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Módulo de Psiquiatria Tutoria 4 1 Carolina Lucchesi | Medicina UNIT Esquizofrenia Embora seja discutida como se fosse uma única doença, a esquizofrenia engloba um grupo de transtornos com etiologias heterogêneas e inclui pacientes com apresentações clínicas, resposta ao tratamento e cursos da doença variáveis. Os sinais e sintomas variam e incluem alterações na percepção, na emoção, na cognição, no pensamento e no comportamento. O transtorno costuma começar antes dos 25 anos, persiste durante toda a vida e afeta pessoas de todas as classes sociais. Tanto os pacientes como suas famílias muitas vezes sofrem de cuidados deficientes e ostracismo social devido a ignorância sobre o transtorno. A esquizofrenia é um dos mais comuns dos transtornos mentais graves, mas sua natureza essencial ainda não foi esclarecida Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-5), o espectro da esquizofrenia Os primeiros médicos gregos já Breve História. descreviam delírios de grandeza, paranoia e deterioração nas funções cognitivas e na personalidade. Entretanto, apenas no século XIX a esquizofrenia surgiu como uma condição médica merecedora de estudo e tratamento Kraepelin traduziu a démence précoce de Morel para dementia precox, um termo que enfatizava a alteração na cognição (dementia) e o início precoce (precox) do transtorno. Os pacientes afetados apresentavam um curso deteriorante de longo prazo e sintomas clínicos como alucinações e delírios Bleuler cunhou o termo esquizofrenia, que substituiu dementia precox na literatura. O termo foi escolhido para expressar a presença de cisões (schisms) entre pensamento, emoção e comportamento. Os quatro As: associação, afeto, autismo e ambivalência Epidemiologia Nos Estados Unidos, a prevalência de esquizofrenia ao longo da vida é de cerca de 1%, ou seja, em torno de uma pessoa em cada 100 irá desenvolver o transtorno durante sua vida. Nos Estados Unidos, cerca de 0,05% da população total é tratada para esquizofrenia a cada ano, e apenas metade dos pacientes com o transtorno obtém tratamento, apesar de sua gravidade . A esquizofrenia é igualmente Gênero e idade prevalente em homens e mulheres O início é mais precoce entre homens. Mais da metade dos pacientes com esquizofrenia do sexo masculino, e apenas um terço dos pacientes do sexo feminino, têm sua primeira internação em hospital psiquiátrico antes dos 25 anos de idade. As idades de pico do início são entre 10 e 25 anos para os homens e entre 25 e 35 anos para as mulheres. Diferentemente deles, as mulheres exibem distribuição etária bimodal, com um segundo pico ocorrendo na meia-idade. Cerca de 3 a 10% das mulheres apresentam início da doença após os 40 anos **O início da esquizofrenia antes dos 10 anos ou após os 60 anos é extremamente raro **Quando o início ocorre após os 45 anos, o transtorno é caracterizado como esquizofrenia de início tardio. . Parentes biológicos em primeiro Fatores reprodutivos grau têm um risco 10 vezes maior de desenvolver a doença do que a população em geral. Pessoas com esquizofrenia têm taxa Doenças clínicas. de mortalidade mais alta em decorrência de acidentes e de causas naturais do que a população em geral. Diversos estudos demonstraram que até 80% de todos os pacientes com a condição têm doenças clínicas concomitantes significativas e que até 50% destas podem não ser diagnosticadas Pessoas que Infecções e estação de nascimento. desenvolvem esquizofrenia têm mais probabilidade de ter nascido no inverno e no início da primavera. No hemisfério norte, incluindo os Estados Unidos, as pessoas afetadas nascem com mais frequência nos meses de janeiro a abril, enquanto, no hemisfério sul, a maior frequência se dá nos meses de julho a setembro Outra hipótese é a de que pessoas com predisposição genética para esquizofrenia têm menos vantagem Módulo de Psiquiatria Tutoria 4 2 Carolina Lucchesi | Medicina UNIT biológica de sobreviver a adversidades específicas da estação. Dados epidemiológicos mostram uma alta incidência de esquizofrenia após exposição pré-natal a influenza durante várias epidemias da doença Abuso de substância é comum Abuso de substâncias. na esquizofrenia. A prevalência ao longo da vida de abuso de qualquer droga (que não o tabaco) é, muitas vezes, superior a 50%. Pessoas com esquizofrenia têm