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Dia 1 Constituição Federal: art. 1-4 Código Penal: art. 1° - 12 Código de Processo Penal: art. 1° - 3-F Controle de Leitura Constituição Federãl CONCEPÇÕES DE CONSTITUIÇÃO SOCIOLÓGICA Lassalle Soma dos fatores reais de poder. “Mera folha de papel” Para Lassale, coexistem em um Estado duas Constituições: uma real, efetiva, correspondente à soma dos fatores reais de poder que regem este país; e outra, escrita, que consistiria apenas numa “folha de papel”. POLÍTICA Schimtt Decisão política fundamental. Diferenciava Constituição de lei constitucional. Constituição: decisão política fundamental. Lei constitucional: pode ou não representar a Constituição, não dizendo respeito à decisão política fundamental. A Constituição seria fruto da vontade do povo, titular do poder constituinte ; por isso mesmo é que essa teoria é considerada DECISIONISTA ou VOLUNTARISTA. JURÍDICA Kelsen Norma hipotética fundamental. Sentido lógico-jurídico: fundamento transcendental de sua validade. Norma hipotética fundamental. Sentido jurídico-positivo: serve de fundamento para as demais normas. A Constituição é o pressuposto de validade de todas as leis CULTURALISTA Michele Ainis Fato cultural, tomando por base os direitos fundamentais pertinentes à cultura ABERTA Peter Haberle Pode ser interpretada por qualquer do povo, não só pelos juristas PLURALISTA Gustavo Zagrebelsky Princípios universais FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO Konrad Hesse Resposta à concepção sociológica de Lassale. A constituição escrita, por ter um elemento normativo, pode ordenar e conformar a realidade política e social, ou seja, é o resultado da realidade, mas também interage com esta, modificando-a, estando aí situada a força normativa da Constituição. ELEMENTOS DAS CONSTITUIÇÕES ORGÂNICO Estrutura do estado LIMITATIVOS Direitos fundamentais – limitam atuação estatal SÓCIOIDEOLÓGICO Equilíbrio entre ideias liberais e sociais ao longo da CF. DE ESTABILIZAÇÃO Asseguram solução de conflitos institucionais e protegem a integridade da Constituição e do Estado FORMAIS DE APLICABILIDADE Interpretação e aplicação da Constituição CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES QUANTO AO CONTEÚDO Constituição material: possui apenas conteúdo constitucional. Constituição formal: além de possuir matéria constitucional, possui outros assuntos. Não im- porta o seu conteúdo, mas a for- ma por meio da qual foi aprovada. QUANTO À FORMA Constituição escrita: é um docu- mento formal, solene. OBS: Todas as Constituições brasi- leiras foram escritas. Constituição não-escrita (costu- meira, consuetudinária ou his- tórica): fruto dos costumes da so- ciedade. QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO Constituição dogmática: fruto de um trabalho legislativo específico. Reflete os dogmas de um mo- mento específico da história. OBS: Todas as Constituições brasi- leiras foram dogmáticas. Constituição histórica: fruto de uma lenta evolução histórica. QUANTO À ORIGEM Constituição promulgada (de- mocrática ou popular): feita pe- los representantes do povo. Brasil: CF-1891, CF-1934, CF-1946 e CF-1988. Constituição outorgada (ou car- ta constitucional): impostas ao povo pelo governante. Brasil: CF-1824 (Dom Pedro I), CF- 1937 (Getúlio Vargas), CF-1967 (regime militar). Constituição cesarista (plebisci- Dia 1 - 1 DELTALEGISLACAO - 366.878.207-53 tária ou bonapartista): feita pelo governante e submetida a apreci- ação do povo mediante referendo. Constituição pactuada (contra- tual ou dualista): fruto do acordo entre duas forças políticas de um país. Ex: Constituição Francesa de 1791. QUANTO À EXTENSÃO Constituição sintética (breve, sumária, sucinta, resumida, con- cisa): trata apenas dos temas prin- cipais. Ex: Constituição dos EUA. Constituição analítica (longa, volumosa, inchada, ampla, ex- tensa, prolixa, desenvolvida, lar- ga): entra em detalhes de certas instituições. Ex: CF-1988. QUANTO À IDEOLOGIA Constituição ortodoxa (ou mo- nista): fixa uma única ideologia estatal. Ex: Constituição chinesa, Consti- tuição da ex-URSS. Constituição eclética (ou com- promissória): permite a combina- ção de ideologias diversas. QUANTO À FUNÇÃO J.J.CANOTILHO Constituição garantia (negativa ou abstencionista): limita-se a fi- xar os direitos e garantias funda- mentais. É uma carta declaratória de direitos. Constituição dirigente (ou pro- gramática): além de prever os di- reitos e garantias fundamentais, fixa metas estatais. Ex: art. 196, CF; art. 205, CF; art. 7º, CF; art. 4º, pa- rágrafo único, CF. QUANTO À SISTEMATIZAÇÃO Constituição unitária (codifica- da, reduzida ou orgânica): for- mada por um único documento. Constituição variada (legal, inorgânica ou esparsa): formada por mais de um documento. Art. 5º, § 3º, CF: Os tratados e con- venções internacionais sobre di- reitos humanos que forem apro- vados, em cada Casa do Congres- so Nacional, em 2 turnos, por 3/5 dos votos dos respectivos mem- bros, serão equivalentes às emen- das constitucionais. ATENÇÃO: A CF/88 nasce como uma Constituição unitária, mas vem passando por um processo de descodificação. QUANTO AO SISTEMA Constituição principiológica: possui mais princípios do que re- gras. Paulo Bonavides entende que é o caso da CF/1988. Constituição preceitual: possui mais regras do que princípios. QUANTO À ESSÊNCIA CRITÉRIO ONTOLÓGICO KARL LOEWENSTEIN http://www.ambito-juridico.- com.br/site/index.php? n_link=revista_artigos_leitura&a rtigo_id=7593 Constituição semântica: é a Constituição cujas normas foram elaboradas para a legitimação de práticas autoritárias de poder; ge- ralmente decorrem da usurpação do Poder Constituinte do povo. Ex: CF-1937, CF-1967. Constituição nominal (ou nomi- nalista): quando não há uma con- cordância, absoluta, entre as nor- mas constitucionais e as exigên- cias do processo político, estas não se adaptando àquelas, isto é, se a dinâmica do processo político não se adaptar às normas da Constituição, esta será nominal. É Constituição sem valor jurídico cu- jas normas, na maior parte, são ineficazes. Constituição normativa: são aquelas, que possuem valor jurídi- co, cujas normas dominam o pro- cesso político, logrando submetê- lo à observação e adaptação de seus termos; é aquela, na qual, há uma adequação entre o texto e a realidade social, o seu texto traduz os anseios de justiça dos cidadãos, sendo condutor dos processos de poder. ATENÇÃO: Pedro Lenza afirma que a Constituição brasileira está caminhando da Constituição no- minal para a normativa. Contudo, a posição majoritária é de que a constituição brasileira é norma- tiva. QUANTO À ORIGEM DE SUA DECRETAÇÃO JORGE MIRANDA Constituição heterônoma (ou heteroconstituição): feita em um país para vigorar em outro país. Constituição autônoma (homo- constituição ou autoconstitui- ção): feita em um país para nele vigorar. É a regra geral. Ex: Constituição brasileira. CLASSIFICAÇÃO DE RAUL MACHADO HORTA Constituição expansiva: além de ampliar temas já tratados, trata de novos temas. Ex: CF-1988. Dia 1 - 2 DELTALEGISLACAO - 366.878.207-53 Constituição plástica: permite sua ampliação por meio de leis in- fraconstitucionais (segundo a lei, nos termos da lei, etc.). Ex: CF-1988. QUANTO À ATIVIDADE LEGISLATIVA Constituição-lei: a constituição é tratada como uma lei qualquer. Dá ampla liberdade ao legislador ordinário. Constituição-fundamento (cons- tituição total ou ubiquidade constitucional): a constituição tenta disciplinar detalhes da vida social. Dá uma pequena liberdade ao legislador ordinário. Constituição-moldura (Canoti- lho: Constituição-quadro): como a moldura de um quadro, a cons- tituição fixa os limites de atuação do legislador ordinário. CONSTITUIÇÃO SIMBÓLICA