Buscar

Páginas de Ross Histologia Texto e Atlas 7ª Ed CAP19 (1)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 52 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 52 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 52 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

VISÃO GERAL DO SISTEMA RESPIRATÓRIO
CAVIDADES NASAIS
Vestíbulo do nariz
Região respiratória da cavidade nasal
Região olfatória da cavidade nasal
Seios paranasais
FARINGE
LARINGE
TRAQUEIA
Epitélio da traqueia
Membrana basal, lâmina própria e submucosa
BRÔNQUIOS
BRONQUÍOLOS
Estrutura dos bronquíolos
Função dos bronquíolos
ALVÉOLOS
SUPRIMENTO SANGUÍNEO
VASOS LINFÁTICOS
NERVOS
Boxe 19.1 Correlação clínica | Metaplasia escamosa no trato respiratório
Boxe 19.2 Correlação clínica | Asma
Boxe 19.3 Correlação clínica | Fibrose cística
Boxe 19.4 Correlação clínica | Ensema e pneumonia
 RESUMO
�����������������������������������
•
O sistema respiratório  consiste  em  um  par  de  pulmões  e  em  uma  série  de  vias  respiratórias  que  levam  o  ar  para
dentro  e  para  fora  dos  pulmões.  No  pulmão,  as  vias  respiratórias  ramificam­se  em  tubos  cada  vez  menores,  até
alcançar os menores espaços aéreos, denominados alvéolos (Figura 19.1).
Esse sistema desempenha  três funções principais: a condução de ar, a  filtração do ar  e  a  troca de gases  (respiração).
Esta última ocorre nos alvéolos. Além disso, o ar que passa pela  laringe é usado para produzir a  fala, enquanto o ar que
passa  sobre  a mucosa olfatória  nas cavidades nasais  transporta  estímulos  para  o  olfato.  O  sistema  respiratório  também
participa,  em  menor  grau,  de  funções  endócrinas  (produção  e  secreção  de  hormônios),  bem  como  da  regulação  das
respostas imunes a antígenos inalados.
Os  pulmões  desenvolvem­se  a  partir  do  divertículo  laringotraqueal  do  endoderma  do  intestino  anterior  e  seu
mesênquima esplâncnico torácico circundante.
O desenvolvimento da parte superior do sistema respiratório formada pelas cavidades nasais, seios paranasais, nasofaringe
e orofaringe está associado ao desenvolvimento da cavidade oral.
A parte  inferior  do  sistema  respiratório,  que  consiste  em  laringe,  traqueia,  brônquios  com  suas  divisões  e  pulmões,
desenvolve­se  no  embrião  como  uma  evaginação  ventral  do  intestino  anterior,  denominada  divertículo  laringotraqueal
(respiratório).  Assim,  o  epitélio  do  sistema  respiratório  é  de  origem  endodérmica.  Esse  divertículo  inicial  cresce  no
mesênquima esplâncnico torácico que circunda o intestino anterior. À medida que a sua extremidade distal se desenvolve, o
divertículo forma um broto pulmonar em formato de ampola. Este se ramifica nos brotos brônquicos direito e esquerdo, os
quais  aumentam  de  tamanho  e  formam  o  primórdio  dos  brônquios  principais  direito  e  esquerdo.  Os  brotos  brônquicos,
juntamente  com  o  mesênquima  torácico  circundante,  diferenciam­se  em  brônquios  lobares,  os  quais,  após  subdivisões
progressivas subsequentes, formam os brônquios segmentares. Cada brônquio segmentar associado ao mesênquima que o
envolve  diferencia­se  ainda  mais  e  divide­se  para  formar  os  segmentos  broncopulmonares  do  pulmão.  As  cartilagens
brônquicas, o músculo liso e outros elementos do tecido conjuntivo originam­se do mesênquima torácico.
As vias respiratórias do sistema respiratório consistem em uma porção condutora e em uma porção respiratória.
A porção condutora do sistema respiratório é formada pelas vias aéreas que levam ao interior do pulmão, em que ocorre a
troca de gases. As porções condutoras incluem aquelas localizadas fora e dentro dos pulmões.
As vias respiratórias externas aos pulmões consistem nas seguintes:
As  cavidades  nasais,  que  representam  dois  grandes  espaços  preenchidos  por  ar  na  parte  mais  superior  do  sistema
respiratório (e, durante a respiração forçada, a cavidade oral, localizada abaixo das cavidades nasais)
•
•
•
•
•
•
•
•
Figura 19.1 Diagrama das vias respiratórias. As cavidades nasais, a nasofaringe, a orofaringe, a laringe, a traqueia, os brônquios e os bronquíolos constituem a
porção condutora do sistema respiratório. A porção respiratória do sistema, em que ocorre a troca de gases, é formada pelos bronquíolos respiratórios, ductos alveolares,
sacos alveolares e alvéolos.
A  nasofaringe,  localizada  atrás  das  cavidades  nasais  e  acima  do  nível  do  palato  mole;  comunica­se  por  sua  porção
inferior com a orofaringe, situada posteriormente à cavidade oral
A laringe, um órgão tubular oco contendo um arcabouço cartilaginoso responsável pela produção de sons
A  traqueia,  um  tubo  condutor  de  ar  flexível  que  se  estende  da  laringe  até  o  tórax.  Serve  de  conduto  para  o  ar  e,  no
mediastino, bifurca­se em um par de brônquios principais
Um par de brônquios principais (primários), que entra na raiz dos pulmões direito ou esquerdo.
Nos  pulmões,  os  brônquios  principais  ramificam­se  extensamente  para,  finalmente,  dar  origem  aos  bronquíolos
distribuidores. Os bronquíolos representam a parte terminal das vias condutoras. Em conjunto, os brônquios internos e os
bronquíolos constituem a árvore bronquial.
A porção respiratória é a parte do trato respiratório em que ocorre a troca gasosa. Sequencialmente, ela é formada por:
Bronquíolos respiratórios, que estão envolvidos tanto na condução de ar quanto na troca de gases
Ductos alveolares, que são vias respiratórias alongadas, formadas a partir da confluência das aberturas para os alvéolos
Sacos alveolares, que representam espaços circundados por grupos de alvéolos
Alvéolos, que constituem os principais locais de troca de gases.
Os vasos sanguíneos entram no pulmão juntamente com os brônquios. As artérias ramificam­se em vasos menores à
medida  que  acompanham  a  árvore  bronquial  no  interior  do  pulmão.  Os  capilares  entram  em  contato  com  as  unidades
respiratórias  terminais,  os  alvéolos.  Essa  íntima  relação  entre  os  espaços  aéreos  alveolares  e  os  capilares  pulmonares
constitui  a  base  estrutural  para  a  troca  gasosa  no  parênquima  pulmonar.  As  características  essenciais  do  suprimento
•
•
•
sanguíneo pulmonar são descritas nas páginas 683 a 686.
O  ar  que  passa  através  das  vias  respiratórias  precisa  ser  condicionado  antes  de  alcançar  as  unidades
respiratórias terminais.
O  condicionamento  do  ar  ocorre  na  porção  condutora  do  sistema  respiratório  e  inclui  aquecimento,  umedecimento  e  a
remoção  de  materiais  particulados.  As  secreções  mucosas  e  serosas  desempenham  importante  papel  no  processo  de
condicionamento do ar. Elas umedecem o ar e também aprisionam as partículas que conseguiram passar por entre os pelos
espessos  e  curtos  especiais,  denominados  vibrissas,  localizados  nas  cavidades  nasais.  A  grande  quantidade  de  muco
resultante dessas secreções serosas  também impede a desidratação do epitélio subjacente decorrente da movimentação do
ar.  O  muco  cobre  quase  toda  a  superfície  luminal  das  vias  condutoras,  e  é  continuamente  produzido  por  células
caliciformes e por glândulas secretoras de muco localizadas nas paredes das vias respiratórias. O muco e outras secreções
são  movidos  em  direção  à  faringe  por  meio  de  movimentos  coordenados  de  varredura  promovidos  pelos  cílios  e,  em
seguida, são normalmente deglutidos.
����������������
As cavidades nasais  são  formadas por um par de  câmaras  entremeadas por um septo ósseo e  cartilaginoso;  são espaços
alongados com uma base larga que repousa sobre o palato duro e o palato mole. Seu ápice é estreito e aponta em direção à
fossa anterior do crânio. O arcabouço esquelético das cavidades nasais é formado por ossos e cartilagens; a maioria desse
arcabouço  é  localizada  no  crânio,  exceto  por  uma  pequena  região  anterior  que  está  contida  no  nariz.  Cada  cavidade  ou
câmara comunica­se por sua porção anterior com o ambiente externo por meio das narinas anteriores; posteriormente, com
a nasofaringe por meio dos cóanos; e lateralmente com os seios paranasais e o ducto lacrimonasal, que drena as  lágrimas
dos olhos para dentro da cavidade nasal (Figura 19.2). As câmaras sãodivididas em três regiões:
Vestíbulo do nariz, um espaço dilatado da cavidade nasal, imediatamente dentro das narinas e revestido por pele
Região  respiratória,  que  constitui  a  maior  parte  (os  dois  terços  inferiores)  das  cavidades  nasais  e  é  revestida  por
mucosa respiratória
Região  olfatória,  localizada  no  ápice  (terço  superior)  de  cada  cavidade  nasal  e  revestida  por  uma  mucosa  olfatória
especializada.
������������������
O  vestíbulo  do  nariz  faz  parte  da  porção  externa  do  nariz  e  comunica­se,  anteriormente,  com  o  ambiente  externo.  É
revestido  por  epitélio  estratificado  pavimentoso,  uma  continuação  da  pele  da  face,  e  contém  um  número  variável  de
vibrissas,  que  aprisionam  materiais  particulados  antes  que  sejam  transportados  na  corrente  de  ar  para  o  restante  da
cavidade. Observa­se  também a  existência de glândulas  sebáceas,  cujas  secreções  ajudam no  aprisionamento do material
particulado. Posteriormente, onde o vestíbulo termina, o epitélio estratificado pavimentoso torna­se mais fino e sofre uma
transição para o epitélio pseudoestratificado, que caracteriza a região respiratória. Nesse local, não há glândulas sebáceas.
