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Técnica e Gêneros de Escultura

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Prévia do material em texto

2011
Técnica e Gêneros de 
esculTura
Prof.ª Roseli Kietzer Moreira
Copyright © UNIASSELVI 2011
Elaboração:
Prof.ª Roseli Kietzer Moreira
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
 
731.735
M835t Moreira, Roseli Kietzer.
 Técnica e gêneros de escultura/ Roseli 
 Kietzer Moreira. 2ª Ed. Indaial : Uniasselvi, 2011.
 203 p. il.
 
 Inclui bibliografia.
 ISBN 978-85-7830-432-4
 1. Escultura.
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci
 II. Núcleo de Ensino a Distância III. Título
 
III
apresenTação
Prezados acadêmicos (a)!
Apresentamos os estudos referentes a Técnicas e Gêneros da 
Escultura. Essa disciplina assume o compromisso de instigar o conhecimento 
das práticas e da linguagem artística da escultura, mediante a história da arte 
com o prisma do gênero.
A escultura possui um universo fascinante, próprio de sua qualidade 
tridimensional, que nos propicia a perspectiva de vários ângulos. 
A criatividade humana se manifesta desde os primórdios e demonstra 
a perspicaz técnica que os artistas alcançaram com o tempo e a prática. 
Durante a história, a escultura também gerou suas formas em função da 
estética e da cultura. As influências histórico-culturais direcionaram as artes, 
e é por isso que se diz que a Arte é o retrato de uma civilização. A Arte revela 
os hábitos, o cotidiano, as preferências de cada povo.
Vamos conhecer artistas e suas linguagens, para conhecer um pouco 
de nós mesmos, como humanidade, como parte de uma identidade, que nos 
define como seres humanos, que sentem, pensam e se relacionam com os 
outros e com o meio. 
Bem-vindos! Vamos aos estudos!
Prof.ª Roseli Kietzer Moreira
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
V
VI
VII
UNIDADE 1 – CULTURAS E GÊNEROS ........................................................................................... 1
TÓPICO 1 – CONCEITOS DA ESCULTURA .................................................................................... 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 A ESCULTURA NA ARTE .................................................................................................................. 3
3 ESCULTURA E HISTÓRIA ................................................................................................................ 7
4 GÊNEROS DA ESCULTURA ............................................................................................................. 9
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 17
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 20
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 21
TÓPICO 2 – GÊNEROS E HISTÓRIA ................................................................................................. 23
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 23
2 ESCULTURA CHINESA ...................................................................................................................... 23
3 ESCULTURA INDIANA ..................................................................................................................... 25
4 ESCULTURA AFRICANA ................................................................................................................... 26
5 ESCULTURA PRÉ-COLOMBIANA .................................................................................................. 28
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 32
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 33
TÓPICO 3 – PRIMÓRDIOS DA HUMANIDADE ............................................................................ 35
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 35
2 A ESCULTURA NA PRÉ-HISTÓRIA ............................................................................................... 35
2.1 PALEOLÍTICO SUPERIOR ............................................................................................................. 36
2.2 NEOLÍTICO ..................................................................................................................................... 38
3 A ESCULTURA NA MESOPOTÂMIA ............................................................................................. 42
3.1 ARTE SUMÉRIA .............................................................................................................................. 43
3.2 ARTE ASSÍRIA ................................................................................................................................. 48
3.3 ARTE PERSA .................................................................................................................................... 50
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 54
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 55
UNIDADE 2 – HISTÓRIA E GÊNERO ............................................................................................... 57
TÓPICO 1 – SOBRE A VIDA E A MORTE ......................................................................................... 59
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 59
2 A ESCULTURA NO EGITO ................................................................................................................ 59
3 GRÉCIA: DO ARCAÍSMO AO HELENISMO ................................................................................65
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 73
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 74
TÓPICO 2 - A POLÍTICA E A RELIGIÃO .......................................................................................... 75
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 75
2 ROMA ANTIGA ................................................................................................................................... 75
sumário
VIII
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 86
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 87
TÓPICO 3 – O RENASCIMENTO ........................................................................................................ 89
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 89
2 O PERÍODO DA RENASCENÇA ...................................................................................................... 89
2.1 RENASCENÇA E A FIGURA HUMANA.................................................................................... 90
2.2 MICHELANGELO: O ESCULTOR RENASCENTISTA ............................................................ 93
3 ESCULTURA APÓS A RENASCENÇA ............................................................................................ 97
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 104
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 106
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 107
UNIDADE 3 – ARTE E GÊNERO ......................................................................................................... 109
TÓPICO 1 – ESCULTURA DO SÉCULO XVIII E XIX ..................................................................... 111
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 111
2 OS SÉCULOS XVIII E XIX .................................................................................................................. 111
2.1 NEOCLASSICISMO E ROMANTISMO ....................................................................................... 112
2.2 REALISMO E IMPRESSIONISMO ................................................................................................ 115
3 RODIN: O ESCULTOR DA EXPRESSÃO ....................................................................................... 115
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 120
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 121
TÓPICO 2 – O GÊNERO E O SÉCULO XX ......................................................................................... 123
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 123
2 A ARTE MODERNA ............................................................................................................................ 123
3 ARTE CONTEMPORÂNEA ............................................................................................................... 133
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 138
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 139
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 140
TÓPICO 3 – GÊNEROS DA ESCULTURA BRASILEIRA ............................................................... 141
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 141
2 ESCULTURA BRASILEIRA ................................................................................................................ 141
2.1 GÊNERO RELIGIOSO ..................................................................................................................... 141
2.2 NEOCLACISSISMO E ROMANTISMO ....................................................................................... 145
2.3 MODERNISMO ................................................................................................................................ 148
2.4 CONTEMPORANEIDADE ............................................................................................................ 151
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 157
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 158
TÓPICO 4 – ADIÇÃO E TALHA .......................................................................................................... 159
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 159
2 ADIÇÃO ................................................................................................................................................. 159
2.1 PRÁTICA PARA A ESCOLA ......................................................................................................... 163
3 TALHA .................................................................................................................................................... 165
3.1 PRÁTICA PARA A ESCOLA ......................................................................................................... 171
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 174
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 177
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 178
IX
TÓPICO 5 – CONSTRUÇÃO E MOLDAGEM .................................................................................. 179
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 179
2 CONSTRUÇÃO ..................................................................................................................................... 179
2.1 PRÁTICA PARA A ESCOLA ......................................................................................................... 185
3 MOLDAGEM ......................................................................................................................................... 186
3.1 PRÁTICA PARA A ESCOLA ......................................................................................................... 198
RESUMO DO TÓPICO 5........................................................................................................................ 200
AUTOATIVIDADE .................................................................................................................................201
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 203
X
1
UNIDADE 1
CULTURAS E GÊNEROS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta Unidade, caro(a) acadêmico(a), você estará apto(a) a:
• conhecer os conceitos e os gêneros que cercam a escultura como lingua-
gem artística;
• contemplar a escultura chinesa, indiana, africana e pré-colombiana e seus 
gêneros;
• contextualizar os princípios da escultura na pré-história e na Mesopotâ-
mia e suas influências sócio-histórico-culturais e gêneros.
Esta Unidade está dividida em três tópicos, sendo que, em cada um deles, 
você encontrará atividades que contribuirão para sua reflexão e análise dos 
estudos já realizados.
TÓPICO 1 – CONCEITOS DA ESCULTURA
TÓPICO 2 – GÊNEROS E HISTÓRIA
TÓPICO 3 – PRIMÓRDIOS DA HUMANIDADE
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
CONCEITOS DA ESCULTURA
1 INTRODUÇÃO
A escultura era tida como uma das menores das artes. Sempre relacionada à 
arquitetura, por ter semelhanças na questão da construção e tida como ornamento, 
somente depois de muito tempo, é que a escultura tem seu reconhecimento como 
linguagem artística. 
A escultura surge já na pré-história como uma forma de expressão. 
Durante toda a história da arte, sofre mudanças e adaptações, segundo as 
técnicas, os materiais e a proposta estética de cada civilização. Talvez isso seja 
relevante destacar: cada cultura vive seu instante, propondo a filosofia de vida do 
cotidiano, e a escultura acompanha essa tendência. 
Nos dias de hoje, pode nos parecer deveras estranha alguma manifestação 
escultórica, mas frente à tecnologia, nossa cultura cibernética e vida agitada 
de metrópoles, a Arte também se exprime diferentemente das suas mostras 
anteriores. Nossa vida mudou, a Arte acompanha o ritmo e também se modifica.
Que os estudos sobre a história da escultura por meio de gêneros possa 
amparar no entendimento das manifestações artísticas de hoje. Estudar o passado 
pode ajudar a compreender o presente.
2 A ESCULTURA NA ARTE
Escultura é a arte das representações no tridimensional. Volume é sua 
qualidade inerente, por ocupar um espaço, possuir densidade, um certo peso e 
massa. Diferente de uma pintura, que simula, por meio de perspectiva de luz 
e sombra, a tridimensionalidade, a escultura é tridimensional, possui altura, 
largura e profundidade, pertence ao espaço real.
O relevo também faz parte da linguagem escultórica. Relevo pode 
ser definido como uma forma que se projeta de um plano. Muito usado na 
arquitetura, é conhecido por alto e baixo relevo. Se o escultor removeu bastante 
material, a ponto dos elementos parecerem se desprender da base, em que a 
tridimesionalidade é evidenciada, chamamos de alto-relevo, conforme o exemplo 
a seguir:
UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS
4
FONTE: Disponível em: <http://www.opendemocracy.net/arts/germany_3595.
jsp>. Acesso em: 22 abr. 2009.
