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QUESTIONÁRIO I DIVERSIDADE ÉTNICO RACIAL DE GÊNERO

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QUESTIONÁRIO I – DIVERSIDADE ÉTNICO RACIAL DE GÊNERO
2
Os direitos humanos são comumente compreendidos como aqueles direitos inerentes ao ser humano. O conceito de Direitos Humanos reconhece que cada ser humano pode desfrutar de seus direitos humanos sem distinção de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outro tipo, origem social ou nacional ou condição de nascimento ou riqueza. Sobre os direitos humanos é incorreto afirmar que:
· Os direitos humanos são garantidos legalmente pela lei de direitos humanos, protegendo indivíduos e grupos contra ações que interferem nas liberdades fundamentais e na dignidade humana.
· Estão expressos em tratados, no direito internacional consuetudinário, conjuntos de princípios e outras modalidades do Direito.
· A legislação de direitos humanos obriga os Países a agir de uma determinada maneira e proíbe os Estados de se envolverem em atividades específicas. No entanto, a legislação estabelece os direitos humanos.
· Os direitos humanos são direitos inerentes a cada pessoa simplesmente por ela ser um humano.
2
São características mais importantes dos direitos humanos, exceto:
· Os direitos humanos são fundados sobre o respeito pela dignidade e o valor de cada pessoa;
· Os direitos humanos não são universais, o que quer dizer que são aplicados de desigual e com discriminação a todas as pessoas;
· Os direitos humanos são inalienáveis, e ninguém pode ser privado de seus direitos humanos; eles podem ser limitados em situações específicas. Por exemplo, o direito à liberdade pode ser restringido se uma pessoa é considerada culpada de um crime diante de um tribunal e com o devido processo legal;
· Os direitos humanos são indivisíveis, inter-relacionados e interdependentes, já que é insuficiente respeitar alguns direitos humanos e outros não. Na prática, a violação de um direito vai afetar o respeito por muitos outros;
2
A expressão formal dos direitos humanos inerentes se dá através das normas internacionais de direitos humanos. Uma série de tratados internacionais dos direitos humanos e outros instrumentos surgiram a partir de 1945, conferindo uma forma legal aos direitos humanos inerentes. Quanto as normas internacionais de direitos humanos, podemos afirmar, exceto:
· A criação das Nações Unidas viabilizou um fórum ideal para o desenvolvimento e a adoção dos instrumentos internacionais de direitos humanos.
· Muitas vezes, a linguagem utilizada pelos Estados vem dos instrumentos internacionais de direitos humanos.
· As normas nacionais de direitos humanos consistem, principalmente, de tratados e costumes, bem como declarações, diretrizes e princípios, entre outros.
· Uma série de tratados internacionais dos direitos humanos e outros instrumentos surgiram a partir de 1945, conferindo uma forma legal aos direitos humanos inerentes
2
Um tratado é um acordo entre os Estados, que se comprometem com regras específicas. Tratados internacionais têm diferentes designações, como pactos, cartas, protocolos, convenções e acordos. Sobre os tratados, dentro dos direitos humanos é incorreto:
· Um tratado é um acordo entre os Estados, que se comprometem com regras específicas. Tratados internacionais têm diferentes designações, como pactos, cartas, protocolos, convenções e acordos
· Um Estado pode fazer parte de um tratado através de uma retificação, adesão ou sucessão. A retificação é a expressão formal do consentimento de um Estado em se comprometer com uma declaração.
· Somente um Estado que tenha assinado o tratado anteriormente durante o período no qual o tratado esteve aberto a assinaturas pode ratificá-lo.
· Um Estado pode, ao ratificar um tratado, formular reservas a ele, indicando que, embora consinta em se comprometer com a maior parte das disposições, não concorda com se comprometer com certas disposições. No entanto, uma reserva não pode derrotar o objeto e o propósito do tratado.
2
“[…]É o termo usado para descrever uma prática geral e consistente seguida por Estados, decorrente de um sentimento de obrigação legal. Assim, por exemplo, enquanto a Declaração Universal dos Direitos Humanos não é, em si, um tratado vinculativo, algumas de suas disposições têm o caráter de direito internacional consuetudinário.” O fragmento caracteriza:
· Tratados
· Normas
· Resoluções
· Costume
Não há dúvidas de que os direitos humanos são dotados de indeclinável e inegável importância; eles são base de todos os ordenamentos jurídicos, requisito indispensável para se qualificar, verdadeiramente, um Estado como democrático. Quanto sua perspectiva histórica, é incorreto:
· Um dos tópicos mais relevantes para compreensão da Teoria é a leitura dos direitos dos homens partindo-se de diferentes perspectivas históricas. Dessa forma, almeja-se no presente artigo vislumbrar a historicidade dos direitos partindo-se de pontos não iguais, embora conectados.
· Tais perspectivas são: os marcos mais citados, os pensamentos mais significativos e os documentos mais relevantes.
· É importante sublinhar que se campeia em terrenos de suma imprescindibilidade dentro da supracitada Teoria de Cidadania cujo enfoque atende a uma das principais características dos direitos humanos, qual seja: a sua sociedade.
· Esta vem sempre acompanhada de tantas outras características citadas pela mais vasta doutrina (v.g.: universalidade, essencialidade, irrenunciabilidade, inalienabilidade, indisponibilidade, inesgotabilidade, inexauribilidade, imprescritibilidade, efetividade, inviolabilidade, complementaridade, limitabilidade, vedação ao retrocesso, indivisibilidade e inter-relacionaridade).
2
O Iluminismo (ou Era da Razão) configurou revolução intelectual que se efetivou no continente europeu, particularmente na França, durante o século XVIII. Sobre o Iluminismo podemos afirmar, exceto:
· Esse movimento representou o auge das transformações culturais iniciadas no século XIV pelo movimento renascentista, e colocou em destaque os valores da burguesia, favorecendo o aumento dessa camada social
· O Iluminismo procurava uma explicação por meio da emoção para todos os acontecimentos; rompendo, assim, com as formas de pensar que até o momento eram aceitas;
· Alguns princípios podem ser destacados como norteadores da sociedade à época, quais sejam: a busca da felicidade; a garantia dos direitos, da liberdade individual e da livre posse de bens pelo governo; a tolerância para a expressão de ideias; e a igualdade perante a lei;
· O Iluminismo procurava uma explicação por meio da razão para todos os acontecimentos; rompendo, assim, com as formas de pensar que até o momento eram aceitas
2
A Revolução Francesa, foi um movimento político e social que questionava os privilégios da nobreza e do clero, bem como o poder absoluto do monarca. Sobre a Revolução Francesa é incorreto:
· Por volta de 1790, a França enfrentava uma grave crise econômica, sendo que a maioria dos trabalhadores rurais pagava excessiva carga Fiscal.
· A indústria funcionava de forma muito artesanal e o comércio também enfrentava dificuldades. Dentre as principais vitórias dos revoltosos franceses, está a proclamação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, documento dos mais indispensáveis para a evolução concreta dos direitos humanos.
· A Declaração, inspirada em ideias iluministas, serviu de base para a construção de diversas Constituições de Estados Democráticos.
· A Revolução Francesa incentivou muitos outros movimentos revolucionários nas décadas seguintes, marcando a luta pelo fim dos privilégios sociais e pela promoção da dignidade humana
2
[…]Trata-se de um acordo entre reis e barões revoltados. Ela direciona-se à proteção dos direitos dos ingleses, originários da law of the land (lei da terra). Embora restrita aos ingleses, ela é o nascedouro dos direitos, tendo influenciado inúmeros outros documentos. Seu principal desiderato é a limitação do poder do rei. A judicialidade é um dos princípios do Estado de Direito. Prevê, v.g., direito de ir e vir, propriedade privada e graduação da pena do delito. O fragmento refere-se a:
· MagnaCarta
· Petition of Rights
· Habeas Corpus Act
· Bill of Rights
2
A origem do conceito de cidadania é grega. Foi em Atenas, aproximadamente no VIII século a. C., que surgiu no Mediterrâneo uma experiência singular: a ideia de Polis, espécie de cidade autônoma, independente e soberana que era governada, em última instância, por uma Assembleia de Cidadãos (politai). Quanto o conceito de cidadania e o advento dos estados modernos é incorreto:
· É verdade que essa Assembleia de Cidadãos não contava com a participação de todos, mas apenas dos homens livres e nascidos na própria Polis.
· Decorria que cidadão entre os gregos antigos era o homem livre, senhor de si e que tinha direito de participar da Assembleia de Cidadãos.
· Esse direito de participar da politai, era extensivo aos escravos, mulheres e crianças, e os homens livres que exerciam a prática do direito de decidir sobre os destinos políticos, culturais e econômicos da Polis.
· Roma tornou-se, sob vários aspectos, uma extensão do mundo grego antigo e, em decorrência da expansão do Império, introduziu entre os povos europeus (então denominados bárbaros) muitos de seus valores culturais, jurídicos e econômicos.
· QUESTIONÁRIO II – DIVERSIDADE ÉTNICO RACIAL DE GÊNERO
O cenário dos espaços escolares tem sofrido grandes alterações desde os fins do século XVIII, quando começaram a surgir, por toda a Europa, pequenas escolas para retirar da rua crianças filhas das classes trabalhadoras que eram obrigadas a abandonar os filhos enquanto trabalhavam. No que se refere ao currículo e interculturalidade é incorreto:
· A escola, que tinha sido criada apenas para elites, foi, lentamente, alargando a sua base de recrutamento a clientelas sociais diversas que a foram transformando numa escola de massas e de contato entre grupos de diferentes culturas.
· Sofrendo o efeito da progressiva multiculturalidade da sociedade, a escola passou a confrontar-se com uma realidade desajustada dos currículos transversais e biculturais que a caracterizavam.
· Enquanto, nos anos 1980, a ênfase era colocada na igualdade de oportunidades individuais e na justificação da necessidade de uma reforma que se constituísse como um meio de combate ao insucesso escolar e de melhoria dos índices de desempenho dos alunos, nos anos 1990, reconhece-se a responsabilidade que tem, nesse sucesso ou insucesso, a organização do sistema escolar
· Muitos dos debates do passado — que olhavam a educação face à diferença, centrando-a nas questões individuais e, algumas vezes, analisando a apenas numa perspectiva meramente psicológica — passaram a dar lugar a outros que sustentam a importância do grupo e do contexto cultural
2