•
•
•
•
•
Figura 19.2 Diagrama da relação entre a faringe e os sistemas respiratório e digestório. A faringe é dividida em três partes: parte nasal (nasofaringe), parte
oral (orofaringe) e parte laríngea (laringofaringe) da faringe. Está localizada posteriormente às cavidades nasais e oral e estende-se, inferiormente, além da laringe. A
faringe tanto serve ao sistema respiratório quanto ao digestório. Esse corte sagital medial transecciona as cartilagens que formam o esqueleto da laringe (i. e., epiglote,
cartilagem tireóidea e cartilagem cricóidea). Observe as pregas ventriculares e vocais na porção mediana da laringe, aproximadamente no nível da cartilagem tireóidea.
Essa parte da laringe representa a porção mais estreita do sistema respiratório e é responsável pela produção do som pela vibração das pregas vocais.
�������������������������������������
A  região respiratória  constitui  a maior  parte  do  volume  das  cavidades  nasais.  É  revestida  pela mucosa respiratória,  que
contém  um  epitélio  pseudoestratificado  colunar  ciliado  em  sua  superfície.  A  lâmina  própria  subjacente  está  firmemente
aderida ao periósteo e ao pericôndrio do osso ou da cartilagem adjacente.
A parede medial da região respiratória, o septo nasal, é lisa, mas as paredes laterais são pregueadas devido à existência
de três projeções ósseas semelhantes a prateleiras, denominadas conchas. Estas dividem cada cavidade nasal em câmaras
de  ar  separadas  e  desempenham  papel  duplo:  aumentam  a  área  de  superfície  e  provocam  turbulência  no  fluxo  de  ar  e,
assim, possibilitam o condicionamento mais eficiente do ar inspirado.
O epitélio pseudoestratificado colunar ciliado da mucosa respiratória é composto de cinco tipos de células:
Células ciliadas, que são células colunares altas com cílios que se projetam no muco que cobre a superfície do epitélio
Células caliciformes, que sintetizam e secretam muco
Células  em escova,  um  termo  geral  para  descrever  as  células  no  trato  respiratório  que  apresentam microvilosidades
arredondadas e curtas
Células de grânulos pequenos (células de Kulchitsky), que se assemelham às células basais, mas que contêm grânulos
secretores. Trata­se de células endócrinas do sistema neuroendócrino difuso (SNED) (Boxe 17.3)
Células basais, que são células­tronco a partir das quais se originam outros tipos de células.
O epitélio da região respiratória da cavidade nasal é essencialmente igual ao epitélio que reveste a maioria das partes do
sistema  condutor. Como  o  epitélio  respiratório  da  traqueia  é mais  bem  estudado  que  aquele  da  cavidade  nasal,  os  tipos
celulares citados anteriormente serão discutidos no tópico referente à traqueia (página 674).
•
•
•
•
A mucosa da região respiratória aquece, umedece e filtra o ar inspirado.
A  lâmina  própria  da  mucosa  respiratória  contém  uma  rica  rede  vascular,  que  inclui  um  conjunto  complexo  de  alças
capilares. O arranjo dos vasos possibilita o aquecimento pelo sangue do ar  inalado que flui através da parte da alça mais
próxima  da  superfície.  Os  capilares  localizados  próximo  à  superfície  estão  dispostos  em  fileiras;  o  sangue  flui
perpendicularmente ao fluxo de ar, de maneira semelhante ao que pode ser encontrado em um sistema mecânico de troca de
calor. Esses mesmos vasos podem tornar­se ingurgitados e permeáveis durante reações alérgicas ou infecções virais, como
o resfriado comum. A lâmina própria torna­se então distendida pelo líquido, resultando em acentuado intumescimento da
mucosa, com consequente restrição da passagem de ar, o que promove dificuldade na respiração. A lâmina própria também
contém  glândulas  mucosas,  muitas  das  quais  exibem  meias­luas  serosas.  Suas  secreções  suplementam  as  das  células
caliciformes no epitélio respiratório.
Por aumentarem a área de superfície, as conchas aumentam a eficiência com que o ar inspirado é aquecido. As conchas
também aumentam a eficiência de filtração do ar inspirado por um processo de precipitação por turbulência. A corrente de
ar é dividida em turbilhões pelas conchas nasais. O material particulado suspenso na corrente de ar é retirado da corrente e
adere à parede da cavidade nasal revestida por muco. As partículas aprisionadas nessa camada de muco são transportadas
até a faringe por meio de movimentos de varredura coordenados dos cílios e, em seguida, são deglutidas.
����������������������������������
A região olfatória está localizada em parte da cúpula de cada cavidade nasal e, em grau variável, nas paredes nasais lateral e
medial contíguas. Essa  região é  revestida por mucosa olfatória  especializada. No  tecido vivo,  essa mucosa caracteriza­se
pela sua ligeira coloração castanho­amarelada causada pelo pigmento do epitélio olfatório e glândulas olfatórias associadas.
Nos humanos, a área de superfície total da mucosa olfatória é de apenas cerca de 10 cm2; nos animais com sentido agudo
do olfato, a área de superfície total da mucosa olfatória é consideravelmente mais extensa. Por exemplo, certas espécies de
cães apresentam área de superfície total de mais de 150 cm2.
A lâmina própria da mucosa olfatória é diretamente contígua com o periósteo do osso subjacente (Prancha 69, página
693). Esse tecido conjuntivo contém numerosos vasos sanguíneos e linfáticos, nervos olfatórios não mielinizados, nervos
mielinizados e glândulas olfatórias.
O epitélio olfatório, assim como o epitélio da região respiratória,  também é pseudoestratificado, mas contém tipos de
células muito diferentes. Além disso, carecem de células caliciformes (Figura 19.3 e Prancha 69, página 693).
O epitélio olfatório é formado pelos seguintes tipos de células:
As células receptoras olfatórias são neurônios olfatórios bipolares, que se estendem pela espessura do epitélio e entram
no sistema nervoso central
As  células  de  sustentação  são  células  colunares,  que  se  assemelham  às  células  neurogliais  e  fornecem  suporte
mecânico e metabólico às células receptoras olfatórias. Sintetizam e secretam proteínas de ligação de odores
As células basais  são células­tronco a partir das quais se diferenciam novas células  receptoras olfatórias e células de
sustentação
As células em escova são o mesmo tipo celular que ocorre no epitélio respiratório.
Figura 19.3 Mucosa olfatória da cavidade nasal. A. Este diagrama mostra os três tipos principais de células localizados no epitélio olfatório: a célula olfatória, a
célula de sustentação e a célula basal. A célula olfatória é a célula receptora; apresenta expansão apical, a vesícula olfatória, a partir da qual se estendem cílios longos e
imóveis. Em sua superfície basal, estende um axônio até o tecido, que se une aos axônios de outras células olfatórias para formar o nervo olfatório. Ascélulas basais são
pequenas e cuboides e limitam-se à parte basal do epitélio. Em contrapartida, as células de sustentação são colunares e estendem-se por toda a espessura do epitélio;
seus núcleos estão localizados na porção apical da célula. Observe a glândula olfatória (de Bowman) e seu ducto, que se esvazia na superfície da mucosa. B.
Fotomicrograa da mucosa olfatória. O epitélio olfatório exibe núcleos distribuídos na maior parte de sua espessura; no entanto, os tipos especícos de células aos quais
pertencem não são discerníveis. O tecido conjuntivo subjacente é ocupado, em grande parte, por numerosas glândulas olfatórias (de Bowman), nervos olfatórios e vasos
sanguíneos. Observe que os ductos das glândulas olfatórias se estendem da porção secretora da glândula até a superfície epitelial. 240×.
As células receptoras olfatórias são neurônios bipolares que apresentam projeção apical com cílios.
O domínio apical de cada célula receptora olfatória apresenta um único prolongamento dendrítico, que se projeta acima da
superfície  epitelial  como uma estrutura  semelhante  a uma maçaneta, denominado vesícula olfatória. Vários  cílios  finos  e
longos (10 a 23) com corpúsculos basais típicos originam­se da vesícula olfatória e estendem­se radialmente, em um plano
paralelo  à  superfície  epitelial  (Figura 19.3).  Os  cílios  costumam  ter  200  μm  de  comprimento  e  podem  sobrepor­se  aos
cílios das células receptoras olfatórias adjacentes. Esses cílios são considerados  imóveis; algumas pesquisas, no entanto,
sugerem que eles podem apresentar motilidade limitada. O domínio basal da célula dá origem a um prolongamento axônico
não mielinizado, que deixa o compartimento epitelial. Coleções de axônios das células receptoras olfatórias não se reúnem
em um único nervo, mas  se agrupam em  feixes que atravessam a  lâmina cribriforme delgada do etmoide,  seguem o  seu
trajeto através da dura­máter e da aracnoide­máter e, por fim, são circundados pela pia­máter, entrando no bulbo olfatório
do  cérebro.  As  coleções  de  axônios  das  células  receptoras  olfatórias  formam  o  nervo  olfatório  (nervo  craniano  I).  Os
axônios  olfatórios  são  muito  frágeis  e  podem  ser  danificados  durante  um  traumatismo  cranioencefálico.  Podem  ser
permanentemente rompidos, resultando em anosmia (perda da olfação).
Estudos  radioautográficos mostram que as células  receptoras olfatórias apresentam tempo de sobrevida de cerca de 1
mês. Se forem lesadas, elas são rapidamente substituídas. As células receptoras olfatórias (e alguns neurônios da divisão
entérica do  sistema nervoso autônomo) parecem constituir os únicos neurônios do  sistema nervoso que  são prontamente
substituídos durante a vida pós­natal.
Ocorrem vias inteiras de transdução olfatória nos cílios das células receptoras olfatórias.
Todas  as  moléculas  envolvidas  na  transdução  olfatória  estão  localizadas  nos  longos  cílios  que  se  originam  no  bulbo
olfatório. Os sinais químicos  (odorantes)  são detectados e  ligam­se,  seletivamente, às proteínas de  ligação de odorantes
(OBP),  que  estão  concentradas  no  muco  olfatório  (Figura  19.4).  As  OBP  são  pequenas  proteínas  (10  a  30  kDa)
hidrossolúveis, sintetizadas e secretadas pelas células de sustentação. Inicialmente, as moléculas de odorantes que chegam
são  solubilizadas  no  muco  olfatório;  em  seguida,  as  OBP  atuam  como  carreadores  moleculares  que  transportam  os
odorantes  e  os  entregam  aos  receptores  olfatórios  (OR)  localizados  na  membrana  plasmática  dos  cílios.  Os  receptores
olfatórios são específicos para as células receptoras olfatórias e pertencem à família dos receptores acoplados à proteína G
(conhecidos  como Golf). Quando  estimulados  por moléculas  de  odorantes,  os OR Golf  ativam  a  enzima  adenilil  ciclase  e
iniciam a cascata de eventos do monofosfato de adenosina cíclico (cAMP) (Figura 19.4). O processo de ativação  inclui a
ligação  do  cAMP  a  proteínas  específicas  dos  canais  de  Na+  e  Ca2+  e  o  influxo  de  Na+  e  Ca2+,  responsável  pela
despolarização da membrana plasmática que gera o potencial de ação. A detecção acurada de vários milhares de moléculas
de odores conhecidos por apenas 350 OR diferentes conhecidos nos humanos  requer um sistema de codificação especial
para diferentes impulsos. Isso é obtido por um esquema de codificação de população, em que cada proteína OR liga­se a
odorantes  distintos  com  sensibilidade  diferente.  Por  conseguinte,  é  necessário  que  o  sistema  olfatório  decodifique  os
impulsos olfatórios não a partir de uma única célula, mas de toda a população de células que compõe o epitélio olfatório.
