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Módulo de Psiquiatria Tutoria 1 1 Módulo de Psiquiatria | Medicina UNIT Os transtornos de humor consistem em transtorno depressivo, transtorno bipolar e outros transtornos. Esses quase sempre resultam em comprometimento do funcionamento interpessoal, social e ocupacional. **Pacientes apenas com episódios depressivos maiores têm transtorno depressivo maior ou depressão unipolar. Aqueles com episódios tanto maníacos quanto depressivos ou somente com episódios maníacos são considerados com transtorno bipolar. Três categorias adicionais de transtornos do humor são hipomania, ciclotimia e distimia. Hipomania é um episódio de sintomas maníacos que não satisfaz os critérios para episódio maníaco. Ciclotimia e distimia são transtornos que representam formas menos graves de transtorno bipolar e de depressão maior, respectivamente. Breve História: No Velho Testamento, a história do rei Saul descreve uma síndrome depressiva. Por volta de 400 a.C., Hipócrates usou os termos mania e melancolia para descrever distúrbios mentais. Em torno de 30 d.C., o médico romano Celsus, em sua obra De re medicina, descreveu melancolia como umadepressão causada pela bile negra. Fisiopatologia dos transtornos Fatores Biológicos Até recentemente, os neurotransmissores monoaminégicos –norepinefrina, dopamina, serotonina e histamina– eram o centro das teorias e da pesquisa sobre a etiologia desses transtornos. Tem ocorrido uma mudança progressiva do foco. Norepinefrina e serotonina são os neurotransmissores mais implicados na fisiopatologia dos transtornos de humor. Com o amplo efeito que os Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina (ISRSs) – por exemplo, a fluoxetina – tiveram sobre o tratamento da depressão, a serotonina tornou-se o neurotransmissor mais associado à depressão. A dopamina, o sistema GABA e peptídeos neuroativos (particularmente vasopressina e opioides endógenos) também parecem estar implicados. Fatores neuroendócrinos podem estar relacionados ao surgimento de sintomas depressivos. Alterações dos hormônios tireoidianos podem causar tanto depressão quanto mania. Por este motivo, preconiza-se a investigação da função tireoidiana em todos os pacientes com transtorno do humor, mesmo que não apresentem queixas típicas de acometimento da glândula. Também foram descritas alterações no GH e alterações adrenais, principalmente relacionadas ao cortisol, podendo afetar o estado imunológico destes pacientes. Parece haver envolvimento do sistema límbico, gânglios basais e hipocampo. Fatores Genéticos Dados familiares indicam que, se um dos genitores tem um transtorno do humor, um dos filhos tem um risco entre 10 e 25% de também apresentá-lo. Se ambos os genitores são afetados, o risco praticamente duplica. Uma história familiar de transtorno bipolar confere um risco maior para transtornos do humor em geral e, em particular, um risco muito maior para transtorno bipolar. A presença de doença mais grave na família também confere um risco maior Importante!! Quando um marcador é identificado com doença em famílias, diz-se que a doença é geneticamente ligada. Os cromossomos 18q e 22q são as duas regiões com evidência mais forte de ligação a transtorno bipolar Fatores psicossociais Os acontecimentos vitais estressantes precedem mais frequentemente os primeiros episódios de humor, tanto depressivos quanto maníacos, do que subsequentes. A presença de agentes estressores permanentes precipita e influenciam o curso dos transtornos de humor, interfere na sintomatologia e na recuperação, independente das estratégias terapêuticas adotadas. O acontecimento vital mais associado com o desenvolvimento de depressão é a perda de um dos pais antes dos onze anos de idade. As síndromes e reações depressivas surgem com muita frequência após perdas significativa Módulo de Psiquiatria Tutoria 1 2 Módulo de Psiquiatria | Medicina UNIT Depressão Um transtorno depressivo maior ocorre sem uma história de um episódio maníaco, misto ou hipomaníaco. O episódio depressivo maior deve durar pelo menos duas semanas, e normalmente uma pessoa com esse diagnóstico também experimenta pelo menos quatro sintomas de uma lista que inclui alterações no apetite e peso, alterações no sono e na atividade, falta de energia, sentimentos de culpa, problemas para pensar e tomar decisões e pensamentos recorrentes de morte ou suicídio. Epidemiologia Nos levantamentos mais recentes, o transtorno depressivo maior tem a prevalência mais alta ao longo da vida (quase 17%) de todos os transtornos psiquiátricos A taxa de prevalência ao longo da vida para depressão maior é de 5 a 17%. A prevalência é duas vezes maior de transtorno depressivo maior em mulheres do que em homens. A idade média de início para transtorno depressivo maior é em torno dos 40 anos, com 50% de todos os pacientes tendo início entre os 20 e os 50 anos Dados epidemiológicos recentes revelam que a incidência de transtorno depressivo maior pode estar aumentando entre pessoas com menos de 20 anos. É possível que isso esteja relacionado ao aumento do uso de álcool e do abuso de drogas nessa faixa etária. O transtorno depressivo maior ocorre mais frequentemente em pessoas sem relacionamentos interpessoais íntimos e naquelas que