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iStock 2018 ED – CULTURA BRASILEIRAED – CULTURA BRASILEIRA 1 Fundamentação Teórica A formação do povo brasileiro Neste livro didático, trataremos da gestação da cultura brasileira, baseando-se na obra de Darcy Ribeiro, O Povo Brasileiro: a formação e o sentido do Brasil, publicada pela primeira vez em 1995 A primeira questão a ser abordada neste ED é que toda cultura dita “nacional” desconsidera a existência de um ou mais povos, de algumas línguas, além de costumes e comportamentos que traduzem a cultura e a noção de pertencimento da população a um território. iStock 20182 Assim, o estudo da cultura brasileira implica compreender a relação entre: Essas são a base matricial da cultura brasileira (indígena, portuguesa e africana), além de outras que foram representativas dos contingentes populacionais advindos com os fluxos migratórios do século XX. Saiba Mais iStock 20183 Para Ribeiro (2006), as variadas matrizes formadoras do povo brasileiro podiam ter gerado uma sociedade dilacerada, apegada a etnicidades, mas aconteceu justamente o contrário. Apesar da múltipla ancestralidade, os grupos sociais não se diferenciaram em “antagônicas minorias raciais, culturais ou regionais, vinculadas a lealdades étnicas próprias” (p. 18). O autor afirma que a lealdade étnica ocorre apenas em algumas “microetnias”, cuja existência não afeta o destino nacional. O educador, etnólogo e político Darcy Ribeiro ressalta que a unidade étnica básica do povo brasileiro não se refere a nenhuma uniformidade e, também, não deve nos cegar em relação às disparidades, às contradições e aos antagonismos existentes no cotidiano de nossa população. Na visão do autor, a análise do processo de miscigenação brasileiro esconde, na realidade, uma profunda distância social entre os grupos que compõem essa sociedade. iStock 20184 Na maioria das sociedades ocidentais que temos estudado, o projeto político de fundar um povo nunca ocorreu de forma harmônica ou equilibrada. Ou seja, pode-se afirmar que tal proposta ocorre, geralmente, com o uso da força e a imposição de violência por parte dos grupos hegemônicos contra as classes menos favorecidas e grupos sociais historicamente marginalizados. iStock 20185 Ribeiro (2006) aponta que para entender a questão da diversidade sociocultural de nosso povo é necessário observar três forças: a ecológica, a econômica e a imigração. Explore a galeria e conheça cada uma delas • Força ecológica A força ecológica é importante para o autor porque fez surgir diferentes paisagens, “onde as condições de meio ambiente obrigaram a adaptações regionais” (RIBEIRO, 2006, p. 18). iStock 20176 Para o autor, os diversos modos de ser brasileiro estão muito mais marcados pelo que esse povo tem em comum do que pelas diferenças étnicas, regionais ou funcionais da nossa sociedade. Para Ribeiro (2006, p. 19): Conquanto diferenciados em suas matrizes raciais e culturais e em suas funções ecológico-regionais, bem como nos perfis de descendentes de velhos povoadores ou de imigrantes recentes, os brasileiros se sabem, se sentem e se comportam como uma só gente, pertencente a uma mesma etnia. Vale dizer, uma entidade nacional distinta de quantas haja, que fala uma mesma língua, só diferencia sotaques regionais, menos remarcados que os dialetos de Portugal. iStock 20187 Para compreender o que o debate acadêmico chama de cultura brasileira, precisamos ter em mente a confluência das matrizes que, na visão do autor, se dá sob a regência dos portugueses. Esse processo de confluência ocorreu a partir da fusão de matrizes étnico-raciais diversas, com tradições culturais singulares, para dar lugar a um povo novo, “inclusive, pela inverossímil alegria e espantosa vontade de felicidade, num povo tão sacrificado, que alenta e comove a todos os brasileiros” (RIBEIRO, 2006, p. 17) Saiba Mais iStock 20188 Faz-se necessário salientar ainda que a visão de Ribeiro (2006) representa a cultura brasileira como uma fotografia de um determinado período histórico e antropológico do Brasil. Como toda cultura, ela passa por transformações ao longo do tempo. Isso pode ser observado na obra: Tanto em relação às configurações de produção e de trabalho descritas. Quanto em relação às questões comportamentais e às relações interpessoais encontradas em nosso povo, como se infere quando Ribeiro trata da “alegria” do brasileiro, a ponto de descrevê-la como um traço cultural. Passamos agora a compreender cada uma dessas matrizes que formam o povo brasileiro. iStock 20189 A herança cultural indígena