As células de sustentação proporcionam o suporte mecânico e metabólico para as células receptoras olfatórias.
As células de sustentação são as células mais numerosas do epitélio olfatório. Os núcleos dessas células colunares ou de
sustentação altas ocupam uma posição mais apical no epitélio do que os outros  tipos de células, ajudando, assim, na sua
identificação ao microscópio óptico (Figura 19.3 e Prancha 69, página 693). Apresentam numerosas microvilosidades em
sua superfície apical e abundante quantidade de mitocôndrias. No citoplasma, são observados numerosos perfis de retículo
endoplasmático  liso  (REL)  e,  em  grau  mais  limitado,  de  retículo  endoplasmático  rugoso  (RER).  Além  disso,  contêm
grânulos de  lipofuscina. Há  junções de  adesão  entre  essas  células  e  as  células  receptoras olfatórias, mas não há  junções
comunicantes  nem  zônulas  de  oclusão.  As  células  de  sustentação  atuam  de  maneira  comparável  àquela  das  células
neurogliais,  proporcionando  tanto  suporte  metabólico  (secreção  de moléculas  de  OBP)  quanto  suporte  físico  às  células
receptoras olfatórias.
As células em escova são células colunares especializadas na transdução da sensação geral.
O  epitélio  olfatório  também  contém  quantidades muito menores  de  células,  denominadas  células  em escova.  Conforme
assinalado anteriormente,  essas células estão presentes no epitélio de outras partes das vias  respiratórias condutoras. Ao
microscópio  eletrônico,  as  células  em  escova  exibem  grandes  microvilosidades  rombas  em  sua  superfície  apical,  uma
característica  que  lhes  confere  o  seu  nome. A  superfície  basal  de  uma  célula  em  escova  está  em  contato  sináptico  com
fibras nervosas que penetram na lâmina basal. As fibras nervosas são ramos terminais do nervo trigêmeo (nervo craniano
V),  que  atua  na  sensação  geral,  mas  não  na  olfação.  As  células  em  escova  parecem  estar  envolvidas  na  transdução  da
estimulação sensorial geral da mucosa. Além disso, a existência de uma borda com microvilosidades, vesículas próximas
da  membrana  celular  apical  e  um  complexo  de  Golgi  bem­definido  sugere  que  as  células  em  escova  poderiam  estar
envolvidas em funções absortivas, bem como secretoras.
As células basais são progenitoras dos outros tipos celulares maduros.
As  células  basais  são  pequenas  células  arredondadas,  localizadas  próximo  da  lâmina  basal.  Seus  núcleos  são
frequentemente invaginados e localizados em um nível abaixo dos núcleos das células receptoras olfatórias. O citoplasma
contém  poucas  organelas,  uma  característica  condizente  com  o  seu  papel  como  célula  de  reserva  ou  célula­tronco.  Uma
característica condizente com a sua diferenciação em células de sustentação é a observação de prolongamentos em algumas
células basais  que  envolvem parcialmente  a  primeira porção do  axônio da  célula  receptora olfatória. Por  conseguinte,  as
células basais mantêm uma relação com a célula receptora olfatória, mesmo no seu estado indiferenciado.
As glândulas olfatórias constituem aspecto característico da mucosa olfatória.
As  glândulas  olfatórias  (glândulas  de  Bowman),  um  aspecto  característico  da  mucosa,  são  glândulas  serosas
tubuloalveolares ramificadas, que lançam suassecreções proteicas através de ductos na superfície olfatória (Figura 19.3 e
Prancha 69, página 693).  Os  grânulos  de  lipofuscina  são  prevalentes  nas  células  glandulares  e,  em  combinação  com  os
grânulos  de  lipofuscina  nas  células  de  sustentação  do  epitélio  olfatório,  conferem  à  mucosa  a  sua  coloração  amarelo­
acastanhada  natural. Ductos  curtos  e  compostos  de  células  cuboides  partem  das  glândulas,  atravessam  a  lâmina  basal  e
alcançam o epitélio olfatório, em que continuam até a superfície epitelial, na qual descarregam o seu conteúdo.
A  secreção  serosa  das  glândulas  olfatórias  atua  como  armadilha  e  solvente  para  as  substâncias  odoríferas.  O  fluxo
constante das glândulas livra a mucosa dos remanescentes de substâncias odoríferas detectadas, de modo que novos odores
possam ser continuamente detectados à medida que surgem.
A característica marcante da região olfatória da mucosa nasal em uma preparação histológica é a existência, na lâmina
própria, dos nervos olfatórios em associação a glândulas olfatórias. Os nervos são particularmente nítidos, em virtude do
diâmetro relativamente grande de cada fibra não mielinizada que eles contêm (Figuras 19.3 e 19.4).
����������������
Os seios paranasais são espaços preenchidos com ar, situados nos ossos das paredes da cavidade nasal.
Os seios paranasais  são  extensões da  região  respiratória da  cavidade nasal  e  são  revestidos por  epitélio  respiratório. Os
seios  são designados de  acordo com o osso no qual  se  encontram  (i. e.,  etmoide,  frontal,  esfenoide e maxila). Os  seios
comunicam­se com as cavidades nasais por meio de aberturas estreitas na mucosa  respiratória. A superfície mucosa dos
seios consiste em um fino epitélio pseudoestratificado ciliado, com numerosas células caliciformes. O muco produzido nos
seios  é  varrido  para  dentro  das  cavidades  nasais  por  movimentos  ciliares  coordenados.  Com  frequência,  os  seios  são
sujeitos  à  infecção  aguda  após  uma  infecção  viral  das  vias  respiratórias  superiores.  As  infecções  graves  podem  exigir
drenagem física.
Figura 19.4 Diagrama da via de transdução olfatória. Este diagrama mostra as interações das moléculas de odorantes com proteínas associadas à célula receptora
olfatória. As moléculas de odorantes que entram com o ar inalado são solubilizadas no muco olfatório e ligam-se às proteínas de ligação olfatórias, que as liberam para os
receptores olfatórios. Observe que diferentes moléculas de odorantes ligam-se com diferentes anidades aos receptores olfatórios. O sinal forte (ver receptor olfatório
acoplado à proteína G verde) é produzido pela ligação de alta anidade, por meio da qual a molécula do odorante (em verde) combina-se perfeitamente com o sítio de
ligação do receptor. Outros receptores olfatórios (em amarelo e rosa) apresentam uma ligação de menor anidade, produzindo, assim, sinais mais fracos. Os receptores
olfatórios, estimulados pelas moléculas de odorantes, ativam a enzima adenilciclase e iniciam a cascata de eventos do cAMP, levando à abertura de canais especícos de
Na+ e Ca2+. O in탍훲uxo de Na+ e Ca2+ é responsável pela despolarização da célula. O potencial de ação gerado segue pelos axônios das células receptoras olfatórias da
cavidade nasal, atravessa o etmoide e os revestimentos cerebrais circundantes e alcança o bulbo olfatório do cérebro.
�������
A faringe liga as cavidades nasais e oral à laringe e ao esôfago. Atua como passagem para o ar e para o alimento e também
como câmara de  ressonância para a  fala. A  faringe está  localizada posteriormente às cavidades nasais e oral e é dividida
regionalmente em duas partes: a parte nasal da faringe (nasofaringe) e a parte oral da faringe (orofaringe), respectivamente
(Figura 19.2). As tubas auditivas (trompas de Eustáquio) ligam a nasofaringe a cada orelha média. Observa­se a existência
de  tecido  linfático  difuso  e  nódulos  linfáticos  na  parede  da  nasofaringe. A  concentração  de  nódulos  linfáticos  na  junção
entre as paredes superior e posterior da faringe é denominada tonsila faríngea.
�������
A  laringe  é  a  via  respiratória  para  a  passagem  de  ar  entre  a  orofaringe  e  a  traqueia  (Figura  19.2).  Essa  região  tubular
complexa do sistema respiratório é formada por placas de cartilagem hialina e elástica de formato irregular (a epiglote e os
processos  vocais  das  cartilagens  aritenóideas).  Além  de  servir  de  conduto  para  o  ar,  a  laringe  atua  como  órgão  para
produção de sons.
As pregas vocais controlam o fluxo de ar através da laringe e vibram para produzir som.
As pregas vocais,  também denominadas cordas vocais, consistem em duas pregas de mucosa que se projetam para dentro
do lúmen da laringe (Figura 19.5 e Prancha 70, página 695). Exibem uma orientação anteroposterior e definem os  limites
laterais da abertura da laringe, a rima da glote. Um ligamento de sustentação e músculo esquelético, o músculo vocal, estão
contidos  em  cada  prega  vocal.  Os  ligamentos  e  os  músculos  laríngeos  intrínsecos  unem­se  nas  placas  cartilaginosas
adjacentes e são responsáveis pela geração de tensão nas pregas vocais e pela abertura e fechamento da glote. Os músculos
laríngeos extrínsecos inserem­se nas cartilagens da laringe, mas originam­se em estruturas extralaríngeas. Esses músculos
movem a laringe durante a deglutição.
Figura 19.5 Fotomicrograa de corte frontal da laringe. A. Esta fotomicrograa mostra três partes da laringe: o vestíbulo acima das pregas ventriculares, os
ventrículos entre as pregas ventriculares e superiormente às pregas vocais, e a cavidade infraglótica que se estende das pregas vocais até a cartilagem cricóidea. Observe
que as glândulas mucosas predominam nas pregas ventriculares e são revestidas pelo epitélio pseudoestraticado ciliado típico. A prega vocal é composta de epitélio,
ligamento vocal e músculo vocal subjacente. Observa-se também a existência de numerosos nódulos linfáticos na mucosa da laringe (setas). 10×. B. Grande aumento da
área da prega ventricular indicada pelo retângulo superior em A, mostrando, à esquerda, o epitélio pseudoestraticado ciliado que reveste a maior parte da laringe. Muitos
adultos não fumantes e praticamente todos os fumantes exibem placas de epitélio estraticado pavimentoso, conforme observado à direita da fotomicrograa. 240×. C.