são divorciadas ou separadas A depressão é mais comum em áreas rurais do que em áreas urbanas. Indivíduos com transtornos depressivos maiores têm maior risco de apresentar um ou mais transtornos comórbidos. Os mais frequentes são abuso ou dependência de álcool, transtornos de pânico, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e transtorno de ansiedade social Fatores de risco Afetividade negativa (neuroticismo) Temperamentais. . Experiências adversas na infância e Ambientais eventos estressantes na vida . Os familiares de primeiro Genéticos e fisiológicos grau de indivíduos com transtorno depressivo maior têm risco 2 a 4 vezes mais elevado de desenvolver a doença que a população em geral. Essencialmente todos os Modificadores de curso. transtornos maiores não relacionados ao humor aumentam o risco de um indivíduo desenvolver depressão. Diagnóstico A depressão pode ocorrer como um episódio único ou ser recorrente. Ambos os estudos constataram que indivíduos deprimidos com mais sintomas depressivos têm mais probabilidade de ter diagnósticos estáveis ao longo do tempo e de ter parentes com doença afetiva do que indivíduos deprimidos com menos sintomas depressivos Indivíduos que estão vivenciando pelo menos um segundo episódio de depressão são classificados com transtorno depressivo maior, recorrente. O principal problema ao diagnosticar episódios recorrentes de transtorno depressivo maior é escolher o critério para designar a resolução de cada período. As duas variáveis são o grau de resolução dos sintomas e a duração da resolução. O DSM-5 exige que episódios distintos de depressão sejam separados por pelo menos dois meses, durante os quais o paciente não tenha sintomas significativos de depressão **Diagnóstico DSM-5 impresso Especificadores (características do sintoma) . presença de aspectos Com aspectos psicóticos psicóticos no transtorno depressivo maior reflete doença grave e é um indicador de mau prognóstico. Uma diferença é que o transtorno bipolar I é mais comum em famílias de probandos com depressão psicótica do que em famílias de probandos com depressão não psicótica. Módulo de Psiquiatria Tutoria 1 3 Módulo de Psiquiatria | Medicina UNIT **Os seguintes fatores foram associados a mau prognóstico para pacientes com transtornos do humor: longa duração dos episódios, dissociação temporal entre o transtorno do humor e os sintomas psicóticos e história de mau ajustamento social pré-mórbido. A presença de aspectos psicóticostambém tem implicações significativas para o tratamento . Melancolia ainda é usada Com aspectos melancólicos em referência a uma depressão caracterizada por anedonia grave, despertar matinal precoce, perda de peso e sentimentos profundos de culpa (frequentemente por acontecimentos triviais). Não é incomum pacientes melancólicos terem ideação suicida. A melancolia está associada com alterações no SNA e nas funções endócrinas. Por essa razão, é algumas vezes referida como “depressão endógena” ou que se origina na ausência de estressores ou precipitantes externos da vida. . introdução de uma depressão Com aspectos atípicos formalmente definida com aspectos atípicos é uma resposta aos dados clínicos e de pesquisa que indicam que pacientes com aspectos atípicos têm características específicas, previsíveis: excesso de apetite e de sono. Esses sintomas, por vezes, têm sido referidos como sintomas vegetativos reversos, e seu padrão tem sido chamado, às vezes, de disforia histeroide A depressão atípica pode mascarar sintomas maníacos Como um sintoma, a Com aspectos catatônicos. catatonia pode estar presente em vários transtornos mentais, com mais frequência na esquizofrenia e nos transtornos do humor Sintomas característicos de catatonia: estupor, afeto embotado, reclusão extrema, negativismo e retardo psicomotor acentuado. Podem ser observados tanto na esquizofrenia catatônica como na não catatônica, no transtorno depressivo maior (frequentemente com manifestações psicóticas) e em doenças clínicas e neurológicas. Com inicio no período pós-parto. Início dos sintomas ocorrer no período de 4 semanas após o parto. . Pacientes com transtorno bipolar I Ciclagem rápida com ciclagem rápida tendem a ser mulheres e a ter vivenciado episódios depressivos e hipomaníacos. Os critérios do DSM-5 especificam que o paciente precisa ter pelo menos quatro episódios dentro de um período de 12 meses. . Pacientes com um padrão sazonal de Padrão Sazonal seus transtornos do humor tendem a vivenciar episódios depressivos durante uma determinada estação, mais comumente o inverno Tipos não incluídos no DSM-5 O continuum endógeno-reativo é uma divisão controversa. Implica que as depressões endógenas sejam biológicas e que as reativas sejam psicológicas, principalmente com base na presença ou ausência de um estresse precipitante identificável. Outros sintomas de depressão endógena foram descritos como variação diurna, delírios, retardo psicomotor, despertar matinal precoce e sentimentos de culpa; portanto, a depressão endógena é similar ao diagnóstico do DSM-5 de transtorno depressivo maior com aspectos psicóticos, melancólicos ou ambos As depressões primárias são ao que o DSM-5 se refere como transtornos do humor A depressão dupla é a condição na qual um transtorno depressivo