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2011 Técnica e Gêneros de esculTura Prof.ª Roseli Kietzer Moreira Copyright © UNIASSELVI 2011 Elaboração: Prof.ª Roseli Kietzer Moreira Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 731.735 M835t Moreira, Roseli Kietzer. Técnica e gêneros de escultura/ Roseli Kietzer Moreira. 2ª Ed. Indaial : Uniasselvi, 2011. 203 p. il. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7830-432-4 1. Escultura. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci II. Núcleo de Ensino a Distância III. Título III apresenTação Prezados acadêmicos (a)! Apresentamos os estudos referentes a Técnicas e Gêneros da Escultura. Essa disciplina assume o compromisso de instigar o conhecimento das práticas e da linguagem artística da escultura, mediante a história da arte com o prisma do gênero. A escultura possui um universo fascinante, próprio de sua qualidade tridimensional, que nos propicia a perspectiva de vários ângulos. A criatividade humana se manifesta desde os primórdios e demonstra a perspicaz técnica que os artistas alcançaram com o tempo e a prática. Durante a história, a escultura também gerou suas formas em função da estética e da cultura. As influências histórico-culturais direcionaram as artes, e é por isso que se diz que a Arte é o retrato de uma civilização. A Arte revela os hábitos, o cotidiano, as preferências de cada povo. Vamos conhecer artistas e suas linguagens, para conhecer um pouco de nós mesmos, como humanidade, como parte de uma identidade, que nos define como seres humanos, que sentem, pensam e se relacionam com os outros e com o meio. Bem-vindos! Vamos aos estudos! Prof.ª Roseli Kietzer Moreira IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII UNIDADE 1 – CULTURAS E GÊNEROS ........................................................................................... 1 TÓPICO 1 – CONCEITOS DA ESCULTURA .................................................................................... 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 A ESCULTURA NA ARTE .................................................................................................................. 3 3 ESCULTURA E HISTÓRIA ................................................................................................................ 7 4 GÊNEROS DA ESCULTURA ............................................................................................................. 9 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 17 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 20 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 21 TÓPICO 2 – GÊNEROS E HISTÓRIA ................................................................................................. 23 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 23 2 ESCULTURA CHINESA ...................................................................................................................... 23 3 ESCULTURA INDIANA ..................................................................................................................... 25 4 ESCULTURA AFRICANA ................................................................................................................... 26 5 ESCULTURA PRÉ-COLOMBIANA .................................................................................................. 28 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 32 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 33 TÓPICO 3 – PRIMÓRDIOS DA HUMANIDADE ............................................................................ 35 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 35 2 A ESCULTURA NA PRÉ-HISTÓRIA ............................................................................................... 35 2.1 PALEOLÍTICO SUPERIOR ............................................................................................................. 36 2.2 NEOLÍTICO ..................................................................................................................................... 38 3 A ESCULTURA NA MESOPOTÂMIA ............................................................................................. 42 3.1 ARTE SUMÉRIA .............................................................................................................................. 43 3.2 ARTE ASSÍRIA ................................................................................................................................. 48 3.3 ARTE PERSA .................................................................................................................................... 50 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 54 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 55 UNIDADE 2 – HISTÓRIA E GÊNERO ............................................................................................... 57 TÓPICO 1 – SOBRE A VIDA E A MORTE ......................................................................................... 59 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 59 2 A ESCULTURA NO EGITO ................................................................................................................ 59 3 GRÉCIA: DO ARCAÍSMO AO HELENISMO ................................................................................65 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 73 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 74 TÓPICO 2 - A POLÍTICA E A RELIGIÃO .......................................................................................... 75 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 75 2 ROMA ANTIGA ................................................................................................................................... 75 sumário VIII RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 86 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 87 TÓPICO 3 – O RENASCIMENTO ........................................................................................................ 89 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 89 2 O PERÍODO DA RENASCENÇA ...................................................................................................... 89 2.1 RENASCENÇA E A FIGURA HUMANA.................................................................................... 90 2.2 MICHELANGELO: O ESCULTOR RENASCENTISTA ............................................................ 93 3 ESCULTURA APÓS A RENASCENÇA ............................................................................................ 97 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 104 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 106 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 107 UNIDADE 3 – ARTE E GÊNERO ......................................................................................................... 109 TÓPICO 1 – ESCULTURA DO SÉCULO XVIII E XIX ..................................................................... 111 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 111 2 OS SÉCULOS XVIII E XIX .................................................................................................................. 111 2.1 NEOCLASSICISMO E ROMANTISMO ....................................................................................... 112 2.2 REALISMO E IMPRESSIONISMO ................................................................................................ 115 3 RODIN: O ESCULTOR DA EXPRESSÃO ....................................................................................... 115 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 120 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 121 TÓPICO 2 – O GÊNERO E O SÉCULO XX ......................................................................................... 123 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 123 2 A ARTE MODERNA ............................................................................................................................ 123 3 ARTE CONTEMPORÂNEA ............................................................................................................... 133 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 138 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 139 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 140 TÓPICO 3 – GÊNEROS DA ESCULTURA BRASILEIRA ............................................................... 141 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 141 2 ESCULTURA BRASILEIRA ................................................................................................................ 141 2.1 GÊNERO RELIGIOSO ..................................................................................................................... 141 2.2 NEOCLACISSISMO E ROMANTISMO ....................................................................................... 145 2.3 MODERNISMO ................................................................................................................................ 148 2.4 CONTEMPORANEIDADE ............................................................................................................ 151 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 157 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 158 TÓPICO 4 – ADIÇÃO E TALHA .......................................................................................................... 