Grande aumento da área da prega vocal indicada pelo retângulo inferior em A, revelando o epitélio estraticado pavimentoso normal nesse local. Logo abaixo do epitélio,
está o tecido conjuntivo conhecido como espaço de Reinke. Esse local, clinicamente importante, é desprovido de vasos linfáticos e é pouco vascularizado. O ligamento
vocal, indicado pela linha tracejada, é observado na parte inferior da fotomicrograa. 240×.
O ar expelido dos pulmões que atravessa um espaço estreito da rima da glote provoca vibração das pregas vocais. As
vibrações são alteradas pela modulação da tensão sobre as pregas vocais e pela mudança do grau de abertura da glote. Essa
alteração das vibrações produz sons de diferentes tonalidades. Os sons criados pela laringe durante o processo de fonação
são  modificados  nas  partes  superiores  do  sistema  respiratório  (nasofaringe,  cavidades  nasais  e  seios  paranasais)  e  na
cavidade  oral  (orofaringe,  palatos  mole  e  duro,  língua,  dentes,  lábios  etc.),  produzindo  sons  específicos  da  fala  (as
diferentes vogais e consoantes).
As pregas ventriculares localizadas acima das pregas vocais são denominadas “cordas vocais falsas”.
Acima das pregas vocais  há um  recesso  alongado na  laringe,  denominado ventrículo.  Imediatamente acima do ventrículo
está outro par de pregas mucosas, as pregas ventriculares ou cordas vocais falsas (Figura 19.5 e Prancha 70, página 695).
Essas  pregas  não  contêm o  revestimento muscular  intrínseco  das  cordas  vocais  verdadeiras  e,  portanto,  não modulam  a
fonação. No entanto, tais pregas e o ventrículo são importantespara criar a ressonância sonora. A inflamação e o edema da
laringe causados por vírus (como o vírus do resfriado comum) e por outros agentes microbianos são denominados laringite
Boxe 19.1
•
•
•
•
aguda. Os  sintomas de  laringite aguda  podem  incluir  rouquidão ou,  nos  casos mais graves,  perda  total  da voz,  tosse  e
dificuldade na deglutição e na  respiração. A  laringite crônica  é geralmente causada por exposição prolongada a agentes
irritantes, tais como fumaça de tabaco, poeira e/ou ar poluído.
A laringe é revestida por epitélio estratificado pavimentoso e por epitélio pseudoestratificado colunar ciliado.
A superfície luminal das pregas vocais é revestida por epitélio estratificado pavimentoso, como na maior parte da epiglote
(Prancha 70, página 695). O epitélio protege a mucosa da abrasão causada pela corrente de ar que se move rapidamente. O
restante  da  laringe  é  revestido  por  epitélio  pseudoestratificado  colunar  ciliado,  que  caracteriza  o  trato  respiratório  (ver
Figura  19.5  e  Prancha  70,  página  695).  O  tecido  conjuntivo  da  laringe  contém  glândulas  mistas  mucosserosas  que
descarregam sua secreção através de ductos na superfície da laringe.
��������
A traqueia é um tubo curto e flexível de aproximadamente 2,5 cm de diâmetro e cerca de 10 cm de comprimento. Serve de
conduto  para  o  ar;  além  disso,  a  sua  parede  ajuda  na  purificação  do  ar  inspirado.  A  traqueia  estende­se  da  laringe  até
aproximadamente  a  metade  do  tórax,  em  que  se  divide  nos  dois  brônquios  principais  (primários).  O  lúmen  da  traqueia
permanece aberto devido à existência da série de anéis cartilaginosos.
A parede da traqueia consiste em quatro camadas bem­definidas:
A mucosa, composta de um epitélio pseudoestratificado ciliado e uma lâmina própria rica em fibras elásticas
A submucosa, composta de tecido conjuntivo ligeiramente mais denso que o da lâmina própria
A camada cartilaginosa, composta de cartilagens hialinas em formato de C
A adventícia, composta de tecido conjuntivo que liga a traqueia às estruturas adjacentes.
Correlação clínica | Metaplasia escamosa no trato respiratório
Na mucosa respiratória humana, o epitélio pseudoestraticado colunar ciliado pode sofrer transformação em epitélio estraticado pavimentoso. Essa mudança de
epitélio colunar para pavimentoso é denominada metaplasia pavimentosa ou escamosa. Esses tipos de alterações epiteliais (metaplasias) são reversíveis e
caracterizam-se pela transformação de um tipo de célula adulta totalmente diferenciada em um tipo diferente de célula também adulta. Portanto, a proliferação
basocelular dá origem a um novo tipo de célula diferenciada. Essas alterações celulares metaplásicas não são caracterizadas como uma neoplasia, e sim como
alterações adaptativas.
A metaplasia escamosa é uma ocorrência normal das porções arredondas e mais expostas das conchas nasais, pregas vocais e em algumas outras regiões.
No entanto, mudanças no caráter do epitélio respiratório podem ocorrer em outros locais de epitélio ciliado, quando o padrão do 탍훲uxo de ar é alterado ou
quando ocorre 탍훲uxo de ar forçado, como na tosse crônica. Em geral, na bronquite crônica e na bronquiectasia, o epitélio respiratório modica-se em certas
regiões para uma forma estraticada pavimentosa. O epitélio estraticado é mais resistente ao estresse físico e à agressão, mas é menos efetivo para a função das
vias respiratórias. Nos fumantes, observa-se uma alteração epitelial semelhante. No início, os cílios das células ciliadas perdem o seu padrão de batimento sincrônico
em consequência dos elementos nocivos presentes na fumaça. Em consequência, a remoção de muco ca comprometida. Para compensar, o indivíduo começa a
tossir, facilitando, assim, a expulsão do muco acumulado nas vias respiratórias, particularmente na traqueia. Com o passar do tempo, o número de células ciliadas
diminui, devido à tosse crônica. Essa redução nas células ciliadas compromete ainda mais o epitélio normal e resulta em sua substituição por epitélio estraticado
pavimentoso nos locais afetados das vias respiratórias. Se os fatores (i. e., fumaça de tabaco) que predispõem à metaplasia escamosas não forem eliminados, o
epitélio metaplásico pode sofrer transformação maligna. Por conseguinte, uma das duas formas mais comuns de câncer no trato respiratório, o carcinoma de
células escamosas, tem a origem a partir das células metaplásicas escamosas.
•
•
Figura 19.6 Fotomicrograa de um corte da traqueia e do esôfago. A. Esta amostra, obtida de um indivíduo idoso, mostra a relação entre a traqueia e o esôfago
na base do pescoço. Os anéis traqueais cartilaginosos, que mantêm a traqueia aberta, exibem uma aparência em formato de C. A face cartilagem adjacente à parede do
esôfago é preenchida por uma membrana broelástica, que contém o músculo traqueal e numerosas glândulas seromucosas. Nesta amostra, o anel traqueal foi
substituído, em parte, por tecido ósseo, um processo normal que ocorre com o envelhecimento. O material de coloração mais escura corresponde à cartilagem, enquanto o
material de coloração mais clara corresponde ao tecido ósseo que substituiu a cartilagem. As áreas muito claras (setas) são os espaços medulares do tecido ósseo. 3,25×.
B. Esta fotomicrograa em grande aumento mostra uma área do anel cartilaginoso traqueal que foi parcialmente substituída por tecido ósseo. A parte superior da
fotomicrograa mostra a mucosa e a submucosa traqueais. Abaixo, encontra-se parte do anel traqueal. No entanto, nessa região especíca, uma porção substancial da
cartilagem foi substituída por tecido ósseo e medula. O tecido ósseo exibe lamelas e osteócitos típicos. Em contrapartida, o tecido cartilaginoso apresenta ninhos de
condrócitos. 100×.
Um aspecto característico da  traqueia é a existência de uma série de cartilagens hialinas em formato de C, que estão
empilhadas umas sobre as outras, formando uma estrutura de sustentação (Figura 19.6). Essas cartilagens, que podem ser
descritas como um arcabouço esquelético, impedem o colapso do lúmen da traqueia, particularmente durante a expiração. O
tecido  fibroelástico  e  o  músculo  liso,  o  músculo  traqueal,  estabelecem  uma  ponte  entre  as  extremidades  livres  das
cartilagens em formato de C na borda posterior da traqueia, adjacente ao esôfago.
��������������������
O epitélio da traqueia assemelha­se ao epitélio respiratório em outras partes das vias respiratórias condutoras.
As  células  colunares  ciliadas,  as  células  mucosas  (caliciformes)  e  as  células  basais  constituem  os  principais  tipos  de
células  encontrados no  epitélio da  traqueia  (Figuras 19.7 e 19.8). Observa­se  também pequena quantidade de  células  em
escova, bem como pequenas células granulares.
As células ciliadas constituem o tipo mais numeroso de células da traqueia. Em cortes histológicos, os cílios aparecem
como perfis piliformes curtos, que se projetam da superfície apical da célula (Prancha 71, página 697). Cada célula tem
aproximadamente 250 cílios. Imediatamente abaixo dos cílios, observa­se uma linha escura formada por agregados de
corpúsculos basais  (Figura 19.9). Os  cílios  executam um movimento de varredura  coordenado de  toda  a  extensão da
camada mucosa  das  vias  respiratórias  em direção  à  faringe. De  fato,  as  células  ciliadas  atuam como  “escada  rolante
mucociliar”, que desempenha importante mecanismo protetor do pulmão pela remoção de pequenas partículas inaladas
As  células  mucosas  assemelham­se  morfologicamente  às  células  caliciformes  intestinais  e,  portanto,  são
frequentemente designadas pelo mesmo nome. As células mucosas estão intercaladas entre as células ciliadas ao longo
de toda a extensão do epitélio (Figura 19.9). São facilmente vistas no microscópio óptico pela existência de grânulos de
mucinogênio  em  seu  citoplasma.  Embora  o mucinogênio  seja  eliminado  nas  preparações  rotineiras,  a  identidade  das
células  torna­se  aparente  em  amostrascoradas  pela  hematoxilina  e  eosina  (H&E),  pela  área  clara  remanescente  no
•
•
citoplasma  e  pela  ausência  de  cílios  na  superfície  apical.  Diferentemente  das  células  ciliadas,  o  número  de  células
mucosas aumenta durante a irritação crônica das vias respiratórias
As células  em escova  apresentam  as mesmas  características  gerais  daquelas  descritas  para  o  epitélio  respiratório  da
cavidade  nasal  (Figura  19.10).  Trata­se  de  células  colunares  que  apresentam  microvilosidades  com  extremidades
arredondadas.  A  superfície  basal  das  células  faz  contato  sináptico  com  uma  terminação  nervosa  aferente  (sinapse
epiteliodendrítica), razão pela qual a célula em escova é considerada uma célula receptora
Figura 19.7 Eletromicrograa da traqueia humana. Esta eletromicrograa mostra os três tipos principais de células desse epitélio respiratório. São representados
pelas células epiteliais ciliadas, que se estendem até a superfície; as células caliciformes, com grânulos de mucinogênio; e as células basais, que se limitam à porção basal
da camada epitelial próximo ao tecido conjuntivo. 1.800×. (Cortesia do Dr. Johannes A.G. Rhodin.)