A origem da atenção da educação escolar ao multiculturalismo tem as suas raízes nos ideais de democracia instalados entre nós nos anos 1970. No fato de ser visível, numa escola que passou a ser de massas, a presença de alunos que não correspondem ao perfil do “cliente ideal” (H. Becker, 1977). Ou seja, daquela criança ou daquele jovem que facilmente compreende ou aceita o ensino-padrão que caracteriza a escola tradicional e que responde de acordo com as regras valorizadas por esses modelos-padrão. Sobre a Origem da atenção à Multiculturalidade é correto afirmar, exceto:
· Na Declaração Universal dos Direitos Humanos (aprovada em 1948), que, entre nós, ganhou nova força com a Lei de Bases do Sistema Educativo (aprovada em 1986).
· A ideia do empobrecimento cultural que resulta da culturação da cultura de origem, obriga todos aqueles que estão mais próximos da cultura padrão a “passarem uma esponja” sobre as suas raízes e experiências de vida.
· Depois de ultrapassada a explicação baseada no Q.I. dos alunos, justificou-se o nível diferenciado dos seus desempenhos escolares pelo handicap sociocultural de que eram portadores, pelas técnicas de ensino utilizadas pelos professores e, mais recentemente, pelo tipo de organização do sistema escolar, pela capacidade, ou incapacidade, de se levar a cabo uma diferenciação pedagógica que promova uma educação em que tenham lugar as diversas culturas.
· Da concepção meramente técnica do currículo, que o olha como algo de neutro e na qual as atenções são apenas com o como, e não com o porquê, e em que aos professores cabe o papel de apenas executarem o que é prescrito, tem-se vindo a caminhar para uma concepção que considera que o currículo não é neutro na seleção dos conhecimentos afirmados como mais importantes nem é neutro na forma como organiza a transmissão desses conhecimentos nem nos processos que adota para a sua estruturação
2
As respostas educativas que têm sido dadas ao multiculturalismo têm variado ao longo dos anos, de país para país, de escola para escola e, mesmo, de professor para professor, influenciadas por concepções ideológicas, teóricas e contextuais diversas. No que se refere a Educação nas Respostas ao Multiculturalismo é incorreto:
· Adeptos de algumas correntes, perante o multiculturalismo, põem em prática uma educação que se confina à aceitação passiva da diferença, nada fazendo no sentido de a fazer interagir.
· Das críticas a essa educação multicultural, por não resolver os problemas decorrentes da diferença e que se traduzem em fenômenos de racismo e atitudes xenófobas da responsabilidade dos grupos das culturas majoritárias, há quem defenda uma educação antirracista, que tem como objetivo principal combater os estereótipos, preconceitos e outras atitudes geradoras de marginalização racial.
· Perspectivas que consideram ser empobrecedor, para cada uma e para todas as culturas, isolá-las, impedindo interações e confrontos entre diferentes histórias, vivências e valores, apostam no enriquecimento mútuo proveniente de uma convivialidade refletida.
· É sabido que o reconhecimento pela escola, de diferentes manifestações e comportamentos culturais tem repercussões ao nível das autoestimas dos elementos dos grupos maioritários, gerando des confiança e disposição para a aquisição de outros saberes.
2
O intercultural bem conduzido permite “identidade ao outro”, mas, sobretudo, “conhecer o outro na sua diferença e complexidade” (Perotti, 1992: 61). Se aceitarmos, portanto, essas ideias, a coexistência nas escolas e nas salas de aula de alunos portadores de culturas diversas, em vez de constituir um obstáculo para o ensino, pode ser um fator de enriquecimento, pela reciprocidade que essa situação acarreta e pelas oportunidades de aquisição que oferece da “competência cultural” (Leite, C. 1997: 118). Noutro momento, disse C. Leite (1997: 315–316) e apoiando-me em M. Rey (1986: 24–37), podemos considerar que a concretização dessas ideias, ou seja, o desenvolvimento de uma educação intercultural é facilitado se nos orientarmos pelas ideias-base, são elas, exceto:
· As culturas devem ser apreendidas no seu dinamismo através de processos interativos que impliquem reconhecimentos mútuos e que desocultem relações de dominação.
· A educação intercultural é um princípio subjacente a toda a atividade escolar, e não uma nova disciplina; é o que Merino Fernández e Muñoz Sedano (1995: 155) consideram ser “fundamentalmente uma educação de valores e de atitudes”.
· Uma postura e opção culturais pressupõem uma ação integrada que se esgota nos conteúdos e nas matérias selecionados para o ensino e a aprendizagem.
· A escola é o lugar privilegiado de co-educação e tem de ser o lugar de criação de condições de comunicação real entre alunos de origens diversas, de forma a permitir uma partilha de experiências e o desenvolvimento de atitudes de aceitação.
2
Como sabemos, educar professores que estejam preparados para as necessidades de uma sala de aula multicultural é, sem dúvida, um dos maiores desafios que encontramos em cursos de formação de professores hoje em dia. Sobre as estratégias pedagógicas é incorreto:
· Muitos professores trabalham com alunos imigrantes de diversas partes do Rio de Janeiro, com línguas e culturas que muitas vezes necessitam ser negociadas na sala de aula
· Por multiculturalismo nos textos utilizados em sala de aula,entende-se também uma literatura que abrange não só diferentes culturas, mas diferentes temas e diversos grupos de alunos, como por exemplo, necessidades especiais e inclusão, gênero e sexualidade, preferência sexual, diferentes religiões e credos, diversas características físicas e cargas emocionais, diversas idades, diferentes grupos étnicos e classes sociais.
· Através da literatura, leitores podem ganhar um entendimento de questões e códigos que estruturam a vida educacional. Livros direcionados às crianças e aos adolescentes, em particular, têm o potencial de promover entendimento intelectual quando seu foco é em torno de questões que afetam esta população e que tratam de temas e mensagens universais.
2
É no período pós-guerra que surge o Direito Internacional dos Direitos Humanos como uma tentativa de situar os direitos fundamentais na base da ordem internacional contemporânea. Sobre direitos humanos, cidadania e democracia, é incorreto afirmar:
· O sistema nacional de proteção dos direitos humanos dialoga com os sistemas internacionais para a garantia e o respeito aos direitos e às liberdades fundamentais dos indivíduos
· O processo de internacionalização acabou gerando o surgimento de um sistema normativo internacional, voltado para a proteção e amparo dos direitos fundamentais.
· O Estado se torna negligente frente ao compromisso de promoção dos Direitos Humanos, o sistema internacional possui legitimidade para cobrar desses Estados. Essa legitimidade tem lugar, sobretudo, quando se estabelece uma efetiva relação do Estado Nacional com a ordem internacional, no sentido de garantia dos direitos fundamentais.
· O processo de internacionalização dos direitos humanos desencadeia a democratização do cenário internacional, uma vez que surge a sociedade civil internacional, composta por organizações não governamentais e por indivíduos, que passam a poder acionar órgãos internacionais em casos de violação dos direitos humanos.
2
No início da civilização humana os primeiros Estados constituíam sua ordem interna através da religião. Nesse tempo as leis eram elaboradas e apre sentadas aos súditos pelos sacerdotes que afirmavam tê-las recebido diretamente dos Deuses, os quais conferiam autoridades a essas regras para que todos obedecessem. E assim ocorreu na Babilônia em 1700 a.C. Sobre a conquista da Babilônia é incorreto:
· O rei Shamash recebeu, um conjunto de leis, que o obrigava a aplicá-la ao povo da Babilônia. Consequentemente, o indivíduo que a infringisse, estaria desobedecendo a Lei Divina e seria submetido aos terríveis castigos impostos por essa lei.
· O Código de Hamurabi, pregava o ‘olho por olho e dente por dente’, proibia os súditos de escolherem suas religiões, desfavoreciam determinadas classes trazendo vantagens em detrimento de outras, e ainda, mantinham pessoas como escravas.
· No ano de 550 a. C, Ciro, o Rei da Persa, insatisfeito com as atrocidades cometidas pelo Império da Babilônia, resolveu reunir sua pequena tropa e tomar o poder para libertar o povo.
· A Persa tornou-se muito extensa, compreendendo os atuais países: Irã, Iraque, Síria, Líbano, Jordânia, Israel, Egito, Turquia, Kuwait, Afeganistão, parte do Paquistão, parte da Grécia e da Líbia. Sua existência manteve-se por mais de duzentos anos até a conquista definitiva por Alexandre, O Grande em 332 a. C.
2
A justiça na Idade Média era a justiça de um mundo de pesadelos, absurda e cruel. Ao cair o Império Romano, foi abaixo as leis que formavam aquela civilização e a Europa entrou em um período onde não havia mais leis definidas e iguais para os mesmos tipos de delitos. Sobre a justiça na idade média, é correto exceto:
· Havia a função especializada de julgar, ou seja, haviam juízes. Na chamada baixa Idade Média, com objetivo de solucionar esse problema, formaram uma assembleia com as pessoas mais importantes da região para a função de julgar.
· Quando firmou o feudalismo, o direito de julgar passou para os senhores feudais. Mas eles tinham a prerrogativa de nomear um substituto caso não quisessem exercer essa função.
· Mediante essa fragilização, o rei João, ordenou o aumento de cobranças de tributos sobre os feudos gerando um enorme descontentamento dos barões feudais, que entendia esse ato como uma opressão por parte do Rei.
· A Magna Carta trouxe para esse período, a previsão de Direitos ainda não presentes na história, como o habeas corpus, o direito de propriedade e o devido processo legal.
2
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), que delineia os direitos humanos básicos, foi adotada pela Organização das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948. Sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos é incorreto:
· Foi esboçada principalmente pelo Americano Carlos Peters Humphrey, contando, também, com a ajuda de várias pessoas de todo o mundo.
· Abalados pela recente barbárie da Segunda Guerra Mundial, e com o intuito de construir um mundo sob novos alicerces ideológicos, os dirigentes das nações que emergiram como potências no período pós-guerra, liderados por Estados Unidos e União Soviética, estabeleceram, na Conferência de Yalta, na Rússia, em 1945, as bases de uma futura paz mundial.
· Especialistas em direito internacional discutem, com frequência, quais de seus artigos representam o direito internacional usual.
· Embora não seja um documento com obrigatoriedade legal, serviu como base para os dois tratados sobre direitos humanos da ONU de força legal: o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais.
2
Qual Declaração teve como resultado a formulação na Conferência Mundial Contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerâncias:
· Declaração de Berlin
· Declaração de Durban
· Declaração de Dublin
· Declaração de Genebra
APOSTILA-COMPLET
A-DIVERSIDADE-ÉTNICO-RACIAL-DE-GÊNERO-PDF-CORRETA.pdf
CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIVERSIDADE ÉTNICO RACIAL DE 
GÊNERO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUARULHOS – SP 
 