159 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 159 2 ADIÇÃO ................................................................................................................................................. 159 2.1 PRÁTICA PARA A ESCOLA ......................................................................................................... 163 3 TALHA .................................................................................................................................................... 165 3.1 PRÁTICA PARA A ESCOLA ......................................................................................................... 171 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 174 RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 177 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 178 IX TÓPICO 5 – CONSTRUÇÃO E MOLDAGEM .................................................................................. 179 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 179 2 CONSTRUÇÃO ..................................................................................................................................... 179 2.1 PRÁTICA PARA A ESCOLA ......................................................................................................... 185 3 MOLDAGEM ......................................................................................................................................... 186 3.1 PRÁTICA PARA A ESCOLA ......................................................................................................... 198 RESUMO DO TÓPICO 5........................................................................................................................ 200 AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................201 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 203 X 1 UNIDADE 1 CULTURAS E GÊNEROS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta Unidade, caro(a) acadêmico(a), você estará apto(a) a: • conhecer os conceitos e os gêneros que cercam a escultura como lingua- gem artística; • contemplar a escultura chinesa, indiana, africana e pré-colombiana e seus gêneros; • contextualizar os princípios da escultura na pré-história e na Mesopotâ- mia e suas influências sócio-histórico-culturais e gêneros. Esta Unidade está dividida em três tópicos, sendo que, em cada um deles, você encontrará atividades que contribuirão para sua reflexão e análise dos estudos já realizados. TÓPICO 1 – CONCEITOS DA ESCULTURA TÓPICO 2 – GÊNEROS E HISTÓRIA TÓPICO 3 – PRIMÓRDIOS DA HUMANIDADE 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 CONCEITOS DA ESCULTURA 1 INTRODUÇÃO A escultura era tida como uma das menores das artes. Sempre relacionada à arquitetura, por ter semelhanças na questão da construção e tida como ornamento, somente depois de muito tempo, é que a escultura tem seu reconhecimento como linguagem artística. A escultura surge já na pré-história como uma forma de expressão. Durante toda a história da arte, sofre mudanças e adaptações, segundo as técnicas, os materiais e a proposta estética de cada civilização. Talvez isso seja relevante destacar: cada cultura vive seu instante, propondo a filosofia de vida do cotidiano, e a escultura acompanha essa tendência. Nos dias de hoje, pode nos parecer deveras estranha alguma manifestação escultórica, mas frente à tecnologia, nossa cultura cibernética e vida agitada de metrópoles, a Arte também se exprime diferentemente das suas mostras anteriores. Nossa vida mudou, a Arte acompanha o ritmo e também se modifica. Que os estudos sobre a história da escultura por meio de gêneros possa amparar no entendimento das manifestações artísticas de hoje. Estudar o passado pode ajudar a compreender o presente. 2 A ESCULTURA NA ARTE Escultura é a arte das representações no tridimensional. Volume é sua qualidade inerente, por ocupar um espaço, possuir densidade, um certo peso e massa. Diferente de uma pintura, que simula, por meio de perspectiva de luz e sombra, a tridimensionalidade, a escultura é tridimensional, possui altura, largura e profundidade, pertence ao espaço real. O relevo também faz parte da linguagem escultórica. Relevo pode ser definido como uma forma que se projeta de um plano. Muito usado na arquitetura, é conhecido por alto e baixo relevo. Se o escultor removeu bastante material, a ponto dos elementos parecerem se desprender da base, em que a tridimesionalidade é evidenciada, chamamos de alto-relevo, conforme o exemplo a seguir: UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS 4 FONTE: Disponível em: <http://www.opendemocracy.net/arts/germany_3595. jsp>. Acesso em: 22 abr. 2009. FIGURA 1 – ATENEA E ALCIONEO, 180 a.C. MÁRMORE Mas caso se assemelhe mais a um desenho com pouco volume, será considerado um baixo-relevo. Para exemplificar, temos o seguinte exemplo: FONTE: Disponível em:<http://www.jornallivre.com.br >. Acesso em: 22 abr. 2009 FIGURA 2 – ESTELA MAIA TÓPICO 1 | CONCEITOS DA ESCULTURA 5 Na observação de uma estrutura escultórica, tem-se uma vantagem sobre outras linguagens da Arte. Ao apreciar uma escultura, há várias perspectivas: diversos perfis que proporcionam diversos olhares sobre uma mesma estrutura. Podemos vagar o olhar, indo do mínimo detalhe à visão completa. Nessa descoberta, percebemos luz e sombra, proporções e textura. Se for possível tocar a escultura, nossa percepção se torna mais ampla, pois o tátil pode revelar o material e suas especificidades. Conhecer as técnicas e materiais de escultura será importante para entender a história e a prática dos artistas, além de auxiliar na análise da obra de arte. Iniciemos com as técnicas: a modelagem, a fundição, a construção e a talha. A modelagem tem relação com a adição e advém do acréscimo de materiais, como argila ou cera. Já a fundição tem a ver com moldes e consta de preenchimento de materiais diversos como: cera, cimento, argila líquida, gesso, bronze, silicone etc. A construção é a liga de vários elementos, ou seja, remete à solda de partes do material para criar uma forma completa. E por fim, a talha, que é a ação de esculpir, com ferramentas adequadas até chegar à estrutura final. Já foi possível perceber que a técnica se relaciona com o material. Ao optar por mármore, por exemplo, estará escolhendo a talha, e vice-versa: se preferir a talha só poderá trabalhar com madeira ou pedra. Vamos conhecer agora os materiais, que são os mais diversos: a pedra, a madeira, o gesso, a argila (terracota) e os metais são considerados materiais clássicos, pois foram utilizados desde os primórdios da humanidade. Em pedra temos os mármores, as pedras calcárias, os granitos. Os metais: o bronze, o cobre, o ouro, a prata. É possível usar todo tipo de madeira para escultura, as mais duráveis são o ébano e o jacarandá. Outros materiais também foram utilizados, como será citado no transcorrer dos estudos: pedras preciosas como o jade e outros de origem orgânica como o âmbar e o marfim. O século XX, por suas características industriais e tecnológicas favoreceu uma diversidade de materiais que também são exploradas pelos escultores: plástico, vidro, concreto, metais, papel, fibras sintéticas e outras. Preste atenção para esta questão de nomenclatura: esculturas em argila também são conhecidas como “escultura em terracota”. IMPORTANT E UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS 6 Outro aspecto importante da escultura é a sua representação. Podendo ser figurativa ou abstrata: • Figurativa: quando se identificam as formas da escultura. Mesmo que composição esteja simplificada, é possível compreender o tema proposto. O conceito de realismo tem a ver com o figurativo. Ao se falar de realismo em escultura, é o artista recriando a natureza tal como ela é, com detalhes e pormenores, com a proximidade máxima do real. A seguir, um exemplo de escultura figurativa: FONTE: Disponível em:<http://www.mainieri.blogspot.com>. Acesso em: 22 abr. 2009. FIGURA 3 – O PENSADOR, DE AUGUSTE RODIN, 1889 l Abstrata: na abstração, as formas não levam a uma identificação com o mundo concreto. A abstração está ligada aos elementos formais de composição: formas, linhas, cores. Contrária à imitação da natureza, a abstração convida o observador à apreciação escultórica por meio de percepções e sentimentos. A abstração se manifesta efetivamente a partir do século XX, com os artistas europeus, numa espécie de reação ao academismo na Arte. A seguir, um exemplo de escultura abstrata: TÓPICO 1 | CONCEITOS DA ESCULTURA 7 FONTE: Disponível em:<http://www.divirta-se.correioweb.com. br>. Acesso em: 22 abr. 2009. FIGURA 4 – FRANS WEISSMANN Seja figurativa ou abstrata, a escultura revela a história do homem e mantém em seu cerne a expressividade e criatividade do artista, da pré-história até nossos dias. 3 ESCULTURA E HISTÓRIA Sendo uma das primeiras linguagens artísticas exploradas pelo homem, a história da escultura se confunde com a própria história da humanidade. Sua origem tem a ver com a necessidade de representação do homem, diante de um mundo desconhecido e inóspito. O homem ao modelar ou esculpir alguma imagem na matéria, projeta uma espécie de domínio. Dar forma para um material amorfo, além de propiciar uma atitude de magia e poder, estimula uma das aptidões intrínsecas do ser humano: a