FIGURA 1 – ATENEA E ALCIONEO, 180 a.C. MÁRMORE
Mas caso se assemelhe mais a um desenho com pouco volume, será 
considerado um baixo-relevo. Para exemplificar, temos o seguinte exemplo:
FONTE: Disponível em:<http://www.jornallivre.com.br >. 
Acesso em: 22 abr. 2009
FIGURA 2 – ESTELA MAIA
TÓPICO 1 | CONCEITOS DA ESCULTURA
5
Na observação de uma estrutura escultórica, tem-se uma vantagem sobre 
outras linguagens da Arte. Ao apreciar uma escultura, há várias perspectivas: 
diversos perfis que proporcionam diversos olhares sobre uma mesma estrutura. 
Podemos vagar o olhar, indo do mínimo detalhe à visão completa. Nessa 
descoberta, percebemos luz e sombra, proporções e textura. Se for possível tocar 
a escultura, nossa percepção se torna mais ampla, pois o tátil pode revelar o 
material e suas especificidades.
Conhecer as técnicas e materiais de escultura será importante para 
entender a história e a prática dos artistas, além de auxiliar na análise da obra de 
arte.
Iniciemos com as técnicas: a modelagem, a fundição, a construção e a talha. 
A modelagem tem relação com a adição e advém do acréscimo de materiais, como 
argila ou cera. Já a fundição tem a ver com moldes e consta de preenchimento 
de materiais diversos como: cera, cimento, argila líquida, gesso, bronze, silicone 
etc. A construção é a liga de vários elementos, ou seja, remete à solda de partes 
do material para criar uma forma completa. E por fim, a talha, que é a ação de 
esculpir, com ferramentas adequadas até chegar à estrutura final. Já foi possível 
perceber que a técnica se relaciona com o material. Ao optar por mármore, por 
exemplo, estará escolhendo a talha, e vice-versa: se preferir a talha só poderá 
trabalhar com madeira ou pedra.
Vamos conhecer agora os materiais, que são os mais diversos: a pedra, 
a madeira, o gesso, a argila (terracota) e os metais são considerados materiais 
clássicos, pois foram utilizados desde os primórdios da humanidade. Em pedra 
temos os mármores, as pedras calcárias, os granitos. Os metais: o bronze, o cobre, 
o ouro, a prata. É possível usar todo tipo de madeira para escultura, as mais 
duráveis são o ébano e o jacarandá. Outros materiais também foram utilizados, 
como será citado no transcorrer dos estudos: pedras preciosas como o jade 
e outros de origem orgânica como o âmbar e o marfim. O século XX, por suas 
características industriais e tecnológicas favoreceu uma diversidade de materiais 
que também são exploradas pelos escultores: plástico, vidro, concreto, metais, 
papel, fibras sintéticas e outras. 
Preste atenção para esta questão de nomenclatura: esculturas em argila 
também são conhecidas como “escultura em terracota”.
IMPORTANT
E
UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS
6
Outro aspecto importante da escultura é a sua representação. Podendo ser 
figurativa ou abstrata: 
• Figurativa: quando se identificam as formas da escultura. Mesmo que 
composição esteja simplificada, é possível compreender o tema proposto. 
O conceito de realismo tem a ver com o figurativo. Ao se falar de realismo 
em escultura, é o artista recriando a natureza tal como ela é, com detalhes e 
pormenores, com a proximidade máxima do real. A seguir, um exemplo de 
escultura figurativa:
FONTE: Disponível em:<http://www.mainieri.blogspot.com>. Acesso 
em: 22 abr. 2009.
FIGURA 3 – O PENSADOR, DE AUGUSTE RODIN, 1889
l	Abstrata: na abstração, as formas não levam a uma identificação com o mundo 
concreto. A abstração está ligada aos elementos formais de composição: 
formas, linhas, cores. Contrária à imitação da natureza, a abstração convida 
o observador à apreciação escultórica por meio de percepções e sentimentos. 
A abstração se manifesta efetivamente a partir do século XX, com os artistas 
europeus, numa espécie de reação ao academismo na Arte. A seguir, um 
exemplo de escultura abstrata:
TÓPICO 1 | CONCEITOS DA ESCULTURA
7
FONTE: Disponível em:<http://www.divirta-se.correioweb.com.
br>. Acesso em: 22 abr. 2009.
FIGURA 4 – FRANS WEISSMANN
Seja figurativa ou abstrata, a escultura revela a história do homem e 
mantém em seu cerne a expressividade e criatividade do artista, da pré-história 
até nossos dias.
3 ESCULTURA E HISTÓRIA
Sendo uma das primeiras linguagens artísticas exploradas pelo homem, 
a história da escultura se confunde com a própria história da humanidade. Sua 
origem tem a ver com a necessidade de representação do homem, diante de 
um mundo desconhecido e inóspito. O homem ao modelar ou esculpir alguma 
imagem na matéria, projeta uma espécie de domínio. Dar forma para um material 
amorfo, além de propiciar uma atitude de magia e poder, estimula uma das 
aptidões intrínsecas do ser humano: a criatividade. 
Ao estudar a história da escultura, vamos perceber que a forma mais 
evidente na linguagem escultórica seja a figura humana. Mas por que dessa 
escolha? Talvez porque a forma humana é conduzida pela proporção, simetria 
e pela beleza das possibilidades tridimensionais. Da rusticidade das Vênus 
Paleolíticas, passando pela perfeição corpóreadas esculturas de Michelângelo e 
Rodin até a expressividade abstrata de Henry Moore, podemos descobrir e nos 
deslumbrar das diversas manifestações escultóricas do corpo humano de que o 
escultor é capaz de realizar.
UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS
8
FONTE: Disponível em: <http:// www.classica.org.br>. Acesso 
em: 22 abr. 2009.
FIGURA 5 – TORSO MASCULINO
O corpo humano sempre foi o desafio e a expressão máxima da linguagem 
escultórica. Uma das manifestações mais interessantes da figura humana é o 
torso, uma escultura de parte do corpo humano com destaque para o elemento 
central, que consta do tórax. Representada em nu artístico, figuras femininas e 
masculinas, personificando divindades ou alegorias, a figura humana se revela 
em vários formatos e circunstâncias conforme a época e civilização e em todos os 
gêneros. 
Outra presença marcante da escultura é sua relação com a arquitetura. 
Considerada um complemento arquitetônico, por suas características espaciais, 
só depois de séculos, que a escultura se afirma como uma arte independente. Ao 
falar de afinidades, na busca de entendimentos sobre a linguagem escultórica, 
surgem teorias como esta que considera a escultura como situada entre a 
arquitetura e a pintura. De um lado, ela se baseia na estrutura, no espaço, nas 
formas abstratas como a obra arquitetônica. Por outro constituído pela imitação, 
simbolismo e representação da pintura. Essa dicotomia revela as perspectivas 
distintas, porém que se completam no âmbito da escultura. 
No decorrer dos estudos, há de se entender que a representação da 
escultura se modifica, conforme os requisitos histórico-sociais das civilizações. 
Em um momento ela é realista, em outro busca a abstração ou a simplificação 
formal. O importante é compreender que essas referências são para atender as 
necessidades de uma época, o que torna a disciplina interessante: ao vincularmos 
o olhar para a escultura e sua representação, estaremos também focando a 
concepção filosófica de um período histórico. Ao interpretar a escultura, vamos 
decodificar o contexto humano de uma época. 
TÓPICO 1 | CONCEITOS DA ESCULTURA
9
Esperamos que esses estudos possam contribuir para o conhecimento da 
linguagem escultórica, bem como instigar sua apreciação e com isso, proporcionar 
o entendimento do pensamento humano por meio da história e cultura.
4 GÊNEROS DA ESCULTURA
Um dos objetivos dessa unidade é conhecer os gêneros que cercam a 
escultura como linguagem artística. Mas afinal, o que é gênero?
Ao se tratar de gênero, estamos lidando com certo “estilo”. Por exemplo, 
na literatura, temos uma variedade de gêneros, que configuram as características 
da composição. Assim temos o gênero lírico, o gênero épico e o gênero dramático. 
Em escultura, temos gêneros que compartilham com outras linguagens, como a 
pintura.
 
O gênero na arte foi instituído como conceito a partir do Renascimento 
e principalmente no século XVI, quando os artistas começaram a avaliar suas 
obras por meio de estilos. Da pré-história até 1500-1600, são historiadores, 
artistas e profissionais da arte que opinam a respeito do gênero na história. Uma 
hipótese para tal surgimento tardio do gênero na história talvez seja a mudança 
de concepções do ser humano: até a renascença, a filosofia de vida se baseava, no 
geral, na religiosidade e na mitologia, no divino ou pagão, voltado à natureza, 
aos ídolos e divindades. Não havia necessidade de conceituar ou de reter 
nomenclaturas. 
Outro precedente seria a valorização da linguagem do artista como 
indivíduo. Até a Idade Média os escultores eram incumbidos de trabalhar para a 
soberania religiosa ou política, tratados como meros artesãos. Com o surgimento 
da burguesia é que os artistas iniciam sua jornada como profissionais liberais, 
pagos por pedidos e encomendas de retratos e outros. É possível que isso também 
tenha dado vazão à diversidade e conceituação dos gêneros.