uma prevalência mais alta de abuso de drogas de rua comuns Até 90% dos pacientes com esquizofrenia Nicotina. podem ser dependentes de nicotina. A administração de nicotina parece melhorar alguns comprometimentos cognitivos e o parkinsonismo na esquizofrenia, possivelmente devido à ativação dependente de nicotina de neurônios de dopamina nicotino- dependentes. Estudos recentes também demonstraram que a nicotina pode diminuir sintomas positivos, como alucinações, em pacientes com esquizofrenia por seu efeito sobre os receptores de nicotina no cérebro que reduzem a percepção de estímulos externos, sobretudo ruídos a incidência de esquizofrenia Densidade Populacional. em filhos de um ou dois genitores com o transtorno é duas vezes mais alta em cidades do que em comunidades rurais. Tais observações sugerem que estressores sociais do contexto urbano afetem o desenvolvimento da doença em pessoas em risco. . Estima-se que o Fatores Socioeconômicos e culturais custo financeiro da doença nos Estados Unidos seja superior ao de todos os tipos de câncer combinados Mesmo com a medicação antipsicótica, no entanto, a probabilidade de uma nova internação no período de dois anos após a alta da primeira internação é de cerca de 40 a 60%. Pacientes com esquizofrenia ocupam cerca de 50% de todos os leitos de hospitais psiquiátricos e representam 16% de toda a população psiquiátrica que recebe algum tipo de tratamento Etiologia Fatores Genéticos Existe uma contribuição genética a algumas, talvez todas, formas deesquizofrenia, e uma alta proporção da variação na suscetibilidade ao transtorno se deve a efeitos genéticos cumulativos **A probabilidade de uma pessoa ter esquizofrenia está correlacionada com a proximidade da relação com um parente afetado No caso de gêmeos monozigóticos que têm carga genética idênticas, há uma taxa de concordância para esquizofrenia de aproximadamente 50%. O papel dos fatores genéticos é refletido, ainda, na queda na ocorrência de esquizofrenia entre parentes de segundo e terceiro graus, nos quais uma hipótese poderia ser uma diminuição na carga genética **Estudos genéticos de ligação e associação forneceram fortes evidências para nove sítios de ligação: 1q, 5q, 6p, 6q, 8p, 10p, 13q, 15q e 22q. Fatores Bioquímicos A formulação da hipótese dopamínica postula que a esquizofrenia resulte de uma atividade dopaminérgica exacerbada. Esta teoria baseiase no fato de que a ação da maioria dos antipsicóticos está relacionada a sua função antagonista nos receptores dopaminérgicos do tipo 2 (D2). O aumento da atividade dopaminérgica causada notadamente por algumas drogas (cocaína e anfetamina) e seu consequente efeito de piora ou aparecimento de sintomas psicóticos também contribui para esta hipótese. Sabe-se ainda que os tratos dopaminérgicos mesocorticais e mesolímbicos do SNC têm um papel significativo na fisiopatologia da esquizofrenia. Assim, podemos dizer que, apesar de não estar completamente esclarecida, a ação dopaminérgica mostra-se importante nas manifestações sintomáticas da esquizofrenia. Apesar disso, outros neurotransmissores têm sido estudados, e estudos indicam que haja uma interação de sistemas múltiplos de neurotransmissores na regulação dos sinais e sintomas da esquizofrenia, principalmente o sistema serotoninérgico Alterações neuropatológicas e neuroquímicas, principalmente no sistema límbico e nos gânglios da base, têmsido pesquisadas quanto à sua possível implicação no desenvolvimento da esquizofrenia. Estudos com neuroimagem e eletrofisiologia também têm sido utilizados Módulo de Psiquiatria Tutoria 4 3 Carolina Lucchesi | Medicina UNIT Diagnóstico A presença de alucinações ou delírios não é necessária para um diagnóstico de esquizofrenia; o transtorno é diagnosticado como esquizofrenia quando o paciente exibe dois dos sintomas listados em 1 a 5 do Critério A O Critério B requer que o funcionamento comprometido, embora não as deteriorações, esteja presente durante a fase ativa da doença. Os sintomas devem persistir por pelo menos seis meses, e não deve haver um diagnóstico de transtorno esquizoafetivo ou transtorno do humor **Diagnóstico DSM-5 impresso a parte Subtipos Cinco subtipos de esquizofrenia foram descritos com base predominantemente na apresentação clínica: paranoide, desorganizado, catatônico, indiferenciado e residual. O DSM-5 não usa mais