SUMÁRIO 
1 CONTEXTO E DEFINIÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS ........................................ 4 
2 NORMAS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS ....................................... 5 
3 TRATADOS .............................................................................................................. 6 
4 COSTUME ............................................................................................................... 7 
5 DECLARAÇÕES, RESOLUÇÕES ETC. ADOTADAS PELOS ÓRGÃOS DAS 
NAÇÕES UNIDAS ....................................................................................................... 7 
6 PERSPECTIVAS HISTÓRICAS DOS DIREITOS HUMANOS ................................. 8 
6.1 O Iluminismo ......................................................................................................... 9 
6.2 Revolução Francesa ............................................................................................. 9 
6.3 O término da Segunda Guerra Mundial ............................................................... 10 
7 DOCUMENTOS IMPORTANTES PARA A FORMAÇÃO E RECONHECIMENTO 
DAS LIBERDADES ................................................................................................... 12 
8 ORIGEM DOS DIREITOS HUMANOS ................................................................... 16 
9 AS DECLARAÇÕES DE DIREITOS ....................................................................... 18 
10 ARTIGOS DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS:.......... 19 
11 A ORIGEM E FORMAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS INDIVIDUAIS NO 
BRASIL ..................................................................................................................... 25 
11.1 A Origem Do Conceito De Cidadania E Sua Importância Para O Advento Dos 
Estados Modernos .................................................................................................... 27 
12 A INEXISTÊNCIA DE REVOLUÇÕES BURGUESAS NO BRASIL E SUAS 
CONSEQUÊNCIAS................................................................................................... 30 
13 MOVIMENTOS SOCIAIS E CIDADANIA NO BRASIL CONTEMPORÂNEO ....... 34 
14 SOCIEDADES MULTICULTURAIS ...................................................................... 36 
14.1 Cenário Pós-Colonial ........................................................................................ 37 
15 CONCEITOS DE CULTURA, IDENTIDADE E DIFERENÇA ................................ 40 
15.1 Identidade Cultural ............................................................................................ 42 
 
15.2 Igualdade E Diferença ....................................................................................... 44 
15.3 Universalismo e Relativismo ............................................................................. 46 
16 QUESTÕES E TENSÕES NO COTIDIANO: GÊNERO, RAÇA, ORIENTAÇÃO 
SEXUAL E RELIGIÃO ............................................................................................... 50 
17 ETNOCENTRISMO, ESTEREÓTIPO E PRECONCEITO .................................... 53 
18 EDUCAÇÃO MULTICULTURAL .......................................................................... 63 
19 CURRÍCULO E INTERCULTURALIDADE ........................................................... 65 
19.1 Origem da Atenção à Multiculturalidade ............................................................ 67 
19.2 A Educação Intercultural na renovação de um currículo que concretize o Princípio 
da “Escola para Todos” ............................................................................................. 68 
19.3 A Educação nas Respostas ao Multiculturalismo .............................................. 69 
19.4 Estratégias Pedagógicas e Perspectiva Intercultural ........................................ 72 
20 DIREITOS HUMANOS, CIDADANIA E DEMOCRACIA ....................................... 75 
21 CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS HUMANOS E SUA RELAÇÃO COM O 
ESPAÇO ESCOLAR ................................................................................................. 79 
21.1 Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH) ......................... 83 
22 OS DIREITOS HUMANOS NA HISTÓRIA ........................................................... 85 
22.1 Conquista da Babilônia ..................................................................................... 86 
22.2 O Império Romano ............................................................................................ 87 
22.3 Idade Média ....................................................................................................... 89 
22.4 Idade Moderna .................................................................................................. 92 
22.5 Revolução Gloriosa e a Petition Of Rights ........................................................ 93 
22.6 Declaração dos Povos da Virgínea ................................................................... 94 
22.7 Declaração de Independência dos EUA ............................................................ 95 
22.8 Revolução Francesa.......................................................................................... 96 
22.9 Idade Contemporânea ....................................................................................... 96 
22.10 Constituição Mexicana de 1917 e a Constituição de Weimar .......................... 97 
22.11 Liga das Nações e a Criação da ONU............................................................. 97 
 
23 DOCUMENTOS INTERNACIONAIS DE PROTEÇÃO E SUA RELAÇÃO ........... 98 
23.1 Quais os princípios da ONU? .......................................................................... 102 
23.2 Por que a ONU foi criada? .............................................................................. 103 
23.3 Como é a estrutura da ONU ............................................................................ 104 
23.4 Onde a ONU está sediada .............................................................................. 104 
23.5 Como são as reuniões da ONU? ..................................................................... 105 
23.6 A Assembleia-Geral da ONU ........................................................................... 105 
23.7 O Conselho de Segurança da ONU ................................................................ 107 
24 CONSELHO ECONÔMICO E SOCIAL .............................................................. 108 
25 CONSELHO DE TUTELA ................................................................................... 109 
26 CORTE INTERNACIONAL DE JUSTIÇA ........................................................... 110 
27 SECRETARIADO ............................................................................................... 111 
28 BIBLIOGRAFIA BÁSICA .................................................................................... 112 
 
 
 
4 
 
1 CONTEXTO E DEFINIÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS 
 
Fonte:significados.com.br 
 
Os direitos humanos são comumente compreendidos como aqueles direitos 
inerentes ao ser humano. O conceito de Direitos Humanos reconhece que cada ser 
humano pode desfrutar de seus direitos humanos sem distinção de raça, cor, sexo, 
língua, religião, opinião política ou de outro tipo, origem social ou nacional ou condição 
de nascimento ou riqueza. 
Os direitos humanos são garantidos legalmente pela lei de direitos humanos, 
protegendo indivíduos e grupos contra ações que interferem nas liberdades 
fundamentais e na dignidade humana. 
Estão expressos em tratados, no direito internacional consuetudinário, 
conjuntos de princípios e outras modalidades do Direito. A legislação de direitos 
humanos obriga os Estados a agir de uma determinada maneira e proíbe os Estados 
de se envolverem em atividades específicas. No entanto, a legislação não estabelece 
os direitos humanos. Os direitos humanos são direitos inerentes a cada pessoa 
simplesmente por ela ser um humano. 
Tratados e outras modalidades do Direito costumam servir para proteger 
formalmente os direitos de indivíduos ou grupos contra ações ou abandono dos 
governos, que interferem no desfrute de seus direitos humanos. 
Algumas das características mais importantes dos direitos humanos são: 
http://www.un.org/en/sections/issues-depth/human-rights/index.html
 