criatividade. Ao estudar a história da escultura, vamos perceber que a forma mais evidente na linguagem escultórica seja a figura humana. Mas por que dessa escolha? Talvez porque a forma humana é conduzida pela proporção, simetria e pela beleza das possibilidades tridimensionais. Da rusticidade das Vênus Paleolíticas, passando pela perfeição corpóreadas esculturas de Michelângelo e Rodin até a expressividade abstrata de Henry Moore, podemos descobrir e nos deslumbrar das diversas manifestações escultóricas do corpo humano de que o escultor é capaz de realizar. UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS 8 FONTE: Disponível em: <http:// www.classica.org.br>. Acesso em: 22 abr. 2009. FIGURA 5 – TORSO MASCULINO O corpo humano sempre foi o desafio e a expressão máxima da linguagem escultórica. Uma das manifestações mais interessantes da figura humana é o torso, uma escultura de parte do corpo humano com destaque para o elemento central, que consta do tórax. Representada em nu artístico, figuras femininas e masculinas, personificando divindades ou alegorias, a figura humana se revela em vários formatos e circunstâncias conforme a época e civilização e em todos os gêneros. Outra presença marcante da escultura é sua relação com a arquitetura. Considerada um complemento arquitetônico, por suas características espaciais, só depois de séculos, que a escultura se afirma como uma arte independente. Ao falar de afinidades, na busca de entendimentos sobre a linguagem escultórica, surgem teorias como esta que considera a escultura como situada entre a arquitetura e a pintura. De um lado, ela se baseia na estrutura, no espaço, nas formas abstratas como a obra arquitetônica. Por outro constituído pela imitação, simbolismo e representação da pintura. Essa dicotomia revela as perspectivas distintas, porém que se completam no âmbito da escultura. No decorrer dos estudos, há de se entender que a representação da escultura se modifica, conforme os requisitos histórico-sociais das civilizações. Em um momento ela é realista, em outro busca a abstração ou a simplificação formal. O importante é compreender que essas referências são para atender as necessidades de uma época, o que torna a disciplina interessante: ao vincularmos o olhar para a escultura e sua representação, estaremos também focando a concepção filosófica de um período histórico. Ao interpretar a escultura, vamos decodificar o contexto humano de uma época. TÓPICO 1 | CONCEITOS DA ESCULTURA 9 Esperamos que esses estudos possam contribuir para o conhecimento da linguagem escultórica, bem como instigar sua apreciação e com isso, proporcionar o entendimento do pensamento humano por meio da história e cultura. 4 GÊNEROS DA ESCULTURA Um dos objetivos dessa unidade é conhecer os gêneros que cercam a escultura como linguagem artística. Mas afinal, o que é gênero? Ao se tratar de gênero, estamos lidando com certo “estilo”. Por exemplo, na literatura, temos uma variedade de gêneros, que configuram as características da composição. Assim temos o gênero lírico, o gênero épico e o gênero dramático. Em escultura, temos gêneros que compartilham com outras linguagens, como a pintura. O gênero na arte foi instituído como conceito a partir do Renascimento e principalmente no século XVI, quando os artistas começaram a avaliar suas obras por meio de estilos. Da pré-história até 1500-1600, são historiadores, artistas e profissionais da arte que opinam a respeito do gênero na história. Uma hipótese para tal surgimento tardio do gênero na história talvez seja a mudança de concepções do ser humano: até a renascença, a filosofia de vida se baseava, no geral, na religiosidade e na mitologia, no divino ou pagão, voltado à natureza, aos ídolos e divindades. Não havia necessidade de conceituar ou de reter nomenclaturas. Outro precedente seria a valorização da linguagem do artista como indivíduo. Até a Idade Média os escultores eram incumbidos de trabalhar para a soberania religiosa ou política, tratados como meros artesãos. Com o surgimento da burguesia é que os artistas iniciam sua jornada como profissionais liberais, pagos por pedidos e encomendas de retratos e outros. É possível que isso também tenha dado vazão à diversidade e conceituação dos gêneros. Preste atenção! Vamos em seguida, conhecer alguns principais gêneros da escultura, bem como as referências escultóricas inseridas em cada um. IMPORTANT E UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS 10 Os principais gêneros da escultura são: l Gênero Mitológico. l Gênero Religioso (subgêneros: cerimonial e funerário). l Gênero Alegoria. l Gênero Retrato (autorretrato). Os gêneros da escultura são quatro grandes grupos com suas devidas subdivisões. Em cada gênero, podemos encontrar esculturas inclusive com nomes específicos que revelam suas funções junto ao contexto em que estão inseridas. O Gênero Mitológico representa os mitos e crenças e está relacionado com as divindades e heróis da antiga Grécia. Exemplos: as esculturas de atlante, cariátide, herma. Atlante: É um tipo de escultura ligada à arquitetura. No lugar da coluna se apresenta a forma de um homem, de corpo musculoso e com os braços erguidos sobre a cabeça, simulando a ideia de suportar o peso da construção. O nome atlante surge da mitologia grega com o titã Atlas, que é condenado por Zeus a carregar o globo terrestre em seus ombros. Utilizado principalmente na Grécia, e nos movimentos artísticos subsequentes da Renascença, Neoclassicismo, Barroco e Rococó, tanto no exterior como no interior das edificações. No século XVII fora empregado em proas e popas de navios. FONTE: Disponível em <http://www.pt.wikipedia.org/wiki/ Atlante>. Acesso em: 22 abr. 2009. FIGURA 6 – ATLANTE NO TRIBUNAL DE WOOSTER TÓPICO 1 | CONCEITOS DA ESCULTURA 11 Cariátide: é a versão feminina do atlante. Usada também como coluna de sustentação na arquitetura, esse tipo de gênero mostra a elegância e ao mesmo tempo a imponência dessa figura feminina. FONTE: Disponível em: <h://www.unav.es/.../2004/ descouvre/Cariatide.jpg>. Acesso em: 22 abr. 2009. FIGURA 7 – CARIÁTIDE Herma: O nome se origina do deus grego Hermes, ligado à sorte e fertilidade. Uma herma era uma espécie de pilar quadrado ou retangular, feito em terracota, pedra ou bronze. Sobre esse pilar constava a cabeça de Hermes, com barba por representar força física. Usado como símbolo de proteção, era colocado nas ruas e portas para os respectivos viajantes e moradores. UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS 12 FONTE: Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/ File:Herma>. Acesso em: 22 abr. 2009. FIGURA 8 – HERMES O Gênero Religioso se refere aos conceitos religiosos de uma cultura, esse gênero se manifesta em dois subgêneros: o cerimonial e o funerário. O cerimonial está ligado aos objetos e esculturas usados em rituais e cerimônias, um exemplo é a estátua de roca. O funerário, como o próprio nome orienta, abarca os elementos escultóricos voltados para o mortuário. Como exemplo, temos a efígie. Efígie: integrado a monumentos fúnebres, encontrado principalmente em igrejas. A efígie é a representação de corpo inteiro de um indivíduo falecido de importância social. Feitas de madeira ou pedra, as esculturas podem ser encontradas deitadas, ajoelhadas ou em pé, quase sempre em postura de oração, com as mãos justapostas. TÓPICO 1 | CONCEITOS DA ESCULTURA 13 FONTE: Disponível em: <http://gloriadaidademedia.blogspot. com/2008_06_01_archive.html>. Acesso em: 22 abr. 2009. FIGURA 9 – EFÍGIE Efígie é a representação de um indivíduo real, simbólico ou fictício. Pode ser o retrato de uma pessoa ou de uma divindade, tal como apresentado em moedas, por exemplo. Na escultura, está associado a monumentos fúnebres. IMPORTANT E Estátua de roca: as estátuas de roca são imagens sacras, normalmente vestidas com trajes e tecidos. São destinadas para as procissões de culto católico. Sua demanda esteve presente no período Barroco até o século XIX. Algumas ainda são utilizadas e podem ser encontradas em igrejas. Fazem parte do subgênero cerimonial do gênero religioso. UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS 14 FONTE: Disponível em: <www.wikimedia.org/wikipedia/ commons>. Acesso em: 22 abr. 2009. FIGURA 10 – IMAGEM DE ROCA REPRESENTANDO CRISTO COM O SÍMBOLOS DA PAIXÃO. MUSEU DE PERNAMBUCO. O Gênero Alegoriaé a representação de um pensamento, um ideal ou um conceito por meio da forma figurada. A escultura equestre é um exemplo. Escultura Equestre: essa escultura é uma espécie de homenagem para glorificar personalidades importantes de uma época. Por meio do posicionamento das patas do cavalo, obtém-se a simbologia da morte do indivíduo: morte de causa natural quando as quatro patas estiverem posicionadas no chão; morte em ação com três patas fixas no chão; morte em batalha com duas patas suspensas no ar. TÓPICO 1 | CONCEITOS DA ESCULTURA 15 FONTE: Disponível em: <http://umolharsobreomundodasartes. blogspot.com>. Acesso em: 22 abr. 2009. FIGURA 11 – ESTÁTUA EQUESTRE EM BRONZE DE MARCO AURÉLIO. II d.C. O Gênero Retrato é a descrição, a imagem de um indivíduo como forma de perpetuar suas feições. Um subgênero do retrato é o autorretrato: o artista se personifica na escultura. Os bustos são exemplos perfeitos do gênero retrato. Busto: é a representação de uma pessoa, geralmente políticos, reis, monarcas, indivíduo de importância