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Transtornos de Humor e Semiologia Psiquiatrica

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Módulo de Psiquiatria 
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Módulo de Psiquiatria | Medicina UNIT 
 
Os transtornos de humor consistem em transtorno 
depressivo, transtorno bipolar e outros transtornos. 
Esses quase sempre resultam em comprometimento do 
funcionamento interpessoal, social e ocupacional. 
**Pacientes apenas com episódios depressivos 
maiores têm transtorno depressivo maior ou 
depressão unipolar. Aqueles com episódios tanto 
maníacos quanto depressivos ou somente com 
episódios maníacos são considerados com transtorno 
bipolar. 
Três categorias adicionais de transtornos do humor são 
hipomania, ciclotimia e distimia. Hipomania é um 
episódio de sintomas maníacos que não satisfaz os 
critérios para episódio maníaco. Ciclotimia e distimia 
são transtornos que representam formas menos graves 
de transtorno bipolar e de depressão maior, 
respectivamente. 
Breve História: No Velho Testamento, a história do rei 
Saul descreve uma síndrome depressiva. Por volta de 
400 a.C., Hipócrates usou os termos mania e 
melancolia para descrever distúrbios mentais. Em 
torno de 30 d.C., o médico romano Celsus, em sua 
obra De re medicina, descreveu melancolia como 
umadepressão causada pela bile negra. 
Fisiopatologia dos transtornos 
Fatores Biológicos 
Até recentemente, os neurotransmissores 
monoaminégicos –norepinefrina, dopamina, serotonina 
e histamina– eram o centro das teorias e da pesquisa 
sobre a etiologia desses transtornos. Tem ocorrido uma 
mudança progressiva do foco. 
Norepinefrina e serotonina são os neurotransmissores 
mais implicados na fisiopatologia dos transtornos de 
humor. Com o amplo efeito que os Inibidores Seletivos 
de Recaptação de Serotonina (ISRSs) – por exemplo, a 
fluoxetina – tiveram sobre o tratamento da depressão, a 
serotonina tornou-se o neurotransmissor mais 
associado à depressão. 
A dopamina, o sistema GABA e peptídeos neuroativos 
(particularmente vasopressina e opioides endógenos) 
também parecem estar implicados. 
Fatores neuroendócrinos podem estar relacionados ao 
surgimento de sintomas depressivos. Alterações dos 
hormônios tireoidianos podem causar tanto depressão 
quanto mania. Por este motivo, preconiza-se a 
investigação da função tireoidiana em todos os 
pacientes com transtorno do humor, mesmo que não 
apresentem queixas típicas de acometimento da 
glândula. Também foram descritas alterações no GH e 
alterações adrenais, principalmente relacionadas ao 
cortisol, podendo afetar o estado imunológico destes 
pacientes. 
Parece haver envolvimento do sistema límbico, 
gânglios basais e hipocampo. 
Fatores Genéticos 
Dados familiares indicam que, se um dos genitores tem 
um transtorno do humor, um dos filhos tem um risco 
entre 10 e 25% de também apresentá-lo. Se ambos os 
genitores são afetados, o risco praticamente duplica. 
Uma história familiar de transtorno bipolar confere um 
risco maior para transtornos do humor em geral e, em 
particular, um risco muito maior para transtorno 
bipolar. A presença de doença mais grave na família 
também confere um risco maior 
Importante!! Quando um marcador é identificado com 
doença em famílias, diz-se que a doença é 
geneticamente ligada. Os cromossomos 18q e 22q são 
as duas regiões com evidência mais forte de ligação a 
transtorno bipolar 
Fatores psicossociais 
Os acontecimentos vitais estressantes precedem mais 
frequentemente os primeiros episódios de humor, tanto 
depressivos quanto maníacos, do que subsequentes. A 
presença de agentes estressores permanentes precipita 
e influenciam o curso dos transtornos de humor, 
interfere na sintomatologia e na recuperação, 
independente das estratégias terapêuticas adotadas. 
O acontecimento vital mais associado com o 
desenvolvimento de depressão é a perda de um dos 
pais antes dos onze anos de idade. As síndromes e 
reações depressivas surgem com muita frequência após 
perdas significativa 
 
 
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Depressão 
Um transtorno depressivo maior ocorre sem uma 
história de um episódio maníaco, misto ou 
hipomaníaco. O episódio depressivo maior deve 
durar pelo menos duas semanas, e normalmente uma 
pessoa com esse diagnóstico também experimenta pelo 
menos quatro sintomas de uma lista que inclui 
alterações no apetite e peso, alterações no sono e na 
atividade, falta de energia, sentimentos de culpa, 
problemas para pensar e tomar decisões e pensamentos 
recorrentes de morte ou suicídio. 
Epidemiologia 
Nos levantamentos mais recentes, o transtorno 
depressivo maior tem a prevalência mais alta ao longo 
da vida (quase 17%) de todos os transtornos 
psiquiátricos 
A taxa de prevalência ao longo da vida para depressão 
maior é de 5 a 17%. 
A prevalência é duas vezes maior de transtorno 
depressivo maior em mulheres do que em homens. 
A idade média de início para transtorno depressivo 
maior é em torno dos 40 anos, com 50% de todos os 
pacientes tendo início entre os 20 e os 50 anos 
Dados epidemiológicos recentes revelam que a 
incidência de transtorno depressivo maior pode estar 
aumentando entre pessoas com menos de 20 anos. É 
possível que isso esteja relacionado ao aumento do uso 
de álcool e do abuso de drogas nessa faixa etária. 
O transtorno depressivo maior ocorre mais 
frequentemente em pessoas sem relacionamentos 
interpessoais íntimos e naquelas que são divorciadas 
ou separadas 
A depressão é mais comum em áreas rurais do que em 
áreas urbanas. 