As células de pequenos grânulos (células de Kulchitsky) são as representantes respiratórias de células enteroendócrinas
do intestino e derivados do  intestino (Figura 19.10). A sua existência nas vias  respiratórias decorre do  fato de que o
•
desenvolvimento do trato respiratório e dos pulmões ocorre a partir de uma evaginação do intestino anterior primitivo.
As  células  de  pequenos  grânulos  geralmente  ocorrem  na  traqueia  como  unidades  isoladas  e  estão  dispersas  entre  os
outros  tipos  de  células.  É  difícil  distinguilas  das  células  basais  na  microscopia  óptica  sem  o  auxílio  de  técnicas
especiais, como a impregnação por prata, que reage com os grânulos. Seu núcleo está localizado próximo da membrana
basal;  o  citoplasma  é  um  pouco mais  extenso  que  o  das  células  basais  menores.  Com  o microscópio  eletrônico  de
transmissão (MET), observa­se, algumas vezes, um prolongamento citoplasmático afilado que se estende até o lúmen
da traqueia. Além disso, ao MET, o citoplasma exibe numerosos grânulos contendo um centro denso e envolvidos por
membrana. Em um dos tipos de células de pequenos grânulos, a secreção é uma catecolamina; um segundo tipo produz
hormônios polipeptídicos, tais como serotonina, calcitonina e peptídio de  liberação da gastrina  (bombesina). Algumas
células  de  pequenos  grânulos  parecem  ser  inervadas. A  função  dessas  células  não  está  bem  elucidada. Algumas  são
encontradas em grupos, em associação a fibras nervosas, formando corpos neuroepiteliais, que se acredita que possam
funcionar nos reflexos que regulam o calibre das vias respiratórias ou vasculares
As células basais representam uma população de células de reserva que mantém uma reposição das células do epitélio.
As células basais se destacam por seus núcleos proeminentes, que formam uma fileira em íntima proximidade à lâmina
basal. Embora os núcleos de outras células  se  localizem  também na camada basal,  eles estão  relativamente esparsos.
Desse modo, a maioria dos núcleos próximo à membrana basal pertence às células basais.
Figura 19.8 Eletromicrograa de varredura da superfície luminal de um brônquio. As células não ciliadas são as células caliciformes (cc). Sua superfície é
caracterizada pela existência de pequenas microvilosidades, que conferem aparência pontilhada à célula neste pequeno aumento. O restante da micrograa é ocupado
por cílios de células ciliadas. Observe como todas elas estão uniformemente inclinadas na mesma direção. Essa organização re탍훲ete o movimento sincronizado semelhante
a ondas, sendo exatamente aquela em que os cílios se encontravam no momento da xação da amostra. 1.200×.
������������������������������������������
Uma “membrana basal” espessa caracteriza o epitélio da traqueia.
Abaixo do epitélio da traqueia, há uma camada distinta típica de membrana basal (Figura 19.9) que, em geral, é vista como
uma  camada  fracamente  corada,  homogênea  ou  vítrea,  com  espessura  de  aproximadamente  25  a  40  μm. A microscopia
eletrônica  revela  que  essa  membrana  consiste  em  fibras  colágenas  densamente  compactadas,  que  se  localizam
imediatamente  abaixo  da  lâmina  basal  epitelial.  Do  ponto  de  vista  estrutural,  pode  ser  considerada  como  uma  lâmina
reticular  incomumente  espessa  e  densa,  que  faz  parte  da  lâmina  própria.  Nos  fumantes,  particularmente  naqueles  que
apresentam  tosse crônica,  essa  camada  pode  estar  consideravelmente mais  espessa  em  resposta  à  irritação  da mucosa.
Nos  indivíduos  com  asma,  a  membrana  basal  também  é  mais  espessa  e  mais  pronunciada,  particularmente  nos
bronquíolos.
O limite entre a mucosa e a submucosa é definido por uma membrana elástica.
A lâmina própria, excluindo a membrana basal, é formada por um tecido conjuntivo frouxo típico. É muito celularizada e
contém  numerosos  linfócitos, muitos  dos  quais  infiltram  o  epitélio. Os  plasmócitos,  os mastócitos,  os  eosinófilos  e  os
fibroblastos são os outros tipos de células facilmente observados nessa camada. O tecido linfático, tanto o difuso quanto o
nodular, é abundante na lâmina própria e na submucosa da parede traqueal. É também encontrado nas porções condutoras
de ar do sistema respiratório. Esse sistema linfático é o equivalente, em termos de desenvolvimento e funcionalidade, ao
tecido  linfático  associado  aos  brônquios  (BALT).  Intercaladas  com  as  fibras  colágenas,  encontram­se  numerosas  fibras
elásticas. Amostras coradas por corantes específicos  (Weigerth) mostram a membrana de  tecido elástico como uma faixa
distinta. Essa membrana elástica marca o limite entre a lâmina própria e a submucosa. No entanto, em preparações coradas
pela H&E, esse limite não é evidente.
Figura 19.9 Fotomicrograa do epitélio da traqueia. Três tipos celulares principais são evidentes no epitélio (Ep) da traqueia: as células colunares ciliadas; as células
caliciformes (cc) secretoras de muco intercaladas com as células ciliadas; e as células basais localizadas próximas da membrana basal (MB). As células colunares ciliadas
estendem-se da membrana basal até a superfície. Em sua superfície livre, essas células apresentam numerosos cílios que, em seu conjunto, conferem à superfície uma
aparência de escova. Na base dos cílios, observa-se uma linha eosinóla densa. Tal linha é produzida pela distribuição linear de estruturas denominadas corpúsculos
basais, localizados na extremidade proximal de cada cílio. Embora as membranas basais não sejam geralmente vistas em preparações coradas pela H&E, uma membrana
basal é comumente observada sob o epitélio da traqueia humana. A lâmina própria (LP) subjacente consiste em tecido conjuntivo frouxo. A submucosa (SM) localiza-se
mais profundamente e contém tecido conjuntivo denso não modelado com vasos sanguíneos e linfáticos, nervos e numerosas glândulas traqueais secretoras de muco.
400×.
Figura 19.10 Diagrama do epitélio bronquiolar terminal. Este diagrama mostra várias células encontradas no epitélio respiratório. A célula de Clara, conforme
ilustrado aqui, está interposta entre a célula em escova e a célula de pequenos grânulos. A célula de Clara é uma célula não ciliada e apresenta uma superfície apical
arredondada, RER basal bem desenvolvido e complexo de Golgi, e contém vesículas secretoras preenchidas com um agente tensoativo. A célula em escova é adjacente e é
caracterizada por numerosas microvilosidades existentes em sua superfície apical. O citoplasma da célula em escova exibe um complexo de Golgi, lisossomos,
mitocôndrias e inclusões de glicogênio. Entre a célula de Clara e a célula ciliada, observa-se uma célula contendo pequenas vesículas secretoras localizadas
predominantemente na porção basal da célula. Além das vesículas, as organelas mais evidentes dessa célula sãoo RER, o aparelho de Golgi e as mitocôndrias. Uma
terminação nervosa é mostrada no interior do epitélio.
A submucosa difere daquela observada na maioria dos outros órgãos, pois é formada por tecido conjuntivo denso. Na
traqueia,  a  submucosa  é  constituída  por  um  tecido  conjuntivo  relativamente  frouxo,  semelhante  à  lâmina  própria,  o  que
dificulta a identificação de seus limites. O tecido linfático difuso e os nódulos linfáticos penetram na submucosa a partir da
lâmina  própria.  A  submucosa  contém  os  maiores  vasos  distribuidores  e  linfáticos  da  parede  traqueal.  Na  submucosa,
também observa­se a existência de glândulas compostas de ácinos secretores de muco (predominantemente composto por
glicoproteínas)  com meiasluas  serosas.  Seus  ductos  são  formados  por  epitélio  simples  cuboide. Os  ductos  estendem­se
pela lâmina própria e liberam seu produto na superfície epitelial. As glândulas são particularmente numerosas nos espaços
intercartilaginosos  na  porção  posterior  da  traqueia.  Algumas  glândulas  penetram  na  camada  muscular  e  chegam  até  a
camada  adventícia.  A  camada  submucosa  termina  na  região  em  que  as  fibras  de  tecido  conjuntivo  associam­se  ao
pericôndrio da camada cartilaginosa.
As cartilagens traqueais e o músculo traqueal separam a submucosa da adventícia.
As cartilagens traqueais, que são em número de aproximadamente 16 a 20 nos humanos, representam a próxima camada da
parede traqueal. Conforme já assinalado, os anéis cartilaginosos têm formato em C. Algumas vezes, anastomosam­se com
as  cartilagens  adjacentes, mas  o  seu  arranjo  proporciona  flexibilidade  ao  tubo  traqueal  e  também mantém  a  abertura  do
lúmen.  Com  a  idade,  a  cartilagem  hialina  pode  ser  parcialmente  substituída  por  tecido  ósseo  (Figura  19.6),  com
consequente perda de grande parte de sua flexibilidade.
A adventícia, a camada externa, situa­se perifericamente aos anéis cartilaginosos e ao músculo traqueal. Liga a traqueia
às  estruturas  adjacentes  situadas  no  pescoço  e  no mediastino  e  contém  vasos  sanguíneos  e  nervos  de maior  calibre  que
suprem a parede traqueal. Vasos linfáticos de maior calibre também se situam na adventícia e drenam a parede da traqueia.