5 
 
 Os direitos humanos são fundados sobre o respeito pela dignidade e o valor 
de cada pessoa; 
 Os direitos humanos são universais, o que quer dizer que são aplicados de 
forma igual e sem discriminação a todas as pessoas; 
 Os direitos humanos são inalienáveis, e ninguém pode ser privado de seus 
direitos humanos; eles podem ser limitados em situações específicas. Por 
exemplo, o direito à liberdade pode ser restringido se uma pessoa é 
considerada culpada de um crime diante de um tribunal e com o devido 
processo legal; 
 Os direitos humanos são indivisíveis, inter-relacionados e interdependentes, 
já que é insuficiente respeitar alguns direitos humanos e outros não. Na 
prática, a violação de um direito vai afetar o respeito por muitos outros; 
 Todos os direitos humanos devem, portanto, ser vistos como de igual 
importância, sendo igualmente essencial respeitar a dignidade e o valor de 
cada pessoa. 
2 NORMAS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS 
A expressão formal dos direitos humanos inerentes se dá através das normas 
internacionais de direitos humanos. Uma série de tratados internacionais dos direitos 
humanos e outros instrumentos surgiram a partir de 1945, conferindo uma forma legal 
aos direitos humanos inerentes. 
A criação das Nações Unidas viabilizou um fórum ideal para o desenvolvimento 
e a adoção dos instrumentos internacionais de direitos humanos. Outros instrumentos 
foram adotados a nível regional, refletindo as preocupações sobre os direitos 
humanos particulares a cada região. 
A maioria dos países também adotou constituições e outras leis queprotegem 
formalmente os direitos humanos básicos. Muitas vezes, a linguagem utilizada pelos 
Estados vem dos instrumentos internacionais de direitos humanos. 
As normas internacionais de direitos humanos consistem, principalmente, de 
tratados e costumes, bem como declarações, diretrizes e princípios, entre outros. 
 
6 
 
 
3 TRATADOS 
Um tratado é um acordo entre os Estados, que se comprometem com regras 
específicas. Tratados internacionais têm diferentes designações, como pactos, cartas, 
protocolos, convenções e acordos. Um tratado é legalmente vinculativo para os 
Estados que tenham consentido em se comprometer com as disposições do tratado – 
em outras palavras, que são parte do tratado. 
Um Estado pode fazer parte de um tratado através de uma ratificação, adesão 
ou sucessão. 
A ratificação é a expressão formal do consentimento de um Estado em se 
comprometer com um tratado. Somente um Estado que tenha assinado o tratado 
anteriormente – durante o período no qual o tratado esteve aberto a assinaturas – 
pode ratificá-lo. 
A ratificação consiste de dois atos processuais: a nível interno, requer a 
aprovação pelo órgão constitucional apropriado – como o Parlamento, por exemplo. 
A nível internacional, de acordo com as disposições do tratado em questão, o 
instrumento de ratificação deve ser formalmente transmitido ao depositário, que pode 
ser um Estado ou uma organização internacional como a ONU. 
A adesão implica o consentimento de um Estado que não tenha assinado 
anteriormente o instrumento. Estados ratificam tratados antes e depois de este ter 
entrado em vigor. O mesmo se aplica à adesão. 
Um Estado também pode fazer parte de um tratado por sucessão, que acontece 
em virtude de uma disposição específica do tratado ou de uma declaração. A maior 
parte dos tratados não são auto-executáveis. Em alguns Estados tratados são 
superiores à legislação interna, enquanto em outros Estados tratados recebem status 
constitucional e em outros apenas certas disposições de um tratado são incorporadas 
à legislação interna. 
Um Estado pode, ao ratificar um tratado, formular reservas a ele, indicando que, 
embora consinta em se comprometer com a maior parte das disposições, não 
concorda com se comprometer com certas disposições. No entanto, uma reserva não 
pode derrotar o objeto e o propósito do tratado. 
 
7 
 
Além disso, mesmo que um Estado não faça parte de um tratado ou não tenha 
formulado reservas, o Estado pode ainda estar comprometido com as disposições do 
tratado que se tornaram direito internacional consuetudinário ou constituem normas 
imperativas do direito internacional, como a proibição da tortura. Todos os tratados 
das Nações Unidas estão reunidos em treaties.un.org. 
4 COSTUME 
O direito internacional consuetudinário – ou simplesmente “costume” – é o 
termo usado para descrever uma prática geral e consistente seguida por Estados, 
decorrente de um sentimento de obrigação legal. 
Assim, por exemplo, enquanto a Declaração Universal dos Direitos Humanos 
não é, em si, um tratado vinculativo, algumas de suas disposições têm o caráter de 
direito internacional consuetudinário. 
5 DECLARAÇÕES, RESOLUÇÕES ETC. ADOTADAS PELOS ÓRGÃOS DAS 
NAÇÕES UNIDAS 
Normas gerais do direito internacional – princípios e práticas com os quais a 
maior parte dos Estados concordaria – constam, muitas vezes, em declarações, 
proclamações, regras, diretrizes, recomendações e princípios. 
Apesar de não ter nenhum efeito legal sobre os Estados, elas representam um 
consenso amplo por parte da comunidade internacional e, portanto, têm uma força 
moral forte e inegável em termos na prática dos Estados, em relação a sua conduta 
das relações internacionais. 
O valor de tais instrumentos está no reconhecimento e na aceitação por um 
grande número de Estados e, mesmo sem o efeito vinculativo legal, podem ser vistos 
como uma declaração de princípios amplamente aceitos pela comunidade 
internacional. 
A Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, por 
exemplo, recebeu o apoio dos Estados Unidos em 2010, o último dos quatro Estados-
membros da ONU que se opuseram a ela. 
https://treaties.un.org/
 
8 
 
Ao adotar a Declaração, os Estados se comprometeram a reconhecer os 
direitos dos povos indígenas sob a lei internacional, com o direito de serem 
respeitados como povos distintos e o direito de determinar seu próprio 
desenvolvimento de acordo com sua cultura, prioridades e leis consuetudinárias 
(costumes). 
6 PERSPECTIVAS HISTÓRICAS DOS DIREITOS HUMANOS 
Não há dúvidas de que os direitos humanos são dotados de indeclinável e 
inegável importância; eles são base de todos os ordenamentos jurídicos, requisito 
indispensável para se qualificar, verdadeiramente, um Estado como Democrático. 
Como já restou assentado pelo Supremo Tribunal Federal, em mais de uma 
oportunidade, no Estado de Direito democrático “devem ser intransigentemente 
respeitados os princípios que garantem a prevalência dos direitos humanos”[1]. 
Dessa ideia inicial extrai-se uma das justificativas para o desenvolvimento de 
uma Teoria Geral dos Direitos Humanos. Um dos tópicos mais relevantes para 
compreensão da Teoria é a leitura dos direitos dos homens partindo-se de diferentes 
perspectivas históricas. 
Dessa forma, almeja-se no presente artigo vislumbrar a historicidade dos 
direitos partindo-se de pontos não iguais, embora conectados. Tais perspectivas são: 
os marcos mais citados, os pensamentos mais significativos e os documentos mais 
relevantes. 
É importante sublinhar que aqui se campeia em terrenos de suma 
imprescindibilidade dentro da supracitada Teoria Geral, cujo enfoque atende a uma 
das principais características dos direitos humanos, qual seja: a sua historicidade. 
Esta vem sempre acompanhada de tantas outras características citadas pela mais 
vasta doutrina (v.g.: universalidade, essencialidade, irrenunciabilidade, 
inalienabilidade, indisponibilidade, inesgotabilidade, inexauribilidade, 
imprescritibilidade, efetividade, inviolabilidade, complementaridade, limitabilidade, 
vedação ao retrocesso, indivisibilidade e inter-relacionaridade). 
Adentra-se, então, no estudo da evolução histórica dos direitos humanos 
partindo-se da perspectiva relacionada aos marcos mais citados. 
 
9 
 
Podem ser destacados três marcos históricos fundamentais, quais sejam: o 
Iluminismo, a Revolução Francesa e o término da Segunda Guerra Mundial. 
6.1 O Iluminismo 
O Iluminismo (ou Era da Razão) configurou revolução intelectual que se 
efetivou no continente europeu, particularmente na França, durante o século XVIII. 
Esse movimento representou o auge das transformações culturais iniciadas no século 
XIV pelo movimento renascentista, e colocou em destaque os valores da burguesia, 
favorecendo o aumento dessa camada social. 
O Iluminismo procurava uma explicação por meio da razão para todos os 
acontecimentos; rompendo, assim, com as formas de pensar que até o momento eram 
aceitas. Alguns princípios podem ser destacados como norteadores da sociedade à 
época, quais sejam: a busca da felicidade; a garantia dos direitos, da liberdade 
individual e da livre posse de bens pelo governo; a tolerância para a expressão de 
ideias; e a igualdade perante a lei[5]. 
Entre os principais filósofos do movimento, podem ser citados: John Locke 
(1632-1704); Voltaire (1694-1778); Jean-Jacques Rousseau (1712-1778); 
Montesquieu (1689-1755); Denis Diderot (1713-1784); e Jean Le Rond d´Alembert 
(1717-1783). 
Cabe, nessa altura, também fazer referência ao movimento do Humanismo. Tal 
movimento exaltava o valor humano como meio e finalidade. O Humanismo difundiu-
se por toda a Europa e caracterizou o início da cultura moderna. Para o pensamento 
humanista o valor fundamental de uma doutrina é o homem, seu sentimento, sua 
originalidade e sua superioridade sobre os outros animais. O homem passa a ser visto 
como umser que pode construir seu próprio destino 
6.2 Revolução Francesa 
Eis que ganha importância a Revolução Francesa, que foi um movimento 
político e social que questionava os privilégios da nobreza e do clero, bem como o 
poder absoluto do monarca. Por volta de 1789, a França enfrentava uma grave crise 
econômica, sendo que a maioria dos trabalhadores rurais pagava excessiva carga 
 