Vamos começar pela matriz indígena. A etnóloga e indigenista Manuela Carneiro da Cunha é quem nos elucida sobre as estimativas da população autóctone em 1492, ou seja, a população ameríndia que ocupava nosso território antes da invasão portuguesa. Cunha (2012) afirma que, apesar dos dados serem considerados controversos, foi Denevan (1976 apud CUNHA, 2012) que avaliou em 6,8 milhões a população autóctone da Amazônia, Brasil central e costa nordeste do país neste período. Baseando-se ainda nesse pesquisador, a autora pondera que: A densidade demográfica chegava a 14,6 habitantes/km no Brasil. A península ibérica, na mesma época, teria a densidade demográfica de 17 habitantes/km (CUNHA, 2012, p. 16-17). 2 2 iStock 201810 Por má consciência e boas intenções, a autora nos demonstra que imperou até bem pouco tempo a noção de que os índios foram vítimas de uma política. Entretanto, não há dúvidas de que os índios foram atores políticos importantes de sua própria história também e que, nos interstícios da política indigenista, foi possível vislumbrar algo do que foi a política indígena: Um modo de organização social e político impresso pelos próprios grupos indígenas, segundo suas perspectivas e interesses. A percepção de uma política indígena e de uma consciência histórica em que os índios são sujeitos, e não apenas vítimas, só é nova para nós. A política indigenista foi se consolidando ao longo dos séculos XVI, XVII e XVIII pela via da associação de interesses ocultos dos colonizadores às necessidades explícitas dos indígenas, tendo por finalidade as mais diferentes trocas comerciais. iStock 201811 Quais eram os indígenas brasileiros no início da colonização? O mapa a seguir nos oferece um esquema bastante didático sobre a diversidade étnico-cultural da população ameríndia em nosso país. Neste mapa, ressalta-se os troncos ou as famílias linguísticas que deram origem à diversidade sociocultural dos povos ameríndios no Brasil: família Tupi- Guarani; família Macro-Jê ou Jê, as mais numerosas, e as famílias Aruak, Carib, Pano, Tucano e Charrua, ao sul do país na fronteira entre o Rio Grande do Sul e o Uruguai. Clique na imagem a seguir para ampliá-la. Não se pode, no entanto, afirmar a localização exata da ocupação territorial original por parte desses indígenas, uma vez que sabemos que muitos grupos podem sazonalmente sair de uma área e ocupar outra. Isso ocorre desde tempos imemoriais e tem como finalidade a busca por melhores condições de convivência com o meio ambiente, uma vez que os próprios indígenas entendem que após anos de exploração as terras, rios e florestas podem ter baixas em suas reservas bioenergéticas. Povos indígenas no século XVI e seus territórios atuais Fonte: Ventura (2008, [s.p.]). iStock 201812 Para saber mais sobre a herança cultural indígena no Brasil, explore a linha do tempo a seguir. 1808 1832 1850 iStock 201813 Os indígenas: Deram nome a nossa topografia (formas de relevo – a exemplo da Serra da Bocaina). Deixaram hábitos alimentares, como os produtos à base de mandioca, milho e amendoim. Deixaram lendas e uma mitologia própria. Muitas de nossas técnicas e práticas produtivas tradicionais estão fundamentadas em saberes indígenas, baseadas no cultivo e no preparo da mandioca, do milho, da abóbora e das batatas, além das técnicas de caça e pesca. Há também o tipiti, espécie de espremedor ou prensa de palha trançada, e o torrador de cerâmica, usado notratamento da farinha de mandioca. iStock 201814 Na região Norte, por exemplo, muito dos hábitos alimentares derivam da forte herança da cultura indígena. O peixe e a mandioca são a base da alimentação, sendo utilizados para a preparação de diferentes pratos, como o tacacá, uma sopa feita a partir do tucupi (caldo amarelo) e da goma, ambos extraídos da mandioca, sendo que se acrescenta à base o jambu (erva amazônica) e o camarão seco. Servido quente em cuias, essa iguaria amazônica é encontrada nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará e Rondônia. Foi o saber indígena, também, que possibilitou a domesticação da mandioca brava, isto é, a conversão de um tubérculo venenoso em um alimento comestível, fazendo que tal raiz pudesse ser consumida pelo homem (RIBEIRO, 2006). E hoje, a farinha de mandioca está presente na mesa de brasileiros de diferentes regiões do país. iStock 201815 A herança cultural portuguesa Neste momento, abordaremos a influência da matriz europeia na formação do povo brasileiro. Darcy Ribeiro descreve essa civilização como urbana, classista, cujo centro de decisão estava em Lisboa (RIBEIRO, 