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fungos de manifestação sistêmica e no SNC, MICROBIOLOGIA - BBPM IV

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AULA DE MICROBIOLOGIA, PROF. ALINE – BBPM IV 
 
Gabriela Bordignon – T5 
 
 
 
 
Como nesse semestre há um enfoque no sistema 
nervoso central e nós já ouvimos na palestra número 1 e 
2 sobre as principais bactérias potencialmente 
patogênicas ao sistema nervoso central, agora iremos 
dar continuidade estudando os fungos que também 
possuem o potencial de causar infecções no sistema 
nervoso central. 
O líquido cefalorraquidiano (LCR), também conhecido 
como liquor ou fluido cérebro espinal -> fluido corporal 
ESTÉRIL e INCOLOR, encontrado no espaço 
subaracnóideo no cérebro e medula espinal. 
O que é o liquor? É uma solução salina pura, com baixo 
teor de proteínas e células, atuando como um 
amortecedor, fornece nutrientes para o tecido nervoso 
e remove resíduos metabólicos do mesmo. 
De onde vem o liquor? Ele é sintetizado pelos plexos 
coroidais, epitélio ventricular e espaço aracnoide em 
uma taxa de aproximadamente 20 ml/hora. 
Volume normal: em recém-nascidos é encontrado em 
um volume que varia entre 10 a 60 ml, enquanto que no 
adulto fica entre 100 a 150 ml. 
 
Vimos em aulas anteriores que algumas bactérias podem 
passar entre as células (poucas bactérias possuem essa 
capacidade) e outras utilizam o artifício de se transportar 
via fagócitos, ou seja, a bactéria entra nos fagócitos e 
eles ultrapassam a barreira atingindo o liquor, levando 
consigo, portanto, esses microrganismos. 
BACTÉRIAS: Neisseria meningitidis, Streptococcus 
pneumoniae, Haemophilus influenzae, Mycobacterium 
tuberculosis, Treponema palidum, Listeria spp.; 
Tendo em mente que essas bactérias possuem 
diferenças morfológicas, tendo cada qual o seu gram e 
características especificas, ressalta-se a importância de 
realizar a baciloscopia no liquor no caso de suspeita de 
meningite bacteriana. 
É importante lembrar também que existem algumas 
toxinas advindas de bactérias que possuem um tropismo 
pelo SNC, e quando essa toxina chega no SNC causa 
alterações nos neurônios. 
VÍRUS: Enterovírus (coxackie, poliovírus), arbovírus, 
vírus da caxumba, do grupo Herpes (simples, tipo 6, 
CMV, Epstein-Barr, varicela-zooster), sarampo, rubéola, 
HIV, parvovírus, adenovírus, rotavírus, coronavirus, 
entre outros); 
Lembrando que os vírus possuem grande potencial de 
causar encefalites também. 
FUNGOS: Cryptococcus neoformans, Histoplasma 
capsulatum; 
Esses fungos já foram estudados no semestre passado, 
pois possuem manifestação sistêmica e possuem uma 
íntima relação com o trato respiratório já que é pela 
inalação dos fungos, leveduras ou esporos que esses 
microrganismos entram em contato com o organismo. 
Com essa inalação é desencadeada uma resposta 
inflamatória no pulmão, que muitas vezes pode ser 
assintomática, e a partir disso, esses fungos podem ser 
disseminados para outros órgãos. 
PARASITAS: Acantamoebas, Naegleria. 
A meningite é causada normalmente por uma infecção, 
mas também pode ocorrer meningite química em 
resposta a um irritante bacteriano introduzido no espaço 
subaracnóideo (nas leucemias e linfomas, tumores, 
potencialmente patogênicos para o sistema nervoso central 
AULA DE MICROBIOLOGIA, PROF. ALINE – BBPM IV 
 
Gabriela Bordignon – T5 
 
 
doenças autoimunes, doença de Kawasaki, 
malformações e corpos estranhos). 
A meningite infecciosa pode ser dividida geralmente 
em: 
1. Piogênica aguda (normalmente bacteriana); 
2. Asséptica (normalmente viral); 
3. Crônica (normalmente tuberculosa, por 
espiroquetas ou criptocócica). 
O exame do LCR muitas vezes é útil para distinguir entre 
os vários casos de meningite. 
Então pode atingir o sistema nervoso central a partir de 
três mecanismos básicos: 
1. Via hematogênica: primária ou secundária a um 
foco de infecção a distância (infecção de pele, 
pulmão, coração, trato intestinal e 
geniturinário); 
 