maior se superpõe a uma distimia Exame do estado Mental O retardo psicomotor generalizado é o sintoma mais comum de depressão, ainda que também seja observada agitação psicomotora, sobretudo em pacientes mais velhos. **Torcer as mãos e arrancar cabelossão os sintomas mais observados da agitação. De forma clássica, o indivíduo deprimido tem uma postura encurvada, sem movimentos espontâneos e com o olhar desviado para baixo, sem encarar Humor, Afeto e Sentimentos Módulo de Psiquiatria Tutoria 1 4 Módulo de Psiquiatria | Medicina UNIT A depressão é o sintoma-chave, embora cerca de 50% dos pacientes neguem sentimentos depressivos e não pareçam estar particularmente deprimidos. Fala Muitos pacientes deprimidos evidenciam uma redução da taxa e do volume da fala; demoram a responder a perguntas e o fazem de forma monossilábica. O examinador pode literalmente ter de esperar 2 ou 3 minutos para obter a resposta a uma pergunta. Disturbios de percepção Indivíduos deprimidos com delírios ou alucinações são referidos com um episódio depressivo maior com manifestações psicóticas. Delírios congruentes com o humor em uma pessoa deprimida incluem os de culpa, pecado, inutilidade, pobreza, fracasso, perseguição e doenças somáticas terminais (tais como câncer ou “apodrecimento” do cérebro). Pensamento Pacientes deprimidos costumam ter visões negativas do mundo e de si próprios. O conteúdo de seus pensamentos muitas vezes inclui ruminações não delirantes sobre perda, culpa, suicídio e morte Sensório e cognição A maioria dos pacientes deprimidos está Orientação. orientada em relação a pessoa, lugar e tempo, embora alguns possam não ter energia ou interesse suficientes para responder a perguntas sobre es ses assuntos durante a entrevista. Memória. Cerca de 50 a 75% de todos os pacientes deprimidos têm um comprometimento cognitivo, algumas vezes referido como pseudodemência depressiva. Esses pacientes comumente se queixam de dificuldade de concentração e de esquecimento Controle de Impulsos Em torno de 10 a 15% de todos os indivíduos deprimidos cometem suicídio, e cerca de dois terços têm ideação suicida Pessoas com transtornos depressivos têm aumento do risco de suicídio à medida que começam a melhorar e a readquirir a energia necessária para planejar e executar um suicídio (suicídio paradoxal) Julgamento e insight O julgamento do paciente é mais bem avaliado revisando suas ações no passado recente e seu comportamento durante a entrevista. As descrições dos pacientes deprimidos a respeito de seu transtorno são muitas vezes hiperbólicas; eles enfatizam demais seus sintomas, seu transtorno e seus problemas de vida Confiabilidade Em entrevistas e conversas, os pacientes deprimidos dão grande ênfase ao ruim e minimizam o bom Escalas de avaliação da depressão . A Escala de Autoavaliação da Depressão de Zung Zung é um relato de 20 itens. A pontuação normal é de 34 ou menos; a pontuação deprimido é de 50 ou mais. A escala fornece um índice global da intensidade dos sintomas depressivos do paciente, incluindo a ex pressão afetiva da depressão. . A Escala de Depressão de Raskin é avaliada Raskin pelo médico, que mede a gravidade da depressão, conforme o que ele observa e o paciente relata, em uma escala de 5 pontos de três dimensões: relato verbal, comportamento exibido e sintomas secundários. A escala tem uma variação de 3 a 13; a pontuação normal é 3, e a pontuação deprimido é 7 ou mais. . A Escala de Avaliação da Depressão de Hamilton Hamilton (HAM-D) é amplamente utilizada com até 24 itens, sendo cada um classificado de 0 a 4 ou de 0 a 2, com a pontuação total de 0 a 76. O médico avalia as respostas do paciente a perguntas sobre sentimentos de culpa, pensamentos de suicídio, hábitos de sono e outros sintomas de depressão, e as pontuações são derivadas da entrevista clínica. Diagnóstico Diferencial : hiper e hipotireoidismo, diabetes Endocrinopatias mellitus, hiper e hipoadrenalismo, hiper e hipoparatireoidismo e hipopituitarismo; : IAM, ICC e Doenças cardiovasculares miocardiopatias; Módulo de Psiquiatria Tutoria 1 5 Módulo de Psiquiatria | Medicina UNIT : LES, artrite reumatoide, Doenças autoimunes poliarterite nodosa e sarcoidose; : HIV, encefalite, sífilis, pneumonias; Infecções : sistema nervoso central, pâncreas, pulmão, Neoplasias gastrointestinal e renal; : doença de Parkinson, Doenças neurológicas demências, hidrocefalia de pressão normal Medicamentos que podem causar depressão Características clínicas **Os dois padrões básicos de sintomas nos transtornos do humor são depressão e mania Episódios depressivos podem ocorrer no transtorno depressivo maior assim como no transtorno bipolar I. Pesquisadores têm tentado encontrar diferenças confiáveis entre episódios depressivos do transtorno bipolar I e episódios de transtorno depressivo maior, mas as diferenças são ilusórias Episódios Depressivos O humor deprimido e perda deinteresses ou prazer são os sintomas fundamentais da depressão. Os indivíduos podem dizer que se sentem tristes, desesperançados, na “fossa” ou inúteis Com frequência, os pacientes descrevem os sintomas de depressão como uma dor emocional angustiante e, às vezes, se queixam de serem incapazes de chorar, um sintoma que se resolve quando melhoram. Cerca de dois terços de