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APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 1 APG 16 – Medo de ser o próximo 1) COMPREENDER A ESTRUTURA DAS MICOBACTÉRIAS → As micobactérias pertencem a ordem Actinomycetales e a família Mycobacteriaceae, que possui um único gênero, denominado Mycobacterium (fungus bacterium). → As micobactérias são bacilos (bastonetes) álcool- acidorresistentes (praticamente as únicas, exceto a Nocardia asteroides, que também é). → São bastones delgados, aeróbicos, que crescem em cadeias retas ou ramificadas. → Esses microrganismos não são gram-positivos, nem gram- negativos (são fracamente corados pelos corantes utilizados na coloração de Gram). → As micobactérias possuem uma parede celular única, cerácea, composta por glicolipídios e lipídios incomuns, incluindo ácido micólico, que as tornam acidorresistentes. → O termo álcool-acidorresistente refere-se à capacidade de um organismo reter colorações mesmo com tratamento com uma mistura de ácido e álcool. → Os principais patógenos são: ✓ Mycobacterium tuberculosis, a causa da tuberculose; ✓ Mycobacterium leprae, o agente da hanseníase; ✓ Micobactérias atípicas, como o complexo Mycobacterium avium-intracellulare e Mycobacterium kansasii, podem causar doença similar à tuberculose, porém são patógenos menos frequentes. → A Mycobacterium tuberculosis cresce lentamente, seu tempo de dobramento corresponde a 18 horas, contrariamente à maioria das bactérias que são capazes de suplicar seu número em uma hora ou menos. Por isso, as culturas de espécimes clínicos devem ser mantidas por 6 a 8 semanas antes de serem consideradas negativas. ▪ É um microrganismo aeróbio obrigatório, isso explica sua preferência em causar doença em tecidos altamente oxigenados como o lobo superior do pulmão e os rins. ▪ O fator corda (dimicolato de trealose) está relacionado à virulência do microrganismo. Linhagens virulentas crescem em um padrão característico, similar a uma corda com aspecto de “serpentina”, não observado em linhagens não virulentas ▪ O microrganismo também contém diversas proteínas que, quando combinadas com as ceras, promovem uma hipersensibilidade tardia. Essas proteínas são os antígenos utilizados no teste cutâneo de PPD (derivado proteico purificado), também conhecido como teste cutâneo de tuberculina. 2) ENTENDER EPIDEMIOLOGIA, ETIOLOGIA, FISIOPATOLOGIA, MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS, DIAGNÓSTICO, TRATAMENTO E PREVENÇÃO DA TUBERCULOSE ❖ ETIOLOGIA E EPIDEMIOLOGIA → A tuberculose (TB) é uma doença granulomatosa crônica com um estágio latente único, causada pelo bacilo álcool- acidorresistente (BAAR), Mycobacterium tuberculosis. → A TB é causada pela infecção por um dos quatro membros do complexo Mycobacterium tuberculosis: M. tuberculosis, M. africanum, M. orygis ou M. bovis. → O pulmão é o local da doença em 75 a 80% dos casos, e os locais extrapulmonares incluem os linfonodos, a pleura, os ossos e as articulações. → A TB é transmitida de pessoa para pessoa principalmente por inalação de gotículas infecciosas aerossolizadas (tosse, fala ou espirros) por pacientes com TB pulmonar ativa. → O termo “bacilífero” refere-se a pessoas com TB pulmonar ou laríngea que tem baciloscopia positiva no escarro. Esses casos têm maior capacidade de transmissão, entretanto pessoas com outros exames bacteriológicos como cultura e/ou Teste Rápido Molecular da Tuberculose (TRM-TB) positivos também podem transmitir. → A TB causada por M. africanum é clinicamente idêntica à provocada pelo M. tuberculosis. → Mycobacterium bovis apresenta homologia de DNA de mais de 95% com M. tuberculosis e causa doença em seres humanos, no gado, em veados, texugos e outros animais. → Os bacilos no interior de pequenas gotículas permanecem suspensos no ar por longos períodos e, uma vez inalados, podem alcançar as vias respiratórias, onde apenas 1-5 microrganismos são suficientes para causar infecção. APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 2 → Mycobacterium bovis pode