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Esquizofrenia: Sinais, Sintomas e Epidemiologia

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Módulo de Psiquiatria 
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Carolina Lucchesi | Medicina UNIT 
 
Esquizofrenia 
Embora seja discutida como se fosse uma única 
doença, a esquizofrenia engloba um grupo de 
transtornos com etiologias heterogêneas e inclui 
pacientes com apresentações clínicas, resposta ao 
tratamento e cursos da doença variáveis. Os sinais e 
sintomas variam e incluem alterações na percepção, na 
emoção, na cognição, no pensamento e no 
comportamento. 
O transtorno costuma começar antes dos 25 anos, 
persiste durante toda a vida e afeta pessoas de todas as 
classes sociais. Tanto os pacientes como suas famílias 
muitas vezes sofrem de cuidados deficientes e 
ostracismo social devido a ignorância sobre o 
transtorno. A esquizofrenia é um dos mais comuns dos 
transtornos mentais graves, mas sua natureza essencial 
ainda não foi esclarecida 
Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais 
(DSM-5), o espectro da esquizofrenia 
 Os primeiros médicos gregos já Breve História.
descreviam delírios de grandeza, paranoia e 
deterioração nas funções cognitivas e na 
personalidade. Entretanto, apenas no século XIX a 
esquizofrenia surgiu como uma condição médica 
merecedora de estudo e tratamento 
Kraepelin traduziu a démence précoce de Morel para 
dementia precox, um termo que enfatizava a alteração 
na cognição (dementia) e o início precoce (precox) do 
transtorno. Os pacientes afetados apresentavam um 
curso deteriorante de longo prazo e sintomas clínicos 
como alucinações e delírios 
Bleuler cunhou o termo esquizofrenia, que substituiu 
dementia precox na literatura. O termo foi escolhido 
para expressar a presença de cisões (schisms) entre 
pensamento, emoção e comportamento. Os quatro As: 
associação, afeto, autismo e ambivalência 
Epidemiologia 
Nos Estados Unidos, a prevalência de esquizofrenia ao 
longo da vida é de cerca de 1%, ou seja, em torno de 
uma pessoa em cada 100 irá desenvolver o transtorno 
durante sua vida. 
Nos Estados Unidos, cerca de 0,05% da população 
total é tratada para esquizofrenia a cada ano, e apenas 
metade dos pacientes com o transtorno obtém 
tratamento, apesar de sua gravidade 
. A esquizofrenia é igualmente Gênero e idade
prevalente em homens e mulheres 
O início é mais precoce entre homens. Mais da metade 
dos pacientes com esquizofrenia do sexo masculino, e 
apenas um terço dos pacientes do sexo feminino, têm 
sua primeira internação em hospital psiquiátrico antes 
dos 25 anos de idade. 
As idades de pico do início são entre 10 e 25 anos para 
os homens e entre 25 e 35 anos para as mulheres. 
Diferentemente deles, as mulheres exibem distribuição 
etária bimodal, com um segundo pico ocorrendo na 
meia-idade. Cerca de 3 a 10% das mulheres 
apresentam início da doença após os 40 anos 
**O início da esquizofrenia antes dos 10 anos ou após 
os 60 anos é extremamente raro 
**Quando o início ocorre após os 45 anos, o 
transtorno é caracterizado como esquizofrenia de 
início tardio. 
. Parentes biológicos em primeiro Fatores reprodutivos
grau têm um risco 10 vezes maior de desenvolver a 
doença do que a população em geral. 
Pessoas com esquizofrenia têm taxa Doenças clínicas. 
de mortalidade mais alta em decorrência de acidentes e 
de causas naturais do que a população em geral. 
Diversos estudos demonstraram que até 80% de todos 
os pacientes com a condição têm doenças clínicas 
concomitantes significativas e que até 50% destas 
podem não ser diagnosticadas 
 Pessoas que Infecções e estação de nascimento.
desenvolvem esquizofrenia têm mais probabilidade de 
ter nascido no inverno e no início da primavera. No 
hemisfério norte, incluindo os Estados Unidos, as 
pessoas afetadas nascem com mais frequência nos 
meses de janeiro a abril, enquanto, no hemisfério sul, a 
maior frequência se dá nos meses de julho a setembro 
Outra hipótese é a de que pessoas com predisposição 
genética para esquizofrenia têm menos vantagem 
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biológica de sobreviver a adversidades específicas da 
estação. 