política ou religiosa. Ligada aos conceitos do retrato, o escultor recriava a fisionomia acrescida da sua importância social. O busto se limita na apresentação da cabeça, pescoço, ombros e parte do dorso, incluindo, por vezes, o apoio numa espécie de pedestal. FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/ Ficheiro:Tiberius_palermo.jpg>. Acesso em: 22 abr. 2009. FIGURA 12 – TIBERIUS PALERMO UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS 16 Algo curioso, mas que pode acontecer é a possibilidade de uma escultura pertencer a dois ou mais grupos de gêneros. Como por exemplo, a máscara mortuária que se reporta tanto para o Gênero Religioso quanto para o Gênero Retrato. Serve para os dois objetivos: para eternizar a imagem do morto como para o ritual funerário, apesar de seu conceito estar mais para esse último. Máscara Mortuária: a máscara mortuária convinha para perpetuar a imagem do morto. Os materiais utilizados para sua confecção era cera ou gesso (em alguns casos a folha de ouro) e seu processo se sucedia diretamente no rosto do indivíduo. A máscara também servia à arte funerária. A cultura egípcia usava como parte do processo da mumificação. Culturas europeias utilizaram a máscara mortuária como efígies, no século XVII. FONTE: Disponível em: <http://www.fflch.usp.br/dh/heros/ traductiones/pausanias/micenas.html>. Acesso em: 22 abr. 2009. FIGURA 13 – MÁSCARA MORTUÁRIA – MICENAS, CÍRCULO TUMULAR ESTUDOS FU TUROS No decorrer de nossos estudos, veremos outras manifestações escultóricas e seus gêneros. O objetivo é interagir esse conhecimento com o contexto histórico-cultural. Vamos ao resumo deste Tópico! O objetivo é reunir as principais ideias sobre conceitos e gêneros da escultura. UNI TÓPICO 1 | CONCEITOS DA ESCULTURA 17 UM BURACO NO ESPAÇO Josep Maria Subirachs Por que o ser humano tem necessidade da obra de arte? Como é que nos outros seres vivos não vemos nenhum indício de uma atividade parecida? Não nos enganemos com o ninho, a colmeia ou a teia de aranha, imaginando que tem algo a ver com a arquitetura; falta-lhe a premissa fundamental do homem: o estilo. Sim: essas construções frequentemente de grande beleza carecem naturalmente do mais leve indício de estilo: são só ferramentas, realizações instintivas para prolongar a anatomia animal ou, dito de outra maneira, para aperfeiçoar a vida fisiológica do ser. De certo modo não há nelas nada de essencial que as diferencie de uma casca de uma tartaruga ou a plumagem de um pássaro. E é por isso que o que chamamos de obra de arte, esta realização inútil – inútil do ponto de vista material, embora para o ser humano indispensável a todas as luzes, pois aparece acompanhando-o ao longo de toda sua história e também de sua pré-história – serve-nos por sua vez para que possamos decifrar a diferença essencial que separa o homem de outros seres, e que necessariamente deve ter, no processo darwiniano da evolução, uma fronteira a partir da qual possa se afirmar que o homem nasceu. Onde situar tal linha divisória? Sem dúvida no momento em que o ser tem consciência de que vive e de que sua vida tem um limite: trágica informação perante a qual se rebela e inventa a arte para defender-se da desesperança. A vida não é o oposto da morte, já que as duas parecem-se demasiado. O verdadeiro oposto à morte deve ser algo subtraído, independente do biológico e que, nascido do pensamento humano, como Minerva da cabeça de Júpiter, sirva ao homem de antídoto contra a doença fatal, permitindo-lhe escapar, pela “natureza” artificial que cria, do férreo ciclo dos seres vivos. Assim, a arte existe porque o homem quer burlar a morte e procura – com muito pouco êxito ao final – persistir mais além do inexorável final. E ao dizer que a arte se opõe à morte não me refiro ao que correspondentemente se diz a cerca da hipotética imortalidade do artista através de sua fama imarcescível, mas a uma realidade metafísica baseada no caráter intemporal de sua obra. Deste valor ou desta virtualidade da obra de arte beneficia-se o homem em geral – esse homem espectador, gozador, usuário do fato artístico – ao sentir abrigado, protegido do nada, da espada constante sobre sua cabeça, porque – como diz Proust – “caso o nada seja a única verdade e todo o nosso sonho seja inexistente, mas então pressentimos que será necessário que essas frases musicais, estas noções que existem em relação ao nada, fiquem também sem realidade. Pereceremos, mas levaremos como reféns estas divinas cativas que correrão nossa sorte. E a morte com elas nos parecerá menos amarga, menos mísera, talvez menos provável”. LEITURA COMPLEMENTAR UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS 18 Chegando a este ponto vemos com claridade o papel criador do verdadeiro artista: criador de seres que nos acompanham e nos consolam, nos iludem e nos orgulham, nos desforram e nos dão a mão através do tempo – essa alcoviteira que nos relaciona com a morte – para poder cruzar com uma certa serenidade a frágil ponte. E esses seres que nos acompanham tem nome e rosto: são a rainha Nefertiti, os Guerreiros de Riace, o cavaleiro de Bamberg, os Serers da capela mediceia, os Burgueses de Calais, o são Jorge de Montjuic, as Figuras reclinadas de Moore...Não vêm a luz de cada dia, nem com facilidade, mas afortunadamente constituem já uma povoação importante e conservam imarcescível, apesar da erosão do tempo e dos bárbaros, uma auréola de imortalidade. Entre as artes espaciais, a arte escultórica situa-se entre a pintura e a arquitetura. Ocupa um lugar semelhante ao da poesia entre as artes do tempo, à metade do caminho entre a narrativa e a música. E esse caráter intermediário confere certo parecido à escultura e à poesia. Menos “utilitária” que a arquitetura e mais minoritária que a pintura, a escultura chega dificilmente ao grande público. Todo mundo, em efeito, tem necessidade de acolher-se numa casa e sente desejos de pendurar algo na parede que quebre a monotonia da mesma. Todos leem de vez em quando algum texto ou ouvem música. Mas é menos frequente e estimulante a afeição pela escultura ou pela poesia. Esta limitação da escultura é também sua grandeza, se pensarmos que a arte, como o seu próprio nome indica, é artifício. Comparada com as demais especialidades artísticas, a escultura é mais artificiosa: sua “necessidade” é menos evidente e, portanto, entra de cheio no que poderíamos chamar “necessidade da vontade”: necessidades criadas pelo homem e que o situam num nível, não só superior, mas radicalmente diferente aos outros seres que são escravos de suas necessidades e desejos. Para aproximar-nos da compreensão que o caracteriza, pelo menos em sua origem, a diferentes artes plásticas, deve-se ter presente que o desenho é a arte da linha, assim como a pintura é a arte da superfície, a escultura a arte do volume convexo e a arquitetura a arte da concavidade. Acaso o estilo virá de alguma forma motivado pela combinaçãodestes elementos básicos, afastando a obra de sua pureza teórica, mas enriquecendo com isso suas possibilidades. Linha, superfície, convexidade e concavidade são para as diferentes artes plásticas como as cores puras do pintor que, misturadas sabiamente na paleta, dão uma infinidade de matizes. O estilo será obtido em parte pelo maior ou menor afastamento da obra da sua origem teórica. O escultor Joan Rebull, num texto de 1929, diz que “uma escultura é um buraco no espaço” Esta paradoxal frase reforça-nos a ideia do caráter volumétrico da escultura, porque, em efeito, o que é um buraco no espaço, essa forma tridimensional que chamamos escultura? TÓPICO 1 | CONCEITOS DA ESCULTURA 19 Em sua frase Rebull intui uma maneira de ver a obra desde o ponto de vista fenomenológico, que nos traz à memória uma ideia do filósofo francês Maurice de Merleau-Ponty, exposta em sua obra Sens et non-sens: “O aspecto do mundo mudaria completamente para nós se conseguíssemos ver como coisas os intervalos entre as coisas...” Por estar mais próximo da arquitetura, a obra do escultor encontra-se mais atada à matéria do que à obra do pintor. Dessa forma, o escultor deve ter mais em conta a técnica e é inimaginável uma obra escultórica onde a matéria em que está realizada não tenha sido tratada com respeito. O escultor, bem como o arquiteto, colabora com os elementos escolhidos, e será um mau artista se contradiz a natureza do material em que trabalha. Os escultores utilizaram quase todos os materiais que permitem realizar formas tridimensionais: o ferro, vidro, o marfim, os plásticos [...] Os novos tempos trouxeram novos materiais para a escultura e ainda novas e originais formas de entender essa arte. Talvez seja na arte da escultura onde vemos com maior clareza que a forma é o resultado da união da ideia com a matéria, mas dialoga com ela para conseguir o que deve ser o resultado de toda obra de arte: a materialização da ideia. FONTE: BOZAL, Valeriano. História geral da arte: escultura. Barcelona: del Prado, 1996. p. 9-12. 