ser transmitido por via gastrointestinal, habitualmente pela ingestão de produtos derivados do leite contaminados. → De acordo com o OMS, estima-se que a TB afete mais de 1 bilhão de indivíduos em todo o mundo, com 8,7 milhões de novos casos e 1,4 milhão de mortes por ano. → A TB floresce em qualquer lugar onde exista pobreza, aglomeração e doença debilitante crônica. → O risco de adoecimento, isto é, a progressão para a TB ativa após a infecção, depende de fatores endógenos, em especial da integridade do sistema imune. → O maior risco de adoecimento para a TB descrito é a infecção pelo HIV. A infecção pelo HIV apresenta um efeito profundo sobre a epidemiologia da TB, promovendo e acelerando a progressão da infecção para a TB ativa, bem como sobre a reativação e a reinfecção. → Dentre outros fatores conhecidos, destacam-se: ✓ O tempo decorrido da infecção ao desenvolvimento de TB ativa (maior risco de adoecimento nos primeiros dois anos após exposição); ✓ A idade <2 anos ou >60 anos; ✓ A presença de determinadas condições clínicas (doenças e/ou tratamentos imunossupressores). → Alguns grupos populacionais têm maior vulnerabilidade para a TB: → A reinfecção pode ocorrer se a pessoa tiver uma nova exposição, sendo mais comum em áreas onde a prevalência da doença é alta. A infecção prévia pelo M. tuberculosis não evita o adoecimento, ou seja, o adoecimento não confere imunidade e recidivas podem ocorrer. ❖ FISIOPATOLOGIA → A evolução da infecção em um uma pessoa imunocompetente não previamente exposta depende do desenvolvimento da imunidade antimicobacteriana mediada por células T, ou seja, é centrada na formação de uma resposta imune celular, que confere resistência ao microrganismo e leva ao desenvolvimento de hipersensibilidade tecidual aos antígenos da TB. → As células T controlam a resposta do hospedeiro às bactérias e também resultam no desenvolvimento de lesões patológicas, como granulomas caseosos e cavitação. → A infecção pelo agente etiológico da tuberculose, M. tuberculosis, cursa em etapas, sendo da infecção inicial dos macrófagos até uma resposta subsequente de TH1, em que ambas contêm bactérias e causam danos teciduais. → Na fase inicial da infecção, o M. tuberculosis se multiplica essencialmente de forma incontrolada dentro dos macrófagos, enquanto mais tarde na infecção, a resposta celular estimula os macrófagos a controlarem a proliferação da bactéria. Os passos na infecção: 1) ENTRADA NOS MACRÓFAGOS: Os núcleos goticulares inalados descem pela árvore brônquica sem aderir ao epitélio e são depositados nos alvéolos. Pouco depois de entrar nos pulmões a bactéria, M. tuberculosis, entra nos macrófagos pela fagocitose, mas resistem à destruição, aparentemente porque os lipídios da parede celular do M. tuberculosis impedem a fusão dos fagossomos e lisossomos; 2) REPLICAÇÃO NOS MACRÓFAGOS: a bactéria inibe a maturação do fagossomo e bloqueia a formação do fagolisossoma (inibição das vias bactericidas), pela inibição dos sinais de Ca²+ e do recrutamento e montagem das proteínas que medeiam a fusão fagossomo-lisossomo, permitindo que a bactéria se multiplique de forma descontrolada dentro da vesícula. Dessa forma, no estágio mais precoce da TB (<3 semanas) em um indivíduo não sensibilizado, as bactérias proliferam nos macrófagos alveolares pulmonares e nos espaços aéreos, resultando em bacteremia e semeadura de múltiplos locais. Mesmo com a bacteremia, a maioria dos pacientes é assintomático ou possui sintomas brandos tipo da gripe. 3) A RESPOSTA TH1: cerca de 3 semanas após a infecção, uma resposta T auxiliar 1 (TH1) é montada, aqual ativa os macrófagos, permitindo que eles se tornem bactericidas. A resposta é iniciada pelos antígenos micobacterianos, que entram nos linfonodos de drenagem e são apresentados às células T. Essa resposta TH1 mediada APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 3 atua no controle da infecção, mas também acaba promovendo a agressão tecidual no parênquima pulmonar. 