2006). Para o autor, outra instituição poderosa em Portugal era a Igreja católica e aquilo que pode ser considerado o seu braço repressivo: o Santo Ofício. Assim como em Portugal, pairava sobre Espanha, Inglaterra e Holanda a legitimação e a sacralização de um empreendimento mundial e dispersor da fé cristã, que agia em nome de um vasto clero, assentado em inúmeras igrejas e conventos. Para Ribeiro, o poderio português advindo das transformações do mercantilismo estava fundado especialmente nas novas tecnologias incorporadas à nau oceânica: o uso das velas de mar alto na navegação, o leme fixo, a bússola, o astrolábio (instrumentos e técnicas desenvolvidas pelos árabes) e, sobretudo, o conjunto de canhões de guerra. iStock 201816 “O motor dessa expansão era o processo civilizatório que deu nascimento a dois Estados nacionais: Portugal e Espanha, que buscavam de constituir-se, superando o fracionamento feudal que sucedera à decadência dos romanos” (RIBEIRO, 2006, p. 35). A colonização implicou em novas configurações histórico-culturais de algumas áreas e, nestas, esse modelo político- econômico subjugou populações bem maiores que as da Europa. O empreendimento da colonização, porém, não foi apenas uma política de Estado, pois mesmo antes da invasão do Brasil, o Vaticano, em 1454, por meio da bula escrita pelo papa Nicolau V, estabelecia as normas básicas da ação colonizadora. iStock 201817 Para Ribeiro (2006), foi a instituição familiar, principalmente a família caracterizada como extensa, comum aos povos indígenas, que deu início à formação do povo brasileiro por meio do cunhadismo. Para conter o cunhadismo que ameaçava a hegemonia da Coroa portuguesa em território brasileiro, colocou-se em execução o regime de donataria, dividindo o território que estaria controlado por um governo geral via capitanias hereditárias, em 1532. “Quase todos os contemplados vieram tomar posse com a função de povoá-las e fazê-las produzir, elevando a economia colonial a um novo patamar” (RIBEIRO, 2016, p. 76). Saiba Mais iStock 201818 O autor dirá que a expansão do domínio português em terras brasileiras foi trabalho dos “brasilíndios” ou mamelucos. Os mamelucos eram gerados por pais brancos, a maioria deles lusitanos, e mulheres índias. “Nossos mamelucos ou brasilíndios foram, na verdade, a seu pesar, heróis civilizadores, serviçais del-rei, impositores da dominação que os oprimia” (RIBEIRO, 2006, p. 97). iStock 201819 Com relação ao idioma, o tupi foi a língua materna de uso corrente até a reforma pombalina, em 1759. Com o processo de colonização, o tupi se expandiu mais que o português. Conforme Ribeiro (2006, p. 109): [...] a língua geral, o nheengatu, que surge no século XVI do esforço de falar o tupi com boca de português, se difunde rapidamente como a fala principal tanto dos núcleos neobrasileiros como dos núcleos missionários. No norte da Amazonas, por exemplo, o nheengatu foi falado até o século XX. Clique na palavra em destaque para saber mais. iStock 201820 Ao longo dos séculos, as técnicas europeias foram sendo incorporadas em território brasileiro. Veja a seguir alguns instrumentos provindos da tecnologia europeia: • Machados, facas, facões, foices, enxadas, anzóis (todos de ferro). • Armas de fogo. • Aparelhos mecânicos (a prensa). • Monjolo e moenda. • Carro de boi. • Roda hidráulica. • Tear composto. • Descaroçador de algodão. • Tachos e panelas. • Animais domésticos: galinhas, porcos, bois, cavalos. As casas foram, ao longo do processo colonizador, reduzindo de tamanho em comparação às chamadas “malocas indígenas”. Além disso, as técnicas de edificações dos colonizadores eram diferentes das técnicas indígenas: eram empregados taipa e adobe cru na construção das casas mais humildes; tijolos, pedras, cal e telhas nas casas senhoriais e construções públicas no século XIX (RIBEIRO, 2006, p. 111). iStock 201821 Estas modificações na construção introduziram gostos europeus que se traduziram nas mobílias: mesas, bancos, armários e oratórios. Somado a isso, houve a introdução de técnicas de preparo e de uso do sal, do sabão, da aguardente, das lâmpadas de azeite, dos couros curtidos, de remédios, de sandálias e de chapéus, conforme afirma Ribeiro (2006). As camadas da população que se tornavam mais abastadas logo foram se desligando das tarefas produtivas, afirma o autor. Essa nova classe era formada pelos setores letrados, que foram incorporando os traços da cultura lusitana considerada “erudita”. Essa camada social era composta por Burocráticos Religiosos Financeiros iStock 201822 Os portugueses