20 Neste tópico, você viu que: • Sobre os conceitos: a escultura é a arte das representações no tridimensional, sendo o volume sua qualidade inerente. Por muito tempo esteve relacionada à arquitetura. Os relevos são manifestação escultórica e se dividem em alto e baixo relevo. A representação da escultura pode ser figurativa ou abstrata. As principais técnicas são a modelagem, a fundição, a construção e a talha; os materiais são os mais diversos. A forma mais idealizada em escultura é a figura humana. • Sobre o gênero: os principais gêneros da escultura são: Gênero Mitológico, Gênero Religioso (com os subgêneros: cerimonial e funerário), Gênero Alegoria e o Gênero Retrato (com o subgênero autorretrato). Existe a possibilidade de uma escultura integrar dois ou mais gêneros. RESUMO DO TÓPICO 1 21 A máscara mortuária é uma prática escultórica ligada ao retrato e ao religioso. A máscara se torna instigante pelo processo na qual é produzida: trata-se de perpetuar as feições do morto usando diretamente o rosto do falecido! Deve ser perturbador e curioso! Mas era talvez a única forma de preservar a memória do indivíduo na sua tridimensionalidade. As máscaras eram feitas principalmente para a realeza, a aristocracia e pessoas importantes como artistas e poetas. Uma das máscaras mortuárias mais famosas é a do faraó Tutankamon. A atividade proposta é a seguinte: faça uma pesquisa (bibliográfica ou internet) e busque sobre máscaras mortuárias e descubra outras personalidades famosas de nossa história que foram imortalizadas pelo processo da máscara. Vamos à pesquisa! AUTOATIVIDADE 22 23 TÓPICO 2 GÊNEROS E HISTÓRIA UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO A história da arte, normalmente, se concentra na contextualização das civilizações ocidentais, pois nossa maior influência sócio-histórico-cultural é da colonização europeia. Incluímos nessa unidade a manifestação artística de outras culturas que também são referências para o nosso conhecimento em Artes e gênero. Vamos perceber que a religiosidade é o gênero predominante dessas culturas e de que a arte tem a função de mediar o homem e suas divindades, seja em cerimoniais ou rituais funerários, na ornamentação ou na arquitetura. A finalidade é revelar as principais características dessas culturas e suas contribuições para a arte escultórica numa perspectiva geral. São elas: a escultura chinesa, indiana, africana e pré-colombiana. Vamos conhecê-las. 2 ESCULTURA CHINESA A filosofia chinesa influencia o cotidiano e a arte. Na versão oriental, o escultor é um artesão que procura colocar a natureza como um meio para atingir o equilíbrio e a comunhão com todas as coisas. O artista chinês referencia a natureza. BOZAL (1996, p. 65) comenta que “o artista ocidental é fundamentalmente um criador, enquanto que o chinês é antes de tudo um contemplador”. Os gêneros de suas esculturas estão voltados para o religioso, cerimonial ou funerário. Imagens de pessoas, animais, divindades convertidas em objetos, estatuetas, esculturas, ornamentos. As vertentes mais importantes são os trabalhos em jade, a modelagem em argila e a fundição em bronze. O jade para os chineses é a pedra preciosa mais bela: dotada de virtudes, entre elas, a sabedoria e a bondade. O jade é uma rocha cristalina, translúcida, de brilho vítreo, compacta, de várias cores, do conhecido branco leitoso, passando pelos verdes, azuis, amarelos, vermelhos até os pretos. Devido ao seu material ser de grande dureza, o trabalho com o jade é muito difícil. Por isso, os objetos são de pequeno porte, mas as estatuetas são de uma belíssima forma e mostram a destreza de seus artistas. UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS 24 FONTE: Disponível em: <http://portuguese.cri. cn/1/2004/11/05/1@18372.htm>. Acesso em: 22 abr. 2009. FIGURA 14 – ESCULTURA EM JADE A fundição em bronze desenvolve criaturas representativas como dragões, tigres, serpentes e pássaros. Esses animais - e outros - possuem um simbolismo ligado aos conceitos filosóficos chineses e aparecem em objetos e ornamentos. Essa característica da escultura aliada à decoração, é para o artista chinês, um evento singular: a decoração precisa ter sentido e não uma mera superficialidade. FONTE: BOZAL, Valeriano. História geral da arte: escultura. Barcelona: del Prado, 1996. FIGURA 15 – TIGRE, SÉCULO X a.C, BRONZE A modelagem em argila tem a sua representatividade maior nos Guerreiros de Terracota. Em 1975, se fez uma das descobertas arqueológicas mais fascinantes: um exército de esculturas em argila de tamanho natural, em ótimo estado de conservação. Figuras principalmente de homens e cavalos, em posição de combate. Os guerreiros portam armas - espadas, lanças, arcos - feitas de bronze. Esse conjunto com mais de 8.000 esculturas, faz parte da arte funerária e tumba do imperador Shih Huang Ti da dinastia Ch’in (221-206 a.C.). Para a construção de tais esculturas, foram empregados moldes, para facilitar a extensa produção: são maciças da cintura para baixo; o torso é oco acrescido dos antebraços, mãos e cabeça. O acabamento é meticuloso: os rostos são personalizados e os adereços e penteados são detalhistas. Os “guerreiros de Xian”, TÓPICO 2 | GÊNEROS E HISTÓRIA 25 como são conhecidos também, eram coloridos para criar realismo às esculturas e revestidas com uma espécie de laca. A exposição ao ar provocou a descoloração das peças. E é por isso e pela fragilidade da argila que os arqueólogos trabalham até hoje, com cuidado, para preservar ao máximo a integridade das peças. FONTE: Disponível em: <http://www.acemprol.com/viewtopic. php?f=16&t=141>. Acesso em: 22 abr. 2009. FIGURA 16 – GUERREIROS DE TERRACOTA Ao contrário da arte ocidental, a arte chinesa não adota o nu na escultura, e cultiva poucos retratos. IMPORTANT E 3 ESCULTURA INDIANA A cultura indiana tem como princípio a religiosidade, sendo três as principais formas de religião: o Budismo, o Hinduismoe o Janismo. Para tanto, templos são construídos para as oferendas e cultos às divindades. Isso gera uma relação direta da escultura com arquitetura e construções. Mas para adornar os templos com a simbologia das referidas religiões, a escultura cria o aspecto de relevo e não de tridimensionalidade. Os relevos são narrativos e muitos contam a história de Buda. A representação de Buda era por meio de símbolos. Só mais tarde (entre os séculos I e V) a figura de Buda aparece em forma humana, representada com a típica mão direita levantada em posição de bênção. UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS 26 FONTE: BOZAL, Valeriano. História geral da arte: escultura. Barcelona: Del Prado, 1996. FIGURA 17 – BUDA SEDENTO, SÉCULOIII , ARDÓSIA Na arte escultórica indiana também surgem algumas figuras humanas representando fertilidade, bondade e proteção por meio de divindades femininas e masculinas. A arte indiana tem como principal característica de formalizar na matéria, os conteúdos espirituais. Portanto, animais como o leão e o elefante têm a sua simbologia representativa na força e poder. Com essa ideia da representatividade, encontram-se também as imagens de corpos sensuais, que surgem mais tarde no século IV a VI: as formas elegantes e dinâmicas revelam na verdade, a união da divindade com a alma humana. Dentro dessa configuração estão os conceitos do tantrismo e o tema da fertilidade. Os materiais mais usados foram o bronze e vários tipos de pedras, como o granito e ardósia. 4 ESCULTURA AFRICANA A escultura africana tem a religião como base para a sua arte. Mas a religião africana nada tem a ver com templos ou divindades. A atitude religiosa está na veneração dos mortos e a crença nos espíritos da natureza. Esse modo de ser e viver vincula o indivíduo de forma direta com o seu meio natural, assim a água, as árvores e os animais são tratados como portadores do sagrado e seus rituais são destinados, por exemplo, aos espíritos da floresta. Por estarem ligados à natureza e suas manifestações cíclicas, acredita-se que a morte seja somente uma transição, e que é dever dos vivos e seus familiares TÓPICO 2 | GÊNEROS E HISTÓRIA 27 de prestar homenagens frequentes aos mortos. Essa condição de vida determina a forma de ser da arte, que está vinculada a reverenciar os espíritos e a morte. As máscaras e esculturas fazem uma espécie de entremeio ente o homem e as entidades sobrenaturais. FONTE: BOZAL, Valeriano. História geral da arte: escultura. Barcelona: del Prado, 1996. FIGURA 18 – MÁSCARA DA COSTA DO MARFIM, MADEIRA E METAL As máscaras estão impregnadas de simbolismo. Suas formas são geométricas, contrastantes, cheias de cores e apliques. Sua preocupação não é a fidelidade com o real, mas somente com a representatividade. As esculturas são mais realistas e procuram legitimar a figura humana: se empenham nos detalhes, nas formas naturais do corpo. Pode acontecer de não haver proporção entre as partes: a cabeça pode ser maior que os membros, por exemplo. Mas isso tem a ver com a filosofia africana: de que o sobrenatural se sobrepõe ao real. UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS 28 FONTE: BOZAL, Valeriano. História geral da arte: escultura. Barcelona: del Prado, 1996. FIGURA 19 – KAYA-MBUA – 1800, MADEIRA O material utilizado extensamente para a produção de máscaras e esculturas é a madeira. Os motivos talvez tenham sido a sua acessibilidade na natureza e sua potencialidade religiosa: a árvore é tida como guardiã de poderes mágicos. Outros materiais empregados são: a pedra, o marfim, a argila e metais como o ouro, o bronze e o cobre. A cultura africana foi inspiração para os artistas do século XX. O artista Pablo Picasso se baseou na simplificação e geometria africanas para criar suas pinturas cubistas. IMPORTANT E 5 ESCULTURA PRÉ-COLOMBIANA As manifestações mais interessantes da cultura