4) ATIVAÇÃO DOS MACRÓFAGOS MEDIADA POR TH1 E MORTE DAS BACTÉRIAS: as células TH1, nos linfonodos e pulmões, produzem IFN-γ(gama), que é um mediador crítico que permite que os macrófagos controlem a infecção pelo M. tuberculosis. ✓ O IFN- γ vai estimular a maturação do fagolisossoma nos macrófagos infectados, expondo as bactérias a um ambiente ácido, oxidante e letal. ✓ Após isso, o IFN-γestimula a produção do óxido nítrico (NO) que se combina com outros oxidantes para criar intermediários reativos do nitrogênio, que parecem ser importantes para matar as micobactérias. ✓ Além disso, o IFN- γ mobiliza os peptídeos antimicrobianos (defensinas) contra as bactérias. ✓ Por fim, o IFN-γestimula a autofagia, um processo que sequestra e então destrói as organelas danificadas e as bactérias intracelulares, como o M. tuberculosis. 5) INFLAMAÇÃO GRANULOMATOSA E DANO TECIDUAL: além de estimular os macrófagos a matar a micobactéria, a resposta TH1 atua na formação dos granulomas e da necrose caseosa. ✓ Os macrófagos ativados pelo IFN-γse diferenciam em “histiócitos epitelioides” que se agregam para formar granulomas, algumas células epitelioides se fundem para formar células gigantes de Langhans. Em muitas pessoas essa resposta para a infecção acontece antes que uma destruição tecidual significativa ou doença ocorram. ✓ Em outras pessoas, a infecção progride devido à idade avançada ou à imunossupressão, e a contínua resposta resulta na necrose caseosa, causando destruição do parênquima pulmonar. → RESUMINDO: A imunidade ao M. tuberculosis é primariamente mediada pelas células TH1, que estimulam os macrófagos a matar as bactérias. Essa resposta imune, embora eficaz, ocorre à custa da destruição tecidual (granulomas e necrose caseosa), ou seja, a reativação da infecção ou reexposição aos bacilos em um hospedeiro previamente sensibilizado resulta um uma rápida mobilização de uma reação defensiva, mas também ao aumento da necrose tecidual. → Os bacilos da TB liberados dos macrófagos são levados pela drenagem linfática até os linfonodos traqueibrônquicos do pulmão afetado e lá provocam a formação de granulomas caseosos. → A combinação de lesão pulmonar primária com os granulomas dos linfonodos é conhecida como complexo de Ghon, que cicatriza e sofre retração, fibrose e calcificação. → Entretanto, quantidades pequenas de microrganismos são capazes de permanecer viáveis por alguns anos. Mais tarde, quando os mecanismos imunes decaem ou falham, a infecção tuberculosa latente* pode evoluir para tuberculose secundária/pós primária ou de reativação. → A tuberculose clínica é separada em dois tipos fisiopatológicos importantes: ✓ Tuberculose primária: ocorre em hospedeiro não imune, ou seja: ▪ É a forma da doença que se desenvolve em uma pessoa previamente não exposta, e, portanto, não sensibilizada. ▪ Em 5% das pessoas infectadas, a infecção primária vai progredir, ou seja, ela vai continuar e desenvolver um problema. Esse problema pode ser, por exemplo, uma progressão local da infecção, e nesse caso o foco de Ghon (somente o granuloma) 0 – 3 semanas >3 semanas Imunidade protetora, mas não esterilizadora = permanência de bacilos viáveis nas lesões: infecção latente = não evolui para a doença* APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 4 vai ficar cada vez maior, resultando em uma tuberculose pulmonar. ▪ A infecção pode se espalhar ainda mais, e pode disseminar amplamente indo para vários outros órgãos do corpo, mais especificamente para o fígado, outras partes do pulmão, ou mesmo no cérebro e outros órgãos. ▪ Dessa forma, esses pacientes vão apresentar uma progressão local ou uma disseminação. Um padrão que normalmente ocorre com esse tipo de disseminação, é o caso de quando a infecção atinge múltiplos órgãos do organismo com pequenas manchas = TB MILIAR. ✓ Tuberculose secundária: ocorre em hospedeiro que é imune ao M. tuberculosis. ▪ É o padrão da doença que surge em um hospedeiro previamente sensibilizado. Ela pode seguir logo após a tuberculose primária, porém é mais comum aparecer muitos anos após a infecção