Pensando na via hematogênica que pode ser primária ou 
secundária (após um pouco de infecção inicial a 
distância), tem-se que a maior parte dos microrganismos 
desencadeiam meningite dessa forma. Logo, o que 
acontece é que, inicialmente, existe uma infecção 
pulmonar que não é resolvida e o microrganismo a partir 
desse sítio inicial, no pulmão, acaba atingindo a corrente 
sanguínea e migrando para as meninges. Além disso, há 
também a possibilidade de ocorrer através das infecções 
de pele, como no caso do Staphylococcus aureus e do 
Staphylococcus epidermidis que também poderiam 
causar a meningite via hematogênica a partir de um 
enfoque Inicial na pele. 
Ademais, isso também pode ocorrer a partir de uma 
endocardite, do trato gastrointestinal e também do trato 
urinário e do trato reprodutor. Sendo assim, com 
manifestações que acontecem de maneira mais 
exacerbada, em relação aos microrganismos, situação na 
qual o corpo humano, pela resposta imunológica, não 
consegue conter a proliferação desses microrganismos. 
Vimos também que essa infecção pode chegar ao 
sistema nervoso central através de infecções próximas 
ou adjacentes, como por exemplo, uma faringite 
complicada, uma sinusite e uma otite média. No caso da 
faringite, entra aqui o Streptococcus pneumoniae, 
Streptococcus pyogenes, na sinusite e na otite, 
poderíamos ter como agente etiológico o Haemophilus 
influenza, também uma otite causada pela Pseudomonas 
aeruginosa. 
Em terceiro lugar, temos ocorrendo mais raramente, 
esse processo de infecção sendo decorrente de uma 
solução de continuidade, causada por traumatismo 
craniano, infecção dos ossos e inflamações/infecções de 
vasos sanguíneos. 
MENINGITE POR CRIPTOCOCOSE 
(Cryptococcus neoformans) 
Um fungo oportunista, encontra-
se na forma de levedura, sendo 
cosmopolita. Pode causar tanto 
meningite, quanto meningoencefalite -> MICOSE 
SISTÊMICA. 
Ou seja, esse fungo causador da criptococose, que se 
encontra na forma de levedura, pode causar a meningite 
e a meningoencefalite, logo, esse fungo pode ficar 
restrito entre as meninges, porém, ele também tem a 
capacidade de invadir a parte encefálica, gerando então 
casos de micose sistêmica. 
É encontrado no sistema digestório de aves, sendo que 
se apresenta em duas variedades principais: Gatti 
(melhor prognóstico e é encontrado em solo, vegetais e 
suco de frutas – Criptococose oportunista) e 
Neoformans (é mais virulenta e encontra-se em fezes de 
pombo – Criptococose em indivíduos saudáveis) / Grubii. 
Desse modo, já podemos observar uma das diferenças 
entre essas duas espécies de Cryptocococus, uma tem a 
capacidade de causar doença em indivíduos saudáveis e 
a outra é oportunista. Há ainda uma terceira espécie, a 
Grubii, mas ela não é tão comum, porém, existem 
algumas descrições que indicam que ela está muito 
relacionada a infecção de diversas aves e outros animais, 
mas em humanos não é responsável por infecções 
significativas. 
Esses criptococos causam uma doença chamada de 
criptococose, onde inicialmente há a formação de 
granulomas no pulmão (como forma da tentativa da 
resposta imunológica em conter o fungo), e ocorre uma 
disseminação, posteriormente, que se dá por via 
linfática e/ ou sanguínea. 
Então, no pulmão o início é assintomático, quando 
sintomática, essa lesão pulmonar inicial irá provocar 
tosse, febre, dispneia, dor torácica e expectoração. 
O microrganismo pode se disseminar, e esse fungo 
possui um tropismo para o SNC, e uma vez atingindo o 
SNC, os sintomas se alteram, manifestando-se, portanto, 
febre, dor na nuca, vômito e cefaleia (TRÍADE CLÁSSICA 
DAS MENINGITES), e indo para sintomas mais graves ao 
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Gabriela Bordignon – T5 
 
 
passo que atinge regiões encefálicas, dependendo da sua 
localização, tais como cegueira, confusão mental, delírio, 
perda de memória e até coma. 
 