dos povos da América pré-colombiana são os relevos e as esculturas, principalmente ao se tratar dos olmecas, maias e astecas. Formas humanas, seres mitológicos, híbridos (homem e animal) surgem em estatuetas e grandes esculturas nos templos e altares, muitas vezes integrados à arquitetura. TÓPICO 2 | GÊNEROS E HISTÓRIA 29 A arte tem caráter religioso e reverencia as forças divinas tanto da natureza quanto da classe dominante: seus sacerdotes e reis tinham a premissa da divindade. Para tanto as figuras de demônios, deuses, rituais se confundem com cenas de guerra ou da vida cotidiana dos aristocratas. Por vezes, tais relevos ou esculturas são representados de maneira real e detalhista e outras de forma simplificada. A escultura olmeca é conhecida principalmente pelas cabeças gigantes, encontradas nas áreas arqueológicas de La Venta, Três Zapotes e São Lorenzo. Essas colossais cabeças que podem medir entre 2 a 3 metros de altura e pesar de 6 a 25 toneladas, possuem vestígios de tinta, com a hipótese de que eram pintadas. O que impressiona é a expressão dos rostos e o realismo das características faciais. FONTE: BOZAL, Valeriano. História geral da arte: escultura. Barcelona: Del Prado, 1996. FIGURA 20 – CABEÇA COLOSSAL – SÉCULOS IX-VII a.C. A representação mais famosa da arte asteca é o relevo da Pedra do Sol. Esculpido num bloco de basalto com 3,60 metros de diâmetro, possui o peso de 24 toneladas. Descoberto no final do século XVIII na cidade do México. Em seu centro encontra-se o deus sol Tonatiuh que é circundado por vários símbolos e inscrições relacionados com o respectivo astro. UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS 30 FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Piedra_del_ Sol.jpg>. Acesso em 22 abr. 2009. FIGURA 21 – RELÓGIO DO SOL Da escultura maia, uma vertente importante são os relevos que representam personalidades importantes comprimidas nos limites da pedra. Esculpidas com detalhes os ornamentos e roupas, as figuras aparecem geralmente na posição frontal, acompanhadas de inscrições hieroglíficas. FONTE: BOZAL, Valeriano. História geral da arte: escultura. Barcelona: del Prado, 1996. FIGURA 22 – ESTELA DE MADRI, 600-900. PEDRA TÓPICO 2 | GÊNEROS E HISTÓRIA 31 Esse é o momento do RESUMO! Vamos recapitular os pontos importantes desse tópico. UNI 32 RESUMO DO TÓPICO 2 Nesse tópico, apresentamos a manifestação artística escultórica de algumas culturas para servir de referência para o nosso conhecimento em Gêneros da Escultura. A religiosidade é o gênero dominante dessas culturas. l A escultura chinesa são imagens de pessoas, animais, divindades que estão em objetos, estatuetas, esculturas, ornamentos. A escultura chinesa está aliada à decoração, sempre baseada no simbolismo e não em mera superficialidade. l A escultura indiana tem uma relação direta com arquitetura devido aos templos, todos adornados com relevos que são narrativos: a maioria conta a história de Buda. As imagens de animais e figuras humanas são simbólicas e representam divindades ou virtudes como força e poder. l A escultura africana está voltada à veneração dos mortos e a crença nos espíritos da natureza. As máscaras e esculturas são tidas como uma analogia do homem com o sobrenatural. O material mais utilizado é a madeira. l As culturas pré-colombianas reverenciam as forças divinas da natureza e da classe dominante. Figuras humanas, seres mitológicos, híbridos, cenas de guerra ou da vida cotidiana dos aristocratas surgem em relevos, estatuetas e esculturas colossais nos templos e altares, muitas vezes integrados à arquitetura. 33 As culturas aqui apresentadas possuem o gênero religioso como princípio importante, que serve de referência para a sua vivência e sua arte. Pesquise outras culturas, procure conhecer sua arte, direcione seu interesse para a escultura e procure identificar o gênero predominante. Esse é um ótimo exercício de pesquisa que serve para instigar o seu interesse pela escultura, como linguagem artística. AUTOATIVIDADE 34 35 TÓPICO 3 PRIMÓRDIOS DA HUMANIDADE UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃOA pré-história pode ser considerada um dos períodos mais significativos da arte. Sua importância vem sustentada pelo desenvolvimento do homem, bem como pelas suas conquistas que seriam os parâmetros para toda uma história futura de inventos e progressos. Por ser uma época anterior à escrita, os únicos registros são baseados em pinturas nas cavernas e nos objetos e estatuetas pesquisadas por arqueólogos e historiadores. É a ciência moderna que vem restituir o homem do passado. É nesse período que surgem os princípios da Arte, um diferencial importante se levarmos em consideração, que é uma manifestação única dos seres humanos e que nos distingue dos animais. O homem procura sobrevivência e para tanto precisa superar o meio em que vive. Talvez essa tenha sido a questão que levou os humanos a fazer arte, é a crença na magia, para exceder a natureza. O homem primeiro domina a imagem, a forma do animal, para depois caçá-lo. Acredita-se que ele cumpria primeiro um ritual para depois sair à captura de animais para seu alimento. Parafraseando Fischer (1983, p. 19) “[...] a arte em sua origem foi magia, foi um auxílio mágico a dominação de um mundo real inexplorado”. O historiador Janson (2001), teoriza de que a arte pré-histórica não servia somente para “abater” animais, mas também para “criá-los”. Sua teoria se baseia em imagens das cavernas que concerne essa ideia: da possibilidade do homem pré-histórico, em tempos de caça difícil, criar imagens realistas de animais, para quem sabe, atraí-los, indo contra a realidade da escassez. Com esses textos, podemos verificar a importância da arte já na pré- história. Vamos conhecer agora, como a escultura contribuiu para o contexto cultural da humanidade nesse período. 2 A ESCULTURA NA PRÉ-HISTÓRIA A pré-história consta de um período aproximado entre 35.000 a.C. a 3.500 a.C. Essas datas são baseadas no livro História Geral da Arte de H. W. JANSON (2001). A pré-história se divide em quatro momentos: os chamados Paleolítico 36 UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS Superior, Mesolítico, Neolítico e a Idade dos Metais. Vamos estudar os dois períodos mais importantes da expressão escultórica: o Paleolítico Superior e o Neolítico. 2.1 PALEOLÍTICO SUPERIOR Nesse período da pré-história, os primeiros hominídeos tinham como base a caça, a pesca e a coleta. Possuíam o controle do fogo e tinham instrumentos como facas e machados a partir de pedras, madeira, marfim e ossos. Eram nômades, viviam em grupos nas cavernas, tinham uma linguagem rudimentar, usavam trajes contra o frio. Enterravam seus mortos e protegiam o túmulo com pedras demonstrando preocupação com seus entes e familiares. Percebe-se que o homem encontra formas de dominar a natureza e assim se adaptar e sobreviver às intempéries do seu meio. O grande destaque do Paleolítico Superior é a pintura rupreste: as pinturas feitas nas cavernas e rochas. As mais famosas são de Altamira, na Espanha e Lascaux, na França. As imagens de animais e figuras humanas realizadas de uma maneira naturalista indicam também o significado de magia: da crença de um poder sobrenatural em primazia da natureza. Há uma mudança de atitude do homem diante do mundo que o cerca: de mera aceitação da natureza para a tentativa de reproduzi-la, ao criar imagens. E ao criar imagens, o homem cria as primeiras inscrições da Arte. FONTE: BOZAL, Valeriano. História geral da arte: escultura. Barcelona : del Prado, 1996. FIGURA 23 – CAVALO SELVAGEM – 30.000 a.C, MARFIM Nosso destaque é para a escultura com o predomínio de animais e figuras femininas. Não há presença de figuras masculinas. Os primeiros materiais usados devem ter sido a madeira e a argila, mas em função da fragilidade dos mesmos, não sobreviveram. O osso foi outro material explorado pelo homem para esculpir. Por gravar com facilidade, ser mais leve e eficaz talhava-se adornos delicados e seu uso era voltado principalmente para rituais. Surgem também os chamados TÓPICO 3 | PRIMÓRDIOS DA HUMANIDADE 37 bastões de comando, lançadores de dardos, arpões e pequenas figuras como adorno e objeto pessoal. As estatuetas mais antigas foram feitas em marfim de mamute e tem aproximadamente 30.000 anos a.C. e possuem formas ornamentais geométricas. FONTE: BOZAL, Valeriano. História geral da arte: escultura. Barcelona: Del Prado, 1996 FIGURA 24 – BASTÃO DE COMANDO, 18.000 -10.000 a.C. Muito da escultura do paleolítico está em relevos em rochas e cavernas e têm relação com as pinturas ruprestes, principalmente relevos de animais. Uma figura feminina em relevo que se destaca é a Vênus de Laussel (Dordofia, França) de 25.000 a.C. Realizada em pedra calcária, essa figura mede em torno de 44 centímetros de altura e representa uma mulher segurando uma espécie de chifre. Suas características sexuais são exageradas, suas linhas são grosseiras, porém expressivas. FONTE: BOZAL, Valeriano. História geral da arte: escultura. Barcelona: Del Prado, 1996. FIGURA 25 – VÊNUS DE LAUSSEL – 25.000 a.C. RELEVO SOBRE ROCHA 38 UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS A manifestação escultórica mais importante desse período são as Vênus Esteatopígicas: figuras de mulheres com partes do corpo exageradas como as nádegas, o abdome, os seios e as coxas. É provável que o destaque desses elementos tenha a intenção de representação da fertilidade, seriam as primeiras deusas usadas em partos ou em rituais de iniciação feminina. Outros estudos etnológicos sugerem que tais figuras possam representar espíritos protetores de animais e homens: permitindo a abundância de um e o sucesso da caça para outro. São peças de pequena estatura, mas temos de levar em consideração a dificuldade em trabalhar as pedras e as ferramentas rudimentares, bem como a sua função: de servir como amuletos ou objetos de adorno. FONTE: Disponível em: <http://contemplalaobra.blogspot. com/2008_05_01_archive.html>. Acesso em: 22 abr. 2009. FIGURA 26 – VÊNUS DE WILLENDORF A Vênus de Willendorf (Áustria) é anterior às pinturas ruprestes, com a conclusão de que a escultura surge antes da pintura. É uma estatueta de 10,45 cm. de altura, em pedra calcária e é claro, possui aspectos anatômicos bastante voluptuosos. Apesar das Vênus Paleolíticas não terem detalhes no rosto e outros membros (como braços) serem simplificados, a Vênus de Willendorf possui um penteado elaborado. 