É a constituição cujo simbolismo é maior que seus efeitos práti- cos. Para Marcelo Neves, a CF/88 é simbólicapor ter um elevado número de normas programáticas e dispositivos de alto grau de abs- tração. Marcelo Neves afirma que a cons- titucionalização simbólica tem como objetivos confirmar deter- minados valores sociais, dese- jando-se apenas uma vitória legis- lativa e fortalecer a confiança do cidadão no governo ou no Estado, por meio da legislação álibi, por meio da qual se esvaziam pres- sões políticas e apresentam o Es- tado como sensível a expectativas dos cidadãos, porém sem efetivi- dade. Por fim, teria como terceiro objetivo adiar a solução de con- flitos sociais, por meio de com- promissos dilatórios, poster- gando-se a verdadeira decisão para o futuro. QUANTO AO CONTEÚDO IDEOLÓGICO ANDRÉ RAMOS TAVARES Constituição liberal: possui ape- nas direitos individuais ou de 1a dimensão (ex: vida, liberdade, pro- priedade). O Estado tem o dever principal de não fazer. Ex: CF-1824, CF-1891. Constituição social: além de di- reitos individuais, prevê direitos sociais ou de 2a dimensão (ex: saúde, educação, moradia, alimen- tação). O Estado tem o dever prin- cipal de fazer. Ex: CF-1934, CF-1946, CF-1967, CF-1988. SEGUNDO JORGE MIRANDA Constituição provisória (ou pré- constituição): possui duração re- duzida, até que seja elaborada a constituição definitiva. Constituição definitiva: possui prazo indeterminado de duração. Ex: CF-1988. CONSTITUIÇÃO BALANÇO OU REGISTRO Periodicamente elabora-se uma constituição, fazendo uma análise do avanço social ocorrido nos anos anteriores. CONSTITUIÇÃO EM BRANCO Não prevê regras e limites para o exercício do poder constituinte derivado reformador. QUANTO À RIGIDEZ OU ESTABILIDADE Constituição imutável (perma- nente, granítica ou intocável): não pode ser alterada, preten- dendo-se eterna e fundando-se na crença de que não haveria ór- gão competente para proceder à sua reforma. Pode estar relaciona- da a fundamentos religiosos. Ex: a CF-1824 foi imutável nos pri- meiros 4 anos (limitação tempo- ral). Constituição rígida: possui um processo de alteração mais rigo- roso que o destinado às outras leis. Ex: CF-1988. Constituição flexível: possui o mesmo processo de alteração que o destinado às outras leis. Os paí- ses de constituição flexível não possuem o controle de constituci- onalidade. Constituição transitoriamente flexível: é a Constituição flexível por algum período, findo o qual se torna uma Constituição rígida. Constituição semirrígida (ou se- miflexível): parte dela é rígida e parte é flexível. Constituição fixa (ou silenciosa): é aquela que nada prevê sobre sua mudança formal, sendo alte- rável somente pelo próprio poder originário. Constituição super-rígida: é a Constituição rígida que possui um núcleo imutável. Dia 1 - 3 DELTALEGISLACAO - 366.878.207-53 CONSTITUIÇÃO DÚCTIL (CONSTITUIÇÃO SUAVE) Idealizada pelo jurista italiano Gustavo Zagrebelsky (constituzi- one mite). É aquela que não define ou impõe uma forma de vida, mas assegura condições possíveis para o exercício dos mais varia- dos projetos de vida. Reflete o pluralismo ideológico, moral, po- lítico e econômico existente na sociedade. CONSTITUIÇÃO UNITEXTUAL OU ORGÂNICA Rechaça a ideia de existência de um bloco de constitucionalidade, visto que a Constituição seria dis- posta em uma estrutura docu- mental única. CONSTITUIÇÃO SUBCONSTITUCIONAL Constituição subconstitucional admite a constitucionalização de temas excessivos e o alça- mento de detalhes e interesses momentâneos ao patamar cons- titucional. Para Uadi Lammêgo Bulos, citan- do Hild Krüger, as constituições só devem trazer aquilo que inte- ressa à sociedade como um todo, sem detalhamentos inú- teis. Esse excesso de temas forma as constituições substitucionais, que são normas que, mesmo elevadas formalmente ao pata- mar constitucional, não o são, porque encontram-se limitadas nos seus objetivos. CONSTITUIÇÃO PROCESSUAL, INSTRUMENTAL OU FORMAL É um "instrumento de governo definidor de competências, re- gulador de processos e estabe- lecedor de limites à acção políti- ca" (Canotilho). Seu objetivo é definir competências, para limi- tar a ação dos Poderes Públicos, além de representar apenas um instrumento pelo qual se elimi- nam conflitos sociais. CONSTITUIÇÃO CHAPA BRANCA http://bibliotecadigital.fgv.br/ dspace/bitstream/handle/ 10438/10959/Resiliencia_consti- tucional.pdf?sequence=3&isAl- lowed=y O intuito principal da Constituição é tutelar interesses e até mesmo privilégios tradicionalmente re- conhecidos aos integrantes e di- rigentes do setor público. A Constituição é fundamental- mente um conjunto normativo “destinado a assegurar posições de poder a corporações e orga- nismos estatais ou paraestatais. É a visão da Constituição “chapa- branca”, no sentido de uma “Lei Maior da organização administra- tiva”. Apesar da retórica relaciona- da aos direitos fundamentais e das normas liberais e sociais, o núcleo duro do texto preserva interesses corporativos do setor público e estabelece formas de distribuição e de apropriação dos recursos públicos entre vá- rios grupos. Leitura socialmente pessimista da Constituição que insiste na conti- nuidade da visão estatalista- patrimonialista da Constituição e na centralidade do Poder Exe- cutivo em detrimento tanto da promessa democrática como da tutela judicial dos direitos indi- viduais. CONSTITUIÇÃO UBÍQUA http://bibliotecadigital.fgv.br/ dspace/bitstream/handle/ 10438/10959/Resiliencia_consti- tucional.pdf?sequence=3&isAl- lowed=y Onipresença das normas e valores constitucionais no ordenamento jurídico. Parte-se da constatação de que os conflitos forenses e a doutrina ju- rídica foram impregnados pelo di- reito constitucional. A referência a normas e valores constitucionais é um elemento onipresente no di- reito brasileiro pós-1988. Essa “panconstitucionalização” deve-se ao caráter detalhista da Constitui- ção, que incorporou uma infinida- de de valores substanciais, princí- pios abstratos e normas concretas em seu programa normativo. CONSTITUIÇÃO LIBERAL-PATRIMONIA- LISTA http://bibliotecadigital.fgv.br/ dspace/bitstream/handle/ 10438/10959/Resiliencia_consti- tucional.pdf?sequence=3&isAl- lowed=y Objetiva preponderantemente garantir os direitos individuais, preservando fortes garantias ao direito de propriedade e procu- rando limitar a intervenção estatal na economia. CONSTITUIÇÃO PRINCIPIOLÓGICA E JUDICIALISTA http://bibliotecadigital.fgv.br/ dspace/bitstream/handle/ 10438/10959/Resiliencia_consti- tucional.pdf?sequence=3&isAl- lowed=y Leitura da Constituição de 1988 com base nas seguintes caracte- rísticas: 1) importância crucial dos direi- tos fundamentais, incluindo os sociais, sendo a Constituição de 1988 um texto denso exigente, li- mitando a liberdade do legislador e impondo sua implementação; 2) centralidade dos princípios constitucionais que se multipli- cam e adquirem relevância prática e aplicabilidade imediata, desde Dia 1 - 4 DELTALEGISLACAO - 366.878.207-53 que sejam adotados métodos de interpretação abertos, evolutivos e desvinculados da textualidade das regras, em particular a pondera- ção de princípios e/ou valores; 3) importância do Poder Judiciá- rio que se torna protagonista da Constituição de 1988, em razão da ampliação e da intensificação do controle de constitucionalida- de e da incumbência de imple- mentar o projeto constitucional mediante aplicação de métodos “abertos” de interpretação. CONSTITUIÇÃO ORAL É “aquela em que o chefe supre- mo de um povo reclama, de viva voz, o conjunto de normas que deverão reger a vida em comuni- dade” (BULOS, 2014, p. 108). CONSTITUIÇÃO INSTRUMENTAL Para Uadi Lammêgo Bulos, “é aquela em que suas normas equi- valem a leis