esses subtipos, mas eles são listados no CID-10 Tipo paranoide O tipo paranoide da esquizofrenia caracteriza-se pela preocupação com um ou mais delírios ou alucinações auditivas frequentes. Classicamente, esse tipo é marcado sobretudo pela presença de delírios de perseguição ou grandeza Esses pacientes costumam ter seu primeiro episódio da doença em idade mais avançada do que aqueles com os tipos catatônico ou desorganizado. Pacientes nos quais a esquizofrenia ocorre no fim da segunda ou terceira décadas de vida em geral já estabeleceram uma vida social que pode ajudá-los a enfrentar a doença. Além disso, demonstram menos regressão de suas faculdades mentais, de respostas emocionais e de comportamento do que em outros tipos do transtorno Indivíduos com esquizofrenia paranoide tendem a ser tensos, desconfiados, cautelosos, reservados e, às vezes, hostis ou agressivos, mas também ocasionalmente capazes de se comportar de forma adequada em algumas situações sociais. Sua inteligência nas áreas Tipo desorganizado O tipo desorganizado da esquizofrenia é caracterizado por regressão acentuada para um comportamento pri mitivo, desinibido e desordenado e pela ausência de sintomas que satisfaçam os critérios para o tipo catatônico. O início desse subtipo costuma ser precoce, ocorrendo antes dos 25 anos de idade. Os pacientes desorganizados em geral são ativos, mas de uma forma não construtiva, sem objetivo. Seu transtorno do pensamento é pronunciado, e o contato com a realidade é pobre. Sua aparência pessoal é desleixada, e o comportamento social e as respostas emocionais são inadequados, com frequência explodindo em risos sem nenhuma razão aparente. Sorrisos e caretas incongruentes também são comuns nesses pacientes, cujo comportamento pode ser mais bem descrito como tolo ou insensato que não são invadidas pela psicose tende a permanecer intacta. Tipo Catatônico Sua característica clássica é um distúrbio acentuado da função motora, que pode envolver estupor, negativismo, rigidez, excitação ou posturas bizarras. Por vezes, o paciente exibe alternância rápida entre extremos de excitação e estupor. As características associadas incluem estereotipias, maneirismos e flexibilidade cérea. O mutismo é particularmente comum. Durante a excitação catatônica, os pacientes necessitam de supervisão constante para impedir que machuquem a si mesmos ou outras pessoas. Pode ser necessário atendimento médico devido a desnutrição, exaustão, hiperpirexia ou autolesões Tipo indiferenciado Com frequência, pacientes que claramente têm esquizofrenia não podem ser enquadrados em um subtipo com tanta facilidade. Eles são classificados com esquizofrenia do tipo indiferenciado Tipo residual O tipo residual da esquizofrenia caracteriza-se por evidências contínuas do transtorno na ausência de um conjunto completo de sintomas ativos ou de sintomas Módulo de Psiquiatria Tutoria 4 4 Carolina Lucchesi | Medicina UNIT suficientes para satis fazer o diagnóstico de outro tipo de esquizofrenia. Embotamento emocional, retraimento social, comportamento excêntrico, pensa mento ilógico e frouxidão leve das associações são comuns nesse tipo. Quando ocorrem, delírios ou alucinações não são proeminentes nem acompanhados de reações afetivas significativas Características Clínicas Nenhum sinal ou sintoma clínico é patognomônico para esquizofrenia; todos os sinais ou sintomas vistos nessa doença ocorrem em outros transtornos psiquiátricos e neurológicos. Portanto, a história do paciente é essencial para o diagnóstico do transtorno. Segundo, os sintomas do paciente mudam ao longo do tempo. Terceiro, os médicos devem levar em conta o nível de escolaridade do paciente, sua capacidade intelectual e sua identidade cultural e subcultural Sinais e sintomas pré-mórbidos Nas formulações teóricas sobre o curso da esquizofrenia, sinais e sintomas pré-mórbidos aparecem antes da fase prodrômica da doença. Na história pré-mórbida típica, porém não invariável, da esquizofrenia, os pacientes tinham personalidade esquizoide ou esquizotípica, caracterizados como quietos, passivos e introvertidos; na infância, tinham poucos amigos. Adolescentes pré-esquizofrênicos podem não ter amigos próximos, nem interesses românticos, e também evitar esportes de equipe. Muitas vezes, preferem assistir a filmes ou televisão, escutar música ou jogar games