10 
 
tributária. Já a indústria funcionava de forma muito artesanal e o comércio também 
enfrentava dificuldades. 
Dentre as principais vitórias dos revoltosos franceses, está a proclamação da 
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, documento dos mais 
indispensáveis para a evolução concreta dos direitos humanos. Ele assegura, dentre 
outros direitos, a liberdade, a igualdade e a propriedade. A Declaração, inspirada em 
ideias iluministas, serviu de base para a construção de diversas Constituições de 
Estados Democráticos. A Revolução Francesa incentivou muitos outros movimentos 
revolucionários nas décadas seguintes, marcando a luta pelo fim dos privilégios 
sociais e pela promoção da dignidade humana. 
O lema da Revolução Francesa era: liberdade, igualdade e fraternidade. Tais 
ideias representam as três primeiras e clássicas gerações ou dimensões de direitos. 
Nessa conjuntura, calha sublinhar a doutrina de Immanuel Kant, exposta em 
suas obras Crítica da Razão Pura (1781), Crítica da Razão Prática (1788) e a Crítica 
do Juízo (1790). Com arrimo em uma vertente racionalista, Kant definiu o Estado como 
instrumento de produção das leis, representando os cidadãos, sendo a liberdade o 
principal fundamento para se valorizar a dignidade humana. 
6.3 O término da Segunda Guerra Mundial 
Por fim, o terceiro marco histórico que merece destaque é o término da 
Segunda Guerra Mundial, em 1945. O período pós-guerra instaurou uma nova lógica 
planetária, exaltando a importância do indivíduo como um dos novos sujeitos do 
Direito Internacional. O Estado não é mais o único ator internacional, o instituto da 
soberania é flexibilizado e o Direito Internacional dos Direitos Humanos emerge. Este 
é materializado pelo sistema global de proteção aos direitos humanos da Organização 
das Nações Unidas (ONU), posteriormente complementado pelos sistemas regionais 
(europeu, americano e africano). 
Dos marcos históricos mais citados lança-se, a partir de agora, ao estudo dos 
pensamentos mais significativos. 
Findada a Segunda Guerra em 1945 exalta-se uma nova corrente de 
pensamento, a qual normalmente é aprofundada nas obras de Direito Constitucional. 
Todavia, merece aqui destaque, porque além de fortemente influenciar a salvaguarda 
https://jus.com.br/tudo/direitos-humanos
 
11 
 
interna dos direitos (fundamentais), também respingou suas balizas nas normativas 
internacionais (direitos humanos). Trata-se do pós-positivismo. 
Transpassados o jusnaturalismo e o positivismo, ocupou lugar o pós-
positivismo. Todavia, entender os dois primeiros pensamentos é premissa para se 
chegar à compreensão do terceiro. 
Conforme Barroso, o jusnaturalismo está fundado na existência de um Direito 
natural, sua concepção consiste no reconhecimento de que há valores e pretensões 
humanas legítimas que não decorrem de uma norma jurídica emanada do Estado, i.e., 
independem do Direito positivo. Esse Direito natural tem validade em si, legitimado 
por uma ética superior que estabelece limites à própria norma estatal[11]. 
Já o positivismo “foi fruto de uma idealização do conhecimento científico, uma 
crença romântica e onipotente de que os múltiplos domínios da indagação e da 
atividade intelectual pudessem ser regidos por leis naturais, invariáveis, 
independentes da vontade e da ação humana. (...) O positivismo comportou algumas 
variações e teve seu ponto culminante no normativismo de Hans Kelsen”. 
 Ainda de acordo com a doutrina do professor Barroso, a “superação histórica 
do jusnaturalismo e o fracasso político do positivismo abriram caminho para um 
conjunto amplo e ainda inacabado de reflexões acerca do Direito, sua função social e 
sua interpretação. O pós-positivismo é a designação provisória e genérica de um 
ideário difuso, no qual se incluem a definição das relações entre valores, princípios e 
regras, aspectos da chamada nova hermenêutica e a teoria dos direitos 
fundamentais”. 
Com o pós-positivismo, distinguem-se dois institutos: o princípio e a regra. 
Ambos são espécies do termo norma e, ambos, possuem normatividade. Na linha 
desse pensamento, Canotilho refere-se ao sistema jurídico do Estado Democrático 
português como um “sistema normativo aberto de regras e princípios”. A mudança “de 
paradigma nessa matéria deve especial tributo às concepções de Ronald Dworkin e 
aos desenvolvimentos a ela dados por Robert Alexy. A conjugação das ideias desses 
dois autores dominou a teoria jurídica e passou a constituir o conhecimento 
convencional da matéria”. 
Em complemento, e já em fase conclusiva, levando em conta sua importância 
para a compreensão evolutiva dos direitos dos seres humanos, calha abordar a 
perspectiva histórica dos direitos partindo do estudo sobre os documentos mais 
relevantes indicados pela doutrina especializada. Por derradeiro, o rol não é taxativo, 
https://jus.com.br/tudo/jusnaturalismo
 
12 
 
meramente exemplificativo, contudo, o arcabouço de fontes a seguir delineado ocupa 
papel de realce para a consolidação de direitos básicos, garantidores de um mínimo 
existencial. 
7 DOCUMENTOS IMPORTANTES PARA A FORMAÇÃO E RECONHECIMENTO 
DAS LIBERDADES 
Como outrora indiciado, a historicidade também pode ser representada pela 
cronologia dos documentos importantes para a formação e reconhecimento das 
liberdades. 
 
Magna Carta 
O primeiro documento majoritariamente referido pela doutrina quanto aos 
direitos humanos é a Magna Carta, de 1215. Trata-se de um acordo entre reis e 
barões revoltados. Ela direciona-se à proteção dos direitos dos ingleses, originários 
da law of the land (lei da terra). Embora restrita aos ingleses, ela é o nascedouro dos 
direitos, tendo influenciado inúmeros outros documentos. Seu principal desiderato é a 
limitação do poder do rei. A judicialidade é um dos princípios do Estado de Direito. 
Prevê, v.g., direito de ir e vir, propriedade privada e graduação da pena do delito. 
 
Petition of Rights 
Em 1628 adota-se a Petition of Rights. Ela reafirmou os direitos da Magna 
Carta, dando ênfase à, v.g., propriedade e à proibição da detenção arbitrária. 
 
Habeas Corpus Act 
O Habeas Corpus Act data de 1679, remete ao habeas corpus, uma das mais 
relevantes garantias aos direitos humanos já criadas na história da Humanidade. Este 
documento foi fortemente influenciado pela Magna Carta e almejava, principalmente, 
garantir o direito de ir e vir. 
 
Bill of Rights 
A Declaração de Direitos de 1689, ou Bill of Rights, submete a monarquia 
inglesa à soberania popular. Ela limita a autoridade real. Ao rei não mais é permitido 
https://jus.com.br/tudo/propriedade
 
13 
 
suspender leis ou as descumprir, muito menos pode cobrar tributos sem o 
consentimento do Parlamento. Assegura-se a supremacia do Parlamento. Neste 
momento, são dados passos importantes para a definição da separação de poderes. 
 
Rule of Law 
Os quatro documentos citados (Magna Carta, Petition of Rights, Habeas 
Corpus Act e Bill of Rights) exaltam a regra da Rule of Law, que dispõe sobre a 
necessidade de todos se sujeitam ao Direito (Estado de Direito), inclusive os 
detentores do poder. 
 
Declaração de Virgínia 
Uma noção mais clara de direitos individuais é instaurada com a Declaração de 
Virgínia, de 1776, a qual abre caminho para a independência dos Estados Unidos. Ela 
preceitua sobre o direito de igualdade, o poder emanado do povo, o direito à felicidade, 
a separação de poderes, o direito geral ao sufrágio e o direito à propriedade. Em 04 
de julho de 1776 há também a DeclaraçãoAmericana da Independência. 
 
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão 
No ano de 1789, aprova-se a, importante é já citada, Declaração dos Direitos 
do Homem e do Cidadão, proclamada na França. É a mais famosa de todas as 
Declarações. É curioso ressaltar que ela ainda está em vigor na França e integra o 
bloco de constitucionalidade daquele país. Sua finalidade principal é proteger os 
direitos dos homens contra os atos do governo. Seu objetivo imediato é instruir os 
indivíduos de seus direitos fundamentais; possuindo, para tanto, interessante caráter 
pedagógico. Como é uma Declaração, os direitos nela são apenas recordados, pois 
preexistem a ela. A igualdade perante a lei é o elemento essencial da Declaração, 
conforme seu art. 6º. O presente documento, decorrente da Revolução Francesa 
(liberdade, igualdade e fraternidade), foi a base para a Declaração Universal dos 
Direitos Humanos da ONU, de 1948. 
 