Preste atenção! Vamos em seguida, conhecer alguns principais gêneros da 
escultura, bem como as referências escultóricas inseridas em cada um.
IMPORTANT
E
UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS
10
Os principais gêneros da escultura são:
l	Gênero Mitológico.
l	Gênero Religioso (subgêneros: cerimonial e funerário).
l	Gênero Alegoria.
l	Gênero Retrato (autorretrato).
Os gêneros da escultura são quatro grandes grupos com suas devidas 
subdivisões. Em cada gênero, podemos encontrar esculturas inclusive com nomes 
específicos que revelam suas funções junto ao contexto em que estão inseridas. 
O Gênero Mitológico representa os mitos e crenças e está relacionado 
com as divindades e heróis da antiga Grécia. Exemplos: as esculturas de atlante, 
cariátide, herma.
Atlante: É um tipo de escultura ligada à arquitetura. No lugar da coluna se 
apresenta a forma de um homem, de corpo musculoso e com os braços erguidos 
sobre a cabeça, simulando a ideia de suportar o peso da construção. O nome 
atlante surge da mitologia grega com o titã Atlas, que é condenado por Zeus a 
carregar o globo terrestre em seus ombros. Utilizado principalmente na Grécia, e 
nos movimentos artísticos subsequentes da Renascença, Neoclassicismo, Barroco 
e Rococó, tanto no exterior como no interior das edificações. No século XVII fora 
empregado em proas e popas de navios.
FONTE: Disponível em <http://www.pt.wikipedia.org/wiki/
Atlante>. Acesso em: 22 abr. 2009.
FIGURA 6 – ATLANTE NO TRIBUNAL DE WOOSTER
TÓPICO 1 | CONCEITOS DA ESCULTURA
11
Cariátide: é a versão feminina do atlante. Usada também como coluna de 
sustentação na arquitetura, esse tipo de gênero mostra a elegância e ao mesmo 
tempo a imponência dessa figura feminina.
FONTE: Disponível em: <h://www.unav.es/.../2004/
descouvre/Cariatide.jpg>. Acesso em: 22 abr. 2009.
FIGURA 7 – CARIÁTIDE
Herma: O nome se origina do deus grego Hermes, ligado à sorte e 
fertilidade. Uma herma era uma espécie de pilar quadrado ou retangular, feito 
em terracota, pedra ou bronze. Sobre esse pilar constava a cabeça de Hermes, com 
barba por representar força física. Usado como símbolo de proteção, era colocado 
nas ruas e portas para os respectivos viajantes e moradores.
UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS
12
FONTE: Disponível em: <http://commons.wikimedia.org/wiki/
File:Herma>. Acesso em: 22 abr. 2009.
FIGURA 8 – HERMES
O Gênero Religioso se refere aos conceitos religiosos de uma cultura, esse 
gênero se manifesta em dois subgêneros: o cerimonial e o funerário. O cerimonial 
está ligado aos objetos e esculturas usados em rituais e cerimônias, um exemplo é 
a estátua de roca. O funerário, como o próprio nome orienta, abarca os elementos 
escultóricos voltados para o mortuário. Como exemplo, temos a efígie.
Efígie: integrado a monumentos fúnebres, encontrado principalmente 
em igrejas. A efígie é a representação de corpo inteiro de um indivíduo falecido 
de importância social. Feitas de madeira ou pedra, as esculturas podem ser 
encontradas deitadas, ajoelhadas ou em pé, quase sempre em postura de oração, 
com as mãos justapostas.
TÓPICO 1 | CONCEITOS DA ESCULTURA
13
FONTE: Disponível em: <http://gloriadaidademedia.blogspot.
com/2008_06_01_archive.html>. Acesso em: 22 abr. 2009.
FIGURA 9 – EFÍGIE
Efígie é a representação de um indivíduo real, simbólico ou fictício. Pode ser 
o retrato de uma pessoa ou de uma divindade, tal como apresentado em moedas, por 
exemplo. Na escultura, está associado a monumentos fúnebres.
IMPORTANT
E
Estátua de roca: as estátuas de roca são imagens sacras, normalmente 
vestidas com trajes e tecidos. São destinadas para as procissões de culto católico. 
Sua demanda esteve presente no período Barroco até o século XIX. Algumas ainda 
são utilizadas e podem ser encontradas em igrejas. Fazem parte do subgênero 
cerimonial do gênero religioso.
UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS
14
FONTE: Disponível em: <www.wikimedia.org/wikipedia/
commons>. Acesso em: 22 abr. 2009.
FIGURA 10 – IMAGEM DE ROCA REPRESENTANDO CRISTO 
COM O SÍMBOLOS DA PAIXÃO. MUSEU DE PERNAMBUCO.
O Gênero Alegoriaé a representação de um pensamento, um ideal ou um 
conceito por meio da forma figurada. A escultura equestre é um exemplo.
Escultura Equestre: essa escultura é uma espécie de homenagem para 
glorificar personalidades importantes de uma época. Por meio do posicionamento 
das patas do cavalo, obtém-se a simbologia da morte do indivíduo: morte de causa 
natural quando as quatro patas estiverem posicionadas no chão; morte em ação 
com três patas fixas no chão; morte em batalha com duas patas suspensas no ar.
TÓPICO 1 | CONCEITOS DA ESCULTURA
15
FONTE: Disponível em: <http://umolharsobreomundodasartes.
blogspot.com>. Acesso em: 22 abr. 2009.
FIGURA 11 – ESTÁTUA EQUESTRE EM BRONZE DE MARCO 
AURÉLIO. II d.C.
O Gênero Retrato é a descrição, a imagem de um indivíduo como forma 
de perpetuar suas feições. Um subgênero do retrato é o autorretrato: o artista se 
personifica na escultura. Os bustos são exemplos perfeitos do gênero retrato.
Busto: é a representação de uma pessoa, geralmente políticos, reis, 
monarcas, indivíduo de importância política ou religiosa. Ligada aos conceitos 
do retrato, o escultor recriava a fisionomia acrescida da sua importância social. 
O busto se limita na apresentação da cabeça, pescoço, ombros e parte do dorso, 
incluindo, por vezes, o apoio numa espécie de pedestal. 
FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/
Ficheiro:Tiberius_palermo.jpg>. Acesso em: 22 abr. 2009.
FIGURA 12 – TIBERIUS PALERMO
UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS
16
Algo curioso, mas que pode acontecer é a possibilidade de uma escultura 
pertencer a dois ou mais grupos de gêneros. Como por exemplo, a máscara 
mortuária que se reporta tanto para o Gênero Religioso quanto para o Gênero 
Retrato. Serve para os dois objetivos: para eternizar a imagem do morto como 
para o ritual funerário, apesar de seu conceito estar mais para esse último.
Máscara Mortuária: a máscara mortuária convinha para perpetuar a 
imagem do morto. Os materiais utilizados para sua confecção era cera ou gesso 
(em alguns casos a folha de ouro) e seu processo se sucedia diretamente no rosto 
do indivíduo. A máscara também servia à arte funerária. A cultura egípcia usava 
como parte do processo da mumificação. Culturas europeias utilizaram a máscara 
mortuária como efígies, no século XVII.
FONTE: Disponível em: <http://www.fflch.usp.br/dh/heros/
traductiones/pausanias/micenas.html>. Acesso em: 22 abr. 2009.
FIGURA 13 – MÁSCARA MORTUÁRIA – MICENAS, CÍRCULO 
TUMULAR
ESTUDOS FU
TUROS
No decorrer de nossos estudos, veremos outras manifestações escultóricas e 
seus gêneros. O objetivo é interagir esse conhecimento com o contexto histórico-cultural.
Vamos ao resumo deste Tópico! O objetivo é reunir as principais ideias sobre 
conceitos e gêneros da escultura.
UNI
TÓPICO 1 | CONCEITOS DA ESCULTURA
17
UM BURACO NO ESPAÇO
 Josep Maria Subirachs
Por que o ser humano tem necessidade da obra de arte? Como é que nos 
outros seres vivos não vemos nenhum indício de uma atividade parecida? Não 
nos enganemos com o ninho, a colmeia ou a teia de aranha, imaginando que tem 
algo a ver com a arquitetura; falta-lhe a premissa fundamental do homem: o estilo. 
Sim: essas construções frequentemente de grande beleza carecem naturalmente 
do mais leve indício de estilo: são só ferramentas, realizações instintivas para 
prolongar a anatomia animal ou, dito de outra maneira, para aperfeiçoar a vida 
fisiológica do ser. De certo modo não há nelas nada de essencial que as diferencie 
de uma casca de uma tartaruga ou a plumagem de um pássaro. E é por isso que 
o que chamamos de obra de arte, esta realização inútil – inútil do ponto de vista 
material, embora para o ser humano indispensável a todas as luzes, pois aparece 
acompanhando-o ao longo de toda sua história e também de sua pré-história 
– serve-nos por sua vez para que possamos decifrar a diferença essencial que 
separa o homem de outros seres, e que necessariamente deve ter, no processo 
darwiniano da evolução, uma fronteira a partir da qual possa se afirmar que o 
homem nasceu.
Onde situar tal linha divisória? Sem dúvida no momento em que o ser 
tem consciência de que vive e de que sua vida tem um limite: trágica informação 
perante a qual se rebela e inventa a arte para defender-se da desesperança.