Indivíduos com transtornos depressivos maiores têm 
maior risco de apresentar um ou mais transtornos 
comórbidos. Os mais frequentes são abuso ou 
dependência de álcool, transtornos de pânico, 
transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e transtorno 
de ansiedade social 
Fatores de risco 
 Afetividade negativa (neuroticismo) Temperamentais.
. Experiências adversas na infância e Ambientais
eventos estressantes na vida 
. Os familiares de primeiro Genéticos e fisiológicos
grau de indivíduos com transtorno depressivo maior 
têm risco 2 a 4 vezes mais elevado de desenvolver a 
doença que a população em geral. 
 Essencialmente todos os Modificadores de curso.
transtornos maiores não relacionados ao humor 
aumentam o risco de um indivíduo desenvolver 
depressão. 
Diagnóstico 
A depressão pode ocorrer como um episódio único ou 
ser recorrente. 
Ambos os estudos constataram que indivíduos 
deprimidos com mais sintomas depressivos têm mais 
probabilidade de ter diagnósticos estáveis ao longo do 
tempo e de ter parentes com doença afetiva do que 
indivíduos deprimidos com menos sintomas 
depressivos 
Indivíduos que estão vivenciando pelo menos um 
segundo episódio de depressão são classificados com 
transtorno depressivo maior, recorrente. 
O principal problema ao diagnosticar episódios 
recorrentes de transtorno depressivo maior é escolher o 
critério para designar a resolução de cada período. As 
duas variáveis são o grau de resolução dos sintomas e a 
duração da resolução. O DSM-5 exige que episódios 
distintos de depressão sejam separados por pelo menos 
dois meses, durante os quais o paciente não tenha 
sintomas significativos de depressão 
**Diagnóstico DSM-5 impresso 
Especificadores (características do sintoma) 
. presença de aspectos Com aspectos psicóticos
psicóticos no transtorno depressivo maior reflete 
doença grave e é um indicador de mau prognóstico. 
Uma diferença é que o transtorno bipolar I é mais 
comum em famílias de probandos com depressão 
psicótica do que em famílias de probandos com 
depressão não psicótica. 
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**Os seguintes fatores foram associados a mau 
prognóstico para pacientes com transtornos do humor: 
longa duração dos episódios, dissociação temporal 
entre o transtorno do humor e os sintomas psicóticos 
e história de mau ajustamento social pré-mórbido. A 
presença de aspectos psicóticostambém tem 
implicações significativas para o tratamento 
. Melancolia ainda é usada Com aspectos melancólicos
em referência a uma depressão caracterizada por 
anedonia grave, despertar matinal precoce, perda de 
peso e sentimentos profundos de culpa 
(frequentemente por acontecimentos triviais). Não é 
incomum pacientes melancólicos terem ideação 
suicida. 
A melancolia está associada com alterações no SNA e 
nas funções endócrinas. Por essa razão, é algumas 
vezes referida como “depressão endógena” ou que se 
origina na ausência de estressores ou precipitantes 
externos da vida. 
. introdução de uma depressão Com aspectos atípicos
formalmente definida com aspectos atípicos é uma 
resposta aos dados clínicos e de pesquisa que indicam 
que pacientes com aspectos atípicos têm características 
específicas, previsíveis: excesso de apetite e de sono. 
Esses sintomas, por vezes, têm sido referidos como 
sintomas vegetativos reversos, e seu padrão tem sido 
chamado, às vezes, de disforia histeroide 
A depressão atípica pode mascarar sintomas maníacos 
 Como um sintoma, a Com aspectos catatônicos.
catatonia pode estar presente em vários transtornos 
mentais, com mais frequência na esquizofrenia e nos 
transtornos do humor 
Sintomas característicos de catatonia: estupor, afeto 
embotado, reclusão extrema, negativismo e retardo 
psicomotor acentuado. Podem ser observados tanto na 
esquizofrenia catatônica como na não catatônica, no 
transtorno depressivo maior (frequentemente com 
manifestações psicóticas) e em doenças clínicas e 
neurológicas. 
Com inicio no período pós-parto. Início dos sintomas 
ocorrer no período de 4 semanas após o parto. 
. Pacientes com transtorno bipolar I Ciclagem rápida
com ciclagem rápida tendem a ser mulheres e a ter 
vivenciado episódios depressivos e hipomaníacos. Os 
critérios do DSM-5 especificam que o paciente precisa 
ter pelo menos quatro episódios dentro de um período 
de 12 meses. 
. Pacientes com um padrão sazonal de Padrão Sazonal
seus transtornos do humor tendem a vivenciar 
episódios depressivos durante uma determinada 
estação, mais comumente o inverno 
Tipos não incluídos no DSM-5 
O continuum endógeno-reativo é uma divisão 
controversa. Implica que as depressões endógenas 
sejam biológicas e que as reativas sejam psicológicas, 
principalmente com base na presença ou ausência de 
um estresse precipitante identificável. Outros sintomas 
de depressão endógena foram descritos como variação 
diurna, delírios, retardo psicomotor, despertar matinal 
precoce e sentimentos de culpa; portanto, a depressão 
endógena é similar ao diagnóstico do DSM-5 de 
transtorno depressivo maior com aspectos psicóticos, 
melancólicos ou ambos 
As depressões primárias são ao que o DSM-5 se refere 
como transtornos do humor 
A depressão dupla é a condição na qual um transtorno 
depressivo maior se superpõe a uma distimia 
Exame do estado Mental 
O retardo psicomotor generalizado é o sintoma mais 
comum de depressão, ainda que também seja 
observada agitação psicomotora, sobretudo em 
pacientes mais velhos. 
**Torcer as mãos e arrancar cabelossão os sintomas 
mais observados da agitação. 