inicial, especialmente quando a resistência do hospedeiro está enfraquecida. ▪ Pode ser pela reativação de uma infecção latente ou de uma reinfecção exógena. ▪ Fatores relacionados a reativação: • Desnutrição; • Alcoolismo, indiretamente vai gerar imunossupressão = diminuição da resposta imune; • Terapia com corticosteroides ou outros imunossupressores; • Neoplasias (câncer); • Hemodiálise; • AIDS* principal. ❖ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ➢ TUBERCULOSE PRIMÁRIA → A maioria dos casos de TB primária não é reconhecida clinicamente. As manifestações clinicas podem ser insidiosas (falsas). → Podem ocorrer febre baixa, falta de ar, sudorese noturna, tosse (nem sempre) não produtiva e, raramente, eritema nodoso. → Pode-se verificar a presença de crepitações e sibilos localizados. → As radiografias de tórax revelam pequenas opacidades difusas nos campos pulmonares médios, frequentemente com linfadenopatia hilar unilateral. → Pode ocorrer colapso dos lobos superior ou médio em consequência da compressão brônquica por linfonodos aumentados ou derrame pleural transitório. ➢ TUBERCULOSE SECUNDÁRIA → Tem como característica principal a tosse seca ou produtiva. Em casos de tosse produtiva, a expectoração pode ser purulenta ou mucoide, com (hemoptise) ou sem sangue. → A febre vespertina, sem calafrios, não costuma ultrapassar os 38,5 ºC. → A sudorese noturna e a anorexia (emagrecimento) são comuns. → O exame físico geralmente mostra fácies de doença crônica e emagrecimento, embora indivíduos com bom estado geral e sem perda do apetite também possam ter TB pulmonar. → A ausculta pulmonar pode apresentar diminuição do murmúrio vesicular, sopro anfórico ou mesmo ser normal. ❖ DIAGNÓSTICO → O diagnóstico baseia-se nos achados clínicos, radiográficos e também na identificação do bacilo, sendo por baciloscopia, cultura ou PCR. → Os métodos de triagem usados mais comumente para diagnosticar tuberculose pulmonar são: ✓ PPD: O derivado proteico purificado (PPD) de tuberculina é um marcador de infecção, não de doença. Ele é um teste de hipersensibilidade tardia que se segue à exposição ao bacilo da tuberculose. É importante na avaliação de contatos assintomáticos de pessoas com tuberculose, uma vez que é utilizada, em adultos e crianças, no diagnóstico da infecção latente de APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 5 tuberculose (ILTB), que ocorre quando o paciente tem o bacilo no organismo, mas não desenvolve a doença. ▪ Os pacientes com reação positiva à intradermorreação com tuberculina geralmente mantêm a positividade por toda sua vida, mas não significa que o indivíduo tenha TB em atividade. Significa apenas que houve exposição ao bacilo e que desenvolveu imunidade celular ao microrganismo. ▪ Como a reação de hipersensibilidade ao teste tuberculínico depende da imunidade celular, resultados negativos falsos podem ocorrer nos estados de imunodeficiência resultante de infecção pelo HIV, tratamento imunossupressor, neoplasias malignaslinforreticulares ou envelhecimento. Isso é conhecido como anergia. *↓ sensibilidade ▪ O teste cutâneo tuberculínico é realizado pela injeção de 5 unidades tuberculínicas de PPD em 0,1 ml por via intradérmica. A reação é avaliada como endurecimento após 48-72 horas. ▪ A interpretação do teste cutâneo tuberculínico baseia-se em uma “escala móvel” que leva em consideração o risco prévio de infecção por M. tuberculosis em um indivíduo. ✓ Radiografias do tórax: importante na investigação de TODO paciente com TB! É de escolha na avaliação inicial e no acompanhamento da TB pulmonar. Nela podem ser observados vários padrões radiológicos sugestivos de atividade de doença, como cavidades, nódulos, consolidações, massas, processo intersticial (miliar), derrame pleural e alargamento de mediastino. ▪ Juntamente com as radiografias de tórax, sempre devem ser realizados exames laboratoriais (baciloscopias, cultura e/ou teste rápido molecular) na tentativa de buscar o diagnóstico bacteriológico. ▪ O exame radiológico em pacientes com