 nm Vírus Mosaico de Tabaco 250 x 18 nm Poliovírus - 30nm Clamídia - 1000nm Eritrócito humano 10.000 nm Componentes básicos Ácido nucléico + Capsídeo Capa protéica Nucleocapsídeo Envelope Membrana lipoprotéica Espícula Glicoproteínas Virion Partícula viral completa / infecciosa Componentes básicos Ácido nucléico • DNA ou RNA – exceção do Mimivírus (famÌlia: Mimiviridae) 2003 – possui DNA e RNA • Podem apresentar fita simples ou fita dupla ▪ Tipos ▪ fsDNA, fdDNA, fsRNA, fdRNA ▪ Funções ▪ Informação genética ▪ Especificidade viral ▪ Infecciosidade ▪ Estrutura ▪ Linear (DNA e RNA) - possuem as extremidades livres ▪ Circular (DNA) - extremidades covalentemente ligadas entre si ▪ Estrutura contínua (DNA e RNA) ▪ Segmentado (RNA) ▪ Todos os genomas virais de RNA são lineares. Ácido nucléico Ácido nucléico – linear/circular/segmentado Os genomas RNA de fita simples podem ser classificados em: • RNA de sentido positivo (RNA +): é de mesmo sentido que o RNAm e portanto funciona como RNAm. Este RNAm pode ser traduzido imediatamente mediante infecção da célula hospedeira. . • RNA de sentido negativo (RNA -): precisa ser copiado no RNAm complementar de sentido positivo para que as proteínas possam ser produzidas. Ácido nucléico Capsídeo ▪ Estrutura rígida que confere proteção ao genoma viral ▪ Interação de vírus não- envelopados com as células ▪ Antigenicidade Simetrias do capsídeo vírus helicoidal vírus icosaédrico vírus complexo CAPSÍDEO capsídeo capsômeroprotômero cadeias polipeptídicas capsídeo capsômero ▪ Simetria Icosaédrica / Cúbica ▪ Estrutura básica Icosaedro ▪ 20 faces triangulares e 12 vértices ▪ Partículas vazias ▪ Adenovírus, Herpesvirus, Papilomavirus ▪ Simetria Helicoidal ▪ Subunidades protéicas associadas ao ácido nucléico ▪ Forma de hélice - Vírus do Mosaico do Tabaco, Vírus Ebola • Simetria complexa • A simetria complexa pode ser representada pelo bacteriófago λ, que apresenta um nucleocapsídeo tanto com simetria do tipo icosaédrico quanto helicoidal, e pelo bacteriófago T4, que além desse tipo de simetria, apresenta variedade de espículas e fibras na porção helicoidal. Simetria – microscopia eletrônica Envelope ▪ Constituição ▪ Bicamada lipídica célula ▪ Glicoproteínas vírus ▪ Sensibilidade ao éter ENVELOPE Envelope ▪ Funções ▪ Proteção ▪ Adsorção ▪ Fusão ▪ Antigenicidade ▪ Exemplo ▪ Vírus Influenza Neuraminidase Hemaglutinina Adsorção Adsorção/Penetraçã o Proteínas ▪ Proteínas Estruturais ▪ Simetria ▪ Proteção ▪ Adsorção ▪ Antigenicidade ▪ Atividades específicas ▪ Exemplo: Hemaglutinina ▪ Proteínas Não- estruturais ▪ RNA Polimerase ▪ DNA Polimerase ▪ Transcriptase reversa ▪ Outras Comitê Internacional de Taxonomia Viral (ICTV) Critérios para classificação Ø Morfologia Ø Propriedades físicas e químicas Ø Constituição (genoma, proteínas, lipídios e carboidratos) Ø Características antigênicas Ø Propriedades biológicas Classificação dos vírus 3 ordens ➢ 73 famílias ➢ 11 subfamílias ➢ aproximadamente 287 gêneros; mais de 1938 espécies de vírus Classificação Atual Replicação Viral Replicação viral • Processo de multiplicação dos vírus que ocorre no interior das células hospedeiras com a finalidade de produzir progênie viral • Evento central da existência e perpetuação dos vírus na natureza. • Síntese dos componentes virais é altamente dependente da maquinaria celular. ⬧ Ocorre em células vivas ⬧ Susceptíveis: receptores (Receptor determina hospedeiro afetado, tropismo viral e a patogenia da infecção) ⬧ Permissivas: condições intracitoplasmáticas que favorecem a replicação ⬧ Energia, maquinaria de síntese e precursores ⬧ Ácido Nucléico viral ⬧ Transporta a especificidade genética ⬧ Macromoléculas específicas Tipos de infecção ⬧ Produtiva ⬧ Ciclo completo: células permissivas vírus infecciosos ⬧ Abortiva ⬧ Não ocorre produção de novas partículas virais ⬧ Latente ⬧ Persistência dos genomas virais • Apesar da grande diversidade de genomas, as etapas do ciclo replicativo são semelhantes para todos os vírus Interação vírus (capsídeo/envelope) + Receptor celular específico (suscetibilidade) Receptores celulares: proteínas, lipídeos ou carboidratos presentes na membrana celular da célula hospedeira Vírus não envelopado Vírus envelopado Receptores e co-receptores virais • Presença do receptor determina o espectro de hospedeiros, o tropismo do vírus e a patogenia Endocitose mediada por receptor: vírus envelopados e vírus não envelopados • Vírus envelopados: a acidificação da vesícula endocítica facilita a fusão do envelope viral com a membrana da vesícula endocítica (fusão dependente de pH). • Vírus não envelopados: existem mecanismos de lise da vesículaendocítica para a liberação do genoma viral, podendo ou não depender de pH ácido. Fusão com a membrana celular: somente vírus envelopados • A adsorção expõe aminoácidos hidrofóbicos das glicoproteínas virais, que facilitam a fusão entre o envelope viral e a membrana plasmática celular, liberando o genoma viral para o citoplasma celular. Translocação: a) Formação de um poro na membrana plasmática celular e translocação do genoma viral através do poro formado, com o restante da partícula viral permanecendo no meio extracelular b) Passagem do vírus inteiro através da membrana citoplasmática (penetração direta). ⬧ Vírus envelopado Fusão ⬧ Vírus envelopado Endocitose ⬧ Vírus não envelopado Endocitose ⬧ Vírus não envelopado Translocação • Liberação do ácido nucléico viral • Separação física entre proteínas de capsídeo e o genoma viral (remoção do capsídeo) • É necessário para os vírus que penetraram