De forma clássica, o indivíduo deprimido tem uma 
postura encurvada, sem movimentos espontâneos e 
com o olhar desviado para baixo, sem encarar 
 
Humor, Afeto e Sentimentos 
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A depressão é o sintoma-chave, embora cerca de 50% 
dos pacientes neguem sentimentos depressivos e não 
pareçam estar particularmente deprimidos. 
Fala 
Muitos pacientes deprimidos evidenciam uma redução 
da taxa e do volume da fala; demoram a responder a 
perguntas e o fazem de forma monossilábica. O 
examinador pode literalmente ter de esperar 2 ou 3 
minutos para obter a resposta a uma pergunta. 
Disturbios de percepção 
Indivíduos deprimidos com delírios ou alucinações são 
referidos com um episódio depressivo maior com 
manifestações psicóticas. 
Delírios congruentes com o humor em uma pessoa 
deprimida incluem os de culpa, pecado, inutilidade, 
pobreza, fracasso, perseguição e doenças somáticas 
terminais (tais como câncer ou “apodrecimento” do 
cérebro). 
Pensamento 
Pacientes deprimidos costumam ter visões negativas 
do mundo e de si próprios. O conteúdo de seus 
pensamentos muitas vezes inclui ruminações não 
delirantes sobre perda, culpa, suicídio e morte 
Sensório e cognição 
 A maioria dos pacientes deprimidos está Orientação.
orientada em relação a pessoa, lugar e tempo, embora 
alguns possam não ter energia ou interesse suficientes 
para responder a perguntas sobre es ses assuntos 
durante a entrevista. 
Memória. Cerca de 50 a 75% de todos os pacientes 
deprimidos têm um comprometimento cognitivo, 
algumas vezes referido como pseudodemência 
depressiva. Esses pacientes comumente se queixam de 
dificuldade de concentração e de esquecimento 
Controle de Impulsos 
Em torno de 10 a 15% de todos os indivíduos 
deprimidos cometem suicídio, e cerca de dois terços 
têm ideação suicida 
Pessoas com transtornos depressivos têm aumento do 
risco de suicídio à medida que começam a melhorar e a 
readquirir a energia necessária para planejar e executar 
um suicídio (suicídio paradoxal) 
Julgamento e insight 
O julgamento do paciente é mais bem avaliado 
revisando suas ações no passado recente e seu 
comportamento durante a entrevista. As descrições dos 
pacientes deprimidos a respeito de seu transtorno são 
muitas vezes hiperbólicas; eles enfatizam demais seus 
sintomas, seu transtorno e seus problemas de vida 
Confiabilidade 
Em entrevistas e conversas, os pacientes deprimidos 
dão grande ênfase ao ruim e minimizam o bom 
Escalas de avaliação da depressão 
. A Escala de Autoavaliação da Depressão de Zung
Zung é um relato de 20 itens. A pontuação normal é de 
34 ou menos; a pontuação deprimido é de 50 ou mais. 
A escala fornece um índice global da intensidade dos 
sintomas depressivos do paciente, incluindo a ex 
pressão afetiva da depressão. 
. A Escala de Depressão de Raskin é avaliada Raskin
pelo médico, que mede a gravidade da depressão, 
conforme o que ele observa e o paciente relata, em 
uma escala de 5 pontos de três dimensões: relato 
verbal, comportamento exibido e sintomas 
secundários. A escala tem uma variação de 3 a 13; a 
pontuação normal é 3, e a pontuação deprimido é 7 ou 
mais. 
. A Escala de Avaliação da Depressão de Hamilton
Hamilton (HAM-D) é amplamente utilizada com até 
24 itens, sendo cada um classificado de 0 a 4 ou de 0 a 
2, com a pontuação total de 0 a 76. O médico avalia as 
respostas do paciente a perguntas sobre sentimentos 
de culpa, pensamentos de suicídio, hábitos de sono e 
outros sintomas de depressão, e as pontuações são 
derivadas da entrevista clínica. 
Diagnóstico Diferencial 
: hiper e hipotireoidismo, diabetes Endocrinopatias
mellitus, hiper e hipoadrenalismo, hiper e 
hipoparatireoidismo e hipopituitarismo; 
: IAM, ICC e Doenças cardiovasculares
miocardiopatias; 
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: LES, artrite reumatoide, Doenças autoimunes
poliarterite nodosa e sarcoidose; 
: HIV, encefalite, sífilis, pneumonias; Infecções
: sistema nervoso central, pâncreas, pulmão, Neoplasias
gastrointestinal e renal; 
: doença de Parkinson, Doenças neurológicas
demências, hidrocefalia de pressão normal 
 Medicamentos que podem causar depressão
Características clínicas 
**Os dois padrões básicos de sintomas nos 
transtornos do humor são depressão e mania 
Episódios depressivos podem ocorrer no transtorno 
depressivo maior assim como no transtorno bipolar I. 
Pesquisadores têm tentado encontrar diferenças 
confiáveis entre episódios depressivos do transtorno 
bipolar I e episódios de transtorno depressivo maior, 
mas as diferenças são ilusórias 
Episódios Depressivos 
O humor deprimido e perda deinteresses ou prazer são 
os sintomas fundamentais da depressão. Os indivíduos 
podem dizer que se sentem tristes, desesperançados, na 
“fossa” ou inúteis 
Com frequência, os pacientes descrevem os sintomas 
de depressão como uma dor emocional angustiante e, 
às vezes, se queixam de serem incapazes de chorar, um 
sintoma que se resolve quando melhoram. 
Cerca de dois terços de todos os pacientes deprimidos 
cogitam o suicídio, e 10 a 15% cometem-no. Aqueles 
recentemente hospitalizados por uma tentativa ou 
ideação suicida têm um risco mais alto durante a vida 
de suicídio bem-sucedido do que aqueles que nunca 
foram hospitalizados pela mesma razão. 