Dados epidemiológicos mostram uma alta incidência 
de esquizofrenia após exposição pré-natal a influenza 
durante várias epidemias da doença 
 Abuso de substância é comum Abuso de substâncias.
na esquizofrenia. A prevalência ao longo da vida de 
abuso de qualquer droga (que não o tabaco) é, muitas 
vezes, superior a 50%. Pessoas com esquizofrenia têm 
uma prevalência mais alta de abuso de drogas de rua 
comuns 
 Até 90% dos pacientes com esquizofrenia Nicotina.
podem ser dependentes de nicotina. A administração 
de nicotina parece melhorar alguns comprometimentos 
cognitivos e o parkinsonismo na esquizofrenia, 
possivelmente devido à ativação dependente de 
nicotina de neurônios de dopamina nicotino-
dependentes. Estudos recentes também demonstraram 
que a nicotina pode diminuir sintomas positivos, como 
alucinações, em pacientes com esquizofrenia por seu 
efeito sobre os receptores de nicotina no cérebro que 
reduzem a percepção de estímulos externos, sobretudo 
ruídos 
 a incidência de esquizofrenia Densidade Populacional.
em filhos de um ou dois genitores com o transtorno é 
duas vezes mais alta em cidades do que em 
comunidades rurais. Tais observações sugerem que 
estressores sociais do contexto urbano afetem o 
desenvolvimento da doença em pessoas em risco. 
. Estima-se que o Fatores Socioeconômicos e culturais
custo financeiro da doença nos Estados Unidos seja 
superior ao de todos os tipos de câncer combinados 
Mesmo com a medicação antipsicótica, no entanto, a 
probabilidade de uma nova internação no período de 
dois anos após a alta da primeira internação é de cerca 
de 40 a 60%. Pacientes com esquizofrenia ocupam 
cerca de 50% de todos os leitos de hospitais 
psiquiátricos e representam 16% de toda a população 
psiquiátrica que recebe algum tipo de tratamento 
Etiologia 
Fatores Genéticos 
Existe uma contribuição genética a algumas, talvez 
todas, formas deesquizofrenia, e uma alta proporção da 
variação na suscetibilidade ao transtorno se deve a 
efeitos genéticos cumulativos 
**A probabilidade de uma pessoa ter esquizofrenia 
está correlacionada com a proximidade da relação 
com um parente afetado 
No caso de gêmeos monozigóticos que têm carga 
genética idênticas, há uma taxa de concordância para 
esquizofrenia de aproximadamente 50%. 
O papel dos fatores genéticos é refletido, ainda, na 
queda na ocorrência de esquizofrenia entre parentes de 
segundo e terceiro graus, nos quais uma hipótese 
poderia ser uma diminuição na carga genética 
**Estudos genéticos de ligação e associação 
forneceram fortes evidências para nove sítios de 
ligação: 1q, 5q, 6p, 6q, 8p, 10p, 13q, 15q e 22q. 
Fatores Bioquímicos 
A formulação da hipótese dopamínica postula que a 
esquizofrenia resulte de uma atividade dopaminérgica 
exacerbada. Esta teoria baseiase no fato de que a ação 
da maioria dos antipsicóticos está relacionada a sua 
função antagonista nos receptores dopaminérgicos do 
tipo 2 (D2). O aumento da atividade dopaminérgica 
causada notadamente por algumas drogas (cocaína e 
anfetamina) e seu consequente efeito de piora ou 
aparecimento de sintomas psicóticos também contribui 
para esta hipótese. Sabe-se ainda que os tratos 
dopaminérgicos mesocorticais e mesolímbicos do SNC 
têm um papel significativo na fisiopatologia da 
esquizofrenia. Assim, podemos dizer que, apesar de 
não estar completamente esclarecida, a ação 
dopaminérgica mostra-se importante nas manifestações 
sintomáticas da esquizofrenia. Apesar disso, outros 
neurotransmissores têm sido estudados, e estudos 
indicam que haja uma interação de sistemas múltiplos 
de neurotransmissores na regulação dos sinais e 
sintomas da esquizofrenia, principalmente o sistema 
serotoninérgico 
Alterações neuropatológicas e neuroquímicas, 
principalmente no sistema límbico e nos gânglios da 
base, têmsido pesquisadas quanto à sua possível 
implicação no desenvolvimento da esquizofrenia. 