DIVERSIDADE DAS CEPAS: As espécies de criptococos 
são principalmente o gatti e o neoformans, e elas 
apresentam sorotipos B e C, e A e D, respectivamente. 
Entretanto, valeressaltar que pode ocorrer a formação 
de um híbrido, ou seja, a união desses genótipos que 
resulta em novas linhagens híbridas, sendo estas 
responsáveis por surtos isolados em determinadas 
regiões. 
 
Um estudo publicado em 2013 avaliou e caracterizou 
essa distribuição dos sorotipos do complexo relacionado 
ao Cryptococcus neoformans, observando-se que o 
sorotipo A é o mais frequente em todos os locais. Sendo, 
no Brasil, quase que 80% dos casos de criptococose 
causados pelo sorotipo A. Além disso, os demais 
sorotipos apresentam variações de incidência conforme 
a região geográfica analisada. 
Em relação a resposta imunológica frente aos fungos, é 
importante entender que dependendo do tipo de 
resposta que o paciente apresenta frente a infecção 
fúngica o caso será diferente, por conta disso, existem 
desfechos diferentes para infecções de um mesmo fungo 
dependendo do paciente e sua respectiva resposta 
imunológica. 
 
Quando as células entram em contato com os diferentes 
fungos, se o paciente reconhecer via receptor TL9, 
sinalizar a via MYD88 e ter uma expressão de IL-12, o 
padrão de resposta predominante será do tipo padrão 
Th1, promovendo um clereance fúngico via inflamação, 
gerando, portanto, um recrutamento leucocitário, 
ativação de macrófagos, ativação de neutrófilos com 
seus grânulos tóxicos, e através desse padrão de 
resposta o que se espera é um clereance fúngico. 
Já em casos de liberação de IL- 23/IL-1/IL-6, frente ao 
reconhecimento desses fungos, haverá um padrão de 
resposta Th17, com predomínio da IL-18 e IL-22, e isso 
faz o recrutamento de neutrófilos, produção e liberação 
de defensinas e processo inflamatório visando também 
o clereance fúngico. 
Pensando em secreção de IL-10, há uma tendência na 
manifestação por esse paciente do padrão de resposta 
do tipo Th2, com liberação de IL-4 e IL-5, ligadas a 
diferenciação dos eosinófilos, gerando como resposta a 
infecção um desencadeamento de um processo alérgico 
(ativação de mastócitos, liberação de histaminas), 
culminando na INIBIÇÃO do clereance fúngico e sendo 
responsável por manifestações mais graves 
relacionadas às infecções fúngicas. 
Há também a possibilidade da ativação de um padrão P 
regulador com expressão de IL-10 e TGFbeta que ocorre 
geralmente em pacientes com imunossupressão, e 
normalmente está relacionado também com 
manifestações mais graves nas infecções causadas por 
fungos. 
 
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Gabriela Bordignon – T5 
 
 
 
A patogênese do Cryptococcus neoformans é simples de 
ser descrita, sendo, portanto, desde a entrada desse 
fungo até os caminhos que ele percorre para atingir o 
seu alvo. 
Então, lembrando que o neoformans é liberado nas fezes 
de aves, principalmente pombos, e no solo; e o gatti 
está presente em solos e vegetações. 
O homem acaba inalando as leveduras (o foco será no 
neoformans, pois possui manifestações mais graves), e 
essas leveduras atingem os alvéolos pulmonares. 
Atingindo os alvéolos, haverá a fagocitose via 
macrófagos, já que nos alvéolos existem uma grande 
concentração de macrófagos esperando a chegada dos 
microrganismos, então se esse fungo escapa de todos os 
mecanismos de defesa do sistema respiratório e alcança 
os alvéolos, nos alvéolos ainda há essa defesa feita pelos 
macrófagos, sendo que a evolução da doença irá 
depender do estado imunológico do indivíduo, como 
fora comentado anteriormente. 
Desse modo, pode haver uma evolução que curse com a 
resolução da doença através de uma limitação aos 
pulmões por meio de uma ativação da resposta 
imunológica com a formação de granulomas que 
resolve, ou também, pode haver o desenvolvimento de 
uma doença pulmonar grave, além da disseminação 
desse fungo para diferentes sítios, sendo um desses 
sítios preferíveis pelo Cryptococcus neoformans o SNC. 
Continuando a patogênese relacionada ao neoformans, 
pensando em indivíduos saudáveis que ao entrar em 
contato com a levedura por inalação, irão ter que esse 
microrganismo inicialmente vai interagir com os 
macrófagos alveolares via PRR (receptor de 
reconhecimento padrão), após essa fagocitose, o 
macrófago vai sinalizar via eliminação de citocinas e 
quimioatrativos desencadeando o recrutamento 
leucocitário para o sítio pulmonar no qual ouve o início 
da infecção. 
 