Quase todos os deprimidos (97%) se queixam de 
redução da energia, têm dificuldade de terminar 
tarefas, têm mau desempenho na escola e no trabalho e 
menos motivação para desenvolver novos projetos. 
Cerca de 80% se queixam de dificuldades para dormir, 
especialmente de despertar matinal precoce (i.e., 
insônia terminal), e de despertares múltiplos ao longo 
da noite, durante os quais ruminam sobre seus 
problemas. 
Muitos têm diminuição do apetite e perda de peso, mas 
outros experimentam aumento do apetite e de peso e 
dormem por mais tempo do que o habitual. **Esses 
pacientes são classificados com aspectos atípicos. 
A ansiedade é um sintoma comum da depressão e afeta 
até 90% de todas as pessoas deprimidas. 
Outros sintomas vegetativos incluem anormalidade na 
menstruação e diminuição do interesse e do 
desempenho nas atividades sexuais 
Cerca de 50% de todos os pacientes descrevem uma 
variação diurna de seus sintomas, com aumento de 
gravidade pela manhã e diminuição dos sintomas à 
noite 
 Fobia escolar e Depressão em crianças e adolescentes.
apego excessivo aos pais podem ser sintomas de 
depressão em crianças. Mau desempenho escolar, 
abuso de drogas, comportamento antissocial, 
promiscuidade sexual, ociosidade e fuga de casa 
podem ser sintomas de depressão em adolescentes 
. A depressão é mais comum em Depressão em idosos
pessoas mais velhas do que na população em geral. 
Episódios Maníacos 
Descritos na parte de transtorno bipolar 
Tratamento 
O tratamento deve integrar a farmacoterapia com a 
intervenção psicoterápica. Os antidepressivos 
produzem, em geral, uma melhora de 60 a 70% dos 
sintomas depressivos em um mês. Em termos de 
eficácia, parece não haver diferença significativa entre 
as várias drogas disponíveis. No entanto, alguns 
critérios orientam o tratamento antidepressivo: 
 Se existe uma história familiar ou história anterior 
de resposta positiva a determinada droga, esta deve 
ser tentada em primeiro lugar 
 Se não houver história prévia, deve-se utilizar 
como primeira escolha um Inibidor Seletivo da 
Recaptação da Serotonina (ISRS) e monitorar por 
2-3 semanas. A resposta geralmente aparece dentro 
de quatro semanas 
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 Os efeitos colaterais são a principal variável 
relacionada à não adesão dos pacientes, portanto 
deve-se estar atento ao perfil de efeitos 
indesejáveis 
 Disfunção sexual (diminuição da libido e 
anorgasmia e efeitos gastrointestinais, como 
náuseas e vômitos, são efeitos colaterais 
frequentemente observados com o uso de ISRS 
 Os principais efeitos colaterais dos tricíclicos são 
efeitos anticolinérgicos: tontura, sedação, boca 
seca, visão turva, constipação intestinal e esforço 
para urinar. Outros efeitos incluem ganho de peso, 
hipotensão ortostática e alterações na condução 
cardíaca 
** Nos pacientes com risco de suicídio, o uso de 
tricíclicos deve ser evitado, em função do potencial de 
intoxicação fatal quando há ingestão excessiva. Nos 
pacientes com risco de suicídio, o uso de tricíclicos 
deve ser evitado, em função do potencial de 
intoxicação fatal quando há ingestão excessiva 
 Após quatro semanas, se o antidepressivo não tiver 
o efeito desejado, uma mudança de classe de 
antidepressivo e/ou potencialização da terapia 
podem ser experimentados 
 L-triiodotironina (T3), carbonato de lítio e l-
triptofano podem ser utilizados para potencializar 
o efeito antidepressivo 
 Nos casos de depressão em idosos, a mirtazapina 
pode ser uma boa escolha devido ao padrão 
reduzido de efeitos colaterais. Também possui 
ação sedativa 
** Os inibidores da monoaminooxidase são 
classicamente indicados para o tratamento de 
depressão atípica. No entanto, o risco de crise 
hipertensiva (reação do queijo) quando associado a 
alimentos que contenham tiramina (queijo, leite, 
cerveja, vinhos etc.), o aparecimento de 
antidepressivos com melhor perfil de efeitos colaterais 
e a contraindicação absoluta de utilização de diversas 
drogas (ISRS, alfa-metildopa, meperidina, 
simpaticomiméticos, entre outros) durante o tratamento 
com IMAO, têm contribuído para seu uso cada vez 
mais incomum 
 O tratamento de manutenção com antidepressivos 
por pelo menos seis meses auxilia na prevenção de 
recaídas. O tratamento em longo prazo pode ser 
indicado em pacientes com transtorno depressivo 
recorrente, podendo ser feita associação com 
carbonato de lítio 
 A retirada do antidepressivo deve ser gradual, ao 
longo de uma a duas semanas 
** Eletroconvulsoterapia (ECT) fica reservada aos 
casos de transtorno depressivo grave com sintomas 
psicóticos e refratário ao uso de antidepressivos 
 
Como escolher o antidepressivo? Escrito na folha 
 
Transtorno Bipolar 
Pacientes com episódios tanto maníacos quanto 
depressivos ou somente com episódios maníacos são 
considerados com transtorno bipolar. 
Um episódio maníaco é um período distinto de humor 
anormal e persistentemente elevado, expansivo ou 
irritável que dura pelo menos uma semana, ou menos 
se o paciente tiver de ser hospitalizado. 