todos os pacientes deprimidos cogitam o suicídio, e 10 a 15% cometem-no. Aqueles recentemente hospitalizados por uma tentativa ou ideação suicida têm um risco mais alto durante a vida de suicídio bem-sucedido do que aqueles que nunca foram hospitalizados pela mesma razão. Quase todos os deprimidos (97%) se queixam de redução da energia, têm dificuldade de terminar tarefas, têm mau desempenho na escola e no trabalho e menos motivação para desenvolver novos projetos. Cerca de 80% se queixam de dificuldades para dormir, especialmente de despertar matinal precoce (i.e., insônia terminal), e de despertares múltiplos ao longo da noite, durante os quais ruminam sobre seus problemas. Muitos têm diminuição do apetite e perda de peso, mas outros experimentam aumento do apetite e de peso e dormem por mais tempo do que o habitual. **Esses pacientes são classificados com aspectos atípicos. A ansiedade é um sintoma comum da depressão e afeta até 90% de todas as pessoas deprimidas. Outros sintomas vegetativos incluem anormalidade na menstruação e diminuição do interesse e do desempenho nas atividades sexuais Cerca de 50% de todos os pacientes descrevem uma variação diurna de seus sintomas, com aumento de gravidade pela manhã e diminuição dos sintomas à noite Fobia escolar e Depressão em crianças e adolescentes. apego excessivo aos pais podem ser sintomas de depressão em crianças. Mau desempenho escolar, abuso de drogas, comportamento antissocial, promiscuidade sexual, ociosidade e fuga de casa podem ser sintomas de depressão em adolescentes . A depressão é mais comum em Depressão em idosos pessoas mais velhas do que na população em geral. Episódios Maníacos Descritos na parte de transtorno bipolar Tratamento O tratamento deve integrar a farmacoterapia com a intervenção psicoterápica. Os antidepressivos produzem, em geral, uma melhora de 60 a 70% dos sintomas depressivos em um mês. Em termos de eficácia, parece não haver diferença significativa entre as várias drogas disponíveis. No entanto, alguns critérios orientam o tratamento antidepressivo: Se existe uma história familiar ou história anterior de resposta positiva a determinada droga, esta deve ser tentada em primeiro lugar Se não houver história prévia, deve-se utilizar como primeira escolha um Inibidor Seletivo da Recaptação da Serotonina (ISRS) e monitorar por 2-3 semanas. A resposta geralmente aparece dentro de quatro semanas Módulo de Psiquiatria Tutoria 1 6 Módulo de Psiquiatria | Medicina UNIT Os efeitos colaterais são a principal variável relacionada à não adesão dos pacientes, portanto deve-se estar atento ao perfil de efeitos indesejáveis Disfunção sexual (diminuição da libido e anorgasmia e efeitos gastrointestinais, como náuseas e vômitos, são efeitos colaterais frequentemente observados com o uso de ISRS Os principais efeitos colaterais dos tricíclicos são efeitos anticolinérgicos: tontura, sedação, boca seca, visão turva, constipação intestinal e esforço para urinar. Outros efeitos incluem ganho de peso, hipotensão ortostática e alterações na condução cardíaca ** Nos pacientes com risco de suicídio, o uso de tricíclicos deve ser evitado, em função do potencial de intoxicação fatal quando há ingestão excessiva. Nos pacientes com risco de suicídio, o uso de tricíclicos deve ser evitado, em função do potencial de intoxicação fatal quando há ingestão excessiva Após quatro semanas, se o antidepressivo não tiver o efeito desejado, uma mudança de classe de antidepressivo e/ou potencialização da terapia podem ser experimentados L-triiodotironina (T3), carbonato de lítio e l- triptofano podem ser utilizados para potencializar o efeito antidepressivo Nos casos de depressão em idosos, a mirtazapina pode ser uma boa escolha devido ao padrão reduzido de efeitos colaterais. Também possui ação sedativa ** Os inibidores da monoaminooxidase são classicamente indicados para o tratamento de depressão atípica. No entanto, o risco de crise hipertensiva (reação do queijo) quando associado a alimentos que contenham tiramina (queijo, leite, cerveja, vinhos etc.), o aparecimento de antidepressivos com melhor perfil de efeitos colaterais e a contraindicação absoluta de utilização de diversas drogas (ISRS, alfa-metildopa, meperidina, simpaticomiméticos, entre outros) durante o tratamento com IMAO, têm contribuído para seu uso cada vez mais incomum O tratamento de manutenção com antidepressivos por pelo menos seis meses auxilia na prevenção de recaídas. O tratamento em longo prazo pode ser indicado em pacientes com transtorno depressivo recorrente, podendo ser feita associação com carbonato de lítio A retirada do antidepressivo deve ser gradual, ao longo de uma a duas semanas ** Eletroconvulsoterapia (ECT) fica reservada aos casos de transtorno depressivo grave com sintomas psicóticos e refratário ao uso de antidepressivos Como escolher o antidepressivo? Escrito na folha Transtorno Bipolar Pacientes com episódios tanto maníacos quanto depressivos ou somente com episódios maníacos são considerados com transtorno bipolar. Um episódio maníaco é um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável que dura pelo menos uma semana, ou menos se o paciente tiver de ser hospitalizado. Um episódio hipomaníaco dura pelo menos quatro dias e é semelhante