de computador a participar de atividades sociais Os sinais podem ter iniciado com queixas de sintomas somáticos, tais como dores de cabeça, dores nas costas, dores musculares, fraqueza e problemas digestivos, e o diagnóstico inicial pode ser simulação, síndrome da fadiga crônica ou transtorno de somatização. A família e os amigos podem, por fim, perceber que a pessoa mudou e não está mais funcionando bem em atividades ocupacionais, sociais e pessoais Outros sinais e sintomas prodrômicos incluem comportamento acentuadamente excêntrico, afeto anormal, discurso incomum, ideias bizarras e experiências perceptuais estranhas. Exame do estado mental A aparência de um paciente com esquizofrenia pode variar de uma pessoa completamente desleixada, aos gritos e agitada até alguém obsessivamente arrumado, silencioso e imóvel. Entre esses dois polos, os pacientes podem ser falantes ou exibir posturas bizarras. Seu comportamento pode se tornar agitado ou violento sem motivo aparente, mas isso costuma ocorrer em resposta a alucinações. **catatonia, eles parecem não dar sinal de vida e podem exibir indícios como mutismo, negativismo e obediência automática Pessoas com esquizofrenia muitas vezes são desleixadas, não tomam banho e se vestem com roupas quentes demais para as temperaturas do momento. Outros comportamentos estranhos incluem tiques, estereotipias, maneirismos e, em alguns casos, ecopraxia, na qual imitam a postura ou os comportamentos do examinador Humor, Sentimento e Afeto Dois sintomas afetivos comuns na esquizofrenia são a responsividade emocional reduzida, às vezes grave o bastante para justificar o rótulo de anedonia, e emoções exageradamente ativas e impróprias, tais como extremos de raiva, felicidade e ansiedade. Pacientes emotivos em excesso podem descrever sentimentos exultantes de onipotência, êxtase religioso, terror devido à desintegração de suas almas ou ansiedade paralisante em relação à destruição do universo Qualquer um dos cinco sentidos pode ser Alucinações. afetado por experiências alucinatórias no caso de indivíduos com esquizofrenia. As alucinações mais comuns, entretanto, são as auditivas, com vozes muitas vezes ameaçadoras, obscenas, acusatórias ou ofensivas. Alucinações visuais são comuns **Alucinações cenestésicas. São sensações infundadas de estados alterados em órgãos do corpo. Os exemplos incluem sensação dequeimação no cérebro, sensação Módulo de Psiquiatria Tutoria 4 5 Carolina Lucchesi | Medicina UNIT de pressão nos vasos sanguíneos e sensação cortante na medula óssea. Distorções corporais também podem ocorrer. As ilusões são distorções de imagens ou Ilusões. sensações reais, enquanto as alucinações não se baseiam na realidade. Ilusões podem ocorrer em pacientes com esquizofrenia durante as fases ativas, mas também ao longo das fases prodrômicas e dos períodos de remissão Os transtornos do conteúdo Conteúdo do pensamento. do pensamento refletem as ideias, crenças e interpretações de estímulos do paciente. Os delírios, o exemplo mais óbvio de transtorno do conteúdo do pensamento, são variados na esquizofrenia e podem assumir formas persecutórias, grandiosas, religiosas ou somáticas. Os pacientes podem acreditar que uma entidade externa controla seus pensamentos ou comportamentos, ou, de maneira inversa, que eles controlam eventos externos de forma extraordinária A expressão perda dos limites do ego descreve a ausência de noção clara de onde terminam o corpo, a mente e a influência do indivíduo e onde começam os limites de outros elementos animados e inanimados . Os transtornos da forma do Forma do Pensamento pensamento são observáveis de modo objetivo na linguagem falada e escrita dos pacientes e incluem frouxidão de associações, descarrilamento, incoerência, tangencialidade, circunstancialidade, neologismos, ecolalia, verbigeração, salada de palavras e mutismo. Embora a frouxidão de associações costume ser descrita como patognomônica para a esquizofrenia, o sintoma também é observado com frequência na mania. . Os transtornos no processo Processo de Pensamento de pensamento dizem respeito ao modo como as ideias e a linguagem são formuladas. O examinador infere um transtorno a partir do que e de como o paciente fala, escreve ou desenha e também pode avaliar seu processo de pensamento observando seu comportamento, especialmente ao realizar tarefas