processuais. Seu obje- tivo édefinir competências, para limitar a ação dos Poderes Públi- cos” (BULOS, 2014, p. 108). TRANSCONSTITUCIO- NALISMO é fenômeno pelo qual diversas or- dens jurídicas de um mesmo Esta- do, ou de Estados diferentes, se entrelaçam para resolver proble- mas constitucionais” (BULOS, 2014, p. 90). CONSTITUIÇÃO.COM “crowdsourcing” “É aquela cujo projeto conta a opinião maciça dos usuários da internet, que, por meio de sites de relacionamentos, externam seu pensamento a respeito dos temas a serem constitucionalizados. Foi a Islândia que, pioneiramente, no ano de 2011, fez uma ‘consti- tuição.com’ (crowdsourcing)” (BU- LOS, 2014, p. 112). MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL JURÍDICO/ HERMENÊUTICO CLÁSSICO Ernerst Fosthoff Identidade entre Constituição e Leis. Utiliza critérios de Savigny TÓPICO PROBLEMÁTICO Theodor Viehweg Problema-norma. Estudo da norma através de um problema HERMENÊUTICO CONCRETIZADOR Konrad Hesse Norma-problema. Parte-se de pré-compreensões para se chegar ao sentido da norma. Interpretação concretizadora. Constituição tem força para compreender e alterar a realidade. NORMATIVO ESTRUTURANTE Frederic Muller Parte-se do direito positivo para se chegar à norma. Colhe elementos da realidade social para se chegar à norma CIENTÍFICO ESPIRITUAL Ruldof Smend Não utiliza-se apenas valores consagrados na Constituição, mas também valores extra- constitucionais, como a realidade social e cultura do povo. Interpretação sistêmica. CONCRETISTA DA CONSTITUIÇÃO ABERTA Peter Haberle Interpretação por todo o povo, não apenas pelos juristas COMPARAÇÃO Peter Haberle Comparar com as diversas Constituições. PRINCÍPIOS DA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO Toda interpretação constitucional se assenta no pressuposto da superioridade jurídica da Constituição sobre os demais atos normativos no âmbito do Estado. Assim, em razão da supremacia constitucional, nenhum ato jurídico ou manifestação de vontade pode subsistir validamente se for incompatível com a Lei Fundamental. Em razão da superlegalidade formal (Constituição como fonte primária da produção normativa, identificando competências e procedimentos para a elaboração dos atos normativos inferiores) e material da Constituição (subordina o conteúdo de toda a atividade normativa estatal à conformidade com os princípios e regras da Constituição), surge o controle de constitucionalidade ( judicial review ) , que nada mais é do que uma técnica de atuação da supremacia da Constituição. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE CONSTITUCIONALID ADE DAS LEIS E DOS ATOS DO PODER PÚBLICO a) Não sendo evidente a inconstitucionalidade, havendo dúvida ou a possibilidade de razoavelmente se considerar a norma como válida, deve o órgão competente abster-se da declaração de inconstitucionalidade. b) Havendo alguma interpretação Dia 1 - 5 DELTALEGISLACAO - 366.878.207-53 possível que permita afirmar-se a compatibilidade da norma com a Constituição, em meio a outras que carreavam para ela um juízo de invalidade, deve o intérprete optar pela interpretação legitimadora, mantendo o preceito em vigor. O princípio da presunção de constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público (presunção juris tantum ) é uma decorrência do princípio geral da separação dos Poderes e funciona como fator de autolimitação da atividade do Judiciário que, em reverência à atuação dos demais Poderes, somente deve invalidar os atos diante de casos de inconstitucionalidade flagrante e incontestável. PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSTITUIÇÃO Diante de normas plurissignificativas ou polissêmicas (que possuem mais de uma interpretação), deve-se preferir a exegese que mais se aproxime da Constituição (ainda que não seja a que mais obviamente decorra de seu texto) e, portanto, que não seja contrária ao texto constitucional. PRINCÍPIO DA UNIDADE DA CONSTITUIÇÃO A Constituição deve ser sempre interpretada em sua globalidade, como um todo, e, assim, as aparentes antinomias deverão ser afastadas. As normas deverão ser vistas como preceitos integrados (interpretação sistêmica) em um sistema unitário de regras e princípios. PRINCÍPIO DO EFEITO INTEGRADOR OU DA EFICÁCIA INTEGRADORA Na resolução dos problemas jurídico-constitucionais deve dar-se primazia aos critérios ou pontos de vista que favoreçam a integração política e social e o reforço da unidade política, ou seja, as normas constitucionais devem ser interpretadas com o objetivo de integrar política e socialmente o povo de um Estado Nacional PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDA DE OU RAZOABILIDADE Consubstancia uma pauta de natureza axiológica que emana diretamente das ideias de justiça, equidade, bom senso, prudência, moderação, justa medida, proibição de excesso, direito justo e valores afins; precede e condiciona a positivação jurídica, inclusive de âmbito constitucional; e, ainda, enquanto princípio geral do direito, serve de regra de interpretação para todo o ordenamento jurídico. Tal princípio exige a tomada de decisões racionais, não abusivas, e que respeitem os núcleos essenciais de todos os direitos fundamentais. Como parâmetro, é possível destacar a necessidade de preenchimento de 3 importantes elementos: a) Necessidade/exigibilidade: a adoção da medida que possa restringir direitos só se legitima se indispensável para o caso concreto e não se puder substituí-la por outra menos gravosa. b)Adequação/pertinência/ idoneidade: o meio escolhido deve atingir o objetivo perquirido. c) Proporcionalidade em sentido estrito: sendo a medida necessária e adequada, deve-se investigar se o ato praticado, em termos de realização do objetivo pretendido, supera a restrição a outros valores constitucionalizados. Podemos falar em máxima efetividade e mínima restrição. PRINCÍPIO DA MÁXIMA EFETIVIDADE Também chamado de princípio da eficiência ou da interpretação efetiva. Deve ser entendido no sentido de a norma constitucional ter a mais ampla efetividade social. PRINCÍPIO DA FORÇA NORMATIVA Os aplicadores da Constituição, entre as interpretações possíveis, devem adotar aquela que garanta maior eficácia, aplicabilidade e permanência das normas constitucionais, conferindo-lhes sentido prático e concretizador, em clara relação com o princípio da máxima efetividade ou eficiência. PRINCÍPIO DA JUSTEZA OU DA CONFORMIDADE (EXATIDÃO OU CORREÇÃO) FUNCIONAL O STF, ao concretizar a norma constitucional, será responsável por estabelecer a força normativa da Constituição, não podendo alterar a repartição d e funções constitucionalmente estabelecidas pelo constituinte originário, como é o caso da separação de poderes, no sentido de preservação do Estado de Direito. O seu intérprete final não pode chegar a um resultado que subverta ou perturbe o esquema organizatório-funcional constitucionalmente estabelecido. Dia 1 - 6 DELTALEGISLACAO - 366.878.207-53 PRINCÍPIO DA CONCORDÂNCIA PRÁTICA OU HARMONIZAÇÃO Partindo da ideia de unidade da Constituição, os bens jurídicos constitucionalizados deverão coexistir de forma harmônica na hipótese de eventual conflito ou concorrência entre eles, buscando, assim, evitar o sacrifício (total) de um princípio em relação a outro em choque. O fundamento da ideia de concordância decorre da inexistência de hierarquia entre os princípios. PREÂMBULO Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assem- bleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Demo- crático, destinado a assegurar o exercício dos direitos soci- ais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade ea justiça como valores su- premos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem pre- conceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a se- guinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRA- SIL. O preâmbulo da CR/88 NÃO PODE, por si só, servir de pa- râmetro de controle da constitucionalidade de uma nor- ma. O preâmbulo traz em seu bojo os valores, os fundamentos filosóficos, ideológicos, sociais e econômicos e, dessa for- ma, norteia a interpretação do texto constitucional. Em termos estritamente formais, o Preâmbulo constitui-se em uma espécie de introdução ao texto constitucional, um resumo dos direitos que permearão a textualização a seguir, apresentando o processo que resultou na elaboração da Constituição e o núcleo de valores e princípios de uma nação. O termo "assegurar" constante no Preâmbulo da CF/88 constitui-se no marco da ruptura com o regime anterior e garante a instalação e asseguramento jurídico dos di- reitos listados em seguida e até então não dotados de for- ça normativa constitucional suficiente para serem respeita- dos, sendo eles o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça. Nos moldes jurídicos adotados pela CF/88, o preâmbulo se configura como um elemento que serve de manifesto à continuidade de todo o ordenamento jurídico ao conec- tar os valores do passado - a situação de início que moti- vou a colocação em marcha do processo legislativo - com o futuro - a exposição dos fins a alcançar -, descrição da situa- ção que se aspira a chegar. A invocação à proteção de Deus NÃO TEM força normati- va, NÃO sendo norma de reprodução obrigatória na Constituição Estadual. A invocação a Deus, presente no preâmbulo da CF/88, reflete um sentimento religioso. Isso não faz, contudo, que o Bra- sil deixe de ser um Estado laico. O preâmbulo constitucional situa-se no domínio da política e reflete a posição ideológica do constituinte. Logo, não contém relevância jurídica, não tem força normativa, sendo mero vetor interpretativo das normas constitucio- nais, não servindo como parâmetro para o controle de cons- titucionalidade (STF). N ão tem força normativa , embora provenha do mesmo poder constituinte originário que elaborou toda a constituição É destituído de qualquer cogência (MS 24.645 MC/DF); NÃO INTEGRA o bloco de constitucionalidade; Não cria direitos nem estabelece deveres; Seus princípios não prevalecem diante do texto expresso da constituição; NATUREZA JURÍDICA DO PREÂMBULO TESE DA IRRELEVÂNCIA JURÍDICA O preâmbulo situa-se no DOMÍNIO DA POLÍTICA, sem relevância jurídica (STF). ATENÇÃO: apesar de o preâmbulo não possuir força normativa, ele traz as intenções, o sentido, a origem, as justificativas, os objetivos, os valores e os ideais de uma Constituição, servindo de vetor interpretativo. Trata-se, assim, de um referencial interpretativo- valorativo da Constituição. TESE DA PLENA EFICÁCIA O preâmbulo tem a mesma eficácia jurídica das normas constitucionais, sendo, porém, apresentado de forma não articulada. TESE DA RELEVÂNCIA JURÍDICA INDIRETA Ponto intermediário entre as duas, já que, muito embora participe "das características jurídicas da Constituição'', não deve ser confundido com o articulado TÍTULO I Dos Princípios Fundamentais PRINCÍPIOS REGRAS Normas mais amplas, abstratas, genéricas. Normas mais específicas, delimitadas, determinadas. Alexy: princípios são MANDAMENTOS DE OTIMIZAÇÃO, que devem ser cumpridos na maior intensidade possível. Dworkin: princípios são mandamentos normativos aplicados na DIMENSÃO DE PESO ou DE IMPORTÂNCIA. Alexy: são MANDADOS DE DEFINIÇÃO. Devem ser cumpridas integralmente (all or nothing). Dia 1 - 7 DELTALEGISLACAO - 366.878.207-53 Em caso de colisão, resolve-se pela PONDERAÇÃO. Em caso de colisão, resolve- se pela DIMENSÃO DE VALIDADE. Ex: dignidade da pessoa humana. Ex: eleição para Presidente da República. Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Fede- ral, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como FUNDAMENTOS (SO-CI-DI-VA-PLU): I - a SOberania; II - a CIdadania III - a DIgnidade da pessoa humana; IV - os VAlores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o PLUralismo político. Parágrafo único. TODO O PODER EMANA DO POVO, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. PRINCÍPIOS ESTRUTURANTES – art. 1°, CF PRINCÍPIO REPUBLICANO “A República” PRINCÍPIO FEDERATIVO “Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal” PRINCÍPIO DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO “constitui-se em Estado De- mocrático de Direito” Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Art. 3º Constituem OBJETIVOS fundamentais da República Federativa do Brasil (regra do verbo): I - CONSTRUIR uma sociedade livre, justa e solidária; II - GARANTIR o desenvolvimento nacional; III - ERRADICAR a pobreza e a marginalização e REDUZIR as desigualdades sociais e regionais; IV - PROMOVER o bem de todos, sem preconceitos de ori- gem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas rela- ções internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da huma- nidade; X - concessão de asilo político. Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a in- tegração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade la- tino-americana de nações. Codigo Penãl CONCEITO DE DIREITO PENAL ASPECTO FORMAL/ ESTÁTICO Direito Penal é o conjunto de normas que qualifica certos comportamentos humanos como infrações penais, define os seus agentes e fixa sanções a serem-lhes aplicadas. ASPECTO MATERIAL O Direito Penal refere-se a comportamentos considerados altamente reprováveis ou danosos ao organismo social, afetando bens jurídicos indispensáveis à própria conservação e progresso da sociedade. ASPECTO SOCIOLÓGICO/ DINÂMICO O Direito Penal é mais um instrumento de controle social, visando assegurar a necessária disciplina para a harmônica convivência dos membros da sociedade. Aprofundando o enfoque sociológico - A manutenção da paz social demanda a existência de normas destinadas a estabelecer diretrizes. - Quando violadas as regras de conduta, surge para o Estado o dever de aplicar sanções (civis ou penais). - Nessa tarefa de controle social atuam vários ramos do direito, como o Direito Civil, Direito Administrativo, etc. O Direito Penal é apenas um dos ramos do controle social. - Quando a conduta atenta contra bens jurídicos especialmente tutelados, merece reação mais severa por parte do Estado, valendo-se do Direito Penal. IMPORTANTE O que diferencia a norma penal das demais é a espécie de consequência jurídica, ou seja, pena privativa de liberdade (PPL) - O Direito Penal é norteado pelo princípio da intervenção mínima, só atuando quando os outros ramos do direito falham. DIREITO PENAL CRIMINOLOGIA (CIÊNCIA PENAL) POLÍTICA CRIMINAL (CIÊNCIA POLÍTICA) Analisa os fatos humanos indese- jados, define quais Ciência empírica que estuda o cri- me, o criminoso, Trabalha as estraté- gias e os meios de controle social da Dia 1 - 8 DELTALEGISLACAO- 366.878.207-53 devem ser rotula- dos como crime ou contravenção, anunciando as pe- nas. a vítima e o com- portamento da sociedade. criminalidade. Ocupa-se do crime enquanto NOR- MA. Ocupa-se do cri- me enquanto FATO social. Ocupa-se do crime enquanto VALOR. ex.: define como crime lesão no am- biente doméstico e familiar. ex.: quais fatores contribuem para a violência domésti- ca e familiar ex.: estuda como di- minuir a violência doméstica e familiar. PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL Princípios relacionados com a MISSÃO FUNDAMENTAL DO DIREITO PENAL Princípio da EXCLUSIVA PROTEÇÃO DOS BENS JURÍDICOS O direito penal deve servir apenas para proteger bens jurídicos relevantes, indis- pensáveis ao convívio da sociedade. Decorrência do princípio da ofensivi- dade. Princípio da INTERVENÇÃO MÍNIMA O Direito Penal só deve ser aplicado quando estritamente