trouxeram um novo estilo de vida e costumes para o Brasil, influenciando na alimentação, no mobiliário (os oratórios, por exemplo), na arte e na arquitetura, mas também na forma como os brasileiros se comportavam. Não se pode também minimizar a influência do catolicismo e sua crença (baseada na Santíssima Trindade e na crença de santos) na forma como pensam e agem os brasileiros. A culinária dos colonizadores também foi trazida para o Brasil, pois os pratos típicos brasileiros foram adaptações do paladar dos colonizadores às condições da colônia, além do fato de alguns pratos portugueses terem sido incorporados ao longo do tempo aos hábitos brasileiros, como o pudim e os pratos com bacalhau. A cachaça brasileira é uma adaptação da bagaceira portuguesa (aguardente derivada do bagaço da uva). Saiba Mais iStock 201823 A herança cultural africana Apesar de os historiadores admitirem que os dados sobre o tráfico de africanos para o Brasil, entre os séculos XVI e XVII, são pouco consistentes, há que se reconhecer a relação profunda entre a África central ocidental e o nosso país (KNIGHT, 2011; VANSINA, 2011). iStock 201824 Segundo Knight (2011), sendo escravos ou homens livres, os africanos e afro-americanos contribuíram para domesticar grande parte de toda a extensão selvagem do continente americano, chegando a afirmar: “Qualquer que tenha sido o número de africanos em tal ou qual país, a África imprimiu, na América, a sua marca profunda e indelével” (KNIGHT, 2011, 877, grifo nosso). Desde o fim do século XVII, a Coroa portuguesa já não tinha muito controle sobre o comércio de escravos, que ficou na mão de quimbares e ovimbares (melhor identificados como africanos descendentes de portugueses), além do domínio propriamente dos brasileiros (VANSINA, 2011). Partindo deste estudo, pode-se compreender que os escravistas brasileiros agiam por intermédio dos agentes afro-portugueses em Luanda e Benguela. O autor afirma que os brasileiros passaram a dominar totalmente o comércio de escravos em Angola de 1648 a 1730. Além do trânsito de pessoas e ideias da África para o Novo Mundo, muitas plantas saíam da América para a África central ocidental (VANSINA, 2011). Foram elas: milho, amendoim, mandioca, feijão e tabaco. Estabelecia-se, portanto,uma lucrativa rota comercial e, sobretudo, criava-se entre o Brasil e esta parte da África uma dependência econômica e social sem igual. iStock 201825 O mapa a seguir mostra a visão geral do tráfico de escravos partindo da África entre os anos 1500 a 1900. Clique para ver com mais detalhes Fonte: ELTIS, David, e RICHARDSON, David. Atlas of the Transatlantic Slave Trade. New Haven & Londres: Yale University Press, 2010: Disponível aqui Acesso em: 25 out. 2017. iStock 201826 https://tracingafricanroots.files.wordpress.com/2016/01/commerce-triangulaire.jpg Com o declínio dos reinos africanos (entre eles os reinos do Congo, Matamba e N´gola [Angola]), por conta da crise colonial no século XVIII, houve o fortalecimento das redes comerciais, o que possibilitou o tráfico de mais de 6 milhões de africanos para outros continentes – o que é conhecido como diáspora africana. Somente neste século um milhão e oitocentos mil vieram para o Brasil, 31,3%. (VANSINA, 2011). A mortalidade atingia de 10 a 15% dos que embarcavam rumo ao Novo Mundo – a oscilação do percentual está atrelada ao grau de amontoamento em que os africanos eram transportados nos navios negreiros. Com base nesses dados sobre o tráfico, o autor é enfático ao afirmar que Angola dependia economicamente do Brasil e, por volta de 1800, 88% dos rendimentos desta nação africana provinham do tráfico de pessoas para o território brasileiro (VANSINA, 2011). iStock 201827 Segundo Knight (2011), na América, no início do século XIX, a população de afro-americanos chegava a 8,5 milhões entre homens livres e escravos. Destes, podemos dizer que: Somado a isso, houve a introdução de técnicas de preparo e de uso do sal, do sabão, da aguardente, das lâmpadas de azeite, dos couros curtidos, de remédios, de sandálias e de chapéus, conforme afirma Ribeiro (2006). 2 milhões se encontravam nos EUA e nas Antilhas. 2,5 milhões se encontravam no Brasil. 