Estudos com neuroimagem e eletrofisiologia também 
têm sido utilizados 
 
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Diagnóstico 
A presença de alucinações ou delírios não é necessária 
para um diagnóstico de esquizofrenia; o transtorno é 
diagnosticado como esquizofrenia quando o paciente 
exibe dois dos sintomas listados em 1 a 5 do Critério A 
O Critério B requer que o funcionamento 
comprometido, embora não as deteriorações, esteja 
presente durante a fase ativa da doença. Os sintomas 
devem persistir por pelo menos seis meses, e não deve 
haver um diagnóstico de transtorno esquizoafetivo ou 
transtorno do humor 
**Diagnóstico DSM-5 impresso a parte 
Subtipos 
Cinco subtipos de esquizofrenia foram descritos com 
base predominantemente na apresentação clínica: 
paranoide, desorganizado, catatônico, indiferenciado e 
residual. O DSM-5 não usa mais esses subtipos, mas 
eles são listados no CID-10 
Tipo paranoide 
O tipo paranoide da esquizofrenia caracteriza-se pela 
preocupação com um ou mais delírios ou alucinações 
auditivas frequentes. Classicamente, esse tipo é 
marcado sobretudo pela presença de delírios de 
perseguição ou grandeza 
Esses pacientes costumam ter seu primeiro episódio da 
doença em idade mais avançada do que aqueles com os 
tipos catatônico ou desorganizado. 
Pacientes nos quais a esquizofrenia ocorre no fim da 
segunda ou terceira décadas de vida em geral já 
estabeleceram uma vida social que pode ajudá-los a 
enfrentar a doença. Além disso, demonstram menos 
regressão de suas faculdades mentais, de respostas 
emocionais e de comportamento do que em outros 
tipos do transtorno 
Indivíduos com esquizofrenia paranoide tendem a ser 
tensos, desconfiados, cautelosos, reservados e, às 
vezes, hostis ou agressivos, mas também 
ocasionalmente capazes de se comportar de forma 
adequada em algumas situações sociais. Sua 
inteligência nas áreas 
Tipo desorganizado 
O tipo desorganizado da esquizofrenia é caracterizado 
por regressão acentuada para um comportamento pri 
mitivo, desinibido e desordenado e pela ausência de 
sintomas que satisfaçam os critérios para o tipo 
catatônico. 
O início desse subtipo costuma ser precoce, ocorrendo 
antes dos 25 anos de idade. Os pacientes 
desorganizados em geral são ativos, mas de uma forma 
não construtiva, sem objetivo. 
Seu transtorno do pensamento é pronunciado, e o 
contato com a realidade é pobre. Sua aparência pessoal 
é desleixada, e o comportamento social e as respostas 
emocionais são inadequados, com frequência 
explodindo em risos sem nenhuma razão aparente. 
Sorrisos e caretas incongruentes também são comuns 
nesses pacientes, cujo comportamento pode ser mais 
bem descrito como tolo ou insensato que não são 
invadidas pela psicose tende a permanecer intacta. 
Tipo Catatônico 
Sua característica clássica é um distúrbio acentuado da 
função motora, que pode envolver estupor, 
negativismo, rigidez, excitação ou posturas bizarras. 
Por vezes, o paciente exibe alternância rápida entre 
extremos de excitação e estupor. 
As características associadas incluem estereotipias, 
maneirismos e flexibilidade cérea. O mutismo é 
particularmente comum. 