���������
A  traqueia  é  dividida  em  dois  ramos,  que  formam  os  brônquios  principais  (primários),  os  quais  são  anatomicamente
denominados  como  brônquios  principais  direito  e  esquerdo  –  termos  mais  adequados,  em  virtude  da  diferença  física
•
•
•
•
•
existente entre os dois. O brônquio direito é mais largo e significativamente mais curto que o esquerdo. Ao entrar no hilo
do pulmão, cada brônquio principal divide­se em brônquios lobares (brônquios secundários). O pulmão esquerdo é dividido
em dois lobos, enquanto o pulmão direito é dividido em três lobos. Por conseguinte, o brônquio direito divide­se em três
ramos brônquicos lobares, e o esquerdo, em dois ramos brônquicos lobares, suprindo, cada brônquio, um lobo. O pulmão
esquerdo  é  ainda  dividido  em  oito  segmentos  broncopulmonares,  e  o  pulmão  direito,  em  10  desses  segmentos.
Consequentemente, no pulmão direito, os brônquios lobares dão origem a 10 brônquios segmentares (brônquios terciários),
enquanto os brônquios lobares do pulmão esquerdo dão origem a apenas oito brônquios segmentares.
Um  brônquio  segmentar  e  o  parênquima  pulmonar  por  ele  suprido  constituem  um  segmento  broncopulmonar.  O
significado  do  segmento  broncopulmonar  no  pulmão  humano  torna­se  evidente  quando  se  considera  a  necessidade  de
ressecção cirúrgica, que pode ser necessária em certos estados patológicos. Os segmentos, cada um deles com seu próprio
suprimento  sanguíneo  e  septos  de  tecido  conjuntivo,  constituem  subunidades  anatômicas,  que  facilitam  a  ressecção
cirúrgica.
Na  sua  porção  inicial,  os  brônquios  apresentam  a mesma  estrutura  histológica  geral  que  a  traqueia. A  partir  de  sua
entrada nos pulmões, onde  irão se constituir os brônquios  intrapulmonares, a estrutura da parede brônquica se modifica.
Os anéis cartilaginosos são substituídos por placas de cartilagem de formato irregular. As placas cartilaginosas formam um
cilindro que  envolve  toda  a  circunferência da parede bronquiolar,  conferindo­lhes um  formato  circular ou  cilíndrico,  que
difere  do  formato  ovoide  com  uma  parede  posterior  achatada,  observado  na  traqueia.  À  medida  que  os  brônquios  se
ramificam,  seu  diâmetro  diminui.  Consequentemente,  as  placas  de  cartilagem  tornam­se  também  menores  e  menos
numerosas.  Por  fim,  as  placas  desaparecem  das  regiões  onde  as  vias  respiratórias  alcançam um diâmetro  de  cerca  de  1
mm. Esses ramos menores são denominados bronquíolos.
Os brônquios podem ser  identificados pelas suas placas de cartilagem e por uma camada circular de músculo
liso.
A segunda mudança observada na parede do brônquio  intrapulmonar  é  a  adição de músculo  liso,  que  forma uma camada
circular completa em seu entorno. A camada de músculo liso torna­se cada vez mais evidente, à medida que a quantidade
de cartilagem diminui. Na porção inicial dos brônquios, o músculo liso é disposto em feixes entrelaçados, formando uma
camada contínua. Nos brônquios menores, a camada de músculo liso torna­se descontínua.
A parede do brônquio é, portanto, composta de cinco camadas:
A mucosa é composta de um epitélio pseudoestratificado similar ao da traqueia. A altura das células, no entanto, reduz
à medida que os brônquios diminuem de diâmetro. Nas amostras  coradas pela H&E, a  “membrana basal”  é  evidente
nos brônquios principais, mas diminui abruptamente de espessura e não mais é distinguida nos brônquios secundários.
A  lâmina própria  assemelha­se  àquela  da  traqueia, mas  sua  espessura  é  reduzida proporcionalmente  ao diâmetro dos
brônquios
A muscular  é  uma  camada  contínua  de músculo  liso  nos  brônquios maiores.  Torna­se mais  atenuada  e  frouxamente
organizada  nos  brônquios menores,  em  que  pode  aparecer  descontínua,  em  virtude  de  sua  organização  espiralada. A
contração do músculo regula o diâmetro da via respiratória
A submucosa permanece como tecido conjuntivo relativamente frouxo. Nos brônquios maiores, observa­se a existência
de glândulas, bem como tecido adiposo
A  camada  cartilaginosa  consiste  em  placas  de  cartilagem  descontínuas,  que  se  tornam  menores  à  medida  que  o
diâmetro do brônquio diminui
A adventícia consiste em tecido conjuntivo moderadamente denso, que é contínuo com o das estruturas adjacentes, tais
como a artéria pulmonar e o parênquima pulmonar.
�����������
Os  segmentos  broncopulmonares  são  ainda  subdivididos  em  lóbulos  pulmonares.  Cada  lóbulo  é  suprido  por  um
bronquíolo. Septos delicados de  tecido conjuntivo que separam parcialmente os  lóbulos adjacentes podem estar presentes
na  superfície  do  pulmão  como  áreas  poligonais  de  limites  imprecisos.  Os  ácinos  pulmonares  são  pequenas  estruturas
presentes nos lóbulos. Cada ácino consiste em um bronquíolo terminal, nos bronquíolos respiratórios e nos alvéolos (Figura
19.11). Por conseguinte, a unidade bronquiolar respiratória é a menor unidade funcional da estrutura pulmonar. Consiste em
um único bronquíolo respiratório e nos alvéolos que ele supre.
�������������������������
Os bronquíolos são ductos condutores de ar, medindo 1 mm ou menos de diâmetro. Os bronquíolos maiores representam
ramos  dos  brônquios  segmentares.  Esses  ductos  ramificam­se  repetidamente,  dando  origem  aos  bronquíolos  terminais
menores, que também se ramificam. Por fim, os bronquíolos terminais dão origem aos bronquíolos respiratórios.
Figura 19.11 Fotomicrograa mostrando a porção respiratória da árvore bronquial. Nesta fotomicrograa, um bronquíolo terminal (BT) é mostrado em corte
longitudinal, quando se ramica em dois bronquíolos respiratórios (BR). O bronquíolo terminal é a parte mais distal da porçãocondutora do sistema respiratório e não
participa da troca gasosa. O bronquíolo respiratório atua na troca gasosa e constitui o início da porção respiratória da árvore bronquial. Os bronquíolos respiratórios dão
origem aos ductos alveolares (DA), que são vias respiratórias alongadas, cujas paredes são formadas predominantemente pelos próprios alvéolos que circundam o espaço
ductal. Os sacos alveolares (SA) são espaços situados na terminação dos ductos alveolares que, de modo semelhante, são circundados por alvéolos. 120×.
Não há placas de cartilagem nem glândulas nos bronquíolos.
Os  bronquíolos  de maior  diâmetro  têm  inicialmente  um  epitélio  pseudoestratificado  colunar  ciliado,  que  é  gradualmente
substituído por um epitélio simples colunar ciliado à medida que o ducto se estreita. As células caliciformes ainda estão
presentes  nos  bronquíolos  maiores,  mas  já  não  são  encontradas  nos  bronquíolos  terminais.  Uma  exceção  ocorre  nos
fumantes  e  em  outros  indivíduos  expostos  a  irritantes  no  ar.  Não  existem  glândulas  subepiteliais  nos  bronquíolos.  As
placas  de  cartilagem,  que  são  características  dos  brônquios,  estão  ausentes  nos  bronquíolos.  Na  verdade,  é  possível
observar  pequenas  porções  de  cartilagem,  particularmente  nos  pontos  de  ramificação. A parede  de  todos  os  bronquíolos
apresenta uma camada relativamente espessa de músculo liso.
Os  bronquíolos  pequenos  exibem  epitélio  simples  cuboide.  Os  bronquíolos  condutores  menores,  os  bronquíolos
terminais,  são  revestidos  por  um  epitélio  simples  cuboide,  no  qual  são  encontradas  células  de  Clara  intercaladas  com
células ciliadas (Figura 19.12). As células de Clara aumentam em número à medida que as células ciliadas diminuem ao
longo da extensão do bronquíolo. Observa­se  também a existência ocasional de células em escova e células de pequenos
grânulos. Há uma pequena quantidade de  tecido  conjuntivo  subjacente  ao  epitélio,  além de uma camada de músculo  liso
disposta circularmente, subjacente ao tecido conjuntivo nas porções condutoras.
Figura 19.12 Eletromicrograa de varredura de um bronquíolo terminal. Esta fotomicrograa de varredura mostra um corte longitudinal realizado através do
bronquíolo terminal e dos alvéolos (A) circundantes. Observe que as superfícies apicais das células de Clara não contêm cílios e exibem um aspecto característico em
formato de cúpula. 150×. O detalhe mostra algumas células de Clara em maior aumento e os cílios de uma célula ciliada vizinha, que são pouco numerosas nesse nível da
rede respiratória. Observe a quantidade relativamente pequena de cílios presentes nessas pequenas células. 1.200×.
Boxe 19.2
Figura 19.13 Diagrama de uma célula de Clara entre células epiteliais ciliadas bronquiolares. O núcleo é de localização basal. O retículo endoplasmático
rugoso (RER), o complexo de Golgi e as mitocôndrias localizam-se principalmente na região basal e paranuclear na célula. O retículo endoplasmático liso (REL) e as
vesículas secretoras situam-se principalmente no citoplasma apical. Duas das vesículas secretoras estão lançando o seu conteúdo na superfície da célula.
As células  de Clara  são  células  não  ciliadas,  que  exibem uma  projeção  característica  arredondada  ou  em  formato  de
cúpula na superfície apical. No MET, apresentam características de células secretoras de proteína (Figura 19.13). Contêm
um RER de  localização  basal  bem desenvolvido,  um  complexo  de Golgi  lateral  ou  supranuclear,  grânulos  secretores  de
proteína  e  numerosas  cisternas  de REL  no  citoplasma  apical. As  células  de Clara  secretam  um agente  tensoativo,  uma
lipoproteína que impede a adesão luminal em caso de colapso das paredes das vias respiratórias, particularmente durante a
expiração.  Além  disso,  as  células  de  Clara  produzem  uma  proteína  de  16  kDa,  conhecida  como  proteína  secretora  das
células  de  Clara  (CC16),  que  é  um  componente  abundante  da  secreção  das  vias  respiratórias.  As  doenças  pulmonares
crônicas, como a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e a asma, estão associadas a alterações na quantidade da
CC16 no líquido das vias respiratórias e no soro. A CC16 é utilizada como marcador pulmonar mensurável no líquido do
lavado broncoalveolar  e no  soro. A  secreção de CC16 na árvore bronquial diminui durante  a  lesão pulmonar  (devido ao
dano  das  células  de Clara),  enquanto  os  níveis  séricos  de CC16  podem  aumentar,  devido  ao  extravasamento  através  da
barreira hematoaérea.