Constituição Francesa 
Outra fonte histórica dos direitos humanos é a Constituição Francesa, de 
1848, fundamental para a futura consagração dos direitos econômicos e sociais 
(segunda geração) nas Leis Fundamentais dos demais países. 
https://jus.com.br/tudo/separacao
https://jus.com.br/tudo/habeas-corpus
https://jus.com.br/tudo/habeas-corpus
 
14 
 
 
Constituição do México 
Mais recente, mas mesmo assim influenciadora, foi a Constituição do México, 
de 1917. Ela constitucionalizou de forma expressa os direitos econômicos, sociais e 
culturais[17] e exaltou a função social da propriedade. O seu art. 123 tratava de vários 
assuntos inéditos em âmbito constitucional, tais como a limitação da jornada de 
trabalho, a disciplina do trabalho de menores, bem como a limitação de horas diárias 
para os menores, a limitação de horas de jornada de trabalho noturno, o descanso 
semanal, o salário mínimo, a igualdade salarial, o direito de greve e outros institutos 
inovadores que vieram proteger os hipossuficientes integrantes das relações de 
trabalho. 
 
Declaração Russa dos Direitos do Povo Trabalhador e Explorado 
A Declaração Russa dos Direitos do Povo Trabalhador e Explorado, de 1918, 
merece destaque, já que visava, conforme seu Capítulo II, “principalmente a suprimir 
toda exploração do homem pelo homem, a abolir completamente a divisão da 
sociedade em classes, a esmagar implacavelmente todos os exploradores, a instalar 
a organização socialista da sociedade e a fazer triunfar o socialismo em todos os 
países (...)”. 
 
Constituição alemã de Weimer 
A Constituição alemã de Weimer, de 1919, surgiu como fruto da Primeira 
Guerra Mundial. O Estado Democrático Social, cujos parâmetros já haviam sido 
delineados pela Constituição mexicana de 1917, adquiriu com a Constituição alemã 
uma melhor estruturação. E, tal como a Constituição do México, os direitos trabalhistas 
e previdenciários ganharam o status de direitos fundamentais. Ela estabeleceu um 
novo modelo constitucional para os direitos sociais e influenciou muitas outras, como 
a Constituição brasileira de 1934. 
 
Tratado de Versalles, Carta da ONU, e a Declaração Universal dos Direitos 
Humanos 
É possível, por fim, realçar outros documentos, como o Tratado de Versalles, 
de 1919 (que criou a Liga das Nações e a Organização Internacional do Trabalho – 
https://jus.com.br/tudo/jornada-de-trabalho
https://jus.com.br/tudo/jornada-de-trabalho
 
15 
 
OIT), a Carta da ONU, de 1945, e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 
1948. 
As atrocidades resultantes da Primeira Grande Guerra (1914-1918) geraram 
um sentimento de necessidade de pacificação mundial. Dessa forma, celebrou-se 
o Tratado de Versailes, em 28 de junho de 1919. Em anexo a esse documento foi 
aprovado o Pacto da Sociedade das Nações ou Liga das Nações. 
Além da Liga das Nações foi criada a Organização Internacional do Trabalho, 
em 1919, também pelo Tratado de Versailes, ou Tratado de Paz, resultado da 
Conferência da Paz. Esse documento entrou em vigor em 10 de janeiro de 1920. A 
disciplina da OIT constava, mais especificamente, na Parte XIII do Tratado. 
 
Carta de São Francisco ou Carta da ONU 
Em razão do fracasso da Sociedade das Nações em evitar a Segunda Grande 
Guerra, celebrou-se a Carta de São Francisco ou Carta da ONU, de 1945. A atual 
Organização das Nações Unidas veio substituir a combalida Liga. 
 
Declaração Universal de 1948 
Além da Carta da ONU merece referência a Declaração Universal de 1948. 
Entretanto, aconselha-se sua compreensão dentro da noção de Carta Internacional 
dos Direitos Humanos ou Declaração Internacional de Direitos (International Bill of 
Rights)[19]. 
 
Carta Internacional dos Direitos Humanos 
A Carta Internacional dos Direitos Humanos é constituída por três documentos, 
os mais importantes do sistema global, de alcance generalizado, ou seja, integram o 
sistema homogêneo[20] ou geral do sistema global da ONU. 
Analisar a Carta internacional coincide com a análise de três grandes 
instrumentos internacionais de salvaguarda aos direitos humanos em escala global: 
a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948; o Pacto Internacional sobre 
Direitos Civis e Políticos, de 1966; e o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, 
Sociais e Culturais, de 1966. Nessa tessitura, gize-se que o processo “universal dos 
direitos humanos teve início com a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 
1948, (...) afirmando serem os direitos humanos (...) universais, indivisíveis, 
https://jus.com.br/tudo/processo
 
16 
 
interdependentes, inter-relacionados e dotados de unidade (....)”, e se consolidou com 
os dois Pactos de Nova York, ambos de 1966. 
A despeito da perspectiva adotada (marcos, pensamentos ou documentos), o 
estudo da evolução histórica dos direitos humanos conduz à conclusão de que eles 
estão em constante processo de enriquecimento, haja vista que a “conquista e a 
ampliação do rol de direitos é uma imperativa e constante necessidade mundana, sob 
pena de a figura humana, com o passar do tempo, ser relegada a segundo plano; o 
que é inconcebível”. 
8 ORIGEM DOS DIREITOS HUMANOS 
O movimento contemporâneo pelos direitos humanos teve origem na 
reconstrução da sociedade ocidental ao final da segunda guerra mundial. Neste 
sentido, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, é um marco que veio 
responder às atrocidades que aconteceram durante a segunda guerra mundial. Na 
verdade, os direitos humanos não surgiram com a declaração universal dos direitos 
humanos. Duas histórias podem ser contadas a respeito da sua origem. 
A primeira história associa a ideia de direitos humanos a um certo consenso 
cultural e religioso. De acordo com essa abordagem, há uma ética ou uma moral 
comum a todas as culturas e religiões e que pode ser expressa em termos de direitos. 
A segunda história considera os direitos humanos como o resultado de um 
longo processo de evolução, que implica numa promessa de progresso e almeja a um 
futuro feliz. Esta ideia de progresso inevitável da sociedade humana ganhou força com 
o debate filosófico que precedeu e inspirou a Revolução Francesa e resultou na 
primeira grande declaração de direitos. 
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão foi promulgada em 26 de 
agosto de 1789, na França. Ela está intimamente relacionada com a Revolução 
Francesa. Para ter uma ideia da importância que os revolucionários atribuíam ao tema 
dos direitos, basta constatar que os deputados passaram uma semana reunidos na 
Assembleia Nacional francesa debatendo os artigos que compõem o texto da 
declaração. Isso com o país ainda a ferro e a fogo após a tomada da Bastilha em 14 
de julho daquele mesmo ano. Havia urgência em divulgar a declaração para legitimar 
o governo que se iniciava com o afastamento do rei Luís XVI, que seria decapitado 
 
17 
 
quatro anos depois, em 21 de janeiro de 1793. Era preciso fundamentar o exercício 
do poder, não mais na suposta ligaçãodos monarcas com Deus, mas em princípios 
que justificassem e guiassem legisladores e governantes daquele momento em 
diante. No dia 20 de agosto de 1789, a Assembleia Nacional francesa começou a 
discutir os 24 artigos rascunhados por um grupo de quarenta deputados. Após seis 
dias de debates intensos, os deputados haviam aprovado somente 17 artigos. Diante 
das medidas urgentes a serem tomadas, no dia 27 de agosto de 1789 os deputados 
decidiram encerrar a discussão e adotar os artigos já aprovados como a Declaração 
dos Direitos do Homem e do Cidadão. Sem mencionar o rei, a nobreza ou o clero, a 
declaração afirmava que “os direitos naturais, inalienáveis e sagrados do homem são 
a fundação de todo e qualquer governo”. Quem passa a deter a soberania é a nação, 
e não o rei. Todos são proclamados iguais perante a lei, eliminando todos os 
privilégios de nascimento. Termos como “homens”, “homem”, “todo homem”, “todos 
os homens”, “todos os cidadãos”, “cada cidadão”, “sociedade”, e “todas as 
sociedades”, asseguram a universalidade dos direitos afirmados naquele documento. 
A reação à sua promulgação foi imediata, chamando a atenção da opinião pública nos 
países vizinhos para a questão dos direitos. A reação do inglês Edmund Burke em 
Reflections on the Revolution in France, de 1790, constitui inclusive o texto fundador 
do conservadorismo. 
A importância desse documento nos dias de hoje é ter sido a primeira 
declaração de direitos e fonte de inspiração para outras que vieram posteriormente, 
como a Declaração Universal dos Direitos Humanos aprovada pela ONU 
(Organização das Nações Unidas), em 1948. Prova disso é a comparação dos 
primeiros artigos de ambas: 
 
 O Artigo primeiro da Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão de 
1789, diz: “Os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos. 
As distinções sociais só podem fundar-se na utilidade comum”. 
 O Artigo primeiro da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 
proclama: “Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. 
São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros 
com espírito de fraternidade”. 
 