Um episódio hipomaníaco dura pelo menos quatro dias 
e é semelhante a um episódio maníaco, exceto por não 
ser grave o suficiente para causar comprometimento no 
funcionamento social ou ocupacional e por aspectos 
psicóticos não estarem presentes 
Tanto a mania como a hipomania estão associadas com 
autoestima inflada, necessidade de sono diminuída, 
distratibilidade, grande atividade física e mental e 
envolvimento excessivo em comportamento prazeroso 
O transtorno bipolar I é definido como tendo um curso 
clínico de um ou mais episódios maníacos e, às vezes, 
episódios depressivos maiores. Um episódio misto é 
um período de pelo menos uma semana no qual tanto 
um episódio maníaco quanto um episódio depressivo 
maior ocorrem quase diariamente. Uma variante de 
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transtorno bipolar caracterizada por episódios de 
depressão maior e hipomania, em vez de mania, é 
conhecida como transtorno bipolar II. 
**(DSM-5) O transtorno bipolar tipo II, que requer 
um ou mais episódios depressivos maiores e pelo 
menos um episódio hipomaníaco durante o curso da 
vida, não é mais considerado uma condição “mais 
leve” que o transtorno bipolar tipo I, em grande parte 
em razão da quantidade de tempo que pessoas com 
essa condição passam em depressão e pelo fato de a 
instabilidade do humor vivenciada ser tipicamente 
acompanhada de prejuízo grave no funcionamento 
profissional e social. 
Epidemiologia 
O transtorno bipolar I tem uma prevalência igual entre 
homens e mulheres 
Episódios maníacos são mais comuns em homens, e 
episódios depressivos são mais comuns em mulheres. 
Quando episódios maníacos ocorrem em mulheres, 
elas têm mais probabilidade do que os homens de 
apresentar um quadro misto (mania e depressão). As 
mulheres também têm uma taxa mais alta de ciclagem 
rápida, definida como quatro ou mais episódios 
maníacos no período de um ano. 
A idade de início do transtorno bipolar I é mais 
precoce do que a do depressivo maior, variando da 
infância (a partir dos 5 ou 6 anos) aos 50 anos 
O transtornobipolar I é mais comum em pessoas 
divorciadas e solteiras 
Uma incidência mais alta de transtorno bipolar I é 
encontrada entre os grupos socioeconômicos mais altos 
Fatores de Risco 
. Transtorno bipolar é mais comum em Ambientais
países com pessoas com renda elevada do que com 
renda mais baixa (1,4 vs. 0,7%). Pessoas separadas, 
divorciadas ou viúvas têm taxas mais altas de 
transtorno bipolar tipo I do que aquelas casadas ou que 
nunca casaram, mas o sentido em que a associação se 
modifica não é clara. 
. História familiar de Genéticos e fisiológicos
transtorno bipolar é um dos fatores de risco mais fortes 
e mais consistentes para transtornos dessa categoria. 
Há, em média, risco 10 vezes maior entre parentes 
adultos de indivíduos com transtornos bipolar tipo I e 
tipo II 
. Depois que uma pessoa teve Modificadores do curso
um episódio maníaco com caracteresticas psicóticas, 
há maior probabilidade de os episódios maníacos 
subsequentes incluírem características psicóticas 
Características Clínicas 
Síndromes depressivas 
Descrito na parte de depressão 
Síndrome Maníaca 
Um estado de humor elevado, expansivo ou irritável é 
a característica de um episódio maníaco. De forma 
alternativa, o humor pode ser irritável, em especial 
quando os planos excessivamente ambiciosos do 
paciente são contrariados. Os pacientes muitas vezes 
exibem uma mudança do humor predominante, de 
euforia no início do curso da doença para uma 
posterior irritabilidade 
O tratamento de indivíduos maníacos em uma unidade 
hospitalar pode ser complicado por sua tentativa de 
testar os limites das regras da unidade, sua tendência a 
transferir a responsabilidade por seus atos para os 
outros, sua exploração das fraquezas dos outros e sua 
tendência a criar conflitos entre membros da equipe. 
Fora do hospital, pacientes maníacos tendem a 
consumir álcool em excesso, talvez em uma tentativa 
de automedicação. 
Sua natureza desinibida reflete-se no uso excessivo do 
telefone, sobretudo ao fazer chamadas de longa 
distância durante as primeiras horas da manhã. 
A euforia, ou alegria patológica, constitui o aspecto 
principal da síndrome maníaca. Além disso, é 
fundamental, e quase sempre presente, a aceleração de 
todas as funções psíquicas (taquipsiquismo). De modo 
geral, podem-se observar os seguintes sinais e 
sintomas: 
 Aumento da autoestima: o paciente sente-se 
superior, melhor, mais potente; 
 Intensa satisfação pessoal e bem-estar exa gerado; 
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 Elação, isto é, sentimento de expansão e 
engrandecimento do eu; 
 Sintomas vegetativos: aumento da libido, perda de 
peso, anorexia e insônia, geralmente associada à 
sensação de diminuição da necessidade de sono; 
 Logorreia: produção verbal rápida, fluente e 
persistente 
 Pressão para falar: necessidade de falar inin 
terruptamente; 
 Distraibilidade: a atenção voluntária está reduzida 
e a espontânea apresenta-se aumentada; 
 Irritabilidade e arrogância; 
 Agitação psicomotora e heteroagressividade; 
 Desinibição social e sexual, levando o paciente a 
comportamentos inadequados; 
 Hipersensualidade e promiscuidade 
 Tendencia exagerada a gastos excessivos, 
descontrole dos impulsos 
 Delirios de grandeza 
Durante a entrevista psiquiátrica, observamos 
aparência extravagante, com roupas coloridas, 
excessiva maquiagem, acessórios bizarros, desatenção 
quanto à aparência pessoal. O paciente pode 
demonstrar impaciência, autoconfiança e atitude 
sedutora. O afeto é instável e o humor eufórico, 
exaltado ou irritável. Pode haver alterações de humor 
abruptas (labilidade afetiva). 