����������������������
Os bronquíolos respiratórios constituem a primeira porção da árvore bronquial que possibilita a troca de gases.
Os  bronquíolos  respiratórios  constituem  uma  zona  de  transição  no  sistema  respiratório;  eles  estão  envolvidos  tanto  na
condução de ar quanto na troca gasosa. Apresentam um pequeno diâmetro e são revestidos por epitélio cuboide. O epitélio
dos segmentos iniciais dos bronquíolos respiratórios contém tanto células ciliadas quanto células de Clara (Figura 19.12).
Distalmente, há um predomínio de células de Clara. Ocasionalmente, observa­se também a existência de células em escova
e  células  granulares  de  centro  denso  ao  longo  da  extensão  do  bronquíolo  respiratório.  Os  alvéolos,  que  consistem  em
evaginações  de  paredes  finas,  estão  dispersos  e  estendem­se  a  partir  do  lúmen  dos  bronquíolos  respiratórios  (Figura
19.11). Os alvéolos constituem os locais em que o ar entra e sai do bronquíolo para possibilitar a troca de gases.
Correlação clínica | Asma
A asma é uma doença in탍훲amatória crônica que acomete as vias respiratórias dos pulmões e é causada por uma combinação de fatores genéticos e ambientais. A
doença afeta pessoas de todas as idades, raças e grupos étnicos no mundo inteiro. Caracteriza-se por obstrução do 탍훲uxo de ar recorrente, causada por uma
associação de in탍훲amação dos bronquíolos e constrição de seus músculos lisos (broncospasmo). Em consequência da obstrução das vias respiratórias, a entrada e
a saída de ar dos alvéolos pulmonares são dicultadas, causando sintomas como sibilos, tosse, dispneia e constrição torácica. Nos pacientes com asma, ocorre
in탍훲amação da mucosa respiratória, do tecido conjuntivo subjacente e dos músculos lisos dos bronquíolos. Caracteriza-se por inltração da parede bronquiolar por
eosinólos (em alguns casos, neutrólos), linfócitos (principalmente células T auxiliares ativadas) e mastócitos. O epitélio bronquiolar é espesso, contém um número
aumentado de células caliciformes (produzindo, portanto, maior quantidade de muco) e apresenta membrana basal espessa, devido ao aumento de bras colágenas
na lâmina reticular (Figura B.19.2.1). A camada de músculo liso também é mais pronunciada e contém várias camadas de células musculares lisas hiperplásicas.
Tradicionalmente, os medicamentos utilizados para o tratamento de pacientes com asma foram classicados em broncodilatadores (que provocam
relaxamento do músculo liso) ou anti-in탍훲amatórios (que suprimem as reações in탍훲amatórias). Os fármacos mais recentes (p. ex., modicadores dos leucotrienos)
exercem efeitos duplos. Atualmente, os medicamentos para asma são classicados de acordo com o seu tempo de ação no manejo global dessa doença. Incluem
medicamentos de alívio rápido, como os broncodilatadores agonistas beta-adrenérgicos, para reverter a constrição do músculo liso, ou medicamentos de
controle prolongado, como os corticosteroides inalados, os broncodilatadores β-agonistas de ação longa e os modicadores dos leucotrienos.
Figura B.19.2.1 Fotomicrograa do pulmão de um paciente com asma brônquica. A. Este corte de pulmão de um paciente com asma mostra um
bronquíolo no centro, com alvéolos circundantes. A parede bronquiolar está espessa, in탍훲amada e apresenta vasos sanguíneos dilatados. 100×. B. Esta
fotomicrograa em grande aumento mostra a estrutura do epitélio pseudoestraticado colunar bronquiolar contendo umgrande número de células caliciformes. O
muco presente no lúmen é um produto das células caliciformes. Observe a existência do grande número de eosinólos (células com citoplasma vermelho), linfócitos
e outras células do tecido conjuntivo que inltraram a lâmina própria e a submucosa do bronquíolo. A membrana basal é espessa e bem-denida. A camada de
músculo liso também é espessa, e a adventícia subjacente contém vasos sanguíneos (VS) dilatados. 680×. (Cortesia do Dr. Joseph P. Grande.)
��������
Os alvéolos constituem o local da troca de gases.
A área de  superfície disponível para  a  troca gasosa  é  aumentada pelos  alvéolos pulmonares. Os alvéolos  são os  espaços
aéreos  terminais  do  sistema  respiratório  e  constituem os verdadeiros  locais  de  troca gasosa  entre o  ar  e  o  sangue. Cada
alvéolo é circundado por uma  rede de capilares que coloca o  sangue em grande proximidade com o ar  inalado dentro do
alvéolo. Existem cerca de 150 a 250 milhões de alvéolos em cada pulmão do adulto; sua área total de superfície interna é
de aproximadamente 75 m2, ou seja, aproximadamente o  tamanho de uma quadra de tênis. Cada alvéolo tem uma câmara
poliédrica de parede fina, de cerca de 0,2 mm de diâmetro, confluente com um saco alveolar (Figura 19.14).
•
•
•
•
Figura 19.14 Fotomicrograa mostrando um saco alveolar com alvéolos adjacentes. Esta fotomicrograa mostra os componentes terminais do sistema
respiratório, isto é, o saco alveolar (SA) e os alvéolos (A) circundantes. Os alvéolos são circundados e separados uns dos outros por uma na camada de tecido conjuntivo,
os septos interalveolares, que contêm capilares sanguíneos. À direita, encontra-se a superfície do pulmão, que é coberta pela pleura visceral contendo epitélio simples
pavimentoso e uma camada subjacente de tecido conjuntivo. 360×.
Os ductos alveolares são vias respiratórias alongadas, cujas paredes são formadas quase exclusivamente por alvéolos.
Observa­se  a  existência  de  anéis  de músculo  liso  nos  septos  interalveolares  semelhantes  a maçanetas  (ver  parágrafo
seguinte)
Os  sacos  alveolares  são  espaços  circundados  por  grupos  de  alvéolos.  Os  alvéolos  circundantes  abrem­se  nesses
espaços.
Em  geral,  os  sacos  alveolares  ocorrem  na  porção  terminal  de  um  ducto  alveolar,  mas  podem,  no  entanto,  ser
observados em qualquer ponto ao longo de sua extensão. Os alvéolos são circundados e separados uns dos outros por uma
camada de tecido conjuntivo extremamente fina, contendo capilares sanguíneos. O tecido entre os espaços aéreos alveolares
adjacentes é denominado septo alveolar ou parede septal (Figura 19.15).
O epitélio alveolar é composto de células alveolares dos tipos I e II e de raras células em escova.
A  superfície  alveolar  forma  uma  interface  biológica  vulnerável,  que  está  sujeita  a  muitas  forças  de  superfície
desestabilizantes e à exposição contínua a partículas, patógenos e toxinas inaladas. O epitélio alveolar é composto de várias
células especializadas e seus produtos – algumas das quais desempenham papel defensivo e protetor:
As células alveolares do tipo I, também conhecidas como pneumócitos do tipo I, compreendem apenas 40% de todas as
células  de  revestimento  alveolar.  Trata­se  de  células  pavimentosas  extremamente  finas,  que  revestem  a  maior  parte
(95%)  da  superfície  dos  alvéolos  (Figura 19.15).  Essas  células  são  unidas  entre  si  e  com  outras  células  do  epitélio
alveolar  por  zônulas  de  oclusão  (Figura 19.16).  As  junções  formam  uma  barreira  efetiva  entre  o  espaço  aéreo  e  os
componentes da parede septal. As células alveolares do tipo I não têm capacidade proliferativa
As células alveolares do  tipo  II,  também denominadas pneumócitos  tipo  II  ou células septais,  são  células  secretoras.
Essas  células  têm  formato  cuboide  e  estão  intercaladas  com  as  células  do  tipo  I,  mas  tendem  a  se  concentrar  nas
junções septais. As células do tipo II representam 60% das células do revestimento alveolar; no entanto, em virtude de
seu formato cuboide, cobrem apenas cerca de 5% da superfície aérea alveolar. À semelhança das células de Clara, as
células do tipo II tendem a fazer protrusão para dentro dos alvéolos (Figura 19.16). Seu citoplasma apical é preenchido
com  grânulos,  que  podem  ser  vistos  ao  MET  (Figura  19.17)  como  pilhas  de  lamelas  de  membrana  paralelas,
•
•
denominados corpos lamelares. São ricas em uma mistura de fosfolipídios, lipídios neutros e proteínas, que é secretada
por exocitose, formando um agente tensoativo de revestimento alveolar, denominado surfactante. Além da secreção de
surfactante,  as  células  alveolares  do  tipo  II  são  células  progenitoras  das  células  alveolares  do  tipo  I.  Após  lesão
pulmonar,  elas  proliferam  e  restauram  ambos  os  tipos  de  células  alveolares. A  hiperplasia  das  células  alveolares  do
tipo II constitui um importante marcador de lesão alveolar e recuperação dos alvéolos
As  células  em  escova  também  estão  presentes  na  parede  alveolar,  mas  em  pequeno  número.  Podem  atuar  como
receptores que monitoram a qualidade do ar no pulmão.
O surfactante diminui a tensão superficial alveolar e participa ativamente na depuração de substâncias estranhas.
A camada de surfactante produzida pelas células alveolares do tipo II diminui a tensão superficial na interface ar­epitélio.
O  agente  de  maior  importância  para  a  estabilidade  do  espaço  aéreo  é  um  fosfolipídio  específico,  denominado
dipalmitoilfosfatidilcolina (DPPC; do inglês, dipalmitoylphosphatidylcholine),  responsável por quase  todas as propriedades
de  redução  da  tensão  superficial  do  surfactante.  A  síntese  de  surfactante  no  feto  ocorre  apenas  após  35  semanas  de
gestação e é modulada por uma variedade de hormônios, incluindo cortisol, insulina, prolactina e tiroxina. Sem a secreção
adequada  de  surfactante,  os  alvéolos  iriam  colapsar  a  cada  expiração  sucessiva.  Esse  colapso  ocorre  nos  lactentes
prematuros,  cujos  pulmões  não  tiveram  tempo  suficiente  para  se  desenvolver  adequadamente  e  produzir  surfactante,
causando a síndrome de angústia respiratória (SAR) neonatal. A administração profilática de surfactante exógeno por
ocasião do nascimento a lactentes extremamente prematuros e a administração a recém­nascidos sintomáticos diminuem o
risco  de  SAR. Além  disso,  a  administração  de  cortisol  às mães  com  ameaça  de  parto  prematuro  diminui  a mortalidade
neonatal.