diagnóstico bacteriológico tem como principais objetivos excluir outra doença pulmonar associada, avaliar a extensão do acometimento e sua evolução radiológica durante o tratamento. ✓ O diagnóstico definitivo da tuberculose pulmonar em atividade baseia-se no isolamento dos bacilos em culturas, ou na identificação do microrganismo a partir das técnicas de amplificação de DNA ou RNA. ▪ a cultura tem alta especificidade e sensibilidade no diagnóstico. A identificação da espécie é feita por métodos bioquímicos e fenotípicos ou por meio de técnicas moleculares. Já os testes de sensibilidade identificam possível resistência a algum dos antibióticos utilizados no tratamento. → Exames bacteriológicos (coloração álcool-acidorresistente e culturas) com amostras de escarro iniciais, aspirados gástricos ou lavados brônquicos obtidos por broncoscopia de fibra óptica podem ser realizados. ✓ BACILOSCOPIA: A pesquisa do bacilo álcool-ácido resistente – BAAR, pelo método de Ziehl-Nielsen, é a técnica mais utilizada. ▪ A baciloscopia do escarro permite detectar de 60% a 80% dos casos de TB pulmonar em adultos, o que é importante do ponto de vista epidemiológico, já que os casos com baciloscopia positiva são os maiores responsáveis pela manutenção da cadeia de transmissão. ▪ Em crianças, a sensibilidade da baciloscopia é bastante diminuída pela dificuldade de obtenção de uma amostra com boa qualidade. ▪ A baciloscopia de escarro é indicada nas seguintes condições: • no sintomático respiratório; • em caso de suspeita clínica e/ou radiológica de TB pulmonar, independentemente do tempo de tosse; Positivo: não faz diagnóstico de doença ativa; Negativo: não exclui doença ativa, particularmente em AIDS e outros imunodeprimidos APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 6 • para acompanhamento e controle de cura em casos pulmonares com confirmação laboratorial. ▪ A baciloscopia de escarro deve ser realizada em duas amostras: uma por ocasião do primeiro contato com a pessoa que tosse e outra, independentemente do resultado da primeira, no dia seguinte, com a coleta do material sendo feita preferencialmente ao despertar. ▪ Baciloscopia positiva e quadro clínico compatível com TB fecham o diagnóstico e autorizam o início de tratamento da TB. → Outro exame auxiliar é o histopatológico: A avaliação histológica de fragmento de tecido obtido por biópsia é um método empregado na investigação das formas pulmonares que se apresentam radiologicamente como doença difusa e nas formas extrapulmonares. Assim, a identificação histológica de granuloma com necrose de caseificação é compatível com o diagnóstico de TB. → Os achados anatomopatológicos são: ▪ Na TB primária: terá a implantação dos bacilos em espaços aéreos distais, em geral próximo à pleura, a formação do foco de Gohn que é uma área nodular inflamatória no parênquima pulmonar, frequentemente com necrose caseosa e também a formação do complexo de Gohn que o conjunto do foco pulmonar + disseminação linfonodal da TB. ▪ Na TB secundária: terá focos de consolidação próximo à pleura apical que podem sofrer necrose caseosa, cavitação e fibrose, ou seja, destruição do parênquima pulmonar, no raio-x também pode ver. ▪ TB miliar: ocorre quando organismos drenados através dos vasos linfáticos entram no sangue venoso e circulam de volta aos pulmões. Encontra-se múltiplas lesões pequenas/microscópicas (2 mm) disseminadas pelo parênquima pulmonar. → Teste rápido molecular para tuberculose (TRM-TB): está indicado, prioritariamente, para o diagnóstico de tuberculose pulmonar e laríngea em adultos e adolescentes. Em alguns municípios brasileiros, o teste rápido molecular para TB (TRM- TB, GeneXpert®) encontra-se disponível na rede pública de saúde. É muito específico p/ diagnóstico e testa sensibilidade a rifampicina! ❖ TRATAMENTO → A tuberculose é uma doença curável em praticamente todos os casos, em pessoas com bacilos sensíveis aos medicamentos antituberculose (antiTB), desde que obedecidos os princípios básicos da terapia medicamentosa e