Durante a excitação catatônica, os pacientes 
necessitam de supervisão constante para impedir que 
machuquem a si mesmos ou outras pessoas. Pode ser 
necessário atendimento médico devido a desnutrição, 
exaustão, hiperpirexia ou autolesões 
Tipo indiferenciado 
Com frequência, pacientes que claramente têm 
esquizofrenia não podem ser enquadrados em um 
subtipo com tanta facilidade. Eles são classificados 
com esquizofrenia do tipo indiferenciado 
Tipo residual 
O tipo residual da esquizofrenia caracteriza-se por 
evidências contínuas do transtorno na ausência de um 
conjunto completo de sintomas ativos ou de sintomas 
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suficientes para satis fazer o diagnóstico de outro tipo 
de esquizofrenia. 
Embotamento emocional, retraimento social, 
comportamento excêntrico, pensa mento ilógico e 
frouxidão leve das associações são comuns nesse tipo. 
Quando ocorrem, delírios ou alucinações não são 
proeminentes nem acompanhados de reações afetivas 
significativas 
Características Clínicas 
Nenhum sinal ou sintoma clínico é patognomônico 
para esquizofrenia; todos os sinais ou sintomas vistos 
nessa doença ocorrem em outros transtornos 
psiquiátricos e neurológicos. Portanto, a história do 
paciente é essencial para o diagnóstico do transtorno. 
Segundo, os sintomas do paciente mudam ao longo do 
tempo. Terceiro, os médicos devem levar em conta o 
nível de escolaridade do paciente, sua capacidade 
intelectual e sua identidade cultural e subcultural 
Sinais e sintomas pré-mórbidos 
Nas formulações teóricas sobre o curso da 
esquizofrenia, sinais e sintomas pré-mórbidos 
aparecem antes da fase prodrômica da doença. 
Na história pré-mórbida típica, porém não invariável, 
da esquizofrenia, os pacientes tinham personalidade 
esquizoide ou esquizotípica, caracterizados como 
quietos, passivos e introvertidos; na infância, tinham 
poucos amigos. 
Adolescentes pré-esquizofrênicos podem não ter 
amigos próximos, nem interesses românticos, e 
também evitar esportes de equipe. Muitas vezes, 
preferem assistir a filmes ou televisão, escutar música 
ou jogar games de computador a participar de 
atividades sociais 
Os sinais podem ter iniciado com queixas de sintomas 
somáticos, tais como dores de cabeça, dores nas costas, 
dores musculares, fraqueza e problemas digestivos, e o 
diagnóstico inicial pode ser simulação, síndrome da 
fadiga crônica ou transtorno de somatização. 
A família e os amigos podem, por fim, perceber que a 
pessoa mudou e não está mais funcionando bem em 
atividades ocupacionais, sociais e pessoais 
Outros sinais e sintomas prodrômicos incluem 
comportamento acentuadamente excêntrico, afeto 
anormal, discurso incomum, ideias bizarras e 
experiências perceptuais estranhas. 
Exame do estado mental 
A aparência de um paciente com esquizofrenia pode 
variar de uma pessoa completamente desleixada, aos 
gritos e agitada até alguém obsessivamente arrumado, 
silencioso e imóvel. Entre esses dois polos, os 
pacientes podem ser falantes ou exibir posturas 
bizarras. Seu comportamento pode se tornar agitado ou 
violento sem motivo aparente, mas isso costuma 
ocorrer em resposta a alucinações. 
**catatonia, eles parecem não dar sinal de vida e 
podem exibir indícios como mutismo, negativismo e 
obediência automática 
Pessoas com esquizofrenia muitas vezes são 
desleixadas, não tomam banho e se vestem com roupas 
quentes demais para as temperaturas do momento. 
Outros comportamentos estranhos incluem tiques, 
estereotipias, maneirismos e, em alguns casos, 
ecopraxia, na qual imitam a postura ou os 
comportamentos do examinador 
Humor, Sentimento e Afeto 
Dois sintomas afetivos comuns na esquizofrenia são a 
responsividade emocional reduzida, às vezes grave o 
bastante para justificar o rótulo de anedonia, e 
emoções exageradamente ativas e impróprias, tais 
como extremos de raiva, felicidade e ansiedade. 