 
18 
 
 
Fonte: docplayer.com.br 
 
Ambas as declarações de direitos acima mencionadas ecoam a fórmula solene 
de Thomas Jefferson na Declaração de Independência de 1776: 
“Tomamos estas verdades como auto evidentes, de que todos os homens 
foram criados iguais, e que foram dotados pelo Criador de certos direitos 
inalienáveis, dentre os quais estão a Vida, a Liberdade e a busca pela 
Felicidade. ” 
9 AS DECLARAÇÕES DE DIREITOS 
As declarações de direitos se apresentam de maneira parecida: após um 
preâmbulo que introduz a temática geral do texto, segue uma lista de artigos que 
explicitam vários direitos. Faz-se necessário ressaltar, contudo, que uma declaração 
de direitos é muito mais do que uma enumeração de direitos. O preâmbulo da 
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, revela a intenção dos 
seus autores: eles “expõem”, “declaram”, “lembram”. » a Declaração é um ato de 
reconhecimento: não se trata de um ato criador. Os direitos por ela enunciados 
existem, são inerentes à natureza humana. Seria, portanto, absurdo pretender criá-
los. Basta constatar a sua existência. 
Este fato é importante porque estabelece a diferença clara entre as declarações 
de direitos e os textos legais: uma lei pode ser revogada pela mesma autoridade que 
a promulgou, enquanto que um direito não pode ser eliminado porque ninguém é 
responsável pela sua criação. 
O que podemos fazer é constatar a sua existência e reconhecê-los. » a 
Declaração tem um caráter pedagógico: estes direitos foram esquecidos ou ignorados. 
 
19 
 
Faz-se necessário torná-los incontestáveis. Para este efeito, um simples enunciado 
não basta, é preciso uma exposição que forneça explicações que convençam o leitor. 
A Declaração propõe uma sistematização das relações entre o homem e a 
sociedade. O seu caráter doutrinal, sua intenção pedagógica, contrasta com o 
empirismo característico dos documentos mais recentes. » Nesta declaração de 
direitos constata-se a ausência de um caráter efetivador: os constituintes sabiam 
perfeitamente que a constatação dos direitos humanos não basta para assegurar o 
seu respeito. Depois de declará-los, é ainda preciso garanti-los. Trata-se, contudo, de 
duas etapas distintas. 
A Declaração indica os direitos que implicam numa garantia, mas a efetivação 
dessa garantia incumbe à Constituição, de acordo com a fórmula do artigo 16 da 
própria Declaração: “Toda sociedade na qual (…) a garantia dos direitos não é 
assegurada não tem constituição.” Constata-se aqui que um certo paradoxo cerca a 
ideia de direitos humanos tal qual explicitada pelas declarações de direitos. 
Com efeito, se por um lado trata-se de uma ideia bastante utópica e sonhadora, 
por outro lado, a efetivação dos direitos remete a várias questões práticas que têm 
influência direta na nossa vida cotidiana. Além disso, como conciliar a ideia filosófica 
de que os direitos humanos existem desde sempre, pois estão inevitavelmente 
associados à própria existência do ser humano, e a possibilidade de progresso das 
condições e da consequente libertação do gênero humano da opressão e das 
injustiças que os direitos humanos podem promover na medida em que passam a ser 
reconhecidos? Este paradoxo explica porque os direitos humanos foram considerados 
por muito tempo como um capricho de sonhadores incorrigíveis. 
10 ARTIGOS DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS: 
Artigo 1° 
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. 
Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito 
de fraternidade. 
 
Artigo 2° 
 
20 
 
Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades 
proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, 
de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional 
ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. 
Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, 
jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse 
país ou território independente, sob tutela, autônomo ou sujeito a alguma limitação de 
soberania. 
 
Artigo 3° 
Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. 
 
Artigo 4° 
Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato 
dos escravos, sob todas as formas, são proibidos. 
 
Artigo 5° Ninguém será submetido à tortura nem a penas ou tratamentos 
cruéis, desumanos ou degradantes. 
 
Artigo 6° 
Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento, em todos os lugares, da 
sua personalidade jurídica. 
 
Artigo 7° 
Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual proteção da 
lei. Todos têm direito a proteção igual contra qualquer discriminação que viole a 
presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. 
 
Artigo 8° 
Toda a pessoa tem direito a recurso efetivo para as jurisdições nacionais 
competentes contra os atos que violem os direitos fundamentais reconhecidos pela 
Constituição ou pela lei. 
 
Artigo 9° 
 
21 
 
Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado. 
 
Artigo 10° 
Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja 
equitativa e publicamente julgada por um tribunal independente e imparcial que decida 
dos seus direitos e obrigações ou das razões de qualquer acusação em matéria penal 
que contra ela seja deduzida. 
 
Artigo 11° 
1- Toda a pessoa acusada de um ato delituoso presume-se inocente até que 
a sua culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo 
público em que todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam 
asseguradas. 
2- Ninguém será condenado por ações ouomissões que, no momento da sua 
prática, não constituíam ato delituoso à face do direito interno ou 
internacional. Do mesmo modo, não será infligida pena mais grave do que 
a que era aplicável no momento em que o ato delituoso foi cometido. 
 
Artigo 12° 
 Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na sua família, 
no seu domicílio ou na sua correspondência, nem ataques à sua honra e reputação. 
Contra tais intromissões ou ataques toda a pessoa tem direito a proteção da lei. 
 
Artigo 13° 
1- Toda a pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua 
residência no interior de um Estado. 
2- Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, 
incluindo o seu, e o direito de regressar ao seu país. 
 
Artigo 14° 
1- Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de 
beneficiar de asilo em outros países. 
 
22 
 
2- Este direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo realmente 
existente por crime de direito comum ou por atividades contrárias aos fins e 
aos princípios das Nações Unidas. 
 
Artigo 15° 
1- Todo o indivíduo tem direito a ter uma nacionalidade. 
2- Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem do 
direito de mudar de nacionalidade. 
 
Artigo 16° 
1- A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar e de 
constituir família, sem restrição alguma de raça, nacionalidade ou religião. 
Durante o casamento e na altura da sua dissolução, ambos têm direitos 
iguais. 
2- O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno consentimento 
dos futuros esposos. 
3- A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à 
proteção desta e do Estado. 
 
Artigo 17° 
1- Toda a pessoa, individual ou coletiva, tem direito à propriedade. 
2- Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua propriedade. 
 
Artigo 18° 
Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de 
religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim 
em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos. 
 
Artigo 19° 
Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que 
implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e 
difundir, sem consideração de fronteiras, informações e ideias por qualquer meio de 
expressão. 
 
 
23 
 
Artigo 20° 
1- Toda a pessoa tem direito à liberdade de reunião e de associação pacíficas. 
2- Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação. 
 
Artigo 21° 
1- Toda a pessoa tem o direito de tomar parte na direção dos negócios públicos 
do seu país, quer diretamente, quer por intermédio de representantes 
livremente escolhidos. 
2- Toda a pessoa tem direito de acesso, em condições de igualdade, às 
funções públicas do seu país. 
3- A vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos: e 
deve exprimir-se através de eleições honestas a realizar periodicamente por 
sufrágio universal e igual, com voto secreto ou segundo processo 
equivalente que salvaguarde a liberdade de voto. 
 
Artigo 22° 
Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social; e 
pode legitimamente exigir a satisfação dos direitos econômicos, sociais e culturais 
indispensáveis, graças ao esforço nacional e à cooperação internacional, de harmonia 
com a organização e os recursos de cada país. 
 
Artigo 23° 
1- Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a 
condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à proteção contra o 
desemprego. 
2- Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho 
igual. 
3- Quem trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e satisfatória, que 
lhe permita e à sua família uma existência conforme com a dignidade 
humana, e completada, se possível, por todos os outros meios de proteção 
social. 
4- Toda a pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de 
se filiar em sindicatos para defesa dos seus interesses. 
 
 
24 
 
Artigo 24° 
Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres, especialmente, a uma 
limitação razoável da duração do trabalho e as férias periódicas pagas. 
 
Artigo 25° 
1- Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar 
e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, 
ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos 
serviços sociais necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na 
doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de 
meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade. 
2- A maternidade e a infância têm direito a ajuda e a assistência especiais. 
Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozam da 
mesma proteção social. 
 
Artigo 26° 
1- Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo 
menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino 
elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional dever ser 
generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos 
em plena igualdade, em função do seu mérito. 
2- A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao 
reforço dos direitos do Homem e das liberdades fundamentais e deve 
favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações 
e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o desenvolvimento das 
atividades das Nações Unidas para a manutenção da paz. 
3- Aos pais pertence a prioridade do direito de escolher o gênero de educação 
a dar aos filhos 
 
Artigo 27° 
1- Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cultural da 
comunidade, de fruir as artes e de participar no progresso científico e nos 
benefícios que deste resultam. 
 
25 
 
2- Todos têm direito à proteção dos interesses morais e materiais ligados a 
qualquer produção científica, literária ou artística da sua autoria. 
 
 
 
Artigo 28° 
Toda a pessoa tem direito a que reine, no plano social e no plano internacional, 
uma ordem capaz de tornar plenamente efetivos os direitos e as liberdades 
enunciadas na presente Declaração. 
 