O conteúdo do pensamento é egocêntrico, grandioso, 
com autoestima altamente elevada. 
. É a forma mais intensa da Episódio Maníaco Grave
mania, com taquipsiquismo acentuado, agitação 
psicomotora importante, heteroagressividade, fuga de 
ideias e delírios de grandeza. 
. Predomina a Episódio maníaco irritado ou disfórico
irritabilidade, o mau humor, a hostilidade em relação 
às pessoas, podendo ocorrer heteroagressividade e 
destruição de objetos. 
. Há sintomas maníacos e sintomas Episódio misto
depressivos ao mesmo tempo ou alternando-se 
rapidamente. 
. Assim como no episódio depressivo, Estupor maníaco
estão presentes características catatônicas, tais como 
atividade motora extrema, aparentemente sem 
propósito, maneirismos, ecolalia ou ecopraxia, 
negativismo. 
. É uma forma atenuada de episódio Hipomania
maníaco que muitas vezes passa despercebida e não 
recebe atenção médica 
Diagnóstico 
**Diagnóstico DSM-5 impresso 
Transtorno bipolar I 
Os critérios do DSM-5 para transtorno bipolar I 
requerem a presença de um período distinto de humor 
anormal de pelo menos uma semana e incluem 
diagnósticos separados de transtorno bipolar I para um 
episódio maníaco único e para um episódio recorrente 
A designação transtorno bipolar I é sinônimo do que 
antes era conhecido como transtorno bipolar – uma 
síndrome em que um conjunto completo de sintomas 
de mania ocorre durante o curso do transtorno. Os 
critérios diagnósticos para transtorno bipolar II são 
caracterizados por episódios depressivos e 
hipomaníacos durante o curso do transtorno, mas os 
episódios de sintomas maníaco-símiles não satisfazem 
por completo os critérios diagnósticos para uma 
síndrome maníaca completa. 
. os Transtorno bipolar I, episódio maníaco único
pacientes devem estar vivenciando seu primeiro 
episódio maníaco para satisfazer os critérios 
diagnósticos para transtorno bipolar I, episódio 
maníaco único. Esse requisito baseia-se no fato de que 
pacientes que estão tendo seu primeiro episódio de 
depressão do transtorno bipolar I não podem ser 
distinguidos daqueles afetados por transtorno 
depressivo maior. 
. Os episódios Transtorno bipolar I, recorrente
maníacos são considerados distintos quando são 
separados por pelo menos dois meses sem sintomas 
significativos de mania ou hipomania 
Transtorno Bipolar II 
Os critérios diagnósticos para transtorno bipolar II 
especificam a gravidade, a frequência e a duração dos 
sintomas hipomaníacos 
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As características clínicas de transtorno bipolar II são 
as do transtorno . Ainda que os dados sejam limitados, 
alguns estudos indicam que o transtorno bipolar II está 
associado com mais problemas conjugais e com uma 
idade de início mais precoce do que o bipolar 
I.depressivo maior combinadas com as de um episódio 
hipomaníaco 
Resumindo!! 
Transtorno bipolar tipo I: episódios depressivos leves a 
graves, intercalados com fases de normalidade e fases 
maníacas bem caracterizadas. 
Transtorno bipolar tipo II: episódios depressivos leves 
a graves, intercalados com períodos de normalidade e 
seguidos de fases hipomaníacas. O paciente não 
apresenta episódios maníacos. 
Transtorno bipolar de ciclagem rápida: episódios 
maníacos e depressivos alternados, separados por 
intervalos de 48-72 horas. 
Exame do estado Mental 
Os pacientes maníacos são excitados, tagarelas, às 
vezes divertidos e, frequentemente, hiperativos. Às 
vezes, estão francamente psicóticos e desorganizados, 
necessitando de comtenção física e injeção 
intramuscular de sedativos 
Humor, Afeto e sentimentos 
Indivíduos maníacos classicamente são eufóricos, mas 
também podem ser irritáveis, em especial quando a 
mania esteve presente por algum tempo. Também têm 
baixa tolerância à frustração, que pode levar a 
sentimentos de raiva e hostilidade. Eles podem 
apresentar labilidade emocional, mudando do riso para 
irritabilidade e para depressão em minutos ou horas. 
Fala 
Indivíduos maníacos não podem ser interrompidos 
enquanto estão falando e costumam ser intrusivos e 
desagradáveis para com as pessoas a seu redor. Sua 
fala é frequentemente confusa. À medidaque a mania 
fica mais intensa, a fala se torna mais alta, mais rápida 
e difícil de interpretar. Quando o estado de ativação 
aumenta, a fala é repleta de trocadilhos, piadas, rimas, 
jogos de palavras e irrelevâncias. 
Distúrbios perceptuais 
Delírios ocorrem em 75% de todos os pacientes 
maníacos. Os delírios congruentes com o humor são 
frequentemente relacionados com grande riqueza, 
capacidades extraordinárias ou poder. 
Pensamento 
O conteúdo do pensamento de pacientes maníacos 
inclui temas de autoconfiança e autoengrandecimento. 
Esses indivíduos distraem-se com facilidade, e o 
desempenho cognitivo no estado maníaco caracteriza-
se por um fluxo de ideias incontido e acelerado 
Sensório e Cognição 
De modo genérico, a orientação e a memória estão 
intactas, ainda que alguns pacientes maníacos possam 
ser tão eufóricos a ponto de responder incorretamente a 
perguntas para testar a orientação. 