A vida não é o oposto da morte, já que as duas parecem-se demasiado. O 
verdadeiro oposto à morte deve ser algo subtraído, independente do biológico 
e que, nascido do pensamento humano, como Minerva da cabeça de Júpiter, 
sirva ao homem de antídoto contra a doença fatal, permitindo-lhe escapar, pela 
“natureza” artificial que cria, do férreo ciclo dos seres vivos. Assim, a arte existe 
porque o homem quer burlar a morte e procura – com muito pouco êxito ao final 
– persistir mais além do inexorável final. E ao dizer que a arte se opõe à morte não 
me refiro ao que correspondentemente se diz a cerca da hipotética imortalidade 
do artista através de sua fama imarcescível, mas a uma realidade metafísica 
baseada no caráter intemporal de sua obra.
Deste valor ou desta virtualidade da obra de arte beneficia-se o homem 
em geral – esse homem espectador, gozador, usuário do fato artístico – ao sentir 
abrigado, protegido do nada, da espada constante sobre sua cabeça, porque – 
como diz Proust – “caso o nada seja a única verdade e todo o nosso sonho seja 
inexistente, mas então pressentimos que será necessário que essas frases musicais, 
estas noções que existem em relação ao nada, fiquem também sem realidade. 
Pereceremos, mas levaremos como reféns estas divinas cativas que correrão 
nossa sorte. E a morte com elas nos parecerá menos amarga, menos mísera, talvez 
menos provável”.
LEITURA COMPLEMENTAR
UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS
18
Chegando a este ponto vemos com claridade o papel criador do verdadeiro 
artista: criador de seres que nos acompanham e nos consolam, nos iludem e nos 
orgulham, nos desforram e nos dão a mão através do tempo – essa alcoviteira 
que nos relaciona com a morte – para poder cruzar com uma certa serenidade a 
frágil ponte. 
E esses seres que nos acompanham tem nome e rosto: são a rainha 
Nefertiti, os Guerreiros de Riace, o cavaleiro de Bamberg, os Serers da capela 
mediceia, os Burgueses de Calais, o são Jorge de Montjuic, as Figuras reclinadas 
de Moore...Não vêm a luz de cada dia, nem com facilidade, mas afortunadamente 
constituem já uma povoação importante e conservam imarcescível, apesar da 
erosão do tempo e dos bárbaros, uma auréola de imortalidade.
Entre as artes espaciais, a arte escultórica situa-se entre a pintura e a 
arquitetura. Ocupa um lugar semelhante ao da poesia entre as artes do tempo, 
à metade do caminho entre a narrativa e a música. E esse caráter intermediário 
confere certo parecido à escultura e à poesia.
Menos “utilitária” que a arquitetura e mais minoritária que a pintura, 
a escultura chega dificilmente ao grande público. Todo mundo, em efeito, tem 
necessidade de acolher-se numa casa e sente desejos de pendurar algo na parede 
que quebre a monotonia da mesma. Todos leem de vez em quando algum texto 
ou ouvem música. Mas é menos frequente e estimulante a afeição pela escultura 
ou pela poesia. Esta limitação da escultura é também sua grandeza, se pensarmos 
que a arte, como o seu próprio nome indica, é artifício. Comparada com as demais 
especialidades artísticas, a escultura é mais artificiosa: sua “necessidade” é menos 
evidente e, portanto, entra de cheio no que poderíamos chamar “necessidade da 
vontade”: necessidades criadas pelo homem e que o situam num nível, não só 
superior, mas radicalmente diferente aos outros seres que são escravos de suas 
necessidades e desejos.
Para aproximar-nos da compreensão que o caracteriza, pelo menos em sua 
origem, a diferentes artes plásticas, deve-se ter presente que o desenho é a arte da 
linha, assim como a pintura é a arte da superfície, a escultura a arte do volume 
convexo e a arquitetura a arte da concavidade. Acaso o estilo virá de alguma forma 
motivado pela combinaçãodestes elementos básicos, afastando a obra de sua 
pureza teórica, mas enriquecendo com isso suas possibilidades. Linha, superfície, 
convexidade e concavidade são para as diferentes artes plásticas como as cores 
puras do pintor que, misturadas sabiamente na paleta, dão uma infinidade de 
matizes. O estilo será obtido em parte pelo maior ou menor afastamento da obra 
da sua origem teórica.
O escultor Joan Rebull, num texto de 1929, diz que “uma escultura é um 
buraco no espaço” Esta paradoxal frase reforça-nos a ideia do caráter volumétrico 
da escultura, porque, em efeito, o que é um buraco no espaço, essa forma 
tridimensional que chamamos escultura?
TÓPICO 1 | CONCEITOS DA ESCULTURA
19
Em sua frase Rebull intui uma maneira de ver a obra desde o ponto de 
vista fenomenológico, que nos traz à memória uma ideia do filósofo francês 
Maurice de Merleau-Ponty, exposta em sua obra Sens et non-sens: “O aspecto do 
mundo mudaria completamente para nós se conseguíssemos ver como coisas os 
intervalos entre as coisas...”
Por estar mais próximo da arquitetura, a obra do escultor encontra-se 
mais atada à matéria do que à obra do pintor. Dessa forma, o escultor deve ter 
mais em conta a técnica e é inimaginável uma obra escultórica onde a matéria 
em que está realizada não tenha sido tratada com respeito. O escultor, bem como 
o arquiteto, colabora com os elementos escolhidos, e será um mau artista se 
contradiz a natureza do material em que trabalha.
Os escultores utilizaram quase todos os materiais que permitem realizar 
formas tridimensionais: o ferro, vidro, o marfim, os plásticos [...] Os novos tempos 
trouxeram novos materiais para a escultura e ainda novas e originais formas de 
entender essa arte. Talvez seja na arte da escultura onde vemos com maior clareza 
que a forma é o resultado da união da ideia com a matéria, mas dialoga com ela 
para conseguir o que deve ser o resultado de toda obra de arte: a materialização 
da ideia. 
FONTE: BOZAL, Valeriano. História geral da arte: escultura. Barcelona: del Prado, 1996. p. 9-12.
20
Neste tópico, você viu que:
• Sobre os conceitos: a escultura é a arte das representações no tridimensional, 
sendo o volume sua qualidade inerente. Por muito tempo esteve relacionada 
à arquitetura. Os relevos são manifestação escultórica e se dividem em alto 
e baixo relevo. A representação da escultura pode ser figurativa ou abstrata. 
As principais técnicas são a modelagem, a fundição, a construção e a talha; os 
materiais são os mais diversos. A forma mais idealizada em escultura é a figura 
humana. 
• Sobre o gênero: os principais gêneros da escultura são: Gênero Mitológico, 
Gênero Religioso (com os subgêneros: cerimonial e funerário), Gênero Alegoria 
e o Gênero Retrato (com o subgênero autorretrato). Existe a possibilidade de 
uma escultura integrar dois ou mais gêneros.
RESUMO DO TÓPICO 1
21
A máscara mortuária é uma prática escultórica ligada ao retrato e ao 
religioso. A máscara se torna instigante pelo processo na qual é produzida: 
trata-se de perpetuar as feições do morto usando diretamente o rosto do 
falecido! Deve ser perturbador e curioso! Mas era talvez a única forma de 
preservar a memória do indivíduo na sua tridimensionalidade. As máscaras 
eram feitas principalmente para a realeza, a aristocracia e pessoas importantes 
como artistas e poetas. Uma das máscaras mortuárias mais famosas é a do 
faraó Tutankamon. A atividade proposta é a seguinte: faça uma pesquisa 
(bibliográfica ou internet) e busque sobre máscaras mortuárias e descubra 
outras personalidades famosas de nossa história que foram imortalizadas pelo 
processo da máscara. Vamos à pesquisa!
AUTOATIVIDADE
22
23
TÓPICO 2
GÊNEROS E HISTÓRIA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
A história da arte, normalmente, se concentra na contextualização das 
civilizações ocidentais, pois nossa maior influência sócio-histórico-cultural é da 
colonização europeia. 
Incluímos nessa unidade a manifestação artística de outras culturas que 
também são referências para o nosso conhecimento em Artes e gênero. Vamos 
perceber que a religiosidade é o gênero predominante dessas culturas e de que a 
arte tem a função de mediar o homem e suas divindades, seja em cerimoniais ou 
rituais funerários, na ornamentação ou na arquitetura.
A finalidade é revelar as principais características dessas culturas e suas 
contribuições para a arte escultórica numa perspectiva geral. São elas: a escultura 
chinesa, indiana, africana e pré-colombiana. Vamos conhecê-las.
2 ESCULTURA CHINESA
A filosofia chinesa influencia o cotidiano e a arte. Na versão oriental, o 
escultor é um artesão que procura colocar a natureza como um meio para atingir o 
equilíbrio e a comunhão com todas as coisas. O artista chinês referencia a natureza. 
BOZAL (1996, p. 65) comenta que “o artista ocidental é fundamentalmente um 
criador, enquanto que o chinês é antes de tudo um contemplador”.
Os gêneros de suas esculturas estão voltados para o religioso, cerimonial 
ou funerário. Imagens de pessoas, animais, divindades convertidas em objetos, 
estatuetas, esculturas, ornamentos. As vertentes mais importantes são os 
trabalhos em jade, a modelagem em argila e a fundição em bronze. O jade para os 
chineses é a pedra preciosa mais bela: dotada de virtudes, entre elas, a sabedoria e 
a bondade. O jade é uma rocha cristalina, translúcida, de brilho vítreo, compacta, 
de várias cores, do conhecido branco leitoso, passando pelos verdes, azuis, 
amarelos, vermelhos até os pretos. Devido ao seu material ser de grande dureza, o 
trabalho com o jade é muito difícil. Por isso, os objetos são de pequeno porte, mas 
as estatuetas são de uma belíssima forma e mostram a destreza de seus artistas.
UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS
24
FONTE: Disponível em: <http://portuguese.cri.
cn/1/2004/11/05/1@18372.htm>. Acesso em: 22 abr. 2009.
FIGURA 14 – ESCULTURA EM JADE
A fundição em bronze desenvolve criaturas representativas como dragões, 
tigres, serpentes e pássaros. Esses animais - e outros - possuem um simbolismo 
ligado aos conceitos filosóficos chineses e aparecem em objetos e ornamentos. 
Essa característica da escultura aliada à decoração, é para o artista chinês, um 
evento singular: a decoração precisa ter sentido e não uma mera superficialidade.
FONTE: BOZAL, Valeriano. História geral da arte: escultura. Barcelona: 
del Prado, 1996.
FIGURA 15 – TIGRE, SÉCULO X a.C, BRONZE
A modelagem em argila tem a sua representatividade maior nos 
Guerreiros de Terracota. Em 1975, se fez uma das descobertas arqueológicas 
mais fascinantes: um exército de esculturas em argila de tamanho natural, em 
ótimo estado de conservação. Figuras principalmente de homens e cavalos, em 
posição de combate. Os guerreiros portam armas - espadas, lanças, arcos - feitas 
de bronze. Esse conjunto com mais de 8.000 esculturas, faz parte da arte funerária 
e tumba do imperador Shih Huang Ti da dinastia Ch’in (221-206 a.C.). 
Para a construção de tais esculturas, foram empregados moldes, para 
facilitar a extensa produção: são maciças da cintura para baixo; o torso é oco 
acrescido dos antebraços, mãos e cabeça. O acabamento é meticuloso: os rostos são 
personalizados e os adereços e penteados são detalhistas. Os “guerreiros de Xian”, 
TÓPICO 2 | GÊNEROS E HISTÓRIA
25
como são conhecidos também, eram coloridos para criar realismo às esculturas e 
revestidas com uma espécie de laca. A exposição ao ar provocou a descoloração 
das peças. E é por isso e pela fragilidade da argila que os arqueólogos trabalham 
até hoje, com cuidado, para preservar ao máximo a integridade das peças. 
FONTE: Disponível em: <http://www.acemprol.com/viewtopic.
php?f=16&t=141>. Acesso em: 22 abr. 2009.
FIGURA 16 – GUERREIROS DE TERRACOTA
Ao contrário da arte ocidental, a arte chinesa não adota o nu na escultura, e 
cultiva poucos retratos.
IMPORTANT
E
3 ESCULTURA INDIANA
A cultura indiana tem como princípio a religiosidade, sendo três as 
principais formas de religião: o Budismo, o Hinduismoe o Janismo. Para tanto, 
templos são construídos para as oferendas e cultos às divindades. Isso gera uma 
relação direta da escultura com arquitetura e construções.
Mas para adornar os templos com a simbologia das referidas religiões, a 
escultura cria o aspecto de relevo e não de tridimensionalidade. Os relevos são 
narrativos e muitos contam a história de Buda. A representação de Buda era por 
meio de símbolos. Só mais tarde (entre os séculos I e V) a figura de Buda aparece 
em forma humana, representada com a típica mão direita levantada em posição 
de bênção.
UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS
26
FONTE: BOZAL, Valeriano. História geral da arte: escultura. 
Barcelona: Del Prado, 1996.
FIGURA 17 – BUDA SEDENTO, SÉCULOIII , ARDÓSIA
Na arte escultórica indiana também surgem algumas figuras humanas 
representando fertilidade, bondade e proteção por meio de divindades femininas 
e masculinas. A arte indiana tem como principal característica de formalizar na 
matéria, os conteúdos espirituais. Portanto, animais como o leão e o elefante têm 
a sua simbologia representativa na força e poder. 
Com essa ideia da representatividade, encontram-se também as imagens 
de corpos sensuais, que surgem mais tarde no século IV a VI: as formas elegantes 
e dinâmicas revelam na verdade, a união da divindade com a alma humana. 
Dentro dessa configuração estão os conceitos do tantrismo e o tema da fertilidade. 
Os materiais mais usados foram o bronze e vários tipos de pedras, como o granito 
e ardósia.
4 ESCULTURA AFRICANA
A escultura africana tem a religião como base para a sua arte. Mas a 
religião africana nada tem a ver com templos ou divindades. A atitude religiosa 
está na veneração dos mortos e a crença nos espíritos da natureza. Esse modo de 
ser e viver vincula o indivíduo de forma direta com o seu meio natural, assim a 
água, as árvores e os animais são tratados como portadores do sagrado e seus 
rituais são destinados, por exemplo, aos espíritos da floresta.
Por estarem ligados à natureza e suas manifestações cíclicas, acredita-se 
que a morte seja somente uma transição, e que é dever dos vivos e seus familiares 
TÓPICO 2 | GÊNEROS E HISTÓRIA
27
de prestar homenagens frequentes aos mortos. Essa condição de vida determina 
a forma de ser da arte, que está vinculada a reverenciar os espíritos e a morte. 
As máscaras e esculturas fazem uma espécie de entremeio ente o homem e as 
entidades sobrenaturais.
FONTE: BOZAL, Valeriano. História geral da arte: escultura. Barcelona: 
del Prado, 1996.
FIGURA 18 – MÁSCARA DA COSTA DO MARFIM, MADEIRA E METAL
As máscaras estão impregnadas de simbolismo. Suas formas são 
geométricas, contrastantes, cheias de cores e apliques. Sua preocupação não é a 
fidelidade com o real, mas somente com a representatividade. As esculturas são 
mais realistas e procuram legitimar a figura humana: se empenham nos detalhes, 
nas formas naturais do corpo. Pode acontecer de não haver proporção entre as 
partes: a cabeça pode ser maior que os membros, por exemplo. Mas isso tem a ver 
com a filosofia africana: de que o sobrenatural se sobrepõe ao real. 
UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS
28
FONTE: BOZAL, Valeriano. História geral da arte: escultura. 
Barcelona: del Prado, 1996.
FIGURA 19 – KAYA-MBUA – 1800, MADEIRA
O material utilizado extensamente para a produção de máscaras e 
esculturas é a madeira. Os motivos talvez tenham sido a sua acessibilidade na 
natureza e sua potencialidade religiosa: a árvore é tida como guardiã de poderes 
mágicos. Outros materiais empregados são: a pedra, o marfim, a argila e metais 
como o ouro, o bronze e o cobre.
A cultura africana foi inspiração para os artistas do século XX. O artista Pablo 
Picasso se baseou na simplificação e geometria africanas para criar suas pinturas cubistas.
IMPORTANT
E
5 ESCULTURA PRÉ-COLOMBIANA
As manifestações mais interessantes da cultura dos povos da América 
pré-colombiana são os relevos e as esculturas, principalmente ao se tratar dos 
olmecas, maias e astecas. Formas humanas, seres mitológicos, híbridos (homem 
e animal) surgem em estatuetas e grandes esculturas nos templos e altares, muitas 
vezes integrados à arquitetura.
TÓPICO 2 | GÊNEROS E HISTÓRIA
29
A arte tem caráter religioso e reverencia as forças divinas tanto da 
natureza quanto da classe dominante: seus sacerdotes e reis tinham a premissa 
da divindade. Para tanto as figuras de demônios, deuses, rituais se confundem 
com cenas de guerra ou da vida cotidiana dos aristocratas. Por vezes, tais relevos 
ou esculturas são representados de maneira real e detalhista e outras de forma 
simplificada.
A escultura olmeca é conhecida principalmente pelas cabeças gigantes, 
encontradas nas áreas arqueológicas de La Venta, Três Zapotes e São Lorenzo. 
Essas colossais cabeças que podem medir entre 2 a 3 metros de altura e pesar de 6 
a 25 toneladas, possuem vestígios de tinta, com a hipótese de que eram pintadas. 
O que impressiona é a expressão dos rostos e o realismo das características faciais.
FONTE: BOZAL, Valeriano. História geral da arte: escultura. 
Barcelona: Del Prado, 1996.
FIGURA 20 – CABEÇA COLOSSAL – SÉCULOS IX-VII a.C.
A representação mais famosa da arte asteca é o relevo da Pedra do Sol. 
Esculpido num bloco de basalto com 3,60 metros de diâmetro, possui o peso de 
24 toneladas. Descoberto no final do século XVIII na cidade do México. Em seu 
centro encontra-se o deus sol Tonatiuh que é circundado por vários símbolos e 
inscrições relacionados com o respectivo astro.
UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS
30
FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Piedra_del_
Sol.jpg>. Acesso em 22 abr. 2009.
FIGURA 21 – RELÓGIO DO SOL
Da escultura maia, uma vertente importante são os relevos que representam 
personalidades importantes comprimidas nos limites da pedra. Esculpidas com 
detalhes os ornamentos e roupas, as figuras aparecem geralmente na posição 
frontal, acompanhadas de inscrições hieroglíficas.
FONTE: BOZAL, Valeriano. História geral da arte: escultura. 
Barcelona: del Prado, 1996.