Artigo 29° 
1- O indivíduo tem deveres para com a comunidade, fora da qual não é 
possível o livre e pleno desenvolvimento da sua personalidade. 
2- No exercício deste direito e no gozo destas liberdades ninguém está sujeito 
senão às limitações estabelecidas pela lei com vista exclusivamente a 
promover o reconhecimento e o respeito dos direitos e liberdades dos outros 
e a fim de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do 
bem-estar numa sociedade democrática. 
3- Em caso algum estes direitos e liberdades poderão ser exercidos 
contrariamente e aos fins e aos princípios das Nações Unidas. 
 
Artigo 30° 
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada de maneira 
a envolver para qualquer Estado, agrupamento ou indivíduo o direito de se entregar a 
alguma atividade ou de praticar algum ato destinado a destruir os direitos e liberdades 
aqui enunciados. 
11 A ORIGEM E FORMAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS INDIVIDUAIS 
NO BRASIL 
No Brasil, o Estado nacional foi um projeto implantado pelas elites políticas, 
desde o Brasil Reinado, passando pelo Brasil Imperial, até a instalação da República. 
O povo brasileiro não teve participação direta nesse processo de formação do Estado 
 
26 
 
nacional. Assim, os direitos fundamentais, tal como aparecem pela primeira vez na 
Constituição Imperial de 1824, foram outorgados pelas elites políticas e adquiriram 
pouca efetividade. 
Nesse contexto histórico, a cidadania foi privilégio de poucos e ainda hoje se 
encontra em um processo de formação que se dá em decorrência dos movimentos 
sociais e populares que fazem surgir os direitos fundamentais.No Brasil, desde seu nascimento como Estado independente, foram os 
movimentos sociais que deram sentido e efetividade aos direitos fundamentais e à 
cidadania. 
Verificou-se, em nosso processo histórico, uma inversão, pela qual os direitos 
fundamentais criados nos textos constitucionais, doados de cima para baixo pelas 
elites, nunca foram conhecidos pela população e adquiriram muito pouca efetividade. 
Somente na atualidade os movimentos sociais geram e tornam efetivos alguns direitos 
fundamentais existentes no País. 
Essa inversão, aparentemente contrária a quase tudo o que se tem dito e 
ensinado sobre direitos fundamentais da pessoa humana no Brasil, procura denunciar 
a teoria individualista dos direitos humanos, a qual, sob a roupagem da subjetividade, 
banalizou conquistas históricas da população brasileira, esvaziando os direitos 
humanos em seu significado político e jurídico. Quando um povo não produz os 
movimentos revolucionários ou perde a memória histórica de movimentos populares 
que geraram direitos fundamentais, pode-se dizer que perdeu parte de sua soberania 
e cidadania. 
Quando os direitos fundamentais não decorrem de conquistas sociais e 
populares, mas são concedidos em Cartas Constitucionais, num movimento vertical 
de normatização que não conta com a efetiva participação popular no processo 
legiferante, como ocorreu no Brasil, eles tornam-se meras ideologias, que banalizam 
os significados dos direitos fundamentais e ocultam seu significado jurídico e político. 
A possibilidade de tal reflexão só foi possível ao nos depararmos com a situação 
histórica e atual dos direitos fundamentais da pessoa humana no Brasil. Trata-se de 
se admitir uma dura realidade: a cidadania e os direitos fundamentais no Brasil jamais 
alcançaram o sentido histórico, político e jurídico que representaram nos países 
europeus ou nos Estados Unidos da América do Norte. E isso se deve, por um lado, 
à habilidade de nossas elites políticas de protagonizar um processo civilizatório 
patrimonialista e patriarcal e, por outro, à baixa adesão da população a movimentos 
 
27 
 
sociais, quase sempre derrotados e apagados ou desfigurados em sua importância 
histórica e política. 
Nos estados nacionais europeus ou mesmo nos Estados Unidos da América 
do Norte, as revoluções burguesas foram decorrência do efetivo exercício da 
cidadania e fizeram surgir declarações de direitos. 
No Brasil, onde o projeto de Estado nacional foi criado artificialmente por uma 
elite política imperial, não se verificou o efetivo exercício da cidadania em seus 
primeiros séculos de existência. Dessa forma, não houve no País uma revolução 
burguesa e os direitos fundamentais foram importados de constituições e declarações 
de direitos de nações europeias ou norte-americana. 
A ideia de cidadania possui uma origem muito antiga, mas que foi reconstruída 
e aperfeiçoada em diferentes momentos da história da civilização ocidental, até tornar-
se um conceito fundamental na luta pela reconstrução dos Estados absolutistas em 
Estados democráticos, nos séculos XVII e XVIII. 
11.1 A Origem Do Conceito De Cidadania E Sua Importância Para O Advento 
Dos Estados Modernos 
A origem do conceito de cidadania é grega. Foi em Atenas, aproximadamente 
no VIII século a. C., que surgiu no Mediterrâneo uma experiência singular: a ideia de 
Polis, espécie de cidade autônoma, independente e soberana que era governada, em 
última instância, por uma Assembleia de Cidadãos (politai). É verdade que essa 
Assembleia de Cidadãos não contava com a participação de todos, mas apenas dos 
homens livres e nascidos na própria Polis. Daí decorria que cidadão entre os gregos 
antigos era o homem livre, senhor de si e que tinha direito de participar da Assembleia 
de Cidadãos. Esse direito de participar da politica, portanto, não era extensivo aos 
escravos, mulheres e crianças, mas apenas aos homens livres que exerciam a prática 
do direito de decidir sobre os destinos políticos, culturais e econômicos da Polis. A 
esse direito de participar da politai e influenciar nos destinos políticos, culturais e 
econômicos da cidade se podia compreender como cidadania na Polis grega antiga. 
Então, como foi possível que uma invenção tão antiga como a cidadania, nascida na 
Grécia há mais de 2.500 anos, chegou até os dias atuais, adquirindo características 
próprias e assumindo importância sine qua non para a vida dos Estados democráticos 
 
28 
 
modernos? Como esse instituto da cidadania foi fundamental para a construção dos 
Estados nacionais e dos Estados modernos? 
A resposta para a primeira questão deve ser encontrada na historicidade dos 
movimentos sociais dos povos europeus, e que, mais tarde, estendeu-se por todo o 
mundo ocidental. Ocorre que a experiência grega de cidadania, entre outras 
descobertas do povo grego antigo, influenciou Roma. Os romanos, depois de terem 
vivenciado experiências de reinados por um longo período de sua história, fizeram de 
Roma uma cidade poderosa belicamente a qual expandiu seus domínios para além 
de seu território peninsular. Contudo, ao conquistarem a Grécia, os romanos foram 
por ela conquistados, porquanto, apesar de seu grande poderio militar, sob o aspecto 
cultural, filosófico e político encontravam-se muitos séculos de atraso em relação aos 
gregos. 
Os romanos logo perceberam essa verdade e passaram a receber significativa 
influência do mundo grego em sua vida cultural, política e filosófica. A elite romana 
enviava os filhos para estudarem filosofia, oratória e retórica em Atenas. E não era só 
isso: a arte da medicina, da arquitetura, da pedagogia, tudo era estudado em Atenas 
ou contava com a participação de mestres gregos. Esse encontro da cultura greco-
romana ficou conhecido como helenismo. 
Roma tornou-se, sob vários aspectos, uma extensão do mundo grego antigo e, 
em decorrência da expansão do Império, introduziu entre os povos europeus (então 
denominados bárbaros) muitos de seus valores culturais, jurídicos e econômicos. O 
cidadão romano possuía um status diferenciado dos demais povos conquistados. 
Adquirir cidadania romana implicava em transitar livremente por todo o Império 
Romano sem ser detido ou molestado. Esse processo histórico, como se sabe, 
perdurou por vários séculos, até a queda de Roma, no século V d. C. e o início da 
Idade Média. 
Com o advento da Idade Média, a ideia de cidadania quase desapareceu, 
porquanto o fim do Império Romano significou também um período de fragmentação 
política e cultural, propiciando o predomínio político gradual da Igreja Católica. 
Nos períodos da alta à média Idade Média, as vilas e cidades europeias 
formaram-se aos pés dos mosteiros e igrejas. A vida dos homens ilustres e letrados 
formava-se sob a influência das ordens religiosas. Os destinos políticos das cidades 
já não eram decididos pelas Assembleias dos Cidadãos, mas pela autoridade religiosa 
e pelo poder secular, exercido por um príncipe ou rei coroado pelo Papa. Nesse 
 
29 
 
cenário, a ideia de cidadania foi substituída pela ideia de súdito, que representava o 
homem livre submetido ao poder político do Rei. Contudo, a ideia de cidadania 
ressurgiria por volta do século XIV com o Renascimento. 
Como se sabe, este representou um retorno de muitos dos valores culturais, 
jurídicos e filosóficos que eram próprios ao mundo greco-romano. A partir de então, 
as cidades e vilas europeias deram início a um lento e gradual processo de 
emancipação política em relação ao poder exercido pela Igreja Católica. Ora, esse 
processo emancipatório das cidades e vilas europeias deu-se por meio dos 
movimentos sociais, entre os quais um de grande importância foi a Reforma 
Protestante, verificada no início de 1517 a partir das teses de Martinho Lutero. Para a 
resposta à segunda indagação, isto é, de que forma esse instituto da cidadania foi 
fundamental para a construção dos Estados nacionais