que haja a adequada operacionalização do tratamento. → O tratamento da TB é uma questão tanto clínica quanto de saúde pública. Os objetivos consistem em curar o paciente e minimizar a transmissão. → Os medicamentos antiTB, em geral, interferem no sistema enzimático do bacilo ou bloqueiam a síntese de algum metabólito essencial para o seu crescimento. Os fármacos só atuam quando há atividade metabólica (infecção ativa), ou seja, bacilos em estado de latência não são atingidos pelos medicamentos, mas são destruídos pelo sistema imunológico → A base do tratamento da TB consiste em terapia com múltiplos medicamentos, isso é necessário pelo fato de que o M. tuberculosis sofre mutações espontâneas que conferem resistência a fármacos em uma frequência. → Existem duas fases no tratamento da tuberculose: Em B, mostra caseificação central granular circundada por células epitelioides e células gigantes multinucleadas. Esta é a resposta usual em pessoas que tenham desenvolvido imunidade mediada por células ao organismo. APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 7 1) Fase intensiva: tem por objetivo diminuir a população bacilar consideravelmente, incluindo os resistentes. 2 meses* 2) Fase de manutenção: visa à eliminação de bacilos latentes (por conta deles o tratamento precisa ser longo) ou persistentes e a diminuição da chance de recidiva. 4 meses* → ESQUEMA BÁSICO: para casos novos e retratamento, sendo este a recidiva após cura ou reingresso após abandono. É válido para todas as formas de tuberculose, em coinfectados por HIV ou não, com exceção da tuberculose meningoencefálica e osteomuscular. ✓ Tem-se 4 fármacos principais RIPE/RHZE: rifampicina(R), isoniazida (I/H), pirazinamida (P/Z) e etambutol (E). ✓ Faz 2 meses de RIPE/RHZE e 4 meses de RI/RH. → A atuação dos medicamentos vai depender da localidade e do ambiente onde o bacilo se encontra. → Nos bacilos intramacrofágicos, agem os medicamentos que melhor se difundem em pH ácido e meio intracelular: rifampicina, pirazinamida e etambutol. → Em lesões caseosas, rifampicina é o mais efetivo e, por fim, nas cavitações, a rifampicina, estreptomicina e isoniazida são mais efetivas devido ao pH do meio. → EVENTOS ADVERSOS: todos podem causar intolerância digestiva: náusea, vômitos e diarreia, geralmente são transitórios, não sendo um motivo pra interromper o tratamento. ✓ RIFAMPICINA: urina alaranjada e fenômenos imune mediados; ✓ ISONIAZIDA:neuropatia periférica, alteração de comportamento, hepatotoxicidade. ✓ PIRAZINAMIDA: hiperuricemia (pode ter quadro de gota) ❖ PREVENÇÃO → A vacina BCG é amplamente utilizada e relativamente segura, exceto na presença de imunossupressão. Infelizmente, a eficácia tem sido variável de acordo com a idade e a latitude. → A vacina é aproximadamente 80% efetiva na prevenção das formas graves de TB em crianças, TB miliar e meningite TB. Entretanto, a sua incapacidade de prevenir a TB no adulto, particularmente em baixas latitudes, o que inclui a maioria das áreas endêmicas, significa que a vacina BCG não tem impacto sobre o problema de saúde pública da TB. → A vacina BCG é prioritariamente indicada para crianças de 0 a 4 anos, com obrigatoriedade para menores de 1 ano. → Os recém-nascidos contatos de pessoas bacilíferas não deverão ser vacinados com BCG, porque deverão fazer previamente o tratamento da infecção latente da tuberculose ou quimioprofilaxia. REFERÊNCIAS • LEVINSON, Warren. Microbiologia Médica e Imunologia. 12. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014 • Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, 2019. • GOLDMAN, Lee. Goldman-Cecil Medicina. 26. ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2022. • KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul; ASTER, Jon. Robbins & Cotran Patologia - Bases Patológicas das Doenças. 9. ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2016. • NORRIS, Tommie L. Porth - Fisiopatologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021.
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