necessário, de modo que sua intervenção fica condicio- nada ao fracasso das demais esferas de controle (caráter subsidiário), ob- servando somente os casos de relevan- te lesão ou perigo de lesão ao bem ju- rídico tutelado (caráter fragmentário). a) PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDA- DE (ou caráter fragmentário do Direito Penal): estabelece que nem todos os ilícitos configuram infrações penais, mas apenas os que atentam contra valores fundamentais para a manutenção e o progresso do ser humano e da socie- dade. Em razão de seu caráter fragmen- tário, o Direito Penal é a última etapa de proteção do bem jurídico. Deve ser utili- zado no plano abstrato, para o fim de permitir a criação de tipos penais somen- te quando os demais ramos do Direito ti- verem falhado na tarefa de proteção de um bem jurídico. Refere-se, assim, à ativi- dade legislativa. FRAGMENTARIEDADE ÀS AVESSAS: si- tuações em que um comportamento inicialmente típico deixa de interessar ao Direito Penal, sem prejuízo da sua tutela pelos demais ramos do Direito. IMPORTANTE O princípio da insignifi- cância é desdobramento lógico da frag- mentariedade. b) PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE: a atuação do Direito Penal é cabível unica- mente quando os outros ramos do Di- reito e os demais meios estatais de controle social tiverem se revelado im- potentes para o controle da ordem pú- blica. Assim, o Direito Penal funciona como um executor de reserva ( ultima ratio ) , entrando em cena somente quan- do outros meios estatais de proteção mais brandos, e, portanto, menos invasi- vos da liberdade individual não forem suficientes para a proteção do bem ju- rídico tutelado. Projeta-se no plano con- creto, isto é, em sua atuação prática o Direito Penal somente se legitima quan- do os demais meios disponíveis já tive- rem sido empregados, sem sucesso, para proteção do bem jurídico. Guarda rela- ção, portanto, com a tarefa de aplicação da lei penal. Princípios relacionados com o FATO DO AGENTE Princípio da EXTERIORIZAÇÃO ou MATERIALIZAÇÃO DO FATO O Estado só pode incriminar condutas humanas voluntárias, isto é, fatos. ATENÇÃO Veda-se o Direito Penal do autor: consistente na punição do indiví- duo baseada em seus pensamentos, de- sejos e estilo de vida. Conclusão: O Di- reito Penal Brasileiro segue Direito Pe- nal do Fato. RESQUÍCIOS DE DIREITO PENAL DO AUTOR NO DIREITO BRASILEIRO: Até 2009, mendicância era contravenção pe- nal; Vadiagem é contravenção penal. ATENÇÃO Identifica-se a aplicação do direito penal do autor em detrimento ao direito penal do fato: - Fixação da pena - Regime de cumprimento da pena e es- pécies de sanção. Princípio da LEGALIDADE Art. 5º , II, C.F. – “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;” Art. 5º, XXXIX, C.F. – “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;” Art. 1º, C.P. - “Não há crime sem lei ante- rior que o defina. Não há pena sem pré- via cominação legal.” DESDOBRAMENTOS DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: a) não há crime ou pena sem lei (medida provisória não pode criar crime, nem co- minar pena) b) não há crime ou pena sem lei anteri- or (princípio da anterioridade) c) não há crime ou pena sem lei escrita Dia 1 - 9 DELTALEGISLACAO - 366.878.207-53 (proíbe costume incriminador) d) não há crime ou pena sem lei estrita (proíbe-se a utilização da analogia para criar tipo incriminador - analogia in ma- lam partem). e) não há crime ou pena sem lei certa (Princípio da Taxatividade ou da determi- nação; Proibição de criação de tipos pe- nais vagos e indeterminados) f) não há crime ou pena sem lei neces- sária (desdobramento lógico do princí- pio da intervenção mínima) Fundamentos do Princípio da Legali- dade - JURÍDICO: taxatividade, certeza ou de- terminação. - POLÍTICO: garantia contra a devida in- gerência no Estado na vida particular. - HISTÓRICO: Magna Carta (1215) - DEMOCRÁTICO: separação dos pode- res Princípio da OFENSIVIDADE/ LESIVIDADE Exige que do fato praticado ocorra lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tute- lado. Somente condutas que causem lesão (efetiva/potencial) a bem jurídico, rele- vante e de terceiro, podem estar sujeitas ao Direito Penal. -CRIME DE DANO: ocorre efetiva lesão ao bem jurídico. Ex: homicídio. -CRIME DE PERIGO: basta risco de le- são ao bem jurídico. Ex.: embriaguez ao volante; porte de arma. a) Perigo abstrato: o risco de lesão é absolutamente presumido por lei. b) Perigo concreto: De vítima determinada: o risco deve ser demonstrado indicando pessoa certa em perigo. De vítima difusa: o risco deve ser demonstrado dispensando vítima determinada. Princípios relacionados com o AGENTE DO FATO Princípio da RESPONSABILIDADE PESSOAL Proíbe-se o castigo pelo fato de outrem. Está vedada a responsabilidade penal co- letiva. DESDOBRAMENTOS: a) Obrigatoriedade da individualização da acusação (é proibida a denúncia ge- nérica, vaga ou evasiva). O Promotor de Justiça deve individualizar os comporta- mentos. OBS: Nos crimes societários, os Tribunais Superiores flexibilizam essa obrigatoriedade. b) Obrigatoriedade da individualiza- ção da pena (é mandamento constituci- onal, evitando responsabilidade coletiva). Princípio da RESPONSABILIDADE SUBJETIVA Não basta que o fato seja materialmente causado pelo agente, ficando a sua res- ponsabilidade condicionada à existência da voluntariedade (dolo/culpa). Está proibida a responsabilidade penal ob- jetiva, isto é, sem dolo ou culpa. Temos doutrina anunciando CASOS DE RESPONSABILIDADE PENAL OBJETIVA (autorizadas por lei): 1- Embriaguez voluntária Crítica: a teoria da actio libera in causa exige não somente uma análise pretérita da imputabilidade, mas também da consciência e vontade do agente. 2- Rixa Qualificada Crítica: só responde pelo resultado agra- vador quem atuou frente a ele com dolo ou culpa, evitando-se responsabilidade penal objetiva. 3- Responsabilidade penal da pessoa jurídica nos crimes ambientais Princípio da CULPABILIDADE Postulado limitador do direito de punir. Só pode o Estado impor sanção penal ao agente imputável, isto é, penalmente capaz, com potencial consciência da ilici- tude (possibilidade de conhecer o caráter ilícito do comportamento), quando dele exigível conduta diversa. Princípio da ISONOMIA A isonomia que se garante é a isonomia substancial. Deve-se tratar de forma igual o que é igual, e desigualmente o que é desigual. Princípio da PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA Convenção Americana de Direitos Huma- nos - Artigo 8º .2: “Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presu- ma sua inocência, enquanto não for le- galmente comprovada sua culpa. Duran- te o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes ga- rantias mínimas:” Art. 5º, LVII C.F. – “ninguém será conside- rado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;” Princípios relacionados com Princípio da DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA Dia 1 - 10 DELTALEGISLACAO - 366.878.207-53 a PENA A ninguém pode ser impostapena ofen- siva à dignidade da pessoa humana, ve- dando-se a sanção indigna, cruel, desu- mana e degradante. Princípio da INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA A individualização da pena deve ser ob- servada em 3 momentos: 1- FASE LEGISLATIVA: observada pelo legislador no momento da definição do crime e na cominação de sua pena. Pena abstrata. 2- FASE JUDICIAL: observada pelo juiz na fixação da pena. Pena concreta. 