Pacientes emotivos em excesso podem descrever 
sentimentos exultantes de onipotência, êxtase 
religioso, terror devido à desintegração de suas almas 
ou ansiedade paralisante em relação à destruição do 
universo 
 Qualquer um dos cinco sentidos pode ser Alucinações.
afetado por experiências alucinatórias no caso de 
indivíduos com esquizofrenia. As alucinações mais 
comuns, entretanto, são as auditivas, com vozes muitas 
vezes ameaçadoras, obscenas, acusatórias ou 
ofensivas. Alucinações visuais são comuns 
**Alucinações cenestésicas. São sensações infundadas 
de estados alterados em órgãos do corpo. Os exemplos 
incluem sensação dequeimação no cérebro, sensação 
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de pressão nos vasos sanguíneos e sensação cortante 
na medula óssea. Distorções corporais também podem 
ocorrer. 
 As ilusões são distorções de imagens ou Ilusões.
sensações reais, enquanto as alucinações não se 
baseiam na realidade. Ilusões podem ocorrer em 
pacientes com esquizofrenia durante as fases ativas, 
mas também ao longo das fases prodrômicas e dos 
períodos de remissão 
Os transtornos do conteúdo Conteúdo do pensamento. 
do pensamento refletem as ideias, crenças e 
interpretações de estímulos do paciente. Os delírios, o 
exemplo mais óbvio de transtorno do conteúdo do 
pensamento, são variados na esquizofrenia e podem 
assumir formas persecutórias, grandiosas, religiosas ou 
somáticas. 
Os pacientes podem acreditar que uma entidade 
externa controla seus pensamentos ou 
comportamentos, ou, de maneira inversa, que eles 
controlam eventos externos de forma extraordinária 
A expressão perda dos limites do ego descreve a 
ausência de noção clara de onde terminam o corpo, a 
mente e a influência do indivíduo e onde começam os 
limites de outros elementos animados e inanimados 
. Os transtornos da forma do Forma do Pensamento
pensamento são observáveis de modo objetivo na 
linguagem falada e escrita dos pacientes e incluem 
frouxidão de associações, descarrilamento, 
incoerência, tangencialidade, circunstancialidade, 
neologismos, ecolalia, verbigeração, salada de palavras 
e mutismo. Embora a frouxidão de associações 
costume ser descrita como patognomônica para a 
esquizofrenia, o sintoma também é observado com 
frequência na mania. 
. Os transtornos no processo Processo de Pensamento
de pensamento dizem respeito ao modo como as ideias 
e a linguagem são formuladas. O examinador infere 
um transtorno a partir do que e de como o paciente 
fala, escreve ou desenha e também pode avaliar seu 
processo de pensamento observando seu 
comportamento, especialmente ao realizar tarefas 
simples 
Os transtornos do processo de pensamento incluem 
fuga de ideias, bloqueio do pensamento, 
comprometimento da atenção, pobreza de conteúdo do 
pensamento, baixa capacidade de abstração, 
perseveração, associações idiossincrásicas 
Violência. VIOLÊNCIA. O comportamento violento 
(excluindo o homicídio) é comum entre indivíduos 
com esquizofrenia não tratados. Delírios de natureza 
persecutória, episódios anteriores de violência e 
déficits neurológicos são fatores de risco para o 
comportamento violento ou impulsivo. O tratamento 
inclui medicamentos antipsicóticos apropriados, e o 
tratamento de emergência consiste em contenção e 
isolamento. A sedação aguda com lorazepam, 1 a 2 mg 
por via intramuscular, repetida a cada hora conforme o 
necessário, pode ser essencial para impedir que o 
paciente ataque outras pessoas. 
Suicídio. O suicídio é a principal causa de morte 
prematura entre pessoas com esquizofrenia. Tentativas 
de suicídio são cometidas por 20 a 50% dos pacientes, 
com taxas de longo prazo de suicídio estimadas em 10 
a 13%. Com frequência, o suicídio na esquizofrenia 
parece ocorrer “do nada”, sem avisos prévios ou 
expressões verbais de intenção. O fator mais 
importante é a presença de um episódio depressivo 
maior. 