simples Os transtornos do processo de pensamento incluem fuga de ideias, bloqueio do pensamento, comprometimento da atenção, pobreza de conteúdo do pensamento, baixa capacidade de abstração, perseveração, associações idiossincrásicas Violência. VIOLÊNCIA. O comportamento violento (excluindo o homicídio) é comum entre indivíduos com esquizofrenia não tratados. Delírios de natureza persecutória, episódios anteriores de violência e déficits neurológicos são fatores de risco para o comportamento violento ou impulsivo. O tratamento inclui medicamentos antipsicóticos apropriados, e o tratamento de emergência consiste em contenção e isolamento. A sedação aguda com lorazepam, 1 a 2 mg por via intramuscular, repetida a cada hora conforme o necessário, pode ser essencial para impedir que o paciente ataque outras pessoas. Suicídio. O suicídio é a principal causa de morte prematura entre pessoas com esquizofrenia. Tentativas de suicídio são cometidas por 20 a 50% dos pacientes, com taxas de longo prazo de suicídio estimadas em 10 a 13%. Com frequência, o suicídio na esquizofrenia parece ocorrer “do nada”, sem avisos prévios ou expressões verbais de intenção. O fator mais importante é a presença de um episódio depressivo maior. Estudos epidemiológicos indicam que até 80% de pacientes com esquizofrenia podem ter um episódio depressivo maior em algum momento de suas vidas Tratamento Hospitalização A hospitalização é indicada para fins de diagnóstico; estabilização da medicação; segurança do paciente devido a ideação suicida ou homicida; e comportamento flagrantemente desorganizado ou inadequado, incluindo a incapacidade de cuidar das necessidades básicas, como alimentação, vestuário e abrigo Hospitalizações curtas de 4 a 6 semanas são tão eficazes quanto as longas, e o ambiente hospitalar com abordagens comportamentais ativas produz melhores resultados do que as instituições de custódia. Os planos de tratamento hospitalar devem ser orientados para questões práticas de cuidados pessoais, qualidade de vida, emprego e relações sociais Módulo de Psiquiatria Tutoria 4 6 Carolina Lucchesi | Medicina UNIT Durante a hospitalização, deve-se orientar e articular contatos entre o paciente e as pessoas ou instituições que serão responsáveis pelos cuidados após a alta, incluindo a família, pensões protegidas e casas de passagem Farmacoterapia Os antipsicóticos diminuem a expressão do sintoma psicótico e reduzem as taxas de recaída. Aproximadamente 70% de pacientes tratados com qualquer antipsicótico alcançam a remissão Os antipsicóticos podem ser classificados em dois grupos principais: os convencionais, mais antigos, que também são chamados de antipsicóticos de primeira geração, ou antagonistas do receptor de dopamina, e os mais recentes, que têm sido chamados de antipsicóticos de segunda geração, ou antagonistas de serotonina e dopamina (ASDs). O tratamento durante a Tratamento da psicose aguda. fase aguda concentra-se em aliviar os sintomas psicóticos mais graves. Essa fase em geral dura de 4 a 8 semanas. A esquizofrenia aguda normalmente está associada com agitação grave Os antipsicóticos e os benzodiazepínicos podem acalmar os pacientes com bastante rapidez. Com aqueles muito agitados, a administração intramuscular de antipsicóticos produz um efeito mais rápido. Uma vantagem dos antipsicóticos é que uma única injeção intramuscular de haloperidol, flufenazina, olanzapina ou ziprasidona, muitas vezes, resultará em efeito calmante sem sedação excessiva. Os antipsicóticos de baixa potência estão com frequência associados com sedação e hipotensão postural, particularmente quando são administrados por via intramuscular. Ziprasidona e olanzapina intramusculares são semelhantes a seus equivalentes orais em não causar efeitos colaterais extrapiramidais substanciais durante o tratamento agudo Os benzodiazepínicos também são eficazes para agitação durante a psicose aguda. O lorazepam tem a vantagem de uma absorção confiável quando administrado por via oral ou intramuscular. O uso de benzodiazepínicos também pode reduzir a quantidade de antipsicótico necessária para controlar pacientes psicóticos Tratamento durante a fase de estabilização e . Os objetivos durante essa fase são manutenção prevenir recaída psicótica e ajudar os pacientes a melhorar seu nível de funcionamento. Pacientes estáveis que