3- FASE DE EXECUÇÃO: garantindo-se a individualização da execução penal (art. 5°, LEP). Princípio da PROPORCIONALIDADE Trata-se de princípio constitucional im- plícito (desdobramento da individualiza- ção da pena). Curiosidade: foi durante o Iluminismo, marcado pela obra “Dos delitos e das pe- nas” (Beccaria) que se despertou maior atenção para a proporcionalidade na res- posta estatal (Beccaria propunha a retri- buição proporcional). RESUMO: a pena deve ajustar-se à gravi- dade do fato, sem desconsiderar as con- dições do agente. Dupla face do princípio da proporcio- nalidade (Lenio Streck): 1a Face: IMPEDIR A HIPERTROFIA DA PUNIÇÃO; GARANTISMO NEGATIVO (Ferrajoli); Garantia do indivíduo contra o Estado. 2a Face: Evitar a insuficiência da inter- venção do Estado (EVITAR PROTEÇÃO DEFICIENTE); Imperativo de tutela; GA- RANTISMO POSITIVO (Ferrajoli); Garan- tia do indivíduo em ver o Estado prote- gendo bens jurídicos com eficiência. Princípio da PESSOALIDADE “Artigo 5º, XLV CF – nenhuma pena pas- sará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decre- tação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido.” Princípio da VEDAÇÃO DO “BIS IN IDEM” Veda-se segunda punição pelo mesmo fato. E xceção : Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diver- sas, ou nela é computada, quando idênticas – possibilidade do sujeito ser processado duas vezes pelo mesmo fato. TÍTULO I DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL Anterioridade da Lei Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. Lei penal no tempo Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei pos- terior deixa de considerar crime, CESSANDO em virtude dela a EXECUÇÃO e os EFEITOS PENAIS da sentença condenatória (abolitio criminis) Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em jul- gado (retroatividade de lei penal benéfica) TEMPO DA CONDUTA LEI POSTERIOR (IR) RETROATIVIDADE Fato atípico Fato típico Irretroatividade Fato típico Aumento de pena, p.ex. Irretroatividade Fato típico Supressão de figura criminosa Retroatividade Fato típico Diminuição de pena, p.ex. Retroatividade Fato típico Migra o conteúdo cri- minoso para outro tipo penal Princípio da conti- nuidade normativo- típica ABOLITIO CRIMINIS CONTINUIDADE NORMATIVA-TÍPICO O crime é revogado formal e materialmente. O crime é revogado formalmente, mas não materialmente. O fato não é mais punível (ocorre extinção da punibilidade – art. 107, III, do CP). O fato continua sendo punível (a conduta criminosa é deslocada para outro tipo penal). Exemplo: crime de adultério (art. 240 do CP), revogado. Exemplo: crime de atentado violento ao pudor passou a ser tipificado no art. 213 em conjunto com o crime de estupro (Lei 12.015/2009). MARTINA, Correia. Direito penal em tabelas: parte geral. Salvador: Juspodivm, 2017. Dia 1 - 11 DELTALEGISLACAO - 366.878.207-53 Súmula 611-STF: Transitada em julgado a sentença conde- natória, COMPETE AO JUÍZO DAS EXECUÇÕES a aplicação de lei mais benigna. Lei excepcional ou temporária Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora de- corrido o período de sua duração ou cessadas as circunstân- cias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado duran- te sua vigência (ultratividade) A lei excepcional ou temporária possuem duas características essenciais: - Autorrevogabilidade - Ultratividade Tempo do crime Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do re- sultado. TEMPO DO CRIME TEORIA DA ATIVIDADE Considera-se praticado o crime no momen- to da conduta (A/O) Adotada TEORIA DO RESULTADO Considera-se praticado o crime no momen- to do resultado. TEORIA MISTA / UBIQUIDADE Considera-se praticado o crime no momen- to da conduta (A/O) ou do resultado. Territorialidade Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de con- venções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como exten- são do território nacional as embarcações e aeronaves bra- sileiras, de natureza pública ou a serviço do governo bra- sileiro onde quer que se encontrem, bem como as aerona- ves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de proprie- dade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes prati- cados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspon- dente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. Lugar do crime Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resulta- do. LUGAR DO CRIME TEORIA DA ATIVIDADE O crime considera-se praticado no lugar da conduta. TEORIA DO RESULTADO O crime considera-se praticado no lugar do resultado. TEORIA MISTA / UBIQUIDADE O crime considera-se praticado no lugar da conduta ou do resultado. Adotada DICA: LuTa (Lugar do crime = Ubiquidade/Tempo do crime=Atividade) CRIMES À DISTÂNCIA E CRIMES PLURILOCAIS (ART. 6.º DO CP X ART. 70 DO CPP) TEORIA DA UBIQUIDADE (ART. 6.º DO CP) TEORIA DO RESULTADO (ART. 70 DO CPP) O dispositivo aplica-se a crimes que envolvem o território de dois ou mais países, ou seja, conflitos internacionais de jurisdição. O dispositivo aplica-se a crimes que envolvem duas ou mais comarcas dentro do Brasil, ou seja, conflitos internos de competência local. Nos CRIMES À DISTÂNCIA (ou crimes de espaço máximo), a prática do delito envolve o território de dois ou mais países. Nos CRIMES PLURILOCAIS, a prática do delito envolve duas ou mais comarcas/ seções judiciárias dentro do mesmo país. MARTINA, Correia. Direito penal em tabelas: parte geral. Salvador: Juspodivm, 2017. NÃO APLICAÇÃO DA TEORIA DA UBIQUIDADE Crimes Conexos: não se aplica a teoria da ubiquidade, eis que os diversos crimes não constituem unidade jurídica. Deve cada um deles, portanto, ser processado e julgado no país em que foi cometido. Crimes Plurilocais: aplica-se a regra delineada pelo art. 70, caput, do Código de Processo Penal, ou seja, a competência será determinada pelo lugar em que se consumar a infração ou, no caso de tentativa, pelo local em que for praticado o último ato de execução. Na hipótese de crimes dolosos contra a vida, aplica-se a teoria da atividade, segundo pacífica jurisprudência, em razão da conveniência para a instrução criminal em juízo, possibilitando a descoberta da verdade real Infrações penais de menor potencial ofensivo: teoria da Dia 1 - 12 DELTALEGISLACAO - 366.878.207-53 atividade - “A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal” (art. 63, L. 9099) Crimes falimentares: foro do local em que foi decretada a falência, concedida a recuperação judicial ou homologado o plano de recuperação extrajudicial (art. 183 da Lei 11.101/2005) Atos infracionais: competentea autoridade do lugar da ação ou da omissão (Lei 8.069/1990 – ECA, art. 147, § 1.º). Direito penal esquematizado – Parte geral – vol.1 / Cleber Masson. – 9.ª ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015. Extraterritorialidade Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometi- dos no estrangeiro: I (INCONDICIONADA)- os crimes: a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Repú- blica (P. Defesa ou Real); b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de em- presa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público (P. Defesa ou Real); c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço (P. Defesa ou Real); d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou do- miciliado no Brasil (P. Justiça Universal); II ( CONDICIONADA) - os crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir (P. Justiça Universal); b) praticados por brasileiro (P. Nacionalidade Ativa); c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em territó- rio estrangeiro e aí não sejam j ulgados (P. Representação). § 1º - Nos casos do inciso I (INCONDICIONADA), o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absol- vido ou condenado no estrangeiro (possibilidade de dupla condenação pelo mesmo fato) § 2º - Nos casos do inciso II (CONDICIONADA), a aplica- ção da lei brasileira depende do concurso das seguintes con- dições: a) entrar o agente no território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi prati- cado; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometi- do por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil , se, reu- nidas as condições previstas no parágrafo anterior: (HIPER- CONDICIONADA) a) não foi pedida ou foi negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça. Pena cumprida no estrangeiro Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. Eficácia de sentença estrangeira Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para: I - obrigar o condenado à reparação do dano, a resti- tuições e a outros efeitos civis (depende de pedido da parte interessada) II - sujeitá-lo a medida de segurança. (depende da exis- tência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de re- quisição do ministro da justiça). Contagem de prazo +C-F Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do pra- zo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário co- mum. Frações não computáveis da pena Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liber- dade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro. Legislação especial Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fa- tos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso. Codigo de Proçesso Penãl LIVRO I DO PROCESSO EM GERAL TÍTULO I DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro (PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE OU LEX FORI), por este Código, ressalvados: I - os tratados, as convenções e regras de direito in- ternacional; Dia 1 - 13 DELTALEGISLACAO - 366.878.207-53 II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade (Constitui- ção, arts. 86, 89, § 2o, e 100 arts. 50, § 2º; 52, I, parágrafo único; 85; 86, § 1º, II; e 102, I, b ); III - os processos da competência da Justiça Militar (aplicação subsidiária do CPP – art. 3°, “a”, CPPM); IV - os processos da competência do tribunal especial (inciso não é mais válido) V - os processos por crimes de imprensa (inciso não é mais válido; STF não recepcionou a Lei de Imprensa). Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos nos. IV e V, quando as leis especi- ais que os regulam não dispuserem de modo diverso. Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigên- cia da lei anterior [“TEMPUS REGIT ACTUM” OU PRINCÍ- PIO DA IMEDIATIDADE] JDPP 1 A norma puramente processual tem eficácia a partir da data de sua vigência, conservando-se os efei - tos dos atos já praticados . Entende-se por norma pura- mente processual aquela que regulamente procedimento sem interferir na pretensão punitiva do Estado. A norma procedimental que modifica a pretensão punitiva do Estado deve ser considerada norma de direito material, que pode retroagir se for mais benéfica ao acusado. Art. 3o A lei processual penal ADMITIRÁ INTERPRETA- ÇÃO EXTENSIVA E APLICAÇÃO ANALÓGICA, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito. DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PENAL Admite interpretação extensiva. Prevalece que não se admite interpretação extensiva em prejuízo do réu. Admite analogia. É possível o emprego da analogia desde que seja in bonnan partem (em favor do réu). O princípio da legalidade proíbe a analogia in mallan partem (contra o réu). Admite interpretação analógica. Admite interpretação analógica. Tabela retirada do site www.dizerodireito.com.br Juiz das Garantias STF suspendeu a eficácia da implantação do juiz das garantias e seus consectários (Artigos 3o-A, 3o-B, 3o-C, 3o- D, 3a-E, 3o-F, do Código de Processo Penal). MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 6.298 FUNÇÕES DO JUIZ DAS GARANTIAS Controle da legalidade da investigação criminal Garantia dos direitos individuais autorizando medidas de persecução que estejam sujeitas à cláusula da reserva de jurisdição, ou seja, que dependem de prévia autorização judicial. Tabela retirada do site www.dizerodireito.com.br Art. 3º-A. O processo penal terá ESTRUTURA ACUSATÓRIA, vedadas a iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação . (LEI 13964/19) Adoção do SISTEMA ACUSATÓRIO de forma expressa SISTEMA INQUISITORIAL Não há separação das funções de acu- sar, defender e julgar, que estão concen- tradas em uma única pessoa. Juiz inquisidor, com ampla iniciativa acu- satória e probatória. Princípio da verdade real. SISTEMA ACUSATÓRIO ADOTADO NO BRASIL Há separação das funções de acusar, defender e julgar. Princípio da busca da verdade. A gestão da prova recai sobre as par- tes. O juiz, durante a instrução processu- al, tem certa iniciativa probatória (subsidi- ariamente) SISTEMA MISTO/ FRANCÊS Há uma fase inquisitorial e uma fase acusatória. Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário, competindo-lhe especialmente: (LEI 13964/19) I - receber a comunicação imediata da prisão, nos termos do inciso LXII do caput doart. 5º da Constituição Federal; (LEI 13964/19) II - receber o auto da prisão em flagrante para o controle da legalidade da prisão, observado o disposto no art. 310 deste Código; (LEI 13964/19) III - zelar pela observância dos direitos do preso, podendo determinar que este seja conduzido à sua presença, a qualquer tempo; (LEI 13964/19) IV - ser informado sobre a instauração de qualquer investigação criminal; (LEI 13964/19) Dia 1 - 14 DELTALEGISLACAO - 366.878.207-53 V - decidir sobre o requerimento de prisão provisória ou outra medida cautelar, observado o disposto no § 1º deste artigo; (LEI 13964/19) VI - prorrogar a prisão provisória ou outra medida cautelar, bem como substituí-las ou revogá-las, assegurado, no primeiro caso, o exercício do contraditório em audiência pública e oral, na forma do disposto neste Código ou em legislação especial pertinente; (LEI 13964/19) VII - decidir sobre o requerimento de produção antecipada de provas consideradas urgentes e não repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla defesa em audiência pública e oral; (LEI 13964/19) VIII - prorrogar o prazo de duração do inquérito, estando o investigado preso, em vista das razões apresentadas pela autoridade policial e observado o disposto no § 2º deste artigo; (LEI 13964/19) IX - determinar o trancamento do inquérito policial quando não houver fundamento razoável para sua instauração ou prosseguimento; (LEI 13964/19) X - requisitar documentos, laudos e informações ao delegado de polícia sobre o andamento da investigação; XI - decidir sobre os requerimentos de: (LEI 13964/19) a) interceptação telefônica, do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática ou de outras formas de comunicação; (LEI 13964/19) b) afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e telefônico; (LEI 13964/19) c) busca e apreensão domiciliar; (LEI 13964/19) d) acesso a informações sigilosas; (LEI 13964/19) e) outros meios de obtenção da prova que restrinjam direitos fundamentais do investigado; (LEI 13964/19) XII - julgar o habeas corpus impetrado antes do oferecimento da denúncia; (LEI 13964/19) XIII - determinar a instauração de incidente de insanidade mental; (LEI 13964/19) XIV - decidir sobre o recebimento da denúncia ou queixa , nos termos do art. 399 deste Código; (LEI 13964/19) XV - assegurar prontamente, quando se fizer necessário, o direito outorgado ao investigado e ao seu defensor de acesso a todos os elementos informativos e provas produzidos no âmbito da investigação criminal, salvo no que concerne, estritamente, às diligências em andamento; (LEI 13964/19) XVI - deferir pedido de admissão de assistente técnico para acompanhar a produção da perícia; (LEI 13964/19) XVII - decidir sobre a homologação de acordo de não persecução penal ou os de colaboração premiada, quando formalizados durante a investigação; (LEI 13964/19) XVIII - outras matérias inerentes às atribuições definidas no caput