FIGURA 22 – ESTELA DE MADRI, 600-900. PEDRA
TÓPICO 2 | GÊNEROS E HISTÓRIA
31
Esse é o momento do RESUMO! Vamos recapitular os pontos importantes 
desse tópico.
UNI
32
RESUMO DO TÓPICO 2
Nesse tópico, apresentamos a manifestação artística escultórica de 
algumas culturas para servir de referência para o nosso conhecimento em 
Gêneros da Escultura. A religiosidade é o gênero dominante dessas culturas.
l	A escultura chinesa são imagens de pessoas, animais, divindades que estão em 
objetos, estatuetas, esculturas, ornamentos. A escultura chinesa está aliada à 
decoração, sempre baseada no simbolismo e não em mera superficialidade.
l	A escultura indiana tem uma relação direta com arquitetura devido aos 
templos, todos adornados com relevos que são narrativos: a maioria conta a 
história de Buda. As imagens de animais e figuras humanas são simbólicas e 
representam divindades ou virtudes como força e poder. 
l	A escultura africana está voltada à veneração dos mortos e a crença nos espíritos 
da natureza. As máscaras e esculturas são tidas como uma analogia do homem 
com o sobrenatural. O material mais utilizado é a madeira. 
l	As culturas pré-colombianas reverenciam as forças divinas da natureza e da 
classe dominante. Figuras humanas, seres mitológicos, híbridos, cenas de 
guerra ou da vida cotidiana dos aristocratas surgem em relevos, estatuetas e 
esculturas colossais nos templos e altares, muitas vezes integrados à arquitetura. 
33
As culturas aqui apresentadas possuem o gênero religioso como 
princípio importante, que serve de referência para a sua vivência e sua arte. 
Pesquise outras culturas, procure conhecer sua arte, direcione seu interesse 
para a escultura e procure identificar o gênero predominante. Esse é um ótimo 
exercício de pesquisa que serve para instigar o seu interesse pela escultura, 
como linguagem artística.
AUTOATIVIDADE
34
35
TÓPICO 3
PRIMÓRDIOS DA HUMANIDADE
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃOA pré-história pode ser considerada um dos períodos mais significativos 
da arte. Sua importância vem sustentada pelo desenvolvimento do homem, bem 
como pelas suas conquistas que seriam os parâmetros para toda uma história 
futura de inventos e progressos. Por ser uma época anterior à escrita, os únicos 
registros são baseados em pinturas nas cavernas e nos objetos e estatuetas 
pesquisadas por arqueólogos e historiadores. É a ciência moderna que vem 
restituir o homem do passado. 
É nesse período que surgem os princípios da Arte, um diferencial 
importante se levarmos em consideração, que é uma manifestação única dos 
seres humanos e que nos distingue dos animais. O homem procura sobrevivência 
e para tanto precisa superar o meio em que vive. Talvez essa tenha sido a questão 
que levou os humanos a fazer arte, é a crença na magia, para exceder a natureza. 
O homem primeiro domina a imagem, a forma do animal, para depois caçá-lo. 
Acredita-se que ele cumpria primeiro um ritual para depois sair à captura de 
animais para seu alimento. Parafraseando Fischer (1983, p. 19) “[...] a arte em 
sua origem foi magia, foi um auxílio mágico a dominação de um mundo real 
inexplorado”.
O historiador Janson (2001), teoriza de que a arte pré-histórica não servia 
somente para “abater” animais, mas também para “criá-los”. Sua teoria se baseia 
em imagens das cavernas que concerne essa ideia: da possibilidade do homem 
pré-histórico, em tempos de caça difícil, criar imagens realistas de animais, para 
quem sabe, atraí-los, indo contra a realidade da escassez. 
Com esses textos, podemos verificar a importância da arte já na pré-
história. Vamos conhecer agora, como a escultura contribuiu para o contexto 
cultural da humanidade nesse período. 
2 A ESCULTURA NA PRÉ-HISTÓRIA
A pré-história consta de um período aproximado entre 35.000 a.C. a 3.500 
a.C. Essas datas são baseadas no livro História Geral da Arte de H. W. JANSON 
(2001). A pré-história se divide em quatro momentos: os chamados Paleolítico 
36
UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS
Superior, Mesolítico, Neolítico e a Idade dos Metais. Vamos estudar os dois 
períodos mais importantes da expressão escultórica: o Paleolítico Superior e o 
Neolítico.
2.1 PALEOLÍTICO SUPERIOR
Nesse período da pré-história, os primeiros hominídeos tinham como 
base a caça, a pesca e a coleta. Possuíam o controle do fogo e tinham instrumentos 
como facas e machados a partir de pedras, madeira, marfim e ossos. Eram 
nômades, viviam em grupos nas cavernas, tinham uma linguagem rudimentar, 
usavam trajes contra o frio. Enterravam seus mortos e protegiam o túmulo com 
pedras demonstrando preocupação com seus entes e familiares. Percebe-se que o 
homem encontra formas de dominar a natureza e assim se adaptar e sobreviver 
às intempéries do seu meio.
O grande destaque do Paleolítico Superior é a pintura rupreste: as pinturas 
feitas nas cavernas e rochas. As mais famosas são de Altamira, na Espanha e 
Lascaux, na França. As imagens de animais e figuras humanas realizadas de 
uma maneira naturalista indicam também o significado de magia: da crença de 
um poder sobrenatural em primazia da natureza. Há uma mudança de atitude 
do homem diante do mundo que o cerca: de mera aceitação da natureza para a 
tentativa de reproduzi-la, ao criar imagens. E ao criar imagens, o homem cria as 
primeiras inscrições da Arte.
FONTE: BOZAL, Valeriano. História geral da arte: escultura. Barcelona : del 
Prado, 1996.
FIGURA 23 – CAVALO SELVAGEM – 30.000 a.C, MARFIM
Nosso destaque é para a escultura com o predomínio de animais e figuras 
femininas. Não há presença de figuras masculinas. Os primeiros materiais usados 
devem ter sido a madeira e a argila, mas em função da fragilidade dos mesmos, 
não sobreviveram. O osso foi outro material explorado pelo homem para esculpir. 
Por gravar com facilidade, ser mais leve e eficaz talhava-se adornos delicados e 
seu uso era voltado principalmente para rituais. Surgem também os chamados 
TÓPICO 3 | PRIMÓRDIOS DA HUMANIDADE
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bastões de comando, lançadores de dardos, arpões e pequenas figuras como 
adorno e objeto pessoal. As estatuetas mais antigas foram feitas em marfim de 
mamute e tem aproximadamente 30.000 anos a.C. e possuem formas ornamentais 
geométricas.
FONTE: BOZAL, Valeriano. História geral da arte: escultura. Barcelona: 
Del Prado, 1996
FIGURA 24 – BASTÃO DE COMANDO, 18.000 -10.000 a.C.
Muito da escultura do paleolítico está em relevos em rochas e cavernas 
e têm relação com as pinturas ruprestes, principalmente relevos de animais. 
Uma figura feminina em relevo que se destaca é a Vênus de Laussel (Dordofia, 
França) de 25.000 a.C. Realizada em pedra calcária, essa figura mede em torno 
de 44 centímetros de altura e representa uma mulher segurando uma espécie 
de chifre. Suas características sexuais são exageradas, suas linhas são grosseiras, 
porém expressivas.
FONTE: BOZAL, Valeriano. História geral da arte: escultura. 
Barcelona: Del Prado, 1996.
FIGURA 25 – VÊNUS DE LAUSSEL – 25.000 a.C. RELEVO SOBRE 
ROCHA
38
UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS
A manifestação escultórica mais importante desse período são as Vênus 
Esteatopígicas: figuras de mulheres com partes do corpo exageradas como 
as nádegas, o abdome, os seios e as coxas. É provável que o destaque desses 
elementos tenha a intenção de representação da fertilidade, seriam as primeiras 
deusas usadas em partos ou em rituais de iniciação feminina. Outros estudos 
etnológicos sugerem que tais figuras possam representar espíritos protetores 
de animais e homens: permitindo a abundância de um e o sucesso da caça para 
outro. São peças de pequena estatura, mas temos de levar em consideração a 
dificuldade em trabalhar as pedras e as ferramentas rudimentares, bem como a 
sua função: de servir como amuletos ou objetos de adorno.
FONTE: Disponível em: <http://contemplalaobra.blogspot.
com/2008_05_01_archive.html>. Acesso em: 22 abr. 2009.
FIGURA 26 – VÊNUS DE WILLENDORF
A Vênus de Willendorf (Áustria) é anterior às pinturas ruprestes, com a 
conclusão de que a escultura surge antes da pintura. É uma estatueta de 10,45 
cm. de altura, em pedra calcária e é claro, possui aspectos anatômicos bastante 
voluptuosos. Apesar das Vênus Paleolíticas não terem detalhes no rosto e outros 
membros (como braços) serem simplificados, a Vênus de Willendorf possui um 
penteado elaborado. 
2.2 NEOLÍTICO 
No período que corresponde a 10.000 a 3.500 a.C. o clima da Terra se torna 
ameno, tornando a sobrevivência do homem mais simples. Agora o homem se 
TÓPICO 3 | PRIMÓRDIOS DA HUMANIDADE
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torna agricultor, e de nômade passa a sedentário. Deixa das cavernas para morar 
em casas por ele construídas. Aperfeiçoa seus instrumentos e ferramentas, cria 
panelas e potes para guardar seus mantimentos, constrói canoas e jangadas, 
domestica animais para transporte e alimento. Tece fios para a produção de trajes. 