por meio de endocitose ou fusão • Digestão do capsídeo por enzimas presentes no citoplasma da célula ou dentro do endossoma. • Após o desnudamento o genoma viral fica livre no citoplasma ou núcleo da célula para o processo de replicação viral. ⬧ Vírus não envelopado Endocitose ⬧ Vírus envelopado Endocitose http://vsites.unb.br/ib/cel/microbiologia/index.html FASE DE SÍNTESE Ciclo de multiplicação (Resumidamente) ⬧ Replicação do genoma viral ⬧ Síntese de proteínas ⬧ Formação de partículas virais ⬧ Transcrição do ácido nucléico viral ⬧ Tradução do mRNA viral ⬧ Replicação do ácido nucléico viral Durante a Replicação viral , qual é a estratégia comum entre os vírus , indepedente do genoma viral (RNA ou DNA) ? • Todos os vírus devem transcrever o mRNA, que será traduzido pelos ribossomos do hospedeiro • Função do mRNA : levar a informação do DNA ate o ribossomo, (trinca de nucleotideos Montagem/maturação/liberação Genomas virais + Polipeptídeos Progênie de vírus - Vírus não envelopados : Lise da célula - - Vírus envelopados: - Brotamento - envelope da membrana celular - Exocitose - envelope de membranas internas • Os vírus não envelopados podem ser montados no citoplasma (picornavírus, reovírus) ou no núcleo (papovavírus, adenovírus). • Dependem da lise da célula para sua liberação. Montagem/maturação/liberação Migração proteínas virais - membrana celular Brotamento do nucleocapsídeo Aquisição do envelope viral – Progênie viral Liberação de vírus envelopados por brotamento http://vsites.unb.br/ib/cel/microbiologia/index.html Liberação de vírus envelopados por brotamento Liberação de vírus envelopados por exocitose ⬧ Efeitos citopáticos ⬧ Alterações morfológicas ⬧ Corpúsculos de inclusão ⬧ Morte celular Montagem/maturação/liberação PATOGENIA DAS INFECÇÕES VIRAIS Patogenia Sequência de eventos da resposta das células ou tecidos ao agente etiológico, desde o estimulo inicial, até a expressão final da doença. Aspecto mascroscópio: fígado de indivíduo saudável. Aspecto mascroscópio: fígado de indivíduo com hepatite B com cirrose. • Como os vírus causam doença no hospedeiro? • Envolve um estudo das estratégias de replicação do vírus; da organização dos tecidos e órgãos afetados; da resposta imune do hospedeiro. • Virulência = capacidade do vírus causar doença Fatores importantes ▪ Interação Vírus-Célula ▪ Sem alteração ▪ Efeito citopático ▪ Transformação celular ▪ Interação Vírus-Hospedeiro ▪Mecanismos de defesa específicos e inespecíficos Estabelecimento da infecção • Para garantir que a infecção seja bem-sucedida, é necessário que pelo menos 3 requisitos sejam atendidos: • o inóculo viral deve ser suficiente para iniciar a infecção; • as células no sítio inicial da infecção devem ser acessíveis, suscetíveis e permissivas ao vírus; • os mecanismos de defesa local do hospedeiro devem estar ausentes ou ineficientes. Danos teciduais induzidos por vírus ▪ Efeitos da infecção ▪ Apoptose ▪ Interrupção de processos essenciais: síntese de proteínas e ácido nucléico, transporte de moléculas ▪ Dano no genoma celular: afetam a expressão ou integridade de genes celulares ▪ Imunopatologia ▪ Linfócitos T citotóxicos (CTL), linfócitos TCD4, células B ▪ Citotoxicidade, citocinas inflamatórias, mediadores químicos ▪ Complexos antígeno-anticorpo Etapas específicas no mecanismo da patogenia ▪ Penetração ▪ Replicação Primária ▪ Disseminação ▪ Replicação Secundária ▪ Resposta imune do hospedeiro ▪ Eliminação do vírus ou estabelecimento de infecção Vias de transmissão ▪Horizontal: direta ou indireta – indivíduo-indíviduo ▪ Intra e inter-especie ▪Vertical ▪ Placenta – durante a gestação ▪ vírus da rubéola, CMV, B19 ▪ Canal Vaginal – durante o parto ▪ Aleitamento Materno ▪MUCOSAS ▪ Barreiras epiteliais ▪ Tecidos imunologicamente ativos (contato com o ambiente externo) ▪ T. Respiratório ▪ Perdigotos/Aerossóis ▪ Barreiras importantes: mecânicas (células ciliadas, secretora de muco), macrófagos ▪ Infecção local ou disseminada ▪ Ex.: vírus influenza, parainfluenza, coronavírus, vírus sincicial respiratório, metapneumovírus e adenovírus Portas de entrada ▪MUCOSAS ▪T. Gastro-intestinal ▪ Ingestão de água ou alimentos contaminados ▪ Ambiente extremamente hostil: acidez do estômago, alcalinidade do intestino, sais biliares, muco, enzimas digestivas, Acs IgA, células fagocitárias. ▪ Os vírus que infectam o organismo por essa rota são resistentes a extremos de pH, proteases e sais biliares. ▪ Superfície do intestino - Células epiteliais colunares – microvilosidades - barreira ▪ Infecção local ou disseminada ▪ Ex.: rotavírus, adenovírus, calicivírus e astrovírus, hepatite A ▪c Portas de entrada ▪MUCOSAS ▪ T. Genital ▪ Barreiras fisiológicas: muco, pH ácido ▪ Abrasões no epitélio vaginal ou uretra (relações sexuais) ▪ Infeção local ou disseminada ▪ Ex.: HIV, HBV, papilomavírus humanos (HPV), e herpesvírus humano 2 (HHV-2) Transmissão Sexual Portas de entrada ▪ Conjuntiva ▪ Constantemente lavada pela secreção ocular, movimento de pálpebras ▪ A possibilidade de ocorrer infecção viral através do olho é muito pequena ▪ Abrasão da mucosa ▪ A replicação é localizada - inflamação da conjuntiva - Rara disseminação sistêmica ▪ Ex.: adenovírus e enterovírus Portas de entrada ▪ PELE ▪ Penetração de vírus rompimento da integridade ▪ Epiderme barreira rígida e impermeável ▪ Lesões locais Pequenas abrasões ▪ Derme camada vascularizada ▪ Infecção disseminada ulcerações, inoculação ▪ HPV, HHV-1, 2, vírus molusco contagioso ▪ Inoculações / Parenteral ▪ HIV, HBV, HCV, HTLV ▪ Abrasões na pele ▪ Vírus da raiva (mordedura, arranhadura) e arbovírus (picadas) Portas de entrada Curso da infecção ▪ Quanto ao local ▪ Infecção local ▪ A multiplicação viral e a lesão celular permanecem limitadas ao sítio de entrada do vírus. ▪ Ex.: Influenza, Rotavírus ▪ Infecção generalizada ▪ Multiplicação em vários locais → disseminação → órgão(s) alvo(s) ▪ Ex.: Poliovírus, HIV • Quanto via de disseminação ▪ Superfície epitélio ▪ Célula a célula ▪ Nervos periféricos ▪ Corrente linfática ▪ Corrente sanguínea ▪ Viremia Curso da infecção ▪ Quanto à sintomatologia ▪ Assintomática ▪ Sub-clínica ▪ Sintomática ▪ Quanto à progressão da infecção ▪ Produtiva ▪ Produção e liberação, total ou parcial, de vírus ▪ Infecção aguda ▪ Pouco produtiva ▪ Baixa ou nenhuma produção de vírus ▪ Infecção persistente ▪ Não produtiva ▪ Nenhuma produção de vírus ou produto viral ▪ Infecção latente Curso da infecção Períodos da infecção Incubação: início da infec até aparecimento dos primeiros sintomas Prodrômico: período dos sintomas clínicos generalizados e inespecíficos, antecede o período dos específicos Doença: sintomas característicos da doença Convalescença: recuperação Patogênese das infecções virais Tipos de infecção ▪ Infecção aguda com eliminação viral ▪ Produção viral, resolução e eliminaçãorápida da infecção ▪ Estratégia eficiente de manutenção de vírus ▪ Infecção inaparente ou subclínica ▪ Ex.: Rubéola, Hepatite A ▪ Infecção sintomática ▪ Ex.: Influenza, Sarampo vírus tempo ▪ Infecções persistentes ▪ O vírus não é eliminado rapidamente ▪ Produção contínua ou intermitente de partículas ou produtos virais por meses ou anos. ▪ Tipos: crônica, latente, lenta ▪ Infecção crônica ▪ Replicação, detecção e excreção viral contínua por longos períodos ▪ Ex.: hepatites B e C vírus tempo Tipos de infecção ▪ Infecções persistentes ▪ Infecção latente ▪ Infecção aguda inicial, persistência “não infecciosa”, com períodos intermitentes de reativação ▪ Não há detecção viral e manifestações clínicas ▪ Ex.: HSV - latência nos gânglios sensoriais do SNC com reativações periódicas nas células epiteliais vírus tempo Tipos de infecção ▪ Infecções persistentes ▪ Infecção lenta ▪ Período de incubação longo, com curso lento, progressivo e geralmente fatal ▪ Ex.: PEES (vírus do sarampo) e LMP (vírus JC) vírus tempo Tipos de infecção Infecção Aguda Infecção Crônica Infecção Latente Infecção Lenta Tipos de infecção Mecanismos de defesa hospedeiro Barreira anatômicas (células ciliadas, pele) ▪ Secreções com poder bactericidas (lágrima, suco gástrico, saliva) ▪ Idade; Constituição genética: ausência de receptores ▪ Estado Nutricional; Estado Imunológico Resposta Inespecífica / Imunidade Inata ▪ Febre: ▪ Inflamação: hiperemia; edema; calor e dor-recrutados macrófagos e Neutrófilos – Fagocitose Lisozima, IL-1, IFN, proteínas de fase aguda; Natural Killer, sistema complemento. Imunidade específica/Humoral ▪A resposta imune adquirida é mediada por células- Linfocitos T e moléculas circulantes (anticorpos). ▪ Celular LT auxiliares (CD4) ativam LB e produzem mediadores que estimulam fagocitose. LT citotóxicos (CD8) reconhecem antígenos virais na superfície de células infectadas e as destroem. Células Natural Killer reconhecem anticorpos presentes na superfície de células infectadas e as destroem. Anticorpos :IgM; IgG; IgA Mecanismos de defesa hospedeiro Imunidade inata Atua imediatamente após o contato com o agente Não discrimina diferentes tipos de antígenos Atua com intensidade relativamente constante Não possui memória Imunidade adquirida Mais lenta Reconhecimento de diversos antígenos Memória imunológica Resposta imunológica a infecções virais Imunidadeinata • Barreiras físico - químicas • Principais componentes – Interferon-I – Sistemacomplemento – Células naturalkiller – Células dendríticas – Macrófagos Resposta imunológica a infecções virais Imunidadeadquirida • Desencadeada após a estimulação direta ou indireta dos linfócitos T e B pelos antígenos virais • Humoral: anticorpos • Celular: linfócitos T e B Seqüência de Eventos Imunológicos –Durante as Infecções Virais Persitência viral ▪ Quais são as condições básicas para permitir a persistência viral durante longo período? ▪ O vírus deve ser capaz de infectar células hospedeiras sem provocar efeito citopático ▪ Aplicação de mecanismos de manutenção do genoma viral nas células hospedeiras ▪ O vírus deve evitar a detecção e eliminação pelo sistema imune do hospedeiro ▪ Estratégias virais de evasão do sistema imune ▪ Latência ▪ Sítios de infecção não acessíveis ao Sistema Imune ▪ Localização intra-celular com disseminação célula-célula ▪ Variação antigênica ▪ Desregulação da expressão de moléculas de superfície necessárias para o reconhecimento de células T ▪ Interferência na síntese de citocinas anti-virais ▪ Tolerância imunológica Persitência viral DIAGNÓSTICO LABORATORIAL EM VIROLOGIA Diagnóstico laboratorial ➢ Importância ➢ Tratamento ➢ Prevenção ➢ Monitoramento vigilância epidemiológica ➢ Fundamento ➢ Detecção de vírus ou produtos virais ➢ Resposta imunológica do hospedeiro ➢ Avaliação de danos celulares/teciduais do hospedeiro DIAGNÓSTICO VIRAL Sorologia Isolamento Viral Animais Pesquisa Ac Partícula viral Pesquisa Ag Pesquisa Ác. nucléico Ovos embrionários Cultura celular Teste Molecular Microscopia eletrônica Tipos de amostras • É o fator mais importante para um bom diagnóstico ou isolamento viral • O Tempo de coleta em relação ao aparecimento da doença é importante • O sítio de coleta deve ser escolhido de acordo com a suspeita/sintomas • O acondicionamento da amostra deve ser feito de forma a preservar os componentes na amostra que se deseja examinar (vírus, componentes virais, anticorpos, etc). Tipos de materias para exame virológico De 2007 até junho de 2018: 247.795 casos de infecção pelo HIV no Brasil. Região Sudeste: 117.415 (47,4%) Sul; 50.890 (20,5%) Nordeste: 42.215 (17,0%) Norte: 19.781 (8,0%) Centro-Oeste: 17.494 (7,1%) De 1980 a 06/2018: 926.742 casos de aids no Brasil. De 2007 até junho de 2018: 247.795 casos de infecção pelo HIV no Brasil. Região Sudeste: 117.415 (47,4%) Sul; 50.890 (20,5%) Nordeste: 42.215 (17,0%) Norte: 19.781 (8,0%) Centro-Oeste: 17.494 (7,1%) De 1980 a 06/2018: 926.742 casos de aids no Brasil. HIV - Vírus da Imunodeficiência Humana • Agente etiológico da AIDS • Gênero: Lentivirus; Família: lentiviridae • 100 a 120 nm de diâmetro • Envelopado • 2 cópias de RNA de fs+ • Infectam células que apresentam receptores do tipo CD4 - linfócitos T helper (T auxiliar), os macrófagos e as células dendríticas • Retrovírus (incorporam seu material genético RNA no DNA da célula hospedeira por meio da ação específica da enzima transcriptase reversa) • De acordo com análises filogenéticas: HIV1 e HIV2 • HIV1: é o mais virulento, responsável pela maioria das infecções por HIV em todo o mundo • HIV2: endêmico na África • A similaridade entre os genomas dos dois vírus é de aproximadamente 50%. As proteínas do HIV-2 têm funções equivalentes às do HIV-1; entretanto, apresentam diferenças na composição de aminoácidos e no peso molecular, Quais são os fatores que contribui para a alta diversidade genética do HIV-1 ? Heterogeneidade genética do HIV A) Transcriptase reversa com menor atividade de reparo B) Elevada frequência de recombinação envolvendo a TR (a cada ciclo replicativo do HIV um falso nucleotídeo é incorporado ao genoma do vírus) C) Alta replicação viral (109 – 1010 partículas/dia) D) Número elevado de indivíduos infectados E) Variabilidade no mesmo Formas recombinantes circulantes Variabilidade Genetica : alta taxa replicação viral, mutações e recombinação Probabilidade de transmissão • O HCV é seis vezes maior provável de ser transmitido do que o HIV. • O HBV é 50 a 100 vezes mais infeccioso do que o HIV. Vírus Carga viral usual Sobrevida fora do corpo Sobrevida fora do corpo em ambiente fechado (ex. Seringa) HIV 50.000 a 100.000 IU/mL Apenas momentos após a exposição ao ar Pelo menos 48 dias HCV >800.000 IU/mL 16 horas a 4 dias Até 63 dias HBV >100.000 IU/mL ≥7 dias desconhecido AIDS (50 – 200 CD4/mm3) • supressão sistema imune, desenvolvimento de neoplasias, infecções oportunistas severas, 200/mm3 • Doenças por agentes oportunistas→vírus, bactérias, fungos, parasitos • Processos de malignidade → Sarcoma de Kaposi, Linfoma célula B não Hodkin, Carcinoma de reto, Carcinoma de língua, Encefalite por HIV Curso Clínico do HIV • suprimir replicação viral • evitar seleção de mutantes resistentes • retardar progressão da imunodeficiência e/ou restaurar imunidade ( tempo e qualidade de vida) • Reduzir a morbimortalidade associadas a infecção Tratamento Objetivo Atualmente estão disponíveis no Brasil cinco classes de antirretrovirais • Inibidor de protease • Inibidores Nucleosídicos da Transcriptase Reversa (NRTI) • Inibidores Não Nucleosídicos da Transcriptase Reversa (NNRTI) • Bloqueador de fusão do HIV à membrana da célula; • Inibidor de integrase Hepatites virais 113 Hepatites virais Hepatiteviral • Processo inflamatório do fígado, com degeneração e necrose dos hepatócitos, resultando na redução da capacidade funcional do órgão. • Os agentes causadores estão associados aos vírus: • Vírus A (HAV) • Vírus B (HBV) • Vírus C (HCV) • Vírus D (HDV) • Vírus E (HEV) 114 Hepatites virais • Transmissão Entérica: • HAV • HEV • Transmissão parenteral: • HBV • HCV • HDV 115 A B C D E FONTE FEZES SANGUE E OUTROS FLUIDOS CORPÓREOS SANGUE E OUTROS FLUIDOS CORPÓREOS SANGUE E OUTROS FLUIDOS CORPÓREOS FEZES ROTA FECAL-ORAL PERCUTÂNEA PERMUCOSA PERCUTÂNEA PERMUCOSA PERCUTÂNEA PERMUCOSA FECAL- ORAL CRONICIDADE NÃO SIM SIM SIM NÃO PREVENÇÃO IMUNIZAÇÃO PRÉ E PÓS EXPOSIÇÃO IMUNIZAÇÃO PRÉ E PÓS EXPOSIÇÃO TRIAGEM EM BANCOS DE SANGUE MUDANÇA DE COMPORTAMENTO IMUNIZAÇÃO PRÉ E PÓS EXPOSIÇÃO MUDANÇA DE COMPORTAMENTO AGUA TRATADA Fonte: CDC Hepatites virais • Aguda • Menos de 6 meses de duração • Resolução da lesão hepática com retorno a função normal ou • Evolução rápida para necrose extensa e morte • Crônica • Duração > 6 meses • Processo inflamatório persistente 117 Hepatites virais agudas Quatro Fases: 1. Período de incubação (tempo de penetração do vírus e início de sintomas, elevação das transaminases no final) 2. Fase prodrômica (sintomas inespecíficos que antecedem a icterícia) 3. Fase ictérica (icterícia, com diminuição dos sintomas prodrômicos) 4. Fase convalescente (desaparecimento da icterícia, recuperação completa, síndrome “pós-hepatite”) 118 Hepatites virais crônicas • Fase crônica: assintomática ou oligossintomática. • Fases adiantadas, muitas vezes o diagnóstico é feito ao acaso (exames de avaliação de rotina ou da triagem em bancos de sangue. Diagnóstico laboratorial Hepatites virais Bioquímico Molecular Sorológico ✓Comprometimento hepático ✓Evolução natural ✓Eficácia do tratamento ✓Antígenos ✓Anticorpos ✓ Detecção e quantificação do ácido nucléico viral Histológico ✓Alterações hepáticas Gluud & Gluud 2009 Os testes de função hepática, especialmente os níveis séricos da ALT/TGP e AST/TGO, apesar de serem indicadores sensíveis do dano do parênquima hepático, não