2.2 NEOLÍTICO No período que corresponde a 10.000 a 3.500 a.C. o clima da Terra se torna ameno, tornando a sobrevivência do homem mais simples. Agora o homem se TÓPICO 3 | PRIMÓRDIOS DA HUMANIDADE 39 torna agricultor, e de nômade passa a sedentário. Deixa das cavernas para morar em casas por ele construídas. Aperfeiçoa seus instrumentos e ferramentas, cria panelas e potes para guardar seus mantimentos, constrói canoas e jangadas, domestica animais para transporte e alimento. Tece fios para a produção de trajes. Inventa a roda e domina o fogo. Produz os primeiros metais. Organiza-se em família e divisão de trabalho. Constroem monumentos e construções em pedra: os menires e dolmens. Os menires são pedras fincadas na terra em posição vertical. Talvez sejam os primórdios dos totens e das colunas. Poderiam ter sido usadas para rituais ou marcos territoriais. Percebeu-se que posicionar uma pedra horizontal sobre duas pedras verticais, caracterizava-se uma construção mais complexa. Assim surgem os dolmens: transformados em túmulos ou espaços cerimoniais. Considerado um dos primeiros grandes monumentos em pedra da humanidade, Stonehenge no sul da Inglaterra, é um conjunto de pedras que possui uma espécie de altar no centro e induz a teoria de que essas construções tinham motivos religiosos. Os homens neolíticos mantêm suas manifestações religiosas baseadas na natureza e essa crença vai se revelar também na Arte. FONTE: Disponível em:<http://commons.wikimedia.org/wiki/ File:Stonehenge>. Acesso em: 22 abr. 2009. FIGURA 27 – STONEHENGE Algumas esculturas colossais se tornam verdadeiros monumentos,como o Cristo Redentor ou a Estátua da Liberdade. Um monumento é construído com o intuito de homenagear personalidades, comemorar um acontecimento ou ainda ter uma representação simbólica. Muitos monumentos acabam por se tornar ícones de sua cidade ou país, seja pela sua imponência, beleza ou sentido histórico. IMPORTANT E 40 UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS FONTE: BOZAL, Valeriano. História geral da arte: escultura. Barcelona: del Prado, 1996. FIGURA 28 – O PENSADOR, 3.500 a.C. TERRACOTA As esculturas neolíticas são pequenas figuras de animais e humanos que se revelam detalhistas e de um significado tridimensional intenso, como é o exemplo “o pensador”. As estatuetas femininas com peculiares volumes - Vênus Esteatopígicas - surgem com funções distintas: como amuletos ou oferendas relacionadas com a mulher e a natureza. Algumas tendem a uma simplificação esquemática. Suas descobertas arqueológicas revelam seus locais como sendo para o culto: numerosas figuras enterradas em nichos em edificações, específicas para rituais. Aqui se desvenda o fato de que os homens pré-históricos tinham uma divindade feminina como princípio determinante de suas vidas. TÓPICO 3 | PRIMÓRDIOS DA HUMANIDADE 41 FONTE: BOZAL, Valeriano. História geral da arte: escultura. Barcelona: del Prado, 1996. FIGURA 29 – ORANTE, 3.400 a.C. TERRACOTA No neolítico, encontra-se uma variedade de estatuetas em diversos materiais. Por dominar o fogo, o homem desenvolve nesse período, a metalurgia e a cerâmica. A substituição da pedra pela argila, teria sido não somente pela facilidade de manuseio do material, mas também por suas qualidades artísticas. Por volta de 5.000 a.C., surge a cerâmica, no mesmo tempo em que se desenvolve os metais. O cobre é o primeiro metal obtido e trabalhado, mas não possui uma desenvoltura como a cerâmica. Temos objetos de adorno, algumas joias, pequenas esculturas em metal, mas esse material acaba por ser transferido na fabricação de facas e machados, mais convenientes ao uso cotidiano. Somente na Idade dos Metais, com o bronze, que a metalurgia tem seu progresso e que coincide com as primeiras grandes civilizações. No final do Neolítico, surge a difusão de elementos culturais por meio de migrações. Isso acontece em parte, pelo crescimento demográfico e também pela procura de terras férteis e exploração de minerais e materiais preciosos. Todos esses elementos muitas vezes podem conduzir a um fator original da época: a guerra. O conflito gerou a extinção de alguns povoados, confirmando a presença de outros tidos como culturalmente mais avançados. E ficaram assim distribuídos: 42 UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS Por volta de 4.000 a.C. já estavam marcadas as principais linhas da colonização neolítica: para o centro e norte da Europa; para o Ocidente e o Sul, pelo Mediterrâneo e o norte da África, com a colonização no vale do Nilo; para o Leste, por Mesopotâmia e Irã, bifurcando-se para alcançar o Indo e a longínqua China. (BOZAL, 1996, p.23). O fim da Pré-história é marcado pelo advento da escrita, com a possibilidade de registro e a História propriamente dita. Certas culturas transformam-se em civilizações, com princípios sociais, econômicos e políticos definidos. As civilizações da Mesopotâmia e o Egito são consideradas, pelos historiadores, as mais antigas. Encerramos aqui a contextualização da Pré-história. Vamos seguir adiante com um dos berços da civilização, que é a Mesopotâmia. Mas antes, vamos a uma pausa, refletir sobre as contribuições da Pré-história na escultura! UNI 3 A ESCULTURA NA MESOPOTÂMIA A Mesopotâmia é conhecida como “terra-de-entre-os-rios”, por se localizar entre os rios Tigre e Eufrates. Por ser uma região ampla, fértil, porém sem grandes defesas naturais, sempre esteve propensa a enchentes e outros desastres. É aqui que tem origem a versão bíblica do dilúvio. Isso condicionou o homem mesopotâmico a uma visão caótica da vida com base nas forças da natureza como princípio para sua religião. Seu deus era uma espécie de mediador perante outras divindades da natureza, como a água, o vento e os astros. Seu sistema político e econômico era nomeado “socialismo teocrático” por ter como base o templo como centro administrativo: seu deus era proprietário das terras e da produção da população que se submetia às ordens por meio de um administrador humano. Mais tarde, a ambição transforma esses administradores em verdadeiros monarcas, mais preocupados em expandir seus domínios. Sendo o templo o centro das atenções, vale destacar a arquitetura como referencial mesopotâmico. Seus zigurates, espécie de pirâmide em degraus, são famosos pelas dimensões e imponência estrutural. A lendária torre de babel se origina dessas construções. Os fatores geográficos também não ajudavam a formar um Estado único e pacífico. Era comum a rivalidade e as invasões estrangeiras. De 3.500 a.C. a 650 d.C. - datas baseadas no livro História Geral da Arte de H.W.JANSON (2001) - a Mesopotâmia foi habitada entre outros, pelos seguintes povos: sumérios, acádios, amoritas, assírios, elamitas, os caldeus. Todos contribuíram para a arte TÓPICO 3 | PRIMÓRDIOS DA HUMANIDADE 43 escultórica desse período, que se divide em três grandes momentos: Arte Suméria, Arte Assíria e Arte Persa. Vamos perceber que o gênero religioso é o principal norteador desses povos. O gênero alegoria se instala mais tarde, ao representar em frisos e relevos as glorificações e simbologias referentes aos monarcas, cenas mais idealizadas do que realizadas. Também a alegoria se encontra nos animais híbridos, que significam força e proteção, instalados nos palácios e entradas. 