1,3 milhões se encontravam na América espanhola continental. iStock 201828 Segundo o autor, os africanos influenciaram fortemente as regiões de latifúndio e toda a margem atlântica da América, desenvolvendo os mais variados tipos de produção e desempenhando todos os papéis sociais possíveis: Eles foram pioneiros e conquistadores, piratas e bucaneiros, gaúchos, llaneros, bandeirantes, proprietários de escravos, negociantes, domésticos e escravos(...). Antes da abolição definitiva da escravatura no Brasil, em 1888, a maioria dos africanos das Américas era escrava e eram eles quem cumpriam a maior parte dos trabalhos manuais e dos serviços que exigiam um esforço físico, frequentemente estafante, sem os quais as colônias, possessões e nações não teriam sido capazes de alcançar a prosperidade econômica. (KNIGHT, 2011, p. 877, grifo nosso) Segundo Vitorino (2014), “Knight (2011) afirma que P. D. Curtin é quem melhor oferece uma imagem global deste fluxo de africanos, chegando à cifra de 10 milhões de escravizados. Retificando este total, há a pesquisa de E. D. Genovese, entre outros pesquisadores, que aumentou esta estimativa para 20 a 30%, ou seja, cerca de 12 a 13 milhões”. iStock 201829 Os africanos que chegaram ao Brasil tiveram suas especificidades culturais e identitárias obscurecidas. A princípio, eles eram identificados pelos nomes dos portos de onde eram embarcados. Com o aumento da intensidade do comércio, os colonizadores passaram a identificá-los por suas proximidades linguísticas. Os portugueses tinham consciência da existência da diversidade cultural de grupos africanos, por isso ocorreu de alguns povos africanos, de mesma família linguística, serem arbitrariamente categorizados pela ideia de nações (conceito em uso pelos portugueses da época), que pressupunha certas fronteiras. Foram os casos dos: Eles podem ser assim classificados dada a sua proximidade linguística, muito embora se identificassem como grupos étnico- culturais distintos. Em menor quantidade, vieram para o Brasil os africanos do golfo do Benim, entre eles os nagôs, os fon, os ewê, os jêje e os haussas ou malês. Os africanos não foram passivamente incorporados no processo de produção colonial. Eles resistiram muito, com fugas, rebeliões e formação de núcleos comunitários, como os quilombos. iStock 201830 De acordo com Schwarcz e Reis (1996, p. 26), temos inúmeros exemplos da existência de quilombos pelo Brasil. Para conhecê-los, clique no mapa a seguir. iStock 201831 O quilombo dos Palmares nos demonstra também que os africanos trouxeram noções de organização política e social. Ele foi o principal lócus da resistência negra durante todo o século XVII, situado na zona da mata nordestina, na Serra da Barriga, no Estado do Alagoas. Palmares chegou a ter em seu apogeu uma população de 20 mil habitantes e foi destruído em 1694, após inúmeras expedições militares. Muitas foram as práticas de resistência para lidar com a difícil condição do cativeiro, entre elas o suicídio. Muitos dos escravizados viam na morte a única saída para a liberdade: envenenamento, afogamento, enforcamento. Porém, as revoltas foram significativamente mais importantes para esse contexto de resistência e muitas tiveram apoio dos abolicionistas. Saiba Mais iStock 201832 Os africanos também atuaram em muitos ofícios em terras brasileiras. A sangria foi uma terapia muito usada até o início do século XX (PIMENTA, 2003). É de fundamental importância observar que, segundo os dados de Pimenta (2003), a maioria dos sangradores que se oficializaram eram de origem africana (64%). Sendo: 52% escravos (a maior parte deles) 33% libertos Por isso, a autora conclui que eram muitos os africanos que voltavam à África e depois retornavam ao Brasil cuidando de novos escravos. Independentemente do total de africanos que desembarcaram aqui, o Brasil foi o maior importador, chegando possivelmente a 50% do total dos africanos escravizados vindos para a América. iStock 201833 A cultura afro-brasileira é manifesta em muitas áreas da sociedade e da arte. Podemos citar exemplos de comidas e bebidas, tais como: acarajé, angu, bobó, vatapá. A língua também incorporou designações de produtos alimentares, a saber: quiabo, maxixe, jiló e inhame Os instrumentos musicais africanos, como os vários tipos de tambores, foram incorporados também à música popular, assim como ritmos e danças foram ressignificados, como o jongo. Algumas manifestações culturais também foram criadas em território brasileiro sob as tradições africanas, como foi o caso do samba, dos maracatus, dos afoxés, dos maculelês e das congadas. iStock 201834 Para além da culinária, a dança e as festividades populares no Norte são muito expressivas, por exemplo, o tambor de crioula, ou punga, que é uma dança de herança africana que foi trazida e praticada pelos africanos escravizados no Maranhão O tambor de crioula se expressa através da dança pelo ritmo do tambor e a religiosidade em devoção a São