são específicos para hepatites. Hepatite A (HAV) • família Picornaviridae • Gênero Hepatovirus • Capsídeo de simetria icosaédrica • não envelopado • 27 - 32 nm • RNAfs+ 121 • Uma única sequência de leitura aberta (ORF) codifica uma poliproteína viral que é processada em precursores P1, P2 e P3. • A região P1 codifica as proteínas do capsídeo, e P2 e P3 codificam proteínas não estruturais envolvidas na replicação viral. Variabilidade genética HAV • Sorotipo único • Genótipos: I, II, III, IV, V, VI e VII • Genótipos: I, II, III • encontrados em seres humanos • classificados em subgenótipos IA e IB; IIA e IIB; IIIA e IIIB HAV - Transmissão • Relacionada às condições de saneamento básico e higiene • Via fecal-oral (contato inter-humano, água e alimentos contaminados) • Grande quantidade de vírus nas fezes • Estabilidade do HAV no meio ambiente • Transmissão parenteral rara (doador de sangue em fase de viremia) 124 Patogênese • A transmissão do HAV se dá pela via fecal-oral. • O vírus alcança a corrente sanguínea e é internalizado pelos hepatócitos • Secretados no canalículo biliar - ducto biliar - intestino delgado. • O ciclo entero-hepático do HAV continua até que anticorpos neutralizantes ou outros mecanismos da imunidade do hospedeiro o interrompam. • Os vírions são excretados pelas fezes e permanecem viáveis nas mãos e objetos contaminados. HAV - Diagnóstico • Alterações laboratoriais inespecíficas: elevação de bilirrubinas, fosfatase alcalina, ALT>AST, linfocitose com atipia linfocitária • Anticorpos anti- HAV da classe IgM e total 127 Vacina Anti-HAV 128 Introdução da vacina contra hepatite A no PNI em 2014 Hepatite A: Aplicada aos 15 meses, podendo ser aplicada até os 5 anos. • Família Hepeviridae • gênero Hepevirus • simetria icosaédrica • não envelopado • 27 a 34 nm de diâmetro • RNA de fita simples de polaridade positiva HEV – vírus da Hepatite E • A região codificante possui 3 sequências de leitura aberta (ORF). • A ORF1 codifica uma poliproteína não estrutural • ORF2 codifica as proteínas do capsídeo • ORF3 codifica uma fosfoproteína de função desconhecida. • 4 genótipos. • Os genótipos 1 e 2 são encontrados exclusivamente em seres humanos • os genótipos 3 e 4 possuem maior variedade de hospedeiros. HEV – vírus da Hepatite E • De ocorrência rara no Brasil e comum na Ásia e África • Transmissão oral-fecal • Período de incubação de 15 a 60 dias • Doença aguda, auto-limitada • Pode apresentar formas clínicas graves em gestantes • Patogenia similar à HAV 131 Diagnóstico Laboratorial • Anti-HEV IgM (marcador de infecção aguda)- Torna-se positivo no início do quadro clínico desaparecendo após três meses • Anti-HEV IgG (marcador de infecção passada) – Esta presente na fase de covalescencia e persiste indefinidamente. • Testes moleculares – PCR • HEV-RNA 132 Anti-HEV total Anti-HEV IgM Interpretação (+) (+) Infecção recente (+) (-) Infecção passada (-) (-) Susceptível Hepatite B (HBV) • Família: Hepadinavirus, Gênero: Orthohepadnavirus • Esféricos 42 nm • Envelopados • DNA fita parcialmente dupla • Somente afeta humanos 42 nm 133 Estrutura HBV Envoltório externo (envelope) –HBsAg (anti-HBs) Nucleocapsídeo – HBcAg (anti-HBc) - DNA polimerase - Genoma viral (DNA) - Proteína e – HBeAg (anti-Hbe) 135 Transmissão • Relações sexuais • Vertical • Compartilhar material para uso de drogas (seringas, agulhas, cachimbos) • Material de higiene pessoal (lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, alicates de unha ou outros objetos que furam ou cortam) • Confecção de tatuagem e colocação de piercings • Transfusão de sangue ou derivados • Acidentes com agulhas contaminadas 137 Quadro clínico • Dependem da resposta do hospedeiro • Assintomática • Infecção Aguda auto-limitada • Infecção Aguda fulminante • Infecção crônica 138 Evolução da doença - marcadores • Período de incubação : 2 a 3 meses 139 Marcadores imunológicos Hepatite B HBsAg • Antígeno de superfície do HBV • É o marco da infecção pelo HBV • Detectado a partir de 1 a 10 semanas após exposição • Eliminado dentro de 4 a 6 meses pelos pacientes que se recuperam • Persistência > 6 meses – hepatite crônica 140 Anti-HBc IgM • Primeiro anticorpo a ser identificado após a infecção por HBV (1 mês após o HBsAg) • Presente em altas titulações na fase aguda da infecção. • Marcador de infecção aguda ou recente • Diminui na fase de recuperação ou nos casos que evoluem para infecção crônica 141 Anti-HBc IgG: • É um marcador que indica contato prévio com o vírus. • Permanece detectável por toda a vida nos indivíduos que tiveram a infecção (mesmo naqueles que não cronificaram, ou seja, eliminaram o vírus). • Representa importante marcador para estudos epidemiológicos. 142 HBeAg: • Indicativo de replicação viral e infectividade. • Surge na hepatite aguda logo após o HBsAg. • Presença associada à detecção do HBV-DNA e HBsAg. • É rapidamente eliminado na fase aguda, antes do desaparecimento do HBsAg. • Sua persistência por mais de 6 meses indica tendência à cronicidade. • Na hepatite crônica - a presença do HBeAg indica replicação viral e atividade da doença (maior probabilidade de evolução para cirrose). 143 Anti-HBe: • Marcador de bom prognóstico na hepatite aguda pelo HBV. • A soroconversão HBeAg para anti-HBe indica alta probabilidade de resolução da infecção nos casos agudos. • Na hepatite crônica pelo HBV a presença do anti-Hbe indica diminuição de replicação do vírus - menor atividade da doença - menor chance de desenvolvimento de cirrose. 