Estudos epidemiológicos indicam que até 80% de 
pacientes com esquizofrenia podem ter um episódio 
depressivo maior em algum momento de suas vidas 
Tratamento 
Hospitalização 
A hospitalização é indicada para fins de diagnóstico; 
estabilização da medicação; segurança do paciente 
devido a ideação suicida ou homicida; e 
comportamento flagrantemente desorganizado ou 
inadequado, incluindo a incapacidade de cuidar das 
necessidades básicas, como alimentação, vestuário e 
abrigo 
Hospitalizações curtas de 4 a 6 semanas são tão 
eficazes quanto as longas, e o ambiente hospitalar com 
abordagens comportamentais ativas produz melhores 
resultados do que as instituições de custódia. Os planos 
de tratamento hospitalar devem ser orientados para 
questões práticas de cuidados pessoais, qualidade de 
vida, emprego e relações sociais 
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Durante a hospitalização, deve-se orientar e articular 
contatos entre o paciente e as pessoas ou instituições 
que serão responsáveis pelos cuidados após a alta, 
incluindo a família, pensões protegidas e casas de 
passagem 
Farmacoterapia 
Os antipsicóticos diminuem a expressão do sintoma 
psicótico e reduzem as taxas de recaída. 
Aproximadamente 70% de pacientes tratados com 
qualquer antipsicótico alcançam a remissão 
Os antipsicóticos podem ser classificados em dois 
grupos principais: os convencionais, mais antigos, que 
também são chamados de antipsicóticos de primeira 
geração, ou antagonistas do receptor de dopamina, 
e os mais recentes, que têm sido chamados de 
antipsicóticos de segunda geração, ou antagonistas 
de serotonina e dopamina (ASDs). 
 
O tratamento durante a Tratamento da psicose aguda. 
fase aguda concentra-se em aliviar os sintomas 
psicóticos mais graves. Essa fase em geral dura de 4 a 
8 semanas. A esquizofrenia aguda normalmente está 
associada com agitação grave 
Os antipsicóticos e os benzodiazepínicos podem 
acalmar os pacientes com bastante rapidez. Com 
aqueles muito agitados, a administração intramuscular 
de antipsicóticos produz um efeito mais rápido. Uma 
vantagem dos antipsicóticos é que uma única injeção 
intramuscular de haloperidol, flufenazina, 
olanzapina ou ziprasidona, muitas vezes, resultará 
em efeito calmante sem sedação excessiva. 
Os antipsicóticos de baixa potência estão com 
frequência associados com sedação e hipotensão 
postural, particularmente quando são administrados 
por via intramuscular. Ziprasidona e olanzapina 
intramusculares são semelhantes a seus equivalentes 
orais em não causar efeitos colaterais extrapiramidais 
substanciais durante o tratamento agudo 
Os benzodiazepínicos também são eficazes para 
agitação durante a psicose aguda. O lorazepam tem a 
vantagem de uma absorção confiável quando 
administrado por via oral ou intramuscular. O uso de 
benzodiazepínicos também pode reduzir a quantidade 
de antipsicótico necessária para controlar pacientes 
psicóticos 
Tratamento durante a fase de estabilização e 
. Os objetivos durante essa fase são manutenção
prevenir recaída psicótica e ajudar os pacientes a 
melhorar seu nível de funcionamento. Pacientes 
estáveis que são mantidos com um antipsicótico têm 
uma taxa de recaída muito mais baixa do que aqueles 
que têm seus medicamentos descontinuados 
Interromper a medicação aumenta esse risco cinco 
vezes. Embora as diretrizes publicadas não façam 
recomendações definitivas sobre a duração do 
tratamento de manutenção após o primeiro episódio, 
dados recentes sugerem que 1 ou 2 anos poderia não 
ser adequado 
**Em geral, é recomendado que pacientes com 
episódios múltiplos recebam tratamento de 
manutenção por pelo menos cinco anos, e muitos 
especialistas recomendam a farmacoterapia por tempo 
indeterminado. 