Controle dos impulsos 
Cerca de 75% de todos os pacientes maníacos são 
agressivos ou ameaçadore 
Julgamento e insight 
O comprometimento do julgamento é característica de 
indivíduos maníacos. Eles podem violar leis sobre 
cartões de crédito, atividades sexuais e finanças e, por 
vezes, envolvem suas famílias na ruína financeira. 
Também têm pouco entendimento de sua doença. 
Confiabilidade 
Os indivíduos maníacos são notoriamente não 
confiáveis em suas informações 
Diagnóstico Diferencial 
: hipertireoidismo; Endocrinopatias
: encefalite, influenza e sífilis Infecções
: epilepsia, trauma cerebral, Doenças neurológicas
esclerose múltipla, AVC e doença de Wilson; 
: gliomas, meningiomas e metástases Neoplasias
talâmicas; 
: anemia, hemodiálise e deficiência de (B12), Outros
cocaína, alucinógenos; 
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: álcool, alprazolam, Inibidores da Medicamentos
Monoaminoxidase (IMAO), antidepressivos tricíclicos, 
anfetaminas, bromocriptina, captopril, corticoides, 
isoniazida, levodopa, metoclopramida, 
simpaticomiméticos, hormônios da tireoide. 
Tratamento 
O tratamento de escolha para transtorno bipolar baseia-
se no uso de agentes estabilizadores de humor, 
principalmente, carbonato de lítio, ácido valproico e 
carbamazepina. Nos casos resistentes, pode ser feita 
associação entre os estabilizadores do humor. A 
olanzapina tem sido considerada eficaz no controle da 
mania aguda e como estabilizador do humor 
Nos casos de mania aguda, o tratamento geralmente 
inclui a utilização de drogas sedativas, como 
clonazepam e antipsicóticos. O tratamento de 
manutenção está geralmente indicado na profilaxia do 
transtorno bipolar 
Carbonato de lítio 
O uso de lítio ainda permanece como primeira linha no 
tratamento e profilaxia do transtorno bipolar. No 
entanto, o risco de intoxicação, assim como o perfil de 
efeitos adversos, tem limitado seu uso, fazendo com 
que outras drogas, como o valproato, sejam cada vez 
mais utilizadas 
Considerando a estreita faixa terapêutica e as variações 
nas taxas de excreção de lítio, recomenda-se a 
monitoração periódica de seus níveis séricos, de 
maneira mais frequente no início do tratamento 
A dosagem deve ser feita sempre doze horas após a 
última ingestão do comprimido de lítio. Em geral, 
dosam-se os níveis séricos de cinco a sete dias após o 
início, e, posteriormente, o controle é feito a cada 3-6 
meses. 
**Os níveis recomendados para o tratamento situam-
se entre 0,6 e 1,2 mEq/L, procurando manter o 
paciente com as menores doses necessárias para a 
profilaxia. Em geral, inicia-se com 300 mg/dia, 
aumentando-se gradativamente as doses até que os 
níveis séricos desejados sejam alcançados 
Os efeitos colaterais mais comuns são: sede e poliúria, 
alterações de memória, tremores, ganho de peso, 
sonolência, náuseas e diarreia 
**O desenvolvimento de um hipotiroidismo 
clinicamente significativo ocorre em até 5% dos 
pacientes, enquanto elevações do TSH chegam a 30%. 
As intoxicações por lítio costumam ocorrer com 
dosagens séricas acima de 1,5 mEq/L e podem ser 
precipitadas por desidratação, dietas hipossódicas, 
ingestão excessiva de lítio, alterações na excreção 
renal ou interação com outros medicamentos que 
aumentam seus níveis séricos (anti-inflamatórios não 
esteroides, diuréticos tiazídicos etc.) 
Quadro de intoxicação por lítio: caracterizado por 
náuseas e vômitos, diarreia persistente, sonolência, 
tremores grosseiros, fasciculações, hiper-reflexia, 
diplopia, fala pastosa, disartria, arritmias, ataxia e 
crises convulsivas 
Anticonvulsivantes 
O valproato, ou ácido valproico, tem sido am plamente 
utilizado para o tratamento de transtorno bipolar. 
Os efeitos colaterais incluem sedação, náuseas, 
vômitos, diarreia, elevação benigna das transaminases 
e tremores. Também pode ocorrer leucopenia 
assintomática e plaquetopenia. 
Apresenta larga janela terapêutica e, portanto, risco 
diminuído de intoxicação. 
O tratamento com valproato deve ser iniciado com 
doses baixas (250 mg/dia), com aumentos graduais até 
atingir a concentração sérica de 50 a 100 mcg/ml (não 
se excedendo a dose de 60 mg/kg por dia). 
**É necessário controle dos níveis séricos, do 
hemograma e das enzimas hepáticas a cada 3-6 meses. 
A carbamazepina, da mesma maneira que o valproato, 
parece ter ação estabilizadora do humor. Em geral, 
preconizam-se níveis séricos entre 4 e 12 mcg/ml. 
Como a carbamazepina induz aumento de seu próprio 
metabolismo, suas doses devem ser reajustadas depois 
de algum tempo para que sua dosagem sérica seja 
mantida. 
Entre os efeitos colaterais da carbamazepina estão: 
diplopia, visão borrada, fadiga, vertigem, distúrbios 
gastrointestinais, leucopenia leve e trombocitopenia 
leve e elevação das enzimas hepáticas 
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As doses devem ser iniciadas com 100 a 200 mg/ dia e 
aumentadas gradualmente e divididas em três a quatro 
tomadas diárias. 
**Inicialmente, hemograma e função hepática a cada 
duas semanas, espaçando-se depois o controle para 
cada três meses. 