a um episódio maníaco, exceto por não ser grave o suficiente para causar comprometimento no funcionamento social ou ocupacional e por aspectos psicóticos não estarem presentes Tanto a mania como a hipomania estão associadas com autoestima inflada, necessidade de sono diminuída, distratibilidade, grande atividade física e mental e envolvimento excessivo em comportamento prazeroso O transtorno bipolar I é definido como tendo um curso clínico de um ou mais episódios maníacos e, às vezes, episódios depressivos maiores. Um episódio misto é um período de pelo menos uma semana no qual tanto um episódio maníaco quanto um episódio depressivo maior ocorrem quase diariamente. Uma variante de Módulo de Psiquiatria Tutoria 1 7 Módulo de Psiquiatria | Medicina UNIT transtorno bipolar caracterizada por episódios de depressão maior e hipomania, em vez de mania, é conhecida como transtorno bipolar II. **(DSM-5) O transtorno bipolar tipo II, que requer um ou mais episódios depressivos maiores e pelo menos um episódio hipomaníaco durante o curso da vida, não é mais considerado uma condição “mais leve” que o transtorno bipolar tipo I, em grande parte em razão da quantidade de tempo que pessoas com essa condição passam em depressão e pelo fato de a instabilidade do humor vivenciada ser tipicamente acompanhada de prejuízo grave no funcionamento profissional e social. Epidemiologia O transtorno bipolar I tem uma prevalência igual entre homens e mulheres Episódios maníacos são mais comuns em homens, e episódios depressivos são mais comuns em mulheres. Quando episódios maníacos ocorrem em mulheres, elas têm mais probabilidade do que os homens de apresentar um quadro misto (mania e depressão). As mulheres também têm uma taxa mais alta de ciclagem rápida, definida como quatro ou mais episódios maníacos no período de um ano. A idade de início do transtorno bipolar I é mais precoce do que a do depressivo maior, variando da infância (a partir dos 5 ou 6 anos) aos 50 anos O transtornobipolar I é mais comum em pessoas divorciadas e solteiras Uma incidência mais alta de transtorno bipolar I é encontrada entre os grupos socioeconômicos mais altos Fatores de Risco . Transtorno bipolar é mais comum em Ambientais países com pessoas com renda elevada do que com renda mais baixa (1,4 vs. 0,7%). Pessoas separadas, divorciadas ou viúvas têm taxas mais altas de transtorno bipolar tipo I do que aquelas casadas ou que nunca casaram, mas o sentido em que a associação se modifica não é clara. . História familiar de Genéticos e fisiológicos transtorno bipolar é um dos fatores de risco mais fortes e mais consistentes para transtornos dessa categoria. Há, em média, risco 10 vezes maior entre parentes adultos de indivíduos com transtornos bipolar tipo I e tipo II . Depois que uma pessoa teve Modificadores do curso um episódio maníaco com caracteresticas psicóticas, há maior probabilidade de os episódios maníacos subsequentes incluírem características psicóticas Características Clínicas Síndromes depressivas Descrito na parte de depressão Síndrome Maníaca Um estado de humor elevado, expansivo ou irritável é a característica de um episódio maníaco. De forma alternativa, o humor pode ser irritável, em especial quando os planos excessivamente ambiciosos do paciente são contrariados. Os pacientes muitas vezes exibem uma mudança do humor predominante, de euforia no início do curso da doença para uma posterior irritabilidade O tratamento de indivíduos maníacos em uma unidade hospitalar pode ser complicado por sua tentativa de testar os limites das regras da unidade, sua tendência a transferir a responsabilidade por seus atos para os outros, sua exploração das fraquezas dos outros e sua tendência a criar conflitos entre membros da equipe. Fora do hospital, pacientes maníacos tendem a consumir álcool em excesso, talvez em uma tentativa de automedicação. Sua natureza desinibida reflete-se no uso excessivo do telefone, sobretudo ao fazer chamadas de longa distância durante as primeiras horas da manhã. A euforia, ou alegria patológica, constitui o aspecto principal da síndrome maníaca. Além disso, é fundamental, e quase sempre presente, a aceleração de todas as funções psíquicas (taquipsiquismo). De modo geral, podem-se observar os seguintes sinais e sintomas: Aumento da autoestima: o paciente sente-se superior, melhor, mais potente; Intensa satisfação pessoal e bem-estar exa gerado; Módulo de Psiquiatria Tutoria 1 8 Módulo de Psiquiatria | Medicina UNIT Elação, isto é, sentimento de expansão e engrandecimento do eu; Sintomas vegetativos: aumento da libido, perda de peso, anorexia e insônia, geralmente associada à sensação de diminuição da necessidade de sono; Logorreia: produção verbal rápida, fluente e persistente Pressão para falar: necessidade de falar inin terruptamente; Distraibilidade: a atenção voluntária está reduzida e a espontânea apresenta-se aumentada; Irritabilidade e arrogância; Agitação psicomotora e heteroagressividade; Desinibição social e sexual, levando o paciente a comportamentos inadequados; Hipersensualidade e promiscuidade Tendencia exagerada a gastos excessivos, descontrole dos impulsos Delirios de grandeza Durante a entrevista psiquiátrica, observamos aparência extravagante, com roupas coloridas, excessiva