144 Anti-HBs • É o anticorpo contra o antígeno de superfície • É um anticorpo neutralizante que oferece imunidade protetora contra o HBV• Detectado de 1 a 10 semanas após o desaparecimento do HBsAg. • Marcador de cura da hepatite B, juntamente como desaparecimento do HBsAg • Encontrado isoladamente - vacinação 146 Marcador Interpretação HBsAg Infecção presente pelo HBV Anti-HBs Imunidade para hepatite B Anti-HBc IgM Infecção aguda pelo HBV Anti-HBc Total Exposição ao HBV HBeAg ↑ replicação viral Anti-HBe ↓ replicação viral Curso sorológico da hepatite B aguda Curso sorológico da hepatite B aguda Diagnóstico Laboratorial da Hepatite B • Marcadores bioquímicos • AST, ALT • Bilirrubinas • Testes sorológicos (ELISA) • Antígenos: HBsAg e HBeAg • Anticorpos: anti-HBsAg, anti-HBeAge anti-HBcAg • Testes moleculares • Pesquisa quantitativa e qualitativa de DNA viral 149 Vacinação Hepatite B • Vacina: HBsAg recombinante • Após 3 doses: 95% reagentes • Disponível para toda a população, independentemente da idade e ou condições de vulnerabilidade Dia 0 30 dias 6 meses 151 HCV – Vírus da Hepatite C • Família Flaviridae • Gênero Hepacivírus • Globulares (60 nm) • Envelopado • RNA de fita simples de polaridade positiva 152 Genoma do HCV HCV - Transmissão • Principalmente parenteral • Veritical • Sexual – menos frequente • Situações de risco: transfusão de sangue e derivados antes de 1993, usuários de drogas intravenosas, pessoas com tatuagem ou piercing, qualquer exposição percutânea 154 HCV – Achados clínicos • Geralmente assintomática • Sintomas: • Anorexia • dores abdominais • náusea • vômitos • Icterícia 155 HCV - Diagnóstico Laboratorial • Anticorpos anti-HCV (ELISA) • ELISA: peptídeos sintéticos (p21 e p23) • Detecção do genoma por PCR 156 HCV - Diagnóstico Laboratorial • Anti-HCV: é o marcador de triagem para a hepatite C. Indica contato prévio com o vírus, mas não define se a infecção é aguda, crônica ou se já foi curada. • HCV-RNA qualitativo: confirmação diagnóstica • HCV-RNA quantitativo: importante na avaliação de resposta ao tratamento • Genotipagem – métodos moleculares 157 Interpretação exames laboratoriais Anti-HCV HCV – RNA* Interpretação Negativo Negativo Ausência de infecção por HCV Reagente Negativo Infecção por HCV resolvida Verificar flutuações do HCV – RNA Negativo Positivo Infecção inicial Infecção em indivíduos imunodeprimidos Reagente Positivo Infecção aguda ou crônica (*) Sensibilidade < 50 UI/mL Ministério da Saúde lança plano para eliminar hepatite C até 2030 Ampliaçãodotratamento para todos independente do grau de lesão dofígado Tratamento possibilita de de chance cura Plano foi pactuado entre União, estados e municípios AÇÕES: • Simplificar o diagnóstico; • Ampliar a testagem, principalmente, em populações consideradas prioritárias; • Estimular a busca ativa de casos diagnosticados e ainda não vinculados ao SUS; • Fortalecer linha de cuidado no atendimento às hepatites virais; • Monitorar e divulgar os avanços do plano de eliminação. META: eliminação da hepatite C até 2030 Ministério da Saúde propõe a simplificação do diagnóstico Passo 1 Atendimento a População prioritária Passo 2 Testagem (anti-HCV + carga viral) Passo 3 Encaminhamento Passo 4 Tratamento Ministério simplificou os processos para o diagnóstico. A confirmação do diagnóstico será definida por meio da realização dos testes rápidos e carga viral, otimizando a vinculação do paciente ao serviço MANUAL DE DIAGNÓSTICOS: 2018 Hepatite Delta (D) • Gênero Deltavirus • Partículas esféricas • Envelope • 30 a 36 nm de diâmetro • RNA de fita simples de polaridade negativa • Depende da infecção prévia pelo HBV para produção de antígeno de superfície. • Na presença do HBV, o vírus delta utiliza o HBsAg e consegue replicar • Replicação enquanto durar a infecção pelo HBV • O período de incubação é de 2 a 12 semanas Hepatite Delta (D) Hepatite D • Duas formas: • Coinfecção: a hepatite delta aguda ocorre simultaneamente com a hepatite B aguda; • Superinfecção: a hepatite delta aguda é superposta à hepatite B crônica. • A superinfecção evolui para cronificação em 70% dos casos 164 165 Viroses respiratórias • Infecções respiratórias agudas (IRA) - Relevante causa de morbi- mortalidade em todo o mundo • 4 milhões crianças morrem a cada ano devido IRA • Principais causas de mortalidade por infecções respiratórias em crianças e idosos segundo a OMS ✓ 15,6%⇒ doença respiratória do TRS ✓ 8,9%⇒ influenza (epidemias anualmente) ✓ 75,5%⇒ pneumonia viral e bacteriana IRs VIRAIS • Principais famílias: • Orthomyxoviridae • Paramyxoviridae • Adenoviridae • Coronaviridae • Picornaviridae IRs VIRAIS • Diferentes vírus → mesmos sintomas • Um vírus →diferentes síndromes clínicas Influenza • Família • Orthomyxoviridae • Gênero • Influenzavirus • Tipos Imunológicos: • Influenza A • Influenza B • Influenza C • Subtipos do Influenza A → classificados de acordo com os tipos de proteína de sua superfície → hemaglutinina (H) e neuraminidase (N) Tipo A • Além dos seres humanos são encontrados em várias espécies de animais (suínos, cavalos , aves e mamíferos marinhos). • H1N1 e H3N2 circulam de maneira sazonal e infectam humanos. • H7N9 é um subtipo de vírus influenza A de origem aviária. • Causam doença moderada a severa em todos as faixas etárias. Tipo B • Infectam exclusivamente os seres humanos • Afetam principalmente crianças • São divididos em dois grupos principais ( B Yamagata e B Victoria) • Não são classificados em subtipos Tipo C • Infectam humanos e suínos. • É detectado com muito menos frequência • Geralmente causam infecções leves • Apresentam implicações menos significativas na saúde pública. IMPORTANTE ➢Em 2011, um novo tipo de vírus da gripe, o D, foi isolado de suínos e gados nos EUA e também foi identificado sua circulação, em bovinos, na França. ➢A partir de 2014 esse vírus vem sendo mais identificado e estudado. • Genoma ✓RNA fs segmentado ✓ A e B: 8 segmentos ✓ C: 7 segmentos ✓Polaridade (-) • Simetria helicoidal • Envelopado ✓M1 (proteína de matriz e maior componente do vírus) ✓ proteína M2, que atravessa toda a espessura do envelope funcionando como canal iónico. ✓ NP: nucleoproteína associada ao RNA ✓ PB2/PB1/PA – complexo de polipéptidos que formam a RNA polimerase ✓ Hemaglutinina (HA) ✓ Neuraminidase (NA) ✓ NS1 e NS2 – proteína não estrutural Função da hemaglutinina • Glicoproteína, que tem como principal função ligar o vírus ao receptor da célula hospedeira – ácido siálico (Adsorção) • Tem capacidade de reconhecer, se ligar à hemácias e aglutiná-las • Produção de anticorpos neutralizantes • Variabilidade • Principal fator responsável pela contínua evolução de novas cepas e subseqüentes epidemias de influenza Função neuraminidase • São enzimas que atuam na clivagem do ácido siálico • Atua na liberação das partículas virais – brotamento • Atua no final do ciclo de replicação do vírus Existem vários tipos de hemaglutinina e neuraminidase identificadas em diferentes espécies animais. As hemaglutininas (H1, H2, H3 e H5) e as neuraminidases (N1, N2 e N3) presentes nos vírus influenza do tipo A adaptados para infectar seres humanos ▪Dados da nomenclatura Tipo, hospedeiro de origem (quando não humano), origem geográfica, número da cepa e ano do isolamento A/California/04/2009(H1N1) A/Hong Kong/156/97 (H5N1) Variabilidade genética Os vírus da Influenza são os únicos entre os vírus respiratórios com imensa capacidade de mutação, criando novos vírus com material genético diferente do que lhe deu a origem. 2 tipos de variações antigênicas, as menores ou antigenic drift ou as variações maiores, chamadas também de antigenic shift Variabilidade genética Drift’s antigênicos: • Mudanças menores (pontuais) no genoma viral que codifica H e N • Alteração em aminoácidos constituintes das proteínas de superfície H e N; • Particularmente H • Geram novas variantescapazes de escapar da imunidade estimulada por infecção ou vacinação prévias • Surtos anuais de influenza. Shift’s antigênicos • Mudanças maiores em uma ou nas duas glicoproteínas, H e N • Substituição completa de um ou ambos segmentos do genoma viral – produção de H e N • Recombinção entre vírus humanos e vírus de outras espécies – infecções mistas • Geram novos subtipos • Epidemias e pandemias. Variabilidade genética Influenza EPIDEMIA • É a ocorrência em larga escala de uma doença numa comunidade, população ou região • Tem uma duração limitada no tempo e a sua extensão geográfica é variável • Exemplos: • epidemia de cólera em Angola em 2006 • Epidemia de ebola na Libéria em 2014 Pandemia • É a ocorrência de uma doença em todo o mundo, atingindo vários milhares ou milhões de pessoas em diversos países e continentes • Tem uma duração e extensão geográficas ilimitadas • É uma "epidemia com extensão mundial" • Exemplos • Pandemia de SIDA/VIH (ocorre há várias décadas em todos os países do mundo) • A primeira pandemia do século XXI • Iniciada no México - EUA - atingindo todo o mundo • O vírus causador (FLUVA H1N1 2009) apresentava segmentos de origem aviária humana e suína • Parecia estar circulante, provavelmente em porcos, por algum tempo antes da pandemia. Patogenia e Patologia • Transmissão aérea • Pessoa p/ pessoa • Fômtes • Contato mãos ou superfícies contaminadas • Replicação no epitélio respiratório • Destruição celular • Predisposição para infecções secundárias • Período de Incubação – 1-4 dias • Inóculo viral • Estado imunológico do hospedeiro Patogenia Manifestações Clínicas • Síndrome gripal (SG): aparecimento súbito de febre, cefaleia, dores musculares (mialgia), tosse, dor de garganta e fadiga. • É a manifestação mais comum. • Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG): • Casos mais graves, • Dificuldade respiratória e necessidade de hospitalização. • É obrigatória a notificação às autoridades de saúde. • A vacina é trivalente e protege contra os 3 vírus que mais circularam no Hesmisfério Sul Esquema Vacinal Diagnóstico laboratorial O isolamento de vírus em ovos embrionados/culturas de células - sua posterior identificação por técnicas imunológicas ou genéticas ou por microscopia eletrônica é o método padrão para o diagnóstico viral. Teste rápido para detecção de antígeno RT-PCR Tratamento • Amantadine e Rimantadine: inibem a atividade de canal de íons da proteína M2 • Dão origem a mutantes resistentes • Efeitos neurológicos colaterais • Zanamivir (Relenza) e Oseltamivir (Tamiflu): Inibidores de neuraminidase • são altamente eficazes e com menos efeitos colaterais • Menor tendência a resistência PARAINFLUENZA - PIV ➢ Identificados na década de 50 ➢ Atualmente está dividido em 4 tipos (1-4). • Características: ➢ Simetria helicoidal ➢ 150 e 200 nm; ➢ Envelope de bicamada lipídica e glicoproteínas (F e HN); ➢ F : fusão do vírus à célula ➢ HN: adsorção e liberação da partícula viral PARAINFLUENZA - PIV PIV - Organização genômica • RNA linear fita simples (-) • Não segmentado • Tipos 1 e 3: 6 genes; Tipos 2 e 4: 7 genes PIV- Transmissão • Aerossóis • Fala, tosse ou espirro • Fômites • Incubação: 2-7 dias; *Vírus pode ser excretado até uma semana após a infecção *Vírus infectante no ambiente por