Antipsicóticos 
Neurolépticos têm sido utilizados no tratamento da 
mania aguda devido à rapidez da ação e controle da 
agitação psicomotora. Contudo, seu uso no tratamento 
de manutenção tem sido evitado por causa dos efeitos 
colaterais (parkinsonismo, acatisia), além do fato de 
poder desencadear ou agravar quadros depressivos 
Outros Agentes 
Bloqueadores dos canais de cálcio, clonidina e 
levotiroxina podem ser usados em casos resistentes a 
outras drogas. O clonazepam é mais frequentemente 
usado como coadjuvante, nos casos de agitação e 
insônia. 
 
Semiologia Psiquiátrica 
Características do entrevistador, como suas crenças, 
valores, sensibilidade, estado emocional no momento 
da entrevista e outras, podem interferir nos fenômenos 
observados. A forma como uma pergunta é formulada, 
o tom de voz utilizado, um olhar, um gesto, poderão 
orientar a resposta do paciente 
Variáveis do paciente, também interferem na obtenção 
dos dados, por exemplo, sua motivação em relação ao 
exame 
Existem diferentes tipos de entrevistas que, de uma 
maneira bastante ampla, poderiam ser agrupadas em: 
abertas, estruturadas e semi-estruturadas. 
Na entrevista aberta, o entrevistador não segue um 
roteiro rígido e pré-determinado, permitindo que o 
entrevistado fale o mais livremente possível. Este tipo 
de entrevista permitiria um acesso mais fácil ao 
material inconsciente. 
Nas entrevistas estruturadas, a forma pela qual se 
obtém as informações, a seqüência das perguntas e os 
registros dos resultados são pré-determinados. A 
principal vantagem desse tipo de entrevista é aumentar 
a confiabilidade do diagnóstico psiquiátrico, 
facilitando a concordância entre diferentes 
profissionais. 
As entrevistas semi-estruturadas, tem um nível de 
estruturação maior ou menor, dependendo daentrevista, mas permitem sempre uma certa 
flexibilidade na seqüência e/ou forma de formular as 
perguntas. Estas entrevistas, em geral, mantém níveis 
elevados de confiabilidade 
 
A avaliação psiquiátrica começa antes mesmo do 
início da entrevista, com a observação da expressão 
facial do paciente, seus trajes, movimentos, maneira 
de se apresentar 
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O início da entrevista deve ser pouco diretiva, 
permitindo a livre expressão do paciente, com 
interferência mínima do entrevistador e apenas com o 
objetivo de esclarecer pontos obscuros do relato. 
Antes de finalizar a entrevista, o entrevistador deve 
abrir um espaço para comentários adicionais do 
paciente, esclarecer suas dúvidas e, em seguida, 
formular sua impressão até aquele momento 
História Clínica Psiquiátrica 
A Anamnese psiquiátrica objetiva fornecer elementos 
para formulação diagnóstica, incluindo a descrição 
detalhada dos sintomas e a identificação dos fatores 
predisponentes, precipitantes e perpetuantes da doença. 
Consiste, ainda, em uma caracterização da 
personalidade, incluindo aspectos relativos ao 
desenvolvimento, aos potenciais e fraquezas 
 Nome, sexo, idade, estado civil, grupo Identificação.
étnico, procedência, religião, profissão 
Queixa principal - origem e motivo do enca 
 É importante observar quem minhamento.
encaminhou, de quem foi a iniciativa de buscar ajuda e 
com que objetivo 
. Neste tópico, deve-se História da Moléstia Atual
avaliar como a doença começou, se existiram fatores 
precipitantes, como evoluiu, qual a gravidade e o 
impacto da doença sobre a vida da pessoa. É 
importante considerar a descrição detalhada dos 
sintomas, a freqüência, duração e flutuações dos 
mesmos. Ainda, deve-se observar a seqüência 
cronológica dos sintomas e eventos relacionados desde 
as primeiras manifestações até a situação atual. 
Antecedentes - História Médica e Psiquiátrica. 
Descrever, em ordem cronológica, as doenças, 
cirurgias e internações hospitalares. Observar o estado 
atual de saúde, as mudanças recentes de peso, de sono, 
hábitos intestinais e problemas menstruais. 
Colher informações sobre medicamentos em uso e, 
habitualmente, consumidos verificando dosagem e 
quem prescreveu. Verificar abuso de medicamentos, de 
drogas e álcool. 
Quanto aos antecedentes psiquiátricos levantar 
informações sobre os tratamentos prévios, 
especificando há quanto tempo ocorreram, o tipo e a 
duração dos mesmos. Verificar a utilização prévia de 
psicofármacos, especificando tipo e dosagem 
 História pré-Antecedentes - História Pessoal.
natal/nascimento, Infância e desenvolvimento, 
adolencência 
 Colher informações Antecedentes - História Familiar.
sobre os pais e irmãos. Características de 
personalidade, problemas de saúde, com destaque aos 
relacionados com à saúde mental. Observar história de 
adoção, de suicídio e de violação da lei ou dos padrões 
sociais. Caso os pais ou irmãos sejam falecidos, 
especificar a causa da morte e a idade na ocasião. 
O ambiente familiar: o nível de interação, os padrões 
de relacionamento dos pais entre si, com os filhos e 
destes entre si, constitui-se numa informação 
importante. 
. Deve englobar os Personalidade pré-mórbida
seguintes aspectos: as preocupações excessivas com 
ordem, limpeza, pontualidade, o estado de humor 
habitual, a capacidade de expressar os sentimentos, a 
maneira como se expressa habitualmente, o nível de 
desconfiança e competitividade, a capacidade para 
executar planos e projetos e a maneira como reage 
quando se sente pressionado 
Exame físico 
Exame do estado mental 
Continuação impressa... 
ZUARDI AW & LOUREIRO SR. Semiologia 
psiquiátrica. Medicina, Ribeirão Preto, 29: 44-53, 
jan./mar. 1996.

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