Benedito. Além disso, não se podemos esquecer que esses africanos trouxeram outra visão de mundo, e com isso seus contos e suas mitologiaógicas , (tanto a de tradição dos orixás [cultuados pelos africanos nagôs, jêjes, fon], como a de tradição dos inquices [cultuados pelos bantos]). Eles enriqueceram nossas estórias com suas lendas, a mais conhecida é a do Saci-pererê. iStock 201835 No cenário mundial, a expansão do capitalismo industrial no século XIX forçaria o fim do tráfico e do sistema escravista nas Américas, pois o trabalho forçado e não remunerado não era mais atraente para o desenvolvimento desse sistema econômico. As pressões estrangeiras para o fim da escravidão no Brasil se fizeram mais fortes a partir de 1850, fazendo que o Estado nacional fomentasse toda uma propaganda migratória para substituir o trabalho do negro escravizado nas lavouras do café pela mão de obra europeia remunerada, a fim também de promover uma política de embranquecimento da nação. Vamos entender agora como ocorreu esse processo e como ele impactou em novas configurações culturais no Brasil. iStock201836 Fatores históricos e novas configurações culturais A produção da cultura e a diversidade cultural são fenômenos universais e humanos e manifestam a nossa capacidade de elaborar e reelaborar símbolos culturais materiais e imateriais, a exemplo dos diferentes tipos de vestimentas, adornos, organizações políticas, concepções sobre história e religiosidades aportadas pelos povos (GEERTZ, 2008). Esta multiplicidade pode ser observada pela existência das diferentes concepções culturais entre os povos e mesmo na coexistência de diferenças culturais no interior de uma mesma sociedade. No nosso senso comum, costumamos imaginar que as sociedades possuem uma cultura homogênea, isso significa dizer que tendemos a “achar” que dentro de uma sociedade todos os indivíduos se comportam de uma mesma maneira (TODOROV, 1993). Isso fica mais latente quando imaginamos que nas sociedades mais ricas todas as instituições funcionam impecavelmente bem e todos os seus sujeitos seguem os mesmos padrões e se comportam corretamente frente à sociedade. Quando pensamos assim, podemos correr o risco de nos ver com olhos negativos e depreciar a nossa cultura, inclusive a ponto de justificar (sob o senso comum) os nossos “problemas sociais” como resultado da “mistura” do nosso povo, dito de outra forma, da nossa diversidade étnica e cultural Ocorre que a diversidade cultural e étnica é um fenômeno importante e universal, e a convivência com as diferenças mais enriquece, do ponto de vista político, econômico e social, uma nação, do que ase transforma em um fardo social. iStock 201837 No caso do Brasil, a nossa diversidade cultural e populacional é imensa, e concebemos essa heterogeneidade como o resultado do caldeamento cultural dos três povos fundadores: as sociedades indígena, africana e portuguesa no processo histórico da colonização e, evidentemente, não salvo das violências, esse caldeamento produziu toda uma pluralidade, que pode ser vista e vivida nos diferentes hábitos cotidianos, sotaques, alimentação, vestimentas, músicas, cultos religiosos, etc., espalhados pelo nosso país (RIBEIRO, 2006). A cultura é uma manifestação viva, e por isso está em contínua transformação. Para justificar essa ideia basta lembrar que, além da pluralidade de nossa sociedade, outros povos migrantes também vieram enriquecer nossa cultura, principalmente a partir de 1850, quando da proximidade do fim da escravidão no Brasil (LESSER, 2001). iStock 201838 A propaganda de trabalho remunerado e abundante nas lavouras atraiu várias correntes migratórias: Europeias Italianos, espanhóis e alemães. Não europeias Sírios, libaneses e japoneses. Independente da nacionalidade, todos os imigrantes que aportavam aqui vinham em busca de melhores condições de vida, já que a maioria desses povos fugia da fome e da miséria que assolavam os seus países. No entanto, esses imigrantes não encontraram uma terra de cordialidade e de pronta aceitação, muitos enfrentaram o racismo, o preconceito religioso e linguístico, a exemplo dos japoneses. Imigrantes de diferentes países foram submetidos a um sistema de trabalho análogo à escravidão nas lavouras paulistas, como foi o caso dos imigrantes italianos. Em face desses acontecimentos, em 1902 o governo italiano proibiu a imigração subsidiada para o Brasil e, como alternativa à importação de mão de obra, o governo brasileiro selou acordos com o Japão. Em 1908 chegaram os primeiros imigrantes japoneses no porto de Santos, com destino às