As  proteínas  do  surfactante  ajudam  a  organizar  a  camada  de  surfactante  e  modulam  as  respostas  imunes
alveolares.
Além  dos  fosfolipídios,  as  proteínas  hidrofóbicas  são  necessárias  para  a  estrutura  e  a  função  do  surfactante.  Essas
proteínas são as seguintes:
Proteína do surfactante A (SP­A), a proteína mais abundante do surfactante. A SP­A é responsável pela homeostasia do
surfactante (regulação da síntese e da secreção do surfactante pelas células alveolares do tipo II). Além disso, modula
as respostas imunes a vírus, bactérias e fungos.
•
•
•
Figura 19.15 Eletromicrograa dos alvéolos pulmonares. Esta eletromicrograa mostra dois espaços alveolares, intercalados por um septo alveolar contendo
capilares, alguns dos quais apresentam eritrócitos. Observe as áreas das porções delgada e espessa do septo alveolar. Essas áreas são mostradas em maior aumento na
Figura 19.19. 5.800×. Detalhe. Fotomicrograa de um alvéolo para comparação com a parede alveolar vista em uma eletromicrograa. As setas indicam os capilares
alveolares contendo eritrócitos. 480×.
Proteína do surfactante B (SP­B), uma importante proteína para  transformação do corpo  lamelar no delgado filme de
superfície do surfactante. A SP­B é uma proteína de importância crítica para a organização do surfactante, responsável
pela sua adsorção e disseminação na superfície do epitélio alveolar
Proteína do surfactante C (SP­C), que representaapenas 1% da massa total da proteína do surfactante. Juntamente com
a  SP­B,  a  SP­C  ajuda  na  orientação  da  DPPC  dentro  do  surfactante  e  na  manutenção  da  fina  camada  de  filme  no
interior dos alvéolos
Proteína  do  surfactante  D  (SP­D),  principal  proteína  envolvida  na  defesa  do  hospedeiro.  Liga­se  a  vários
microrganismos  (p. ex., bactérias gram­negativas) e aos  linfócitos. A SP­D participa na  resposta  inflamatória  local à
lesão pulmonar aguda e, juntamente com a SP­A, modula respostas alérgicas a vários antígenos inalados.
O septo alveolar constitui o local da barreira hematoaérea.
A barreira hematoaérea  refere­se às células e a produtos celulares através dos quais os gases devem se difundir entre os
compartimentos alveolares e capilares. A barreira hematoaérea mais delgada consiste em uma fina camada de surfactante,
uma célula epitelial do tipo I e sua lâmina basal e uma célula endotelial capilar e sua lâmina basal. Com frequência, ocorre
fusão dessas duas lâminas basais (Figura 19.18). As células e fibras do tecido conjuntivo que podem estar presentes entre
as duas lâminas basais ampliam a barreira hematoaérea. Esses dois arranjos produzem uma porção delgada e uma porção
espessa  da  barreira  (Figura 19.19).  Acredita­se  que  a maior  parte  da  troca  gasosa  ocorra  através  da  porção  delgada  da
barreira e que a porção espessa constitua um local em que o  líquido  tecidual pode acumular­se e até mesmo atravessar o
alvéolo. Os vasos  linfáticos no  tecido conjuntivo dos bronquíolos  terminais drenam o  líquido que  se  acumula na porção
espessa do septo.
Os macrófagos alveolares removem o material particulado inalado dos espaços aéreos e os eritrócitos do septo.
Os macrófagos alveolares são especiais, pois atuam tanto no tecido conjuntivo do septo quanto no espaço aéreo do alvéolo
(Figura 19.20). Nos espaços aéreos, varrem a superfície e removem o material particulado inalado (p. ex., poeira e pólen).
Em decorrência  dessa  atividade,  esses macrófagos  são denominados  células  de  poeira. Os macrófagos  alveolares,  assim
como  os  demais  do  organismo,  são  derivados  de monócitos  sanguíneos  e  pertencem  ao  sistema mononuclear  fagocítico
(ver Capítulo 6).  Fagocitam  os  eritrócitos  que  podem  entrar  nos  alvéolos  em  situação  de  insuficiência  cardíaca  (Figura
19.20). Alguns macrófagos ingurgitados passam para a árvore bronquial e são eliminados por deglutição ou expectoração
do muco. Outros macrófagos retornam ou permanecem no tecido conjuntivo septal, no qual, repletos de material fagocitado
acumulado, podem permanecer durante grande parte da vida do indivíduo (Figura 19.21). Por conseguinte, na necropsia, os
pulmões  de  habitantes  das  grandes  cidades  e  os  fumantes  geralmente  apresentam  numerosos  macrófagos  alveolares  e
septais repletos de partículas de carbono, pigmento antracótico e partículas de sílica birrefringentes semelhantes a agulhas.
Os macrófagos alveolares também fagocitam microrganismos infecciosos como Mycobacterium tuberculosis, que podem
ser reconhecidos nas células em amostras adequadamente coradas. Esses bacilos não são digeridos pelos macrófagos; no
entanto,  outras  infecções  ou  condições  que  danifiquem  os  macrófagos  alveolares  podem  liberar  bactérias  e,  assim,
promover  tuberculose  recorrente.  Além  disso,  evidências  recentes  sugerem  que  a  apoptose  dos  macrófagos  septais
contribui para o desenvolvimento do enfisema.
Figura 19.16 Eletromicrograa de uma célula alveolar do tipo II. A célula alveolar do tipo II tem uma superfície apical em formato de cúpula, com várias
microvilosidades curtas em sua periferia e um centro apical de contorno relativamente liso. As margens laterais das células estão sobrepostas em grau variável pelas
células alveolares do tipo I, que são unidas às células do tipo II por zônulas de oclusão. Ambos os tipos de células repousam sobre a lâmina basal (LB). As vesículas
secretoras (vs) nesta amostra estão, em grande parte, dissolvidas, mas o seu caráter lamelar é mostrado mais adequadamente na Figura 19.17 B. 24.000×.
A circulação de ar colateral através dos poros alveolares possibilita a passagem de ar entre os alvéolos.
Os estudos da estrutura alveolar com o microscópio eletrônico de varredura revelam aberturas nos septos interalveolares,
que  possibilitam  a  circulação  de  ar  de  um  alvéolo  para  outro.  Esses  poros  alveolares  (de  Kohn)  podem  ser  de  grande
importância em algumas condições patológicas, nas quais a doença pulmonar obstrutiva bloqueia a via normal do ar para
os  alvéolos.  Os  alvéolos  localizados  distalmente  ao  bloqueio  podem  continuar  a  ser  arejados  através  dos  poros  de  um
lóbulo ou ácino adjacente.
A Figura 19.22 fornece um resumo básico das informações relacionadas com o sistema respiratório.
��������������������
O pulmão apresenta circulações tanto pulmonar quanto brônquica.
A circulação pulmonar supre os capilares do septo alveolar e provém da artéria pulmonar que deixa o ventrículo direito do
coração. Os ramos da artéria pulmonar seguem o seu percurso juntamente com os brônquios e bronquíolos e transportam
sangue  até  os  capilares  dos  alvéolos.  Nos  alvéolos,  esse  sangue  é  oxigenado  e,  em  seguida,  coletado  pelos  capilares
venosos  pulmonares  que  se  unem  para  formar  vênulas.  Por  fim,  formam  as  quatro  veias  pulmonares  que  retornam  o
sangue ao átrio esquerdo do coração. O sistema venoso pulmonar está localizado a certa distância das vias respiratórias na
periferia dos segmentos broncopulmonares.
Figura 19.17 Diagrama de uma célula alveolar do tipo II e eletromicrograa dos corpos lamelares. A. O surfactante consiste em mistura oleosa de proteínas,
fosfolipídios e lipídios neutros que são sintetizados no RER a partir de precursores no sangue. Esses precursores incluem glicose, ácidos graxos, colina e aminoácidos. Os
constituintes proteicos do surfactante são produzidos no RER e armazenados no citoplasma dentro dos corpos lamelares, que são descarregados no lúmen dos alvéolos.
Com a ajuda da proteína do surfactante, o surfactante distribui-se pela superfície das células epiteliais que revestem o alvéolo, formando uma na película que diminui a
tensão supercial. B. Eletromicrograa em maior aumento mostrando o padrão lamelar típico das vesículas secretoras das células alveolares do tipo II. Essas vesículas
contêm as proteínas precursoras do surfactante pulmonar. 38.000×. (Cortesia do Dr. A. Mercuri.)
Figura 19.18 Diagrama do septo interalveolar. Este diagrama mostra as porções espessa e delgada do septo interalveolar. A porção delgada forma a barreira
hematoaérea e é responsável pela maior parte da troca gasosa que ocorre no pulmão. As setas indicam a direção da troca de CO2 e de O2 entre o espaço aéreo alveolar e o
sangue. A porção espessa do septo interalveolar desempenha importante papel na distribuição do líquido e sua dinâmica. Contém células do tecido conjuntivo. Observe,
na porção espessa, um macrófago e seus prolongamentos que se estendem para dentro do lúmen do alvéolo.
Figura 19.19 Eletromicrograa do septo alveolar. Esta eletromicrograa em grande aumento mostra a porção delgada da barreira hematoaérea. Essa porção
delgada consiste em células alveolares do tipo I, endotélio capilar e lâmina basal, que se fundem e são compartilhados por ambas as células. Na porção espessa, a célula
alveolar do tipo I (setas) repousa sobre uma lâmina basal e, no lado oposto, sobre o tecido conjuntivo composto de brilas colágenas e bras elásticas. 33.000×.
Figura 19.20 Fotomicrograa de alvéolos e macrófagos alveolares. Esta fotomicrograa em grande aumento mostra a estrutura do septo alveolar e o lúmen de
um alvéolo contendo macrófagos alveolares e eritrócitos. O citoplasma dos macrófagos alveolares frequentemente contém o pigmento marrom hemossiderina dos
eritrócitos fagocitados. Esses macrófagos repletos de hemossiderina (frequentemente designados como

Continue navegando