Inventa a roda e domina o fogo. Produz os primeiros metais. Organiza-se em 
família e divisão de trabalho. 
Constroem monumentos e construções em pedra: os menires e dolmens. 
Os menires são pedras fincadas na terra em posição vertical. Talvez sejam os 
primórdios dos totens e das colunas. Poderiam ter sido usadas para rituais ou 
marcos territoriais. Percebeu-se que posicionar uma pedra horizontal sobre duas 
pedras verticais, caracterizava-se uma construção mais complexa. Assim surgem 
os dolmens: transformados em túmulos ou espaços cerimoniais. Considerado um 
dos primeiros grandes monumentos em pedra da humanidade, Stonehenge no 
sul da Inglaterra, é um conjunto de pedras que possui uma espécie de altar no 
centro e induz a teoria de que essas construções tinham motivos religiosos. Os 
homens neolíticos mantêm suas manifestações religiosas baseadas na natureza e 
essa crença vai se revelar também na Arte.
FONTE: Disponível em:<http://commons.wikimedia.org/wiki/
File:Stonehenge>. Acesso em: 22 abr. 2009.
FIGURA 27 – STONEHENGE
Algumas esculturas colossais se tornam verdadeiros monumentos,como o 
Cristo Redentor ou a Estátua da Liberdade. Um monumento é construído com o intuito de 
homenagear personalidades, comemorar um acontecimento ou ainda ter uma representação 
simbólica. Muitos monumentos acabam por se tornar ícones de sua cidade ou país, seja pela 
sua imponência, beleza ou sentido histórico.
IMPORTANT
E
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UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS
FONTE: BOZAL, Valeriano. História geral da arte: escultura. 
Barcelona: del Prado, 1996.
FIGURA 28 – O PENSADOR, 3.500 a.C. TERRACOTA
As esculturas neolíticas são pequenas figuras de animais e humanos 
que se revelam detalhistas e de um significado tridimensional intenso, como é o 
exemplo “o pensador”. As estatuetas femininas com peculiares volumes - Vênus 
Esteatopígicas - surgem com funções distintas: como amuletos ou oferendas 
relacionadas com a mulher e a natureza. Algumas tendem a uma simplificação 
esquemática. Suas descobertas arqueológicas revelam seus locais como sendo 
para o culto: numerosas figuras enterradas em nichos em edificações, específicas 
para rituais. Aqui se desvenda o fato de que os homens pré-históricos tinham 
uma divindade feminina como princípio determinante de suas vidas.
TÓPICO 3 | PRIMÓRDIOS DA HUMANIDADE
41
FONTE: BOZAL, Valeriano. História geral da arte: escultura. 
Barcelona: del Prado, 1996.
FIGURA 29 – ORANTE, 3.400 a.C. TERRACOTA
No neolítico, encontra-se uma variedade de estatuetas em diversos 
materiais. Por dominar o fogo, o homem desenvolve nesse período, a metalurgia 
e a cerâmica. A substituição da pedra pela argila, teria sido não somente pela 
facilidade de manuseio do material, mas também por suas qualidades artísticas. 
Por volta de 5.000 a.C., surge a cerâmica, no mesmo tempo em que se 
desenvolve os metais. O cobre é o primeiro metal obtido e trabalhado, mas não 
possui uma desenvoltura como a cerâmica. Temos objetos de adorno, algumas 
joias, pequenas esculturas em metal, mas esse material acaba por ser transferido 
na fabricação de facas e machados, mais convenientes ao uso cotidiano. Somente 
na Idade dos Metais, com o bronze, que a metalurgia tem seu progresso e que 
coincide com as primeiras grandes civilizações. 
No final do Neolítico, surge a difusão de elementos culturais por meio de 
migrações. Isso acontece em parte, pelo crescimento demográfico e também pela 
procura de terras férteis e exploração de minerais e materiais preciosos. Todos 
esses elementos muitas vezes podem conduzir a um fator original da época: a 
guerra. O conflito gerou a extinção de alguns povoados, confirmando a presença 
de outros tidos como culturalmente mais avançados. E ficaram assim distribuídos: 
42
UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS
Por volta de 4.000 a.C. já estavam marcadas as principais linhas da 
colonização neolítica: para o centro e norte da Europa; para o Ocidente 
e o Sul, pelo Mediterrâneo e o norte da África, com a colonização no 
vale do Nilo; para o Leste, por Mesopotâmia e Irã, bifurcando-se para 
alcançar o Indo e a longínqua China. (BOZAL, 1996, p.23).
O fim da Pré-história é marcado pelo advento da escrita, com a possibilidade 
de registro e a História propriamente dita. Certas culturas transformam-se 
em civilizações, com princípios sociais, econômicos e políticos definidos. As 
civilizações da Mesopotâmia e o Egito são consideradas, pelos historiadores, as 
mais antigas.
Encerramos aqui a contextualização da Pré-história. Vamos seguir adiante com 
um dos berços da civilização, que é a Mesopotâmia. Mas antes, vamos a uma pausa, refletir 
sobre as contribuições da Pré-história na escultura!
UNI
3 A ESCULTURA NA MESOPOTÂMIA
A Mesopotâmia é conhecida como “terra-de-entre-os-rios”, por se 
localizar entre os rios Tigre e Eufrates. Por ser uma região ampla, fértil, porém 
sem grandes defesas naturais, sempre esteve propensa a enchentes e outros 
desastres. É aqui que tem origem a versão bíblica do dilúvio. Isso condicionou 
o homem mesopotâmico a uma visão caótica da vida com base nas forças da 
natureza como princípio para sua religião. Seu deus era uma espécie de mediador 
perante outras divindades da natureza, como a água, o vento e os astros. Seu 
sistema político e econômico era nomeado “socialismo teocrático” por ter 
como base o templo como centro administrativo: seu deus era proprietário das 
terras e da produção da população que se submetia às ordens por meio de um 
administrador humano. Mais tarde, a ambição transforma esses administradores 
em verdadeiros monarcas, mais preocupados em expandir seus domínios.
Sendo o templo o centro das atenções, vale destacar a arquitetura como 
referencial mesopotâmico. Seus zigurates, espécie de pirâmide em degraus, são 
famosos pelas dimensões e imponência estrutural. A lendária torre de babel se 
origina dessas construções.
Os fatores geográficos também não ajudavam a formar um Estado único 
e pacífico. Era comum a rivalidade e as invasões estrangeiras. De 3.500 a.C. a 
650 d.C. - datas baseadas no livro História Geral da Arte de H.W.JANSON (2001) 
- a Mesopotâmia foi habitada entre outros, pelos seguintes povos: sumérios, 
acádios, amoritas, assírios, elamitas, os caldeus. Todos contribuíram para a arte 
TÓPICO 3 | PRIMÓRDIOS DA HUMANIDADE
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escultórica desse período, que se divide em três grandes momentos: Arte Suméria, 
Arte Assíria e Arte Persa. Vamos perceber que o gênero religioso é o principal 
norteador desses povos. O gênero alegoria se instala mais tarde, ao representar 
em frisos e relevos as glorificações e simbologias referentes aos monarcas, cenas 
mais idealizadas do que realizadas. Também a alegoria se encontra nos animais 
híbridos, que significam força e proteção, instalados nos palácios e entradas.
3.1 ARTE SUMÉRIA
Em função dos aspectos geográficos, a Mesopotâmia possuía uma 
abundância de argila. Em contrapartida, a pedra era escassa. As pedras tinham 
de ser trazidas de lugares distantes. Essa realidade influenciou a arquitetura e a 
escultura que se utilizou mais da argila do que a pedra para seus projetos. 
A argila possibilitou a produção de tijolos, os adobes usados em diversas 
construções, como o zigurate. O adobe era feito de argila, água e uma fibra natural 
como a palha, moldados em forma e secos ao sol. Outra manifestação são os 
tabletes de argila que continham uma espécie de escrita chamada de cuneiforme, 
por causa de sua forma em cunha. Apesar de serem de difícil manuseio, em 
função de seu peso, tinham a vantagem de serem duráveis.
FONTE: BOZAL, Valeriano. História geral da arte: escultura. 
Barcelona: del Prado, 1996.
FIGURA 30 – ESTATUETA FEMININA, IV a.C.TE RRACOTA
44
UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS
Na escultura, a qualidade maleável da argila, possibilitou o 
desenvolvimento de uma estatuária votiva. Numerosas estatuetas que lembram 
as Vênus Esteatopígicas, mas com formas híbridas de animais e figuras femininas, 
principalmente pássaros. Dotadas de um esquema frontal e eixo vertical, são 
voltadas ao culto da fertilidade.
FONTE: BOZAL, Valeriano. História geral da arte: escultura. 
Barcelona: del Prado, 1996.
FIGURA 31 – ITUR SHAMAGAN EM ORAÇÃO. III a.C.
As figuras votivas masculinas são representadas em oração. Acreditava-
se que as divindades estavam presentes nessas estatuetas. Também em esquema 
frontal, a cabeça é raspada, os braços cruzados, o torso nu e uma espécie de 
vestidura que vai da cintura até os pés. Possuem expressão de assombro tomada 
por grandes olhos, normalmente incrustados por pedras ou pedaços de metais. 