3.1 ARTE SUMÉRIA Em função dos aspectos geográficos, a Mesopotâmia possuía uma abundância de argila. Em contrapartida, a pedra era escassa. As pedras tinham de ser trazidas de lugares distantes. Essa realidade influenciou a arquitetura e a escultura que se utilizou mais da argila do que a pedra para seus projetos. A argila possibilitou a produção de tijolos, os adobes usados em diversas construções, como o zigurate. O adobe era feito de argila, água e uma fibra natural como a palha, moldados em forma e secos ao sol. Outra manifestação são os tabletes de argila que continham uma espécie de escrita chamada de cuneiforme, por causa de sua forma em cunha. Apesar de serem de difícil manuseio, em função de seu peso, tinham a vantagem de serem duráveis. FONTE: BOZAL, Valeriano. História geral da arte: escultura. Barcelona: del Prado, 1996. FIGURA 30 – ESTATUETA FEMININA, IV a.C.TE RRACOTA 44 UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS Na escultura, a qualidade maleável da argila, possibilitou o desenvolvimento de uma estatuária votiva. Numerosas estatuetas que lembram as Vênus Esteatopígicas, mas com formas híbridas de animais e figuras femininas, principalmente pássaros. Dotadas de um esquema frontal e eixo vertical, são voltadas ao culto da fertilidade. FONTE: BOZAL, Valeriano. História geral da arte: escultura. Barcelona: del Prado, 1996. FIGURA 31 – ITUR SHAMAGAN EM ORAÇÃO. III a.C. As figuras votivas masculinas são representadas em oração. Acreditava- se que as divindades estavam presentes nessas estatuetas. Também em esquema frontal, a cabeça é raspada, os braços cruzados, o torso nu e uma espécie de vestidura que vai da cintura até os pés. Possuem expressão de assombro tomada por grandes olhos, normalmente incrustados por pedras ou pedaços de metais. A concepção de forma estava no cilindro e no cone, presentes principalmente nos braços e pernas. Havia também figuras femininas, com essas mesmas características, a diferença está no penteado, que se desdobra em ondas simétricas, ou por vezes estão recolhidos sobre a nuca. A vestimenta desce dos ombros até os pés. Uma característica interessante da escultura é a rejeição do nu na figura humana. Talvez por uma convenção cultural do nu como desamparo ou uma forma de impotência. As conclusões se baseiam nos relevos que demonstramem cenas de guerra, em que somente os prisioneiros e os vencidos estão despidos. A escultura com base em animais se manifesta em touros, bodes, leões etc. Também com motivos religiosos, essa associação vem desde os tempos pré- TÓPICO 3 | PRIMÓRDIOS DA HUMANIDADE 45 históricos. Exemplo magnífico com esse tema é o bode e árvore, um suporte para oferendas. Ele simboliza o deus Tamuz, o princípio masculino da natureza. Feito em madeira, folhas de ouro e lápis-lazúli é o modelo de uma escultura construída com vários materiais. O lápis-lazúli é uma rocha metamórfica de esplêndida cor azul muito usada para objetos e ornamentos e pequenas esculturas. IMPORTANT E FONTE: JANSON, H.W. A História Geral da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 2001. As esculturas mais antigas que concebem os monarcas possuem a condição da frontalidade, grandes olhos e largas barbas e cabeleiras onduladas. Os olhos eram incrustados com pedras preciosas. Algumas são feitas em bronze como a da gravura a seguir: FIGURA 32 – BODE E ÁRVORE, 2.600 a.C. 46 UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS FONTE: JANSON, H.W. A História Geral da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 2001. FIGURA 33 – CABEÇA DE UM SOBERANO ACADIANO, 2340-2234 a.C. BRONZE Outra manifestação escultórica importante desse período são os relevos. Como características dos relevos, temos a apresentação sobrepostas das figuras e o abandono à perspectiva. Uma das mais famosas é a Estela Comemorativa do Rei Naram-Sin. Esse relevo possui 2m de altura por 1,05m de largura e destinou-se a comemorar a vitória do monarca. Acima de todos está o líder vitorioso enquanto os seus inimigos imploram por absolvição e suas tropas avançam a encosta de um monte. Podem-se observar os símbolos das divindades coroando o relevo. Essa Estela é o mais antigo monumento dedicado a um conquistador e se dedica a informar a devida hierarquia assim posta de cima para baixo: os deuses, o rei e os soldados. TÓPICO 3 | PRIMÓRDIOS DA HUMANIDADE 47 FONTE: O Guia do Louvre. Musée du Louvre éditions, 2006. Os Gudea são esculturas voltadas para os santuários. Algumas estatuetas possuem inscrições e orações. Esses personagens em posição de preleção, sentados ou em pé, usam vestimentas que vão do ombro direito até os pés. A cabeça possui um tipo de chapéu bastante sofisticado que remete à hierarquia de pessoas importantes. A musculatura e o rosto são bem talhados em detalhes e com superfícies muito bem polidas que revelam a experiência e os estudos do artista nesses trabalhos. FIGURA 34 – ESTELA COMEMORATIVA DO REI NARAM-SIN FONTE: História geral da arte: escultura. Barcelona: del Prado, 1996. FIGURA 35 – PEQUENO GUDEA SENTADO, 211-2124 a.C. DIORITA 48 UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS No apogeu babilônico, a peça mais expressiva é o Código de Hammurabi. É uma espécie de documento de leis gravado em pedra diorita. O texto está gravado logo abaixo de uma cena que representa a relação entre o homem e a divindade, o rei perante o deus sol. É Hammurabi recebendo as leis das mãos do deus Shamash. A cena esculpida tem relação com os gudea, pela técnica e estilo. FONTE: Disponível em: <http://www. igrejacenaculodafeeabiblia.com>. Acesso em: 22 abr. 2009. FIGURA 36 – CÓDIGO DE HAMURABI 3.2 ARTE ASSÍRIA A arte assíria se inspirou na arte suméria, mas conseguiu projetar um estilo próprio. Os seus templos e palácios alcançaram proporções e estilos incomuns. A produção de relevos foi intensa para decorar e ilustrar suas crenças e símbolos. As manifestações escultóricas reproduzem os cânones da escultura sumeriana. Mas com o tempo foram incorporando elementos nas esculturas e relevos que definiram seu próprio modo de ser: a musculatura e força dos seus homens. As formas vigorosas se precipitaram inclusive nas figuras femininas. Uma das mais vibrantes esculturas desse período são as figuras híbridas de touro e homem. Todas as culturas primitivas têm na imagem do touro o símbolo de força e criação. Os touros assírios são esculturas colossais feitas em calcário que serviam para proteger as entradas dos palácios. A cabeça de homem TÓPICO 3 | PRIMÓRDIOS DA HUMANIDADE 49 possui o rosto bem modelado, um chapéu elaborado e o penteado e a barba são complexos. O corpo do animal é musculoso – característica assíria – podem-se perceber detalhes como veias e os ossos das costelas. Essa escultura possui cinco patas, mas voltada para uma ideia de percepção diferenciada: vista de frente, ela possui uma postura imóvel, imposta. Quando de lado, passa a impressão de movimento. Esse ser fantástico possui asas, que ajudam a ampliar a magnitude e a sua postura de respeito e majestade. FONTE: O Guia do Louvre. Musée du Louvre éditions, 2006. FIGURA 37 – TOUROS ALADOS ASSÍRIOS, 721-705 a.C. Os relevos encontrados nas paredes de palácios e templos são pranchas de pedra que concebem narrativas baseadas em cenas religiosas, de caça e de guerra. No centro ficam os fatos mais importantes com seus monarcas e outras personalidades. Nos contornos são imagens complementares. As figuras humanas são ícones assírios: geralmente de perfil, representam força por meio de seus corpos musculosos. Já os animais são mais realistas. O trabalho é realizado com maestria e severidade: é um relevo bastante fino, as figuras são talhadas com nitidez para gerar uma descrição acessível, sem a necessidade de um texto explicativo. Os relevos religiosos são em menor número se comparado com os relevos que abordam a caça ou a guerra. 50 UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS FONTE: JANSON, H.W. A História Geral da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 2001. FIGURA 38 – ASSURBANIPAL MATANDO LEÕES, 850 a.C. CALCÁRIO 3.3 ARTE PERSA A escultura persa está aliada à arquitetura, ou seja, relevos. Existem poucas manifestações escultóricas em forma de estatuetas. Os baixos relevos revestem muros e paredes de palácios e sepulcros. Sua arte destaca os triunfos do rei e do império. As narrativas não se dedicam às cenas de batalha, mas sim às vitórias. São frisos cheios de figuras humanas que carregam presentes e glorificam seu monarca. A influência assíria aparenta na escultura persa nas atitudes, ações e no esquema de alinhamento das figuras. Sem realismo, o diferencial está na vivacidade das imagens. Podemos distinguir dois grupos de baixos relevos: os relevos em pedra do palácio de Persépolis e os relevos em tijolos esmaltados do palácio de Susa. No palácio de Persépolis, as colunas e paredes estão cobertas de relevos com várias temáticas: desde o leão que ataca o touro, soldados enfileirados postando armas, o soberano com símbolos divinos, até um ambiente festivo com cortesãos conversando e com presentes para o seu rei. Todos esses relevos estão convertidos em frisos decorativos que ornamentam o palácio. TÓPICO 3 | PRIMÓRDIOS DA HUMANIDADE 51 FONTE: BOZAL, Valeriano. História geral da arte: escultura. Barcelona: del Prado, 1996. FIGURA 39 – CORTEJO DOS CORTESÃOS, VI a.C. BAIXO RELEVO DO PALÁCIO DE PERSÉPOLIS Ao contrário, o Palácio de Susa é convertido em cor. Numa atmosfera de magia, portadora de símbolos e animais imaginários híbridos. Um exemplo é o Leão alado com chifres de carneiro e patas traseiras de grifo com 2,52m de altura. Coberto de tons amarelos, ocres, verdes e azuis que expandem a sua magnificência, é provável que sua função seja a de protetor do palácio. FONTE: BOZAL, Valeriano. História geral da arte: escultura. Barcelona: del Prado, 1996. FIGURA 40 – LEÃO ALADO COM CHIFRES DE CARNEIRO E PATAS TRASEIRAS DE GRIFO, V a.C. TIJOLO ESMALTADO 52 UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS Os tijolos esmaltados ou vidrados se revelam uma conquista na área da técnica cerâmica. É uma evolução do adobe. Pelo fato do palácio de Susa estar próximo das áreas de argila da Mesopotâmia, pareceu viável para a época, adicionar tal material para os relevos. Os artistas persas aplicaram várias queimas e coziam os tijolos com pigmentos para alcançar a magnitude da cor. FONTE:
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