Caso alguns desses fungos escape da fagocitose, eles 
podem ser capturados por células dendríticas (elas 
possuem a capacidade de capturar e processar esse 
antígeno em seu interior e apresentar ao linfócito T), ao 
apresentarem esse antígeno para o linfócito T, haverá a 
ativação do padrão de resposta Th1 ou Th17, o que por 
sua vez, irá levar a liberação de diversas citocinas, como 
interleucinas e o interferon, isso ativa ainda mais o 
recrutamento de macrófagos e neutrófilos. 
Adicionalmente, é secretado o GM-CSF (fator 
estimulador de colônias da linhagem granulocítica), esse 
fator irá cair na corrente sanguínea e irá atuar no 
sistema hematopoiético, fazendo com que haja maior 
diferenciação da linhagem de granulócitos, nesse caso, 
por ex., os neutrófilos. 
Logo, a partir disso tem-se a ativação dos macrófagos e 
formação do granuloma. No caso do Cryptococcus 
neoformans, ele fica centralizado e ao redor dessas 
leveduras migram diversos leucócitos que tentam 
fechar, mantendo a infecção controlada, 
posteriormente, forma-se até um anel de fibroblastos e 
há depósito de colágeno. 
Quanto ao desenvolvimento da doença, tem-se vários 
fatores relacionados, como por ex., a imunossupressão, 
a ausência de processo inflamatório (o processo 
inflamatório ajuda a recrutar as células para ajudar na 
fagocitose, com a sua diminuição o fungo passa a ter um 
crescimento descontrolado), além de outros fatores 
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Gabriela Bordignon – T5 
 
 
ligados ao hospedeiro como, ativação imune excessiva 
(com a hiperativação da resposta imune há sim o 
clereance fúngico, porém, isso acaba resultando em 
danos no epitélio). Em outras palavras, podemos 
concluir que qualquer desbalanço na resposta imune, 
seja para mais ou para menos pode contribuir para o 
desenvolvimento da patologia. 
 
Na deficiência imunológica associada por ex., ao HIV, 
câncer, doenças crônicas e órgão transplantado, tem-se 
que o fungo consegue crescer e se disseminar. Agora, em 
indivíduos saudáveis com uma resposta normal do 
sistema imunológico, com padrão Th1 ativando 
macrófagos, há a tendência do clereance fúngico, um 
padrão de reposta frente a interação com o fungo do 
tipo Th2, estabelecendo um quadro de resposta alérgica 
com imunomodulação, entretanto, o fungo consegue se 
proliferar, e no caso de uma resposta inflamatória 
exacerbada, com intensa ativação do padrão Th1, com 
muitos macrófagos e células ativadas, eu consigo ter o 
clereance fúngico, porém o dano tecidual é muito 
significativo. 
 
 
Então, como já foi dito, a partir desse contato inicial com 
o pulmão, os macrófagos tentam fagocitar essa levedura 
que, entretanto, consegue sobreviver a essa fagocitose 
via macrófagos alveolares e então o fungo consegue 
atingir a corrente sanguínea, sendo que essa 
disseminação pela corrente sanguínea pode ocorrer 
tanto de forma extracelular, bem como por meio da 
levedura no interior dos fagócitos, ou seja, o fungo pode 
se disseminar para outros sítios através dessas duas 
formas. 
Uma vez atingindo a barreira hematoencefálica, tanto a 
levedura sozinha (na forma extracelular) consegue 
passar através das células/entre as células, quanto via 
vacúolo no interior dos fagócitos. 
Sintomas: dor de cabeça, febre, rigidez de nuca, podem 
ser acompanhados de náuseas e vômitos, aumento de 
sensibilidade à luz (fotofobia), confusão, alucinações ou 
alteração do estado mental e alterações 
comportamentais -> AVALIAR A PRESENÇA DE 
IMUNOSSUPRESSÃO E EPIDEMIOLOGIA.Necessita atendimento imediato e o tratamento deve 
começar o mais cedo possível. Se a meningite por 
Cryptococcus spp. não for tratada pode levar a 
consequências mais graves, como acúmulo de líquido no 
cérebro (hidrocefalia), dano cerebral, perda de audição 
e coma. 
Diagnóstico: exames de sangue e líquido 
cefalorraquidiano (LCR) -> cultura para fungos. 
Testes laboratoriais: aglutinação em látex, PCR e ELISA 
-> pesquisa de antígeno do C. neoformans circulante 
(Crag). 
Exames por imagem: determinar a presença de lesão 
cerebral. 
 