fazendas de café paulista, enfrentando todo tipo de hostilidade da terra e das gentes (LESSER, 2001). iStock 201839 Costumamos imaginar que somos um povo pacífico, bastante democrático e receptivo às diferenças, e isso se deve à criação de um mito sobre nós mesmos, em que nos vemos como imagem de uma democracia racial, por sermos advindos da “mistura” de diferentes povos; logo, o preconceito de origem e o racismo de cor não fariam parte da nossa identidade nacional. Entretanto, essa própria concepção de identidade nacional não é resultado de um processo “natural”, senão um projeto moldado pelo Estado, a partir dos anos 1930, a fim de conferir um sentimento de unidade à sociedade. Deste modo, podemos entender que tal projeto teria impactado diretamente as populações tradicionais (a exemplo dos aldeamentos indígenas, comunidades negras e campesinas) e os imigrantes, principalmente no tocante aos traços culturais tidos como destoantes da cultura ocidental moderna. Muitas vezes, os dados tradicionais das subculturas fundantes do povo brasileiro, ou advindos com a imigração, desapareceram por meio da perseguição e imposição de abandono dessas práticas, tal como o uso da língua materna, como foi o caso dos imigrantes japoneses e alemães durante o Estado Novo (LESSER, 2001). No entanto, se voltarmos à história, veremos que as diferenças mais somam do que subtraem em nossa sociedade. A vinda de novos imigrantes trouxe consigo um novo aporte que, incorporado à nossa sociedade, adicionou novas cores, valores e ideias a nossa cultura. Como exemplo, podemos citar as ideias revolucionárias anarquistas aportadas pelos imigrantes italianos que, em São Paulo, encabeçaram toda uma luta política em torno dos direitos trabalhistas. iStock 201840 A presença dos imigrantes japoneses e o trabalho agrícola no chamado “cinturão verde” diversificou a oferta de legumes e verduras na mesa e no paladar dos brasileiros. Nas artes marciais, as tradicionais festas das associações étnico-culturais, a culinária japonesa e a cultura J-pop (pop japonês) têm atraído cada vez mais brasileiros não descendentes de japoneses para novos conhecimentos e descobertas (LESSER, 2001). iStock 201841 Não podemos nos esquecer das incorporações e reformulações das culturas estrangeiras à moda brasileira, a exemplo da pizza. Ela foi trazida pelos imigrantes italianos, mas a infinidade de sabores que hoje encontramos no Brasil é uma reinvenção nossa, não podendo ser encontrada na Itália, por exemplo. Podemos encontrar a oferta de sushi em restaurantes e churrascarias de diversas regiões do Brasil (bolinho de arroz envolto em alga, característico da culinária japonesa) e também verificamos as variações deste prato, que não existe nas receitas originárias do Japão (HATUGAI, 2011). A partir desses pequenos exemplos podemos visualizar que a diversidade cultural não é um fenômeno isolado, mas universal e humano, sendo encontrada em todos os povos e na coexistência de diferentes concepções de mundo dentro de uma mesma sociedade. iStock 201842 Os caleidoscópios regionais da cultura brasileira • Região Norte iStock 201843 • Região Nordeste A região Nordeste apresenta, igualmente, uma enorme profusão cultural, como exemplos podem ser citadas as seguintes danças e festas: frevo, nações de maracatu, forró, além de um conjunto de pratos típicos que apresentam heranças culturais indígenas, africanas e portuguesas. A capoeira é uma arte marcial de raiz africana que foi transfigurada em dança pelos negros escravizados no Nordeste, a fim de que pudesse ser praticada por eles, contornando assim as interdições dos senhores de engenho. Mas essa arte-luta representa não só a cultura no Nordeste, ela é uma das marcas da cultura brasileira no mundo todo, conquistando adeptos e praticantes em diferentes continentes. iStock 201844 • Região Centro-Oeste Quando pensamos na região do Centro-Oeste, uma das primeiras ideias que surge é a exuberante beleza natural do Pantanal, mas a cultura desta região conta com uma mestiçagem e sincretismo imenso advindo das populações indígenas brasileiras, paraguaias e bolivianas e a presença de migrantes brasileiros, como os gaúchos, mineiros e paulistas. A culinária regional expressa uma forte fusão cultural que pode ser vista e saboreada no arroz com pequi, na sopa paraguaia (bolo salgado de milho típico do Mato Grosso do Sul), no arroz carreteiro (receita típica do sul do país). Além disso, a cidade de Campo Grande abriga um dos maiores festivais de Bom Odori (festivaljaponês de culto aos antepassados) no Brasil, devido à