deste artigo. (LEI 13964/19) § 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante representação da autoridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito por até 15 dias, após o que, se ainda assim a investigação não for concluída, a prisão será imediatamente relaxada. (LEI 13964/19) Art. 3º-C. A competência do juiz das garantias abrange todas as infrações penais, EXCETO AS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO, e CESSA COM O RECEBIMENTO DA DENÚNCIA OU QUEIXA na forma do art. 399 deste Código. (LEI 13964/19) § 1º Recebida a denúncia ou queixa, as questões pendentes serão decididas pelo juiz da instrução e julgamento. (LEI 13964/19) § 2º As decisões proferidas pelo juiz das garantias NÃO VINCULAM o juiz da instrução e julgamento, que, após o recebimento da denúncia ou queixa, deverá reexaminar a necessidade das medidas cautelares em curso, no prazo máximo de 10 dias. (LEI 13964/19) § 3º Os autos que compõem as matérias de competência do juiz das garantias ficarão acautelados na secretaria desse juízo, à disposição do Ministério Público e da defesa, e não serão apensados aos autos do processo enviados ao juiz da instrução e julgamento, ressalvados os documentos relativos às provas irrepetíveis, medidas de obtenção de provas ou de antecipação de provas, que deverão ser remetidos para apensamento em apartado. (LEI 13964/19) § 4º Fica assegurado às partes o amplo acesso aos autos acautelados na secretaria do juízo das garantias. (LEI 13964/19) Art. 3º-D. O juiz que, na fase de investigação, praticar qualquer ato incluído nas competências dos arts. 4º e 5º deste Código FICARÁ IMPEDIDO de funcionar no processo. Parágrafo único. Nas comarcas em que funcionar apenas um juiz, os tribunais criarão um sistema de rodízio de magistrados, a fim de atender às disposições deste Capítulo. (LEI 13964/19) Art. 3º-E. O juiz das garantias será designado conforme as normas de organização judiciária da União, dos Estados e do Distrito Federal, observando critérios objetivos a serem periodicamente divulgados pelo respectivo tribunal. (LEI 13964/19) Art. 3º-F. O juiz das garantias deverá assegurar o cumprimento das regras para o tratamento dos presos, impedindo o acordo ou ajuste de qualquer autoridade com órgãos da imprensa para explorar a imagem da pessoa submetida à prisão, sob pena de responsabilidade civil, administrativa e penal. (LEI 13964/19) Parágrafo único. Por meio de regulamento, as autoridades de- verão disciplinar, em 180 dias, o modo pelo qual as informa- ções sobre a realização da prisão e a identidade do preso se- rão, de modo padronizado e respeitada a programação nor- mativa aludida no caput deste artigo, transmitidas à imprensa, assegurados a efetividade da persecução penal, o direito à in- formação e a dignidade da pessoa submetida à prisão. (LEI 13964/19) JUIZ DAS GARANTIAS É responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais Dia 1 - 15 DELTALEGISLACAO - 366.878.207-53 A competência abrange todas as infrações penais, EXCETO AS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO A competência CESSA COM O RECEBIMENTO DA DENÚNCIA OU QUEIXA Suas decisões NÃO vinculam o juiz da instrução e julgamento O juiz que, na fase de investigação, praticar qualquer ato incluído nas competências dos arts. 4º e 5º deste Código FICARÁ IMPEDIDO de funcionar no processo. Dia 1 - 16 DELTALEGISLACAO - 366.878.207-53 direito constitucional PREÂMBULO E PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 1. (MP/MG-2017) O preâmbulo da CR/88 não pode, por si só, servir de parâmetro de controle da constitucionalidade de uma normai 2. (MP/MG-2017) A invocação de Deus no preâmbulo da CR/ 88 torna o Brasil um Estado confessionalii 3. (MP/MG-2017) O preâmbulo traz em seu bojo os valores, os fundamentos filosóficos, ideológicos, sociais e econômicos e, dessa forma, norteia a interpretação do texto constitucional iii 4. (LD) São fundamentos da República Federativa do Brasil a construção de uma sociedade livre, justa e solidária.iv 5. (LD) A dignidade da pessoa humana e a prevalência dos di- reitos humanos constituem fundamentos da República Fede- rativa do Brasilv 6. (MP/SC-2019) Dentre os objetivos fundamentais da Repú- blica Federativa do Brasil estão promover os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, construir uma sociedade livre, justa e solidária, e garantir o desenvolvimento nacionalvi. 7. (PC/PI-2018-Adaptada) A Constituição Federal de 1988 ino- vou, ao estabelecer princípios que governam as relações inter- nacionais, dentre eles integração econômica entre os povos, prevalência de direitos humanos, erradicação das desigualda- desvii. 8. (LD)A República Federativa do Brasil rege-se nas suas rela- ções internacionaispelos seguintes princípios: independência nacional; não-intervenção; igualdade entre os Estados; solu- ção pacífica dos conflitos; soberaniaviii. Direito penal DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL 9. (LD) Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execu- ção e os efeitos penais e extrapenais da sentença condenató- riaix 10. (LD) Por ser ultra-ativa, a lei penal temporária aplica-se ao fato praticado durante a sua vigência, ainda que decorrido o período de sua duraçãox. 11. (LD) Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no es- paço aéreo correspondente ou em alto-marxi. 12. (MP/GO-2019) Embora cometidos no estrangeiro, ficam sujeitos à lei brasileira os crimes contra a administração públi- ca, por quem está a seu serviço. Portanto, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro, o agente é punido segundo a lei brasileira xii 13. (LD) Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro os crimes contra a vida ou a liberdade do Presi- dente da República e dos Ministros de Estadoxiii. 14. (LD) Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro os crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir, praticados por brasileiro e os praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados, desde que o agente entre em território nacional, o fato seja punível também no país em que foi prati- cado, o crime esteja incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição, não ter sido o agente absolvi- do no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena e não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorá- velxiv. Direito PROCESSUAL penal DO PROCESSO EM GERAL DISPOSIÇÕES PRELIMINARES 15. (LD) A lei processual penal admitirá interpretação extensi- va e aplicação analógica e aplicar-se-á desde logo, sem prejuí- zo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anteri- orxv. 16. (LD) A Lei 13.964/19, intitulada “pacote anticrime”, incluiu, de modo expresso, a adoção do sistema acusatório no siste- ma processual penal brasileiro, mas o dispositivo teve a sua eficácia suspensa por decisão do STF, na ADI 6298xvi. 17. (LD) A Lei 13.964/19, intitulada “pacote anticrime”, intro- duziu a figura do juiz de garantias, responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais, e cuja competência abrange todas as in- frações penais, sem exceção, mas o STF proferiu decisão cau- telar na ADI 6298 suspendendo a eficácia do dispositivoxvii. Dia 1 - 17 DELTALEGISLACAO - 366.878.207-53 iCERTO iiERRADO iiiCERTO ivERRADO (art. 1° e art. 3°, I) vERRADO (art. 1° e art. 4°, II) viERRADO (art. 1°, IV e 3°, I e II) viiERRADO (art. 4°) viiiERRADO (art. 1°, V e art. 4°, I, III, IV e VII). ixERRADO (art. 2°) xCERTO (art. 3°) xi CERTO (art. 5°, §1°) xiiCERTO (art. 7°, I, c e § 1°) xiiiERRADO (art. 7°, I, a) xivCERTO (art. 7°, II e §2°) xvCERTO (art. 2° e 3°) xviCERTO (art. 3°-A) xviiERRADO (art. 3°-B e 3°-C) DELTALEGISLACAO - 366.878.207-53
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