AULA DE MICROBIOLOGIA, PROF. ALINE – BBPM IV 
 
Gabriela Bordignon – T5 
 
 
 
*vídeo sobre punção lombar! 
https://www.youtube.com/watch?v=ErNhuKfoYAU 
No LCR devem ser avaliados: aspecto, número de 
leucócitos, qual leucócito é predominante, número de 
eritrócitos (sugere lesão/rompimento em vasos 
sanguíneos), dosagem de proteínas, dosagem de glicose 
e cultura. 
 
Na imagem podemos ver o LCR com aspecto turvo, como 
ocorre na meningite, sendo que em casos normais o LCR 
é transparente. 
Na meningite fúngica temos um aspecto de liquor claro, 
então, é diferente da meningite bacteriana que possui 
recrutamento intenso de leucócitos, em relação as 
células, apesar de em grande quantidade, não é um 
numero tão exacerbado, a glicose pode estar diminuída 
ou normal, as proteínas se encontram um pouco 
aumentadas e a cultura é negativa. Aqui chama-se a 
atenção pelo tipo de célula que estará presente na 
meningite fúngica, sendo nesse caso, monócitos e 
linfócitos. 
Como o C. neoformans é uma levedura que apresenta 
cápsula, quando imersa em um ambiente com uma gota 
de tinta Nakim, essa tinta não vai entrar devido a cápsula 
característica do fungo em questão. Então, vai ficar tudo 
“pintado”, e em caso de presença do fungo poderá se 
observar regiões sem essa coloração. 
 
Coloração com tinta Nakim: os fungos se destacam 
contra o fundo negro devido à presença da cápsula. 
A centrifugação do LCR por 10 minutos aumenta a 
sensibilidade -> detecção de poucas leveduras. 
 
Podemos observar nas imagens, tanto em campo claro 
como escuro, a presença de leveduras “brilhando”, 
remetendo a um “céu estrelado”. Observa-se a tinta 
escura e as leveduras protegidas pelas suas cápsulas e, 
portanto, não coloridas com a tinta. 
Pensando na incidência da meningite por criptococose, 
se pensarmos em relação às meningites virais e 
bacterianas, não é uma alta incidência, já que as 
etiologias supracitadas são muito mais recorrentes. 
Entretanto, há uma distribuição de diversos casos 
espalhados em várias regiões do mundo. 
AULA DE MICROBIOLOGIA, PROF. ALINE – BBPM IV 
 
Gabriela Bordignon – T5 
 
 
Pensando no Brasil, existem poucos estudos acerca 
desse tema, porém, já ouve uma evolução no número de 
trabalhos com o decorrer do tempo. 
Comprometimento predominantemente pulmonar e 
disseminação por via hematogênica. 
Em imunocomprometidos: 90% são assintomáticos para 
a infecção pulmonar. 
Seus conídios são encontrados em galinheiros, cavernas, 
sótãos e outras construções (velhas e abandonadas). 
Podendo também ser isoladas no solo -> MICOSES 
SISTÊMICAS. 
RESERVATÓRIO: morcegos, galinhas (e outras aves), 
ratos, cães e gatos. 
*Pode através da infecção pulmonar inicial chegar à via 
hematogênica podendo atingir as meninges e casar 
comprometimento do tecido epitelial. 
 