presença da imigração japonesa no Mato Grosso do Sul (KUBOTA, 2008). iStock 201845 • Região Sudeste Na culinária, as variações são grandes, como a célebre moqueca capixaba do Espírito Santo, o feijão tropeiro (herança culinária das cavalgadas para a ocupação do território desta região), o pão de queijo típico de Minas Gerais, o bolinho de bacalhau (herança portuguesa), o picadinho, o cuscuz paulista e o virado à paulista, além da pizza (herança italiana) e a forte presença da feijoada, nascida nas senzalas do nordeste brasileiro, sendo muito apreciada e consumida na região Sudeste até hoje. iStock 201846 • Região Sul O sul do Brasil é marcado pela cultura indígena guarani brasileira e paraguaia e, por ser o berço de diferentes correntes imigrantes europeias, como portugueses, italianos, alemães e espanhóis, e não europeia, como os libaneses, que tem uma formação cultural singular. Em Foz do Iguaçu, cidade fronteiriça no Estado do Paraná, a imigração libanesa tem suas marcas pela cidade, que podem ser observadas no comércio e na culinária local. O shawarma (xuarma) é um prato típico árabe encontrado em diversos restaurantes e lanchonetes da cidade. A cultura gaúcha do Rio Grande do Sul é fortemente marcada pela presença de imigrantes italianos, portugueses e alemães. O churrasco, prato típico da cultura gaúcha, é apreciado e consumido em todo o Brasil. No entanto, um dos símbolos culturais mais representativos da cultura gaúcha é o chimarrão. Esta bebida de mate, consumida quente, é herança das populações indígenas Guaranis, Kaingang e Quechua da América do Sul. Também encontramos sua versão gelada, o tereré ou tererê, na cultura do Centro-Oeste brasileiro. Este mate gelado foi herdado pelos brasileiros pelo contato com os indígenas paraguaios. Desta forma, pincelando alguns traços regionais desse imenso caleidoscópio cultural, que é a sociedade brasileira, podemos afirmar que a pluralidade – ou seja, a diversidade cultural – é uma das nossas maiores riquezas. E como afirmou o antropólogo Darcy Ribeiro (2006), uma das heranças que o povo brasileiro pode legar à humanidade é justamente essa capacidade de produção de riqueza humana e cultural, que pode ser representada na sabedoria e na beleza da coexistência de tantos povos, tantos brasis, dentro de uma mesma sociedade. iStock 201847 Concluindo O ser humano é um animal cultural que simboliza, classifica, dá sentidos e organiza o mundo à sua volta por meio da produção de cultura. Tal saber é apreendido porque as pessoas produzem e compartilham todo o tipo de conhecimento por meio da transmissão entre diferentes gerações (GEERTZ, 2008). Neste sentido, podemos compreender que todos os sujeitos são produtores e conhecedores de cultura em uma sociedade, independentemente de se tratar da cultura popular apreendida oralmente e corporalmente, a exemplo dos mitos e das danças, ou da cultura formal apreendida no meio escolar. À medida que compreendemos que todas as pessoas possuem cultura, desmitificamos a preconcepção de que a “cultura” só tem valor quando se trata da cultura dita “erudita”. Também poderemos desmistificar, dessa forma, a cultura popular sempre rotulada pelo status de “folclore”. No tocante ao Brasil, a riqueza e variedade das culturas regionais são tão imensas como é o território. A diferença nos apresenta o desafio de nos relacionarmos com o novo; se levarmos a sério o respeito ao diálogo, caminharemos para a ampliação dos nossos horizontes sociais e o desenvolvimento de uma consciência mais humanizada de si e dos outros. Isso não significa que devemos abdicar de todos os nossos modos e costumes em detrimento dos outros, mas significa sim a possibilidade de trocas de ideias e a coexistência de diferentes visões e modos de vida, que podem nos levar a criações culturais novas e inesperadas. iStock 201848 Referências CUNHA, Manuela C. Índios no Brasil: história, direitos e cidadania. São Paulo: Claro Enigma, 2012. GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Editora LTC, 2008. ELTIS, David; RICHARDSON, David. Atlas of the Transatlantic Slave Trade. New Haven & Londres: Yale University Press, 2010. HATUGAI, Érica R. A medida das coisas: japonesidades e parentesco entre associados da Nipo em Araraquara. 2011. 150f. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social) - Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2011. KNIGHT, F. W. A Diáspora Africana. In: ADE AJAYI, J.F. (editor). África do Século XIX à Década de 1880. São Paulo: Cortez; Brasília: UNESCO (vol. 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