maquiagem, acessórios bizarros, desatenção quanto à aparência pessoal. O paciente pode demonstrar impaciência, autoconfiança e atitude sedutora. O afeto é instável e o humor eufórico, exaltado ou irritável. Pode haver alterações de humor abruptas (labilidade afetiva). O conteúdo do pensamento é egocêntrico, grandioso, com autoestima altamente elevada. . É a forma mais intensa da Episódio Maníaco Grave mania, com taquipsiquismo acentuado, agitação psicomotora importante, heteroagressividade, fuga de ideias e delírios de grandeza. . Predomina a Episódio maníaco irritado ou disfórico irritabilidade, o mau humor, a hostilidade em relação às pessoas, podendo ocorrer heteroagressividade e destruição de objetos. . Há sintomas maníacos e sintomas Episódio misto depressivos ao mesmo tempo ou alternando-se rapidamente. . Assim como no episódio depressivo, Estupor maníaco estão presentes características catatônicas, tais como atividade motora extrema, aparentemente sem propósito, maneirismos, ecolalia ou ecopraxia, negativismo. . É uma forma atenuada de episódio Hipomania maníaco que muitas vezes passa despercebida e não recebe atenção médica Diagnóstico **Diagnóstico DSM-5 impresso Transtorno bipolar I Os critérios do DSM-5 para transtorno bipolar I requerem a presença de um período distinto de humor anormal de pelo menos uma semana e incluem diagnósticos separados de transtorno bipolar I para um episódio maníaco único e para um episódio recorrente A designação transtorno bipolar I é sinônimo do que antes era conhecido como transtorno bipolar – uma síndrome em que um conjunto completo de sintomas de mania ocorre durante o curso do transtorno. Os critérios diagnósticos para transtorno bipolar II são caracterizados por episódios depressivos e hipomaníacos durante o curso do transtorno, mas os episódios de sintomas maníaco-símiles não satisfazem por completo os critérios diagnósticos para uma síndrome maníaca completa. . os Transtorno bipolar I, episódio maníaco único pacientes devem estar vivenciando seu primeiro episódio maníaco para satisfazer os critérios diagnósticos para transtorno bipolar I, episódio maníaco único. Esse requisito baseia-se no fato de que pacientes que estão tendo seu primeiro episódio de depressão do transtorno bipolar I não podem ser distinguidos daqueles afetados por transtorno depressivo maior. . Os episódios Transtorno bipolar I, recorrente maníacos são considerados distintos quando são separados por pelo menos dois meses sem sintomas significativos de mania ou hipomania Transtorno Bipolar II Os critérios diagnósticos para transtorno bipolar II especificam a gravidade, a frequência e a duração dos sintomas hipomaníacos Módulo de Psiquiatria Tutoria 1 9 Módulo de Psiquiatria | Medicina UNIT As características clínicas de transtorno bipolar II são as do transtorno . Ainda que os dados sejam limitados, alguns estudos indicam que o transtorno bipolar II está associado com mais problemas conjugais e com uma idade de início mais precoce do que o bipolar I.depressivo maior combinadas com as de um episódio hipomaníaco Resumindo!! Transtorno bipolar tipo I: episódios depressivos leves a graves, intercalados com fases de normalidade e fases maníacas bem caracterizadas. Transtorno bipolar tipo II: episódios depressivos leves a graves, intercalados com períodos de normalidade e seguidos de fases hipomaníacas. O paciente não apresenta episódios maníacos. Transtorno bipolar de ciclagem rápida: episódios maníacos e depressivos alternados, separados por intervalos de 48-72 horas. Exame do estado Mental Os pacientes maníacos são excitados, tagarelas, às vezes divertidos e, frequentemente, hiperativos. Às vezes, estão francamente psicóticos e desorganizados, necessitando de comtenção física e injeção intramuscular de sedativos Humor, Afeto e sentimentos Indivíduos maníacos classicamente são eufóricos, mas também podem ser irritáveis, em especial quando a mania esteve presente por algum tempo. Também têm baixa tolerância à frustração, que pode levar a sentimentos de raiva e hostilidade. Eles podem apresentar labilidade emocional, mudando do riso para irritabilidade e para depressão em minutos ou horas. Fala Indivíduos maníacos não podem ser interrompidos enquanto estão falando e costumam ser intrusivos e desagradáveis para com as pessoas a seu redor. Sua fala é frequentemente confusa. À medidaque a mania fica mais intensa, a fala se torna mais alta, mais rápida e difícil de interpretar. Quando o estado de ativação aumenta, a fala é repleta de trocadilhos, piadas, rimas, jogos de palavras e irrelevâncias. Distúrbios perceptuais Delírios ocorrem em 75% de todos os pacientes maníacos. Os delírios congruentes com o humor são frequentemente relacionados com grande riqueza, capacidades extraordinárias ou poder. Pensamento O conteúdo do pensamento de pacientes maníacos inclui temas de autoconfiança e autoengrandecimento. Esses indivíduos distraem-se com facilidade, e o desempenho cognitivo no estado maníaco caracteriza- se por um fluxo de ideias incontido e acelerado Sensório e Cognição De modo genérico, a orientação e a memória estão intactas, ainda que alguns pacientes maníacos possam ser tão eufóricos a ponto de responder incorretamente a perguntas para testar a