 Antes de Pacientes resistentes ao tratamento.
considerar um paciente resistente a determinada droga, 
é importante assegurar-se de que ele tenha recebido 
uma tentativa adequada do medicamento. Uma 
tentativa de 4 a 6 semanas em uma dose adequada de 
um antipsicótico é considerada apropriada para a 
maioria das pessoas. Pacientes que demonstram 
mesmo uma leve melhora durante esse período podem 
continuar a melhorar a uma taxa constante por 3 a 6 
meses 
Se o paciente estiver respondendo mal, pode-se 
aumentar a dose acima do nível terapêutico habitual; 
entretanto, dosagens mais altas em geral não estão 
associadas com melhor resposta do que doses 
convencionais. Mudar para outro medicamento é 
preferível a titular para uma dose alta 
**A clozapina é eficaz para pacientes que respondemmal aos ARDs. 
Tratamento dos efeitos colaterais 
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Embora uma resposta clínica possa demorar dias ou 
semanas para ocorrer após o início do medicamento, os 
efeitos colaterais iniciam-se quase imediatamente. Para 
medicamentos de baixa potência, é provável que esses 
efeitos colaterais incluam sedação, hipotensão postural 
e efeitos anticolinérgicos, enquanto os de alta potência 
tendem a causar efeitos colaterais extrapiramidais. 
 Os médicos tem Efeitos colaterais extrapiramidais.
inúmeras alternativas para tratar os efeitos colaterais 
extrapiramidaes. Estas incluem reduzir a dose do 
antipsicótico (que é mais comumente um ARD), 
adicionar um medicamento antiparkinsoniano, e mudar 
o paciente para um ASD, que tem menos probabilidade 
de causar esses efeitos. Os medicamentos 
antiparkinsonianos mais eficazes são os 
anticolinérgicos. Entretanto, estes têm seus próprios 
efeitos colaterais, incluindo boca seca, constipação, 
visão turva e, com frequência, perda de memória 
Os-bloqueadores de ação central, como o propranolol, 
também costumam ser eficazes para tratar acatisia 
(dificuldade de ficar sentado). 
. Aproximadamente 20 a 30% dos Discinesia Tardia
pacientes em tratamento de longo prazo com um ARD 
convencional exibirão sintomas de discinesia 
(distúrbio na atividade motora) tardia 
Embora discinesia gravemente incapacitante seja 
incomum, quando ocorre ela pode afetar a capacidade 
de caminhar, respirar, alimentar-se e falar 
O início dos movimentos anormais em geral ocorre ou 
enquanto o paciente está recebendo um antipsicótico, 
ou no período de quatro semanas após a 
descontinuação de um antipsicótico oral, ou oito 
semanas após a retirada de um antipsicótico de 
depósito. Há um risco ligeiramente mais baixo desse 
problema com agentes da nova geração. Entretanto, o 
risco não é ausente com os ASDs. 
As recomendações para prevenir e tratar discinesia 
tardia incluem (1) usar a dose efetiva mais baixa de 
antipsicótico; (2) prescrever com cautela para crianças, 
idosos e indivíduos com transtornos do humor; (3) 
examinar os pacientes regularmente para evidência 
desse efeito colateral; (4) considerar alternativas ao 
antipsicótico que está sendo utilizado e considerar 
redução da dosagem quando a condição for 
diagnosticada; e (5) considerar uma série de opções se 
ela piorar, incluindo a descontinuação do antipsicótico 
ou mudança para um agente diferente. 
Terapias psicossociais 
As terapias psicossociais incluem uma variedade de 
métodos para aumentar as habilidades sociais, a 
autossuficiência, as habilidades práticas e a 
comunicação interpessoal em pacientes com 
esquizofrenia. 
O objetivo é capacitar indivíduos com doença grave a 
desenvolver habilidades sociais e vocacionais para 
uma vida independente. Esses tratamentos são 
realizados em muitos locais: hospitais, clínicas 
ambulatoriais, centros de saúde mental, hospitais-dia, 
lares ou clube

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