 
 
A patogênese causada por esse microrganismo é muito 
semelhante a já explanada patogênese do Cryptococcus 
neoformans. Logo, ocorre então a inalação desse fungo 
(uma diferença entre eles aqui é que o C. neoformans é 
SÓ levedura, enquanto que o Histoplasma capsulatum é 
um fungo dimórfico, ou seja, possui duas morfologias 
diferentes, e essa morfologia irá variar conforme a 
temperatura na qual esse fungo está exposto, na 
temperatura de 25 graus, esses fungos ficam na forma 
filamentosa (presença de hifas), e na temperatura 
corpórea de 37 graus (considerada a fase parasitária dos 
fungos dimórficos) eles se apresentam na forma de 
leveduras. 
No restante, a evolução/patogênese é muito 
semelhante. 
 
Há a inalação desses fungos em ambas as suas formas, 
eles atingem o pulmão, entram em contato com os 
macrófagos alveolares, são internalizadas em vacúolos, 
e acabam sobrevivendo nesse local, mesmo após a 
ligação com o lisossomo, escapando assim da resposta 
imunológica e se disseminando pelo organismo. 
Histoplasmose e infecção pelo HIV -> apresentação 
sindrômica 
Hepatoesplenomegalia febril, pneumonia comunitária 
grave, sepse ou choque séptico, lesões de pele e/ou 
mucosas e meningite de curso subagudo ou crônico. 
*lembrando que o fungo passa primeiro pelo pulmão e 
depois pode causar as lesões de pele por via 
hematogênica! 
Somente 1 a 10% possuem comprometimento 
neurológico. 
 
 
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Gabriela Bordignon – T5 
 
 
 
 
 
 
É importante lembrar que esses casos normalmente 
ocorrem em indivíduos imunossuprimidos, mas, apesar 
de mais raro, indivíduos normais também podem ser 
acometidos. 
Paciente S.M.G.F, 62 anos, masculino, casado. Em 
02/09/2016 foi admitido no Hospital São José do Avaí 
(HSJA) por familiares, com queixa de dor torácica, 
cefaleia, referindo perda ponderal de 7Kg em 20 dias e 
anorexia. Hipertenso de longa data e ex-tabagista. Ao 
exame físico, paciente vigil, orientado, hipocorado 
++/4+, anictérico, acianótico e eupneico. Ritmo cardíaco 
regular em 2 Tempos, bulhas normofonéticas. Murmúrio 
vesicular diminuído em terço médio e base direita. 
Abdome flácido, ruídos hidroaéreos presentes, ausência 
de massas palpáveis, indolor à palpação. Ausência de 
edema em membros inferiores, panturrilhas livres, 
pulsos simétricos. S.M.G.F, ficou internado, nesse 
período, na Enfermaria do HSJA, onde foram realizados 
exames de imagens, afim de esclarecimentos 
diagnósticos. No dia 09/09/2016, esse paciente, evoluiu 
com insuficiência respiratória, rebaixamento do nível de 
consciência, necessitando de aminas vasoativas, sendo 
transferido para o Centro de Terapia Intensiva do HSJA. 
A conduta com o mesmo, na Unidade referida, foi: 
vigilância hemodinâmica e ventilatória, intubação 
orotraqueal, punção venosa profunda, sonda vesical de 
demora e sonda nasogástrica. O paciente desse estudo 
evoluiu com parada cardiorrespiratória em assistolia, 
sendo realizadas manobras de reanimação 
cardiopulmonar durante 20 minutos com sucesso; 
porém, paciente dependente de Noradrenalina e Encrise 
de altas doses pós-reanimação (infusões continuas de 
Encrise - 6 ml/h, Noradrenalina - 16 ml/h, Ancoron - 5 
ml/h, Hidratação Venosa - 42 ml/h). Posteriormente, 
nova parada cardiorrespiratória, nesse mesmo dia 
(09/09/2016), sem sucesso. 
A princípio suspeitou-se, devido à clínica desse paciente, 
de tumor de pulmão e tuberculose, prosseguindo com as 
investigações. Foi realizado rastreio infeccioso, que 
evidenciou uma leucocitose com desvio para a esquerda 
(16.000- 0/0/13/69), teste de escarro (BAAR), com 3 
culturas negativas. Tomografia Computadorizada (TC) de 
crânio / abdome / pelve e cintilografia óssea, todos sem 
alterações. A Radiografia de Tórax (figura 1) realizada 
nesse período evidenciou a presença de uma massa, no 
lobo inferior do pulmão direito. 
 