até 10 horas! PIV- Patogênese • Penetra pela nasofaringe e propaga-se pelo sistema respiratório superior • Necrose e descamação do epitélio pulmonar - Resposta imunológica • Imunidade das mucosas : IgA • Disseminação: célula-célula ou viremia: A infecção pode atingir laringe, traqueia, brônquios, bronquíolos e pulmões • Geralmente restrita a células do trato respiratório • Grupos de risco • Extremos de idade • Crianças e idosos • Imunossuprimidos PIV - Manifestações Clínicas • Diversos quadros • Sintomas • coriza, obstrução nasal, tosse, faringite e febre • Dura cerca de 4 dias • HPIV-1 e HPIV-2: Crupe • Laringotraqueobronquite • Síndrome mais característica dos parainfluenza • Inflamação e obstrução da laringe e traqueia • Estridor inspiratório, tosse “canina”, dispneia e rouquidão • Acomete crianças nos primeiros 5 anos de vida. • HPIV-3: A bronquite e a pneumonia • HPIV-4: infecções brandas do sistema respiratório superior, em crianças PIV - Prevenção e tratamento • Apenas tratamento de suporte • Nenhuma vacina está disponível • Não há tratamento com antivirais • Crupe: corticosteroides e umidificação do ar Coronavírus • Segunda causa de resfriado comum em seres humanos, depois do rinovírus humano (HRV). • Família Coronaviridae, subfamília Coronavirinae • 4 gêneros: • Alphacoronavirus - HCoV-299E • Betacoronavirus – SARS-CoV e MERS-CoV • Deltacoronavirus • Gammacoronavirus • Partículas esféricas • Envelopadas • 100 a 160 nm. (maiores vírus de RNA) • Simetria helicoidal • Glicoproteína Spike (S) - adsorção • Genoma: RNA fita simples de polaridade positiva + associado a fosfoproteína N - nucleocapsídeo Coronavírus • No microscópio, o vírus é visto como um círculo, com espículas que terminam em pequenas gotas que se exteriorizam da sua superfície, parecendo uma coroa (a palavra “corona” em latim tem o significado de coroa). SARS – Cov • Pneumonia atíptica (China) • Vírus SARS-Cov - reservatório natural - morcego • A síndrome respiratória aguda grave (SARS) • Espalhou por 29 países • Em julho de 2003: OMS declara fim da epidemia • 8096 casos com 774 mortes • Taxa de mortalidade de 9,5% MERS-Cov • Setembro de 2018: • Novo coronavírus identificado – Arábia Saldita e região da Península Arábica – MERS-Cov • Síndrome Respiratória do Oriente Médio • OMS: 2012 – 2019 • 2.494 casos com 858 mortes – 27 países • taxa de mortalidade de 34% • Surtos localizados SARSCov-2 • Em dezembro de 2019, iniciou casos de Pneumonia Viral. • descoberto em amostras de lavagem broncoalveolar • Em Wuhan, capital da província Hubei, na China. • Em 27 de fevereiro de 2020 estava presente em 46 países • O vírus foi designado de SARSCov-2 (severe acute respiratory syndrome coronavirus 2) • É o sétimo coronavírus a infectar seres humanos • O nome da doença é Covid-19 (Coronavirus disease 2019) • Quase 6 milhões de casos em todo o mundo, com mais de 360 mil mortos. Transmissão • A transmissão acontece de uma pessoa doente para outra ou por contato próximo por meio de: • Toque do aperto de mão; • Gotículas de saliva; • Espirro; • Tosse; • Catarro; • Objetos ou superfícies contaminadas, como celulares, mesas, maçanetas, brinquedos, teclados de computador etc. Fisiopatologia • A fisiopatologia da COVID-19 não está totalmente esclarecida; • SARS-CoV-2 se liga ao receptor da enzima conversora de angiotensina-2 (ECA2) em humanos. • A ACE2 é expressa nos pulmões, coração, rins e intestino delgado, bem como em outros tecidos. Quadro clínico • Quadro clínico variado • Infecções assintomáticas a quadros respiratórios graves. • OMS: • 80% - assintomáticos • 20% dos casos podem requerer atendimento hospitalar por apresentarem dificuldade respiratória • Desses casos - 5% podem necessitar de suporte ventilatório para o tratamento de insuficiência respiratório. Principais manifestações clínicas • Febre • Tosse seca • Dispneia • Mialgia ou fadiga • Dor de garganta • Cefaléia • Diarréia e vômitos Complicações mais comuns: • Lesão cardíaca aguda • Infecção secundária Tratamento • Os medicamentos atualmente aprovados são utilizados para tratamento dos principais sintomas da doença: • antitérmicos e analgésicos. • Para casos em que há infecções associadas: antibióticos. • revista científica Lancet: 96 mil pessoas • Não há benefícios no uso da cloroquina e hidroxicloroquina • O uso desses medicamentos pode estar relacionado a um aumento no risco de morte por problemas cardíacos, como arritmia Diagnóstico laboratorial • RT-PCR • Amostra:swab de nasofaringe • Sorológico (IgG/IgM) • IgM - contato recente com o vírus • IgG - já teve Covid-19 e está se recuperando ou já se recuperou • ELISA • Teste rápido • Quimioluminescência Diagnóstico laboratorial Alterações laboratoriais Acompanhamento e prognóstico Exames de imagem • TC de tórax: opacidades pulmonares em vidro fosco bilateral. GASTROENTERITES VIRAIS Gastroenterites virais Principal causa de mortalidade em todo o mundo Papel devastador na morbi-mortalidade infantil Importante causa de mortalidade entre crianças menores de 5 anos de idade: - 1 bilhão de episódios diarréicos ao ano - 3 milhões óbito/ano - 9 mil óbitos/dia - WHO: prevenção mortes vacina Vírus entéricos • O termo “vírus entérico” compreende todos os grupos de vírus que estão presentes no trato gastrintestinal humano e que, após transmissão por via fecal-oral, podem causar infecções ou enfermidades em indivíduos susceptíveis Gastroenterites virais ➢ Etiologia das gastroenterites virais ➢ Rotavírus ➢ Adenovírus 40/41 ➢ Norovírus ➢ Astrovirus ➢ Calicivírus humanos
Compartilhar