A concepção de forma estava no cilindro e no cone, presentes principalmente 
nos braços e pernas. Havia também figuras femininas, com essas mesmas 
características, a diferença está no penteado, que se desdobra em ondas simétricas, 
ou por vezes estão recolhidos sobre a nuca. A vestimenta desce dos ombros até 
os pés. Uma característica interessante da escultura é a rejeição do nu na figura 
humana. Talvez por uma convenção cultural do nu como desamparo ou uma 
forma de impotência. As conclusões se baseiam nos relevos que demonstramem 
cenas de guerra, em que somente os prisioneiros e os vencidos estão despidos. 
A escultura com base em animais se manifesta em touros, bodes, leões 
etc. Também com motivos religiosos, essa associação vem desde os tempos pré-
TÓPICO 3 | PRIMÓRDIOS DA HUMANIDADE
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históricos. Exemplo magnífico com esse tema é o bode e árvore, um suporte para 
oferendas. Ele simboliza o deus Tamuz, o princípio masculino da natureza. Feito 
em madeira, folhas de ouro e lápis-lazúli é o modelo de uma escultura construída 
com vários materiais.
O lápis-lazúli é uma rocha metamórfica de esplêndida cor azul muito usada 
para objetos e ornamentos e pequenas esculturas.
IMPORTANT
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FONTE: JANSON, H.W. A História Geral da Arte. São Paulo: 
Martins Fontes, 2001.
As esculturas mais antigas que concebem os monarcas possuem a condição 
da frontalidade, grandes olhos e largas barbas e cabeleiras onduladas. Os olhos 
eram incrustados com pedras preciosas. Algumas são feitas em bronze como a da 
gravura a seguir:
FIGURA 32 – BODE E ÁRVORE, 2.600 a.C.
46
UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS
FONTE: JANSON, H.W. A História Geral da Arte. São Paulo: 
Martins Fontes, 2001.
FIGURA 33 – CABEÇA DE UM SOBERANO ACADIANO, 
2340-2234 a.C. BRONZE
Outra manifestação escultórica importante desse período são os relevos. 
Como características dos relevos, temos a apresentação sobrepostas das figuras e 
o abandono à perspectiva. Uma das mais famosas é a Estela Comemorativa do Rei 
Naram-Sin. Esse relevo possui 2m de altura por 1,05m de largura e destinou-se a 
comemorar a vitória do monarca. Acima de todos está o líder vitorioso enquanto 
os seus inimigos imploram por absolvição e suas tropas avançam a encosta de 
um monte. Podem-se observar os símbolos das divindades coroando o relevo. 
Essa Estela é o mais antigo monumento dedicado a um conquistador e se dedica 
a informar a devida hierarquia assim posta de cima para baixo: os deuses, o rei e 
os soldados. 
TÓPICO 3 | PRIMÓRDIOS DA HUMANIDADE
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FONTE: O Guia do Louvre. Musée du Louvre éditions, 2006.
Os Gudea são esculturas voltadas para os santuários. Algumas estatuetas 
possuem inscrições e orações. Esses personagens em posição de preleção, 
sentados ou em pé, usam vestimentas que vão do ombro direito até os pés. A 
cabeça possui um tipo de chapéu bastante sofisticado que remete à hierarquia 
de pessoas importantes. A musculatura e o rosto são bem talhados em detalhes 
e com superfícies muito bem polidas que revelam a experiência e os estudos do 
artista nesses trabalhos.
FIGURA 34 – ESTELA COMEMORATIVA DO REI NARAM-SIN
FONTE: História geral da arte: escultura. Barcelona: del 
Prado, 1996.
FIGURA 35 – PEQUENO GUDEA SENTADO, 211-2124 a.C. 
DIORITA
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UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS
No apogeu babilônico, a peça mais expressiva é o Código de Hammurabi. 
É uma espécie de documento de leis gravado em pedra diorita. O texto está 
gravado logo abaixo de uma cena que representa a relação entre o homem e a 
divindade, o rei perante o deus sol. É Hammurabi recebendo as leis das mãos do 
deus Shamash. A cena esculpida tem relação com os gudea, pela técnica e estilo. 
FONTE: Disponível em: <http://www.
igrejacenaculodafeeabiblia.com>. Acesso em: 22 abr. 2009.
FIGURA 36 – CÓDIGO DE HAMURABI
3.2 ARTE ASSÍRIA
A arte assíria se inspirou na arte suméria, mas conseguiu projetar um estilo 
próprio. Os seus templos e palácios alcançaram proporções e estilos incomuns. A 
produção de relevos foi intensa para decorar e ilustrar suas crenças e símbolos. 
As manifestações escultóricas reproduzem os cânones da escultura sumeriana. 
Mas com o tempo foram incorporando elementos nas esculturas e relevos que 
definiram seu próprio modo de ser: a musculatura e força dos seus homens. As 
formas vigorosas se precipitaram inclusive nas figuras femininas. 
Uma das mais vibrantes esculturas desse período são as figuras híbridas 
de touro e homem. Todas as culturas primitivas têm na imagem do touro o 
símbolo de força e criação. Os touros assírios são esculturas colossais feitas em 
calcário que serviam para proteger as entradas dos palácios. A cabeça de homem 
TÓPICO 3 | PRIMÓRDIOS DA HUMANIDADE
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possui o rosto bem modelado, um chapéu elaborado e o penteado e a barba são 
complexos. O corpo do animal é musculoso – característica assíria – podem-se 
perceber detalhes como veias e os ossos das costelas. Essa escultura possui cinco 
patas, mas voltada para uma ideia de percepção diferenciada: vista de frente, 
ela possui uma postura imóvel, imposta. Quando de lado, passa a impressão de 
movimento. Esse ser fantástico possui asas, que ajudam a ampliar a magnitude e 
a sua postura de respeito e majestade.
FONTE: O Guia do Louvre. Musée du Louvre éditions, 2006.
FIGURA 37 – TOUROS ALADOS ASSÍRIOS, 721-705 a.C.
Os relevos encontrados nas paredes de palácios e templos são pranchas 
de pedra que concebem narrativas baseadas em cenas religiosas, de caça e de 
guerra. No centro ficam os fatos mais importantes com seus monarcas e outras 
personalidades. Nos contornos são imagens complementares. As figuras 
humanas são ícones assírios: geralmente de perfil, representam força por meio de 
seus corpos musculosos. Já os animais são mais realistas. O trabalho é realizado 
com maestria e severidade: é um relevo bastante fino, as figuras são talhadas 
com nitidez para gerar uma descrição acessível, sem a necessidade de um texto 
explicativo. Os relevos religiosos são em menor número se comparado com os 
relevos que abordam a caça ou a guerra.
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UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS
FONTE: JANSON, H.W. A História Geral da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
FIGURA 38 – ASSURBANIPAL MATANDO LEÕES, 850 a.C. CALCÁRIO
3.3 ARTE PERSA
A escultura persa está aliada à arquitetura, ou seja, relevos. Existem poucas 
manifestações escultóricas em forma de estatuetas. Os baixos relevos revestem 
muros e paredes de palácios e sepulcros. Sua arte destaca os triunfos do rei e do 
império. As narrativas não se dedicam às cenas de batalha, mas sim às vitórias. 
São frisos cheios de figuras humanas que carregam presentes e glorificam seu 
monarca. 
A influência assíria aparenta na escultura persa nas atitudes, ações 
e no esquema de alinhamento das figuras. Sem realismo, o diferencial está na 
vivacidade das imagens. Podemos distinguir dois grupos de baixos relevos: os 
relevos em pedra do palácio de Persépolis e os relevos em tijolos esmaltados do 
palácio de Susa. 
No palácio de Persépolis, as colunas e paredes estão cobertas de relevos 
com várias temáticas: desde o leão que ataca o touro, soldados enfileirados 
postando armas, o soberano com símbolos divinos, até um ambiente festivo com 
cortesãos conversando e com presentes para o seu rei. Todos esses relevos estão 
convertidos em frisos decorativos que ornamentam o palácio. 
TÓPICO 3 | PRIMÓRDIOS DA HUMANIDADE
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FONTE: BOZAL, Valeriano. História geral da arte: escultura. Barcelona: del 
Prado, 1996.
FIGURA 39 – CORTEJO DOS CORTESÃOS, VI a.C. BAIXO RELEVO DO 
PALÁCIO DE PERSÉPOLIS
Ao contrário, o Palácio de Susa é convertido em cor. Numa atmosfera de 
magia, portadora de símbolos e animais imaginários híbridos. Um exemplo é o 
Leão alado com chifres de carneiro e patas traseiras de grifo com 2,52m de altura. Coberto 
de tons amarelos, ocres, verdes e azuis que expandem a sua magnificência, é 
provável que sua função seja a de protetor do palácio. 
FONTE: BOZAL, Valeriano. História geral da arte: escultura. Barcelona: del 
Prado, 1996.
FIGURA 40 – LEÃO ALADO COM CHIFRES DE CARNEIRO E PATAS 
TRASEIRAS DE GRIFO, V a.C. TIJOLO ESMALTADO
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UNIDADE 1 | CULTURAS E GÊNEROS
Os tijolos esmaltados ou vidrados se revelam uma conquista na área da 
técnica cerâmica. É uma evolução do adobe. Pelo fato do palácio de Susa estar 
próximo das áreas de argila da Mesopotâmia, pareceu viável para a época, 
adicionar tal material para os relevos. Os artistas persas aplicaram várias queimas 
e coziam os tijolos com pigmentos para alcançar a magnitude da cor. 
FONTE:

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