A TC de tórax de 03/09/16 (figura 2), também 
demonstrou uma massa pulmonar com envolvimento 
pleural à direita. 
 
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Gabriela Bordignon – T5 
 
 
Diante do aspecto encontrado no exame tomográfico, 
foi realizado a biópsia dessa lesão em 05/09/2016, sendo 
que, o resultado, foi obtido dias após o óbito do paciente 
em questão, evidenciando criptococose. A lâmina do 
paciente S.M.G.F, corada com hematoxilina-eosina, está 
demonstrada na figura 3. 
 
Nos cortes histológicos corados por hematoxilina-
eosina, as células dessa levedura normalmente se 
apresentamcom formatos esféricos, ovais ou elípticos, 
de coloração rosada ou azulpálido (PEDROSO; CANDIDO, 
2006). 5 Discussão Em humanos, a resposta tecidual à 
presença de C. neoformans é bastante variável. Em 
pacientes imunossuprimidos, a reação inflamatória pode 
estar ausente, permitindo o crescimento de massas 
gelatinosas do fungo nos tecidos. Em indivíduos com 
imunossupressão grave, a infecção pode se disseminar 
para a pele, órgãos parenquimatosos e ossos. Em 
indivíduos imunocompetentes ou com doença 
prolongada, o fungo induz uma reação granulomatosa 
composta por macrófagos, linfócitos e células gigantes 
multinucleadas (SAMUELSON, 1999, apud KOMMERS, et 
al, 2005). 
A história e o quadro clínico são parâmetros iniciais para 
o diagnóstico, podendo ser auxiliados por exames 
laboratoriais. O método mais indicado para o 
diagnóstico laboratorial é através da pesquisa do 
antígeno polissacarídeo circulante no soro e líquor 
através da prova de látex. Essa prova é considerada uma 
técnica muito sensível e específica na detecção dessa 
micose, podendo ser utilizada no controle de tratamento 
e na detecção de recidivas após o aparente sucesso 
terapêutico (BIVANCO et al., 2006). Entretanto, há casos 
falso-positivos devido à presença de fator reumatoide, 
neoplasias, infecção por bactérias como Stomatococcus 
mucilaginosis que pode provocar quadros de meningite 
e Trichosporon spp. que produz os mesmos 
polissacarídeos da cápsula do C. neoformans, além disso, 
pode ocorrer contaminação durante pipetagem no 
laboratório. Há também reações falso-negativas, devido 
ao efeito prozone, infecção por microrganismos 
pobremente encapsulados ou por problemas no kit do 
teste (BIVANCO et al., 2006). Os achados hematológicos 
e bioquímicos normalmente não são sugestivos. A 
análise histopatológica, cortes histológicos corados pela 
Hematoxilina-Eosina (HE) mostram células 
(basidiósporos) de C. neoformans esféricas, ovais ou 
elípticas; com parede fina rósea ou azul pálido com 5 a 
15 µm de diâmetro. As cápsulas não se coram devido a 
sua natureza mucopolissacarídea, permanecendo em 
seu lugar um halo claro (LACAZ, et al, 2002). Segundo 
recentes Guidelines da sociedade de Doenças 
Infecciosas da América (IDSA), as opções de tratamento, 
sua dose e duração variam de acordo com a severidade 
da doença, imunidade do hospedeiro e o sítio da 
infecção (SAAG, 2000). A anfotericina B, isolada ou 
associada a 5-fluorcitosina, e o fluconazol são 
consideradas drogas de escolha no tratamento dessa 
micose. A anfotericina B é utilizada em associação com a 
5- flucitosna, em infecções disseminadas, ou fluconazol 
e itraconazol, como alternativa para o tratamento de 
infecções cutâneas (BIVANCO et al., 2006). 
Referência do caso clínico: GENTIL, Fernanda 
Alvarez; DIAS, Dayane Temponi; PACHECO, 
Daniele Figueiredo; LUZ, Eveline de Almeida; 
COSTA, Luiz Guilherme Ferreira da Silva; BRUM, 
Rosa Maria de Oliveira. CRIPTOCOCOSE: relato 
de caso. Acta Biomédica Brasiliensia, [S.L.], v. 7, 
n. 2, p. 102-109, 23 dez. 2016. Universidade Iguacu 
- Campus V. http://dx.doi.org/10.18571/acbm.114.

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