são mantidos com um antipsicótico têm uma taxa de recaída muito mais baixa do que aqueles que têm seus medicamentos descontinuados Interromper a medicação aumenta esse risco cinco vezes. Embora as diretrizes publicadas não façam recomendações definitivas sobre a duração do tratamento de manutenção após o primeiro episódio, dados recentes sugerem que 1 ou 2 anos poderia não ser adequado **Em geral, é recomendado que pacientes com episódios múltiplos recebam tratamento de manutenção por pelo menos cinco anos, e muitos especialistas recomendam a farmacoterapia por tempo indeterminado. Antes de Pacientes resistentes ao tratamento. considerar um paciente resistente a determinada droga, é importante assegurar-se de que ele tenha recebido uma tentativa adequada do medicamento. Uma tentativa de 4 a 6 semanas em uma dose adequada de um antipsicótico é considerada apropriada para a maioria das pessoas. Pacientes que demonstram mesmo uma leve melhora durante esse período podem continuar a melhorar a uma taxa constante por 3 a 6 meses Se o paciente estiver respondendo mal, pode-se aumentar a dose acima do nível terapêutico habitual; entretanto, dosagens mais altas em geral não estão associadas com melhor resposta do que doses convencionais. Mudar para outro medicamento é preferível a titular para uma dose alta **A clozapina é eficaz para pacientes que respondemmal aos ARDs. Tratamento dos efeitos colaterais Módulo de Psiquiatria Tutoria 4 7 Carolina Lucchesi | Medicina UNIT Embora uma resposta clínica possa demorar dias ou semanas para ocorrer após o início do medicamento, os efeitos colaterais iniciam-se quase imediatamente. Para medicamentos de baixa potência, é provável que esses efeitos colaterais incluam sedação, hipotensão postural e efeitos anticolinérgicos, enquanto os de alta potência tendem a causar efeitos colaterais extrapiramidais. Os médicos tem Efeitos colaterais extrapiramidais. inúmeras alternativas para tratar os efeitos colaterais extrapiramidaes. Estas incluem reduzir a dose do antipsicótico (que é mais comumente um ARD), adicionar um medicamento antiparkinsoniano, e mudar o paciente para um ASD, que tem menos probabilidade de causar esses efeitos. Os medicamentos antiparkinsonianos mais eficazes são os anticolinérgicos. Entretanto, estes têm seus próprios efeitos colaterais, incluindo boca seca, constipação, visão turva e, com frequência, perda de memória Os-bloqueadores de ação central, como o propranolol, também costumam ser eficazes para tratar acatisia (dificuldade de ficar sentado). . Aproximadamente 20 a 30% dos Discinesia Tardia pacientes em tratamento de longo prazo com um ARD convencional exibirão sintomas de discinesia (distúrbio na atividade motora) tardia Embora discinesia gravemente incapacitante seja incomum, quando ocorre ela pode afetar a capacidade de caminhar, respirar, alimentar-se e falar O início dos movimentos anormais em geral ocorre ou enquanto o paciente está recebendo um antipsicótico, ou no período de quatro semanas após a descontinuação de um antipsicótico oral, ou oito semanas após a retirada de um antipsicótico de depósito. Há um risco ligeiramente mais baixo desse problema com agentes da nova geração. Entretanto, o risco não é ausente com os ASDs. As recomendações para prevenir e tratar discinesia tardia incluem (1) usar a dose efetiva mais baixa de antipsicótico; (2) prescrever com cautela para crianças, idosos e indivíduos com transtornos do humor; (3) examinar os pacientes regularmente para evidência desse efeito colateral; (4) considerar alternativas ao antipsicótico que está sendo utilizado e considerar redução da dosagem quando a condição for diagnosticada; e (5) considerar uma série de opções se ela piorar, incluindo a descontinuação do antipsicótico ou mudança para um agente diferente. Terapias psicossociais As terapias psicossociais incluem uma variedade de métodos para aumentar as habilidades sociais, a autossuficiência, as habilidades práticas e a comunicação interpessoal em pacientes com esquizofrenia. O objetivo é capacitar indivíduos com doença grave a desenvolver habilidades sociais e vocacionais para uma vida independente. Esses tratamentos são realizados em muitos locais: hospitais, clínicas ambulatoriais, centros de saúde mental, hospitais-dia, lares ou clube
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