orientação. Controle dos impulsos Cerca de 75% de todos os pacientes maníacos são agressivos ou ameaçadore Julgamento e insight O comprometimento do julgamento é característica de indivíduos maníacos. Eles podem violar leis sobre cartões de crédito, atividades sexuais e finanças e, por vezes, envolvem suas famílias na ruína financeira. Também têm pouco entendimento de sua doença. Confiabilidade Os indivíduos maníacos são notoriamente não confiáveis em suas informações Diagnóstico Diferencial : hipertireoidismo; Endocrinopatias : encefalite, influenza e sífilis Infecções : epilepsia, trauma cerebral, Doenças neurológicas esclerose múltipla, AVC e doença de Wilson; : gliomas, meningiomas e metástases Neoplasias talâmicas; : anemia, hemodiálise e deficiência de (B12), Outros cocaína, alucinógenos; Módulo de Psiquiatria Tutoria 1 10 Módulo de Psiquiatria | Medicina UNIT : álcool, alprazolam, Inibidores da Medicamentos Monoaminoxidase (IMAO), antidepressivos tricíclicos, anfetaminas, bromocriptina, captopril, corticoides, isoniazida, levodopa, metoclopramida, simpaticomiméticos, hormônios da tireoide. Tratamento O tratamento de escolha para transtorno bipolar baseia- se no uso de agentes estabilizadores de humor, principalmente, carbonato de lítio, ácido valproico e carbamazepina. Nos casos resistentes, pode ser feita associação entre os estabilizadores do humor. A olanzapina tem sido considerada eficaz no controle da mania aguda e como estabilizador do humor Nos casos de mania aguda, o tratamento geralmente inclui a utilização de drogas sedativas, como clonazepam e antipsicóticos. O tratamento de manutenção está geralmente indicado na profilaxia do transtorno bipolar Carbonato de lítio O uso de lítio ainda permanece como primeira linha no tratamento e profilaxia do transtorno bipolar. No entanto, o risco de intoxicação, assim como o perfil de efeitos adversos, tem limitado seu uso, fazendo com que outras drogas, como o valproato, sejam cada vez mais utilizadas Considerando a estreita faixa terapêutica e as variações nas taxas de excreção de lítio, recomenda-se a monitoração periódica de seus níveis séricos, de maneira mais frequente no início do tratamento A dosagem deve ser feita sempre doze horas após a última ingestão do comprimido de lítio. Em geral, dosam-se os níveis séricos de cinco a sete dias após o início, e, posteriormente, o controle é feito a cada 3-6 meses. **Os níveis recomendados para o tratamento situam- se entre 0,6 e 1,2 mEq/L, procurando manter o paciente com as menores doses necessárias para a profilaxia. Em geral, inicia-se com 300 mg/dia, aumentando-se gradativamente as doses até que os níveis séricos desejados sejam alcançados Os efeitos colaterais mais comuns são: sede e poliúria, alterações de memória, tremores, ganho de peso, sonolência, náuseas e diarreia **O desenvolvimento de um hipotiroidismo clinicamente significativo ocorre em até 5% dos pacientes, enquanto elevações do TSH chegam a 30%. As intoxicações por lítio costumam ocorrer com dosagens séricas acima de 1,5 mEq/L e podem ser precipitadas por desidratação, dietas hipossódicas, ingestão excessiva de lítio, alterações na excreção renal ou interação com outros medicamentos que aumentam seus níveis séricos (anti-inflamatórios não esteroides, diuréticos tiazídicos etc.) Quadro de intoxicação por lítio: caracterizado por náuseas e vômitos, diarreia persistente, sonolência, tremores grosseiros, fasciculações, hiper-reflexia, diplopia, fala pastosa, disartria, arritmias, ataxia e crises convulsivas Anticonvulsivantes O valproato, ou ácido valproico, tem sido am plamente utilizado para o tratamento de transtorno bipolar. Os efeitos colaterais incluem sedação, náuseas, vômitos, diarreia, elevação benigna das transaminases e tremores. Também pode ocorrer leucopenia assintomática e plaquetopenia. Apresenta larga janela terapêutica e, portanto, risco diminuído de intoxicação. O tratamento com valproato deve ser iniciado com doses baixas (250 mg/dia), com aumentos graduais até atingir a concentração sérica de 50 a 100 mcg/ml (não se excedendo a dose de 60 mg/kg por dia). **É necessário controle dos níveis séricos, do hemograma e das enzimas hepáticas a cada 3-6 meses. A carbamazepina, da mesma maneira que o valproato, parece ter ação estabilizadora do humor. Em geral, preconizam-se níveis séricos entre 4 e 12 mcg/ml. Como a carbamazepina induz aumento de seu próprio metabolismo, suas doses devem ser reajustadas depois de algum tempo para que sua dosagem sérica seja mantida. Entre os efeitos colaterais da carbamazepina estão: diplopia, visão borrada, fadiga, vertigem, distúrbios gastrointestinais, leucopenia leve e trombocitopenia leve e elevação das enzimas hepáticas Módulo de Psiquiatria Tutoria 1 11 Módulo de Psiquiatria | Medicina UNIT As doses devem ser iniciadas com 100 a 200 mg/ dia e aumentadas gradualmente e divididas em três a quatro tomadas diárias. **Inicialmente, hemograma e função hepática a cada duas semanas, espaçando-se depois o controle para cada três meses. Antipsicóticos Neurolépticos têm sido utilizados no tratamento da mania aguda devido à rapidez da ação e controle da agitação psicomotora. Contudo, seu uso no tratamento de manutenção tem sido evitado por causa dos efeitos colaterais (parkinsonismo, acatisia), além do fato de poder desencadear ou agravar quadros depressivos Outros Agentes Bloqueadores dos canais de cálcio, clonidina e levotiroxina podem ser usados em casos resistentes a outras drogas. O clonazepam é mais frequentemente usado como coadjuvante, nos casos de agitação e insônia. Semiologia Psiquiátrica Características do entrevistador, como suas crenças, valores, sensibilidade, estado emocional no momento da entrevista e outras, podem interferir nos fenômenos observados. A forma como uma pergunta é formulada, o tom de voz utilizado, um olhar, um gesto, poderão orientar a resposta do paciente Variáveis do paciente, também interferem na obtenção dos dados, por exemplo, sua motivação em relação ao exame Existem diferentes tipos de entrevistas que, de uma maneira bastante ampla, poderiam ser agrupadas em: abertas, estruturadas e semi-estruturadas. Na entrevista aberta, o entrevistador não segue um roteiro rígido e pré-determinado, permitindo que o entrevistado fale o mais livremente possível. Este tipo de entrevista permitiria um acesso mais fácil ao material inconsciente. Nas entrevistas estruturadas, a forma pela qual se obtém as informações, a seqüência das perguntas e os registros dos resultados são pré-determinados. A principal vantagem desse tipo de entrevista é aumentar a confiabilidade do diagnóstico psiquiátrico, facilitando a concordância entre diferentes profissionais. As entrevistas semi-estruturadas, tem um nível de estruturação maior ou menor, dependendo daentrevista, mas permitem sempre uma certa flexibilidade na seqüência e/ou forma de formular as perguntas. Estas entrevistas, em geral, mantém níveis elevados de confiabilidade A avaliação psiquiátrica começa antes mesmo do início da entrevista, com a observação da expressão facial do paciente, seus trajes, movimentos, maneira de se apresentar Módulo de Psiquiatria Tutoria 1 12 Módulo de Psiquiatria | Medicina UNIT O início da entrevista deve ser pouco diretiva, permitindo a livre expressão do paciente, com interferência mínima do entrevistador e apenas com o objetivo de esclarecer pontos obscuros do relato. Antes de finalizar a entrevista, o entrevistador deve abrir um espaço para comentários adicionais do paciente, esclarecer suas dúvidas e, em seguida, formular sua impressão até aquele momento História Clínica Psiquiátrica A Anamnese psiquiátrica objetiva fornecer elementos para formulação diagnóstica, incluindo a descrição detalhada dos sintomas e a identificação dos fatores predisponentes, precipitantes e perpetuantes da doença. Consiste, ainda, em uma caracterização da personalidade, incluindo aspectos relativos ao desenvolvimento, aos potenciais e fraquezas Nome, sexo, idade, estado civil, grupo Identificação. étnico, procedência, religião, profissão Queixa principal - origem e motivo do enca É importante observar quem minhamento. encaminhou, de quem foi a iniciativa de buscar ajuda e com que objetivo . Neste tópico, deve-se História da Moléstia Atual avaliar como a doença começou, se existiram fatores precipitantes, como evoluiu, qual a gravidade e o impacto da doença sobre a vida da pessoa. É importante considerar a descrição detalhada dos sintomas, a freqüência, duração e flutuações dos mesmos. Ainda, deve-se observar a seqüência cronológica dos sintomas e eventos relacionados desde as primeiras manifestações até a situação atual. Antecedentes - História Médica e Psiquiátrica. Descrever, em ordem cronológica, as doenças, cirurgias e internações hospitalares. Observar o estado atual de saúde, as mudanças recentes de peso, de sono, hábitos intestinais e problemas menstruais. Colher informações sobre medicamentos em uso e, habitualmente, consumidos verificando dosagem e quem prescreveu. Verificar abuso de medicamentos, de drogas e álcool. Quanto aos antecedentes psiquiátricos levantar informações sobre os tratamentos prévios, especificando há quanto tempo ocorreram, o tipo e a duração dos mesmos. Verificar a utilização prévia de psicofármacos, especificando tipo e dosagem História pré-Antecedentes - História Pessoal. natal/nascimento, Infância e desenvolvimento, adolencência Colher informações Antecedentes - História Familiar. sobre os pais e irmãos. Características de personalidade, problemas de saúde, com destaque aos relacionados com à saúde mental. Observar história de adoção, de suicídio e de violação da lei ou dos padrões sociais. Caso os pais ou irmãos sejam falecidos, especificar a causa da morte e a idade na ocasião. O ambiente familiar: o nível de interação, os padrões de relacionamento dos pais entre si, com os filhos e destes entre si, constitui-se numa informação importante. . Deve englobar os Personalidade pré-mórbida seguintes aspectos: as preocupações excessivas com ordem, limpeza, pontualidade, o estado de humor habitual, a capacidade de expressar os sentimentos, a maneira como se expressa habitualmente, o nível de desconfiança e competitividade, a capacidade para executar planos e projetos e a maneira como reage quando se sente pressionado Exame físico Exame do estado mental Continuação impressa... ZUARDI AW & LOUREIRO SR. Semiologia psiquiátrica. Medicina, Ribeirão Preto, 29: 44-53, jan./mar. 1996.
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